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Ancilostomíase Introdução A ancilostomíase é uma doença causada por parasitos da família Ancylostomatidae, sendo conhecida como ‘’Amarelão’’. Ela é causada pela espoliação sanguínea por nematóides caracterizados por um amadurecimento que depende do solo, sendo uma geo-helmintose. Histórico: a doença apresentou relevância no Brasil por revelar as pobres condições sociais e sanitárias, tendo inspirado o personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Taxonomia: os parasitos são nematódeos da família Ancylostomatidae, merecendo destaque o Ancylostoma duodenale (subfamília Ancylostominae) e o Necator americanus (subfamília Bunostominae). Epidemiologia: a doença atinge cerca de 3,2 milhões de pessoas na América Latina, estando relacionada a carências nutricionais. Como N. americanus é tolerante ao calor, é frequente em Norte e Nordeste, enquanto A. duodenale prevalece no Sul e Sudeste. A larva apresenta geotropismo negativo, tigmotropismo (localizado sobre as folhas), hidrotropismo e termotropismo positivos. Morfologia Verme adulto: é um verme dióico, em que o macho possui a bolsa copuladora distal e a fêmea é maior que o macho. O A. duodenale tem em sua cápsula bucal dois pares de dentes ventrais e um de lancetas subventrais, e na extremidade distal, o macho tem gubernáculo evidente e a fêmea tem processo espiniforme terminal. No Necator americanus, a cápsula bucal é constituída por duas lâminas cortantes e sua extremidade distal não possui gubernáculo ou processo espiniforme visíveis. Ovo: são ovais com muitas células germinativas envoltas por uma membrana delgada, sendo indistinguíveis entre as espécies de ancilostomídeos. Podem ser liberados de 6 a 11.000 ovos de N. americanus por dia e de 10 a 30.00 de A duodenale. Forma larvária: pode ser rabditóide ou filarióide. Nas larvas rabditóides o esôfago é curto, robusto e dilatado (corpo, istmo e bulbo), enquanto nas filarióides ele é longo, retilíneo e sem dilatações aparentes, sendo a forma infectante para o homem. Essas larvas são distintas em relação ao Strongyloides stercoralis pois a larva rabditóide dos ancilostomídeos apresenta vestígios do primórdio genital e vestíbulo bucal longo, enquanto a forma filarióide tem bainha e extremidade pontiaguda. Ciclo Biológico Habitat: os parasitos adultos são fixados à mucosa do jejuno e íleo através de sua cápsula bucal. Ciclo biológico: os ovos são liberados nas fezes, e, no solo, eclodem e liberam a forma larvária L1. Essa larva é rabditóide e se transforma em L2 até chegar a L3 (tempo de 10 dias). Essas larvas filarióides penetram ativamente na pele, realizando o ciclo de Loss (chegam ao coração, pulmão, onde se tornam L4 e são deglutidas), vão para o intestino delgado e após uma latência, formam formas L5 e vermes adultos. O A. duodenale, pode ser ingerido, passar pelo estômago e intestino delgado de modo passivo, formando de forma passiva. Os vermes adultos se fixam na mucosa do jejuno e íleo, copulam e realizam a oviposição (período pré-patente de 35-60 dias). Manifestações Clínicas A patogenia irá depender da carga parasitária, podendo haver infecções mistas e reinfecções. As manifestações podem se dar pelas larvas ou por adultos (intestinais). Manifestações iniciais: caso haja penetração ativa, pode haver dermatite com pápulas e vesículas, hiperemia, prurido e edema, maior nas reinfecções. Uma vez que há ciclo de Loss, pode gerar a síndrome de Löeffler, com febre, tosse seca ou produtiva e pneumonite eosinofílica. Parasitismo intestinal: gera indigestão, cólica, vômitos, flatulências e diarréia sanguinolenta, além de lesões mecânicas pela fixação dos parasitos. A perda de sangue (0,06 ml/dia por verme no N. americanus e 0,15-0,3 ml no A. duodenale) gera anemia microcítica e hipocrômica (ferropriva), com cansaço, déficit pôndero-estatural e cognitivo, além de perversão do apetite (geofagia ou síndrome de pica). Há eosinofilia, hipoproteinemia e pode haver complicações necro-hemorrágicas. Diagnóstico A clínica é sugestiva, assim como os exames de imagem e a eosinofilia, mas é preciso exame parasitológico. Diagnóstico parasitológico: detecção de ovos nas fezes por HPJ, MIFC, flutuação ou método de Stoll (quantifica em parasitismo leve, até 999; moderado, 1.000-3.999; e intenso, acima disso), além de coprocultura ou PCR. Tratamento Feito com mebendazol (500 mg) ou albendazol (400 mg), devendo haver controle de cura e suplementação com sulfato ferroso e alimentação rica em proteínas. Profilaxia Engenharia sanitária, educação sanitária, suplementação de ferro e proteínas. É válido identificar e tratar pacientes da zona endêmica e orientar o uso de calçados. Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Ancilostomíase
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