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Farmacologia Geral I - 4° Semestre INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA Conceitos Gerais, Definições, Formas Farmacêuticas e Vias de Administração dos Fármacos. Farmacologia PHARMAKON + LOGOS (grego) → Farmacologia: é a ciência que estuda as propriedades de substâncias químicas de estrutura conhecida (fármacos) e seus efeitos nos sistemas biológicos. → Fármaco: qualquer estrutura química conhecida que interage com o sistema biológico; todo fármaco é uma droga. • Farmacocinética: movimento do fármaco no organismo. • Farmacodinâmica: como o fármaco interage no organismo. • Farmacoterapia: qual uso clínico do fármaco. • Toxicologia: efeitos adversos do fármaco no organismo. Porque tomamos medicamentos? - Melhorar a qualidade de vida. - Reduzir/ abolir a dor. - Viver muito. Remédio ou Veneno? “Todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não seja. A dose correta diferencia um remédio de um veneno. → Droga; Medicamento; Remédio; Fármaco: - Nem toda droga é um fármaco. • Remédio: qualquer procedimento com intenção de combater a dor ou doença. Exclui necessidade de comprovação científica de eficácia e segurança. Ex: massagem. • Fármacos: substâncias usadas para tratamento das doenças. Podem aliviar os sintomas, abrandar a dor, prevenir ou curar as doenças. Necessita de comprovação científica. • Medicamento: produto farmacêutico tecnicamente elaborado contendo um ou mais fármacos. Necessita de comprovação científica de eficiência e segurança. OBS: os fármacos e os medicamentos podem ser usados como sinônimos. Como um fármaco atua/age no organismo? Fármacos não criam novas funções, apenas alteram funções orgânicas já existentes. Nenhum fármaco produz um efeito único. → Componentes de um fármaco: • Forma farmacêutica (FF): comprimidos, cápsulas, gotas, xarope, injetável, entre outras. • Princípio ativo (PA): é aquilo que vai desempenhar um mecanismo de ação no organismo; promover um efeito terapêutico. • Veículo: torna possível a forma farmacêutica (massa e volume - ex: água, amido). • Excipientes: possui funções na formulação (ex: conservantes, emulsificantes, corantes, flavorizantes), mas farmacologicamente são inativos (sem efeito farmacológico). • Placebo: fármaco sem ação farmacológica; não é comercializado; não possui o princípio ativo, somente o excipiente e o veículo. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre Bula Tylenol 1. Qual é o princípio ativo (PA)? - Paracetamol. 2. Qual é a forma farmacêutica (FF)? - Solução (gotas). 3. Cite dois excipientes da fórmula. - Amido e ácido esteárico. → Identificação de um medicamento: - Apresentação. - Via de administração. - Nome do princípio ativo. - Uso (pediátrico ou adulto). - Dosagem. → Nomenclatura de fármacos: • Nome químico: é um nome científico que descreve sua estrutura atômica e molecular (não é empregado no dia a dia da clínica). • Nome genérico: uma forma simples de identificar o medicamento (nome do princípio ativo – PA). • Nome comercial: nome de marca ou fantasia. O nome de marca é selecionado e registrado pelo fabricante. → Quantidade a ser administrada: Dose X Dosagem X Posologia • Dose: representa a quantidade de medicamento no local de ação, necessária para produzir o efeito desejado (quantidade necessária para a eficácia terapêutica). • Dosagem: quantidade (concentração) na forma farmacêutica. • Posologia: descreve a quantidade de um medicamento, que deve ser administrado de uma só vez ou de modo fracionado num intervalo de tempo determinado (em geral por dia) para que a dose seja alcançada; como usar o medicamento. PRATICANDO: 1. Qual a dosagem dos medicamentos? Amoxicilina: 500 mg Azitromicina: 500 mg 2. Qual a dose dos medicamentos? Amoxicilina: 1000 mg Azitromicina: 500 mg 3. Qual a posologia dos medicamentos? Amoxicilina: 2 cp por dia (1 cp de 12/12 hrs) Azitromicina: 1 cp por dia (1 cp de 24/24 hrs) → Reação adversa a medicamentos (RAM) = efeitos colaterais: • Resposta a um medicamente que seja nociva, não intencional que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico, terapia de doença ou para modificação de uma função fisiológica (OMS, 1972). • Os efeitos colaterais muitas vezes pode ser pela inespecificidade do fármaco, entre outros. • É importante o médico anotar as reações adversas que os pacientes relatarem e passar para a indústria farmacêutica. → Interações medicamentosas: • É um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Causa comum de efeitos adversos. • Quando dois medicamentos são administrados concomitantemente, eles podem agir de forma independente ou interagem entre si, com aumento ou diminuição de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro. OBS: não acontece se não usar 2 medicamentos de forma concomitantes. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre PRATICANDO: 1. Cite um efeito colateral do paracetamol. Urina com sangue ou turva. 2. Cite um fármaco que pode interagir com o paracetamol. Etanol. → Referência X Similar X Genérico - Mesmo PA (princípio ativo) - dipirona. - Dosagem - 500 mg. - Forma farmacêutica - gotas. • Medicamento referência: - Primeiro medicamento descoberto. Produto inovador, registrado, possui patente (Lei no 9.279, 14/05/1996), ou seja, não pode copiar (20 anos). Eficácia e segurança comprovadas. Possui nome comercial (fantasia). • Medicamento similar: - Vendidos com o nome fantasia. - Mesma princípio ativo (PA), mesma dosagem, não necessariamente mesma forma farmacêutica (FF). - Até 2014 não eram necessários testes de bioequivalência e biodisponibilidade. - Variações no tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. Lista de medicamentos bioequivalentes: http://portal.anvisa.gov.br/medicamentos-similares • Medicamento genérico: BIOEQUIVALENTE!!! - Medicamento lançado após o vencimento da patente. Não possuem nome fantasia. - Mesmo princípio ativo; mesma forma farmacêutica (FF); mesma dosagem. - Passam por testes de bioequivalência e biodisponibilidade - ANVISA. → Biodisponibilidade X Bioequivalência • Biodisponibilidade: fração do fármaco administrado que chega na circulação sistêmica, como fármaco intacto, levando em conta sua absorção e metabolização. Quando dois fármacos têm a mesma biodisponibilidade são também chamados de bioequivalentes (ou equivalentes farmacêuticos). OBS: diferentes vias de administração - tem diferentes tipos de biodisponibilidade. • Bioequivalência: é quando um medicamento genérico e um medicamento referência apresentam equivalência de biodisponibilidade, quando feita a curva de concentração e tempo devem ter o pico no praticamente no mesmo local. A - Fármaco Referência B - Fármaco Genérico → Gráfico: • Concentração no sangue (mg/dL) X Tempo (minutos). • Dosagem do medicamento referência: 100 mg. • Dosagem do medicamento genérico: 100 mg. OBS: o fármaco genérico apresenta equivalência ao fármaco referência. Bruna Embacher Sanz ❥ http://portal.anvisa.gov.br/medicamentos-similares Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Explicação do gráfico (hipotético): quando dosado 100 mg desse medicamento (tanto o referência quanto o genérico), em 20 minutos mais ou menos o fármaco atinge 50 mg de concentração plasmática, ou seja, atinge o pico da curva, denominado de concentração máxima (Cmax), em que consiste o pico do fármaco no plasma, normalmente atrelado ao efeito máximo (Emax) - Cmax = Emax. A partir da Cmax calcula-se o tempo de meia vida do fármaco, na descida da curva, que dá em torno mais ou menos de 30 min. → Tempo de meia vida (T1/2): • É o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida pela metade. OBS: no tempo de meia vida, metade do fármaco está no organismo e metade já foi eliminado; é nesse tempo de meia vida que calcula a posologia; não tem o tempo de meia vida ideal. → Índice terapêutico (ou faixa terapêutica - margem de confiança): • Relaçãoentre a dose efetiva (DE) e a dose letal (DL) - tóxica, que contém a margem de segurança do fármaco (janela terapêutica - concentração mínima e concentração máxima do fármaco). OBS: cada medicamento possui a sua janela terapêutica; não se deve fracionar nenhum fármaco que não esteja na bula. • Exemplo: um fármaco hipotético consumido com menos de 50 mg (concentração mínima de eficácia) o fármaco não tem efeito, e mais que 100 mg (concentração máxima de eficácia) é considerado uma concentração tóxica. • Uma janela terapêutica muito estreita é ruim, se o paciente esquecer e tomar por exemplo dois comprimidos de uma vez, pode chegar a concentração tóxica e ter consequências. → Formas farmacêuticas: • Um fármaco só se torna um medicamento quando está na FORMA FARMACÊUTICA (FF) adequada para o emprego terapêutico. • A forma farmacêutica é definida pelo tipo de uso e pela praticidade de emprego pelo médico e pelo paciente (ex: meia vida, dosagem exata). • A escolha da via de administração é dependente de diversos fatores: - Tipo de paciente: idosos, neonatos, pacientes de UTI. - Objetivo terapêutico: uso ambulatorial (efeito imediato) x uso crônico (efeito a longo prazo); efeito tópico x efeito sistêmico. - Características do fármaco: características físico-químicas (insulina). • Classificação - Quanto ao estado físico: - Sólidos (maior validade/menor concentração de água): pós, comprimidos, drágeas, óvulos (vaginais), pastilhas, granulados, pellets, supositórios (pode ter efeito local ou sistêmico). - Pastosos (algo mais local; superfície): cremes, pomadas, unguentos, cataplasma. - Fluidos (menor validade/ maior concentração de água): aquosas , oleosas, suspensão, emulsão, xarope, elixir. - Gasosos e voláteis (efeito principalmente SNC - anestésicos). - Outros: dispositivos intradérmicos, DIU. OBS: quanto maior a quantidade de água, menor a validade. ❖ SÓLIDOS: mistura de princípio ativo (PA) e excipientes sólidos (pós ou granulados), preparados ou não por compressão. → Vantagens: ● Maior estabilidade. ● Facilidade na administração e armazenamento. ● Maior adesão à terapia. ● “Camufla” sabor desagradável. ● Dosagem correta e alto grau de precisão. ● Possibilidade de revestimento, reduzindo efeitos no trato gastrointestinal (TGI). → Desvantagens: ● Menos absorção comparados às soluções. ● Podem provocar irritação na mucosa gástrica. ● Favorece a formação de complexos com os alimentos a) Comprimidos: Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre → Comuns (sem revestimento) → Revestidos (revestimento simples): revestimento de polímeros normalmente. → Sublinguais (debaixo da língua/ efeito rápido) → Drágeas (revestimento açucarado): neosaldina. → Revestimento entérico - nunca cortar o remédio - PA (muito sensível ao ph do estômago, ou produz problemas gástricos) fica concentrado no núcleo e tem um revestimento e só se abre no PH do intestino tudo de uma vez, para evitar problemas gástricos; não se dissolve aos poucos. → Retard (liberação controlada) - nunca cortar o remédio - liberação prolongada - vai se dissolvendo/ diluindo e aos poucos liberando o PA (princípio ativo). b) Cápsula: → Gelatinosa (advil), com pó dentro - sua absorção não é igual a do comprimido; cápsula resiste mais ao pH do estômago, mas não quer dizer que vai só abrir no intestino, começa a se abrir no estômago e termina no intestino; capsulas de liberaçao prolongada. ● Cápsulas de liberação controlada: → Podem ser dura ou mole. Seu conteúdo, invólucro, ou ambos, contêm adjuvantes ou são preparados de tal modo que são susceptíveis de modificar a velocidade ou o lugar de liberação de substâncias medicamentosas. c) Supositórios: → São preparações sólidas de forma, consistência e volume adaptados à administração por via retal; → Sofrem desagregação à temperatura corporal. Os excipientes utilizados são hidrossolúveis (gelatina glicerinada, polietilenoglicol) ou apresentam baixo ponto de fusão fundindo à temperatura corporal (manteiga de cacau). ❖ SEMI-SÓLIDOS: creme (é bem aquoso e se tiver ferida aberta prefira um creme do que pomada), pomadas (tem alta capacidade de perfusão na pele, é muito oleosa e entra em camadas profundas, e não permite respiração celular), géis, loções, emplastos. → Preparações de consistência semi-sólidas com a finalidade de exercerem uma ação local ou de promoverem a penetração percutânea. → São obtidos por incorporação de princípios medicamentosos em excipientes hidrodispersíveis, como a glicerina gelatinada, e menos vezes em excipientes lipofílicos. ❖ LÍQUIDOS (rapidez na absorção): soluções, suspensões (são substâncias sólidas que não se dissolvem totalmente em líquido), xaropes, elixir, emulsões. → Vantagens: ● Rapidez de absorção no TGI. ● Facilidade de deglutição. ● Homogeneidade nas doses. ● Flexibilidade de doses. → Desvantagens: ● Dificuldade de acondicionamento e transporte. ● Apresentam menor estabilidade físico-química e microbiológica, do que às formas sólidas. ● A solubilização realça o sabor do fármaco, para princípios ativos com sabor desagradável. ● Variação na dose final. Questões Norteadoras Introdução à Farmacologia 1. Defina os conceitos: dose, dosagem, posologia, princípio ativo (PA), excipientes. - Dose: representa a quantidade de medicamento no local de ação, necessária para produzir o efeito desejado. - Dosagem: Quantidade (concentração) na forma farmacêutica. - Posologia: Descreve a quantidade de um medicamento, que deve ser administrado de uma só vez ou de modo fracionado num intervalo de tempo determinado (em geral por dia) para que a dose seja alcançada. - Princípio ativo (PA): permite a ação terapêutica (mecanismo de ação) - Excipientes: Estabilizantes/ Edulcorantes/ Corantes. É o que tem no medicamento, mas não tem efeito farmacológico. 2. Quais as principais diferenças entre medicamento genérico, referência e similar? - Medicamento de referência: Primeiro medicamento descoberto, produto inovador, registrado, possui patente. Eficácia e segurança comprovadas. - Medicamento genérico: Medicamento lançado após o vencimento da patente. Mesmo princípio ativo (PA); mesma forma farmacêutica (FF); mesma dosagem. Passam por testes de bioequivalência e biodisponibilidade – ANVISA - Medicamento similar: Mesmo PA, mesma dosagem, não necessariamente mesma forma farmacêutica. Até 2014 não eram necessários testes de bioequivalência e biodisponibilidade (prazos para ajuste). Variações no tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. 3. Quais as principais formas farmacêuticas utilizadas na clínica? - Comprimido, solução, cápsulas... Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre 4. Defina: Emax, Cmax, T1/2 vida, faixa terapêutica. - Emax: ponto o mais alto na curva mostra a resposta máxima (eficácia). - Cmax: concentração máxima que um fármaco alcança após a sua dosagem. - T1/2: é o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida pela metade. - Faixa terapêutica: relação entre a dose efetiva (DE) e a dose letal (DL) – tóxica, que contém a margem de segurança do fármaco. QUIZIZZ 1. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Paciente oncológico, com câncer de esôfago, utilizando sonda nasoenteral requer a utilização de fármaco para atenuar refluxo gástrico crônico. a) Comprimido de liberação prolongada. b) Solução via oral. c) Solução endovenosa. d) Comprimido de liberação entérica. 2. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Recém-nascido em UTI neonatal necessitando de fármaco analgésico (alívio de dor: ex.: dipirona). a) Supositório b) Solução endovenosa c) Comprimido sublingual d) Solução oral 3. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Paciente hipertenso, em uso crônico de anti-hipertensivo. O mesmo realiza o uso de diversos outros medicamentos ao longo do dia para o controle da hipertensão e diabetes tipo 2. a) Solução endovenosa b) Comprimido normal (sem revestimento) c) Comprimido de liberação prolongada d) Supositório 4. Escolhaa melhor forma farmacêutica para: Paciente em entrada no PS com suspeita de início de infarto agudo do miocárdio (dor retroesternal intensa, falta de ar, taquicardia). a) Xarope b) Comprimido sublingual c) Comprimido sem revestimento d) Suspensão intramuscular 5. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Paciente em tratamento para lesão muscular requer o uso de anti-inflamatório por 7 dias, porém este apresenta quadro de gastrite crônica. a) Comprimido de liberação entérica b) Suspensão intramuscular c) Comprimido sem revestimento d) Solução via oral 6. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Paciente com quadro de hemorragia necessitando de medicamento para diminuir hemorragia e evitar um quadro de choque hipovolêmico (ex.: adrenalina). a) Comprimido sublingual b) Comprimido via oral c) Solução endovenosa d) Supositório 7. Escolha a melhor forma farmacêutica para: Criança, 6 anos, em tratamento com antitussígeno por 5 dias, devido sintomas de tosse alérgica. a) Xarope b) Comprimido revestido c) Solução endovenosa d) Supositório Bruna Embacher Sanz ❥
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