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IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune Conceitos básicos As vacinas aumentam a expectativa de vida humana, por prevenir a infecção de doenças. Elas atuam aumentando a resposta imune, com a produção de anticorpos, por exemplo. Quando o organismo entra em contato com determinado patógeno, a produção de anticorpos demorar alguns dias para começar e atinge patamares, antes de diminuir. No entanto, uma segunda resposta ao mesmo patógeno é mais rápida e mais forte. A estratégia vacinal usa esse conhecimento para combater os patógenos – submetendo o organismo a um patógeno inativado, promovendo uma resposta primária. Logo, se o organismo entrar em contato com esse patógeno, agora virulento, terá uma resposta mais forte e mais rápida, capaz de evitar a gravidade da doença. O impacto da imunologia é importantíssimo, principalmente na saúde pública (com vacinas e soroterapia), porém também na biotecnologia, genética/terapia gênica e em transplantes (identificação de genes que contribuem para a resposta imune contra o transplante e drogas que inibem essa resposta, atenuando a rejeição de transplante). Ainda há assuntos não resolvidos ou apenas parcialmente desenvolvidos na imunologia, como os mecanismos e tratamento das doenças autoimunes, alergias, tumores, infecções emergentes (como a COVID-19), infecções crônicas (o organismo não é capaz de eliminar o patógeno, como o HIV) e as imunodeficiências (defeitos genéticos dos genes da resposta imune). O Sistema Imune é um importante mecanismo de proteção e defesa a agentes invasores, eliminando, controlando e/ou isolando patógenos e reparando danos aos tecidos causados pelos patógenos e pela resposta imune, ao tentar combatê-los. No entanto, a resposta imune não se dá apenas a agentes infecciosos, mas também em situações em que não há patógenos como em tumores, transplantes, alergias e doenças autoimunes. Com isso, a resposta imune é uma estratégia de resposta a alterações na homeostase. Estratégia estrutural da resposta imune: interações celulares e moleculares As células podem exercer vários tipos de resposta aos estímulos ambientais, como o de divisão e proliferação celular, apoptose e até mudar o fenótipo/função através da diferenciação. Em seu ambiente, a células está sujeita a vários estímulos, como moléculas solúveis derivadas do sistema endócrino (hormônios) ou do sistema imune (citocinas). Além disso, as células podem sofrer interações com moléculas presentes na matriz ou na superfície celular. Em geral, considera-se essas substâncias como ligantes e a célula para responder a esses ligantes necessita de receptores na sua superfície ou no interior. IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune Quando respondendo a esses estímulos, a célula é capaz de fazer várias respostas diferentes – como divisão celular, apoptose e diferenciação –, expressando moléculas solúveis ou de superfície que permitem que ela interaja com outras células. Os sistemas mais importantes nas respostas a alterações homeostáticas são o endócrino, nervoso e imune. Cada um desses sistemas usa uma resposta diferente, ou seja, um processo diferente para se comunicar com outras células do organismo, porém funcionam através de produção de moléculas que irão até suas células-alvo. O sistema endócrino, por exemplo, produz os hormônios através de glândulas e esses vão para a corrente sanguínea agir em receptores das células-alvo nos mais diversos órgãos e tecidos (interação endócrina). No sistema nervoso, por sua vez, ocorre a produção de neurotransmissores e neuropeptídeos pelos neurônios e esses são entregues diretamente para as células-alvo (ou outros neurônios) através da sinapse (interação parácrina). O sistema imune, por fim, também realiza interações parácrinas – a célula secreta citocinas que agem em células-alvo vizinhas – ou por interações membrana-membrana entre ligantes e receptores. Para isso acontecer, as células do sistema imune têm importantes estratégias, como a movimentação, adesão e proliferação (para exercer a ação efetora na imunidade). Para estratégia de comunicação celular do sistema imune, tanto moléculas solúveis e de membrana são fundamentais. Entre as principais estão: receptores para a detecção de alterações na homeostase (moléculas de superfície com ligantes endógenos ou exógenos), adesão (entre as células, ao endotélio dos vasos sanguíneo e/ou à matriz extracelular, permitindo a fixação entre as células e a movimentação das células a células-alvo – ex.: superfamília das imunoglobulinas, integrinas, lectinas), citocinas (ILs –interleucinas e seus receptores) e moléculas efetoras (citotóxicas, capazes de eliminar a célula infectada). A superfamília das imunoglobulinas são importantes para adesão, sinalização intracelular e proliferação das células. Entre essas, os destaques são os receptores de alterações na homeostase: imunoglobulina de superfície (IgG) e o receptor da célula T (TCR). Também pertence a essa família moléculas que compõem o complexo principal de histocompatibilidade (Class I MHC e Class II MHC) – que permite a rejeição aos transplantes –, CD4, CD8 e moléculas de adesão (ICAM-1 e ICAM-2). As imunoglobulinas, em particular, podem existir em formas presa à membrana ou solúvel, sendo secretada pelos linfócitos B – conhecidas como anticorpos. Na família das integrinas há o destaque da molécula LFA-1 (ligante das moléculas ICAMs) – importante para adesão dos linfócitos e do endotélio, além de permitir a movimentação na matriz extracelular. A integrina faz uma ponte entre a membrana da célula e o citoesqueleto, controlando os movimentos e a migração das células. As citocinas são produzidas pelas células do sistema imune e se fixam em receptores presentes na superfície celular. Os receptores podem pertencer a vários tipos de moléculas, como as da família do receptor hematopoietina (proliferação e sobrevivência das células), família do receptor de TNF (proliferação celular e apoptose) e receptores de quimiocinas (quimiotaxia e movimentação celular). IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune Portanto, vários tipos de ligantes e seus receptores são importantes para comunicação e função na resposta imune. A resposta imune consiste de respostas celulares resultantes de interações entre as células (adesão, ligante-receptor nas membranas) ou de comunicação parácrina (entre moléculas solúveis e receptores celulares). Componentes: origem e organização estrutural Os componentes do sistema imune são as células (leucócitos/células brancas, que pertencem a linhagens mioloide e linfoide – viajam na corrente sanguínea, podendo entrar nos diferentes tecidos para alcançar suas células-alvo) e os órgãos e tecidos linfoides (classificados em primários e secundários). Os órgãos linfoides primários são os locais onde se formam as células do sistema imune. O timo é o local de formação dos linfócitos T e os demais leucócitos são formados na medula óssea. Os órgãos linfoides secundários são os locais onde as células do sistema imune se encontram e organizam para montar uma resposta imune, como a amígdala, baço e linfonodos. Os linfonodos estão conectados por vasos linfáticos, que levam o líquido dos tecidos de volta para a corrente sanguínea. As células do sistema imune também podem se movimentar através da circulação linfática e sanguínea para chegar a diferentes tecidos e atingir suas células-alvo. As células do sistema imune podem pertencer a linhagens mieloide e linfoide. Na linha mieloide são encontrados vários leucócitos com morfologias diferentes, como macrófagos e células dendríticas. As células dessa linhagem podem sersubdivididas em células de endocitose/fagocitose (ingestão de líquido ou pequenas partículas pela célula; internalização de partículas maiores) e de exocitose (pôr para fora grânulos do interior das células) – como eosinófiolos, basófilos e mastócitos. Já os neutrófilos (conhecidos como leucócitos segmentados ou polimorfonucleares) são capazes de fazer fagocitose, exocitose e netose. Os três processos têm papéis diferentes na resposta imune: a fagocitose consiste na interiorização - que pode resultar na destruição de patógenos dentro dos fagossomas por enzimas ou radicais tóxicos produzidos pelo fagócito –, enquanto a exocitose e a netose atuam no meio extracelular, colocando para fora grânulos e até material nucleico do neutrófilo – exercendo efeito microbicida, importante para eliminação de patógenos maiores extracelulares que não podem ser eliminados ou interiorizados pelas células, como os helmintos e formas de hifas dos fungos. A linhagem linfoide é composta de células pequenas mononucleadas, como os linfócitos (B – produtores de anticorpos; T – produtores de citocinas/citotoxinas) e as células NK (citotóxicas – exercem sua atividade exocitando grânulos citotóxicos). IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune A formação e desenvolvimento dos leucócitos se dá nos órgãos linfoides primários, ou seja, na medula óssea e no timo. Todas as células do sistema imune têm origem na célula- tronco hematopoiética na medula óssea. Essa célula-tronco dá origem a dois precursores: o mieloide e o linfoide. O precursor mieloide dá origem às hemácias, plaquetas, eosinófilos, basófilos, neutrófilos, monócitos e células dendríticas. Já o precursos linfoide dá origem aos linfócitos B e NK ainda na medula óssea e, ao migrar para o timo, desenvolve-se em linfócitos T. Portanto, a mesma célula (precursor linfoide) é capaz de dar origem a duas células totalmente diferentes: linfócito B e T, dependendo do local de desenvolvimento e das células que compõem o estroma desses órgãos, capazes de produzir fatores de diferenciação que completam o desenvolvimento dos linfócitos. Depois de formados, esses linfócitos vão para a corrente sanguínea e, durante a resposta imune, darão origem a células efetores – como os plasmócitos (produtores de anticorpos) e os linfócitos T ativados (produtores de citocinas/citotoxinas). Da mesma maneira, o precursor mieloide pode dar origem a diferentes células e esses caem na corrente sanguínea e chegar em diferentes tecidos, sedo que alguns leucócitos completam a diferenciação nos tecidos, como os mastócitos, macrófagos e células dendríticas. Já a diferenciação dos linfócitos em células efetoras se dá em sítios especializados – órgãos linfoides secundários. Nesses sítios ocorre a detecção da alteração homeostática, que pode ser a presença de patógenos ou partes desses (antígenos). É nesse ambiente que se encontram as células que, ao interagirem entre si e trocarem fatores, irão propiciar a geração de células efetoras. Os linfócitos virgens são células pequenas mononucleares com pouco celulares, porém após sua ativação nos órgãos linfoides secundários se tornam células com o citoplasma aumentado e, no caso dos linfócitos B, capazes de produzir grande quantidade de anticorpos devido ao retículo endoplasmático expandido. Os linfócitos T efetores, por sua vez, são capazes de secretar moléculas como citocinas e citotoxinas. Os linfócitos efetores, então, já estão prontos para exercer suas atividades na resposta imune. Propriedades da resposta imune O sistema imune tem propriedade de se adaptar ao meio e funciona como um detector molecular de alterações na homeostase. As principais células do sistema imune, os linfócitos, possuem em sua superfície receptores de antígeno. Considerando que os antígenos podem ter estruturas moleculares diferentes, cada receptor terá em sua posição distal a membrana porções variáveis e, dessa maneira, cada linfócito é capaz de detectar um antígeno diferente. Quando o receptor detecta o antígeno, ele induz uma sinalização intracelular capaz de produzir uma resposta celular. Assim, cada célula do sistema imune, para responder a detecção de uma alteração homeostática, prolifera e se diferencia em células efetores capazes de atuar na resposta imune – como os linfócitos B se diferenciam em plasmócitos (produzem e secretam anticorpos que irão eliminar o antígeno). Os anticorpos atuam no meio extracelular impedindo que toxinas e micro-organismos interajam com as células. No entanto, quando o micro-organismo entra na célula (como os vírus, que usam as células para se multiplicar), os linfócitos T detectam a IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune presença de fragmentos do vírus na superfície da célula infectada e, através da sua atividade citotóxica, eliminam essa célula, induzindo morte celular. Em outras situações, o micro-organismo é fagocitado e sobrevive dentro dos fagossomas, multiplicando-se nas células-alvo. Nesse caso, ocorre exposição de fragmentos nesse organismo na superfície do fagócito, sendo possível ao linfócito T detectar essa alteração homeostática e produzir citocinas que auxiliam o fagócito a eliminar o patógeno. Assim, as interações celulares são importantes não apenas para a detecção do patógeno na superfície celular, como também para troca de citocinas e citotoxinas entre os linfócitos T e as células infectadas – eliminando o patógeno ou a células. Essas atividades efetoras são realizadas por diferentes linfócitos T: células T-CD8 (citotóxicos) são capazes de eliminar células infectadas na qual o patógeno está no citoplasma da células, já as T-CD4 detectam o patógeno na superfície celular e produzem citocinas capazes de auxiliar os fagócitos a produzirem substâncias toxicas para os patógenos. As células T-CD4 também são capazes de auxiliar os linfócitos B a se tornarem efetores e, assim, produzirem anticorpos. Essa interação específica acontece em órgãos linfoides secundários, que possui os nichos apropriados para isso. Os órgãos linfoides secundários são os sítios onde ocorre a detecção da alteração homeostática pelos receptores do linfócitos, a proliferação desses e a diferenciação em células efetoras. Esses órgãos linfoides se encontram em vários pontos do organismo e possuem o ambiente necessário para a formação da resposta imune, estando associados a corrente sanguínea (baço), a rede linfática (linfonodos), além do tecido linfoide associado a mucosa (MALT) – uma interface importante entre as mucosas e o sistema imune. Os principais processos que acontecem nos órgãos linfoides secundários e resultam na resposta imune são: a ativação dos linfócitos T e B. A ativação dos linfócitos T, tanto os citotóxicos quanto os auxiliadores, depende da proliferação e diferenciação celular através da detecção de alteração na homeostase na superfície de células apresentadoras de antígeno, como as células dendríticas. Já a ativação dos linfócitos B também depende dos mesmos fatores porém ocorre através de linfócitos T auxiliadores que produzem citocinas e moléculas de superfície capazes de ativar os linfócitos B – diferenciam-se em plasmócitos. Os órgãos linfoides secundários são organizados em regiões, como a paracortical/área T (azul) e a cortical/área B (amarelo). As interações entre células apresentadoras de antígeno e linfócitos T ocorrem, preferencialmente, na área T – enquanto a proliferação dos linfócitos B ocorre, preferencialmente, na área B. Já as interações entre linfócitos T e B ocorrem na interface entre as área T e B. IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune Os órgãos linfoides secundários são capazesde detectar alterações homeostáticas em diferentes situações. Antígenos que entram em contato com o organismo através da pele, por exemplo, podem ser carreados via circulação linfática para os linfonodos mais próximos e, assim, ativarem linfócitos T e B. Já antígenos que são capturados nas mucosas, como o trato respiratório, chegam aos órgãos linfoides secundários mais próximos – nesse caso, o MALT. Por fim, antígenos que chegam a corrente sanguínea são filtrados no baço e, com isso, ativam a resposta imune. Os órgãos linfoides secundários são os linfonodos (cervicais, auxiliares, torácicos, mesentéricos, inguinais, poplíteos e outros), que recebem o antígeno diretamente via linfa do vaso linfático, o tecido linfoide associado a muscosas – MALT (sistema digestório: amígdalas, placas de Payer, apêndice; sistema respiratório: brônquios, adenoides; sistema reprodutor), em que células M coletam o antígeno na mucosa e o levam para o MALT e baço, que coleta antígeno do sangue. Resumindo, os componentes do sistema imune incluem os órgãos linfoides – que podem ser primários, dando origem às células do sistema imune, como timo (linfócitos T), medula óssea e fígado/baço (no feto) ou secundários, onde ocorre a resposta imune principalmente através de interações entre células dendríticas e linfócitos T e B, como linfonodos (gânglios linfáticos), baço e MALT – que coletam o antígeno em diferentes situações. Também contribuem para o funcionamento do sistema imune: o sistema circulatório, com os vasos sanguíneos e linfáticos, sangue e linfa; os componentes celulares, como os leucócitos; e os componentes moleculares, como os anticorpos, citocinas e moléculas do complemento. Expressões imunológicas As categorias de resposta imune podem ser divididas em imunidade inata e imunidade adquirida, pois cada grupos de células possuem uma dinâmica própria de resposta e maneiras diferentes de identificar alterações homeoestáticas. A resposta imune inata atua logo em que o patógena entra em contato com o organismo, em questão de minutos ou horas. Esse tipo de resposta diz respeito a mecanismos de imunidade que já estão prontos, como a barreira epitelial e leucócitos já formados e circulando pelo organismo e que possuem renovação relativamente rápida. Já a imunidade adquirida diz respeito aos linfócitos B e T – a principal categoria desses linfócitos é a detecção de alterações na homeostase feito por receptores de antígeno, que são expressos individualmente por cada linfócito e, uma vez detectados os antígenos, os linfócitos se proliferam e se diferenciam, com formação de células e mecanismos efetores. A resposta imune adaptativa demora mais tempo para acontecer, em questão de dias, pois os linfócitos precisam se multiplicar e se diferenciar para atuar na imunidade. Alguns mecanismos da imunidade inata, como o sistema complemento e os fagócitos, podem atuar diretamente no patógeno ou cooperar com a imunidade adaptativa, IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune levando a um mecanismo mais eficiente para a eliminação do patógeno. O sistema complemento, por exemplo, é ativado diretamente por bactérias e é capaz de levar a lise dessas bactérias, enquanto os macrófagos e outros fagócitos são capazes de fagocitar e eliminar, por mecanismos microbicidas, essas bactérias. Na imunidade adaptativa, os linfócitos B produzem anticorpos que podem ativar o sistema complemento após interagir com os antígenos. Esse mecanismo é mais eficiente que o efeito do sistema complemento isoladamente, pois é capaz de ativar mais moléculas do sistema complemento. Já os macrófagos, quando não são capazes de atuar eliminando os patógenos, pedem ajuda aos linfócitos T. As citocinas produzidas por esses linfócitos T auxiliadores conseguem ativar de forma mais eficiente os mecanismos microbicidas do macrófago. A imunidade inata surgiu mais cedo durante a evolução e está presente nos vertebrados e invertebrados – os fagócitos, por exemplo, estão presentes desde os protozoários até os artrópodes. Já a imunidade adaptativa é mais recente no processo evolutivo e surgiu nos vertebrados. Mesmo assim, existem diferentes mecanismos da resposta adaptativa nos tipos distintos de vertebrados, tornando-se mais complexa e atingindo seu auge nos pássaros e mamíferos – sendo alguns mecanismos, como órgãos linfoides secundários só ocorrem em algumas espécies de pássaros e nos mamíferos. Outras duas expressões imunológicas importantes são a imunidade humoral e imunidade celular – são mecanismos que atuam em compartimentos diferentes do organismo, atuando contra patógenos do meio extracelular ou intracelular, respectivamente. A resposta imune humoral elimina toxinas, bactérias, vírus e protozoário que atuam no meio extracelular. Essa resposta imune consiste de mecanismos que envolvem os linfócitos B e a produção de anticorpos. Já a imunidade celular combate patógenos encontrados nos compartimentos intracelulares e podem ser patógenos que se multiplicam no citoplasma das células (como os vírus e alguns protozoários) ou dentro dos fagossomas de fagócitos (como algumas bactérias, protozoários e fungos). Essa resposta consiste de mecanismos que envolvem linfócitos T auxiliadores, que ajudam os macrófagos através do aumento da atividade microbicida, e linfócitos T citotóxicos, que eliminam células infectadas com patógenos em seu citoplasma. Além dessas, há mais duas expressões imunológicas importantes, principalmente, na imunoterapia e no desenvolvimento de vacinas: imunidade passiva e imunidade ativa. Na imunidade ativa, o organismo monta uma resposta imune ao interagir diretamente com o patógeno ou com uma vacina composta pelo patógeno inativado ou por partes deste. Por ser uma resposta imune adaptativa, leva alguns dias para se estabelecer e há o desenvolvimento de mecanismos efetores, IMUNOLOGIA Introdução ao Sistema Imune que permitem a eliminação do patógeno e recuperação do organismo. Já a imunidade passiva ocorre quando o mecanismo de imunidade é transferido de um indivíduo imune (ou imunizado por uma vacina) para um indivíduo não imune. É possível transferir tanto a imunidade humoral (anticorpos presentes no soro/plasma) quanto a imunidade celular (através de células do sistema imune). Essa resposta imune confere imunidade instantânea, levando a recuperação do indivíduo. Existem mecanismos naturais de imunidade passiva, como a transferência de anticorpos da mãe para o filho através da placenta ou da amamentação. Dois conceitos importantes para se diferenciar é a memória imunológica e as vacinas. Quando há o uso da vacina, não existe memória imunológica – evolução da resposta imune à medida que o organismo é exposto sucessivamente a um determinado estímulo antigénico. A memória imunológica se desenvolve durante a imunidade adaptativa – após a proliferação (expansão clonal) dos linfócitos B, há três caminhos possíveis de diferenciação: tornar-se células efetoras produtoras de anticorpos (plasmócitos), sofrer apoptose ou sobreviver e se tornar uma célula B de memória – capaz de montar uma resposta mais rápida e eficiente frente a um reestímulo. De maneira semelhante, os linfócitos T também podem ter esses três caminhos, com a diferença de que os linfócitos T efetores produzem citocinas ou citotoxinas. A primeira vez que um organismo entra em contato com um antígeno “A”, ele gera uma resposta imune primária, que demora alguns dias para acontecer pois depende da resposta imune adaptativa e, a seguir, a resposta imune aumenta (aumento da produção de anticorpos), atingindo um pico e posteriormente regride, retornando a homeostase.Essa resposta primária gera uma resposta imune de memória e, caso o organismo entre em contato novamente com o antígeno “A”, ele pode responder mais rapidamente e produzindo uma quantidade maior de anticorpos na resposta secundária. No entanto, um antígeno “B” provoca uma resposta primária, diferente da resposta de memória ao antígeno “A”. Essa propriedade é fundamental para a produção de vacinas, uma vez que é considerado a vacina como o antígeno “A”, pois prepara o organismo e gera uma resposta de memória e, se o organismo entrar em contato com o patógeno, terá uma resposta mais rápida e eficiente e, dessa maneira, evitar o estabelecimento da doença.
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