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Instalações Hidráulicas – Água Fria e Quente SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Instalações Hidráulicas – Água Fria e Quente – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS Aula 1: Hidrostática I...................................................................................................................1 Aula 2: Hidrostática II................................................................................................................10 Aula 3: Hidrodinâmica...............................................................................................................21 UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA Aula 4: Água Fria.......................................................................................................................30 Aula 5: Sistemas de Abastecimento..........................................................................................38 Aula 6: Reservatório..................................................................................................................48 UNIDADE 3 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA FRIA Aula 7: Rede de Distribuição.....................................................................................................60 Aula 8: Dimensionamento........................................................................................................73 Aula 9: Captação.......................................................................................................................92 UNIDADE 4 – SISTEMA DE ÁGUA QUENTE Aula 10: Classificação..............................................................................................................106 Aula 11: Dimensionamento....................................................................................................123 Aula 12: Materiais e Componentes.........................................................................................129 In sta la ç õ e s H id rá u lic a s – Á g u a F ria e Q u e n te Aula 1 – Hidrostática I UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 1 Unidade 1 – Mecânica dos Fluidos Aula 1: Hidrostática I Para se conhecer a respeito de Instalações Hidráulicas de Água deve-se saber o mínimo do comportamento desta dentro e fora das tubulações. Para isso, estuda-se a Mecânica dos Fluidos, que é o segmento da física que estuda o efeito das forças em fluídos. Esse estudo será dividido em hidrostática – quando os fluídos estão em equilíbrio estático – e hidrodinâmica quando os fluídos estão sujeitos a forças externas diferentes de zero. 1. A Hidrostática 1.1. Fluidos Antes de se estudar os fluidos, deve-se lembrar que a matéria, como a conhecemos, se apresenta em três diferentes estados físicos, de acordo com a agregação de partículas: o estado sólido, o estado líquido e o estado gasoso. O estado sólido caracteriza-se por conferir a um corpo forma e volume bem definidos. Os líquidos e os gases, ao contrário dos sólidos, não possuem forma própria: assumem, naturalmente, a forma do recipiente que os contém. Os líquidos têm volume definido, enquanto os gases, por serem expansíveis, ocupam todo o volume do recipiente que estejam ocupando. Fluido é uma substância que pode escoar (fluir) e, assim, o termo inclui líquidos e gases, que diferem notavelmente em suas compressibilidades; um gás é facilmente comprimido, enquanto um líquido é, praticamente, incompressível. A pequena (mínima) variação de volume de um líquido sob pressão pode ser omitida nas situações iniciais desta aula. Como visto acima, os líquidos têm volume definido, enquanto os gases, por serem expansíveis, ocupam todo o volume do recipiente em que estejam contidos. Estes aspectos Aula 1 – Hidrostática I INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 2 são importantes, pois é uma das características que os distinguem quando se fala de um fluido. Como visto, a propriedade comum a estes dois estados físicos, de forma indefinida (líquido e gasoso) é escoar ou "fluir" com facilidade através de um condutor ou duto. O que será estudado na aula são os "fluidos ideais", também chamados fluidos perfeitos. Nos fluidos ideais, consideremos que não existe atrito entre as moléculas que se deslocam quando o fluido escoa, nem atrito entre o fluido e as paredes do condutor. De qualquer maneira, este problema de atrito só será importante no estudo dos fluidos em movimento (hidrodinâmica) e, basicamente, não influirá sobre os fluidos em equilíbrio, cujo estudo (hidrostática) é objeto inicial desta aula. Pode-se adiantar, entretanto, que a grandeza que caracteriza o atrito entre as moléculas de um fluido é a viscosidade. Por exemplo, você certamente já percebeu a diferença marcante quando despejamos uma lata de óleo em um tanque ou no chão e outra igual cheia de água. Diz-se que o óleo é mais viscoso que a água, pois "flui" com maior dificuldade que a água. 1.1.1. Propriedades Gerais dos Fluidos A Hidrostática, como citado, trata de estudar os fluidos em equilíbrio. Caracterizar-se- á, agora, algumas das propriedades dos fluidos em equilíbrio, dando ênfase especial aos líquidos. Serão mostradas algumas diferenças entre líquidos e gases (a dos gases para serem estudados, com maior detalhe, posteriormente). As propriedades dos líquidos que serão apresentadas a seguir são de fácil verificação experimental e as explicações teóricas são baseadas nas leis de Newton. Aula 1 – Hidrostática I UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 3 a) A superfície livre de um líquido em equilíbrio é plana e horizontal. b) A força exercida por um líquido sobre uma superfície qualquer é sempre perpendicular (normal) a essa superfície. Isto pode ser constatado quando fura-se um vaso que contém líquidos e observa-se que este se projeta (derrama, escoa) perpendicularmente à parede do vaso. c) A terceira propriedade diz respeito à imiscibilidade de líquidos de diferentes densidades, quando em equilíbrio. É o que se observa, por exemplo, entre o óleo de cozinha e a água que, quando colocados em um mesmo recipiente, não se misturam, apresentando uma superfície de separação plana e horizontal. O óleo, por ser menos denso do que a água, se sobrepõe a ela. Aula 1 – Hidrostática I INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 4 d) É observado que, ao mergulhar em uma piscina ou mesmo no mar, a "pressão" aumenta à medida em que é maior a profundidade que você alcança. Ou seja, ocorre uma variação de pressão, em função da profundidade. O estudo desta propriedade, com detalhes, será feito posteriormente. 1.1.2. Diferença entre Gases e Líquidos Apesar dos líquidos e gases serem classificados como fluidos, há algumas diferenças entre eles que podem ser destacadas. Uma primeira diferença já foi, de certa forma, apontada anteriormente, quando viu-se que os gases, por serem expansíveis, ocupam o volume total dentro de um recipiente, qualquer que seja sua capacidade. Quando se coloca um certo volume de líquido num vaso de maior capacidade, ele ocupará somente uma parte do vaso, igual ao seu próprio volume. Uma segunda diferença a perceber entre os gases e os líquidos é a propriedade que têm os primeiros de serem facilmente compressíveis. Isto significa que podemos encerrar, num recipiente de 1 litro, como o da figura ao lado, uma quantidade bem maior de gás, o mesmo não ocorrendo com relação aos líquidos. Uma diferença muito importante entre líquido e gás é a miscibilidade. Os líquidos, como já visto, nem sempre são miscíveis entre si, como no casodo óleo e da água. Os gases, ao contrário, sempre se misturam homogeneamente entre si. Um exemplo típico é o ar atmosférico, constituído de nitrogênio, oxigênio e outros gases em menor proporção. Um outro exemplo é o do maçarico oxi-acetilênico. O acetileno e oxigênio, provenientes de suas respectivas garrafas, se misturam no interior do maçarico. Há ainda muitas outras diferenças entre fluido líquido e fluido gasoso que serão assimiladas posteriormente. 1.2. Grandezas dos Fluidos Para que se entenda o estudo dos conceitos que regem a mecânica dos fluidos em equilíbrio, isto é, a hidrostática, é importante que se estudem alguns conceitos básicos das substâncias. Serão, particularmente, vistas as grandezas físicas “massa específica”, “peso específico” e “densidade”. Estas grandezas estão, de maneira geral, relacionadas com o estudo dos fluidos, portanto, servirão tanto no estudo dos líquidos como no dos gases. Suas aplicações, porém, estendem-se aos sólidos. 1.2.1. Massa Específica Aula 1 – Hidrostática I UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 5 Esta grandeza, característica específica de cada substância, é conhecida também pelo nome de densidade absoluta. Ela será representada aqui pela letra grega µ (mi). μ = m V Onde: m é a massa da substância em análise; V é o volume da substância em análise. Se a massa é expressa em gramas (g) e o volume em cm³, a massa específica, no sistema prático, é expressa em g/cm³. No SI (Sistema Internacional de Unidade), a massa é dada em quilogramas e o volume em m³, portanto a massa específica é expressa em kg/m³. Exemplo: A figura representa um bloco homogêneo de ferro. Sabe-se que sua massa é igual a 15200 kg. Pede-se sua densidade. Resolução: Será encontrado o volume do sólido e posteriormente, sua densidade com aplicação direta da definição. V = 2 m . 1 m . 1 m → V = 2 m³ µ = m/V → µ = 15200 kg/2 m³ → µ = 7600 kg/m³ Observe que a massa específica está relacionada com a massa e o volume dos corpos. Como massa, 1 kg de chumbo é igual a 1 kg de isopor, porém o volume de isopor necessário para 1 kg é muito maior que o volume de chumbo necessário para o mesmo 1 kg. Isto será demonstrado através da massa específica. A massa específica do isopor vale 200 kg/m³ e a do chumbo 11.400 kg/m³. Ao se calcular, aplicando a relação, µ = m/V, o volume necessário de isopor e chumbo, para se ter 1 kg de cada substância é: Aula 1 – Hidrostática I INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 6 𝑉𝑖𝑠𝑜𝑝𝑜𝑟 = 1 11400 𝑚3 𝑒 𝑉𝑐ℎ𝑢𝑚𝑏𝑜 = 1 200 𝑚3 𝑉𝑖𝑠𝑜𝑝𝑜𝑟 = 5000 𝑐𝑚 3 𝑒 𝑉𝑐ℎ𝑢𝑚𝑏𝑜 = 87𝑐𝑚³ Constata-se que, realmente, o volume de isopor é bem mais elevado do que o de chumbo. De maneira geral, quando dizemos que um corpo tem massa específica elevada, isto significa que ele contém uma grande massa em um volume pequeno. Podemos dizer que o corpo é muito denso. 1.2.2. Peso Específico Definida a massa específica pela relação m/V, definiremos o peso específico de uma substância, que constitui um corpo homogêneo, como a razão entre o peso “P” e o volume “V” do corpo constituído da substância analisada. Da relação extraída da 2ª Lei Newtoniana, tem-se que P = m . g, portanto: ρ = P V Onde: ρ (rô) é o peso específico; P é o peso; V é o volume. Se o peso é expresso em Newton e o volume em m³, a unidade de peso específico, no SI, será o N/m³. No sistema prático (CGS), esta unidade será expressa em dina/cm³ e no MKGFS (técnico) é kgf/m³. Um quadro com as unidades de massa específica e peso específico é apresentado a seguir: Aula 1 – Hidrostática I UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 7 1.2.3. Densidade Relativa Será definida agora uma terceira grandeza física denominada densidade relativa ou simplesmente densidade. A densidade é definida como a relação entre as massas específicas de suas substâncias. 𝑑 = 𝜇𝐴 𝜇𝐵 Em geral, usa-se a água como substância de referência, de modo que é possível expressar a equação acima da seguinte maneira: 𝑑 = 𝜇 𝜇á𝑔𝑢𝑎 A densidade é uma grandeza adimensional, e, portanto, o seu valor é o mesmo para qualquer sistema de unidades. Uma outra observação que se deve fazer é que, muitas vezes, encontra-se a densidade expressa em unidades de massa específica. Nestes casos, se estará considerando a densidade absoluta (massa específica) igual à densidade relativa tomada em relação à massa específica da água, que é igual a 1 g/cm³ ou 100 kg/m³. Valores típicos de densidade absoluta (massa específica) à temperatura ambiente (condições normais), são dados na tabela abaixo. Exemplo: O heptano e o octano são duas substâncias que entram na composição da gasolina. Suas massas específicas valem, respectivamente, 0,68 g/cm3 e 0,70 g/cm3. Deseja- Aula 1 – Hidrostática I INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 8 se saber a densidade da gasolina obtida, misturando-se 65 cm3 de heptano e 35 cm3 de octano. Resolução: 1º Passo: Encontrar o Volume de Gasolina Vgasolina = Vheptano + Voctano → Vgasolina = 65 + 35 → Vgasolina = 100 cm³ 2º Passo: Encontrar a Massa do Sistema: mgasolina = mheptano + moctano ① mheptano = µheptano . Vheptano → mheptano = 0,68 . 65 → mheptano = 44,2 g moctano = µoctano . Voctano → moctano = 0,70 . 35 → moctano = 24,5 g Retornando à relação ①, tem-se: mgasolina = mheptano + moctano → mgasolina = 44,2 + 24,5 → mgasolina = 68,7 g 3º Passo: Densidade da Mistura: µgasolina = mgasolina/Vgasolina → µgasolina = 67,8/100 → µgasolina = 0,678 g/cm³ 1.2.4. Variação da Densidade de Líquidos com a Temperatura Observa-se que uma substância qualquer, quando aquecida, se dilata, isto é, seu volume torna-se maior. Lembre-se do que acontece com o termômetro, para medir temperaturas. O mercúrio, quando aquecido, aumenta de volume, subindo na escala. Apesar desse aumento de volume, a massa da substância permanece a mesma (lembre-se de que a massa é uma grandeza constante). Viu-se que a densidade absoluta é a relação entre massa e volume. Mantendo a massa constante e fazendo o volume variar, estamos, automaticamente, provocando uma variação na densidade da substância. A conclusão, portanto, é que a densidade absoluta varia com a temperatura. Suponha-se uma experiência com os seguintes dados sobre o álcool metílico: • Para 30°C, m = 790 g, V = 1000 cm3; • Quando a 50°C, ocorreu um acréscimo de 12 cm3 no volume. Deseja-se saber qual a densidade absoluta do álcool na temperatura de 30°C e 50°C. Aula 1 – Hidrostática I UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 9 µ30°C = m/V µ30°C = 790/1000 µ30°C = 0,7900 g/cm3 Na temperatura de 50°C, o volume aumentou de 12 cm3, portanto: V = 1000 + 12 → V = 1012 cm3 A massa não varia com a temperatura, daí: µ50°C = m/V → µ50°C = 790/1012 → µ50°C = 0,7806 g/cm³ Variação: 0,7900 – 0,7806 = 0,0094 g/cm3 Neste caso, esta variação é pequena, pois aumento de volume também foi pequeno. A temperatura elevou-se de 30°C a 50°C. Para maiores variações de temperatura, maiores serão as variações de volume e, consequentemente, os valores de densidade começam a diferir sensivelmente. Em se tratando de líquidos e sólidos, a dilatação tem pouco efeito sobre a apreciável alteração no volume, para variações de temperatura elevadas. A situação se modifica bastante em relação aos gases que apresentam grande dilatação térmica. Na prática, a medida da densidade é uma técnica de grande importância, em muitas circunstâncias. O estado da bateria de um automóvel pode ser testado pela medida da densidade de eletrólito, uma solução de ácido sulfúrico. À medida que abateria descarrega, o ácido sulfúrico (H2SO4) combina-se com o chumbo nas placas da bateria e forma sulfato de chumbo, que é insolúvel, decrescendo, então, a concentração da solução. A densidade varia desde 1,30 g/cm3, numa bateria carregada, até 1,15 g/cm3, numa descarregada. Este tipo de medida é rotineiramente realizado em postos de gasolina, com o uso de um simples hidrômetro, que mede a densidade pela observação do nível, no qual um corpo calibrado flutua numa amostra da solução eletrolítica. Baseado e adaptado de LUIZ FERNANDO FIATTE CARVALHO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 10 Aula 2: Hidrostática II O termo fluido é usado para descrever um objeto ou substância que deve estar em movimento para resistir forças aplicadas externamente. Um fluido sempre escorre quando forças deformantes lhe são aplicadas. 1. Pressão nos Fluidos 1.1. Conceitos Básicos de Pressão O conceito de pressão foi introduzido a partir da análise da ação de uma força sobre uma superfície; já nos fluidos, o peso do fluido hidrostático foi desprezado e a pressão suposta tornou-se igual em todos os pontos. Entretanto, é um fato conhecido que a pressão atmosférica diminui com a altitude e que, num lago ou no mar, aumenta com a profundidade. Generaliza-se o conceito de pressão e se define, num ponto qualquer, como a relação entre a força normal F, exercida sobre uma área elementar A, incluindo o ponto, e esta área: Retomando os conceitos triviais de outras disciplinas, quando você exerce, com a palma da mão, uma força sobre uma superfície (uma parede, por exemplo), dizemos que se está exercendo uma pressão sobre a parede. A figura representa a força F aplicada em um determinado ponto da superfície, onde a componente normal (Fx) da força atua realizando pressão. Observa-se, porém que, na realidade, a força aplicada pela mão distribui-se sobre uma área, exercendo a pressão. Deste modo, tem-se p = F A Aula 2 – Hidrostática II UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 11 Assim define-se a pressão de uma força sobre uma superfície, como sendo a razão entre a força normal e a área da superfície considerada. As unidades serão expressas pela razão entre as unidades de força e as unidades de área, nos sistemas conhecidos. A unidade SI é também conhecida pelo nome PASCAL, abreviando-se Pa, que vale 1 N/m². 1.2. Experiência de Torriceli O físico italiano pegou um tubo de vidro de cerca de 1 m de comprimento, fechado em uma das extremidades. Encheu o tubo de mercúrio, tampou a extremidade aberta, com o dedo, e inverteu o tubo, introduzindo-o em uma cuba de mercúrio. Observou, então, que o tubo não ficava completamente cheio, isto é, o nível de mercúrio diminuía no interior do tubo, mantendo uma altura de cerca de 760 mm em relação ao nível de mercúrio da cuba. A experiência comprova a existência da pressão atmosférica, ou seja, a coluna de Mercúrio equilibra-se por ação da pressão que a atmosferas exerce sobre a superfície livre de mercúrio na cuba, e esta pressão é numericamente igual ao peso de uma coluna de mercúrio de 760 mm de altura. Variações em torno deste valor serão obtidas segundo o local em que se realize a experiência. Ao nível do mar, obtém-se 760 mmHg. Em lugares mais altos, como a pressão atmosférica é menor, a altura da coluna liquida de mercúrio também será menor. Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 12 No alto do monte “Everest”, por exemplo, a experiência acusaria uma pressão atmosférica da ordem de 300 mmHg. A experiência também pode ser realizada com outros líquidos que não o mercúrio. A altura da coluna é inversamente proporcional à densidade do líquido empregado. Isto significa que quanto menor a densidade do líquido, maior a altura da coluna. No caso da água, atingiria o valor de 10,3 m. As relações que se apresentam são: Pressão Atmosférica = 1 atm = 760 mmHg = 10,3 m (H2O) = 105 N/m² 1.3. Variação de Pressão com relação à Profundidade Ao se mergulhar, percebe-se que, ao afundar na água, a pressão aumenta (por exemplo, uma dor de ouvido). O mesmo fenômeno pode ocorrer na atmosfera, quando se desce de uma montanha. O aumento de pressão, neste caso, também afeta o ouvido. Veja- se, então, como calcular esta variação de pressão que os corpos experimentam à medida que se aprofundam num fluido. Considere o caso particular de um recipiente cilíndrico que contém um líquido de massa específica μ até uma altura h acima do fundo, como mostrado ao lado. Temos as seguintes relações já apresentadas: ① P = m . g ② m = μ/V ③ p = F/A Utilizando-se de 1, 2 e 3, tem-se que: P = μ . g . h 1.3.1. Pressão Total do Fundo Esta pressão será dada pela pressão atmosférica que age sobre a superfície livre do líquido, mais a pressão que, devido ao peso do líquido, age sobre o fundo do recipiente. Tem-se, então: Pressão Total = Pressão Atmosférica + Pressão da Coluna Líquida. Pt = Patm + μ . g . h 1.3.2. Diferença de Pressão Aula 2 – Hidrostática II UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 13 Analisando-se a situação anterior, será deduzida a fórmula que fornece a diferença de pressão entre pontos de profundidade diferente. Tem-se que: PB = PA + Pliq → PB – PA = μ . g . h Esta relação é conhecida como Lei de Stevin ou equação fundamental da hidrostática e pode ser enunciada da seguinte maneira: “A variação da pressão entre dois pontos quaisquer de um fluido é igual ao produto de sua massa específica pela diferença de nível entre os dois pontos e pela aceleração da gravidade”. Para uma melhor compreensão, tem- se a figura: 1.4. Medidores de Pressão O tipo mais simples de medidor de pressão é o manômetro de tubo aberto, representado na figura abaixo. Consiste num tubo em forma de U, contendo um líquido, uma extremidade estando à pressão P que se deseja medir, enquanto a outra é aberta na atmosfera, à pressão Pa. Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 14 O barômetro de mercúrio é um tubo longo, de vidro, cheio deste metal e invertido numa cuba também contendo mercúrio. O espaço acima da coluna contém somente vapor de mercúrio, cuja pressão, em temperatura ambiente, é tão pequena que pode ser desprezada. Vê-se, facilmente, que: Pa = µ . g . (y2 – y1) = µ . g . h Como visto, a unidade SI de pressão é o Pascal (1 Pa), igual a um Newton por metro quadrado (1 N.m–2). Uma unidade relacionada é o bar, definido como 105 Pa. Por serem o barômetro e o manômetro de mercúrio frequentemente usados em laboratórios, é costume expressar a pressão atmosférica e outras em “polegadas, centímetros ou milímetros de mercúrio”, embora não sejam unidades reais de pressão. A pressão exercida por uma coluna de um milímetro de mercúrio é comumente chamada um torr, em homenagem ao físico italiano já citado anteriormente. Um tipo de medidor, normalmente usado pelos médicos, para medida da pressão sanguínea contém um tipo de manômetro. Medidas de pressão sanguíneas, como 130/80, referem-se às pressões máxima e mínima, medidas em milímetros de mercúrio ou torr. Devido à diferença de altura, a pressão hidrostática varia em diferentes pontos do corpo; o ponto de referência padrão é o antebraço, na altura do coração. A pressão também é afetada pela natureza viscosa do fluxo sanguíneo e pelas válvulas ao longo do sistema vascular, que atuam como reguladores de pressão. 2. Vasos Comunicantes O dispositivo da figura abaixo, demonstra como ocorre o princípio dos vasos comunicantes. Aula 2 – HidrostáticaII UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 15 Na figura, os pontos A, B, e C estão situados a um mesmo nível em relação à superfície livre e, portanto, as pressões PA, PB, e PC são iguais entre si. Suponha que o líquido tenha massa específica µ. As pressões PA, PB, e PC são, respectivamente: • PA = Patm + µghA • PB = Patm + µghB • PC = Patm + µghC Para que sejam efetivamente iguais, como deduzimos anteriormente, é necessário que as alturas hA = hB = hC sejam iguais entre si, isto é, hA = hB = hC. Pode-se concluir que, num sistema de vasos comunicantes, como o mostrado na figura, as superfícies livres do líquido estão todas no mesmo nível, nos diversos vasos do sistema. Este princípio dos vasos comunicantes permite, por exemplo, que você possa transferir um líquido de um reservatório para outro, sem necessidade de bombeamento, como se vê na figura abaixo: Uma aplicação também importante deste princípio é que ele nos permite calcular a densidade absoluta dos líquidos. Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 16 Suponhamos um vaso comunicante, no qual colocamos dois líquidos imiscíveis, por exemplo, água e óleo. Na figura A, temos somente água no tubo, e, na figura B, colocamos óleo. Neste caso, as alturas são diferentes, pois as densidades dos líquidos são diferentes. Com a introdução de óleo, a água teve sua altura alterada. À medida que o sistema tende ao equilíbrio, a água para de subir no ramo direito e as pressões nos dois ramos se igualam. Tem-se, como nível de referência, a linha que passa pela superfície de separação dos dois fluidos. Observe a figura B. As pressões, nos pontos A e B são, respectivamente: PA = Patm + µóleo . hóleo . g PB = Patm + µágua . hágua . g Como PA e PB são iguais, pois representam pressões aplicadas no mesmo nível de um líquido em equilíbrio, então: PA = PB → Patm + µóleo . hóleo . g = Patm + µágua . hágua . g µóleo . hóleo = µágua . hágua Com esta expressão, é possível se calcular a densidade absoluta do óleo de qualquer outro não miscível. Aula 2 – Hidrostática II UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 17 3. Princípio de Pascal O princípio de Pascal pode ser enunciado da seguinte maneira: “Um acréscimo de pressão, num ponto qualquer de um líquido em equilíbrio, transmite-se integralmente a todos os pontos do líquido”. Isto significa que, quando aumentamos de uma quantidade P a pressão exercida na superfície livre de um líquido em equilíbrio, todos os pontos do líquido sofrerão o mesmo acréscimo de pressão P. Uma aplicação prática do princípio de Pascal é a da prensa hidráulica, ilustrada na figura abaixo. Quando é comprimido o êmbolo 1, o acréscimo de pressão transmite-se pelo líquido e atinge o êmbolo 2, que é móvel. Entre este êmbolo, que possui na sua parte superior uma plataforma móvel, e a plataforma fixa, é colocado o corpo que se deseja comprimir. A força F1 exercida no êmbolo de área A1 provoca um acréscimo de pressão no líquido: P = F/A = F1/A1. Pelo princípio de Pascal, este acréscimo de pressão transmite-se pelo líquido, atingindo, neste caso, o êmbolo de área A2. Se a área aumentou, a força exercida sobre o êmbolo também crescerá a fim de manter constante a pressão. Portanto: Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 18 Exemplo: Os pistões de uma prensa hidráulica de um sucateador de automóveis têm, respectivamente, 1 m e 3 m de diâmetro. Uma força de 100 kgf atua no pistão menor. Que força deve ser aplicada pelo pistão maior, para funcionar a prensa? Resolução: Fa/Aa = Fb/Ab → Fa/πra² = Fb/πrb² 100/(3,14 . 0,5²) = Fb/(3,14 . 1,5²) Fb = 900 kgf 4. Princípio de Arquimedes Observa-se que os corpos, quando imersos em água, perdem, “aparentemente”, um pouco de seu peso, ou seja, é mais fácil levantar um corpo dentro da água do que fora dela. Pode-se presumir, portanto, que a água exerce uma força sobre o corpo, de modo a equilibrar o peso resultante. Esta força exercida pelo fluido sobre o corpo é chamada de empuxo. Arquimedes enunciou, então, o seguinte princípio: “Todo corpo imerso em um fluido, está sujeito à ação de uma força vertical de baixo para cima (empuxo), cujo módulo é igual ao peso da quantidade de fluido deslocada”. Analise-se, agora, a influência do peso nas diversas situações: Aula 2 – Hidrostática II UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 19 Para o cálculo deste empuxo, leva-se em consideração que: • O peso do corpo vale: P = m . g, ou ainda, já que m = µ . V, P = µc . Vc . g, onde Vc é o volume do corpo; • Quando o corpo está mergulhando no fluido, ele desloca um certo volume deste fluido (dois corpos não ocupam mesmo lugar no espaço, simultaneamente) e recebe um empuxo E; • Esse líquido deslocado tem um certo peso e o empuxo representa o peso do líquido deslocado, quando da imersão do corpo. Portanto: E = Peso líquido deslocado E = mL . g E = µL . Vd . g Onde: µL é a densidade do líquido deslocado; Vd é o volume de líquido deslocado; g é a aceleração da gravidade. Exemplo: Um cilindro de 40 cm de altura está parcialmente imerso em óleo (0,90 g/cm3). A parte do cilindro que está fora do óleo, tem 10 cm de altura. Calcule a massa específica de que é feito o cilindro. Resolução: 1º Passo: Se o corpo flutua, significa que ele está em equilíbrio. Portanto, é válido escrever que: P = E. Aula 2 – Hidrostática II INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 20 Como: P = µc . Vc . g E = µL . Vd . g Portanto: µc . Vc . g = µL . Vd . g µc . Vc = µL . Vd ① 2º Passo: Não se sabe o valor de Vc e tampouco Vd. Todavia, sabe-se calcular o volume de um cilindro que é igual à área da base, vezes a altura: Vc = A . H Vd = A . h Substituindo-se estes valores em ①, tem-se: µc . A . H = µL . A . h µc . H = µL . h µc = µL . h/H µc = 0,90 . (30/40) µc = 0,675 g/cm³ Baseado e adaptado de LUIZ FERNANDO FIATTE CARVALHO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 3 – Hidrodinâmica UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 21 Aula 3: Hidrodinâmica Nesse ramo da Física, denominado hidrodinâmica, muitos aspectos dos movimentos dos fluidos ainda estão sendo objeto de estudo. Entretanto, supondo algumas simplificações, pode-se ter um bom entendimento sobre o assunto, que serão apresentados e expandidos nesta aula para que sirvam de base para as aulas de instalações hidráulicas que se seguirão a essa. 1. Conceitos A hidrodinâmica é o estudo de fluidos em movimento. É um dos ramos mais complexos da Mecânica dos Fluidos, como se pode ver nos exemplos mais corriqueiros de fluxo, como um rio que transborda, uma barragem rompida, o vazamento de petróleo e até a fumaça retorcida que sai da ponta acesa de um cigarro. Embora cada gota d'água ou partícula de fumaça tenha o seu movimento determinado pelas leis de Newton, as equações resultantes podem ser complicadas demais. Felizmente, muitas situações de importância prática podem ser representadas por modelos idealizados, suficientemente simples para permitir uma análise detalhada e fácil compreensão. Inicialmente, vamos considerar apenas o que é chamado fluido ideal, isto é, um fluido incompressível e que não tem força interna de atrito ou viscosidade. A hipótese de incompressibilidade é válida com boa aproximação quando se trata de líquidos; porém, para os gases, só é válida quando o escoamento é tal que as diferenças de pressão não são muito grandes. O caminho percorrido por umelemento de um fluido em movimento é chamado linha de escoamento. Em geral, a velocidade do elemento varia em módulo e direção, ao longo de sua linha de escoamento. Se cada elemento que passa por um ponto tiver a mesma linha de escoamento dos precedentes, o escoamento é denominado estável ou estacionário. No início de qualquer escoamento, o mesmo é instável, mas, na maioria dos casos, passa a ser estacionário depois de um certo período de tempo. A velocidade em cada ponto do espaço, no escoamento estacionário, permanece constante em relação ao tempo, Aula 3 – Hidrodinâmica INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 22 embora a velocidade de uma determinada partícula do fluido possa variar ao longo da linha de escoamento. Linha de corrente é definida como uma curva tangente, em qualquer ponto, que está na direção do vetor velocidade do fluido naquele ponto. No fluxo estacionário, as linhas de corrente coincidem com as de escoamento. 1.1. Escoamento O movimento de fluidos pode se processar, fundamentalmente, de duas maneiras diferentes: • Escoamento laminar (ou lamelar); • Escoamento turbulento. O escoamento laminar caracteriza-se pelo movimento ordenado das moléculas do fluido, e todas as moléculas que passam num dado ponto devem possuir a mesma velocidade. O movimento do fluido pode, em qualquer ponto, ser completamente previsto. O escoamento turbulento não é interessante devido às desvantagens e perigos que sua presença pode acarretar. Quando um corpo se move através de um fluido, de modo a provocar turbulência, a resistência ao seu movimento é bastante grande. Por esta razão, aviões, carros e locomotivas são projetados de forma a evitar turbulência. 1.2. Vazão em Escoamento Uniforme A vazão ou débito de um fluido é a razão entre o volume de fluido escoado em um tempo e o intervalo de tempo considerado. Q = V t Onde V é o volume escoado no tempo t, e Q é a vazão. As unidades de vazão são resultantes da razão entre unidades de volume e unidades de tempo. Aula 3 – Hidrodinâmica UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 23 São ainda muito usadas as unidades litro por segundo e metro cúbico por hora (m3/h). Se tivermos num condutor um fluido em escoamento uniforme, isto é, o fluido escoando com velocidade constante, a vazão poderá ser calculada multiplicando-se a velocidade (v) do fluido, em dada seção do condutor, pela área (A) da seção considerada, ou seja: Q = A . v Suponhamos um condutor de seção constante: O Volume escoado entre as seções (1) e (2) de área A é igual: V = A . L Porém L = v . t (o movimento é uniforme) e, daí, temos que: V = A . (v . t) Como Q = V/t , tem-se que: Q = A . v 1.3. Equação da Continuidade Diz-se que um fluido encontra-se escoando em regime permanente quando a velocidade, num dado ponto, não varia com o tempo. Aula 3 – Hidrodinâmica INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 24 Assim, considerando A como um ponto qualquer no interior de um fluido, este estará em regime permanente, desde que toda partícula que chegue ao ponto A passe com a mesma velocidade e na mesma direção. O mesmo é válido para os pontos B e C, porém não há obrigação que vb e vc sejam iguais a va. O importante é que toda partícula que passe por B tenha a mesma velocidade vb e por C a mesma velocidade vc. Se unirmos os pontos A, B e C, temos a trajetória de qualquer partícula que tenha passado pelo ponto A. Esta trajetória é conhecida pelo nome de linha de corrente. Suponhamos, agora, um fluido qualquer escoando em regime permanente no interior de um condutor de secção reta variável. A velocidade do fluido no ponto A1 é V1, e no ponto A2 é V2 . A1 e A2 são áreas da secção reta do tubo nos dois pontos considerados. Já foi visto que Q = V/t e Q = Av, portanto podemos escrever que: V/t = A . v V = A . (v . t) Sabe-se, ainda, que a massa específica é definida pela relação: µ = m/V m = µ . V m = µA . vt Pode-se, então, dizer tendo em vista esta última equação, que a massa de fluido passando através da secção A1 por segundo é m = µ1A1v1; e que a massa de fluido que atravessa a secção A2, em cada segundo é igual a m = µ2A2v2. Aula 3 – Hidrodinâmica UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 25 Estamos supondo aqui que a massa específica do fluido varia ponto a ponto no interior do tubo. A massa de fluido, porém, permanece constante, desde que nenhuma partícula fluida possa atravessar as paredes do condutor. Portanto, podemos escrever: µ1 . A1 . v1 = µ2 . A2 . v2 Esta é a equação da continuidade nos escoamentos em regime permanente. Se o fluido for incompressível, não haverá variação de volume e, portanto, µ1 = µ2 e a equação da continuidade toma uma forma mais simples, qual seja A1 . v1 = A2 . v2 ou Q1 = Q2. Esta relação nos mostra que onde a área da secção do condutor for maior, a velocidade de escoamento da massa fluida é menor e vice-versa. 1.4. Medidores de Pressão Dois aparelhos são utilizados para medir a vazão de um fluido em escoamento. Nenhum dos dois fornece uma leitura direta da vazão, havendo necessidade de cálculo suplementar para se obter o resultado desejado. 1.4.1. Tubo de Pitot É constituído, basicamente, de um tubo em forma de U, provido de duas aberturas que permanecem imersas no fluido. Por uma torneira T (vide figura), pode-se aspirar o fluido e medir o desnível h que se estabelece entre os dois ramos do tubo. A expressão para calcular a vazão é a seguinte: Q = A . √ 2 . h μ Onde: A é a área da secção reta do tubo por onde o fluido escoa; µ é a massa específica do fluido. h é a altura manométrica. 1.4.2. Medidor Venturi Constitui-se de uma seção convergente que reduz o diâmetro da canalização entre a metade e um quarto. Segue-se uma seção divergente (vide figura a seguir). A função da seção convergente é aumentar a velocidade do fluido e temporariamente diminuir sua pressão. A diferença de pressões entre a entrada do Venturi e a garganta é medida num Aula 3 – Hidrodinâmica INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 26 manômetro de mercúrio. O cone divergente serve para a área de escoamento e para reduzir a perda de energia. Para se calcular a vazão, usa-se a equação da continuidade e a equação de Bernouilli, obtendo-se a seguinte expressão: Q = a . √ 2 . g . (μ′ − μ) . h μ Onde: a é a área da secção reta na garganta do Venturi; µ' é a massa específica do líquido do manômetro; µ é a massa específica do fluido em escoamento; h é a altura manométrica; g é a aceleração da gravidade. 1.5. Viscosidade Quando se introduz um tubo de vidro em água e logo o retira, pode-se observar que no extremo do tubo permanece pendurada uma gota do líquido. Há, portanto, uma aderência entre o líquido e o sólido que mantém a gota em repouso, impedindo-a de se desprender por ação da gravidade. Quando um fluido qualquer escoa sobre uma placa plana horizontal, observa-se que a camada de fluido que está em contato com a superfície da placa encontra-se em repouso devido ao fenômeno da aderência. Aula 3 – Hidrodinâmica UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 27 A velocidade das partículas fluidas nas diferentes camadas vai aumentando gradativamente, à medida que é maior a distância da camada em relação à superfície da placa. As camadas sucessivas do fluido têm, portanto, diferentes velocidades. Isto implica que cada camada tende a retardar o movimento da vizinha, que se move com maior velocidade e, ao contrário, acelerar a camada vizinha com menos velocidade. Assim, numa determinada camada de fluido atuamduas forças: uma na direção do escoamento e outra em sentido oposto. Estas forças surgem devido ao que chamamos de viscosidade do fluido. A viscosidade é, para fluidos, uma grandeza análoga ao atrito, ou seja, a viscosidade é uma espécie de atrito entre as partículas do fluido que se movem com velocidades distintas. Em geral, expressamos este atrito entre as partículas dos fluidos pela grandeza denominada coeficiente de viscosidade ou simplesmente viscosidade, que é característica para cada fluido. Denotaremos o coeficiente de viscosidade pela letra grega η (eta). η = tensão de cisalhamento variação do cisalhamento = F/A ν/l ∴ F = η . A ν l 1.5.1. Lei de Poiseuille É evidente, pela natureza geral dos efeitos viscosos, que a velocidade de um fluido viscoso, que escoa através de um tubo, não será constante em todos os pontos de uma secção reta. A camada mais externa do fluido adere às paredes e sua velocidade é nula. As paredes exercem sobre ela uma força para trás e esta, por sua vez, exerce uma força na Aula 3 – Hidrodinâmica INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 28 camada seguinte na mesma direção e assim por diante. Se a velocidade não for muito grande, o escoamento será lamelar, a velocidade atingirá um máximo no centro do tubo, decrescendo a zero nas paredes. Como vimos, o escoamento é semelhante ao do movimento de vários tubos telescópios que deslizam um em relação ao outro: o tubo central avança mais rapidamente, enquanto o externo permanece em repouso. Considere a variação de velocidade em relação ao raio de um tubo, cujo raio interno é R, através do qual escoa um fluido coaxial, com um tubo, de raio r e comprimento. A força, na extremidade esquerda do tubo, é µ1 π r2 e, na direita, é µ2 π r2. A força propulsora é: F = (µ1 – µ2) π . r² 1.6. Princípio de funcionamento do Sifão e efeitos do Golpe de Aríete (martelo hidráulico) 1.6.1. Sifão Um sifão nada mais é que um tubo encurvado, aberto nos extremos e com um ramo maior que o outro. Enchendo o tubo com líquido e introduzindo o extremo da parte mais curta num recipiente contendo o mesmo líquido com que se encheu o sifão, dá-se início a um escoamento sem que haja necessidade de bombas ou outro equipamento qualquer. O fenômeno pode ser explicado da seguinte maneira: a pressão em A, que empurra o líquido para cima dentro do tubo, é igual à pressão atmosférica, menos o peso da coluna de líquido DB. PA = Patm – µ . g . hDB A pressão em C, que tende a suportar o líquido no tubo, é igual à pressão atmosférica, menos o peso da coluna de líquido BC. Aula 3 – Hidrodinâmica UNIDADE 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS 29 PC = Patm − μ . g . hBC Patm = PA − μ . g . hDB e Patm = PC − μ . g . hBC Portanto: PA + µ . g . hDB = PC + µ . g . hBC Como hBC é maior que hDB, para a igualdade acima ser verdade, a pressão que empurra líquido em A deve ser maior que a pressão que suporta o líquido em C. PA – PC = µ . g . (hBC – hDB) Estabelece-se, portanto, uma corrente de líquido desde A até C, enquanto o extremo C permaneça mais baixo que o nível do líquido (D). Para fazer o sifão funcionar, é necessário enchê-lo, previamente, com o líquido ou, então, depois de introduzi-lo no recipiente, aspirar pelo outro extremo. 1.6.2. Aríete Hidráulico O Aríete hidráulico ou martelo hidráulico, ou ainda carneiro hidráulico, é um dispositivo para elevar um líquido, que aproveita a própria energia do líquido. Quando se fecha bruscamente a válvula A, a parada do líquido produz um choque brusco (golpe de Aríete) e a pressão aumenta instantaneamente, provocando a abertura da válvula B. O líquido é então empurrado para o reservatório superior, sob o efeito da sobrepressão. Quando a válvula B se fecha, abre-se a válvula A, estabelecendo o escoamento e o fenômeno pode ser reproduzido. Baseado e adaptado de LUIZ FERNANDO FIATTE CARVALHO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 4 – Água Fria INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 30 Unidade 2 – Reservação de Água Fria Aula 4: Água Fria Uma instalação predial de água fria (temperatura ambiente) constitui-se no conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, destinados ao abastecimento dos aparelhos e pontos de utilização de água da edificação, em quantidade suficiente, mantendo a qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento. 1. Condições Gerais O sistema de água fria deve ser separado fisicamente de quaisquer outras instalações que conduzam água potável, como por exemplo as instalações as instalações de água para reuso ou de qualidade insatisfatória, desconhecida ou questionável. Os componentes da instalação não podem transmitir substâncias tóxicas à água ou contaminar a água por meio de metais pesados. A norma que fixa as exigências e recomendações relativas a projeto, execução e manutenção da instalação predial de água fria é a NBR 5626, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com a norma, as instalações prediais de água fria devem ser projetadas de modo que, durante a vida útil do edifício que as contém, atendam aos seguintes requisitos: • Preservar a potabilidade da água; • Garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade adequada e com pressões e velocidades compatíveis com perfeito funcionamento dos aparelhos sanitários, peças de utilização e demais componentes; • Promover economia de água e energia; • Possibilitar manutenção fácil e econômica; • Evitar níveis de ruído inadequados à ocupação do ambiente; Aula 4 – Água Fria UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 31 • Proporcionar conforto aos usuários, prevendo peças de utilização adequadamente localizadas, de fácil operação, com vazões satisfatórias e atendendo às demais exigências do usuário. 2. Entrada e Fornecimento de Água Fria Uma instalação predial de água fria pode ser alimentada de duas formas: pela rede pública de abastecimento ou por um sistema privado, quando a primeira não estiver disponível. Quando a instalação for alimentada pela rede pública, a entrada de água no prédio será feita por meio do ramal predial, executado pela concessionária pública responsável pelo abastecimento, que interliga a rede pública de distribuição de água à instalação predial. Antes de solicitar o fornecimento de água, porém, o projetista deve fazer uma consulta prévia à concessionária, visando a obter informações sobre as características da oferta de água no local de execução da obra. É importante obter informações a respeito de eventuais limitações de vazão, do regime de variação de pressões, das características da água, da constância de abastecimento, e outros que julgar relevantes. 2.1. Poços Artesianos Aula 4 – Água Fria INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 32 Quando for prevista utilização de água proveniente de poços, o órgão público responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos deverá ser consultado previamente. Os tipos de poços variam conforme a tecnologia empregada, os métodos de proteção ao meio ambiente e de segurança, e o sistema de operação. Num poço artesiano convencional, a água permanece dentro do poço e tem de ser bombeada para a superfície. Já no chamado poço surgente, a água jorra naturalmente, por diferença de pressão com a superfície. O serviço de perfuração e instalação de poços artesianos envolve uma série de tarefas, a começar pelo estudo de avaliação hidrogeológica, feito por geólogo credenciado ao Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Agronomia), que identifica as probabilidadesde haver recursos hídricos no local avaliado. Se a disponibilidade hídrica se mostrar provável, é elaborado então um projeto construtivo da perfuração. A empresa contratada para a perfuração e instalação e seu técnico responsável devem ser credenciados ao Crea e os serviços realizados na perfuração e instalação devem atender às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para projeto e construção de poços de água para abastecimento. 2.1.1. Poços Pouco Profundos Existem vários meios para bombeamento de água de poços. O mais simples é uma bomba centrífuga com a tubulação de sucção e respectiva válvula de pé no interior do poço. Esse sistema é adequado para poços pouco profundos, uma vez que a altura máxima de sucção de uma bomba centrífuga (H da Figura abaixo) é teoricamente cerca de 10 metros. Na prática, devido a perdas nas tubulações, o valor máximo se situa na faixa de 7 a 8 metros. Aula 4 – Água Fria UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 33 2.1.2. Poços Profundos Para profundidades maiores, outros arranjos devem ser usados, como uma bomba de eixo prolongado. O motor fica na superfície e aciona a bomba no fundo do poço por meio de um eixo vertical no interior da tubulação. Assim, H (Figura) não é altura de sucção e sim de recalque e seu valor máximo só depende das características construtivas da bomba. Em geral, é usado para profundidades de até 300 metros. 2.2. Cavaletes De maneira geral, todo sistema público que fornece água exige a colocação de um medidor de consumo, chamado “hidrômetro”. Esse dispositivo é instalado em um compartimento de alvenaria ou concreto, juntamente com um registro de gaveta, e a canalização ali existente é chamada de “cavalete”. A canalização que liga o cavalete ao reservatório interno (alimentador predial), geralmente, é da mesma bitola (diâmetro) do ramal predial (interliga a rede pública à instalação predial). Antes de iniciar o projeto, o arquiteto deve efetuar um estudo do terreno e a posteação da rua para definir a melhor localização do conjunto: hidrômetro, medidor de energia elétrica, caixa de correspondência, campainha com interfone e câmara TV. Os equipamentos de medição de água e energia elétrica serão instalados pelas concessionárias, em local previamente preparado, dentro da propriedade particular, preferencialmente no Aula 4 – Água Fria INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 34 limite do terreno com a via pública, em parede externa da própria edificação, em muros divisórios, e servirá para medir o consumo de água e energia elétrica da edificação. A localização do compartimento que abriga o cavalete e do quadro de medição vai depender basicamente do posicionamento dos ramais de entrada de água e de energia. De qualquer maneira, deve ser localizado no projeto arquitetônico de modo a facilitar a leitura pelas concessionárias fornecedoras de água e de energia. Assim, vale ressaltar que o ideal é o compartimento ter os painéis de leitura voltados para o lado do passeio público, para que possam ser lidos mesmo que a casa esteja fechada ou sem morador. A entrada de água e de energia deve sempre compor com a ideia usada para o poste de modo que se consiga uma coerência de padrões. Assim, se o poste foi embutido numa estrutura de alvenaria, o mesmo deve acontecer com a caixa de medição (centro de medição). Desta forma, facilita-se a medição do hidrômetro e do relógio de medição. Até para facilitar a medição do hidrômetro e do relógio de medição, as três peças (entrada de água, energia e poste) devem formar um só elemento no projeto arquitetônico. Aula 4 – Água Fria UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 35 2.3. Medição de Água Individualizada A medição de água através de um único hidrômetro, em edifícios multifamiliares, está sendo gradativamente substituída pela medição de água individualizada que se constitui sinônimo de economia de água e justiça social (o consumidor paga efetivamente pelo seu consumo). O sistema consiste na instalação de um hidrômetro no ramal de alimentação de cada unidade habitacional, de modo que seja medido todo o seu consumo, com a finalidade de Aula 4 – Água Fria INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 36 racionalizar o seu uso e fazer a cobrança proporcional ao volume consumido. Hoje, esse tipo de medição desperta o interesse de muitos arquitetos e projetistas, bem como dos administradores de condomínios e concessionárias (empresas) de abastecimento de água para combater a inadimplência. A medição individual de água em condomínios prediais é importante por várias razões, dentre as quais, destacam-se: redução do desperdício de água e, consequentemente, do volume efluente de esgotos; economia de energia elétrica devido à redução do volume bombeado para o reservatório superior; redução do índice de inadimplência; identificação de vazamentos de difícil percepção. Aula 4 – Água Fria UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 37 Aula 5 – Sistemas de Abastecimento INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 38 Aula 5: Sistemas de Abastecimento Existem três sistemas de abastecimento da rede predial de distribuição: direto, indireto e misto. Cada um desses sistemas apresenta vantagens e desvantagens, que devem ser analisadas pelo projetista, conforme a realidade local e as características do edifício em que esteja trabalhando. Como visto na disciplina Introdução Á Construção, os conceitos serão aprofundados juntamente às demais características. 1. Sistema de Distribuição Direto A alimentação da rede predial de distribuição é feita diretamente da rede pública de abastecimento. Nesse caso, não existe reservatório domiciliar, e a distribuição é feita de forma ascendente, ou seja, as peças de utilização de água são abastecidas diretamente da rede pública. Esse sistema tem baixo custo de instalação, porém, se houver qualquer problema que ocasione a interrupção no fornecimento de água no sistema público, certamente faltará água na edificação. Aula 5 – Sistemas de Abastecimento UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 39 2. Sistema de Distribuição Indireto No sistema indireto, adotam-se reservatórios para minimizar os problemas referentes à intermitência ou a irregularidades no abastecimento de água e a variações de pressões da rede pública. No sistema indireto, consideram-se três situações, descritas a seguir. 2.1. Sistema Indireto Sem Bombeamento Esse sistema é adotado quando a pressão na rede pública é suficiente para alimentar o reservatório superior. O reservatório interno da edificação ou do conjunto de edificações alimenta os diversos pontos de consumo por gravidade; portanto, ele deve estar sempre a uma altura superior a qualquer ponto de consumo. Obviamente, a grande vantagem desse sistema é que a água do reservatório garante o abastecimento interno, mesmo que o fornecimento da rede pública seja provisoriamente interrompido, o que o torna o sistema mais utilizado em edificações de até três pavimentos (9 m de altura total até o reservatório). 2.2. Sistema Indireto Com Bombeamento Esse sistema, normalmente, é utilizado quando a pressão da rede pública não é suficiente para alimentar diretamente o reservatório superior – como, por exemplo, em edificações com mais de três pavimentos (acima de 9 m de altura). Aula 5 – Sistemas de Abastecimento INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 40 Nesse caso, adota-se um reservatórioinferior, de onde a água é bombeada até o reservatório elevado, por meio de um sistema de recalque. A alimentação da rede de distribuição predial é feita por gravidade, a partir do reservatório superior. 2.3. Sistema Indireto Hidropneumático Esse sistema de abastecimento requer um equipamento para pressurização da água a partir de um reservatório inferior. Ele é adotado sempre que há necessidade de pressão em determinado ponto da rede, que não pode ser obtida pelo sistema indireto por gravidade, ou quando, por razões técnicas e econômicas, se deixa de construir um reservatório elevado. É um sistema que demanda alguns cuidados especiais. Além do custo adicional, exige manutenção periódica. Além disso, caso falte energia elétrica na edificação, ele fica inoperante, necessitando de gerador alternativo para funcionar. Aula 5 – Sistemas de Abastecimento UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 41 Aula 5 – Sistemas de Abastecimento INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 42 3. Sistema de Distribuição Mista No sistema de distribuição mista, parte da alimentação da rede de distribuição predial é feita diretamente pela rede pública de abastecimento e parte pelo reservatório superior. Esse sistema é o mais usual e mais vantajoso que os demais, pois algumas peças podem ser alimentadas diretamente pela rede pública, como torneiras externas, tanques em áreas de serviço ou edícula, situados no pavimento térreo. Nesse caso, como a pressão na rede pública quase sempre é maior do que a obtida a partir do reservatório superior, os pontos de utilização de água terão maior pressão. 4. Materiais Hidráulicos e Recomendações As próximas informações serão as de uma instalação de água básica em uma edificação comum. Alguns materiais e instruções serão apresentadas, porém, obviamente, são ilustrativas e o profissional de construção deverá sempre seguir as orientações de projeto. Aula 5 – Sistemas de Abastecimento UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 43 4.1. Compra Ter em mente as seguintes observações: • É aconselhado você usar tubos e conexões do mesmo fabricante; • Os tubos e conexões são comercializados em mm, conforme NBR 5680: Aula 5 – Sistemas de Abastecimento INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 44 4.2. Armazenagem Para armazenar os tubos e conexões, você deve tomar os seguintes cuidados: • Guardar os tubos sempre na posição horizontal, e as conexões em sacos ou caixas em locais sombreados, livres da ação direta do sol; • Livre do contato direto com o solo, produtos químicos ou de esgotos. 4.3. Ferramentas As ferramentas para o desenvolvimento das instalações hidráulicas são: • Metro ou trena; • Arco de serra; • Lima bastarda; • Lixa de pano n.º 100 para ferro; • Estopa branca; • Solução limpadora; • Adesivo (cola); • Pincel chato. 4.4. Procedimentos 4.4.1. Para executar uma junta soldável: a) Verificar se a bolsa e a ponta dos tubos a serem unidos estão perfeitamente limpas. Por meio de uma lixa n.º 100, tirar o brilho das superfícies a serem soldadas, com o objetivo de melhorar a aderência (“colagem”); b) Limpar as superfícies lixadas com a solução limpadora, eliminando as impurezas que poderiam impedir a posterior ação do adesivo; Aula 5 – Sistemas de Abastecimento UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 45 c) Aplicar com o pincel chato uma camada bem fi na de adesivo na parte interna da bolsa, cobrindo apenas um terço da mesma, e outra camada na parte externa da ponta do tubo; d) Juntar as duas peças, forçando o encaixe até o fundo da bolsa, sem torcer; e) Remover o excesso de adesivo e deixar secar. Deixe passar água pela tubulação somente depois de decorridas 24 horas após a execução da instalação. Aula 5 – Sistemas de Abastecimento INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 46 4.4.2. Instalação de Registros e Aparelhos (com veda-rosca) • Examinar a qualidade da peça e da rosca; • Colocar a ponta da fita sobre a superfície da rosca; • Cobrir a rosca; • Enrolar camadas suficientes de fita em toda a rosca não deixe sobras de fita nas extremidades da rosca; • Cortar e apertar a fita (puxar a fita até romper); • Pressionar os dedos sobre a fita, para que fi que bem apertada. 4.4.3. Técnica de Instalação A forma de enroscar é simples, porém muito importante, e quando bem feita evita danos na rosca e vazamentos. A vedação não é obtida com aperto excessivo. • Enroscar com a mão; • Encaixar a rosca, girando da esquerda para a direita; • Apertar somente com a mão. Aula 5 – Sistemas de Abastecimento UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 47 4.4.4. Cuidados na Instalação Deverão ser tomados os seguintes cuidados: • Evitar a passagem da tubulação pelo piso, porque, no caso de eventual vazamento em junta, torna-se difícil sua localização e se faz necessária a quebra do piso. É aconselhável passar a tubulação pelo muro ou parede; • Eventualmente, se houver a necessidade de se instalar a tubulação no piso, observe se ela, na vala, foi envolvida em material sem pedras ou corpos estranhos que possam danificá-la e, principalmente, se a vala foi bem compactada (socada); • Nunca utilize fogo para curvar ou abrir a bolsa na tubulação, porque isso pode danificar o PVC. Utilizar sempre conexões, tais como curvas, joelhos e luvas; • Quando se conectam registros, torneiras, chuveiros metálicos e outros aparelhos, recomenda-se a utilização de roscas de bucha de latão; • Não cruze e nem encoste a tubulação de água fria com a tubulação de água quente. Evite também que elas sejam instaladas próximas umas das outra ou próximas às chaminés (lareiras); • Recomenda-se sempre a colocação de registros de gavetas em cada ambiente (banheiro, cozinha, área de serviço etc.), para facilitar a manutenção e evitar perda de água no caso de vazamentos em qualquer aparelho. Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 48 Aula 6: Reservatórios Enquanto em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, o abastecimento de água é feito diretamente pela rede pública, as edificações brasileiras, normalmente, utilizam um reservatório superior, o que faz com que as instalações hidráulicas funcionem sob baixa pressão. 1. Generalidades Os reservatórios domiciliares têm sido comumente utilizados para compensar a falta de água na rede pública, devido às falhas existentes no sistema de abastecimento e na rede de distribuição. Em resumo, sabe-se que, em uma instalação predial de água, o abastecimento pelo sistema indireto, com ou sem bombeamento, necessita de reservatórios para garantir sua regularidade e que o reservatório interno alimenta os diversos pontos de consumo por gravidade; dessa maneira, ele está sempre a uma altura superior a qualquer ponto de consumo. A água da rede pública apresenta uma determinada pressão, que varia ao longo da rede de distribuição. Dessa maneira, se o reservatório domiciliar ficar a uma altura não atingida por essa pressão, a rede não terá capacidade de alimentá-lo. Como limite prático, a altura do reservatório com relação à via pública não deve ser superior a 9 m. Quando o reservatório não pode ser alimentado diretamente pela rede pública, deve-se utilizar um sistema de recalque, que é constituído, no mínimo, de dois reservatórios (inferior e superior). O inferior será alimentado pela rede de distribuição e alimentará o reservatório superior por meio deum sistema de recalque (conjunto motor e bomba). O superior alimentará os pontos de consumo por gravidade. 1.1. Reservatórios em Projetos Arquitetônicos Muitos projetos arquitetônicos omitem informações importantes sobre os reservatórios, como: localização, altura, tipo, capacidade etc. Outros sequer preveem o reservatório. O arquiteto deve inteirar-se das características técnicas dos reservatórios para garantir a harmonização entre os aspectos estéticos e técnicos na concepção do projeto. Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 49 Reservatórios de maior capacidade devem ser divididos em dois ou mais compartimentos (interligados por meio de um barrilete), para permitir operações de manutenção sem interrupção na distribuição de água. O arquiteto deve também verificar a necessidade ou não da reserva de incêndio, que deverá ser acrescida à capacidade destinada ao consumo quando colocada no reservatório superior ou em um reservatório independente. Além do dimensionamento e da localização dos reservatórios, ele deve prever uma altura adequada para o barrilete, com facilidade de acesso, para facilitar futuras operações de manobra de registros e manutenção das canalizações. 1.1.1. Reservatório Superior O reservatório superior pode ser alimentado pelo sistema de recalque ou diretamente, pelo alimentador predial. O reservatório elevado, quando abastecido diretamente pela rede pública, em prédios residenciais, localiza-se habitualmente na cobertura, em uma posição o mais próxima possível dos pontos de consumo, devido a dois fatores: perda de carga e economia. Nas residências de pequeno e médio porte, os reservatórios, normalmente, localizam- se sob o telhado, embora possam também localizar-se sobre ele. Quando a reserva de água for considerável (acima de 2000 litros), o reservatório deverá ser projetado sobre o telhado, com estrutura adequada de suporte. Normalmente, nesse tipo de residência, utiliza-se estrutura de madeira ou de concreto, que serve de apoio para transmissão de cargas às vigas e paredes mais próximas. Deve-se evitar o apoio (concentração de cargas) sobre lajes de concreto ou sobre forros. Nos prédios com mais de três pavimentos, o reservatório superior é locado, geralmente, sobre a caixa de escada, em função da proximidade de seus pilares. Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 50 Na execução ou instalação do reservatório elevado, é importante prever a facilidade de acesso, como a utilização de escadas ou portas independentes. O acesso ao interior do reservatório, para inspeção e limpeza, deve ser garantido por meio de uma abertura mínima de 60 cm, em qualquer direção. 1.1.2. Reservatório Inferior O reservatório inferior se faz necessário em prédios com mais de três pavimentos (acima de 9 m de altura), pois, geralmente, até esse limite, a pressão na rede pública é suficiente para abastecimento do reservatório elevado. Nesses casos, há necessidade de dois reservatórios: um na parte inferior e outro na superior da edificação, o que também evitará a sobrecarga nas estruturas. O reservatório inferior deve ser instalado em locais de fácil acesso, de forma isolada, e afastado de tubulações de esgoto, para evitar eventuais vazamentos ou contaminações pelas paredes. Quando localizados no subsolo, as tampas deverão ser elevadas pelo menos 10 cm em relação ao piso acabado, e nunca rentes a ele, para evitar a contaminação pela infiltração de água. No projeto arquitetônico deve ser previsto um espaço físico para localização do sistema elevatório, denominado “casa de bombas”, suficiente para a instalação de dois conjuntos de bomba, ficando um de reserva, para atender a eventuais emergências. O sistema elevatório depende da localização do reservatório inferior, pois deve estar junto a ele. Quanto às bombas, existem dois tipos básicos de disposição, com relação ao nível de água do poço de sucção: acima do reservatório; em posição inferior, no nível do piso do Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 51 reservatório (bomba afogada). A disposição mais comumente utilizada é em nível mais elevado, que permite melhores condições de manutenção do sistema e de seu próprio abrigo. 2. Reservação de Água Fria De acordo com NBR 5626, a capacidade dos reservatórios deve ser estabelecida levando-se em consideração o padrão de consumo de água no edifício e, onde for possível obter informações, a frequência e duração de interrupções do abastecimento. O volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o necessário para 24 horas de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água para combate a incêndio. No caso de residência pequena, recomenda-se que a reserva mínima seja de 500 litros. Para o volume máximo, a norma recomenda que sejam atendidos dois critérios: garantia de potabilidade da água nos reservatórios no período de detenção médio em utilização normal; atendimento à disposição legal ou ao regulamento que estabeleça volume máximo de reservação. 2.1. Consumo de Água O consumo de água pode variar muito, dependendo da disponibilidade de acesso ao abastecimento e de aspectos culturais da população, entre outros. Alguns estudos mostram que, por dia, uma pessoa no Brasil gasta de 50 litros a 200 litros de água. Portanto, com 200 litros/dia utilizados de forma racional, vive-se confortavelmente. Para calcular o consumo diário de água dentro de uma edificação, é necessária uma boa coleta de informações: pressão e vazão nos pontos de utilização; quantidade e frequência de utilização dos aparelhos; população; condições socioeconômicas; clima, entre outros. O memorial descritivo de arquitetura também deve ser convenientemente Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 52 estudado, pois algumas atividades básicas e complementares, como piscina e lavanderia, podem influenciar no consumo diário. Na ausência de critérios e informações, para calcular o consumo diário de uma edificação, utilizam-se tabelas apropriadas: verifica-se a taxa de ocupação de acordo com o tipo de uso do edifício e o consumo per capita (por pessoa). O consumo diário (Cd) pode ser calculado pela seguinte fórmula: Cd = P . q Onde: Cd é o consumo diário (litros/dia); P é a população que ocupará a edificação; q é o consumo per capita (litros/dia). Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 53 2.2. Capacidade dos Reservatórios A capacidade calcula refere-se a um dia de consumo. Tendo em vista a intermitência do abastecimento da rede pública, e na falta de informações, é recomendável dimensionar reservatórios com capacidade suficiente para dois dias de consumo. Essa capacidade é calculada em função da população e da natureza da edificação. Então, a quantidade total de água a ser armazenada será: CR = 2 . Cd Onde: CR é a capacidade total do reservatório (litros); Cd é o consumo diário (litros/dia). Para os casos comuns de reservatórios domiciliares, recomenda-se a seguinte distribuição, a partir da reservação total (CR): • Reservatório inferior: 60% CR; Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 54 • Reservatório superior: 40% CR. Esses valores são fixados para aliviar a carga da estrutura, pois a maior reserva (60%) fica no reservatório inferior, próximo ao solo. A reserva de incêndio, usualmente, é colocada no reservatório superior, que deve ter sua capacidade aumentada para comportar o volume referente a essa reserva.Exemplo: Calcular a capacidade dos reservatórios de um edifício residencial de 10 pavimentos, com 2 apartamentos por pavimento, sendo que cada apartamento possui 2 quartos e uma dependência de empregada. Adotar reserva de incêndio de 10000 litros, prevista para ser armazenada no reservatório superior. Resolução: Adota-se: • 2 pessoas/quarto; • 1 pessoa/quarto empregada. P = (2 . 2) + 1 = 5 pessoas/apto . 20 aptos → 100 pessoas Cd = P . q = 100 . 200 l/dia → Cd = 20 000 l/dia CR = 2 Cd → CR = 2 . 20 000 → CR = 40 000 l CR (superior) = (0,4 . 40 000) + 10 000 l → CR (superior) = 26 000 l CR (inferior) = 0,6 × 40 000 → CR (inferior) = 24 000 l 3. Tipos de Reservatórios Serão exemplificados a seguir. 3.1. Reservatórios Moldados in Loco São considerados moldados in loco os reservatórios executados na própria obra. Podem ser de concreto armado, alvenaria etc. São utilizados, geralmente, para grandes reservas e são construídos conjuntamente com a estrutura da edificação, seguindo o projeto específico. São encontrados em dois formatos: o cilíndrico e o de paralelepípedo. Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 55 A quantidade de água que o reservatório vai receber, deve estar de acordo com o projeto do empreendimento, assegurando uma reserva de emergência e de incêndio nas células instaladas dentro do reservatório. Os reservatórios de concreto devem ser executados de acordo com a NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Alguns cuidados com a impermeabilização também são importantes. Para tanto, deve ser consultada a NBR 9575 - Impermeabilização - Seleção e Projeto. Para o dimensionamento dos reservatórios moldados in loco, utiliza-se a fórmula: V = A . h Onde: V é o volume → capacidade do reservatório (m³); A é a área do reservatório (m²); h é a altura do reservatório (m). 3.2. Reservatórios Industrializados Os reservatórios industrializados são construídos basicamente de fibrocimento, metal, polietileno ou fibra de vidro. Normalmente, são usados para pequenas e médias reservas (capacidade máxima em torno de 1000 litros a 2000 litros). Em casos extraordinários, Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 56 podem ser fabricados sob encomenda para grandes reservas (principalmente os reservatórios de aço). Os reservatórios de fibra de vidro e de PVC vêm sendo muito utilizados nas instalações prediais devido a algumas vantagens que apresentam em relação aos demais reservatórios: em função de sua superfície interna ser lisa, acumulam menos sujeira que os demais, sendo, portanto, mais higiênicos; são mais leves e têm encaixes mais precisos, além da facilidade de transporte, instalação e manutenção. Outra vantagem desses reservatórios é que são fabricados também para médias e grandes reservas, ocupando muito menos espaço que os convencionais de menor capacidade. Na compra de um reservatório industrializado, devem- se verificar sempre as especificações das normas pertinentes. As normas da ABNT para caixas d’água plásticas são: NBR 14799 – Reservatório poliolefínico para água potável - Requisitos; NBR 14800 – Reservatório poliolefínico para água potável - Instalações em obra. Os reservatórios domiciliares devem: ser providos obrigatoriamente de tampa que impeça a entrada de animais e corpos estranhos; preservar os padrões de higiene e segurança ditados pelas normas; ter especificação para recebimento relativa a cada tipo de material, inclusive métodos de ensaio. Na instalação, devem ser tomados alguns cuidados especiais. A caixa d’água deve ser instalada em local ventilado e de fácil acesso para inspeção e limpeza. Recomenda-se um espaço mínimo em torno da caixa de 60 cm, podendo chegar a 45 cm para caixas de até 1000 litros. O reservatório deve ser instalado sobre uma base estável, capaz de resistir aos esforços sobre ela atuantes. A base, preferencialmente de concreto, deve ter a superfície plana, rígida e nivelada sem a presença de pedriscos pontiagudos capazes de danificar a caixa; a furação também é importante: além de ferramentas apropriadas, o instalador deve verificar os locais indicados pelo fabricante antes de começar o procedimento. Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 57 4. Posicionamento de Reservatórios 4.1. Altura dos Reservatórios A altura do reservatório é determinante no cálculo das pressões dinâmicas nos pontos de consumo. Dessa maneira, independentemente do tipo de reservatório adotado (industrializado ou moldado in loco), deve-se posicioná-lo a uma determinada altura, para que as peças de utilização tenham um funcionamento perfeito. A altura do barrilete deve ser calculada e, depois, compatibilizada com a altura estabelecida no projeto arquitetônico. É importante lembrar que a pressão não depende do volume de água contido no reservatório, e sim da altura. Para estes cálculos, são utilizadas as equações da primeira unidade. 4.2. Localização Além da altura, a localização inadequada do reservatório no projeto arquitetônico também pode interferir na pressão da água nos pontos de utilização. Isso se deve às perdas de carga (a ser estudado em dimensionamento) que ocorrem durante o percurso da água na Aula 6 – Reservatórios INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – ÁGUA FRIA E QUENTE 58 rede de distribuição. Quanto maior a perda de carga em uma canalização, menor a pressão dinâmica nos pontos de utilização. Dessa maneira, deve-se diminuir o número de conexões, além de encurtar o comprimento das canalizações sempre que possível, caso se pretenda aumentar a pressão no início das colunas e nos pontos de utilização. O reservatório deve ser localizado o mais próximo possível dos pontos de consumo, para que não ocorra perda de cargas exagerada nas canalizações, o que acarretaria uma diminuição da pressão nos pontos de utilização. Na Figura a seguir, observa-se um posicionamento distante do reservatório superior em relação aos pontos de consumo. Levando em consideração os conceitos de perda de carga, quando esse posicionamento é inevitável, por razões arquitetônicas ou estruturais, deve-se posicionar o reservatório a uma determinada altura, para compensar essas perdas, para que não ocorra um comprometimento das pressões dinâmicas nos pontos de utilização. O ideal seria localizá-lo em uma posição equidistante dos pontos de consumo, diminuindo, consequentemente, as perdas de carga e a altura necessária para compensar essas perdas. Cabe ao arquiteto compatibilizar os aspectos técnicos para o posicionamento da caixa-d’água e sua proposta arquitetônica. O reservatório e seus equipamentos também devem ser localizados de modo adequado em função de suas características funcionais, tais como: espaço, iluminação, ventilação, proteção sanitária, operação e manutenção. Aula 6 – Reservatórios UNIDADE 2 – RESERVAÇÃO DE ÁGUA FRIA 59 5. A Influência dos Reservatórios na Qualidade da Água Todo reservatório deve ser construído com material adequado, para não comprometer a potabilidade da água. Mesmo assim, um dos principais inconvenientes do uso dos reservatórios, além do custo adicional, é de ordem higiênica, pela facilidade de contaminação, principalmente para os usuários que se localizam próximos de locais específicos da rede de distribuição, como pontas de rede, onde, em geral, a concentração de cloro residual é, muitas vezes, inexistente. Em geral, a localização imprópria do reservatório, a negligência do usuário em relação à sua conservação, a falta de cobertura adequada e de limpezas periódicas são os principais fatores
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