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Resenha de A arte como procedimento de V. Chklovski

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
FACULDADE DE LETRAS 
DISCIPLINA: TEORIA LITERÁRIA III 
PROFESSOR: MAURÍCIO CHAMARELLI 
ALUNA: MARIA EMILIA XAVIER PESSANHA 
 
 
RESENHA DE “A ARTE COMO PROCEDIMENTO” DE V.CHKLOVSKI 
 
Chklovski inaugura “A arte como procedimento” introduzindo a afirmação “A arte é 
pensar por imagens” de Potebnia com o objetivo de explicar-la, mesmo que posteriormente o 
autor se mostre discordante em relação a esta afirmação, mas é por intermédio desta que ele 
nos explica o próprio conceito singular de como definir a arte. 
 Porém o que seriam exatamente as “imagens” que são constantemente citadas no 
texto? Seriam as primeiras impressões que temos ao observar uma arte, a nossa interpretação, 
ou seriam imagens no sentido literal como ilustrações? São essas questões que me 
perpetuaram durante a leitura, consequentemente tive a impressão de que a definição ficou 
vaga. Acredito que por causa do teor pouco elucidativo do que exatamente seriam as imagens, 
elas foram facilmente atribuídas a teoria simbolista. 
Contudo o foco central não é a definição do que seria as imagens, mas a função delas. 
E o objetivo das imagens é simplificar a descodificação da arte, é explicar o desconhecido que 
é a arte pelo conhecido que são as imagens. Para que isso seja possível é necessário que a 
imagem seja mais familiar do que o objeto que ela está explicando, já que sem ela não é 
possível compreender o significado da arte analisada. Por isso que Potebnia também afirma 
que "Sem imagens, não há arte". 
Entretanto baseando-se na tese de Potência tentam aplicar esta fórmula a poesia lírica 
para a comprender-la, mas depois de inúmeros esforços chega-se à conclusão de que há a 
exceções. Como exemplo a poesia lírica, porque como diferentes indivíduos a via de uma 
forma foi estabelecida como uma arte sem imagens por Ovsianiko-Kulikovski. Logo foi 
definida como uma arte que está intrinsecamente ligada às emoções. Só que dependendo do 
material poético ou indivíduo esse conceito não se aplicaria, ou seja o sujeito poderia ver com 
ou sem imagens. Sendo assim, podemos considerar que há uma linha tênue entre a arte com 
ou sem imagens tornando-se difícil observar a diferença, tendo isto posto a visão que é tida 
entre essas duas artes é a mesma. 
Potebnia defende que o poeta é aquele que escolhe a imagem que deseja na arte que 
está a realizar independente do processo de execução, assim consequentemente todos os 
sujeitos ao ver a produção final daquele artista vão ter a mesma visão, interpretação ou 
imagem, pois ele já escolheu previamente o que queria transmitir. Mas para Chklovski (1971, 
p.41) "[...] o pensamento por imagens não é o vínculo que une todas as disciplinas da arte, 
mesmo da arte literária; a mudança das imagens não constitui a essência do desenvolvimento 
poético". 
A partir disso, Chklovski começa a desenvolver a própria tese alegando que Potebnia 
chegou a estas conclusões por não distinguir a língua da poesia da língua da prosa. Ele apenas 
reduziu a arte como um pensamento por imagens sem diferenciar os objetivos e funções. 
Enquanto a língua poética há uma pluralidade de sentidos e a língua prosaica é quotidiana, ela 
compacta o objeto artístico para significar algo maior do que aquilo que ela representa. Sendo 
assim, a língua quotidiana, a que se adequa com a afirmação de Potebnia mostra-se com uma 
economia de energias mentais por armazenar um pensamento máximo no menor número de 
palavras. 
Dessa maneira para quebrar a economia de energias mentais, Chklovski apresenta uma 
nova concepção de arte tendo como objeto artístico a língua poética que ao contrário da 
quotidiana tem como objetivo de acordo com o autor “[...] dar a sensação do objeto como 
visão e não como reconhecimento” (p. 45). Enquanto na quotidiana há um processo de 
automatização em que os objetos são substituídos por símbolos e deixamos vários detalhes 
passarem despercebidos, a poética da uma nova visão ao objeto por intermédio da arte, o 
revivendo em vez de serem percebidos como reconhecimento. 
Para exemplificar essa nova concepção de arte o autor exemplifica o procedimento de 
singularização do objeto artístico com contos do L.Tolstoi que descreve os objetos como se os 
visse pela primeira vez mudando a forma sem mudar a essência. Em síntese a teoria de 
Chklovski (1971, p.50) consiste em: “O objetivo da imagem não é tornar mais próxima de 
nossa compreensão a significação que ela traz mas criar uma percepção particular do objeto, 
criar uma visão e não o seu reconhecimento”

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