Prova 1 Teoria da Literatura I

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Nota da Prova: 8,00 
Legenda: Resposta Certa Sua Resposta Errada 
1. Roman Jakobson lançou um novo olhar sobre o fenômeno literário ao caracterizar a 
literatura como uma forma de mensagem cuja especificidade é voltar-se mais para si 
mesma do que para o referente a que visa, caracterizando assim a função poética. 
Entretanto, se a mensagem literária, como qualquer outro tipo de mensagem, dá-se sempre 
entre um emissor (autor) e um receptor (leitor previsto), pode-se deduzir, a partir dessa 
ideia, uma definição da literatura. Sobre essa definição, assinale a alternativa CORRETA: 
a) Produto ativo de um receptor-leitor, que direciona a mensagem literária autoral. 
b) Produto de um processo de interação entre autor, obra e leitor-receptor da mensagem 
literária. 
c) Produto de uma mensagem predeterminada pelo autor ao caracterizar a mensagem 
linguística dentro da função poética. 
d) Produto do efeito de estranhamento da mensagem com relação à objetividade das 
outras mensagens linguísticas. 
 
2. A vanguarda caracteriza-se por apresentar realizações artísticas que destoam dos modos 
de compreensão da cultura de determinado momento. É o que ocorreu a Marcel Duchamp, 
artista de vanguarda, ao inscrever como obra de arte um artefato industrial, um mictório 
intitulado "A fonte", em uma exposição museológica da França em 1917. Daí em diante, arte 
não se ateria exclusivamente aos trabalhos artesanais advindos do corpo do artista, mas de 
qualquer objeto que apresentasse um novo olhar estético. A partir do exposto, assinale a 
alternativa CORRETA: 
a) O experimento artístico de Marcel Duchamp é um caso de redimensionamento da 
cultura artística que substitui a questão "isso é arte" para a questão do "quando isso é 
arte". 
b) Arte é variação em relação ao estabelecido tradicionalmente como arte, independente 
de qual seja a cultura e se há ou não vanguarda artística. 
c) O mictório "A fonte" é considerado arte porque desloca o papel do autor - ele desconstrói 
a si mesmo. 
d) A vanguarda, embora apresente novos modos culturais de recepção artística, não pode 
depreender-se dos modos tradicionalmente aceitos como arte por determinada cultura. 
 
3. A função estética da literatura associa-se mais comumente à arte, já que trata da 
representação do belo, do que se volta para a contemplação e, desta forma, para um 
posicionamento que independe do momento particular e histórico. Acerca da função 
estética, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: 
 
( ) Falam do prazer histórico do autor literário. 
( ) Trata dos sentimentos reprimidos cultuados pelo leitor literário. 
( ) É a função que melhor confere universalidade à arte e ao texto literário. 
( ) É a função mais representativa da arte literária, diferindo a literatura das mensagens 
informativas, objetivas, científicas etc. 
 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) F - F - V - V. 
b) F - F - V - F. 
c) V - F - V - F. 
d) V - V - F - V. 
 
4. Na etapa de interpretação da leitura, quando já se compreendeu a intenção autoral, ao 
analisarmos um texto do gênero literário narrativo busca-se tomar um certo distanciamento 
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da narrativa para, a partir daí, aferir um ponto de vista que possa fundamentar a sua análise 
crítica. Para tanto, devemos distinguir os pontos de vista em que ela é apresentada, já que 
cada um deles pode revelar as formas de comprometimento do narrador. Acerca do 
exposto, analise as afirmativas a seguir: 
 
I- Em "Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na 
cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que 
parecia revestido de metal", podemos concluir que é caso do Narrador-observador, já que o 
narrador observa a ação de fora, dela não participa e conhece, do personagem, apenas 
aquilo que ele exterioriza. 
II- Em "Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na 
cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que 
parecia revestido de metal", são descritas todas as características do personagens, o que 
dá ao Narrador-observador condições de conhecer os sentimentos do personagem 
"transformado num gigantesco inseto", que seriam sentimentos de horror e espanto. 
III- Em "Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na 
cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que 
parecia revestido de metal", podemos concluir que não é o caso do Narrador-onisciente, 
pois observa-se que o narrador não conhece o íntimo do personagem, só o que dele se 
exterioriza. 
IV- Em "Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na 
cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que 
parecia revestido de metal", podemos concluir que o Narrador em terceira pessoa é ao 
mesmo tempo Narrador-observador e Narrador-onisciente, pois aparecem pontos de vista 
parcial e inteiro, em conformidade com o que o personagem vai aos poucos exteriorizando. 
 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) As afirmativas I e III estão corretas. 
b) As afirmativas I, II e IV estão corretas. 
c) Somente a afirmativa IV está correta. 
d) Somente a afirmativa II está correta. 
 
5. "Ao lermos, se estamos descobrindo a expressão de outrem, estamos também nos 
revelando, seja para nós mesmos, seja abertamente. Daí por que a troca de ideias nos 
acrescenta, permite dimensionarmo-nos melhor, esclarecendo-nos para nós mesmos, lendo 
nossos interlocutores. Tanto sabia disso Sócrates como o sabe o artista de rua: 
"conversando também conheço o que é que eu digo". 
 
O texto aborda a interação do texto-leitor. Com base no exposto, assinale a alternativa 
CORRETA: 
 
FONTE: Recepção e interação na leitura. In: Pensar a leitura: complexidade. Eliana Yunes 
(Org). São Paulo: Loyola, 2002. 
a) A aproximação do que afirma Sócrates e o que sabe o artista de rua é incoerente. 
b) A perspectiva apontada no texto favorece a vivência da leitura do conhecimento da 
mente do autor (dos argumentos). 
c) A leitura (em sala) é a confirmação da fala de uma autoridade. 
d) O texto aponta que é necessária a troca de ideias sobre a leitura; ler com o outro para 
nos conhecermos. 
 
6. Uma das características do professor é que ele corresponde a um crítico da cultura por 
excelência; ele recolhe, da massa de conhecimento de sua área, quais os conhecimentos 
válidos na atualidade para si e para seus alunos, selecionando quais estão mais adequadas 
à cultura do momento. Nesse sentido, o professor de arte e de literatura, muito além de 
deter uma sólida formação em estética, é sobremaneira um intelectual da cultura que opera 
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em registro oposto ao intelectual da ciência. Com base no exposto, assinale a alternativa 
INCORRETA: 
a) No domínio da ciência, prevalece mais a sugestão do como deveria ser, do que a 
descrição do que deveria ser. 
b) O domínio da cultura engloba toda ação ligada ao fazer humano, como as práticas de 
determinadas sociedades que representam de modos distintos realidades semelhantes. 
c) O domínio da arte e literatura é voltado para a descrição, não precisa dos fatos, pois 
busca capturar não a racionalidade lógica por trás dos eventos, mas o modo como 
essas realidades são sentidas pelos sujeitos. 
d) No domínio da ciência, importa o que pode serminimamente provado, o valor objetivo 
dos fenômenos. 
 
7. Há pelo menos duas posições contrárias acerca da ideia de cânone. Uma primeira, que 
enfatiza o valor estético das obras independentemente do horizonte de expectativas do 
público leitor; ao passo que a segunda posição credita o valor das obras às condições 
históricas de recepção dos textos literários, não se definindo por critérios universais. A partir 
dessa concepção, assinale a alternativa CORRETA: 
a) Pode-se afirmar que há consenso entre o que seja uma obra de qualidade duvidosa e 
uma obra de valor. 
b) O cânone não deve ter relação com a realidade. 
c) Há apenas relativo consenso entre o que seja uma obra de qualidade e uma de não 
qualidade, que não deve desprender-se portanto do público leitor. 
d) Os cânones literários em nada têm a ver com a receptividade do público leitor. 
 
8. Em casa, os amigos do jantar não se metiam a dissuadi-lo. Também não confirmavam 
nada, por vergonha uns dos outros; sorriam e desconversavam. (...) Rubião via-os fardados; 
ordenava um reconhecimento, um ataque, e não era necessário que eles saíssem a 
obedecer; o cérebro do anfitrião cumpria tudo. Quando Rubião deixava o campo de batalha 
para tornar à mesa, esta era outra. Já sem prataria, quase sem porcelanas nem cristais, 
ainda assim aparecia aos olhos de Rubião regiamente esplêndida. Pobres galinhas magras 
eram graduadas em faisões, assados de má morte traziam o sabor das mais finas iguarias 
da Terra. (...) Toda a mais casa, gasta, pelo tempo e pela incúria, tapetes desbotados, 
mobílias truncadas e descompostas, cortinas enxovalhadas, nada tinha o seu atual aspecto, 
mas outro, lustroso e magnífico. Acerca do excerto da obra apresentada, assinale a 
alternativa CORRETA: 
 
FONTE: Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo: W. M. Jackson Editores, 1955, p. 
317. 
a) Interpretar é observar aquilo que não está de acordo com a verdade - separar o ilusório 
do correto. 
b) A descrição do narrador da cena está muito mal escrita - essa seria uma interpretação 
adequada. 
c) Pode-se entender que o texto é denotativo e em linguagem formal, científica, literal. 
d) Interpretar o texto, neste caso, é reconhecer a descrição de espaços - e como o espaço 
ajuda a definir o enredo. 
 
9. Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como 
aços espalhados. Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da moça. Sem 
falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho contar 
parece fácil e à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar 
nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados 
apalpar o invisível na própria lama. 
 
No trecho do romance A hora da Estrela, de Clarice Lispector, apresenta-se uma 
concepção do fazer literário. Segundo esta concepção, o que é a literatura? 
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FONTE: Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 25. 
a) Uma forma de resolver os problemas sociais de um país ou localidade. 
b) O resultado do trabalho árduo do escritor, que transforma histórias em realidade. 
c) Um dom do escritor, que, de forma espontânea e fácil, dá forma ao objetivo. 
d) O trabalho do escritor de tornar sensível algo que não está claro. 
 
10. Se, como dizia o poeta Fernando Pessoa, "a ciência descreve as coisas como são", a arte, 
ao contrário, as descreve como elas são sentidas, segundo um ponto de vista subjetivo da 
realidade. Assim, mais do que descrever uma realidade qualquer, ela sugere uma realidade 
possível, demonstrando não como as coisas são, mas como se sente que elas sejam. Com 
base no exposto, associe os itens, utilizando o código a seguir: 
 
I- Pensamento subjetivo. 
II- Pensamento objetivo. 
 
( ) Sob esse viés, não há um conceito unânime sobre os fenômenos culturais, sejam eles 
artísticos ou não. 
( ) Sob esse viés, busca-se um conceito unânime sobre os fenômenos culturais, sejam 
elas artísticos ou não. 
( ) Sob esse viés, Pierre Bourdieu instituiu a ideia de um capital simbólico, não 
exclusivamente monetário. 
( ) Sob esse viés, preside as relações com mercadorias de um ponto de vista 
exclusivamente monetário. 
 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) I - II - I - II. 
b) II - II - II - I. 
c) I - II - II- I. 
d) II - I - I - II. 
 
Prova finalizada com 8 acertos e 2 questões erradas. 
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