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A proteção da mulher no ordenamento juridico brasileiro

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Prévia do material em texto

Coordenação:
Daniela Ballão Ernlund e 
Graciela I. Marins
A PROTEÇÃO À MULHER NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
A PROTEÇÃO À MULHER NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Curitiba 
2014
A Proteção à Mulher no Ordenamento Jurídico Brasileiro
Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, em 
todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais (Lei nº 5.988).
Editoração e Capa: Liquid 
Coordenação: Daniela Ballão Ernlund e Graciela I. Marins Editoração:Vinícius André 
Dias
Os artigos publicados neste livro são de inteira responsabilidade de seus autores. 
As opiniões não representam, necessariamente, pontos de vista da Ordem dos 
Advogados do Brasil – Seção Paraná.
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte 
Bibliotecária: Rosilaine Ap. Pereira CRB-9/1448 
Ordem dos Advogados do Brasil. Seção do Paraná 
 
 
 
 
P967 A proteção à mulher no ordenamento jurídico brasileiro / Coordenado por Daniela Ballão 
 Ernlund, Graciela I. Marins. -- Curitiba: OABPR, 2014. (Coleção Comissões; v.17) 
 196 p. 
 
 
 ISBN: 978-85-60543-08-3 (Versão eletrônica) 
 
 Vários autores 
 Inclui Bibliografia 
 
 
 1. Direito da mulher. 2. Mulher – mercado de trabalho. 3. Condição jurídica – mulher. 
 4. Violência de gênero. 5. Mulher – ordenamento jurídico. 6. Proteção legal. I. Ernlund, Daniela 
 Ballão. II Marins, Graciela I. 
 
CDD: 342.1156 
Índice para catálogo sistemático: 
 
1. Mulher - Direitos civis 342.1156 
 
4
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO DO PARANÁ
Gestão 2013/2015
Juliano José Breda
Presidente
Cássio Lisandro Telles
Vice-Presidente
Eroulths Cortiano Junior
Secretário-Geral
Márcia Helena Bader Maluf Heisler
Secretária-Geral em Exercício
Iverly Antiqueira Dias Ferreira
Secretária-Geral Adjunta
Oderci José Bega
Tesoureiro
CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS
Gestão 2013/2015
José Augusto Araújo de Noronha
Presidente
Eliton Araújo Carneiro
Vice-Presidente
Maria Regina Zarate Nissel
Secretária-Geral
Luis Alberto Kubaski
Secretário-Geral Adjunto
Fabiano Augusto Piazza Baracat
Tesoureiro
5
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO DO PARANÁ
Gestão 2013/2015
Conselheiros Federais
Titulares
Alberto de Paula Machado
César Augusto Moreno
José Lucio Glomb
Suplentes
Flávio Pansieri
Hélio Gomes Coelho Júnior
Manoel Caetano Ferreira Filho
Conselheiros Esta duais
Titulares
Alexandre Hellender de Quadros
Carlos Roberto Scalassara
Celso Augusto Milani Cardoso
Cicero José Zanetti de Oliveira
Ciro Alberto Piasecki
Claudionor Siqueira Benite
Daniela Ballão Ernlund
Edni de Andrade Arruda
Elizandro Marcos Pellin
Eunice Fumagalli Martins e Scheer
Evaristo Aragão Ferreira dos Santos
Fábio Luis Franco
Gabriel Soares Janeiro
Gilder Cezar Longui Neres
Guilherme Kloss Neto
Gustavo Souza Netto Mandalozzo
Hélcio Silva Orane
Ivo Harry Celli Júnior
João de Oliveira Franco Júnior
João Everardo Resmer Vieira
José Carlos Cal Garcia Filho
José Carlos Sabatke Sabóia
6
Juarez Cirino dos Santos
Juliana de Andrade Colle Nunes Bretas
Lauro Fernando Pascoal
Lauro Fernando Zanetti
Lúcia Maria Beloni Corrêa Dias
Luiz Fernando Casagrande Pereira
Márcia Helena Bader Maluf Heisler
Marilena Indira Winter
Marlene Tissei São José
Neide Simões Pipa André
Nilberto Rafael Vanzo
Oksandro Osdival Gonçalves
Paulo Charbub Farah
Paulo Rogério Tsukassa de Maeda
Rafael Munhoz de Mello
Renato Cardoso de Almeida Andrade
Rita de Cássia Lopes da Silva
Rogel Martins Barbosa
Rogéria Fagundes Dotti
Rubens Sizenando Lisboa Filho
Silvio Martins Vianna
Vera Grace Paranaguá Cunha
Wascislau Miguel Bonetti
Suplentes
Abner Wandemberg Rabelo
Alaim Giovani Fortes Stefanello
Alberto Rodrigues Alves
Alessandro Panasolo
Alexandre Salomão
Aline Graziele de Oliveira
Almir Machado de Oliveira
Clodoaldo de Meira Azevedo
Débora de Ferrante Ling Catani
Dicesar Beches Vieira Júnior
Edward Fabiano Rocha de Carvalho
Emerson Gabardo
Emerson Norihiko Fukushima
Estefânia Maria de Queiroz Barboza
Fábio Artigas Grillo
7
Fernando Previdi Motta
Gilberto Tadeu Dombroski
Gilvan Antonio Dal Pont
Graciela Iurk Marins
Henrique Gaede
Joel Macedo Soares Pereira Neto
Júlio Martins Queiroga
Leila Cuellar
Leonardo Ziccarelli Rodrigues
Luiz Sérgio de Toledo Barros
Mariantonieta Ferraz Portela
Maurício Barroso Guedes
Melissa Folmann
Paulo Giovani Fornazari
Pedro da Silva Queiroz
Regiane de Oliveira Andreola Rigon
Rodrigo Luís Kanayama
Rodrigo Pironti Aguirre de Castro
Valmir de Souza Dantas
Verônica Matulaitis Ratuchenei
Membros Nato s
Alcides Bitencourt Pereira
Antônio Alves do Prado Filho
Eduardo Rocha Virmond
José Cid Campêlo
Mansur Theophilo Mansur
Newton José de Sisti
Membros Ho norários Vita lícios
Alberto de Paula Machado
Alfredo de Assis Gonçalves Neto
Edgard Luiz Cavalcanti de Albuquerque
José Lucio Glomb
Manoel Antonio de Oliveira Franco
8
COMISSÃO DA MULHER ADVOGADA OAB /PR
Gestão 2013/2015
Daniela Ballão Ernlund
Presidente
Graciela Iurk Marins
Vice-Presidente
Andréa Bahr Gomes
Secretária
Alice Bark Liu
Secretária Adjunta
Membros
Ana Luiza Manzochi
Ana Paula Zanatta
Ariane Regis Silva
Caroline Said Dias
Christhyanne Regina Bortolotto
Elaine Andretta Anzoategui
Elaine Falcão Silveira
Fernanda Barbosa Pederneiras Moreno
Gabriele Pesch Garbin de Carvalho
Jacqueline Campos Miranda Monteiro Rocha
Julia Gladis Lacerda Arruda
Juliane Mayer Grigoleto
Julieta Graciela Meurgey Afara Saldanha Rocha
Jussara Osik
Karla Ferreira de Camargo Fischer
Lilian de Fatima Taborda Ramos
Luciana Sbrissia e Silva
Luciane Aparecida de Abreu Manfron
Márcia Helena Bader Maluf Heisler
Maria de Lourdes Pereira Cordeiro
Marinete Luiza Oro
Miriam de Fatima Knopik
Miriam Klahold
Patricia Munhoz e Silva
9
Poliana Cavaglieri Saldanha dos Anjos
Rafaela Marchiorato Lupion Mello
Regina Elizabeth Coutinho Ribaric
Regina Maria Bueno Bacellar
Rita Maria Lamarao de Paula Soares
Rosi de Oliveira Dequech
Silvia Turra Grechinski
Thainá da Silva Cavalcanti
Valéria de Sousa Pinto
Vânia Regina Silveira Queiroz
Mensagem do Presidente
Ao adotar os e-books como formato padrão para os livros gerados pelas diversas 
Comissões constituídas na nossa Seccional, a OAB/PR dá um passo adiante no sentido de permitir 
acesso à tecnologia mais avançada aos advogados e estudantes de Direito paranaenses.
O que temos nesta coletânea é resultado do trabalho de um grupo de profissionais 
abnegados, advogados que não medem esforços para oferecer, gratuitamente, a visão doutrinária 
tão necessária ao aprimoramento da atividade. 
Em todo o Paraná, temos centenas deles destinando parcela fundamental de seu tempo 
e talento para prover os colegas de obras que traduzem o conhecimento jurídico privilegiado de 
quem as concebeu.
Cada um dos e-books que editamos contém temas atuais, referentes aos mais diferentes 
ramos da advocacia, bem como as principais questões jurídicas, políticas e sociais em voga no 
país, franqueados à utilização pelos advogados em sua prática rotineira.
Esta é a contribuição que a Ordem está sempre disposta a patrocinar, como objetivo 
permanente no sentido de gerar benefícios substanciais capazes de elevar ainda mais o nome dos 
advogados e da advocacia paranaenses no cenário jurídico brasileiro e internacional. 
Juliano Breda 
Presidente da OAB/PR
11
Sumário
A EXIGÊNCIA DA INCLUSÃO FEMININA NOS PARTIDOS POLÍTICOS: REALIDADE OU UTOPIA 
Ana Paula Zanatta e Andrea Kugler Batista Ribeiro ..................................................................................................17
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS 
Andréa Bahr Gomes .....................................................................................................................................................................29
PRIVILÉGIO FEMININO DE FORO NO DIREITO DE FAMILIA- PROTEÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO 
NEGATIVA? 
Caroline Said Dias...........................................................................................................................................................................39
A MULHER, O ORDENAMENTO JURÍDICO E O DESENVOLVIMENTO 
Daniela Ballão Ernlund ................................................................................................................................................................48
A AÇÃO DE SEPARAÇÃO DE CORPOS 
Graciela I. Marins .............................................................................................................................................................................59
DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DE GÊNERO PELA ADVOCACIA PARANAENSE 
Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski e Helena de Souza Rocha ...............................................................................72
REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO ESCRAVO FEMININO 
Jacqueline Campos Miranda Monteiro Rocha .............................................................................................................85
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO FORO PRIVILEGIADO DA MULHER NAS AÇÕES QUE VERSAM SOBRE 
CASAMENTO COM ÊNFASE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E NA LEI MARIA DA PENHA 
Juliane Mayer Grigoleto .............................................................................................................................................................96
ADOÇÃO: OS DIREITOS DA MÃE ADOTIVA E O SEU ENFOQUE NOS NOVOS GRUPOS 
FAMILIARES 
Jussara osik e Márcia Helena Baderr Maluf Heisler .................................................................................106
O DIREITO DA MULHER E A BUSCA DA FELICIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
Lúcia Maria Beloni Corrêa Dias ..............................................................................................................................................119
12
OS DIREITOS DA MULHER APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988 
Maria de Lourdes Pereira Cordeiro e Rosi de Oliveira Dequech .....................................................................128
O DIREITO DA MULHER AOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS DENTRO DA LEI Nº 11.804/2008 EM FAVOR 
DO NASCITURNO 
Marinete Luiza Oro .......................................................................................................................................................................136
DO DIREITO DE SER MULHER, SIMPLESMENTE MULHER 
Regina Maria Bueno Bacellar..................................................................................................................................................152
MÁSCARAS SOCIETÁRIAS E A DESCONSIDERAÇÃO INVERSADA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Rogéria Dotti ....................................................................................................................................................................................164
 A OUTORGA CONJUGAL E A PROTEÇÃO PATRIMONIAL DA MULHER FRENTE AO AVAL E À FIANÇA 
Thainá da Silva Cavalcanti ......................................................................................................................................................174
O ASSÉDIO À MULHER NO AMBIENTE DE TRABALHO 
Vânia Regina Silveira Queiroz .................................................................................................................................................182
13
“Esta obra é dedicada a todos
os Advogados e Advogadas do Paraná, que,
mesmo após 25 anos de Constituição Federal,
ainda lutam por uma sociedade mais justa e igualitária,
mas, especialmente, àquelas Advogadas
que venceram barreiras e não esmoreceram,
fazendo do Direito o mais nobre instrumento
de proteção da Mulher e promoção da paz.
A essas Mulheres, nossos agradecimentos
e reconhecimento de inspiração.”
Daniela Ballão Ernlund
Presidente 
Comissão da Mulher Advogada
14
 Introdução
A criatividade humana vai se aflorando e crescendo na medida exata em que lhe dada a 
oportunidade de expressão e na proporção ao reconhecimento do seu valor. 
Retrato da experiência profissional de brilhantes mulheres na área do Direito, esta obra 
oportunizará ao leitor, o compartilhamento dos conhecimentos adquiridos não só através de 
uma linha de pesquisa à ciência jurídica, mas, também por experiências vividas ao longo de suas 
carreiras nas lidas com a justiça, a política, os movimentos sociais e com a realidade diária de todo 
ente sujeito de direito. 
O enaltecimento da grandeza da alma e da riqueza do espírito se expressa nesta obra 
através do tema escolhido por cada autora. 
Numa síntese generalista, esta obra aborda em seus diversos temas, uma visão técnica 
sobre a proteção da mulher no ordenamento jurídico, o que, aliás, inspirou o título do livro. Mas é 
na grandiosidade do universo feminino, que o leitor poderá absorver e compartilhar parte desse 
conhecimento e experiências demonstrados nos artigos produzidos. 
A larga experiência trazida com os anos de profissão e a generosidade dessas autoras 
que, ao dedicarem seu tempo ao desenvolvimento de cada tema escolhido, desempenharam um 
papel de verdadeiras pesquisadoras, cientistas e educadoras do Direito. 
Apesar da evolução social e da prevalência do princípio constitucional da isonomia, a 
mulher ainda encontra dificuldades de inserção nos partidos políticos e também sofrem, ainda 
que de maneira camuflada, alguma forma discriminação no mercado de trabalho, seja na esfera 
salarial, nos cargos que lhe são destinados a ocupar ou através do assédio moral. 
A legislação brasileira reconhece à mulher alguns privilégios de foro em determinadas 
ações judiciais o que muitas vezes pode gerar uma falsa sensação discriminatória e, que na 
realidade nada mais é do que uma acomodação do sistema legal à realidade social.
O importante é o destaque dado à necessidade de reconhecer que toda diversidade 
de gênero merece um tratamento especial, diferenciado, como, por exemplo, a existência dos 
alimentos compensatórios e gravídicos, o direito à licença especial à mãe adotiva e à necessidade da 
15
outorga conjugal como forma de proteção ao patrimônio do casal frente o aval e à fiança. 
A mulher tem o direito de ser mulher, sem que isso gere para isso qualquer sensação de 
desconforto, um clima de hostilidade ou de rivalidade entre os gêneros, especialmente em uma 
sociedade já ambígua e repleta de diferenças sociais. 
O objetivo deste livro não é falar de discriminação, por isso, os temas escolhidos trazem 
o reconhecimento de suas autoras que o mundo mudou e mudou para melhor. 
 
Iverly Antiqueira Dias Ferreira.
A EXIGÊNCIA DA INCLUSÃO 
FEMININA NOS PARTIDOS 
POLÍTICOS: REALIDADE OU UTOPIA
17
A EXIGÊNCIA DA INCLUSÃO FEMININA NOS 
PARTIDOS POLÍTICOS: REALIDADE OU UTOPIA
Ana Paula Zanatta
Andrea Kugler Batista Ribeiro
A trajetória da mulher na política, além de ser fato historicamente recente, teve inicio de 
forma bastante tímida.
Todavia, em que pese se viva em um sistema teoricamente livre e democrático, a verdade 
é que as mulheres ainda encontram-se galgando os primeiros passos na tentativa de alcançar 
uma verdadeira e igualitária participação dentro dos partidos políticos e conseqüentemente na 
representatividade popular.
É provável que os muitos anos de história nos quais foram afastadas coercitivamente da 
vida política sejam a razão pela qual hodiernamente encontram imensa dificuldade, quiçá uma 
barreira, para nela ingressar de forma efetiva. 
Histórico da participação da mulher na vida política
É milenar a luta das mulheres para o reconhecimento de seus direitos. As raízes 
históricas de discriminação remetem há tempos remotos, nos quais elas eram vistas apenas como 
reprodutoras, indignas dos bons sentimentos humanos, posicionamento fomentado por inúmeras 
religiões, que atribuem ao sexo feminino as mais variadas desgraças da humanidade.
Há mais de dois séculos, com o surgimento das democracias ocidentais, nasceu tambéma busca pela efetiva aplicação do princípio da igualdade, na tentativa de diminuir, quiçá eliminar a 
imposição da hierarquia dos sexos.
Notório é que durante muito tempo a política foi cenário restrito para poucos: homens, 
brancos e detentores de razoável poder aquisitivo.
A luta da mulher pela sua inserção neste panorama é bastante antiga. 
Em 1789, após a Revolução Francesa, houve a promulgação da Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão. Ocorre que embora seja este documento o marco histórico da fundação 
18
dos direitos de igualdade e liberdade, pode-se afirmar que não abraçou ele toda a população. 
Melhor dizendo: ao tratar de forma universal toda a coletividade, deixou de albergar uma gama de 
indivíduos que de fato clamavam por proteção, dentre eles as mulheres, que naquele momento 
da história além de não possuírem o status de cidadãs, laboravam em quantidade e em condições 
subumanas, cuidavam de casa e dos filhos e eram despidas de qualquer espécie de direito que as 
salvaguardassem. 
Em resposta à referida exclusão, em 1791, surgiu a Declaração dos Direitos da Mulher e da 
Cidadã, elaborada por Olympe de Gouge, guilhotinada neste mesmo ano, acusada de esquecer 
as virtudes de seu sexo.
Referida declaração, dentre outros temas, propunha uma participação da mulher no 
terreno político.
Inúmeras lutas se sucederam e até nos dias atuais permanece a busca pela efetiva 
cidadania da mulher, bandeira esta dos movimentos feministas nacionais e internacionais.
No cenário desenhado, as reivindicações começam a surtir efeitos, de modo que, mesmo 
de forma tímida, algumas mulheres passam a assumir posição de destaque nas sociedades.
A primeira a ocupar o posto de Chefe de Estado no Brasil foi D. Maria I, então Rainha de 
Portugal, em 1815. A segunda foi D. Leopoldina, como Regente, em 1822. A terceira foi D. Isabel, 
Regente do país de 1870 a 1871, de 1876 a 1877 e de 1887 a 1888, a qual sancionou a Lei Áurea. 
Em 1880, em pleno Império, Isabel de Mattos Dillon, dentista, pleiteou seu alistamento 
eleitoral com fulcro na Lei Saraiva, a qual conferia direito de voto àqueles que possuíam título 
científico.
No Brasil, mais precisamente no final do século XIX, o movimento feminista começou a 
tomar corpo e as brasileiras passaram a se posicionar pela concessão do voto feminino.1
A Constituição de 1981 em seu artigo 70 declarava que todos os cidadãos teriam direito a 
voto, embora apenas o homem fosse considerado como tal. Havia uma exclusão implícita do sexo 
feminino no texto constitucional. 
1 Durante os debates para elaboração da Constituição de 1891, os Parlamentares nacionais ao se posiciona-
rem contrários ao voto feminino, afirmavam ser ele uma “idéia anárquica, fatal, desastrada”, para tanto discorriam a 
respeito dos “cérebros infantis das mulheres, sua inferioridade mental e retardação evolutiva”. HAHNER, June E. A Mulher 
Brasileira e suas Lutas Sociais e Políticas: 1850/1937. São Paulo: Brasiliense, 1981, p.84-6.
19
Em 1989 o Brasil tornou-se uma República, na qual as mulheres foram absolutamente 
excluídas de todo e qualquer modo de participação política.
Nos anos que se seguiram, surgiram inúmeras iniciativas voltadas a viabilizar o voto 
feminino. No ano de 1894 a cidade de Santos conferiu às mulheres o direito de votar, sendo a 
medida derrubada no ano posterior.
Em 1905 três mulheres conseguiram o direito de votar no Estado de Minas Gerais e em 
1928 o país teve a primeira Prefeita – Alzira Soriano de Souza, em Lages – RN.
Em 1920, através da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino- FBPF, grupo liderado 
por Bertha Lutz, houve o fortalecimento pela conquista do voto feminino.
O direito nacional de votar e ser votado somente foi conferido às mulheres em 1932, no 
curso do Governo de Getúlio Vargas, tendo se tornado constitucional somente em 1934. Todavia, 
ainda era facultativo, com exceção daquelas que já exerciam função remunerada pública, para as 
quais seria obrigatório.
No ano de 1933 o país elege sua primeira Deputada Federal, pelo Estado de São Paulo, a 
médica Carlota de Queirós.
A seletividade do voto só foi rompida com a Constituição de 1946, sendo que nos textos 
de 1967 e no atual de 1988, as mulheres permanecem com o reconhecimento formal de seus 
direitos políticos.
Em 1958, no Município de Quixeramobim-CE, foi eleita a primeira mulher do Brasil através 
do voto popular, Aldamira Guedes Fernandes, que ocupou o cargo de Prefeita. 
Somente em 1979 foi eleita a primeira senadora do país, Eunice Michiles. A primeira 
mulher a ocupar o cargo de Ministra de Estado foi Esther de Figueiredo Ferraz, em 1982, como 
Ministra da Educação e Cultura.
A primeira Governadora de Estado eleita foi Iolanda Fleming, no ano de 1986, para chefiar 
o Estado do Acre. 
No ano de 1989, Lívia Maria Pio, do Partido Nacional, foi a pioneira a concorrer ao cargo 
de Presidente da República no Brasil.
Em 1996, a Bancada Feminina no Congresso Nacional lançou a campanha “Mulheres Sem 
20
Medo do Poder”, impulsionando a discussão da representatividade feminina, agora prevista na 
Lei n. 9.100/1995, que exigia a presença de no mínimo 20% de candidatura à cada gênero para as 
eleições municipais. 
No ano de 2011 as mulheres angariaram grandes conquistas políticas. O Brasil elegeu 
sua primeira Presidenta pelo voto popular, Dilma Rousseff; o Senado e a Câmara dos Deputados 
elegeram suas primeiras Vice-Presidentas, Marta Suplicy e Rose de Freitas, respectivamente.
O panorama internacional também revela cada vez mais mulheres ocupando altos 
cargos de governo. Neste diapasão, pode-se observar a doutora em física Angela Merkel que é 
a primeira mulher a chefiar o governo da Alemanha; a pediatra Michelle Bachelet, Presidente do 
Chile, primeira a dirigir um país latino-americano sem que tenha herdado tal poder do marido; 
a administradora, formada na universidade de Harvard, Helen Sirleaf, presidente da Libéria é a 
primeira eleita para presidir um país africano; a advogada Julia Gillard, eleita como a primeira Chefe 
de Governo na Austrália; Violeta Chamorro, Mireya Moscoso e Laura Chinchilla, eleitas presidentes 
da Nicarágua, Panamá e Costa Rica, respectivamente, são as três primeiras Chefes de Estado 
centro-americanas; entre outras grandes pioneiras na liderança política em seus territórios.
Alguns expoentes femininos na política internacional merecem ser lembrados, tais como 
Margaret Thatcher – primeira-ministra do Reino Unido; Indira Gandhi – primeira-ministra da Índia; 
Golda Meir – primeira-ministra de Israel; Kim Campbell – primeira-ministra do Canadá; Edith 
Cresson – primeira-ministra da França; e Soon Ching-ling – Presidente da República Popular da 
China. 
A primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da República foi Anchimaa-Toka, 
no ano de 1940, na República de Tuva e a primeira representante do sexo feminino a sagrar-se 
primeira-ministra foi Sirimavo Bandaranaike, em 1960, no Sri Lanka.
Importante fazer um breve adendo, sem muito fugir do tema, sobre grandes nomes que 
foram referência em outras áreas de atuação.
No Brasil, em que pese as mulheres ocupem apenas 30% dos cargos na carreira da 
magistratura e cerca de 15% das vagas nos Tribunais Superiores, a tendência é a equiparação 
devido ao seu número já ter ultrapassado ao de homens no exercício da advocacia. Neste esteio, 
21
impende comentar que Ellen Gracie Northfleet foi eleita no ano de 1996 como a primeira mulher 
Presidente do Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário dentro do país. 
Dentro do cenário mundial, no panorama dos negócios, elas ocupam cerca de 24% 
dos cargos de chefia. No Brasil, em pesquisa realizada no ano de 2009, 21,43% dos cargos de 
chefia eram ocupados por mulheres. A revista latino-americana “América Economia” aponta uma 
brasileira em primeiro lugar dentre as gestoras de maior destaque no mundo dos negócios: Maria 
das Graças Foster, Diretora de Gás e Energia da Petrobras,que se encontra na posição da executiva 
mais poderosa dentro da América Latina.2
No cenário cultural merece destaque Kathryn Bigelow, que em 2010, foi a primeira mulher, 
em 82 anos do Oscar, a ganhar o prêmio de melhor diretora. 
Retornando ao panorama político dentro do cenário nacional, tem-se que, em que pese 
a mulher esteja angariando de forma bastante lenta seu lugar ao sol no cenário político, a sua 
exclusão completa durante tantas décadas colocou-a à margem do sistema eleitoral. Embora 
hodiernamente elas sejam a maioria da população votante, elas encontram imensa dificuldade 
para concorrer ao pleito de forma igualitária com os homens.
Neste diapasão, a constatação desta complicada inserção política oriunda de uma 
questão cultural, fez com que o legislador se atentasse para a necessidade de criar uma legislação 
que conferisse certas vantagens ao sexo feminino com o escopo de fazer valer na prática o 
princípio da isonomia.
Desta feita, conforme doravante mencionado, no ano de 1995 foi criada a Lei nº 9.100 
que introduziu no Brasil as cotas eleitorais, estipulando o mínimo de 20% de mulheres para as 
disputas municipais. 
Em 1997 surge a Lei nº 9.504, que amplia o referido percentual para 30% e o estende para 
o pleito dos demais cargos de todas as esferas federativas.
Todavia, a redação das duas últimas leis retro mencionadas não obrigavam o cumprimento 
dos percentuais nelas estipulados, de modo que os partidos políticos não eram forçados a 
preencher as vagas teoricamente destinadas às mulheres, podendo deixá-las em aberto, sem que 
isso lhes gerassem alguma penalidade.
2 Informação extraída da página http://forumdemulheres/o-cenario-politico-tendo-a-mulher-como-protagonista, em 
13 nov. 2013.
http://forumdemulheres/o-cenario-politico-tendo-a-mulher-como-protagonista
22
Das inovações teóricas e concretas trazidas pela lei 12.034/2009
De antemão impende frisar que a Lei 12.034/2009, ao tratar de cota eleitoral, traz a 
seguinte disposição em seu art. 3º, que altera o art. 10, § 3º, da Lei das Eleições: “Do número de 
vagas resultantes das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 
30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.” 
Nota-se, assim, que a legislação não menciona percentagem reservada às mulheres, mas 
sim, fala em cotas para candidatura de cada sexo. Todavia, sabe-se que tal dispositivo é destinado, 
na prática, à população feminina, vez que é e sempre foi ela a excluída culturalmente do meio 
político.
Diante do histórico acima resumido, a Lei nº 12.034/2009 surge com o escopo de conferir 
uma vantagem inicial às mulheres na busca por um mandato, no afã de reparar, de certa forma, os 
prejuízos decorrentes de sua entrada tardia no cenário político.
Ela altera a redação da Lei nº 9.054/1997, retirando a expressão “deverá reservar”, 
substituindo-a pela palavra “preencherá”, o que torna obrigatório o preenchimento das vagas.
Concomitantemente com esta alteração foram criadas outras duas medidas para 
incrementar a participação da mulher na política, quais sejam: a) a destinação de 10% do tempo de 
propaganda partidária para as candidatas do sexo feminino; e, b) a vinculação de 5% dos recursos 
do fundo partidário para incentivar a sua participação e para investir em sua formação política.
No mesmo diapasão, foi alterado o artigo 20, parágrafo 2º, da Resolução 23.373/2011 do 
TSE, que passou a ter redação consonante com a Lei.
Não há dúvida de que a simbologia existente por detrás da política de cotas trazida com 
a legislação de 2009 vai muito além do caráter distributivo que ela confere ao pleito, configurando-
se em uma verdadeira tentativa de mudar a cultura política marcada pela segregação de gêneros, 
com o evidente intuito de minimizar a desigualdade histórica e mudar o arcaico machismo eleitoral 
que paira sobre o âmbito político.
Assim, referida norma busca aumentar de forma efetiva os percentuais de mulheres 
candidatas ao pleito, e, sobretudo, incrementar a quantidade de eleitas.
23
Todavia, na prática, nenhuma das medidas foi de fato cumprida pelos partidos nas 
eleições de 2010, em que pese tenha existido decisão bastante firme por parte do TSE.3
Entretanto, muitos movimentos feministas e a pressão da própria Bancada Feminina por 
gestoras públicas acabaram por pressionar a concretização das medidas nas eleições de 2012, ano 
em que a lei foi aparentemente cumprida.
Assim, as Cortes Eleitorais passaram a exigir de forma mais severa o cumprimento 
da lei, de modo que nos casos em que o partido ou coligação não atendam as condições de 
registrabilidade geral e compulsória, dentre as quais se encontra o respeito a cota para ambos 
os sexos, o Magistrado eleitoral fornecerá ao partido o prazo de 72 horas para que se adéqüe. 
Não havendo a regularização necessária ao percentual estipulado legalmente, toda a lista de 
candidatos será recusada.
O respeito ao percentual estipulado configura-se cláusula geral e compulsória, de modo 
que o seu não cumprimento gera o indeferimento da globalidade dos registros intentados pelo 
partido ou coligação, inviabilizando o registro da chapa inteira.
Caso o Magistrado não indefira o registro de ofício, pode qualquer candidato, partido 
político, coligação ou o Ministério Público proporem uma ação de impugnação de registro de 
candidatura. 
Contudo, a nova exigência legal vem preocupando os partidos políticos, onde, 
infelizmente, ainda impera o machismo. Eles se consternam com a divisão do tempo nas rádios e 
televisões e com o espaço político, tendo em vista que os grandes nomes dos partidos acabam 
tendo que dividir seu tempo e espaço com pessoas que de fato não entram no embate com 
chances reais de se elegerem.
Assim, os partidos e coligações preenchem as suas vagas com 30% de candidatas do 
sexo feminino e depois se valem de artifícios para,“de forma legal”, desvirtuar a exigência das cotas.
As duas estratégias utilizadas comumente pelos partidos políticos são a de preencher o 
3 “AGRAVO REGIMENTAL. ELEIÇÕES 2010. REGISTRO DE CANDIDATOS. DRAP. DEPUTADO ESTADUAL. PERCENTUAIS PARA 
CADIDATURA DE CADA SEXO. NOVA REDAÇÃO DO ART. 10, § 3º, DA LEI DAS ELEIÇÕES. CARÉTER IMPERATIVO DO PRECEITO. 
DESPROVIDO. 1. Esta Corte Superior, diante da nova redação do art. 10, § 3º, da Lei das Eleições, decidiu pela obrigatoriedade do 
atendimento ao0s percentuais ali previstos, os quais têm por base de cálculo o número de candidatos efetivamente lançados 
pelos partidos e coligações. 2. Agravo regimental desprovido. Processo: AgR – Respe 84672 PA. Relator (a): Min. Marcelo Hen-
riques Ribeiro de Oliveira. Julgamento: 09/09/2010. Publicação: PSESS – Publicado em Sessão, Data 09/09/2010.”
24
percentual de 30% de candidatas e, após o registro ter sido deferido, realizam a renúncia destas, 
ou, forçam-nas a concordarem em não fazer campanha de modo a não atrapalhar os demais 
candidatos do partido.4
Todavia, a primeira estratégia revela-se inefetiva, pois o percentual de 30% deve sempre 
ser respeitado, sendo que, se após do deferimento do registro saírem mulheres de um partido 
cujo percentual feminino é de 30% de candidatas, essas vagas deverão ser ocupadas por outras 
pessoas do mesmo sexo, sob pena de surgir uma condição de inelegibilidade superveniente, a 
qual poderá ser combatida através de ação de impugnação de diplomação.
Ademais, caso reste comprovado que o preenchimento do percentual de 30% das vagas 
foi meramente formal, o ato poderá configurar fraude eleitoral, que poderá ser combatida via ação 
de impugnação de mandato eletivo. 
Não obstante toda a conquista formal narrada, angariando a mulher o direito de votar e 
ser votada, até a data de hoje, não se verifica na prática a efetividade dos direitos conquistados, 
a representação política feminina é mínima, não trazendo a expressividade necessária da sua 
participação na escolha das políticas públicas.Panorama internacional da participação feminina na política
As mulheres sempre sofreram uma exclusão da representação política, vista de forma 
amenizada pela sociedade, como forma de comportamento padrão feminino.
Todavia, este fato vem sendo alterado no cenário mundial.
A organização internacional denominada União Interparlamentar elaborou um ranking 
acerca da participação feminina no parlamento, envolvendo 192 países do globo. O Brasil ocupa 
somente o 146º lugar, contando o país com 9% de mulheres preenchendo as vagas da Câmara 
de Deputados.5 
Tal fato revela que a proporção brasileira encontra-se aquém da média mundial, que é 
de 17,9%, bastante diminuta quando comparada com a média dos países americanos, que é de 
20,7%, sendo inferior, inclusive, a média dos países árabes, que é de 9,6%. 
4 Informação extraída da página http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-com-
bate-machismo-politico, em 12 de nov. 2013.
5 Extraído de http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politi-
co, em 13 nov 2013.
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, em 13 nov 2013
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, em 13 nov 2013
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Interessante trazer ao conhecimento a porcentagem de mulheres integrantes do 
parlamento nos países que ocupam os dez primeiros lugares do ranking:Ruanda – 48,8%; Suécia 
– 47%; Finlândia – 41,5%; Argentina – 40%; Holanda – 39,3%; Dinamarca – 38%; Costa Rica – 36,8%; 
Espanha – 36,6%, Noruega – 36,1%; e Cuba – 36%.6
Fato é que o Brasil se encontra em retardatária posição dentro do panorama mundial e 
tal situação revela uma involução política, alicerçada pela história do país.
Muito foi feito para tentar aplacar o terrível sexismo histórico a partir da década de 90, 
quando eclodiram movimentos e foram tomadas ações concretas nos países latino-americanos 
para a criação de leis que estipulassem cotas para mulheres e consequentemente viabilizassem 
sua participação na política
Na eleição de 2010 para o pleito de Deputado Federal, uma pesquisa realizada pela Folha 
de São Paulo revela que das doações recebidas pelos partidos, o repasse às candidatas mulheres, 
proporcionalmente, é bastante inferior ao dos homens. Nas 14 maiores siglas, em 2010, as mulheres 
somavam o percentual de 19,7% das candidaturas, sendo que lhes era repassado apenas 8% do 
recurso global.7
Tal fato conduz ao inequívoco raciocínio de que existe certa resistência entre as mulheres 
em se candidatar, pois são sabedoras de que os partidos políticos não dão suporte às candidaturas 
do sexo feminino. 
Interessante trazer à tona que “mesmo quando as mulheres lideram as pesquisas de intenção 
de votos, os partidos muitas vezes optam por apoiar candidatos homens, e na ausência destes, preferem 
apoiar candidatos de outros partidos”.8
De fato, os partidos políticos são controlados por homens, que acabam não dando 
chance para as mulheres estruturarem as suas campanhas. Sem o apoio necessário, a quantidade 
de candidatas eleitas, se comparada com o número de homens, é ínfima.
6 Extraído de http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, 
em 13 nov 2013
7 Extraído de http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, 
em 13 nov 2013
8 GOMES, Carla de Castro. Mulheres na Política: Igualdade de Gênero? Revista Sociologia, n. 41, 2012, Ed. Escala, p. 19.
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, em 13 nov 2013
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, em 13 nov 2013
http://www.conjur.com.br/2012-jun-29/percentual-candidaturas-mulheres-combate-machismo-politico, em 13 nov 2013
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Conclusão
Diante do quadro histórico apresentado, a entrada da mulher na política deve ser 
incentivada, visto que há uma hostilidade instalada no seio dos partidos políticos em relação às 
candidaturas femininas.
Os grandes líderes partidários enxergam a obrigatoriedade da presença da mulher como 
um entrave aos interesses da legenda.
Infelizmente, embora a norma relativa às cotas seja válida e necessária, as candidaturas 
femininas ainda não encontram grandes chances de prosperar, situação esta que acaba por não 
conceder o sucesso esperado da política pública de inclusão ora adotada.
A obrigatoriedade do cumprimento de cotas de gênero é apenas um passo, dentre 
tantos outros que deverão ser tomados para que se efetive uma mais igualitária participação dos 
sexos no cenário político nacional.
Sabe-se que dentre a população economicamente ativa no Brasil mais de 50% são 
mulheres, ao passo que menos de 20% das cadeiras do legislativo são por elas ocupadas.9
Com o máximo respeito aos partidos políticos nacionais, o que se verifica é que não há 
competitividade real entre os candidatos, situação esta que acaba por manter o quadro atual, qual 
seja, a ocupação da maioria das cadeiras por indivíduos do sexo masculino.
Embora a política pública de cotas ainda não se aproxime do ideal, não há dúvidas que 
tem ela conseguido realizar, ainda que de forma bastante tímida, um recrutamento maior de 
mulheres para a vida política.
Cabe agora a todos e em especial aos partidos conferirem ao sexo feminino um lugar 
de destaque no cenário político, aplicando de fato o princípio da isonomia entre os gêneros, com 
igualitária distribuição de recursos partidários e de apoios políticos, visando, na prática, a eleição 
de um maior número de mulheres, as quais, por enquanto e em sua grande maioria, servem 
apenas de “fantoches” nas mãos das legendas, ocupando, mais uma vez na história, a posição de 
coadjuvantes, vez que se prestam tão somente a formalmente legalizar as candidaturas masculinas.
9 BOLOGNESI, Bruno. A Cota Eleitoral de Gênero: política pública ou engenharia eleitoral. Paraná Eleitoral: revista brasile-
ira de direito eleitoral e ciência política, v. I, n. 2, p. 113-129. 
27
Assim, tem-se que a lei, embora exigida desde as eleições de 2010, ainda não consegue 
alcançar a ação afirmativa nela proposta, não garantido o acesso real às cadeiras legislativas no 
território nacional.
O cumprimento pro forma da lei não viola apenas direitos fundamentais das mulheres, 
mas também traz prejuízo para todo o país, vez que exclui da tomada de decisões estatais a 
maior parcela da população nacional, retirando dos brasileiros a chance de um promissor caminho 
político e de uma verdadeira democracia.10
Outrossim, embora o sistema de cotas ainda não seja o ideal e sua aplicação pelos partidos 
políticos não seja a desejada, uma constatação do quadro atual não pode passar despercebida: 
seja pelo meio de cotas, seja pela força individual, a mulher vem, embora ainda poucas, galgando 
espaços antes exclusivamente masculinos.
Referido fato é inquestionavelmente um avanço que não se deu pelo acaso, mas sim 
como uma resposta positiva aos anos de lutas feministas, estas validadas pela força, preparo, 
seriedade e competência das mulheres.
A proteção aqui traduzida na ação afirmativa de imposição de cotas ultrapassa a sua 
própria essência feminina, configurando-se como forma de proteção da sociedade como um 
todo. Garantir a participação ativa das mulheres nas decisões das políticas públicas é a única forma 
lídima de realmente se realizar a democracia.
10 Em pesquisas divulgadas constatou-se que a maioria da população acredita que as mulheres são mais honestas que 
os homens. Outro ponto quenão pode deixar de ser aqui mencionado é o de que há estudos científicos que apontam a lider-
ança superior das mulheres, tanto que nas mais variadas áreas de atuação se nota a presença cada vez maior do sexo feminino, 
sendo que as mulheres vem assumindo papéis de chefia e direção de forma mais freqüente. Todavia, na contramão do cenário 
mundial, a política brasileira se mostra reticente no que concerne à presença feminina - A pesquisa, que foi publicada no Journal 
of Applied Psychology, concluiu que as mulheres são consideradas mais eficientes para assumir cargos de liderança, e elas tam-
bém sabem levar melhor os relacionamentos do que os homens. Extraído de http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/
mulheres-sao-melhores-lideres-homens-559199.shtml, em 13/11/2013.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/mulheres-sao-melhores-lideres-homens-559199.shtml
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/mulheres-sao-melhores-lideres-homens-559199.shtml
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS
29
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS
Andréa Bahr Gomes1
O tema escolhido, embora novo, vem sendo objeto de inúmeras discussões doutrinárias 
e aos poucos dá seus primeiros passos rumo à consolidação jurisprudencial.
Quem inicialmente desenvolveu a tese no Brasil foi Rolf Madaleno, a partir de estudos do 
Direito Espanhol e do Direito Argentino.
O referido doutrinador nos ensina que os alimentos compensatórios constituem “uma 
prestação periódica em dinheiro, efetuada por um cônjuge em favor do outro na ocasião da 
separação ou do divórcio vincular, onde se produziu um desequilíbrio econômico em comparação 
com o estilo de vida experimentado durante a convivência matrimonial, compensando deste modo 
a disparidade social e econômica com a qual se depara o alimentando em função da separação, 
comprometendo suas obrigações materiais, seu estilo de vida e sua subsistência pessoal”.2 
A precípua finalidade dos alimentos compensatórios é evitar o desequilíbrio econômico 
decorrente do rompimento dos laços conjugais ou de união estável.
A função dos alimentos familiares
Os alimentos devidos entre familiares representam uma das maiores expressões do 
princípio da solidariedade em nosso ordenamento jurídico, eis que efetivam o necessário dever 
de cuidado e a responsabilidade de parente para com o outro.
No mundo contemporâneo a família assumiu a feição de garantidora do pleno 
desenvolvimento da dignidade humana, prezando pela igualdade de seus integrantes.
Como nos ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald3, “é inegável que a 
multiplicidade e variedade de fatores (de diversas matizes) não permitem fixar um modelo familiar 
uniforme, sendo mister compreender a família de acordo com os movimentos que constituem 
sociais ao longo do tempo”.
1 Especialista em Processo Civil pela UFPR. Especialista em Direito Privado pelo IBEJ Pós-Graduação. Vice- Presidente 
da Comissão de Direito de Família da OAB/PR. Secretária do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família Seção Paraná. 
Secretária da Comissão da Mulher Advogada da OAB/PR. Advogada.
2 MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 725)
3 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson, Direito das Famílias. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p.3.
30
A concepção de família é um fenômeno dinâmico e espelha a realidade sociológica 
decorrente da evolução histórica, que deixou para trás o modelo de estrutura familiar patriarcal, 
assimilando o princípio de garantia constitucional de igualdade entre homens e mulheres (Art. 
226, § 5º da Constituição Federal Brasileira).
A família moderna é vista como um modelo descentralizado, democrático, igualitário e 
desmatrimonializado.
Novamente citando Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald4, “é certo e 
incontroverso, nesse passo, que a família caracteriza uma realidade presente, antecedendo, 
sucedendo e transcendendo o fenômeno exclusivamente biológico (compreensão setorial) para 
buscar uma dimensão mais ampla fundada na busca da realização pessoal de seus membros”.
O Código Civil de 2002 espelha esta transformação, inclusive no enfoque dado às relações 
patrimoniais após o desfazimento da relação conjugal ou da união estável.
Em especial no que diz respeito aos alimentos, o artigo 1.566 do Código Civil expressa 
que são deveres de ambos os cônjuges a mútua assistência.
De igual forma, no que diz respeito a União Estável, o artigo 1.724 do Código Civil 
estabelece que “as relações pessoais entre companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, 
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.”
O que se busca analisar, no entanto, são as consequências do fim deste projeto de 
comunhão de vida e o papel de cada um dos integrantes do anterior núcleo familiar.
Uma das consequências é o dever de mútua assistência decorrente da solidariedade 
existente entre os cônjuges e os companheiros.
Com propriedade, Maria Berenice Dias5 nos ensina que:
“Produzindo o fim da vida em comum desequilíbrio econômico entre o casal, em comparação 
ao padrão de vida que desfrutava a família, cabível a fixação de alimentos compensatórios. O 
cônjuge ou companheiro que sai da relação desfrutando de melhores condições econômicas 
deve garantir ao ex-consorte reequilibrar-se economicamente.
Dos ensinamentos do Professor Yussef Said Cahali, nas palavras de José Fernando Simão6, 
4 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson, Direito das Famílias. cit., p.5.
5 DIAS, Maria Berenice. Alimentos aos Bocados.São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p.112.
6 SIMÃO, José Fernando. Alimentos compensatórios: desvio de categoria e um engano perigoso. in www.professorsimao.
com.br.
31
temos que “os alimentos são prestações devidas, feitas para que aquele que as recebe possa 
subsistir, isto é, manter sua existência, realizar o direito à vida, tanto física (sustento do corpo) como 
intelectual e moral (cultivo e educação do espírito, do ser racional). Assim constituem os alimentos 
uma modalidade de assistência imposta por lei, de ministrar os recursos necessários à subsistência, 
à conservação da vida, tanto física como moral e social do indivíduo”.
Em suma, podemos dizer que o dever de prestar alimentos decorre das regras previstas 
no Código Civil (artigos 1.694 a 1.710) e tem por embasamento principiológico a solidariedade 
familiar, sendo esta última decorrente da solidariedade social (art. 3º, I da Constituição Federal).
Esta solidariedade social busca estabelecer a construção de uma sociedade livre, justa e 
solidária, sendo este um dos objetivos principais da República. É a expressão maior da busca da 
proteção da pessoa humana em detrimento da anterior proteção exacerbada do patrimônio que 
norteava o Direito Civil pátrio.
É em decorrência então desta solidariedade e dos princípios acima ventilados, que se 
firmou doutrinária e jurisprudencialmente o conceito dos alimentos compensatórios.
O que são então alimentos compensatórios?
Compartilhamos aqui do entendimento do Professor Rolf Madaleno7, precursor do 
estudo sobre os alimentos compensatórios, que nos ensina:
“A pensão compensatória resulta claramente diferenciada da habitual pensão alimentícia, 
porque põe em xeque o patrimônio e os ingressos financeiros de ambos os cônjuges, tendo 
os alimentos compensatórios o propósito específico de evitar o estabelecimento de um 
desequilíbrio econômico entre os consortes. Os alimentos compensatórios estão à margem de 
qualquer questionamento causal da separação, ou do divórcio dos cônjuges e da dissolução 
da união estável, e ingressam unicamente as circunstâncias pessoais da vida matrimonial ou 
afetiva, na qual importa apurar a situação econômica enfrentada com o advento da separação 
e se um dos consortes ficou em uma situação econômica e financeira desfavorável em relação 
à vida que levava durante o matrimônio, os alimentos compensatórios corrigem essa distorção 
e restabelecem oequilíbrio material”.
Para Maria Berenice Dias8, “o propósito é de indenizar - por algum tempo ou não - o 
desnível econômico que resulta da separação de fato, do divórcio ou do fim da união estável”.
O referido encargo independe da prova de necessidade. Necessário esclarecer também 
7 MADALENO, Rolf. Responsabilidade civil na conjugalidade e alimentos compensatórios.in www.rolfmadaleno.com.br)
8 DIAS, Maria Berenice. Alimentos aos Bocados. cit. p. 113.
32
que não se propõe a igualar o patrimônio ou a renda. Seu fim precípuo é a tentativa de ressarcimento 
do prejuízo decorrente da disparidade econômica, atenuando perdas e oportunidades até então 
desfrutadas por apenas um dos consortes.
Novamente trazemos as lições de Rolf Madaleno9:
“A finalidade da pensão compensatória não é a de cobrir as necessidades de subsistência 
do credor, como acontece com a pensão alimentícia, regulamentada pelo artigo 1.694 do 
Código Civil e sim corrigir o desequilíbrio existente no momento da separação, quando o 
juiz compara o status econômico de ambos os cônjuges e o empobrecimento de um deles 
em razão da dissolução da sociedade conjugal, podendo a pensão compensatória consistir 
em uma prestação única, por determinados meses ou alguns anos, e pode abarcar valores 
mensais e sem prévio termo final”.
Tem direito aos alimentos compensatórios quem não contar com bens suficientes para 
prover a sua subsistência de forma digna e condizente com o padrão de vida até então desfrutado, 
quer tal disparidade decorra do regime de bens adotado no casamento, quer decorra de acordo 
entre as partes ou ainda decorra da inexistência, até o momento,da concretização da partilha de 
bens.
Neste sentido temos a seguinte decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal:
“ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-
FINANCEIRO. Alimentos compensatórios são pagos por um cônjuge ao outro, por ocasião da 
ruptura do vínculo conjugal. Servem para amenizar o desequilíbrio econômico, no padrão de 
vida de um dos cônjuges, por ocasião do fim do casamento. Agravo não provido.” (6ª Turma Cível, 
Agravo de Instrumento 20090020030046AGI, Rel. Des. Jair Soares, j. 10/06/2009)
Importante destacar também que há quem defenda a tese de que os alimentos 
compensatórios não teriam por origem tão somente o empobrecimento de um dos consortes, 
mas sim decorreriam de expressa disposição de Lei, nos termos do disposto no parágrafo único 
do art. 4º da Lei 6.478/68 (Lei de Alimentos), que assim determina:
“Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem 
pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo 
regime da comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao 
9 MADALENO, Rolf. Responsabilidade civil na conjugalidade e alimentos compensatórios. cit.
33
credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.”
Nesta esteira de raciocínio foram proferidas algumas decisões judiciais, dentre as quais 
destacamos:
“Correta a decisão que estabeleceu uma espécie de indenização provisória pela exploração 
do patrimônio comum enquanto não ultimada a partilha de bens, conforme precedentes da 
Corte.” (TJRS, AI 70034501189, Oitava Câmara Cível, Relator Desembargador Alzir Felippe Schmitz, 
j. 29.04.2010)
“APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO. SEPARÇÃO. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. 
CABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Cabe a fixação de alimentos compensatórios, em valor 
fixo, decorrente da administração exclusiva por um dos cônjuges das empresas do casal.Caso em 
que os alimentos podem ser compensados, dependendo da decisão da ação de partilha de bens, 
bem como não ensejam a possibilidade de execução pessoal sob o rito de prisão. O deferimento 
dos alimentos não implica na conclusão de que as cotas sociais das empresas do casal devem ser 
partidas em 50% para cada cônjuge. matéria essa que deverá ser julgada de forma autônoma na 
ação de partilha de bens. Considerando que o valor dos honorários advocatícios está abaixo do 
complexidade da demanda, devem ser majorados os honorários. DERAM PARCIAL PROVIMENTO 
À APELAÇÃO E PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO.”(TJRS, Apelação Cível nº 70026541623, Oitava 
Câmara Cível, Relator Desembargador Rui Portanova, j. 04.06.2009) 
“AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. PARÁGRAFO 
ÚNICO DO ART. 4º DA LEI 5.478/68 C/C art. 7º DA LEI 9.278/96. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. 
LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
Se os documentos juntados com a petição inicial parecem efetivamente indicar que 
as partes conviveram em regime de união estável e que pode haver efetivo desequilíbrio na 
partilha do patrimônio, isso é suficiente para dar suporta ao pedido de fixação de alimentos que 
a doutrina vem chamando de ‘compensatórios’, que visam a correção do desequilíbrio existente 
no momento da separação, quando o juiz compara o status econômico de ambos os cônjuges e 
o empobrecimento de um deles em razão da dissolução da sociedade conjugal. A própria tese 
acerca da possibilidade de fixação de alimentos compensatórios - bem como da prevalência do 
34
princípio da dignidade da pessoal humana sobre o da irrepetibilidade dos alimentos - insere-se no 
contexto da verossimilhança, emprestando relevância aos fundamentos jurídicos expendidos na 
peça de recurso. 2. A alegação de ocorrência de desequilíbrio na equação econômico financeira 
sugere, de forma enfática, a potencialidade de causação de lesão grave e de difícil reparação, a 
demandar atuação jurisdicional positiva e imediata por meio do recurso de agravo. 3. Demonstrada 
a verossimilhança dos fatos alegados na petição do agravo, com como o fundado receio de dano 
irreparável ou de difícil reparação, deve ser mantida a liminar deferida. 4. Recurso provido.” (TJDF, 
AI 20110020035193, 4ª T. Cív., Rel. Des. Arnoldo Camanho de Assis, j. 25.05.2011)
 Vislumbra-se então a possibilidade de fixação dos chamados Alimentos Compensatórios 
tanto para evitar o empobrecimento de um dos cônjuges quanto na hipótese da administração 
dos bens comuns por apenas um dos consortes.
De toda sorte, a grande crítica da doutrina recai sobre a denominação “ALIMENTOS”.
O Professor José Fernando Simão10 entende que:
“Em se tratando de valor pago para que não haja empobrecimento de um dos cônjuges ou 
companheiros essa importância pode ser cedida, pois se trata de crédito pecuniário como 
qualquer outro; pode ser transmitida, como qualquer outra dívida do falecido, pode ser objeto 
de renúncia, pois não tem qualquer relação com o direito à vida; pode ser compensada em 
sendo líquida, vencida e fungível; sofre os efeitos da supressio, ou seja o tempo impede o 
exercício do direito em decorrência do abandono da posição jurídica; e, também, o valor pode 
ser penhorado pelos credores do cônjuge que o recebe. Por fim, caso o valor seja fixado pelo 
juiz, a pretensão de cobrança prescreve em 10 anos conforme o caput do art. 205 do Código 
Civil, e não no prazo especial do parágrafo segundo do art. 206.
Alimentos que não tem nenhuma característica de alimentos não são alimentos.”
E conclui:
“Em se tratando de valor pago porque um dos cônjuges está administrando os bens comuns 
e recebendo seus frutos, essa importância segue exatamente o dito anteriormente: pode ser 
cedida, pode ser transmitida, pode ser objeto de renúncia, pode ser compensada, sofre os 
efeitos da supressio, e, também, o valor pode ser penhorado pelos credores do cônjuge que o 
recebe. Por fim, caso o valor seja fixado pelo juiz, a pretensão de cobrança prescreve em 3 anos 
conforme o caput do art. 206, parágrafo 3º do Código Civil, que cuida do enriquecimento sem 
causa e não no prazo especial do parágrafo segundo do art. 206.”
Talvez nesta última hipótese o termo mais correto a ser empregado seja mesmo o da 
renda dosbens comuns, conforme conceitua o já citado artigo 4º da Lei de Alimentos.
10 SIMÃO, José Fernando. Alimentos compensatórios: desvio de categoria e um engano perigoso. in www.professorsimao.
com.br.
35
A ideia central, de toda forma, é evitar que o cônjuge que administra os bens fique com 
os frutos que pertencem ao outro, seguindo assim as mesmas regras que regem as relações 
condominiais.
Em síntese, o que se busca é a igualdade entre os consortes e a vedação do enriquecimento 
sem causa.
Importante destacar que na maioria dos casos, infelizmente, os alimentos (quer os 
propriamente ditos quer os compensatórios) serão pleiteados por mulheres, em que pese a 
emancipação da condição feminina, sua crescente inserção no mercado de trabalho e o percentual 
de 40% de famílias que são sustentadas por mulheres no Brasil. Isto porque se vislumbra ainda um 
resquício da família patriarcal, com a supremacia da vontade do marido sobre os demais membros 
da família, o que acaba por se prorrogar para depois do fim da comunhão de vida. 
Perfeitamente insertas neste contexto as palavras de Cristiano Chaves de Farias e Nelson 
Rosenvald11 sobre o tema:
“Se, de um lado, observa-se um notável (e justo) avanço da liberdade comportamental feminina, 
ocupando diversas posições sociais, de outra banda, ainda se tem relacionamentos afetivos 
em que a insegurança e a vaidade masculinas (que beiram a burrice emocional) terminam 
por subjugar a mulher nas situações mais cotidianas e banais, que vão desde a imposição do 
sobrenome até o uso de símbolos da superioridade do homem (não custa lembrar a frase 
muito usada para identificar os núcleos brasileiros, ‘Fulano de tal e Família’, como se a esposa 
estivesse submetida a um chefe da família)”
Mais do que uma discussão acerca da natureza de tais verbas (se alimentares ou não), o 
que deve ser almejado é a efetiva igualdade entre os consortes ou companheiros, com a completa 
aplicação do princípio da solidariedade, em nome da dignidade da pessoa humana.
É inadmissível que o projeto de vida comum que ruiu sirva de amparo a desigualdades 
e opressões, com a supremacia financeira e consequentemente emocional de um dos cônjuges 
ou companheiros sobre o outro.
A parte economicamente mais favorecida tem a responsabilidade de garantir a 
dignidade daquele com o qual manteve uma história de cumplicidade e companheirismo 
ao longo da vida em comum. Registre-se aqui que a dignidade, nesse caso, não está atrelada 
somente à sobrevivência, mas também à manutenção do padrão econômico financeiro usufruído 
11 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. cit. p. 695.
36
na constância do casamento ou união estável, para o qual ele também contribui, ainda que 
indiretamente. A contribuição indireta deve ser entendida pelas funções domésticas cotidianas, 
a criação e educação dos filhos, assim como o apoio psicológico e emocional, que possibilita o 
crescimento do casal e da família.
Finalmente, sob o ponto de vista prático, os alimentos compensatórios, com as celeumas 
e contradições já apontadas, devem ser fixados de forma equilibrada e coerente, pois não se pode 
também permitir o enriquecimento sem causa daquele que pleiteia os alimentos compensatórios.
Não possuem necessariamente caráter permanente, eis que, desaparecendo as 
desigualdades criadas pelo rompimento da vida em comum, desaparece também o fundamento 
de sua fixação. Isto pode ocorrer devido à capacitação profissional do credor, à efetiva partilha 
dos bens comuns, ao recasamento, ao empobrecimento do devedor, dentre outras situações 
dinâmicas da vida.
Para a fixação dos alimentos compensatórios é desnecessária a discussão sobre a culpa 
pelo rompimento da união, uma vez que o único fundamento aqui presente é o desequilíbrio 
econômico entre o ex-casal.
 Quanto à forma do pagamento dos alimentos compensatórios, ele pode ocorrer numa 
única parcela ou ainda ser pago através de um valor determinado por um certo período de tempo. 
Considera-se também possível a instituição de usufruto ou a cessão de crédito.
Conclusão
Deve ser buscado, de forma incansável, o respeito, a valorização e a dignidade da pessoa 
humana.
Se a família tem como função basilar a realização pessoal e a felicidade do indivíduo, é 
dela também a primordial função de assistência e solidariedade.
O fim da comunhão de vida faz com que vários sonhos e projetos comuns sejam também 
abandonados ou impossibilitados.
Esta vida em comum, representada pelo casamento ou pela união estável, é revestida 
pelos princípios da solidariedade entre os cônjuges e companheiros e se consubstancia em 
37
diversas normas estabelecidas pelo Código Civil, tais como a assistência moral e material recíproca 
(arts. 1.566 e 1.724), a colaboração de ambos na direção familiar (art. 1.567), pela contribuição 
concorrente proporcional para o sustento no sustento da família (art. 1.568), a presunção de 
participação na aquisição do patrimônio comum (arts. 1.640 1.725) e o dever de prestar alimentos 
(art. 1.694). 
Este desdobramento patrimonial das relações familiares deve ser considerado sob a 
perspectiva da valorização da dignidade de cada um de seus membros e também da solidariedade 
familiar. Por este motivo admite-se a configuração de deveres no pós-casamento ou união estável. 
Nesta esteira, destacamos então os alimentos compensatórios como uma forma de 
amenizar o descompasso financeiro entre os ex-pares, independentemente do regime de bens 
ou da análise do binômio necessidade x possibilidade.
 Pautada nos princípios da solidariedade, responsabilidade, igualdade e dignidade da 
pessoa humana, os alimentos compensatórios visam reparar o prejuízo financeiro causado a um 
dos cônjuges pela separação, quando a desigualdade econômica escondida anteriormente pela 
dinâmica da sociedade conjugal acaba por se tornar evidente. 
Aquele que se mostra privilegiado economicamente tem o dever jurídico e moral de 
manter a dignidade do seu ex-consorte, com quem teceu projetos de uma vida e de quem obteve 
cooperação para a criação de um patrimônio comum.
Esta dignidade se consubstancia não somente na prestação de valores necessários à 
subsistência de seu ex-consorte ou companheiro, mas também na manutenção do padrão de 
vida desfrutado pelo casal até o rompimento dos laços afetivos.
Embora aspectos específicos de cada dinâmica familiar devam ser respeitados, cabe ao 
operador do direito a tarefa da busca da efetividade do direito, com a aplicação de seus princípios 
mais basilares e que permeiam o direito de Família, de forma a preservar a dignidade da pessoa 
humana, a boa-fé entre os cônjuges e os companheiros, a impossibilidade do enriquecimento 
sem causa e a preservação da justa expectativa criada pelos pares ao longo da vida comum. 
PRIVILÉGIO FEMININO DE FORO NO 
DIREITO DE FAMILIA - PROTEÇÃO 
OU DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA?
39
PRIVILÉGIO FEMININO DE FORO NO DIREITO 
DE FAMILIA - PROTEÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO 
NEGATIVA?
Caroline Said Dias
Desde o advento da Constituição de 1988 os juristas passaram a questionar a 
constitucionalidade ou não do privilégio de foro, estabelecido pelo Código de Processo Civil para 
a mulher.
Muito já se discutiu doutrinariamente e pelos tribunais sobre eventual infração ao 
tratamento isonômico entre homens e mulheres, contudo a análise que se pretende fazer neste 
artigo é no sentido de que se este favorecimento hoje deve ser visto por tratamento discriminatório 
negativo ou efetiva proteção à mulher.
Análise do privilegio de foro pelo supremo tribunal de federal
Prevê o artigo 100, I do Código de Processo Civil:
 “Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, 
e para a anulação de casamento;”
Assim, fazendo diferença óbvia entre os gêneros, o legislador previu em 19731, já herança 
do Código de 1939, que a mulher deveria ter foro privilegiadopara tais demandas, o que significa 
que as mulheres poderão ver seus processos tramitando no lugar de sua moradia, mesmo sendo 
Autoras, diferindo da regra geral do artigo 94, que é do domicílio do Réu.
A justificativa para o tratamento diferenciado, concedido pelo legislador em 1939 e 1977, 
foi a fragilidade da posição da mulher.
Mas o questionamento que hodiernamente paira, e foi utilizado por muitos após 
o advento da Constituição de 1988, que trouxe como dogma constitucional a isonomia de 
tratamento entre homens e mulheres, é exatamente se nos dias atuais, a justificativa da fragilidade 
1 Em 1977, a com a lei do divórcio, alterou a redação do artigo, mantendo o privilégio de foro.
40
e hipossuficiência existente desde 1939 pode substituir.
O Supremo Tribunal Federal se manifestou sobre o assunto em 2011, no recurso 
extraordinário 227.114-SP2, tendo como relator o Ministro Joaquim Barbosa, sendo que após 
citar brevemente as três principais correntes doutrinárias3 sobre o tema, optou por considerar 
constitucional a disposição de privilégio de foro feminino.
Importante destacar que a matéria foi tratada pela Suprema Corte em acórdão com 
pouquíssima profundidade, que se espera não revele o mesmo de reflexão utilizada ao decidir.
Assim é que sem adentrar minuciosamente a qualquer fundamento sócio jurídico 
ou político, sem mencionar dados estatísticos e, não seria demais afirmar, sem relevar a 
importância filosófica da questão, a decisão do Supremo Tribunal Federal, rasamente mantém a 
constitucionalidade do artigo 100, I do Código de Processo civil utilizando o argumento de que a 
mulher ainda seria, sempre, a parte mais frágil a ser protegida pelo ordenamento jurídico.
O fundamento fornecido pelo Ministro Relator ainda é o mesmo do legislador de 1939, 
1973 ou 1977, ou seja, conferir a parte menos favorecida privilégio de foro, sendo que neste caso, 
como na maioria, o julgador prefere utilizar somente o critério econômico-financeiro como ponto 
de referência para o que seria “menos favorecido”.
2 “DIREITO CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA ISONOMIA ENTRE HOMENS E MULHERES. AÇÃO DE SEPARAÇÃO
JUDICIAL. FORO COMPETENTE. ART. 100, I DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ART. 5º, I E ART. 226, § 5º DA CF/88. RECEPÇÃO. RECURSO 
DESPROVIDO.~
O inciso I do artigo 100 do Código de Processo Civil, com redação dada pela lei 6.515/1977, foi recepcionado pela Constituição Federal 
de 1988.
O foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio 
da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. 
Recurso extraordinário desprovido.” STJ RECURSO EXTRAORDINÁRIO 227.114 SÃO PAULO, Relator Ministro Joaquim Barbosa, 
22/11/2011
3 As principais correntes doutrinárias sobre o tema são:
1- Pela não recepção do artigo 100, I do Código de Processo Civil pela Constituição Federal de 1988 – CAHALI, Yussef Said. 
Divórcio e Separação, 1992, BARBI. Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil – arts. 1º a 153. 13ª ed. ver. e atual. por 
Eliana Barbi Botelho e Bernardo Pimentel Sousa. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
2 - Pela recepção irrestrita do artigo 100, I do Código De Processo Civil pela nova Constituição Federal de 1988 – NERY, Rosa 
Maria de Andrade. NERY JR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação extravagante, 2006, Costa Machado Código 
de Processo Civil Anotado e Comentado, 2ª Ed. Villela, João Batista. Direitos de Família e do Menor, Del Rey, 1992; Antônio Cláudio 
da Costa Machado, in “Código de Processo Civil Interpretado, artigo por artigo, parágrafo por parágrafo”, Editora Manole, 4ª Edição 
3- É pela recepção do artigo 100, I do Código de Processo Civil, contudo havendo prova em contrário da hipossuficiência da 
mulher caberia a alteração da competência, para a regra geral do Código. - FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. 
Direito das Famílias. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008 - GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. O Novo Di-
vórcio. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010
4 - É de se ver que o Min. Joaquim Barbosa coloca que esta corrente seria de “recepção condicionada” o que, com o devido 
respeito, não seria correto, eis que a norma ou é recepcionada como constitucional ou não, não havendo como condicionar a 
recepção constitucional caso a caso. A condição que o mesmo menciona, para aplicação do foro privilegiado, na realidade é da 
situação fática, diante do entendimento de que o artigo estaria trazendo uma presunção relativa, que poderia ser derrubada 
pelo contexto fático, desde que havendo impugnação.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
41
Certamente que instado a manifestar-se sobre a constitucionalidade da norma, teria 
difícil tarefa de adequar parcialmente a mesma, “condicionando sua constitucionalidade” caso a 
caso, contudo, poderia ter optado, pela “interpretação conforme”, ressaltando a relatividade da 
presunção estabelecida pelo artigo 100, I do Código de Processo Civil.
Situação jurídica atual
Alguns julgadores, mesmo diante do posicionamento da Corte Máxima, estão a entender 
o artigo 100, I do Código de Processo Civil por inconstitucional e outros ainda, não adentrando 
diretamente na constitucionalidade, optam pela saída, de que a presunção é relativa, e assim 
sendo, havendo exceção de competência e comprovada a inexistência de hipossuficiência, o 
privilégio de foro não pode subsistir.
O Tribunal de Santa Catarina, em 2013, pelo relator Des. Ronei Danielli asseverou:
“... Porém, diante da igualdade preconizada em sede constitucional, ainda que do ponto de vista 
estritamente formal, deve-se, na análise do caso a caso, apreciar o privilégio de foro sob o enfoque 
da confirmação da presunção legal.
Reforça essa diretriz a lição de Cássio Scarpinella Bueno:
A melhor interpretação para o dispositivo, de acordo com o “modelo constitucional do direito 
processual civil”, é a que permite ao juiz de cada caso concreto confirmar a presunção assumida 
pelo legislador de maior debilidade da mulher e, consequentemente, a necessidade de ela litigar no 
foro do seu domicílio para não violar os princípios já colocados em destaque. (Curso Sistematizado 
de Direito Processual Civil. V.2, Tomo I. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 36) ...” 4
No direito internacional, após investigar legislação e jurisprudência de diversos países, 
como Estados Unidos da América, Canadá, Inglaterra, França, Nova Zelândia, Austrália, Argentina, 
México, Chile, Peru, República Dominicana, África do Sul, Espanha5, Noruega6, Suíça7, Itália, Inglaterra, 
4 TJ-SC - AC: 20120238936 SC 2012.023893-6 (Acórdão), Relator: Ronei Danielli, Data de Julgamento: 27/02/2013, Sexta 
Câmara de Direito Civil Julgado)
5 Na Espanha, em razão da lei de proteção contra violência de gênero, se nos casos de divórcio houver também de-
núncias de violência envolvidas, a competência de toda causa familiar é alterada para o juízo competente para a causa de 
violência, o que em tese pode ser considerado como privilégio de foro, contudo condicionado a condições específicas que já 
demonstram a necessidade da proteção processual. Ley Orgánica1/2004 – Medidas de Protección Integral contra La Violencia 
de Género
6 Na Noruega 93.8 % dos divórcios são processados administrativamente pelo governo municipal, com base em se-
paração prévia, sendo que não há regras de competência pré definidas, sejam para requerer a competência administrativa seja 
para a judicial. Geralmente, o pedido é feito no domicílio do Autor.
7 Na Suíça a regra é de competência no domicílio do Réu, ou na residência do Autor, desde que este esteja vivendo na 
Suíça ou seja nacional Suíço _ (Código Suiço de procedimentos Civis 2011)
42
Áustria e Portugal, não se pode encontrar em qualquer destes países disposição parecida que 
tenha como foro de competência o da mulher, simplesmente pelo gênero feminino, sendo que a 
definição da competência usualmentese alterna entre o último domicílio do casal, domicílio do 
Autor ou do Réu.8
Na ilha caribenha de Santa Lucia, há previsão no “divorce act” s. 18, de que para a 
competência jurisdicional seja fixada no País, a mulher tenha que estar domiciliada lá, há mais de 
três anos antes do divórcio, contudo as decisões dos tribunais estendem as regras de competência 
tanto para o homem quanto para a mulher.9 A regra territorial interna não faz menção a privilégio 
de foro feminino.
Logo, parece que o Brasil esteja na contra mão de toda comunidade internacional, 
inclusive de países com realidade social bastante parecida, inclusive pior. O privilégio de foro 
não é encontrado em legislações alienígenas, sendo mais uma das ações afirmativas de gênero 
existentes no sistema jurídico brasileiro.10
Brevissima descrição da situação da mulher no brasil
Não se pode negar que o Brasil, assim como o mundo em geral, evoluiu bastante no que 
diz respeito a igualdade de gêneros.
Claramente não se atingiu ainda a igualdade pretendida, sendo que os piores cenários 
em geral estão ligados a questão social em si.
De acordo com Síntese dos Indicadores Sociais a mulher ainda trabalha o dobro de 
tempo do que os homens nos afazeres domésticos, independente do trabalho fora de casa ou de 
serem provedoras principais ou não da família.11
No que tange ao mercado de trabalho, muito embora as mulheres representem 41% 
da força de trabalho, ocupam somente 24% dos cargos de gerência. Contudo, o que não implica 
8 Nos países latinos a tradição tem sido o domicílio do Réu, a não ser quando haja conflito de competência entre juris-
dicionais internacionais. Argentina e Peru tem previsões de último domicílio do casal.
9 http://www.thevoiceslu.com/features/2011/january/22_01_11/Its_just_a_matter_of_jurisdiction.htm
10 As ações afirmativas de gênero são medidas protecionistas legais estabelecidas em razão simplesmente do sexo, e 
que no Brasil, muitas trazidas na Constituição Federal, como licença maternidade, tutela ao mercado de trabalho,etc.
11 DOWBOR, Ladislau. Evolução recente da situação social no Brasil. Economia Global e Gestão, Lisboa, v. 13, n. 1, abr. 
2008 . Disponível em <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S087374442008000100010&ln-
g=pt&nrm=iso>. 
43
imediatamente em conclusões discriminatórias negativas, devendo se levar em consideração o 
papel da mulher na família e na casa, que muitas vezes por sua própria vontade12, resta incompatível 
com alguns cargos de maior responsabilidade no trabalho. 
A mulher em geral ainda exerce jornada de 27 horas semanais de trabalhos domésticos, 
quando os homens dificilmente ultrapassam as 10 horas. As mães com filhos menores de dois 
anos em geral gastam mais de 35 horas semanais nas atividades de família e casa, e as com filhos 
até quatro anos quase 32 horas.13
Quanto isso é uma escolha feminina, quanto é uma indisponibilidade masculina, quanto 
é uma formatação cultural ou biológica, são questões de difícil resposta, as quais vem sendo 
pesquisadas pela comunidade científica em geral, contudo, o fato é que a mulher, exatamente 
por este papel mais preponderante ainda na vida familiar, ou tem uma jornada de trabalho fora e 
dentro de casa perto do insuportável, ou sacrifica um a favor do outro. 
Contudo, é inegável que as condições de 2013 não são as de 1939 1973 ou 1977, e que 
hoje em dia, muitas mulheres possuem capacidade financeira igual ou melhor que as dos homens, 
e se mantem mais estáveis nos cargos de trabalho.
É de se ver a tabela abaixo, onde não se pode negar a alteração da situação fática 
feminina atual:
12 Neste aspecto interessante citar a resposta da presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que 
ao ser perguntada sobre a existência ainda da discriminação contra a mulher assim respondeu:” Infelizmente, ainda existe dis-
criminação sim. Não gosto de acreditar nisso, mas acontece. Agora, pior é própria discriminação da mulher, que se bloqueia e 
não se permite ser mais agressiva no sentido de almejar determinados cargos e ir à luta. Há um estigma, mas acho que isso está 
mudando. Qualquer mudança é lenta. Eu gostaria que fosse mais rápida.” http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/presidenta-
da-sbpc-a-pior-discriminacao-e-a-da-propria-mulher/n1597402584341.html
13 BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cad. Pesquisa. São Paulo, v. 37, n. 
132, Dec. 2007 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015742007000300003&lng=en&nrm=iso
44
Pela tabela acima se vê que desde 1996 até 2009 os números participativos femininos no 
mercado de trabalho, seja em cargos diretivos ou não, tiveram crescimento substancial.
Segundos dados do Seade a diferença nos salários vem diminuindo rapidamente, sendo 
que já em 2000, os salários das mulheres correspondiam a 71% dos salários masculinos, e hoje a 
diferença está ainda menor, embora ainda subsista.
Todos estes dados comprovam de maneira inegável, a alteração drástica condição 
feminina no Brasil.
Proporcionando igualdade com o privilégio de foro?
 No contexto das fortes mudanças de estrutura familiar e social que ocorreram desde 
1939, o questionamento que se faz é se a interpretação da lei não deveria se adaptar as alterações 
fáticas, para conduzir a uma maior sensação de igualdade e não criar, tentando consertar a 
distorção, desigualdades de mesma pujança.
Discriminar não é um verbo por sua concepção básica de conduta com carga negativa, 
eis que discriminar significa diferenciar, discernir, distinguir, mas pode também significar separar, 
afastar, colocar a parte, e pior pode traduzir tratamento de maneira injusta em razão da distinção 
feita.
Assim ver as diferenças ou identifica-las deve servir para tratamento igualitário e não ao 
45
contrário.
E mais, há de se relevar o quanto os favorecimentos da mulher em detrimento dos 
homens, acaba por criar mais injustiça e isolamento social, inclusive dentro da análise jurídica 
dos processos. Ou seja, as diferenças ao invés de trazer proteção acabam por atingir a mulher 
desfavoravelmente, desenvolvendo discriminações negativas e afastando a isonomia pretendida.14
A máxima sempre utilizada é de tratar os iguais de forma igual e os desiguais na medida 
de sua desigualdade.
Portanto, se assim o é, parece que não mais ter lugar negar ao homem questionar o 
foro privilegiado quando, hoje, por muitas vezes, a condição da mulher de hipossuficiência é 
inexistente. 
O favorecimento é ao hipossuficiente, ao mais frágil, independa ele de ser mulher ou 
homem.
A competência territorial é relativa, sendo que em respeito ao tratamento isonômico, 
acolher o fundamento da inexistência da presunção de hipossuficiência em caso concreto, após é 
claro, análise dos fatos e provas, é a única medida que parece adequada.
Isso porque nos dias modernos, a desigualdade financeira, não pode mais simplesmente 
ser presumida como o foi em 1939.
Alguns doutrinadores, conforme já citado anteriormente neste artigo, já se posicionaram 
14 Professor Argentino Mario E Akerman, exemplifica diversas situações onde as ação afirmativas acabam por criar dis-
criminação indireta:
“a) ao se diferenciar o tempo de aposentadoria em relação ao homem, pela motivação de que a mulher exerce múltiplas funções 
domésticas, está-se afastando o homem destas múltiplas responsabilidades. Por outro lado, desestimula a contratação e capacitação 
de mulheres, já que seu tempo de trabalho é menor relativamente ao tempo produtivo para recuperar o investimento feito em eventual 
formação profissional;
b) a proteção à maternidade, sem a correspondente proteção à paternidade de forma a permitir ao homem exercer a paternidade 
responsável e não somente com os trâmites administrativos relacionados com o nascimento;
c) proibição do trabalho da mulher em determinados lugares, tarefas e condições de trabalho, sendo óbvio que o trabalho perigoso,

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