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Fichamento - J. H. Elliott - A Conquista espanhola e a colonização da América; e Nathan Wachtel - Os índios e a Conquista espanhola.

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Fichamento América Colonial.
Aulas 5, 6 e 7
Textos: 6a - J. H. Elliott - “A Conquista espanhola e a colonização da América”; e 6b - Nathan Wachtel - “Os índios e a Conquista espanhola”.
Aula 5 - Fontes indígenas
Com Bartolomeu de las Casas, surge o “Mito do bom selvagem”, no sentido que os indígenas seriam inofensivos, e caridosos. Além disso, ele é responsável pela criação de outros mitos, como a visão negativa que teria sido criada indevidamente, em relação às atividades da Espanha, chamado de “Lenda Negra”. Seguido por outros autores, houve ainda a partir da historiografia conservadora, a criação de outro mito, a chamada “Lenda Rosa”, afirmando que as potências colonizadoras haviam, na sua superioridade, entregado parâmetros superiores de cultura e sociedade às populações indígenas. Com a historiografia, principalmente progressista e de esquerda, houve a contestação destes mitos, e do termo da “descoberta”, pois evidentemente a América já estava descoberta por milhões de indígenas.
Houveram outros cronistas, na área Andina o inca Garcilazo de la Vega, filho de um espanhol com uma mulher indigena, nascido em Cuzco em 1539, escreveu a obra “Comentarios reales de los incas”, a primeira edição foi publicada em 1609, por conta da sua vivência ele teve grande contato com a cultura andina, mas quando concluiu vinte e um anos viajou para a Europa. O tema principal da sua obra é a história do Império Inca, tendo grande influência na historiografia, porém há contestação da visão idílica dada por ele.
Além disso, com sua obra “Nueva coronica y buen gobierno” abordando o mesmo tema, há Felipe Guamán Poma de Ayala, sua biografia é menos conhecida, porém ele descreve as características do mundo andino e tradições espanholas, o que leva a inferir que ele também era mestiço, porém sua obra não possui influência na historiografia colonial, pois só foi publicada no século XX.
Há diferenciações muito grandes entre os dois cronistas, mostrando que não há homogeneidade nesses relatos indígenas.
A arqueologia é uma disciplina que inicialmente é utilizada para analisar sociedades do passado, criando diversos métodos, com a criação de projetos variando de quais os objetivos do estudo. Por exemplo, em geral, qualquer sítio arqueológico que tenha água pode conter vestígios de sociedades indígenas do passado, mas como as possibilidades são muitas, o pesquisador e sua equipe, precisam selecionar o sítio de acordo com seus objetivos. As características comuns a todas essas pesquisas, é que são realizadas em equipes, de duração longa, e que possuem altos custos, pois necessitam de diversos recursos - como laboratórios para catalogação das evidências. Por isso, na América existem lugares com mais ou menos pesquisas arqueológicas, devido aos recursos e a importância dada a cada localização.
Existem características que só puderam ser densamente obtidas com pesquisas arqueológicas, como a incidência de doenças, características de fauna e flora - obtendo padrões de alimentação, e datações de populações. Ou seja, tem muitas informações que a arqueologia oferece, além de corrigir e completar determinadas informações trazidas pelos registros escritos. Porém, a arqueologia também tem suas limitações, em temas que não consegue aprofundar os conhecimentos, como por exemplo, características sobre as religiões que podem ser encontradas em crônicas.
Na área Maia, há o destaque de dois textos em língua indigena, Popol Vuh e Chilam Balam. Em relação ao Popol Vuh, é um texto escrito em língua quiche, pertencente ao grupo quiche, dominante na área Maia, foi escrito no século XVI mas descoberto em 1857, deve ter sido escrito por pessoas que já haviam adquirido o espanhol, pois havia a presença do alfabeto - ausente na sociedade Maia. O livro conta com profecias e oráculos, e tornou-se um livro muito popular, sendo considerado a "bíblia do quiche”. Uma característica peculiar é a semelhança do texto com o gênesis da bíblia católica, abrindo margem ao questionamento da transcrição da obra por uma influência da religião cristã no século XVI.
Sobre Chilam Balam, pode-se dizer que a obra contém diversas partes aparentemente sem nexo entre si, com textos de diferentes características, dando a ideia de textos justapostos. É incorporado em si termos e modelo de escritas indígenas, em comparação com o Popol Vuh possui menos elementos Europeus, por isso torna-se muito mais difícil para um leigo em cultura Maia, ler com clareza.
Por fim, há os códices, muito comuns nas áreas mesoamericanas, sendo considerados patrimônio nacional no México e Colômbia, e altamente preservados. Todos os códices tem
as seguintes características, são lâminas dispostas como um acordeon, pintadas na frente e verso.
Aula 6 - Conquista territorial e econômica
As características gerais da conquista se baseiam em alguns objetivos que funcionam como fundamentação. Primeiramente, relativo à economia, pode-se afirmar que a conquista não teria acontecido se não houvesse um objetivo econômico central, ou seja, se a conquista se mostrasse inviável economicamente, talvez não haveria acontecido, já que a Coroa possuía intenso interesse nas riquezas dos territórios conquistados. Os outros objetivos, como os religiosos, estariam subordinados a este.
Enquanto, o objetivo religioso e espiritual era principalmente utilizado como argumento por membros da Igreja, afirmando que a Coroa autorizava as expedições que constasse como obrigatória a evangelização dos povos que viessem a ser encontrados. Admite ainda, a presença do objetivo econômico como financiamento, porém apenas para expansão da religião católica, com um grau de subordinação.
Ambos objetivos são considerados no curso de América Colonial, o que gera uma presença de aulas abordando a conquista territorial, e a conquista espiritual, como elementos importantes.
Sobre as expedições, pode-se afirmar que os empreendimentos financeiros vinham de iniciativas privadas. A coroa não tinha envolvimento e apenas devia autorizar a embarcação, salvo exceções. O acordo entre Coroa e a iniciativa privada, era de que as riquezas (por exemplo, o ouro) encontradas nessas expedições pertenciam aos conquistadores, mas com a cláusula de que a ⅕ deveria ser direcionado à Coroa.
Relativo aos integrantes, as expedições eram chefiadas pela pequena nobreza, isso se deve ao fato que, a grande nobreza não se interessava pelas expedições, devido aos altos riscos e incertezas. Por outro lado, os plebeus não eram permitidos a ir, justamente por se tratar de viagens que exigiam alto financiamento, certa influência e contatos. Ao contrário do mito de que, qualquer pessoa poderia embarcar e as embarcações contavam com contigente recolhido a força, as tropas eram compostas de pessoas, mesmo que preliminarmente, selecionadas, como infantes, peões, camponeses, e soldados pobres, que deveriam ter
determinado grau de conhecimento marítimo, ou desempenhar funções nas terras encontradas. Sendo assim, todos os envolvidos deveriam ter alguma função na expedição.
Estes integrantes tinham diferentes objetivos que o levavam à expedição, como por exemplo, a ascensão social, o refúgio religioso com permanência nas terras encontradas para prática de sua religião, sem a perseguição - deve ressaltar que, era obrigatório ser católico, mas nesse caso havia uma falsa prática do catolicismo, a ajuda na disseminação da religião católica, e o gosto pela aventura, principalmente por jovens.
Relativo ao poder bélico, um importante mecanismo, pode-se dizer que, os conquistadores se impuseram na América para derrotar os Impérios Indígenas, com a utilização de armas de fogo, armaduras e espadas, gerando uma visível superioridade bélica, além de possuírem animais desconhecidos pelas populações indígenas em sua vantagem (como por exemplo, cavalos), e havia ainda o deslocamento ágil por meio de suas embarcações. Apesar dos indígenas serem superiores em quantidade, tinham menor capacidade bélica e de defesa, pois utilizavam-se de flechas e outras armas que não eram de fogo. Entretanto, apesardo poder bélico ser superior por parte dos conquistadores, ele sozinho não explica a eficácia da conquista, já que existem outros fatores a serem considerados, como o impacto psicológico nessas populações indígenas, a disseminação das doenças e epidemias europeias, e a ausência de cumplicidade formadora de uma unidade indigena.
Sendo assim, as etapas da conquista podem ser dividas em três, sendo:
1492-1519: Com a descoberta do Caribe e de suas redondezas - limitando-se ao litoral, houve a preliminar ideia de região sem riquezas aparentes;
1519-1532: Há a descoberta dos Astecas, dos Maias, e de outros grandes impérios, neste momento estende-se uma visão de grandes sociedades, com alto contingente populacional, difusão de idiomas, religiões e diferentes culturas; e
1532-1555: Há a descoberta dos Incas na área Andina, e concomitantemente há descoberta da existência de ouro e prata, em suas áreas de mineração.
Aula 7 - Conquista espiritual
Primeiramente, padroado é a submissão da Igreja ao Estado, sendo transferido para América (já era existente na Europa). Partindo da ideia, no século XV e XVI, de que seria possível a disseminação do catolicismo, e facilitação da evangelização. Há uma ideia por trás do
padroado e da Inquisição, de que a Igreja precisa desempenhar mais rigorosamente a intolerância religiosa, isso já havia acontecido na Europa com a perseguição de judeus e árabes, e se estende nesse momento com religiões indígenas e africanas.
O Estado passa a assumir algumas funções ou prerrogativas que antes eram atribuídas à Igreja, como: a Coroa passa a indicar cargos eclesiásticos, o Estado oferece e se compromete a pagar salários ao clero e a construir igrejas, paróquias, mosteiros e financiar a formação de padres, a Coroa se responsabiliza a autorizar, ou não, a ida para a evangelização, e qualquer comunicação sobre Roma e as índias deveria ser submetida à aprovação prévia do Conselho das índias.
O poder econômico e a influência da Igreja continuam até, em alguns casos, o século XXI. Para conseguir essa difusão do catolicismo desde o século XVI, a Igreja Católica se organiza em dioceses por toda a América.
No século XVI, ficaram famosos os catecismos, documentos que sintetizam a doutrina católica, onde se indica como se deve praticar o catolicismo, com passagens da bíblia, como a missa deve ser conduzida, e como os fiéis devem seguir a missa, também estão os rituais ao longo do ano, e quais datas são mais importantes. Muitos ensinamentos aparecem nos catecismos, que em geral tem a características de serem bilíngues. Métodos de evangelização também estavam explícitos, e em geral, era considerado convertido quando o fiel memorizava as datas, rezas, e episódios bíblicos. Isso incorporou à população os modelos do catolicismo. O fato é que, em termos gerais a evangelização, no século XVI, seguiu alguns roteiros. Primeiro, assim que se conquistasse um povo indígena se prosseguia a destruir todos os ídolos e vestígios considerados pagãos, em geral eram destruídas as igrejas e em cima construída uma igreja católica, e havia ainda a perseguição de rituais não católicos. Além disso, sacerdotes – autoridades indígenas religiosas, eram perseguidas. Há outros métodos comentados, como por exemplo, facilitação da separação de crianças indígenas que seriam internadas em escolas católicas, e o batismo em massa. Independentemente do método, o fato é que apesar do gigantesco esforço que a Igreja já previa que seria o processo da conquista espiritual, ela foi um sucesso, no sentido em que, apesar dos poucos recursos, grande parte das populações tornaram-se católicas.
As ordens religiosas tiveram funções essenciais durante toda a época colonial. Nesse contexto, as missões, ou reduções, seriam relacionadas ao desafio de evangelizar populações
nômades, que se localizam em lugares afastados dos centros do domínio colonial. A ideia era criar núcleos urbanos, onde pudessem ser contatadas as religiões nômades, atraídas para o centro urbano, ou seja, transformar as populações nômades e sedentárias. Quem se encarregou disso, foram as ordens religiosas, principalmente os jesuítas e franciscanos.
O Concílio de Trento (1545-1563) elabora um tratado de funcionamento da doutrina, os próximos concílios ocorreram somente no século XX, foram feitas algumas reformas como, a liturgia em latim, são criados os sacramentos obrigatórios – batismo, comunhão, casamento e etc. Na América são realizados onze concílios provinciais entre 1551 e 1629, quase todos são realizados nas duas principais capitais da América Espanhola – Lima e México, que comanda maior conjunto de populações indígenas, além disso, nessa época também são realizados sínodos diocesanos (1555-1631).
A Inquisição é uma instituição criada pela igreja católica na Europa e depois transferida para a América. Direcionando suas atividades pelo conceito de heresia – doutrina contrária ao que foi definida pela igreja em matéria de fé, e funcionou como um tribunal, ou seja, havia denúncias e um processo para os acusados, depois uma punição prevista em um código elaborado pela Igreja. Havia bastante autonomia em relação ao Estado e funcionava de acordo com seus próprios regimentos. No caso da América espanhola, foram criadas sedes da inquisição. Em geral, todo réu para salvar-se deveria se declarar culpado. A forma natural de se obter os depoimentos era a tortura, dois métodos eram mais comuns: o potro, e a polé. Por essas características, a inquisição é conhecida como violação dos direitos humanos.
Texto 6a: J. H. Elliott - “A Conquista espanhola e a colonização da América”
A conquista da América espanhola não se deu como sucesso infalível, nem poupou esforços, vários elementos estão presentes na expansão da influência da dominação espanhola.
Os antecedentes da conquista remetem às guerras de Reconquista. De modo geral, a conquista pode atribuir-se a diferentes significados, como colonização, assalto, saque, ocupação, exploração da terra, e conquista de honras, encaixando-se na lógica expansionista dos ibéricos e das aspirações europeias gerais do final da Idade Média.
Sobre o modelo de expansão português, um aspecto característico deste é a presença de feitorias, permitindo aos portugues o estabelecimento de polos de poder sem adentrar internamente os territórios. Apesar disso, as feitorias em si não garantiam a expansão
ultramarina, para isso seria necessário a colonização. Para isso, a solução encontrada pela Coroa portuguesa foi a delegação de terras e responsabilidades de ocupação em troca de privilégios, em uma lógica que mesclava elementos capitalistas e medievais. Enquanto os castelhanos, no final do século XVI, já conheciam as experiências portuguesas e a Reconquista, como plano de fundo para sua expansão. Sobre a Coroa, foi a partir da formação da Espanha - com a união nominal de Castela e Aragão, que o poder real aumentou, com a maior disposição de recursos financeiros e militares.
Relativo especificamente à Castela, a formação de um Estado intrusivo viria a ser fundamental para a eficiência ultramarina, visto por exemplo na ocupação das Canárias, em 1480 e 1490. Essa ocupação ilustra ainda, a caracterização do interesse público conjugado ao privado, presente na Reconquista, e que viria a estar presente na conquista da América, principalmente quando Colombo utilizou-se dessa tradição que constitui a relação entre a Coroa e o comandante da expedição. Contudo, ao contrário do que se esperava, Colombo revelou ter chegado ao que parecia ser novas ilhas e novos povos, suscitando a discussão sobre os direitos de domínio territorial e espiritual. A resposta veio de um papa espanhol, Alexandre VI, que garantiu os direitos sobre as terras, o que levou até o Tratado de Tordesilhas de 1494.
Após a expedição de 1492, outra expedição com diferentes aspectos foi realizada. Diferenciando-se da anterior pela presença da ênfase da necessidade de conversão dos nativos, e da lógica de ocupação permanente no território. Entretanto, as dificuldades também iriam se estabelecer, a idealizaçãode uma rápida construção urbana, implantação de uma cultura e religião, e o retorno em metais preciosos, se mostraria um sonho que logo se esfacelou. Houve uma reinterpretação que baseava-se na não negação do cristianismo por essas populações, ou seja, se esses indivíduos não tiveram contato com a doutrina católica, não poderiam ser considerados infiéis, isso não impediu a escravização de indígenas mas de certa forma, impediu sua difusão. Outro aspecto relacionado a população indigena foi a tentativa falha de torná-la mão de obra assalariada, pois tratava-se de uma sociedade que não conhecia os moldes da lógica europeia de trabalho. Em 1503, a Coroa aprovou uma forma de trabalho forçado, o repartimiento, que carregava determinadas obrigações por parte dos concessionários, como a garantia da instrução dos indígenas no catolicismo. A imposição de trabalho forçado para as populações indígenas foi parte essencial de um processo que se
precipitava, com as guerras, as doenças, os maus tratos, e os traumas psicológicos, sendo a extinção dessas populações. Além das doenças advindas da Europa, essas populações que já estavam desorientadas e abatidas pelos traumas da conquista, perdendo seus padrões de vida, cultura e sob novos modelos sociais e de trbalaho impostos repentinamente. O impacto demografico da conquista europeia foi estarrecedor em suas dimensões e velocidade.
Sendo assim, o declínio das populações indígenas produziu reações diversas, como o movimento de indignação moral. Nesse contexto, a necessidade de criação de uma legislação tornou-se evidente, culminando na Lei de Burgos de 1512, uma tentativa de regular o funcionamento da encomienda, obedecendo os princípios da liberdade indigena que eram proclamados. Evidentemente, apenas a criação da lei, sem regulamentação e autoridades, não garantiu sua aplicação. Consequentemente, com a catástrofe demográfica da mão de obra indigena, a solução encontrada foi a importação da mão de obra escrava africana, essa modalidade já era conhecida pelos Portugueses que importavam negros desde o século XIII. A partir das viagens de Colombo, o número de expedições aumentou e a coroa passou a emitir licenças para a descoberta e conquista de territórios, e junto com cada avanço dos espanhóis a devastação com destruições, degradações, e doenças, também se espalhavam.
Com o alto indice de conversão das populações inidigenas, os números não representavam necessariamente uma verdadeira aptidão ao cristianismo.
No inicio da conquista o movimento de emigração foi composto principalmente por homens, o que passou a ser uma questão para a Coroa, passando a incentizar que os conquistadores fossem casados, e então, o número de mulheres passou a aumentar.
Por fim, a intensa implementação dos elementos euorpeus nas sociedads indigenas fez com que o destino dos povos dominados transformar-se em limitações das civilizações europeias.
Texto 6b: Nathan Wachtel - “Os índios e a Conquista espanhola”.
Houve na América, durante o período da Conquista, uma atmosfera de terror religioso, intensificada pela disseminação do mito do deus civilizador, que retornaria após uma ausência de seu reinado benevolente, ilustrada por uma ideia de que a chegada dos espanhóis em algumas localidades poderia ser vista com certo nível de profecia e pressagio. Porém, esse fator não se perdurou à medida que percebeu-se uma conduta de brutalidade e comportamento frenético dos europeus.
A efetivação da conquista se deu, com a ajuda das divisões políticas e étnicas do mundo indígena.
Além disso, um fator substancial para a vitória dos espanhóis foi a superioridade bélica, mas não se limitava a esse fator, incluindo um impacto psicológico e desintegração das instituições nativa, esse processo de desmantelação das sociedades indígenas acarreta em impactos demográficos diretos, causados principalmente pela disseminação de epidemias, deve-se considerar também que a conquista espanhola em si um período de opressão sanguinaria. Dessa forma, é evidente que uma catastrofe demografica desorganiza as estruturas das sociedades nativas. Ainda, os indigenas sofriam com alta carga tributária, que junto ao descréscimo demográfico gerava um ônus do sistema colonial, e causou ainda um aumento de terras abandonadas rapidamente usurpadas pelos espanhóis.
Há também um processo baseado na conquista espiritual, em que os espanhóis apresentam suas crenças como “verdadeiras”. A desintegração das estruturas que regiam a vida cotidiana gerou uma disseminação do alcoolismo, e outros vícios (como a coca, antes utilizada principalmente em cerimônias religiosas, com a permissão do Inca ou de um governador). A atitude dos espanhóis frente a essa disseminação é ambigua, ao mesmo tempo que condenavam a prática por desviar dos ideias morais, incentivavam-na buscando o lucro, principalmente com a venda de vinho. Dessa forma, o alcoolismo tornou-se uma característica tipica da sociedade nativa. Portanto, as sociedades indigenas enfrentaram um processo de desestruturação demográfica, econômica, social e espiritual.
Ainda, a aculturação das sociedades nativas foi, de certa forma, dificultada pela resistência das tradições. Observa-se que, nas camadas superiores da sociedade, houve uma preeminente rapidez no aprendizado do espanhol, apesar da manutenção do uso da língua nativa. Diferentes formas de rentativas forçadas de aculturação ocorreram através das migrações forçadas (congregaciones no México, e reducciones no Peru), obrigando os indigenas a viver em aldeamentos criados sob o modelo espanhol.
Os indigenas exprimiam sua rejeição ao domínio colonial com a sua fidelidade às tradições religiosas, cuktos aos huacas , deuses locais dos Incas, fizeram parte dessa resistência, além de camuflar seus ídolos e rituais sob uma roupagem cristã. Os indigenas mantinham críticas ao cristianismo, e observavam a prática como idolatria, tal qual os espanhóis consideravam os deuses indigenas como manifestações demoníacas.
Houve ainda, uma continuidade de tradições que se manifestava na adaptação do sistema espanhol ao nativo. Ilustrado por Guaman Poma de Ayala, escritor peruano, que ajuda a interpretar esse processo. Entretanto, o pensamento das sociedades nativas não poderia fugir inteiramente das sublevações provocadas pelo domínio colonial.
Ainda que, com o estabelecimento de dois dominantes centros de colonização no México e no Peru com relativa “facilidade da conquista”, houveram grandes resistências nas fronteiras situadas nas periferias, com a presença de hostilidades. Sendo que, Manco Inca propulsor de revolta contra o domínio espanhol, chegou a sitiar Cuzco durante o período de um ano (março de 1536, até abril de 1537), mantendo as antigas tradições imperiais. Após sua morte, houve ainda uma resistência vinda de seu filho, Sayri Tupac.
Com a presença de movimentos milenaristas. O Taqui Ongo, movimento Andino, pregavam o fim do domínio espanol a partir da volta dos huacas que haviam sido derrotados com a chegada de Pizarro. Dessa forma, ainda profetizava a ocorrência de um evento cósmico, como um dilúvio, ou fim do mundo, pode-se dizer que estes indígenas enxergavam a libertação como algo que viria de uma vitória dos huacas, contra o deus cristão. O movimento foi combatido pela Igreja, sendo considerado uma seita de hereges.
Um outro foco de resistência foi o norte do México, a partir de um repúdio ao cristianismo. Ainda, os chiriguanos formavam uma fronteira que resistiu por três séculos à colonização espanhola, chegando a destruir fortes espanhóis, devastando estancias, e provocando ataques que geravam mortes.
A existência das sociedas das fronteiras demonstra que, as estruturas preexistentes dos estados astecas e incas foram base da colonização espanhola, mesmo que de forma negativa, permanecendo apenas de forma fragmentada e excluida de seu antigo contexto. Sendo assim, as sociedades coloniais sofreram um longo processo de reestruturação em diferentes âmbitos, e assumiu diferentes maneiras de resistência entre a cultura espanhola, na tentativade impor seus modelos sociais e culturais, e na cultura nativa, tentando preservar suas próprias estruturas.

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