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Os desafios da automedicação no Brasil, no século XXI

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Os desafios da automedicação no Brasil, no século XXI 
 A obra cinematográfica norte-americana “O Gambito da Rainha” retrata a história de Elizabeth Harmon, uma jogadora de xadrez que se automedica 
com tranquilizantes, a fim de obter prazer e uma falsa sensação de bem-estar por meio dos efeitos dessas substâncias. Com essa abordagem, a obra 
revela a importância de evitar o consumo de medicamentos que não possuem prescrição médica e de manter a distância do vício para um bom convívio 
social. No cenário atual, fora da ficção, muitos brasileiros enfrentam situações semelhantes, o que colabora com a crescente de casos de automedicação 
no século XXI. Dessa forma, cabe pontuar dois fatores desafiantes para o enfrentamento dessa problemática: a falsa sensação de melhoria instantânea 
promovida pela mídia e o não entendimento dos perigos da automedicação. 
 Nesse contexto, é válido ressaltar que a falsa sensação de melhora é um dos principais riscos da automedicação, haja vista que, apesar do alívio 
imediato de determinada dor, o uso inadequado de um medicamento pode dificultar um futuro diagnóstico médico e provocar resistência aos remédios 
e a intoxicação dos indivíduos que consomem. Com isso, pode-se afirmar que esse uso e a idealização de melhora imediata são agravados devido à 
mídia, uma vez que essa veicula propagandas que contribuem para a romantização do consumo dessas substâncias sem a consulta de um médico ou 
de um profissional especializado, um exemplo disso é a propaganda do “Doril”, analgésico que auxilia no alívio de enxaquecas, que tem como slogan a 
frase “Tomou doril, a dor sumiu”. À vista disso, é perceptível que esses anúncios, ao garantirem melhora de forma rápida e eficaz, provocam o consumo 
inadequado de remédios e, consequentemente, fazem com que a população, ao tomar um medicamento, acredite na amenização da dor, muitas vezes, 
sem essa ter acontecido. Logo, é necessário propagar campanhas que alertem a sociedade sobre os cuidados que devem ser tomados a respeito dessa 
temática. 
 Além disso, é preciso salientar que o amplo uso de medicamentos sem orientação médica, na maioria das vezes, acompanhado do desconhecimento 
dos malefícios que esses podem causar, é um agravante para o rompimento da problemática. O documentário “Take Your Pills”, dirigido por Alison 
Klayman, representa a maneira com que a automedicação tem se tornado presente no cotidiano da sociedade e, também, denuncia o consumo leigo e 
desnecessário de fármacos, de modo a apontar a necessidade de mudança desse paradigma. Diante disso, é perceptível que o fato de os indivíduos 
ingerirem determinados comprimidos demasiadamente é proveniente da carência de informações da população, uma vez que essa, em sua maioria, 
não possui conhecimento consistente sobre o uso racional de medicamentos e, assim, não entende os perigos da automedicação, o que resulta em um 
imenso revés associado à dependência, às reações alérgicas ou, até mesmo, à morte. Dessa maneira, é nítida a urgência de uma forma para solucionar 
a problemática e ampliar o entendimento da população. 
 Portanto, faz-se necessário que o Ministério da Saúde, em ação conjunta com os profissionais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, realize a 
fiscalização efetiva da venda dos antibióticos pelas farmácias de todo o país e, mais ainda, juntamente com o Ministério da Educação, promova debates 
escolares acerca da nocividade da automedicação, por meio da execução de seminários mensais com profissionais da área, a exemplo dos médicos e 
farmacêuticos, a fim de evitar a comercialização sem prescrição médica e de aumentar o nível de informação da população sobre os riscos desse uso 
indiscriminado. Concomitantemente, o governo federal deve, por intermédio de verbas governamentais, investir da promoção de campanhas televisivas 
sobre esse assunto e destinar mais verbas para o Sistema Único de Saúde. Somente assim, casos como o de Elizabeth serão reduzidos, a população será 
conscientizada e essa problemática será resolvida de maneira sensata e cada vez menos desafiadora. 
 
Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes

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