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Profª. MSc. Geisa Vilarins 2 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENFERMAGEM – Profª MSc. Geisa Vilarins INTRODUÇÃO Conhecida como a “arte do cuidar”, a enfermagem busca na administração uma ciência capaz de tornar a profissão operacionalmente racional, tendo em vista que administração é defendida como um instrumento de qualquer organização e que pode ser aplicada em qualquer área. Ao longo dos anos a prática da enfermagem tem contribuído muito para o desenvolvimento da profissão o que faz com que ela necessite do apoio de outras ciências como a administração para a sua expansão. Atualmente, a relação entre paciente e profissional de enfermagem não está restrita apenas ao cuidado como um ato passivo. Existe uma relação de consumo. O paciente ou o usuário/cliente busca um serviço de qualidade proporcionado por um profissional capacitado, ético e que saiba administrar esta relação. Desta forma, há uma forte influência da gestão dos serviços na adoção de padrões éticos, reavaliação de códigos de ética, auditorias, programas de treinamento, contratação de assessorias especializadas em ética, código do consumidor, políticas de valorização dos profissionais, na organização do processo de trabalho entre outros, com vistas a concretizar as ações previamente organizadas para os clientes que buscam os serviços de saúde. A enfermagem tem como característica a continuidade, que necessita não só da colaboração de todos os participantes da equipe como também dos gerentes, responsáveis por tomar providências para que haja a manutenção dos serviços de forma favorável aos clientes e à própria equipe de saúde. Assim, a ação gerencial deve reunir esforços que visem alcançar os objetivos propostos na prestação da assistência de enfermagem. O PENSAMENTO ADMINISTRATIVO Segundo Chiavenato, a palavra administração originou-se do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outro, isto é, aquele que presta um serviço ao outro. É uma ciência da área humana, que no decorrer do desenvolvimento e da evolução da sociedade teve seu significado e conteúdo ampliado e aprofundado, se modificando em conseqüência do contexto sócio, político e econômico e das transformações nas formas de organização do trabalho. A administração se caracteriza pela aplicação prática de um conjunto de princípios, normas e funções dentro das organizações. É praticada especialmente nas empresas, sejam elas públicas, privadas, mistas ou outras. Trata do planejamento, da organização, da direção e do controle das atividades diferenciadas pela divisão do trabalho que ocorrem nas organizações. Para alcançar o objetivo proposto pela organização é necessário o planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos. Administrar é conduzir racionalmente as atividades de uma organização. A tarefa básica da administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de maneira eficiente e eficaz. Ou seja, é o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros. É o ato de gerenciar pessoas e recursos a fim de alcançar objetivos definidos. Administrar é harmonizar e coordenar pessoas. Profª. MSc. Geisa Vilarins 3 O pensamento administrativo sofreu várias influências de fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. Segundo CHIAVENATO, a evolução do pensamento administrativo se deu por meio dos seguintes influências no decorrer do tempo: § Filósofos ou pensadores: A filosofia através de seus pensadores da antiguidade influenciou a administração sendo que dentre eles podemos citar: - Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.), que considera a administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência; - Platão (429a.C. – 347a.C.) – propõe uma forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos; - Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) – estuda a organização do Estado, distinguindo três formas de Administração pública: Monarquia ou governo de um só (que pode se tornar uma tirania); Aristocracia ou governo de uma elite (que pode caminhar para uma oligarquia) e Democracia ou governo do povo (que pode se degenerar em anarquia). - Francis Bacon (1561-1626) – fundador da Lógica Moderna antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como o principal deve prevalecer sobre o acessório. - René Descartes (1596- 1650) – fundador da filosofia moderna, criador da coordenadas cartesianas influenciou vários princípios da moderna Administração, como os da divisão do trabalho, da ordem, do controle entre outros. - Thomas Hobbes (1588- 1679) – desenvolveu a teoria da origem contratualista do Estado, onde o homem primitivo por ser um ser anti-social e viver em guerra permanente com o próximo, necessitava do Estado para impor a ordem e organização da vida social. - Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) – que com a Teoria do Contrato Social, compreende o homem como sendo por natureza bom e afável, mas que com a vida em sociedade se torna deturpado e corrompido. § Igreja Católica: Com a evolução dos tempos e da sociedade, a Igreja Católica foi estruturando sua organização, sua hierarquia, seu estado-maior e sua coordenação funcional. Nos dias de hoje, a igreja apresenta uma organização hierárquica simples e eficiente. Assim sendo, a experiência da igreja católica influenciou a ciência da administração através de seu conceito de hierarquia da autoridade e de estrutura de poder centralizado apenas em uma pessoa. § Organização Militar: A organização militar influenciou e influencia a ciência da administração, por exemplo, através de: organização linear, princípio da unidade de comando, escala hierárquica de acordo com o grau de autoridade e responsabilidade correspondente, centralização do comando e descentralização da execução (dicotomia entre pensar e fazer), princípio de direção (todo soldado deve saber o que espera dele e aquilo que ele deve fazer), desenvolvimento do pensamento estratégico, do planejamento, da disciplina e da tomada de decisão cientificamente elaborada e não intuitiva. § Revolução Industrial: Na Inglaterra a partir de 1776, a partir da invenção da máquina a vapor por James Watt (1736 -1819), ocorre uma mudança na concepção de trabalho, modificando a estrutura social e comercial da época. Assim sendo, de 1780 a 1860 viveu-se a primeira Revolução Industrial, ou do carvão e do ferro. Levando a mecanização da indústria e da Profª. MSc. Geisa Vilarins 4 agricultura, desenvolvimento do sistema fabril, de transportes e de comunicações. Neste período ocorre a migração das áreas agrícolas para as regiões urbanas. De 1860 a 1914 ocorre a segunda Revolução Industrial, ou do aço e da eletricidade. Assim, do sistema de produção artesanal o homem passa ao regime de produção em série nas fábricas, levando a mecanização do trabalho, á divisão do trabalho e a simplificação das tarefas. Com o desenvolvimento do capitalismo surge uma nova classe social o proletariado. Tem inicio uma luta de classe entre os proprietários e os empregados. A Revolução Industrial, apesar de ter provocado uma grande modificação na estrutura empresarial e econômica da época, não influenciou diretamente os princípios de administração das empresas, uma vez que os dirigentes cuidavam de modo empírico, tendo como modelos as organizações militares ou eclesiásticas bem sucedidas. Mas, para a administração a principal conseqüência da Revolução Industrial foi o nascimentoda organização e da empresa moderna. § Economistas Liberais: No final do século XVIII, os economistas clássicos liberais propõem que a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, sendo defensores, portanto da livre concorrência. A influência desses economistas se dá através do: princípio da divisão do trabalho e da especialização, importância do planejamento e da organização, do controle e da remuneração dos trabalhadores. Entretanto, o liberalismo econômico, através da livre concorrência criou áreas de conflitos sociais intensos de modo que Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820- 1885) criaram o chamado socialismo científico e o materialismo histórico, onde afirmavam que todos os fenômenos históricos são o produto das relações econômicas entre os homens. Estas concepções influenciaram e influenciam até os dias de hoje o comportamento administrativo nos níveis individual e social, assim como os métodos e processos, com ênfase na racionalização do trabalho. A partir de então, a Administração foi ganhando corpo, através da Teoria Geral da Administração que estuda as várias teorias ou escolas de acordo com as correntes de pensamento. Assim, no dias atuais, a administração pode ser estudada do ponto de vista da interação e interdependência entre cinco variáveis principais que são: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, e ambiente. Sendo que a adequação entre essas cinco variáveis constitui o principal desafio da administração. TEORIAS ADMINISTRATIVAS A partir das influências já discutidas foram surgindo às teorias administrativas. A palavra Teoria originalmente vem do grego theoria que significa uma visão. Assim, o desenvolvimento de teorias pode ser compreendido como racional e intelectual, conduzindo à descoberta da verdade. Uma teoria é um guia de ação, um guia para a coleta de fatos e a busca de novos conhecimentos, ela pode ser definida como sendo um conjunto de conceitos. Segundo Horta (1979), a teoria é um conjunto de leis particulares, de proposições hipotéticas, conceitos e definições, relacionados a uma explicação comum, logicamente ordenados, que visam explicar eventos, e são criados com algum propósito ou objetivo. Segundo Paim (1986) a teoria é “o núcleo central da ciência, sobre cujas bases se desenvolvem a observação, a descrição e a experimentação”. Concluindo Teorias podem ser definidas como sendo uma forma sistemática de olhar para o mundo e descrevê-lo, explicá-lo prevê-lo ou controlá-lo. Profª. MSc. Geisa Vilarins 5 O conteúdo e o significado da administração sofreram ampliação e aprofundamento através das diferentes teorias existentes, variando de acordo com a teoria ou escola considerada. As teorias da administração surgiram para melhorar a produtividade e embasar a prática através do conhecimento adquirido. As variáveis “tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente”, de acordo com a abordagem de cada autor, marcaram a seu tempo uma ou mais diferentes teorias administrativas, contribuindo no desenvolvimento da administração, conforme a Figura 1: Figura 1: As cinco variáveis da Teoria Geral da Administração. Fonte: Chiavaneto, I. Introdução à TGA, Makron Books, 1998. PRINCIPAIS TEORIAS ADMINISTRATIVAS TEORIA CIENTÍFICA (1856-1915): Frederick Winslow Taylor criou o primeiro modelo científico de organização do trabalho, também denominado de Taylorismo. Ele verificou que no sistema de pagamento por dia de trabalho os trabalhadores não percebiam nenhuma vantagem em trabalhar arduamente, e assim ele afirmava que se a empresa pudesse estabelecer padrões de desempenho fixos, o trabalhador se esforçaria para receber salários maiores. § Pressupostos Básicos: O Taylorismo consiste na aplicação dos princípios de organização e do método científico, com os objetivos básicos de eliminar o desperdício e as perdas, bem como elevar os níveis de produtividade. O que é conseguido através da: - Racionalização do trabalho, decomposição das tarefas em operações simples (levando a quebra do saber operário alterando a relação que o trabalhador tinha até então com o seu trabalho), estudo dos tempos e movimentos; - Especialização do operário; - Padronização de métodos, instrumentos e tarefas, para obter uniformidade e reduzir custos; - Delimitação de tarefas e salários de acordo com a produção individual, com incentivos salariais e prêmios por produtividade; Profª. MSc. Geisa Vilarins 6 - Divisão entre planejamento e execução do trabalho; - Monopólio do conhecimento, através da atribuição aos gerentes de superpoderes para controlar rigorosamente a execução. Assim, Taylor foi considerado “O pai da Administração Científica”, sendo que os principais aspectos do Taylorismo são: 1. Em relação à ênfase: ela esta centrada na realização das tarefas; 2. Quanto à abordagem da organização: a empresa era vista como estrutura formal sendo conceituada como sendo um sistema fechado; 3. Concepção de homem: Homem econômico (homo economicus), considerando o homem como sendo motivável por recompensas salariais, econômicas e materiais; 4. Princípios: os quatro princípios fundamentais da administração científica são – princípio do planejamento – a partir do qual todo trabalho deveria ter como critérios para sua realização métodos baseados em procedimentos científicos; da preparação dos trabalhadores - segundo o qual os trabalhadores devem ser treinados para produzir mais e melhor; do controle – consiste em se certificar que o trabalho esta sendo realizado de acordo com as normas estabelecidas e o plano previsto; e da execução – que consiste na distribuição das tarefas e responsabilidades de acordo com critérios estabelecidos para disciplinar a execução e a divisão do trabalho. § Críticas: Como já dissemos Taylor foi quem propôs a criação de uma “Ciência da Administração”. Antes de suas observações não havia uma análise dos processos de trabalho, os gerentes não se preocupavam com os processos, discutia-se “o que”, mas não o “como”. A partir da racionalização e da padronização, houve incentivo salarial e prêmios por produtividade. Segundo Kurcgant, talvez o aspecto mais crítico na Teoria Científica seja o caráter mecanicista de sua proposta. Além disso, podemos apontar a “superespecialização” do operário, a visão microscópica do homem, a ausência de comprovação científica - uma vez que pouca pesquisa e experimentação científica foram feitas para comprovar as teses - , a abordagem prescritiva, normativa, incompleta da organização e a compreensão da empresa como um sistema fechado. Entretanto, apesar das críticas é importante lembrar que as contribuições de Taylor são relevantes e utilizadas até os dias de hoje, e que a partir de suas observações é que o trabalho passou a ser executado melhor e economicamente, impulsionando toda uma nova forma de compreender a Ciência da Administração. A administração científica é um sistema que economiza trabalho produzindo mais em menos tempo. Foi tida como uma revolução mental e uma maneira das pessoas encararem o trabalho de uma forma mais cordial. A produtividade é gerada através da eficiência, não da escravização do trabalhador e sim da inteligência de como se trabalha. Pode-se observar a característica mecanicista advinda desta teoria, com atividades repetitivas, ênfase na eficiência, e a supervisão funcional. Associa-se esta teoria à prática da enfermagem como uma forma de melhorar a produtividade dos profissionais. Observa-se alguns reflexos desta teoriana administração de pessoas, elaboração de escalas de serviços com a fragmentação do trabalho da enfermagem em atividades e em categorias, fixando a atividade na tarefa e não integralidade do paciente. TEORIA CLÁSSICA (1841-1925) foi idealizada por Henri Fayol. Caracteriza-se pela ênfase na estrutura organizacional e pela busca da máxima eficiência através da adoção de uma estrutura que fosse adequada e consequentemente com um funcionamento compatível com essa estrutura. Sofreu Profª. MSc. Geisa Vilarins 7 críticas como a manipulação dos trabalhadores através dos incentivos materiais e salariais e a excessiva unidade de comando e responsabilidade. § Pressupostos Básicos: A Teoria Clássica compreende a administração como um corpo de conhecimentos que pode ser produzido, desenvolvido e planejado racionalmente, ela foi fortemente influenciada pelas estruturas organizacionais militares e da igreja, compreendendo as empresas como estruturas limitadas a partir de uma hierarquia rígida e estática. Além disso, esta teoria define como sendo funções administrativas o planejamento, a organização, o comando, a coordenação e o controle. Os principais aspectos da Teoria Clássica são: 1. Em relação à ênfase: ela esta centrada na estrutura e no funcionamento organizacional. 2. Quanto à abordagem da organização: a empresa era vista como uma estrutura formal, constituída por um conjunto de órgãos, com desenho de cargos, tarefas, regras e normas bem delimitadas e com uma divisão vertical do trabalho, seguindo uma hierarquia da autoridade. 3. Concepção de homem: Homem econômico (homo economicus), considerando o homem como sendo motivável por recompensas salariais, econômicas e materiais; 4. Princípios: Através desta teoria foram definidos os princípios gerais da administração sendo eles: a. Divisão do trabalho – compreendida como sendo a especialização dos funcionários desde a maior autoridade até os operários, favorecendo a eficiência e a produtividade. b. Autoridade e responsabilidade – sendo que a autoridade é considerada como o direito dos superiores darem ordens que deverão ser seguidas e a responsabilidade como a contrapartida da autoridade. c. Disciplina – estabelecimento de regras de conduta e de trabalho válidas para todos, sem elas ocorre o caos na organização. d. Unidade de Comando: um trabalhador deve receber ordens de apenas um superior. e. Unidade de Direção - um único plano para um grupo de atividades com o mesmo objetivo. f. Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais – o interesse de um funcionário não deve prevalecer sobre o interesse da instituição. g. Remuneração - a compensação deve ser justa, e na medida do possível garantir a satisfação do indivíduo e da empresa. h. Centralização – as atividades essenciais e a autoridade devem ser centralizadas. i. Rede escalar – deve haver uma estrutura hierárquica com uma linha de autoridade fixa. j. Ordem – um lugar para cada coisa, e cada coisa em seu lugar. k. Equidade – senso de justiça que deve prevalecer justificando a lealdade e devoção de cada funcionário a organização. l. Estabilidade – a rotatividade tem efeitos negativos, uma vez que é necessário tempo para que o trabalhador se adapte as suas funções. m. Iniciativa – em todos os níveis é necessário que haja entusiasmo e energia, para que os planos sejam estabelecidos e cumpridos. n. Espírito de Equipe – necessidade do desenvolvimento do trabalho em conjunto, e a manutenção do relacionamento interpessoal. Além disso, esta teoria enumera as funções básicas , necessárias à existência de qualquer empresa, como: Profª. MSc. Geisa Vilarins 8 1. Funções técnicas – relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. 2. Funções comerciais - relacionadas com a compra, venda e permutação. 3. Funções financeiras – relacionadas com a procura e gerência de capitais. 4. Funções de segurança – relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Funções contábeis – relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções administrativas – relacionadas com a integração das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam as demais funções da empresa, pairando acima delas. São elas: § Planejar: estabelece os objetivos da empresa, especificando a forma como serão alcançados. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um plano de ações para atingir as metas traçadas. É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à operacionalização das outras funções. § Organizar: é a forma de coordenar todos os recursos da empresa, sejam humanos, financeiros ou materiais, alocando-os da melhor forma segundo o planejamento estabelecido. § Comandar: faz com que os subordinados executem o que deve ser feito. Pressupõe que as relações hierárquicas estejam claramente definidas, ou seja, que a forma como administradores e subordinados se influenciam esteja explícita, assim como o grau de participação e colaboração de cada um para a realização dos objetivos definidos. § Coordenar: a implantação de qualquer planejamento seria inviável sem a coordenação das atitudes e esforços de toda a empresa, almejando as metas traçadas. § Controlar: controlar é estabelecer padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar que as atitudes empregadas são as mais compatíveis com o que a empresa espera. O controle das atividades desenvolvidas permite maximizar a probabilidade de que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e ditadas. § Críticas: Os estudos de Fayol foram centrados na unidade do comando, autoridade e na responsabilidade, dando a Teoria Clássica um caráter prescritivo e normativo na determinação de regras e normas, além disso, uma vez que se voltou para a estrutura formal da organização, não considerando a estrutura informal, concebeu a empresa como um sistema fechado, sendo criticada também por não estar voltada para as necessidades dos trabalhadores. Propôs a divisão horizontal do trabalho, através do agrupamento de atividades afins, denominada departamentalização e a divisão vertical estabelecendo níveis hierárquicos, com ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Possibilitou uma redução nos custos dos bens manufaturados, tornando muitos destes antes inacessíveis as camadas trabalhadoras, disponíveis para as massas. Tornou ainda possível o aumento dos salários. A Teoria Clássica visa à eficiência da organização. Para a enfermagem, contribuiu com as estruturas rígidas. Observa-se algumas características nas instituições de saúde, como os organogramas nos serviços de enfermagem com linhas de subordinação (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem). Propostas de trabalho resultantes em atividades rotineiras com aspecto apenas quantitativo, sem levar em consideração a qualidade. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS ou ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS (1929) idealizada por George Elton Mayo, é um conjunto de teorias administrativas que ganhou força com a grande depressão econômica criada na quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929. Até então Profª. MSc. Geisa Vilarins 9 como conseqüência das Teorias Científica e Clássica o trabalhador era considerado de forma muito mecânica e econômica, já esta teoria cria novas perspectivas para a administração, ao passar a perceber o trabalhador como portadores de sentimentos e necessidades, deixando de enfatizar a estrutura e passando a preocupar-se comos aspectos psicológicos e sociais do homem no trabalho, estudando também a formação de grupos. A consequência deste estudo foi uma quebra de paradigma em relação aos princípios da Teoria Cientifica, incluindo variáveis comportamentais dos indivíduos na execução de atividades e retirando a tendência de desumanização do trabalho com aplicação de métodos científicos e precisos. A partir daí, a teoria da administração passou a enfatizar a variável pessoa em lugar da estrutura. A preocupação na relação do trabalhador com os grupos sobressaiu a preocupação com as regras e normas a serem executadas. Elton Mayo, considerou a organização informal, a importância da cooperação entre trabalhadores que resultaria em maior produção. Experiência de Hawthorne – estudo de comportamentos realizado para verificar a influência da iluminação na produtividade, buscando variáveis que influenciassem, positiva ou negativamente a produção, ou seja, objetivava-se identificar a correlação entre a iluminação e a eficiência do operários, medida pela produção dos mesmos. Este trabalho ficou conhecido como experiência de Hawthorne, por ser este o nome do bairro onde estava localizada a Western Electric Company, fábrica onde Mayo realizou sua pesquisa, em Chicago, nos EUA. A partir desta experiência Mayo concluiu que a produção não era determinada unicamente pela condição física do trabalhador, mas que ela era uma decorrência também e principalmente da integração dos trabalhadores com o grupo social. § Pressupostos Básicos: A partir desta teoria a administração passou a discutir novas variáveis, entre elas a motivação humana, a liderança, a comunicação e a dinâmica de grupo. Os principais aspectos da Teoria das Relações Humanas são: 1. Em relação à ênfase: ela esta centrada na percepção de que um problema humano para ser resolvido necessita de dados, informações e ferramentas também humanas, ou seja, a ênfase está nas pessoas; 2. Quanto à abordagem da organização: passou-se a salientar a importância da organização informal, da cooperação entre os trabalhadores para os resultados na produção e para a necessidade de não haver incompatibilidade entre os objetivos da organização e os dos trabalhadores. 3. Concepção de homem: nesta teoria as recompensas sociais é que são consideradas como fatores determinantes no desempenho do indivíduo, assim o homem e considerado um ser social – “homem social”. Até então, o trabalhador era tratado pela Teoria Clássica de forma muito mecânica. Com os novos estudos, o foco mudou e, do Homo economicus o trabalhador passou a ser visto como Homo socialis. 4. Princípios: da mesma forma novos princípios passaram a ser discutidos entre eles: as recompensas sociais como determinantes do desempenho e a administração participativa. § Críticas: As principais críticas a esta teoria apontam para a concepção ingênua e romântica dos trabalhadores e para a ênfase exagerada nos grupos informais, que fizeram com que ela se tornasse uma forma paternalista de administração, ignorando os confrontos e conflitos entre empregados e administradores, levando a um enfoque manipulativo e demagogo. O maior Profª. MSc. Geisa Vilarins 10 impacto desta teoria foi à constatação de que os trabalhadores possuem uma capacidade para agir eficientemente na medida em que lhes é oferecido certo grau de responsabilidade, e que os problemas humanos no trabalho podem ser equacionados e solucionados. A influência desta escola na administração de pessoal de enfermagem, contribuiu para que a liderança surgisse como estratégia. A comunicação entre enfermeiro e outros membros do grupo (enfermagem ou multiprofissional) foi considerado como fator relevante para continuidade e otimização do trabalho de enfermagem. O princípio base da Teoria das Relações Humanas de que o homem tem necessidades sociais, deseja relacionamentos recompensantes no local de trabalho e responde mais às pressões de grupo do que à autoridade dos superiores e ao controle administrativo, constitui a sua principal contribuição para a gestão. É a partir daqui que nasce um novo tipo de gestão mais preocupada em conhecer as necessidades individuais e de grupo dos operários e a procurar a eficiência e a produtividade através da liderança, motivação e comunicação. Por outro lado, é também a partir da Teoria das Relações Humanas que nasce o conceito de organização informal. TEORIA BUROCRÁTICA ou TEORIA DAS ORGANIZAÇOES (1940): Esta Teoria administrativa desenvolveu-se quando o sociólogo alemão Max Weber estudou as organizações sob o aspecto estruturalista enfocando a adequação dos meios utilizados nas empresas em relação aos resultados, aos fins esperados. Ele abordou abordou esta teoria como uma forma de organizar a empresa e controlá- la rigidamente em suas atividades. Segundo esta teoria, um homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada, muito minuciosamente e, em hipótese alguma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho. A Sociologia da Burocracia propôs um modelo de organização e os administradores não tardaram em tentar replicá-los na prática em suas empresas. A burocracia é uma forma de organização que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance dos objetivos. Popularmente por burocrática compreendemos uma organização onde os papéis se multiplicam e avolumam tão complexa que impede as soluções rápidas ou eficientes, ou também como o seguimento rígido dos funcionários aos regulamentos e rotinas, levando a ineficiência da empresa, assim burocracia costuma ser sinônimo de defeitos ou disfunções do sistema e não o sistema em si mesmo, mas não devemos nos prender ao julgamento de valores da palavra burocracia. No conceito de Max Weber burocracia é exatamente o contrário, é a organização eficiente por excelência que detalha antecipadamente como as tarefas deverão ser realizadas, devendo ser impessoal e formal. § Pressupostos básicos: Para Weber as principais características do Modelo Burocrático seriam: ü Caráter formal e legal das normas, regulamentos, rotinas, procedimentos e comunicações; ü Divisão de trabalho, estabelecendo o grau hierárquico de cada cargo, o poder, a responsabilidade, as atribuições e as condições necessárias; ü Ênfase e estímulo à competência técnica e profissionalização; ü O corpo administrativo deve ser separado da propriedade da empresa, com especialização da administração; ü Completa previsibilidade do funcionamento. Profª. MSc. Geisa Vilarins 11 Os principais aspectos da Teoria Burocrática são: 1. Em relação à ênfase: ela esta centrada na estrutura organizacional. 2. Quanto à abordagem da organização: compreende a empresa como estruturada por normas e regulamentos previamente estabelecidos por escrito, que definem antecipadamente como ela deve funcionar, conferindo um caráter formal à organização. 3. Concepção de homem: caracteriza-se pela impessoalidade nas relações humanas, considera os trabalhadores apenas em função dos cargos e funções que exercem na empresa - Homem organizacional. 4.Princípios: segue os mesmos princípios da Teoria Clássica. Weber identifica três fatores principais que favorecem o desenvolvimento da moderna burocracia: - desenvolvimento de uma economia monetária: Na Burocracia, a moeda assume o lugar da remuneraçãoem espécie para os funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o fortalecimento da administração burocrática; - O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado Moderno; - A superioridade técnica – em termos de eficiência – do tipo burocrático de administração: serviu como uma força autônoma para impor sua prevalência. Nesta teoria, observa-se o comportamento do trabalhador preestabelecido, treinado. As relações humanas passam a ser caracterizadas pela impessoalidade. Há uma divisão sistematizada do trabalho, rotinas, procedimentos e a especialização técnica proporciona remuneração condizente ao cargo, possibilidade de ascensão na organização. § Críticas: Um dos dilemas enfrentado pela Teoria Burocrática diz respeito ao fato de que a impessoalidade e a racionalidade do modelo não permitem uma liderança competitiva ou uma sobrevivência em um ambiente dinâmico, onde existem pressões constantes de forças exteriores que encorajam o burocrata a seguir ouras normas diferentes das da organização. Além disso, o exagerado apego as regras, normas e regulamentos, assim como o modo operacional mecânico, a desatenção ao comportamento humano inibem a criatividade a flexibilidade, transformando muitas vezes os meios em fins. Como aspectos positivos são citados: a possibilidade de maior rapidez nas decisões; uniformidade de rotinas, procedimento e na interpretação, uma vez que toda regulamentação é escrita, redução do atrito entre as pessoas, subordinação dos mais novos aos mais antigos, constância e confiabilidade, pois tudo é conduzido de acordo com as normas entre outros. As propostas da teoria burocrática estão presentes nos serviços de enfermagem, a presença de pessoal técnico e especializado, comportamentos e posições já determinadas pela estrutura organizacional, regras e normas condicionadas a poucas mudanças. TEORIA ESTRUTURALISTA: surgiu por volta da década de 40, como um desdobramento de autores voltados para a Teoria da Burocracia que tentaram conciliar as teses propostas pela Teoria Clássica e pela Teoria das Relações Humanas. Ao final da década de 1950, as Teorias Clássica e Relações Humanas criaram situações sem saída que a Teoria da Burocracia não deu conta de resolver, e a Teoria Estruturalista foi criada na tentativa de suprir essa carência de soluções na Administração. (CHIAVENATO, 2003). A Teoria Estruturalista teve como origem a oposição surgida entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, incompatíveis entre si, tornando necessária uma posição mais ampla e compreensiva que integrasse os aspectos considerados por uma e omitidos pela outra e vice-versa. A Teoria Estruturalista pretende ser uma síntese delas, inspirando-se na abordagem de Profª. MSc. Geisa Vilarins 12 Max Weber. Assim, representa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão extremamente crítica da organização formal. O movimento estruturalista teve um caráter mais filosófico na tentativa de obter a interdisciplinaridade das ciências. O enfoque da teoria estruturalista é na estrutura e ambiente, o que trouxe uma importante ruptura com relação as anteriores. Ela mostra a organização como sendo um sistema aberto que se relaciona com o ambiente e com outras organizações. Baseia-se no conceito de estrutura, que é um todo composto por partes que se inter-relacionam. Portanto, o todo é maior do que a simples soma das partes. O que significa que os sistemas organizacionais não são a mera justaposição das partes. Parte do conceito de estrutura, como uma composição de elementos visualizados em relação à totalidade da qual fazem parte. Portanto, por sua natureza, todas as partes estão estruturadas (subordinadas uma a outra) de tal forma que alterações em qualquer delas implica em rever o todo. Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o "homo economicus" e a Teoria das Relações Humanas "o homem social", a Teoria Estruturalista focaliza o "homem organizacional", a pessoa que desempenha diferentes papéis em várias organizações. Na sociedade de organizações, moderna e industrializada, avulta a figura do homem organizacional que participa de várias organizações. O homem moderno, ou seja, o homem organizacional, para ser bem-sucedido em todas as organizações, precisa ter as seguintes características de personalidade: - Flexibilidade, em face das constantes mudanças que ocorrem na vida moderna e da diversidade de papéis desempenhados nas organizações. - Tolerância às frustrações para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades individuais, cuja mediação é feita através de normas racionais, escritas e exaustivas. - Capacidade de adiar as recompensas e poder de compensar o trabalho rotineiro na organização em detrimento de preferências pessoais. - Permanente desejo de realização para garantir cooperação e conformidade com as normas organizacionais para obter recompensas sociais e materiais. TEORIA COMPORTAMENTALISTA ou BEHAVIORISTA (1950): Kurt Levin (1890- 1947) em suas pesquisas sobre o comportamento social, reforça a importância da motivação. Esta teoria teve origem a partir de uma crítica e reestruturação da Teoria das Relações Humanas, e apesar de compartilhar dos conceitos fundamentais rejeita as concepções românticas e ingênuas desta teoria. Assim, a partir da década de 50, inicialmente nos Estados Unidos, se desenvolve uma nova concepção de administração, que transfere a preocupação com a estrutura para o processo, para o comportamento humano nas organizações, tendo por base o movimento Behaviorista ou das ciências do comportamento. Os estudiosos desta teoria se debruçaram sobre a análise do comportamento das pessoas, principalmente no que diz respeito ao que motiva as pessoas. Levin, especificamente, elabora a Teoria de Campo, que se baseia em duas posições fundamentais: 1. Comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes; Profª. MSc. Geisa Vilarins 13 2. Esses fatos coexistentes têm caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes. Para explicar o comportamento humano ele propõe a seguinte equação: Onde: C (comportamento) é função (f) ou resultado da interação entre a pessoa (P) e o meio ambiente (M) que a rodeia. A teoria passou a abordar o comportamento das pessoas em relação ao processo e a dinâmica organizacional, a busca de soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais. Dentre as várias proposições sobre a motivação humana, citam-se as contribuições de Maslow com o estudo das necessidades humanas básicas, de Mc Gregor com a teoria X e Y, Herzberg com a teoria higienista e Likert com os sistemas de administração. Vejamos resumidamente o que falavam estes estudiosos: TEORIA DA MOTIVAÇÃO DE MASLOW ou da hierárquica das necessidades humanas: Segundo Maslow, as pessoas são dominadas por motivos ou solicitações de suas necessidades internas insatisfeitas, que orientam e determinam o comportamento. Há uma hierarquia dessas necessidades, uma escala de prioridades, conforme demonstra a Figura 2: Figura 2 – Pirâmide das Necessidades Humanas Básicas. Fonte: MASLOW, 2000, p.105. C = f(P,M) Profª. MSc. Geisa Vilarins 14 Estas cinco categorias de necessidades são importantes, interdependentes e justapostas. E elas podem surgir concomitantemente, ou seja, uma necessidade deauto- realização pode surgir antes que uma necessidade fisiológica esteja completamente satisfeita, o alcance dos níveis não é permanente sendo que a ordem à importância das necessidades das pessoas e as maneiras de satisfazê-las podem se modificar. TEORIA DE McGREGOR ou da Participação ou Teoria XY: Posteriormente à ideia da existência de necessidades humanas lançadas por Maslow, Douglas McGregor, complementa tais afirmações dizendo que essas necessidades encontram satisfação no próprio trabalho. McGregor assinala a existência de um conflito básico entre as necessidades dos indivíduos e as da organização, e considera que nenhuma das partes pode ser plenamente satisfeita, mas cabe ao administrador orientar seus esforços nesse sentido. A obra maior de McGregor - O lado humano da empresa - é o registro da denominada Teoria X e Y. Esta teoria, extremamente interessante, mostra duas formas distintas de “ser”' do trabalhador ou duas formas distintas de “ver” o trabalhador relacionando o tipo de comportamento humano e os estilos dos administradores: a) Teoria X - que corresponde à suposição de que o homem é uma criatura indolente e que foge à responsabilidade, que tem aversão ao trabalho e o evitaria se pudesse, daí a necessidade de organizar todo o seu trabalho e controlá-lo, por meio de regulamentos, disciplina, através de promessas de recompensas e elogios. Caracterizada por uma chefia autoritária, com padrões de desempenho inflexíveis e com rígidos sistemas de controle representou os estilos das teorias científica de Taylor, Clássica de Fayol e a da Burocracia de Weber. Um trabalhador X, ou um trabalhador visto por um gerente de visão X, não gosta de trabalhar e o faz somente quando é compelido. Não gosta de assumir responsabilidade, é pouco ou nada ambicioso e busca acima de tudo segurança. b) Teoria Y - que corresponde à suposição de que o homem é uma criatura que tem motivações e necessidades que necessitam ser satisfeitas, gostam do trabalho quando compreendem o que se espera delas e quando recebem satisfação decorrente do mesmo, daí a necessidade do conhecimento da motivação humana como meio de obtenção de eficiência no trabalho. Um trabalhador Y, ou um trabalhador visto por um gerente de visão Y, é alguém que, pelo contrário, sente-se bem no trabalho e busca atingir os objetivos que lhe são colocados; é alguém criativo e com potencialidades que podem e devem ser exploradas. As ações são descentralizadas, há uma maior participação dos trabalhadores e também uma proposta de auto avaliação. Esta teoria é o estilo mais adequado em todas as situações e gera um clima de trabalho favorável que estimula, por si mesmo, a alta produtividade, o autocontrole e a criatividade. A teoria de McGregor considera que o homem renova suas próprias necessidades, ela é normativa e fornece uma descrição interessante de uma filosofia da organização calcada no humanismo e na tentativa de integrar as necessidades individuais e organizacionais. Propõe uma administração participativa ou consultiva na quais os indivíduos participam ou são consultados quanto às decisões que devem ser tomadas a seu respeito. É interessante perceber que na administração de pessoal de enfermagem, a adoção de estilos de chefia são compatíveis com a Teoria X. Profª. MSc. Geisa Vilarins 15 TEORIA DE HEZBERG ou dos Dois Fatores: Outro a contribuir na teoria comportamentalista foi Frederick Herzberg que defende a existência de dois fatores que alteram o sentimento do colaborador, motivando ou desmotivando o indivíduo, sendo publicada em seu livro “A Motivação para Trabalhar” (The Motivation to Work). Tal teoria teve por base entrevistas realizadas com diversos profissionais da área industrial de Pittsburgh. Seu objetivo era identificar os fatores que causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho. Para isso, questionou os entrevistados sobre o que os agradava e os desagradava nas empresas em que trabalhavam. Herzberg, então, dividiu estes relatos em dois fatores: motivacionais (os que agradavam) e higiênicos (os que desagradavam). Diferentemente de Abraham Maslow, que estudou a satisfação das necessidades das pessoas em diversos campos de sua vida, Herzberg procurou estudar o comportamento e a motivação das pessoas dentro das organizações, especificamente. Para o autor, o oposto de satisfação profissional não é a insatisfação, mas nenhuma satisfação, ou seja, ausência de satisfação profissional. Bem como, o oposto de insatisfação não é a satisfação, mas sim nenhuma insatisfação. A satisfação no cargo depende de Fatores Motivacionais e a insatisfação do cargo depende de Fatores Higiênicos, confore ilustrado na Figura 3. Estes dois fatores orientam o comportamento das pessoas em diversas situações de trabalho: - Fatores Higiênicos: Dizem respeito às condições físicas do ambiente de trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades de crescimento, etc. Segundo Herzberg, estes fatores são suficientes apenas para evitar que as pessoas fiquem desmotivadas. A ausência desmotiva, mas a presença não é elemento motivador. Nesta teoria, os fatores higiênicos são aqueles necessários para evitar que o funcionário fique insatisfeito em seu trabalho, porém, eles não são capazes de fazer com que ele se sinta completamente satisfeito. São chamados fatores insatisfacientes, também conhecidos como extrínsecos ou ambientais. - Fatores Motivacionais: Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas e às atividades relacionadas com o cargo em si. Incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso pleno de habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e objetivos relacionados ao trabalho e auto-avaliação de desempenho. São chamados fatores satisfacientes. A presença produz motivação, enquanto a ausência não produz satisfação. Também chamados de intrínsecos. Figura 3 – Grau de satisfação de acordo com os fatores motivacionais e higiênicos, segundo Hezberg. Profª. MSc. Geisa Vilarins 16 Estes dois fatores são independentes e não se vinculam entre si. Os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. Para Hezberg, a estratégia de desenvolvimento organizacional mais adequada é a reorganização que ele denomina ‘enriquecimento de tarefas’ a qual consiste basicamente em aumentar a responsabilidade do cargo adicionando tarefas gradativamente mais elevadas e desafiantes. Ao final do estudo, Frederick Herzberg concluiu que os fatores que levavam à insatisfação profissional nada tinham a ver com aqueles que influenciavam na produção de satisfação dos trabalhadores. Assim, o autor percebeu que os fatores que causavam a satisfação dos trabalhadores estava relacionado ao seu trabalho, à tarefa desempenhada, sua natureza, responsabilidade, promoção etc. Herzberg constatou, também, que os fatores que causam a insatisfação dos empregados são puramente ambientais, que não dizem respeito à tarefa desempenhada. São relacionados à natureza das relações interpessoais, condições do ambiente de trabalho, salário etc. TEORIA DE LIKERT ou dos Perfis Organizacionais: para Rensis Likert, a administração é um processo relativo, onde não existem normas e princípios válidos para todas as situações, e assim elanão pode ser igual em todas as organizações, assumindo feições diferentes, de acordo com as condições internas e externas das organizações. Ele propõe então uma classificação de Sistemas de Administração definindo quatro perfis organizacionais, conforme o Quadro 1: § Autoritário coercitivo – fortemente arbitrário e que controla rigidamente toda a organização; § Autoritário benevolente – variação atenuada do primeiro, mais condescendente e menos rígido; § Consultivo – caminha na direção participativa, e gradativamente representa um abrandamento da arbitrariedade organizacional; § Participativo – democrático e aberto. Para chegar a esta classificação ele analisou as seguintes variáveis organizacionais: o processo decisorial adotado; o sistema de comunicação existente; o relacionamento interpessoal e o sistema de recompensas e punições vigentes na organização. Quadro 1 – Características dos Sistemas de Administração de acordo com as váriaveis organizacionais, segundo Likert, 1976. VARIÁVEL ORGANIZACIONAL AUTORITÁRIO COERCITIVO AUTORITÁRIO BENEVOLENTE CONSULTIVO PARTICIPATIVO Processo decisório Centralizado e exclusivamente na cúpula que resolve todos os imprevistos. Centralizado na cúpula com diminuta delegação nas decisões de pequeno porte, em caráter rotineiro e repetitivo e sujeitos à aprovação posterior. Consultivo e participativo em que a opinião das pessoas é considerada na definição das políticas e diretrizes da organização. Decisões são totalmente delegadas para a base a não ser em situações emergenciais em que a cúpula decide com a ratificação explícita dos grupos envolvidos. Profª. MSc. Geisa Vilarins 17 Sistema de Comunicações Precário e mandatório, sendo que ocorrem sempre verticalmente de cima para baixo. Relativamente precário, prevalecendo comunicações verticais e descendentes, embora sejam permitidas eventuais comunicações ascendentes. Provê comunicações verticais descendentes e ascendentes bem laterais entre os pares, apoiadas por eficientes sistemas de comunicação. Flui em todos os sentidos por meio de sistemas de informação, fundamentais por sua flexibilidade e eficiência. Relacionamento interpessoal Prejudicial ao bom trabalho e visto com extrema desconfiança pela cúpula que desenha os cargos a fim de isolar as pessoas evitando a interação. Tolerância acerca de relacionamentos em um clima de condescendência relativa em que a interação humana e a organização informal são incipientes. Confiança elevada depositada nas pessoas, embora não completa e definitiva. Favorece uma organização informal sadia e positiva. Realização do trabalho em equipes e grupos espontâneos que incentivam o relacionamento entre as pessoas e um espírito de colaboração. Sistema de recompensas e punições Ênfase em punições e medidas disciplinares, gerando um ambiente de temor e desconfiança em que o regulamento deve ser obedecido à risca. Ênfase em punições e medidas disciplinares com menor arbitrariedade e concessão de recompensas materiais e salariais. Ênfase nas recompensas materiais e simbólicas, embora eventualmente ocorram punições e ações disciplinares. Ênfase nas recompensas materiais e simbólicas em que punições e ações disciplinares são raras e definidos pelas próprias equipes. Estilos de Liderança Foco nas regras. Foco em si. Foco nos resultados. Foco nas pessoas. Estes quatro sistemas mostram as diferentes e gradativas alternativas existentes para administrar uma organização, além disso, Likert constatou que quanto mais próximo do sistema participativo estiver o estilo de administração da organização, maior será a probabilidade de haver alta produtividade, boas relações de trabalho e elevada rentabilidade. § Pressupostos Básicos: A teoria comportamentalista abandona as posições normativas e prescritivas das teorias anteriores para a adoção de posições explicativas e descritivas. Apresenta como principais aspectos: 1. Em relação à ênfase: nas pessoas; 2. Quanto à abordagem da organização: ela compreende a organização como um sistema social, cooperativo e racional e, portanto formal e informal; 3. Concepção de homem: esta teoria deu ênfase ao Homem Administrativo, pois visa à maneira satisfatória e não a melhor maneira de realizar o trabalho tendo por base o behaviorismo; 4. Princípios: estuda os fenômenos sociais através das causas que influenciam os comportamentos dos indivíduos tanto em nível micro como macro. § Críticas: questiona-se a relatividade da teoria da motivação que considera como se todas as pessoas possuíssem as mesmas necessidades e como se estas pudessem ser hierarquizadas linearmente. Outra questão diz respeito ao fato de estrutura formal da organização ser considerada de forma isolada, independente da estrutura informal. Além disso, ela também é Profª. MSc. Geisa Vilarins 18 criticada pela tendência a ser manipulativa, uma vez que busca descobrir formas intrínsecas de obter maior produtividade ou qualquer outro objetivo. Como aspecto positivo é possível destacar a grande contribuição desta teoria para a administração ao evidenciar os diferentes estilos com que os administradores dirigiam suas equipes, unindo a escolha do estilo às convicções que estes possuíam sobre o comportamento humano. As teorias motivacionais demonstraram ainda que os objetivos dos indivíduos nem sempre se aproximam dos objetivos das organizações, levando muitas vezes, a um comportamento alienado e ineficiente, que pode retardar ou impedir o alcance dos objetivos das organizações. Por outro lado, é difícil de definir parâmetros universais que possam ser utilizados para motivar as pessoas, há sempre um componente subjetivo na motivação, e, portanto o que é bom para uma pessoa pode não ser para outra. TEORIA NEOCLÁSSICA: é o nome dado a um conjunto de teorias que surgiram na década de 50 e que propõem uma retomada das abordagens clássica (Fayol) e científica (Taylor) da administração. Tem como principal referência Peter Drucker. Esta teoria surgiu a partir da releitura e aprimoramento de algumas características da administração clássica, através de testes e experimentos, sendo vários os autores que compõem seu corpo de conhecimentos. A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de se utilizarem os conceitos válidos e relevantes da Teoria Clássica, expurgando-os dos exageros e distorções típicos de qualquer teoria pioneira e condensado-os com outros conceitos igualmente válidos e relevantes oferecidos por outras teorias administrativas. Tem como princípio o fato de que as ações administrativas devem ser planejadas, organizadas, direcionadas e controladas, sendo estas as funções administrativas que formam o chamado processo administrativo. Um dos produtos da Teoria Neoclássica é a chamada Administração por Objetivos. Para neoclássicos administrar significa coordenar os esforços de um grupo de pessoas para alcance dos objetivos comuns de forma que os dispêndios sejam mínimos. Afirmavam ainda que todas as organizações possuem dimensões administrativas comuns. § Pressupostos Básicos: Ela se caracteriza pela ênfase na ação, na operacionalização prática da administração; reafirmação dos postulados clássicos que são redimensionados e reestruturados de acordo com uma configuração mais ampla e flexível; retoma os princípios de administração como critérios elásticos para a busca de soluções práticas; enfatiza os objetivos e os resultados como forma de avaliar o desempenho das organizações; absorção do conteúdo de outras teorias administrativas mais recentes; concebe a administração como uma técnicasocial de lidar com pessoa, influenciando-as para o alcance de objetivos e resultados. Além disso, os autores neoclássicos adotam o processo administrativo como núcleo de sua teoria eclética e utilitarista, definindo como funções administrativas: o planejamento, a organização, a direção e o controle. Os principais aspectos da Teoria Neoclássica são: 1. Ênfase na prática da Adminsitração: caracteriza-se poruma forte ênfase nos aspectos práticos e utilizáveis da Administração, pelo pragmatismo e pela busca de resultados concretos e palpáveis; Foco na ação administrativa; Influência da cultura anglo- saxônica. 2. Reafirmação relativa das proposições clássicas: Reação às ciências do comportamento; Retomada do legado da abordagem clássica; Ampliação e flexibilidade à teoria clássica. Profª. MSc. Geisa Vilarins 19 3. Ênfase nos princípios gerais de gestão: Estabelecimento de normas de comportamento administrativo; Retomada dos princípios gerais de planejar, organizar, dirigir e controlar; Crença de que os problemas de gestão são sempre os mesmos, independente do tipo e tamanho da organização. 4. Ênfase nos objetivos e resultados: Premissa de que toda organização existe para atingir objetivos e alcançar resultados; O desempenho da organização deve ser avaliado com base nos objetivos e resultados. 5. Ecletismo nos conceitos: Apesar de sustentar-se em conceitos da teoria clássica, o conteúdo de teorias mais recentes é absorvido pelos autores neoclássicos. Os Neoclássicos trouxeram também os conceitos de Eficiência, Eficácia e Efetividade. Peter Drucker, por exemplo, definiu os termos da seguinte forma: “A eficiência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima, etc…” “Já a eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial”. § Críticas: Um aspecto positivo é a tentativa de superação dos aspectos negativos da teoria clássica, o caráter prescritivo e normativo na determinação de regras e normas, e a concepção da organização como um sistema fechado. O processo administrativo adotado por esta teoria se mostra flexível, maleável e adaptável às situações variadas e circunstâncias diferentes. Seu grande desafio é conseguir a participação dos trabalhadores e enfrentar o dilema da centralização versus descentralização. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL: surgiu a partir de 1962 em função das finanças no mundo das organizações e da adequação das estruturas convencionais a essas novas circunstâncias. A Teoria do Desenvolvimento Organizacional (TDO) não teve apenas um autor, mas quem á iniciou foi Leland Bradford e pode ser considerado um desdobramento da Teoria comportamental em sentido a abordagem sistêmica, ou seja, engloba os estudos do comportamento humano e da estrutura. Além disso, é um esforço para alterar comportamentos, valores, atitudes e estrutura de uma organização para que a organização se adapte as mudanças e desafios cada vez mais comuns nas organizações. Neste sentido, visa compreender os ambientes internos e externos, decidir quais mudanças poderão ser realizadas e quais são os impactos dessas mudanças e junção das metas da organização com as necessidades de seus empregados. É uma teoria de caráter aberto, democrático e participativo, visto que as organizações devem se voltar mais às pessoas do que às técnicas e recursos para conseguir uma maior capacidade de realizar as mudanças necessárias ao desenvolvimento organizacional que nada mais é que as mudanças que ocorrem dentro de uma organização. Ela surge de um conjunto de ideias a respeito do ser humano, da organização e do ambiente na perspectiva de propiciar o crescimento e desenvolvimento organizacional, de acordo com suas potencialidades. Os objetivos comuns da TDO são principalmente a criação de um senso de identificação das pessoas em relação à organização, dessa maneira busca-se a motivação juntamente do comprometimento, compartilhamento de objetivos comuns e o aumento de lealdade, além do desenvolvimento do espírito de equipe por meio da integração e da interação das pessoas e o aprimoramento da Profª. MSc. Geisa Vilarins 20 percepção comum sobre o ambiente externo a fim de facilitar a adaptação de toda a organização. As mudanças ocorridas no contexto social, político e econômico foram decisivas para o desenvolvimento organizacional. Dessa forma, as organizações e o mundo despertaram para fatores como: - Um novo conceito de organização: uma organização que esteja preocupada com o bem-estar social, com a qualidade de vida, com a motivação de seus colaboradores. - -Uma organização que tenha responsabilidade socioambiental: que invista na inovação e na excelência em qualidade. Outro fator é a crescente preocupação com o clima organizacional e estudos relacionados ao ambiente de trabalho. Assim, é preciso identificar todos os ambientes internos (estrutura, capacitação dos profissionais, recursos, valores…) e externos (mercado, avanço tecnológico, desenvolvimento da economia, concorrência, aumento de clientes, por exemplo), para entender de fato as mudanças que precisam ser feitas e como elas podem impactar no alcance de metas organizacionais de uma empresa. Trata-se de uma maneira de desenvolver empresas e organizações seguras e dinâmicas que consigam se adaptar de forma rápida e eficiente às mudanças que surgirem e, principalmente se antecipar diante dos desafios e conflitos que podem surgir. TEORIA GERAL DE SISTEMAS: Esta teoria surgiu na década de 60 tendo como base os principais conceitos da cibernética que envolve os estudos dos sistemas, da ciência da comunicação e do controle. Seu precursor foi Ludwig Von Bertalanffy, que teve como objetivo classificar os sistemas e de que forma seus componentes se organizam e o padrão de comportamento de cada categoria, definindo sistema como sendo um conjunto de elementos inter-relacionados e integrados visando o alcance de um objetivo determinado, e um dado resultado ou uma determinada função. A essência do pensamento ou enfoque sistêmico é a idéia de elementos que interagem e formam conjuntos para realizar objetivos. Esta teoria não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias e formulações conceituais para aplicações na realidade empírica. A importância desta teoria é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. O mais importante ou tanto quanto é a identificação do maior número de variáveis possíveis, externas e internas que, de alguma forma, influenciam em todo o processo existente na organização. Outro fator também de significativa importância é o feedback que deve ser realizado ao planejamento de todo o processo. Esta teoria começou a ser aplicada na Administração principalmente em função da necessidade de uma síntese e uma maior integração das teorias anteriores (Científicas e Relações Humanas, Estruturalista e Comportamental) e da intensificação do uso da cibernética e da tecnologia da informação nas empresas. Os sistemas vivos, sejam indivíduos ou organizações, são analisados como “sistema abertos”, mantendo um continuo intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente. A Teoria Geral de Sistemas (TGS) permite reconceituar os fenômenos em uma abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são,na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes. Com uma abordagem integrativa, a TGS fundamenta-se em três premissas: os sistemas existem dentro de sistemas; eles são abertos e as funções de um sistema dependem de sua estrutura para a produção de resultados. Logo, sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um Profª. MSc. Geisa Vilarins 21 todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção (ALVAREZ, 1990, p. 16). Podem ser classificados em: - Sistemas Abertos: basicamente, a TGS afirma que estes são abertos e sofrem interações com o ambiente onde estão inseridos. Desta forma, a interação gera realimentações que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma autorregulação regenerativa, que por sua vez cria novas propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o todo independente das partes. Toda organização é um sistema aberto, pois sofre interações e flutuações de seu ambiente interno (departamentos, processos, recursos humanos etc.) e do ambiente externo (economia, política, meio ambiente etc.), conforme ilustra e Figura 4 - Sistemas Fechados: são aqueles que não sofrem influência nem influenciam o meio ambiente no qual estão inseridos, de tal forma que ele se alimenta dele mesmo. A entropia apenas se mantém constante nos sistemas isolados. Ex: Sistema de televisão, pois não muda, não sofre atualizações e não interfere no meio externo. Figura 4 – Modelo de Sistema Aberto. (CHIAVENATO, 2003). Assim, a organização é um sistema criado pelo homem e matém uma dinâmica interação com o meio ambiente, sejam clientes, fornecedores, concorrentes, entidades sindicais, órgãos governamentais e outros agentes externos. É um sistema integrado por diversas partes ou unidades relacionadas entre si, que trabalham em harmonia umas com as outras, com a finalidade de influenciar o meio externo e por ele ser influenciado. § Pressupostos Básicos: Da definição de Bertalanffy decorrem as seguintes características de um sistema: - Todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objetivos; - Tem uma natureza orgânica através da qual uma ação que produza uma mudança em uma das unidades, muito provavelmente irá produzir mudanças em todas as outras unidades – globalismo ou totalidade; - Tendência para a integração das ciências naturais e sociais, o que conduz a uma integração na educação científica; Profª. MSc. Geisa Vilarins 22 - Tendência para o desgaste, para desintegração, o afrouxamento dos padrões e o aumento da aleatoriedade – entropia – à medida que aumenta a informação diminui a entropia; - Há um equilíbrio dinâmico entre as partes do sistema – homeostasia. Os sistemas podem ser classificados ainda em relação a sua natureza sendo denominados de sistema abertos aqueles que trocam matéria e energia com o meio ambiente e os fechados aqueles que não fazem trocas com o meio. Os principais aspectos da Teoria de Sistemas são: 1. Em relação à ênfase: no ambiente; 2. Quanto à abordagem da organização: compreende a organização como um sistema aberto. 3. Concepção de homem: a concepção é de Homem Funcional compreendido como o indivíduo que tem um papel dentro das organizações, inter-relacionando-se com os demais indivíduos, como um sistema aberto. 4. Princípios: os elementos estão integrados e inter-relacionados de modo a alcançar um resultado. § Críticas: para alguns autores ela considerada abstrata e conceitual, de difícil aplicação às situações gerenciais práticas. Entretanto, pode-se dizer que a abordagem sistêmica é basicamente uma teoria geral compreensiva uma vez que cobre amplamente todos os fenômenos organizacionais, tendo contribuído para uma ampliação na visão dos problemas organizacionais. Além disso, ela é considerada também como uma síntese integrativa dos conceitos clássicos, neoclássicos, estruturalistas e behavioristas. E apesar de sua abordagem parecer completa, ela ainda necessita de uma melhor sistematização e detalhamento, pois sua utilização na prática ainda é pequena. TEORIA DA CONTINGÊNCIA OU CONTINGENCIAL: Tem sua origem na década de 60, a partir de uma série de pesquisas feitas para verificar quais os modelos de estrutura organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias. Essas pesquisas e estudos foram contingentes na medida em que procuravam compreender e explicar o modo pelo qual as organizações funcionavam em diferentes condições. A palavra contingência significa o que pode vir a acontecer ou não, diz respeito a uma proposição que só pode ser verificada, confirmada ou não pela experiência e evidência e não pela razão. A organização é de natureza sistêmica, isto é, sistema aberto; suas características organizacionais apresentam uma interação entre si e com o ambiente; as características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto as características organizacionais são variáveis dependentes. Ao lado do ambiente, a tecnologia constitui outra variável independente que influencia as características organizacionais. Desta forma, E assim, as condições em que uma organização funciona, são decorrentes do ambiente externo que influenciam na estruturação e nos processos administrativos das organizações. De uma forma mais ampla, a teoria contingencial mostra que não se alcança a eficácia organizacional seguindo apenas um único modelo, não existe uma forma que seja a única e a melhor para que se alcancem os objetivos que são variados e acontecem em ambientes também diversos nas organizações. Assim, ambientes e situações diferentes requisitam relações organizacionais diferentes e modelos apropriados para cada caso vivenciado. A abordagem contigencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. Profª. MSc. Geisa Vilarins 23 Neste sentido, a Teoria Contingencial é eminentemente eclética e integrativa, manifestando uma tendência a absorver os conceitos das diversas teorias administrativas - cada qual criticando as demais - no sentido de alargar os horizontes e mostrar que nada é absoluto. § Pressupostos Básicos: as duas variáveis que produzem o maior impacto sobre as organizações são o ambiente e a tecnologia, que consequentemente implicam em diferenças na estrutura e no funcionamento. Ela enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa, tudo é relativo. Tudo depende. Sua tese central é a de que não há um método ou técnica exclusivamente válida, ótima ou ideal para todas as situações. O que há é um conjunto de alternativas, métodos ou técnicas, discutidos pelas diversas teorias administrativas, sendo que um deles poderá ser o mais adequado para uma determinada situação. Assim, as teorias administrativas anteriores não estão erradas, o que acontece é que cada uma delas foi proposta e desenvolvida tendo em perspectiva um determinado contexto, uma dada situação, na qual ela funciona adequadamente. Mas, se o contexto e a situação se modificam ela pode deixar de ser válida. Desta forma, a abordagem contingencial consiste em diagnosticar as características do ambiente e da tecnologia para que se possam verificar as necessidades organizacionais e a partirdelas, propor a abordagem teórica para cada situação vivenciada. Os principais aspectos da Teoria Contingencial são: 1. Em relação à ênfase: no ambiente – conceituado como sendo tudo o que envolve externamente uma organização, contexto dentro do qual ela está inserida – e na tecnologia – compreendida como conhecimentos acumulados ou desenvolvidos sobre o significado e a execução de tarefas e pelas suas manifestações físicas decorrentes (máquinas, equipamentos, instalações) constituindo um complexo de técnicas utilizadas na transformação dos insumos pelas organizações. 2. Quanto à abordagem da organização: considera a organização um sistema aberto quando se considera o ambiente/contexto no qual ela está inserida e um sistema fechado quando se considera a racionalidade técnicas. 3. Concepção de homem: considera o homem um individuo complexo em relação a sua natureza, as suas características, as suas múltiplas necessidades e potencialidades - Homem Complexo. 4. Princípios: O ambiente externo influencia a estruturação e os processos organizacionais, devendo haver ajuste entre a organização, o ambiente e a tecnologia, com ênfase na flexibilidade organizacional. § Críticas: A teoria contingencial é eclética e integrativa, absorvendo os conceitos das diversas teorias administrativas ampliando os horizontes e afirmando que nada é absoluto. Ela afirma que todas as teorias administrativas são válidas, mas para determinados contextos e circunstâncias. Considerada muitas vezes mais uma maneira relativa e situacional de se ver as organizações do que propriamente uma Teoria Administrativa. É uma teoria dotada de grande flexibilidade, descentralização e desburocratização, tornando-se uma opção para ambientes em constantes mudanças e com condições instáveis. A tecnologia passa a assumir um papel importante a partir dessa teoria. Ainda não há uma influência da teoria contingencial nos cursos e prática profissional de enfermagem. Profª. MSc. Geisa Vilarins 24 LEMBRETE: cada uma das teorias abordadas traz uma contribuição particular e importante para o desenvolvimento da prática de administração, influenciando no desenvolvimento organizacional de empresas, serviços e instituições. A Teoria Geral da Administração (TGA) começou com a ÊNFASE NAS TAREFAS, com a administração científica de Taylor. A seguir, a preocupação básica passou para a ÊNFASE NA ESTRUTURA com a teoria clássica de Fayol e com a teoria burocrática de Max Weber, seguindo-se mais tarde a teoria estruturalista. A reação humanística surgiu com a ÊNFASE NAS PESSOAS, por meio da teoria comportamental. A ÊNFASE NO AMBIENTE surgiu com a teoria dos sistemas, sendo completada pela teoria da contingência. Esta, posteriormente, desenvolveu a ÊNFASE NA TECNOLOGIA. Cada uma dessas cinco variáveis - tarefas, estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia - provocou a seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. Cada teoria administrativa procurou privilegiar ou enfatizar uma dessas cinco variáveis, omitindo ou relegando a um plano secundário todas as demais, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Resumo comparativo das principais teorias administrativas. PRINCIPAIS TEORIAS ADMINISTRATIVAS TEORIAS PRINCIPAIS ENFOQUES VARIÁVEL PRINCIPAL Teoria Científica (Taylor) Organização racional do trabalho (ORT). Homo economicus Tarefas Teoria Clássica (Fayol) Organização formal. 06 funções básicas para a existência da organização. Unidade de comando único. Homo economicus. Estrutura Teoria das Relações Humanas (Mayo) Organização informal. Humanização da organização. Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. Homo sociales. Pessoas Teoria Burocrática (Max Weber) Organização formal burocrática. Racionalidade e funcionamento organizacional. Impessoalidade nas relações humanas.Homem organizacional. Estrutura Teoria Estruturalista Múltipla abordagem: organização formal e informal; análise intra e interorganizacional. Estrutura, Pessoas e Ambiente Teoria Comportamentalista (Levin, Maslow, McGregor, Hezberg, Likert) Múltipla abordagem: organização formal e informal; estilos de administração. Teoria das decisões. Integração dos objetivos organizacionais e individuais.Homem Administrativo.Dinâmica organizacional. Pessoas e Estrutura Teoria do Desenvolvimento Organizacional Caráter aberto, democrático e participativo. Pessoas e Estrutura Teoria Neoclássica Ação organizacional; flexibilidade administrativa. Homem Organizacional e Administrativo. Tarefas, pessoas e estrutura Profª. MSc. Geisa Vilarins 25 Teoria dos Sistemas Visão sistêmica das organizações.Interação de elementos. Globalismo. Homem funcional. Tecnologia, ambiente Teoria Contingencial Análise ambiental. Abordagem de sistema aberto. Flexibilidade organizacional. Homem complexo. Fonte: Elaborado pela autora. As teorias de administração influenciaram muito a enfermagem, enquanto prática profissional. A administração em enfermagem pautava-se nas teorias de Taylor e Fayol, definindo-a, como instrumento de organização e racionalização do trabalho, cabendo ao enfermeiro, portanto, planejar, dirigir, controlar e organizar as atividades da equipe de enfermagem, visando o cumprimento das tarefas estabelecidas. A seguir, o Quadro 3 demonstra a relação entre as principais teorias administrativas e a Enfermagem. Quadro 3 – Principais influências das teorias administrativas na Enfermagem. PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS TEÓRICAS TEORIA HERANÇA PARA A ENFERMAGEM Teoria Científica (Taylor) Divisão do trabalho e especialização (ênfase nas tarefas ao nível do operário). Teoria Clássica (Fayol) Princípios de ordem, disciplina, hierárquica (ênfase nas tarefas e estrutura organizacional). Teoria Burocrática (Max Weber) Manuais de normas e rotinas, regimentos, regulamentos (ênfase na estrutura organizacional). Teoria das Relações Humanas (Mayo) Ressalta o papel das pessoas nas organizações. Fonte: Elaborado pela autora. REFERÊNCIAS: CARAVANTES, G. R.; PANNO, C. C.; KLOECKNER, M. C. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CHIAVENATO, Idalberto . Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. São Paulo, Mkron Books, 1993. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo, MAKRON BOOKS, 1993. HELOANI, R. Organização do trabalho e administração: uma visão multidisciplinar. São Paulo, Cortez, 1994. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. Revisada e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. HERZBERG, Frederick I. 1968. “One more time: how do you motivate employees?” Harvard Business Review, Boston, v. 46, n. 1, p. 53-62, jan./fev. 1968. KWASNICKA, E. L. Introdução à administração. São Paulo, Atlas S. A. 1991. MARX, K. O capital. São Paulo, Abril Cultural, 1983. LIKERT, Rensis, New Ways of Managing Conflict, Nova York, McGraw-Hill, 1976. MASLOW, Abraham Harold. Maslow no gerenciamento. Rio de Janeiro: Qualimark, 2000. PARK, K. H. (coord.) Introdução ao estudo da administração. São Paulo, Pioneira, 1997.
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