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HIDRÁULICA APLICADA Organizador: Lélis Espartel Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 E77h Espartel, Lélis. Hidráulica aplicada / Lélis Espartel. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 120 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-026-9 1. Engenharia - Hidráulica aplicada. I. Título. CDU 626 Livro_Hidraulica.indb 2Livro_Hidraulica.indb 2 18/01/2017 17:56:2918/01/2017 17:56:29 U N I D A D E 2 Perda de carga localizada, acessórios de tubulação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Calcular a perda de carga localizada utilizando o coefi ciente KS. Aplicar o conceito de Comprimento Equivalente. Calcular a Perda de Carga Total de um escoamento. Introdução A energia de um escoamento se dissipa de duas formas: ao longo do escoamento e de maneira localizada. A primeira forma se deve ao atrito do fluido entre si e com a tubulação. A segunda forma será estudada neste capítulo. As singularidades em um escoamento causam uma perda de energia pontual, que é função da mudança geométrica que ocorre no conduto e da velocidade na qual o escoamento passa por essa singu- laridade. Em condutos longos, a perda de carga linear é preponderante. Em condutos curtos, as perdas de cargas localizadas são significativas, o que exige o estudo da perda de carga localizada. Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 57Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 57 18/01/2017 17:58:0818/01/2017 17:58:08 Coeficiente de perda de carga singular Modifi cações de forma, diâmetro e direção causam perdas localizadas. Quando um escoamento é modifi cado em um ponto, esse ponto é chamado singula- ridade. Por isso, a perda de carga é chamada singular, pontual ou localizada (você pode utilizar todos esses nomes). As singularidades mais comuns nas tubulações são: a) entrada e saída dos tubos; b) expansões ou contrações; c) curvas, cotovelos, tês ou outros acessórios; d) válvulas. O padrão de escoamento em válvulas e acessórios é complexo e difícil de ser equacionado. Não há um estabelecimento do regime e o escoamento é tridimensional. Em geral, as perdas são medidas por meio de experiências e correlacionadas com os parâmetros do escoamento em tubos. A constante de proporcionalidade é proporcional ao quadrado da velocidade e é dada por Ks, sendo função da geometria da singularidade. hpS = KS V²/2g Embora K seja adimensional, na literatura ele muitas vezes nã o é correla- cionado com o Nú mero de Reynolds e com a rugosidade relativa, mas apenas com o tamanho bruto do tubo, geralmente em polegadas. Quase todos os dados estã o relacionados com condiç õ es de escoamento turbulento. hpL = f(L/D) (V²/2g) Por analogia, K é o equivalente a f(L/D), mas, como K não é relacionado com o Número de Reynolds, o fator f pode ser ignorado, mostrando que K é função apenas das características geométricas da singularidade. A Tabela 1 apresenta os valores mais utilizados para K: Hidráulica aplicada58 Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 58Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 58 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 Fo nt e: L ew is (1 99 7) . D iâ m et ro n om in al , p ol (m m ) Ro sq ue ad a Fl an ge ad a ½ (1 3) 1 (2 5) 2 (5 0) 4 (1 00 ) 1 (2 5) 2 (5 0) 4 (1 00 ) 8 (2 00 ) 20 (5 00 ) Vá lv ul as (t ot al m en te a be rt as ): G lo bo 14 8, 2 6, 9 5, 7 13 8, 5 6, 0 5, 8 5, 5 G av et a 0, 3 0, 24 0, 16 0, 11 0, 80 0, 35 0, 16 0, 07 0, 03 Re te nç ão b as cu la nt e 5, 1 2, 9 2, 1 2, 0 2, 0 2, 0 2, 0 2, 0 2, 0 Em â ng ul o 9, 0 4, 7 2, 0 1, 0 4, 5 2, 4 2, 0 2, 0 2, 0 Co to ve lo s: 45 o n or m al 0, 39 0, 32 0, 30 0, 29 45 o r ai o lo ng o 0, 21 0, 20 0, 19 0, 16 0, 14 90 o n or m al 2, 0 1, 5 0, 95 0, 64 0, 50 0, 39 0, 30 0, 26 0, 21 90 o r ai o lo ng o 1, 0 0, 72 0, 41 0, 23 0, 40 0, 30 0, 19 0, 15 0, 10 18 0o n or m al 2, 0 1, 5 0, 95 0, 64 0, 41 0, 35 0, 30 0, 25 0, 20 18 0o ra io lo ng o 0, 40 0, 30 0, 21 0, 15 0, 10 Tê s: Es co am en to d ire to 0, 90 0, 90 0, 90 0, 90 0, 24 0, 19 0, 14 0, 10 0, 07 Es co am en to n o ra m al 2, 4 1, 8 1, 4 1,1 1, 0 0, 80 0, 64 0, 58 0, 41 Ta be la 1 . C oe fic ie nt es d e pe rd a lo ca liz ad a K 5 hp l/[ V2 /(2 g) ] p ar a vá lv ul as a be rt as , c ot ov el os e tê s. 59Perda de carga localizada, acessórios de tubulação Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 59Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 59 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 Válvulas As válvulas têm um valor diferenciado por causa de sua abertura, pois elas podem variar de totalmente abertas, com pouca infl uência no fl uxo, até to- talmente fechadas, interrompendo a passagem do escoamento. Quanto mais fechada estiver a válvula, maior será a sua infl uência no escoamento. Assim, maior será a perda de carga naquele ponto. Resumindo: quanto mais fechada estiver a válvula, maior será o seu Ks. Figura 1. Geometrias de válvulas comerciais típicas: (a) válvula de gaveta; (b) válvula globo; (c) válvula de retenção basculante. Fonte: White (2010, p. 396). h D (a)(a) DD h (b) D (c) Hidráulica aplicada60 Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 60Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 60 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 Você vai ver a seguir os principais tipos de válvulas e suas características: Válvula gaveta: Válvula em que o elemento que se opõe ao escoamento é um disco circular que se movimenta verticalmente. Válvula globo: Válvula que possui um sistema de fechamento mais eficiente do que o da válvula de gaveta no qual uma haste fica pressionando um disco metálico. Válvula de retenção: Válvula que impede a passagem no sentido inverso do escoamento. A do tipo portinhola é a mais utilizada. Se o escoamento está no sentido certo, ele simplesmente empurra a portinhola, mas, se ele vem em sentido contrário, não há como movê-la. Comprimento equivalente O conceito de comprimento equivalente é importante para você entender a ordem de grandeza do impacto da perda de carga singular na energia do conduto. O comprimento equivalente é um comprimento de conduto fi ctício que causa uma perda de carga linear igual à perda de carga na singularidade. hpS = J ∙ Lequivalente KS V²/2g = ( f/D) (V²/2g) Lequivalente Lequivalente = KSD/f Ao somarmos os comprimentos equivalentes com os reais, obtemos o comprimento virtual, que provoca a mesma carga total do sistema. 61Perda de carga localizada, acessórios de tubulação Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 61Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 61 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 O comprimento equivalente é função do fator f, que, por sua vez, depende da rugo- sidade e do Número de Reynolds. Isso significa que cada material diferente terá um comprimento equivalente diferente, e que cada vez que o fluido que escoa mudar, também resultará em um comprimento equivalente diferente. Perda de carga total A perda de carga total de um conduto é a soma das perdas lineares e singulares. hp total = hpS + hpL hp total = JL + JLequivalente, considerando que J é a perda de carga unitária hp total = J (L + Lequivalente) colocando J em evidência L + Lequivalente = Lvirtual O comprimento virtual do conduto é a soma de seu comprimento real (L) com o comprimento equivalente à perda de carga singular. hp total = JLvirtual Hidráulica aplicada62 Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 62Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 62 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 Uma aplicação útil do comprimento equivalente é avaliar se as perdas de carga singulares serão significativas no cálculo da perda total. Considerando o erro relativo como: erelativo = (hp total – hpL)/ hp total erelativo = (JLvirtual – JL)/ JLvirtual erelativo = 1 - L/ Lvirtual Lvirtual = L/(1- erelativo) Com essa equação, bastavocê limitar um erro aceitável (entre 1 e 5%) e conferir se Lvirtual < L/(1- erelativo) Caso essa premissa se confirme, as perdas de carga singulares podem ser desprezadas. Quanto menor for o comprimento de um conduto, mais importantes se tornam as singularidades, pois há menos conduto para a perda de carga linear se dissipar. 63Perda de carga localizada, acessórios de tubulação Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 63Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 63 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 1. Qual é a perda de carga singular em um conduto de 100 metros, diâmetro de 100 mm, com um fluido escoando a 2 m/s, com as seguintes singularidades rosqueadas na tubulação: válvula globo totalmente aberta e cotovelo 45º com raio normal? a) 1,16 m b) 0,61 m c) 0,06 m d) 1, 22 m e) 0,00 m 2. O que acontece com a perda de carga singular do escoamento anterior se a viscosidade do fluido que escoa aumentar em 20%? E se a válvula globo for totalmente fechada? a) A viscosidade é diretamente proporcional à perda de carga singular, pois ela é um fator determinante para calcularmos o Número de Reynolds. Se ela aumenta em 20%, a perda de carga singular também aumenta em 20%. O fechamento completo da válvula globo aumenta em 100% sua perda de carga singular. b) A viscosidade é diretamente proporcional à perda de carga singular, pois ela é um fator determinante para calcularmos o Número de Reynolds. Se ela aumenta em 20%, a perda de carga singular também aumenta em 20%. O fechamento da válvula não altera a perda de carga, seu Ks é constante, independentemente da abertura da válvula. c) A perda de carga singular depende apenas de fatores geométricos das singularidades, logo, qualquer mudança na viscosidade do fluido afetará apenas a perda de carga linear. O fechamento completo da válvula globo aumenta em 100% sua perda de carga singular. d) A viscosidade é diretamente proporcional à perda de carga singular, pois ela é um fator determinante para calcularmos o Número de Reynolds. Se ela aumenta em 20%, a perda de carga singular também aumenta em 20%. O fechamento completo da válvula globo estanca o escoamento, o que significa que ela ficará em repouso, logo, seu KS tende ao infinito, gerando uma perda de carga Hidráulica aplicada64 Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 64Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 64 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 tão grande que simplesmente para o escoamento. e) A perda de carga singular depende apenas de fatores geométricos das singularidades, logo, qualquer mudança na viscosidade do fluido afetará apenas a perda de carga linear. O fechamento completo da válvula globo estanca o escoamento, o que significa que ela ficará em repouso, logo, seu KS tende ao infinito, gerando uma perda de carga tão grande que simplesmente para o escoamento. 3. Qual é o comprimento equivalente das perdas de cargas singulares da tubulação anterior, considerando que o tubo perde linearmente 0,135 metro de carga por metro de tubulação? a) 9 m b) 14 m c) 10 m d) 12 m e) 8 m 4. Qual é o erro relativo da perda de carga linear em comparação com a perda de carga total? a) 0,08% b) 4,30% c) 8,28% d) 9,00 % e) 0,09% 5. Qual é o valor do fator de atrito f na tubulação anterior? Qual valor do somatório de Ks tornaria a perda de carga singular idêntica à perda de carga linear? E o erro relativo da perda de carga linear em comparação com a perda de carga total? a) 0,66 e 66,2 b) 0,066 e 66,2 c) 0,132 e 66,2 d) 0,066 e 132,4 e) 0,132 e 132,4 65Perda de carga localizada, acessórios de tubulação Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 65Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 65 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. Referência Hidráulica aplicada66 Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 66Hidraulica_aplicada_U2_C01.indd 66 18/01/2017 17:58:0918/01/2017 17:58:09 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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