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SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA Psicopatologia, anamnese e exame físico psiquiátrico. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA: É uma anamnese como qualquer outra, é muito importante lembrar que o paciente é como qualquer outro, as peculiaridades da semiologia eu coloquei em vermelho. 1. Identificação (ID): 2. Queixa Principal (QP): 3. História da Doença Atual (HDA) 4. Interrogatório Sintomatológico (IS) 5. Antecedentes pessoais (AP) 6. Antecedentes familiares (AF) 7. Hábitos de Vida (HV) 8. História Psicossocial 9. Exame físico: EXAME DO ESTADO MENTAL 1- IDENTIFICAÇÃO (ID): Igual à anamnese geral, coletar idade, nome, profissão, procedência e naturalidade. 2- QUEIXA PRINCIPAL (QP): No caso dos pacientes psiquiátricos, vale atentar em colocar a queixa da forma como ele falou entre aspas e associar a um período de tempo (assim como a tradicional). 3- HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA): Como é uma doença psíquica, descrever como surgiu, condições associadas, fatore desencadeador, se a instalação foi rápida ou progressiva, se tem fatores de melhora ou piora e se o paciente já realizou algum tipo de tratamento para a doença. 4- INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS): Como manda o figurino, perguntar cada sintoma e ser criterioso para descobrir alguma condição associada. 5- ANTECEDENTES PESSOAIS: Fazer como sempre, descrever os dados da infância do paciente, doenças e tratamentos prévios, acidentes, cirurgias e alergias. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O 6- HÁBITOS DE VIDA: Nessa parte da anamnese, é importante descrever o uso de drpgas, hábitos alimen- tares e atividade física. Lembre-se que o uso de substâncias psicoativas podem exacerbar ou constituir um quadro psicótico/psiquiátrico. 7- HISTÓRIA PSICOSSOCIAL: É o ponto mais importante da anamnese psiquiátrica, nele vamos abordar toda a história de vida do paciente; infância, fatores de estresse, espiritualidade, projeto de vida, constituição familiar, relações interpessoais, grupos sociais em que está inserido. É de suma importância pois é na história psicossocial que vamos descobrir situações que são fatores de risco para doenças psiquiátricas. *Para fazer um bom exame físico, precisamos antes entender sobre psicopatologia e funções mentais, então tudo começa a fazer sentido. PSICOPATOLOGIA: Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO • Baseado em sinais e sintomas • Diagnóstico psicopatológico x psiquiátrico: O psiquiátrico é em cima de um transtorno mental específico (como depressão), já o psicopatológico é feito antes (por ex: humor hipotímico). CONCEITO DE NORMALIDADE • Ausência de doença: Se o paciente tem critérios para doença, não tá normal. • Ideal: Comportamentos sociais que devem se adequar aos parâmetros da sociedade. (Por ex: Mulher de biquini na rua na Arábia Saudita) • Bem-estar: Se o paciente se considera bem é importante considerar. (Cuidado nas Manias, em que o paciente se considera bem, não estando!) • Funcional: Consegue manter suas atividades sociais, laborais e básicas diárias. • Processo: Critério processual de normalidade, DNPM está dentro das curvas infantis, alterações de senilidade-senescência no idoso. • Subjetiva: A forma como o paciente percebe a sua doença. A incapacidade de reconhecer os sintomas é um sintoma por si só. • Liberdade: O quanto o paciente consegue gozar da sua liberdade, em termos de autonomia e indep. • Operacional: Critérios impostos antes e a gente vê se o paciente se enquadra ou não. FUNÇÕES MENTAIS CONSCIÊNCIA • Definição: É o estado de ciência que um indivíduo tem em relação a si próprio e ao meio. • Na neurologia = Nível de consciência! • Na psicopatologia = Contato com a realidade, percepção e (re)conhecimento. • Alterações normais: Sono normal e sonho. • Alterações patológicas o Quantitativas: Rebaixamento do nível de consciência (Alerta, obnubilado, esturpor, coma) Síndromes associadas: Delirium, estado onírico (realidade parece sonho). o Qualitativas: Inúmeras! ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA • Estados crepusculares: O corpo faz as coisas automáticas, mas a consciência está V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O “apagada”. (Enfermeira que coloca um bebê no saco de lixo e não percebe) • Estado segundo: É como o primeiro, só que as atividades automáticas não são normais da sua personalidade. (Um cara que de noite vira estuprador) • Dissociação da consciência: Mecanismo de defesa para um sofrimento grande. • Transe: Ausência de consciência. • Possessão Substituição da sua identidade por outra. • Estado hipnótico: Tem muito a ver com atenção, você é hipnotizado e fixa em uma lembrança específica, o que altera a forma como você percebe a realidade. • Experiência de quase morte: Luz no fim do túnel, não necessariamente é patológico. ATENÇÃO • Atenção voluntária: É quando a gente quer fixar em alguma coisa. (Quer estudar, por ex) o Tenacidade: Capacidade de fixar atenção (Hipertenacidade, hipotenac) • Atenção espontânea: É quando outros estímulos tiram a nossa atenção. o Vigilância: Capacidade de mudar de foco quando necessário. • Alterações: o Hipoprosexia/Aprosexia: Capacidade de se concentrar diminuída. o Hiperprosexia: Capacidade muito grande de se concentrar. o Distração: Capacidade de olhar fixamente para um objeto e esquecer do resto (criança olhando a TV). o Distraibilidade: O contrário de distração! Aquela pessoa que não consegue fixar o olhar em nada. • Transtornos que alteram a atenção: Mania, depressão, esquizofrenia, TDAH. ORIENTAÇÃO • Definição: Capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente. o Autopsíquica: Situado a si mesmo. o Alopsíquica: Pode ser com relação ao tempo e/ou ao espaço. O paciente é mais fácil se desorientar pelo tempo. • A orientação pode ser alterada à disfunção ou ao dano cerebral • Alterações: Nível de consciência, memória, apatia, delirante e dissociação. SENSOPERCEPÇÃO: Sensação + Percepção • Sensação: Aquilo que é captado pelos órgãos do sentido (alguém tocando a sua pele). • Percepção: Processamento dessa informação pro meu cérebro, toma a consciência da sensação. • Representação: Imagem mnêmica de algo que aconteceu (lembra do toque da pessoa) ou pode ser uma representação fantasiosa (nunca existiu). ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA SENSOPERCEPÇÃO • Hiperestesia: Exaltação da sensação e percepção, um toque você sente muito mais. (Esquizofrenia e Mania podem apresentar hiperestesia) • Hipoestesia: O contrário, você sente menos as sensações, a cor das coisas. (Depressão) • Parestesias: Sensação tátil desagradável (formigar) • Disestesias: Um toque tem estímulo doloroso. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA SENSOPERCEPÇÃO • Ilusão: Tem a sensação, só que a percepção é diferente (Você vê uma caneta e acha que é um copo, um vaso). o Pode acontecer em: RNC, estados afetivos • Alucinações: É quando você vê ou escuta algo que não existe/não está ali. o Auditivas: Pode ser simples ou complexa, sendo a simples escutar um tinido, um zumbido e a complexa escutar alguém falando com você. o Visuais: Também podem ser simples (escotomas, luzes) ou complexas (ver uma caneta onde não tem, uma pessoa). • Alucinose: Paciente começa a ver bichos andando pela pele dele. É como uma alucinação, mas o paciente percebe que aquilo não é real, apesar de gerar agonia e ansiedade. MEMÓRIA • 3 fundamentos básicos →Manter, registrar e evocar: Tem que prestar atenção, criar algum laço afetivo e depois evocar essa memória. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO • Imediata: Aquela que fica por até 3 minutos. • Recente: Fica por até 6 horas. • Remota: Pode ficar por anos, é a memória de longo prazo. *Lei de Ribot: Processo de perda da memória segue uma sequência de tempo (mais recentes se perdem primeiro) e afeto (se eu não crio afeto eu perco essa memória mais fácil). V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O CLASSIFICAÇÃO PELA FUNCIONALIDADE • Memória de trabalho: É a lembrança de um número até digitar no celular, um endereço até anotar, memória relacionada à fazer as contas. • Memória episódica: Experiência mais recente, como o que almoçou ontem ou anteontem. • Memória semântica: Memória de conhecimento geral, identificar um objeto, uma cadeira, caneta. • Memória de procedimento: Pega a caneta e sabe escrever, cortar cabelo, pentear. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DE MEMÓRIA • Hipermnésia: É quando o paciente tem tanta informação mas não consegue interpretar aquilo da maneira adequada. • Amnésia: Perder a função da memória. Pode ser: o Retrógrada: Não lembra o que aconteceu antes da perda de memória (TCE, por ex). o Anterógrada: Não lembra nada de novo mais, mas se lembra do passado. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DE MEMÓRIA • Ilusões mnêmicas: Lembra de uma pessoa que não estava em um lugar, mas na lembrança estava. • Alucinações mnêmicas: Lembrar de uma festa ou acontecimento que nunca existiu. • Confabulações: Alteração de memória em que ela não lembra da própria biografia. (Comum na síndrome de Korsakoff) ALTERAÇÕES DO RECONHECIMENTO • Agnosias: Alterações dos sentidos, não são o foco da psiquiatria (é mais neuro). • Delirantes: o Falso desconhecimento: Ele não reconhe- ce a própria mãe ou alguém próximo. o Falso reconhecimento: Conhecer alguém que não tem como você conhecer. o Capgras: Ele pensa que as pessoas próxi- mas dele (pai, mãe) são impostores disfarçados. o Capgras inverso: O paciente pensa que ele mesmo é o impostor. • Não-delirantes: o Já visto, ouvido, pensado, vivido: Dejavi. O paciente afirma ter passado por um lugar que ele nunca passou ou reconhece um lugar que ele nunca foi. o Jamais visto: Paciente passa um tempo internado, desorientado e não reconhece o hospital depois que passa por ele. HUMOR • Definição: É o estado afetivo basal do paciente, é a forma como ele percebe o mundo. ALTERAÇÕES DO HUMOR • Eutímico: Paciente sem alteração de humor. • Hipertímico: Humor exagerado, felicidade patológica exagerada. • Hipotímico: Rebaixamento do humor, uma tristeza grande comum nos quadros depressivos. AFETIVIDADE • Definição: A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. • Humor x Afeto: Humor é a experiência que o paciente está tendo e o afeto é como você demonstra esse humor. (O paciente afirma estar triste mas o rosto dele não expressa tristeza, nesse caso ele tem um humor hipotímico e o afeto embotado, eu não consigo perceber a tristeza). ALTERAÇÕES DE AFETIVIDADE • Labilidade: É aquela pessoa que qualquer estímulo tira ela do equilíbrio, fica feliz demais ou triste demais com qualquer coisa. • Embotamento: O paciente não consegue expre- ssar a tristeza/alegria pelas emoções. • Hipomodulação: O paciente diz estar triste mas as suas expressões são de alegria e felicidade. • Anedonia: Não sente mais prazer de fazer nada. PENSAMENTO • Curso: Velocidade de pensamento. (Fala muito rápido e passa tudo ao mesmo tempo) • Forma: Forma que o pensamento é apresentado pra você, se as ideias se perdem, concluem. (Uma pessoa prolixa, arborização do pensamento) • Conteúdo: o Delírio: Percepção errônea da realidade. 3 critérios básicos: Incorrigibilidade, Influen- cibilidade, Incompreensibilidade (Ela acha que está sendo perseguida, mas não vê ninguém nem ouve) PSICOMOTRICIDADE • Definição: Alterações de movimento espontâneo ou induzido pelos pacientes. • Você tem que saber se o paciente consegue ficar em pé, se ele tem alteração de marcha, etc • Observar agitação, maneirismo e estereotipias V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O VOLIÇÃO/VONTADE • Definição: É a vontade que o paciente tem de alcançar determinado objetivo. o Plano de vida: Um sonho a ser alcançado. o Objetivo imediato: Ir ao mercado, comer. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA VOLIÇÃO • Normobulímico: Normal! • Hipobulímico: Vontade diminuída. • Hiperbulímico: Vontade aumentada. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA VOLIÇÃO • Obediência automática: Responde a solicitações exageradas. • Sugestionabilidade patológica: Concorda com tudo, mesmo que tenha uma opinião contrária. • Compulsão: Compete atos que não gostaria. • Negativismo: Contrário a tudo que lhe é proposto. AUTOPATOGNOSE: Consciência da doença, é o grau de compreensão que o doente tem da sua condição. ...VOLTANDO À SEMIOLOGIA EXAME DO ESTADO MENTAL • Aspecto geral: Aparência, higiene, atitude. • Nível de consciência: Primeira coisa. • Psicomotricidade: Importância maior no ambulatório, olhar o paciente levantando até ir para sua sala. • Orientação: Que dia é hoje, data e onde ele está. • Atenção: Principalmente em pacientes internados, você abre a porta e vê se o mesmo olhou pra você. • Memória: De evocação (algo da infância, morada), falar 3 palavras e pedir pra ele repetir 5 minutos depois (pelo menos de duas). • Sensopercepção: Tá vendo ou ouvindo alguma voz, algo que ninguém tá ouvindo. • Pensamento: Curso (acelerado, desacelerado), forma (troca a ordem das palavras) ou conteúdo (pensa que tem que buscar o filho na escola, ou fazer o almoço do marido). • Inteligência: • Afetividade: Humor (o que ele sente) e afeto (a forma como ele expressa) desse paciente. • Volição: Se ele tem vontades, sonhos, planos. • Autopatognose: Paciente sabe que está doente, sabe que aquilo é por conta de uma doença. *Vale lembrar que o exame do estado mental não deve ser decorado, o médico não tem obrigação de lembrar pois é muito extenso! MNEMÔNICO → A CASOMI AhPeJuCoL • Aspecto geral/Apresentação • Consciência • Atenção • Sensopercepção • Orientação • Memoria • Inteligência • Afetividade e humor • Pensamento: Curso, forma e conteúdo • Juízo crítico • Conduta • Linguagem HIPÓTESE DIAGNÓSTICO E CONDUTA
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