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A NOVA FUNÇÃO SOCIAL DA GUARDA MUNICIPAL, NA SEGURANÇA PÚBLICA, COM A LEI N° 13 022 2014

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PORTO ALEGRE, 2015 
 
 
 
MARCEL LEITE MORAES 
 A NOVA FUNÇÃO SOCIAL DA GUARDA MUNICIPAL, NA SEGURANÇA PÚBLICA, COM A LEI N. 13.022/2014 
 
2 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM 
SEGURANÇA PÚBLICA, CIDADANIA E DIVERSIDADE 
 
 
 
 
 
A NOVA FUNÇÃO SOCIAL DA GUARDA MUNICIPAL, NA 
SEGURANÇA PÚBLICA, COM A LEI N° 13.022/2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCEL LEITE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORIENTADORA: DRA. MELISSA DE MATTOS PIMENTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE, 2015 
 
MARCEL LEITE MORAES 
 
 
 
 
 
 
A NOVA FUNÇÃO SOCIAL DA GUARDA MUNICIPAL, NA 
SEGURANÇA PÚBLICA, COM A LEI N°13.022/2014 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso 
de Especialização em Segurança 
Pública e Cidadania da 
Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Especialista em Segurança Pública. 
Professora Orientadora: Dra. 
Melissa de Mattos Pimenta. 
 
 
 
 
 
PORTO ALEGRE, 2015 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os 
guardas municipais de Porto Alegre, 
principalmente àqueles que acreditam 
que uma Nova Guarda é possível. 
 
4 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente à Letícia Marchetti pelo amor, companheirismo incondicional, 
pela paciência, pela compreensão da minha ausência momentânea, e especialmente pela 
valorosa contribuição com sugestões na monografia, sobretudo durante as noites mal 
dormidas, sem esquecer os cafezinhos da madrugada. 
Aos meus filhos, Bruna Moraes, Brenda Moraes e José Eduardo Moraes por ser 
meu maior incentivo na vida, sendo meu combustível nos momentos difíceis. 
A mais nova integrante do clã Moraes, Maria Antônia Barbosa Moraes, minha 
filha que nasceu neste ano de 2015. 
À minha mãe, Zaleti Moraes, por ensinar-me os caminhos corretos da vida, 
mesmo que dê certa feita, eu procurasse um errado. 
À minha família, que mesmo distante, confia e acredita em meu potencial. 
Ao meu pai, José Eduardo Amaro Moraes, "In Memoriam", independente do 
pouco tempo que esteve comigo, influenciou-me a ser o homem que sou. 
Aos meus avôs paternos e maternos, "In Memoriam", em especial, a minha avó 
materna, Josina Leite, por ter sido meu porto seguro durante minha infância. 
Aos meus amigos da Invasão Xavante pelo incentivo, motivação e descontração, 
mesmo nos momentos de aflição devido ao curto tempo. 
Aos professores, que desempenharam com dedicação as aulas ministradas. 
À minha orientadora, Dra. Melissa de Mattos Pimenta, por ter guiado o caminho 
da pesquisa, dando-me um norte para segui-lo. 
Aos meus colegas de classe, sobretudo aos "xerifes", sempre prestativos em 
qualquer momento do curso. 
Aos meus colegas servidores da Guarda Municipal de Porto Alegre, em destaque, 
aos integrantes da Área Menino Deus, à qual faço parte. 
E finalmente agradeço a Deus, por proporcionar estes agradecimentos a todos, 
além de dar-me uma família maravilhosa e amigos sinceros. Deus, que a mim atribuiu 
alma e missões pelas quais já sabia que eu iria batalhar e vencer, agradecer é pouco. Por 
5 
 
 
isso lutar, conquistar, vencer e até mesmo cair e perder, e o principal, viver é o meu modo 
de agradecer sempre. 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Todos podem ver as táticas de minhas 
conquistas, mas ninguém consegue 
discernir a estratégia que gerou as 
vitórias." 
Sun Tzu 
7 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações 
ASSECOM – Assessoria Comunitária 
CBM – Corpo de Bombeiros Militar 
CF – Constituição Federal 
CFGM – Centro de Formação da Guarda Municipal 
COGM – Central de Operações da Guarda Municipal 
CONASP – Conselho Nacional de Segurança Pública 
CNSP – Conferência Nacional de Segurança Pública 
CTN – Código Tributário Nacional 
EB – Exército Brasileiro 
EPTC – Empresa Pública de Transporte e Circulação 
FENEME – Federação Nacional de Entidades de Oficiais Estaduais 
FNSP – Fundo Nacional de Segurança Pública 
FSPM – Fórum de Segurança Pública Municipal 
GC – Guarda Civil 
GCM – Guarda Civil Metropolitana 
GCM – Guarda Civil Municipal 
GEM – Grupamento Especial Motorizado 
GM – Guarda Metropolitana 
GM – Guarda Municipal 
GMPA – Guarda Municipal de Porto Alegre 
GN – Guarda Nacional 
LOM – Lei Orgânica Municipal 
MJ – Ministério da Justiça 
MS – Mato Grosso do Sul 
NAA – Núcleo de Apoio Administrativo 
NAP – Núcleo de Ações Preventivas 
8 
 
 
NEE – Núcleo de Estudo e Estatística 
PC – Polícia Civil 
PEC – Projeto de Emenda Constitucional 
PF – Polícia Federal 
PFF – Polícia Ferroviária Federal 
PFL – Partido da Frente Liberal 
PIB – Produto Interno Bruto 
PL – Projeto de Lei 
PLC – Projeto de Lei Complementar 
PM – Polícia Militar 
PMPA – Prefeitura Municipal de Porto Alegre 
PP – Partido Progressista 
PPS – Partido Popular Socialista 
PRF – Polícia Rodoviária Federal 
PNSP – Plano Nacional de Segurança Pública 
PRONASCI – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania 
PSDB – Partido Socialista Democrático Brasileiro 
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 
RJ – Rio de Janeiro 
RS – Rio Grande do Sul 
SAC – Setor de Armamento e Comunicação 
SAE – Sistema de Alarme Eletrônico 
SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública 
SETRAN – Setor de Transporte 
SMDHSU – Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana 
SMED – Secretaria Municipal de Educação 
SMSEG – Secretaria Municipal de Segurança 
SNARM – Sistema Nacional de Armas 
SP – São Paulo 
SSE – Setor de Segurança Eletrônica 
9 
 
 
STF – Supremo Tribunal Federal 
 
10 
 
 
RESUMO 
A Constituição da República Federativa do Brasil, no seu caput do artigo 144, esclarece 
os órgãos responsáveis pela segurança pública no País, criando de certa forma, uma 
hierarquização entre as forças policiais. Coube aos Municípios a constituição das Guardas 
Municipais, entretanto, de forma facultativa, destinados para a proteção dos seus bens, 
serviços e instalações municipais. Assim como houve uma evolução no âmbito da 
segurança pública, ocorreu de maneira linear, um crescimento na criminalidade no 
território brasileiro. Não obstante, a sensação de segurança da população não 
acompanhou o crescimento do progresso da segurança pública nacional. Por conseguinte, 
foram sendo criadas Políticas Públicas Nacionais de Segurança para a obtenção de 
parâmetros para combater esta percepção da coletividade brasileira. Entre uma das 
medidas adotadas para a contenção da violência urbana, foi à criação do Estatuto Geral 
das Guardas Municipais, com a Lei N° 13.022 de 8 de agosto de 2014, mesmo com uma 
enorme polêmica em torno da sua inconstitucionalidade. Ficou determinado como 
competência geral das Guardas Municipais, além das descritas na Carta Magna, 
regulamentação da atuação preventiva, contínua e sistemática da proteção à população 
que utiliza os recursos do município, ou seja, toda sociedade. Isto posto, acontece a 
inclusão das Guardas Municipais como operadores de segurança pública, surgindo assim 
uma nova polícia: A Polícia Municipal, com desígnios tracejados nos Direitos Humanos 
fundamentais, com perspectivas a uma excelência na construção da cidadania, liberdades 
públicas e evoluções sociais para suas populações, em conformidade como intento da 
colaboração da paz social. 
 
Palavras-chave: Estatuto Geral das Guardas Municipais. Polícia Municipal. Políticas 
Públicas Nacionais de Segurança. 
11 
 
 
ABSTRACT 
The Constitution of the Federative Republic of Brazil, the caput of Article 144, clarifies 
the agencies responsible for public security in the country, creating a sense, a hierarchy 
between police forces. It was up to the municipalities the establishment of Municipal 
Guards, however, on an optional basis,intended for the protection of their property, 
services and municipal facilities. Just as there was an evolution in the public safety, it 
occurred in a linear fashion, an increase in crime in Brazil. Nevertheless, the sense of 
security of the population did not follow the growth of the national public safety progress. 
Therefore, were created National Security Public Policy to obtain parameters to tackle is 
the perception of the Brazilian community. Among one of the measures taken to contain 
urban violence, was the creation of the General Status of Municipal Guards, with N° 
13,022 Law of August 8, 2014, even with a huge controversy around its 
unconstitutionality. It was determined as a general competence of the Municipal Guards, 
other than those described in the Constitution, regulation of preventive action, continuous 
and systematic protection of the population using the city's resources, ie, the whole 
society. That said, happens to include the Municipal Guards as public security operators, 
thus resulting in a new police: The Municipal Police, with dashes designs in fundamental 
human rights, with prospects for an excellence in building citizenship, civil liberties and 
social changes to their populations, consistent and intent of the collaboration of social 
peace. 
 
Keywords: General Status of Municipal Guards. Municipal Police. National Security 
Public Policy. 
 
 
12 
 
 
RÉSUMÉ 
 
La Constitution de la République fédérative du Brésil, l'habitant de l'article 144, précise 
les agences responsables de la sécurité publique dans le pays, créant un sentiment, une 
hiérarchie entre les forces de police. Mais il était aux municipalités la création de gardes 
municipaux, sur une base facultative, destinée à la protection de leurs biens, les services 
et les installations municipales. Tout comme il ya eu une évolution dans la sécurité 
publique, il a eu lieu de manière linéaire, une augmentation de la criminalité au Brésil. 
Néanmoins, le sentiment de sécurité de la population n'a pas suivi la croissance de la 
progression nationale de la sécurité publique. Par conséquent, ont été créés Politique 
nationale de la Sécurité publique pour obtenir des paramètres d'aborder est la perception 
de la communauté brésilienne. Parmi l'une des mesures prises pour contenir la violence 
urbaine, était la création du statut général des gardes municipaux, la loi n ° 13022 du 8 
Août 2014, même avec une énorme controverse autour de son inconstitutionnalité. Il a 
été déterminé comme une compétence générale des gardes municipaux, autres que ceux 
décrits dans la Constitution, la réglementation de l'action préventive, la protection 
continue et systématique de la population en utilisant les ressources de la ville, à savoir, 
la société tout entière. Cela dit, arrive à comprendre les gardes municipaux que les 
opérateurs publics de sécurité, résultant ainsi en une nouvelle police: la police municipale, 
avec des tirets conceptions en matière de droits humains fondamentaux, avec des 
perspectives pour une excellence dans la construction de la citoyenneté, les libertés civiles 
et les changements sociaux à leur populations, cohérente et à l'intention de la 
collaboration de la paix sociale. 
 
Mots-clés: Situation Générale des Gardes Municipaux. La Police Municipale. Politique 
Nationale de la Sécurité Publique. 
 
13 
 
 
RESUMEN 
 
La Constitución de la República Federativa del Brasil, el caput del artículo 144, aclara las 
agencias responsables de la seguridad pública en el país, la creación de un sentido, una 
jerarquía entre las fuerzas policiales. Fue hasta los municipios la creación de la Guardia 
Municipal, sin embargo, de manera opcional, destinadas a la protección de sus bienes, 
servicios e instalaciones municipales. Así como hubo una evolución en la seguridad 
pública, se le ocurrió de forma lineal, con un incremento de la delincuencia en Brasil. Sin 
embargo, la sensación de seguridad de la población no siguió el crecimiento del progreso 
nacional de seguridad pública. Por lo tanto, se creó la Política Nacional de Seguridad 
Pública para obtener parámetros de abordar es la percepción de la comunidad brasileña. 
Entre una de las medidas adoptadas para contener la violencia urbana, fue la creación de 
la situación general de la Guardia Municipal, con la Ley N ° 13.022 de 8 de agosto de 
2014, aunque con una gran controversia en torno a su inconstitucionalidad. Se determinó 
como una competencia general de la Guardia Municipal, distintos de los descritos en la 
Constitución, la regulación de la acción preventiva, la protección continua y sistemática 
de la población que utiliza los recursos de la ciudad, es decir, a toda la sociedad. Dicho 
esto, pasa a incluir a la Guardia Municipal como operadores públicos de seguridad, lo que 
resulta en una nueva policía: La Policía Municipal, con guiones diseños en los derechos 
humanos fundamentales, con perspectivas de una excelencia en la construcción de la 
ciudadanía, las libertades civiles y los cambios sociales a su poblaciones, coherente y la 
intención de la colaboración de la paz social. 
 
Palabras clave: Estado General de La Guardia Municipal. La Policía Municipal. Política 
Nacional de Seguridad Pública. 
 
14 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 15 
1.1 Organização do Trabalho ...................................................................... 17 
CAPÍTULO I ...................................................................................................... 20 
2. A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL .................................................... 20 
2.1 As Polícias e a Guarda Municipal ............................................................ 31 
CAPÍTULO II ..................................................................................................... 28 
3. AS GUARDAS MUNICIPAIS ....................................................................... 28 
3.1 As Guardas Municipais Como Polícias .................................................... 31 
CAPÍTULO III .................................................................................................... 36 
4. A GUARDA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE ....................................... 36 
4.1 O Estatuto Geral das Guardas Municipais Lei n. 13.022/2014 ................ 43 
4.2 A Guarda Municipal Como Nova Polícia ................................................. 56 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 62 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 66 
7. ANEXOS ........................................................................................................ 72 
 
 
15 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho é um estudo sobre a segurança pública no Brasil, dissertando sobre 
as polícias, sendo elas federais, civis e militares, e principalmente um novo modelo de 
polícia que surge com a Lei n. 13.022 de 8 de agosto de 2014, a polícia municipal, com 
as Guardas Municipais. 
Com o aumento significativo dos índices de violência, por todos os cantos de 
nosso País, o debate sobre segurança pública acabou saindo das fronteiras dos quartéis e 
chegando às universidades e organizações governamentais e não governamentais, 
sobretudo com o interesse popular no assunto, a comunidade na segurança pública. 
E com essa inclusão das comunidades na segurança pública surgiu o sistema de 
policiamento comunitário, um modelo que uniu cidadãos e Estado através da figura do 
policial, entretanto o programa teve seu lado negativo, relacionado a diversos fatores, em 
especial, ao autoritarismo e a militarização do sistema pelas polícias militares, uma vez 
que são elas que desempenham esse elo com a população. 
Contudo, com um novo prisma para a segurança pública, foi sancionadapela 
presidenta Dilma Rousseff, a Lei Nº 13.022 de 8 de agosto de 2014, com o nome de 
Estatuto Geral das Guardas Municipais, inserindo definitivamente as Guardas Municipais 
no corpo de agentes de segurança pública no Brasil, com a missão da incolumidade às 
pessoas. Deste modo, os cidadãos serão propósitos de cuidados pelos guardas municipais, 
do mesmo modo que, os bens, serviços, instalações e logradouros públicos municipais. 
Com esta legislação, tende-se a emergir uma nova polícia, uma polícia municipal, 
desmilitarizada, humanizada, comunitária e pautada nos Direitos Humanos fundamentais. 
Com essa nova força policial teremos uma redução da violência urbana? Criar outra 
instituição policial terá a aprovação da população brasileira, tal e qual, conseguirão serem 
parceiros neste sistema de policiamento comunitário? Com o desenvolver da monografia, 
tentaremos responder estas perguntas sob a ótica de alguns escritores, pensadores e 
professores que trabalham com o tema Segurança Pública no Brasil. 
Em vista disso, através de autores, tentaremos debater pontos positivos e negativos 
para a inclusão das Guardas Municipais como agentes de segurança pública, de fato e de 
16 
 
 
direito. O caminho para a municipalização da segurança pública brasileira passou a ser 
escrito, assim como ocorreu com o sistema público de saúde, como este o caminho será 
trilhado e quais objetivos que serão alcançados, que serão as perguntas de futuro, contudo 
este é um caminho sem retorno para o ingresso das Guardas Municipais como agentes de 
Segurança Pública. 
São alguns escopos da monografia sobre as Guardas Municipais: identificar os 
sintomas dos problemas na Segurança Pública no Brasil, devido aos grandes índices de 
criminalidade; problemas de drogadição; crime organizado; corrupção; falta de 
credibilidade entre Estado e população; morosidades do sistema Judiciário; altas taxas de 
superlotações em presídios; e sistemas carcerários arcaicos e falidos; falta de 
investimentos nas polícias brasileiras; assim como necessidades de melhores ações de 
Políticas Públicas Nacionais de Segurança. 
Observar o trabalho das forças de segurança pública, com uma atenção muito 
específica nas Guardas Municipais em todo território nacional, principalmente na Guarda 
Municipal de Porto Alegre e em sua história. Fomentar as legislações; PEC; PL; Leis 
Orgânicas; Leis Ordinárias; Decretos, ou seja, em conclusão, as mudanças nas 
disposições legais que ocorreram e/ou estão por ocorrer, no campo de suas atribuições, 
principalmente na inalterabilidade às pessoas. 
Analisar em toda sua íntegra, a Lei n. 13.022 de 8 de agosto de 2014; comparar os 
artigos e incisos apresentados; comentar todos os 23 (vinte e três) artigos, os 35 (trinta e 
cinco) incisos e os 14 (catorze) parágrafos, que constituem o Estatuto Geral das Guardas 
Municipais, lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff. 
Concluir, que no atual momento da Segurança Pública brasileira, uma investida 
de outro órgão de segurança pública, seria muito salutar para a população, não apenas por 
um maior contingente policial, mas por uma nova polícia que tem em sua origem uma 
prática comunitária, em credibilidade com a comunidade. Para esse fim, consultar autores 
sobre a matéria proposta, ou que tenham em seus livros ou artigos, assuntos pertinentes 
com a segurança pública brasileira, mesmo que dê forma indireta. 
Por fim, o resultado de conclusão do trabalho será desenvolvido com paciência e 
com algum tempo para a percepção da aplicação da Lei n. 13.022/2014, em razão que, 
17 
 
 
ainda estamos no tempo de adaptação que o próprio Estatuto Geral das Guardas 
Municipais delibera, isto é, um prazo de 2 (dois) anos a contar a data de sua publicação. 
Somando-se a isso, a tentativa de tornar o Estatuto Geral das Guardas Municipais 
inconstitucional, no Supremo Tribunal Federal (STF), através da Federação Nacional de 
Entidades de Oficiais Estaduais (FENEME). 
Logo, esta dissertação poderá seguir como objeto de estudo e pesquisa em 
monografias de mestrado e teses de doutorado, visto que, o resultado prático da Lei n. 
13.022/2014 teremos apenas com o passar dos anos, colhendo seus frutos ou não. 
 
 
1.1 Organização do Trabalho 
 
A organização deste trabalho de conhecimento e investigação, está decomposto 
em 3 (três) capítulos, sendo que cada um dos conteúdos terá subtítulos, essas partes ao 
todo formam o corpo da monografia sobre “A Nova Função Social da Guarda Municipal, 
na Segurança Pública, com a Lei N° 13.022/2014”, serão descritos resumidamente a 
seguir: 
No capítulo I, serão apresentados os conceitos e definições sobre Segurança 
Pública no Brasil, seus dilemas e suas características. Este capítulo é segmentado em um 
subtítulo, que aborda as Polícias e a Guarda Municipal, conceituando e apresentando-as, 
suas atribuições e princípios de atuação. 
No decorrer da produção desta obra, teremos o segundo tópico, denominado 
capítulo II, onde o tema proposto serão as Guardas Municipais no Brasil, com sua 
apresentação e contextualização, com sua definição constitucional voltada à proteção do 
patrimônio público municipal, isto é, bens, serviços, instalações e logradouros. Ainda 
nesta parte, serão tratadas as Políticas Públicas Nacionais de Segurança, com objetivos 
pautados na redução da criminalidade, participação de suas populações, qualificação dos 
agentes de segurança pública e contribuição com a cidadania nacional. 
18 
 
 
Existe uma divisão neste capítulo, com o nome de: “As Guardas Municipais como 
Polícias”, onde serão estudadas as atividades das guardas municipais como agentes 
policiais, com uma visão sociológica para essas ações. No âmbito jurídico e legislativo, 
serão apresentadas explicações e juízos sobre as Propostas de Emenda Constitucional que 
tramitam na Câmara dos Deputados e/ou no Senado Federal, além do Projeto de Lei que 
se perdura em debate, propondo uma análise detalhada para a integração dos órgãos de 
segurança pública da União, dos Estados e dos Municípios. 
No 3° e último capítulo desta monografia, será apresentada a Guarda Municipal 
de Porto Alegre, em um breve contexto historiográfico da instituição, nos períodos em 
que ocorreram suas transformações organizacionais, destacando-se as 5 (cinco) fases 
evolutivas da Guarda Municipal mais antiga do Brasil. 
A parte legislatória desta produção será apresentada no capítulo III, a Lei n. 
13.022/2014, que trata do Estatuto Geral das Guardas Municipais, sendo apresentados 
todos os artigos em cada um dos seus itens. Refletindo sobre a posição das Guardas 
Municipais com a responsabilidade, sob forma de lei, da proteção às suas populações, 
somada as atribuições de praxe que as corporações municipais sempre realizaram. 
Em contrapartida da Lei n. 13.022/2014, tramita a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) n. 5.156. O Ministro Gilmar Mendes é o relator da ação 
impetrada pela Federação Nacional de Entidades de Oficiais Estaduais (FENEME). 
Desta feita, apresentada a legislação que concebe o zelo aos cidadãos, o último 
assunto a ser debatido, será a Guarda Municipal como agente de polícia, realizando um 
trabalho social na companhia das comunidades locais, sempre com caráter da preservação 
à vida, porquanto este é o primordial princípio da nova atuação da GM. 
Independentemente da convicção da cautela aos indivíduos, serão compreendidos, nas 
atividades das Guardas Municipais, a parte ostensiva da prevenção à criminalidade. 
Finalizando o trabalho de conclusão do curso de Especialização Lato Sensu em 
Segurança Pública, Cidadania e Diversidade, serão apresentadas as considerações finais, 
com os resultados obtidos através do objeto de pesquisa. Em seguida a parte referencial, 
onde estarão citados os autores que contribuíram direta ou indiretamente com o alvo de 
estudo. Para terminar, será apresentada a entrevista realizada com o secretário adjunto, 
19João Hélbio Carpes Antunes, da Secretaria Municipal de Segurança do Município de 
Porto Alegre. 
20 
 
 
CAPÍTULO I 
2. A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL 
 
A Segurança Pública no Brasil nos dias atuais está em uma ampla transformação 
e dificuldade, em uma rota quase sem saída, porque o crime caminha com passos largos 
e ameaça toda população brasileira. Neste cenário, temos as polícias civis e militares no 
combate à criminalidade, com sua atuação constitucional, e as guardas municipais 
colaborando, de forma salutar, para o enfrentamento dos problemas que tangem à 
segurança pública. 
Segurança Pública, conforme Costa (2011) e Lima (2011) é apenas um conceito 
superficial na legislação nacional e nas normas das instituições que são encarregadas de 
assegurar a ordem e os direitos. Estes mesmos autores dizem que: 
 
Segurança Pública é um conceito do qual todos, em geral, imaginam saber o 
seu significado, mas que, ao buscar defini-lo, não é incomum surgirem 
dificuldades analíticas à compreensão de todas as suas dimensões e 
desdobramentos. Diferentes posições políticas e institucionais interagem para 
que segurança pública não esteja circunscrita em torno de uma única definição 
conceitual e esteja imersa num campo em disputa. Trata-se menos de um 
conceito teórico e mais de um campo empírico e organizacional que estrutura 
instituições e relações sociais em torno da forma como o Estado administra 
ordem e conflitos sociais. (COSTA; LIMA 2011, p. 482) 
 
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 6º1 garante a todos a segurança 
como um direito social. Para uma condição de um estado democrático de direito, este 
artigo é indispensável e imprescindível para a cidadania. De acordo com Sichonany Jr. 
(2013, p.19): 
 
A segurança é uma necessidade da natureza do convívio humano. As pessoas 
necessitam se sentir[sic] seguras na sociedade na qual vivem. Trata-se de um 
sentimento pelo qual todos anseiam para que se possa ter uma vida sem 
perigos. Assim, a segurança passa a ser um instrumento para fins de bem-estar 
social. 
 
1
O caput do art. 6º da Constituição Federal de 1988 é o item que trata dos direitos sociais, sendo os direitos 
sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, 
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010). 
21 
 
 
Nesta perspectiva, o artigo 6º da nossa Carta Magna, vem ao encontro dos anseios 
de todos, não obstante, a segurança vem de encontro com o atual momento que a 
sociedade brasileira enfrenta. A sensação de insegurança é infinitamente relevante para 
as comunidades contemporâneas, isto é, uma sociedade segura é uma população mais 
harmônica e com um melhor bem-estar social. A paz e as pessoas vivem em uma 
constante perseguição mútua (KOCH, 2014). 
O problema da segurança pública brasileira passou a ser considerado desafio 
crucial para um Estado justo e igualitário. A imprensa tem um papel relevante nesta 
situação, uma vez que, nunca foi tão debatido e divulgado a questão da segurança pública 
nacional. A visibilidade com este tema corre aos quatro cantos do País e torna-se grande 
assunto de debate com especialistas, acadêmicos, e público em geral. 
No entanto, este papel da imprensa também tem seu lado nocivo, de acordo com 
Bourdieu (1997) a imprensa divulga informações que não correspondem com a realidade 
para ter audiência, e para Ramonet (1999) a imprensa faz do seu telejornal um "espetáculo 
do evento", tornando a emoção do telespectador à verdade do fato. 
O crescimento das taxas de criminalidade, principalmente nos grandes centros 
urbanos brasileiros; juntamente com o aumento da sensação de insegurança; somando-se 
ainda a esses problemas as dificuldades do judiciário; superlotação em presídios; 
desaparelhamento das forças policiais; bem como, a ausência de incentivos aos agentes 
de segurança pública; a incredibilidade das polícias com a população, e vice-versa; a falta 
de políticas públicas; a corrupção; entre tantos outros dilemas que norteiam este assunto, 
esses itens tornam-se aspectos expressivos que contribuem para um colapso da segurança 
pública como a conhecemos. Costa e Lima (2011) acreditam que legitimar, para ter 
aceitação, algumas mudanças de práticas consideradas violentas, arbitrárias e ilegais, 
seria um dos desafios da segurança pública. 
E com a segurança pública na Unidade de Tratamento Intensivo, a preocupação a 
ela deve ser monitorada constantemente e com antídotos, a curto e médio prazo, para uma 
condição mais saudável desse problema. Reformulação e desmilitarização das Polícias 
Militares, valorização das Polícias Civis, investimentos nas Polícias Federais e a inclusão 
das Guardas Municipais no plano de agentes de segurança pública, são alguns dos 
medicamentos que necessitam a frágil saúde da segurança pública brasileira. 
22 
 
 
Como um fármaco para esta epidemia da segurança pública, foi criado o Programa 
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci)2 em 2007, que seguia as 
normas do Plano Nacional de Segurança Pública de 2003. 
No decorrer do Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP)3, houve uma 
inserção social como característica predominante, dando o encetamento introdutório para 
a 1º Conferência Nacional de Segurança Pública (CNSP)4 e posteriormente a 
reestruturação do Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP), (GODINHO, 
2012). 
A respeito das Conferências Nacionais de Segurança Pública, Godinho (2012, p. 
555) define: "as Conferências são processos participativos de caráter eventual, 
desdobrados em diferentes etapas (municipal, estadual e nacional), que reúnem atores 
estatais e sociais com o objetivo de apresentar propostas setoriais." 
E com a participação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
uma nova visão de segurança pública tende a aflorar mesmo em um horizonte ainda um 
pouco distante do que seria o ideal, em contramão à criminalidade que aumenta 
diariamente, porém essa equação de esforços, somada a Políticas Públicas Nacionais de 
Segurança eficientes poderão fazer esta via de mão dupla mudar o sentido e a velocidade 
dos responsáveis por este panorama. 
 
 
 
 
2Desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania 
marcou uma iniciativa inédita no enfrentamento contra a criminalidade no Brasil. O projeto articulou 
políticas de segurança com ações sociais, priorizou a precaução e buscou atingir as motivações que levam 
à violência, sempre procurando estratégias de ordenamento social e segurança pública. 
3O Plano Nacional de Segurança Pública tinha um objetivo de aperfeiçoar o sistema de segurança pública 
do Brasil, por meio de propostas que integrassem políticas de segurança, políticas sociais e ações 
comunitárias, combateu com repressão e prevenção o crime e tentou reduzir a impunidade e sua sensação, 
com a missão de aumentar a segurança e a tranquilidade do cidadão brasileiro. 
4A 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública foi um grande marco histórico na política nacional 
brasileira, sendo um importante instrumento de gestão democrática para o fortalecimento do Sistema Único 
de Segurança Pública, através da iniciativa do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. 
Aconteceram decisões singulares, de uma maneira compartilhada, entre a sociedade civil, poder público e 
trabalhadores da segurança pública. 
23 
 
 
2.1 As Polícias e a Guarda Municipal 
 
A polícia é o braço armado da sociedade, com a missão de defender a lei e a ordem. 
Rudnicki tem uma análise sobre polícia: 
A atividade de polícia é resultado da atividade humana, é uma exigência da 
vida social. Porém, as organizações policiais não,elas somente surgem em 
sociedades complexas, com divisão social do trabalho. Logo, o "nascimento" 
da polícia coincide com a Revolução Comercial (verificada entre os séculos 
XV e XVII), com o aparecimento dos Estados modernos. (RUDNICKI, 2014, 
p. 81) 
 
 
Por definição de polícia, Baierle (2007) ressalta que ela surge como uma 
instituição devido a um afazer e necessidades sociais, contudo, se desenvolve de uma 
forma paralela com a sociedade. 
O poder de polícia é apontado pelo caput do art. 78 do Código Tributário Nacional 
(CTN)5, em concordância com a Lei n. 5.172/66, que designa: 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de 
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à 
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do Poder Público, à tranqüilidade[sic] pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (REDAÇÃO DADA PELO 
ATO COMPLEMENTAR N° 31 DE 1966) 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando 
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como 
discricionária, sem abuso ou desvio de poder. (CÓDIGO TRIBUTÁRIO 
NACIONAL /1978. LEI N° 5.172/66) 
 
Antes de 1988, o encargo de polícia e o modelo operacional são narrados por 
Costa: 
 
O Brasil possui uma longa tradição no emprego das forças policias baseado em 
transgressões e castigos físicos impetrados principalmente contra as 
populações pobres, dominadas e oprimidas. As práticas de violência e 
 
5O Código Tributário Nacional é definido pela Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966 que dispõe sobre o 
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 
Municípios. 
 
24 
 
 
arbitrariedade, impetradas pelas forças policiais, não são novidades em nosso 
país. Desde os tempos Imperiais até os nossos dias, independente do regime de 
governo ou das tendências políticas no governo, o abuso de poder, o arbítrio, 
o castigo físico e a tortura, têm sido uma forma de controle social bem 
característico das elites e das forças policias. 
Podemos afirmar que a concepção de controle social, presente ao longo do 
período Republicano, colocava a Polícia a serviço do Estado e das elites. 
Prevalecia, no ofício de Polícia, uma cultura do emprego da força e o uso da 
violência de forma indiscriminada, na maioria das vezes, sem a observação da 
lei. Essa cultura do arbítrio e do uso da força permitia a prisão de qualquer 
suspeito de algum delito ou crime, sem mandado judicial. A busca de provas e 
as confissões quase sempre eram obtidas com o emprego da tortura e do 
constrangimento ilegal do suspeito. 
Sobre o modelo operacional das Polícias, antes de 1988, algumas experiências 
vividas por alguns policiais entrevistados em Mato Grosso não deixam dúvida 
quanto à missão das organizações policiais nos períodos em que o Estado de 
Direito encontra-se fragilizado e os direitos civis não eram respeitados. 
(COSTA, 2004) 
 
 
Acerca de como as práticas policias eram praticadas antes de 1988, com 
promulgação da Constituição Federal, esperava-se que muitas coisas mudassem, 
entretanto, segundo Costa, o paradigma continua. 
 
Assim como um paradigma não desaparece de uma hora para outra, não 
acabou, também, essa concepção de segurança com o final do regime de 
exceção, logo após a redemocratização e a promulgação da Constituição de 
1988, que garantiu o a Estado de Direito. A cultura de um ofício marcado pela 
arbitrariedade, pela corrupção e pela violência seria uma prática do passado? 
Após a democratização do país e a implantação do Estado de Direito em 1988, 
vários fatos envolvendo o excesso e o abuso de poder continuaram[sic] 
presentes no ofício de Polícia. É por essa razão que autores como G. O'Donnel 
(2000), Pinheiro (1996), Adorno e Cardia (1999), Kant de Lima (1995), 
Tavares dos Santos (1993), entre outros, concordam que se mantém inalterado 
um paradoxo na sociedade brasileira: democratizam-se as estruturas políticas, 
mas permanece o autoritarismo e o arbítrio implantado nas esferas da 
microfísica do poder, em especial no ofício de polícia, contrariando o Estado 
de Direitos. 
A nova ordem constitucional não foi capaz de prevenir ou diminuir algumas 
das piores arbitrariedades e abusos praticados pelas Polícias. (COSTA, 2004) 
 
 
Com esse paradoxo, temos determinadas as polícias no caput art.144 da 
Constituição Federal, e no enquadramento da Segurança Pública, destacam-se a Polícia 
Federal; a Polícia Rodoviária Federal; a Polícia Ferroviária Federal; as Polícias Civis; as 
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; e as Guardas Municipais. Essas 
25 
 
 
categorias policiais são as determinadas no artigo 5º6 da Constituição Federal de 1988, 
definindo, na realidade, uma hierarquização das polícias nacionais. 
As polícias mais importantes, em harmonia com a Carta Magna brasileira, são as 
polícias federais, divididas em Polícia Federal - PF, Polícia Rodoviária Federal - PRF e 
Polícia Ferroviária Federal – PFF; são polícias subordinadas ao Ministério da Justiça 
(MJ)7, criadas no governo de Getúlio Vargas8, tem como missão apurar infrações penais 
cometidas contra a União e suas empresas públicas; controlar e fiscalizar rodovias e 
ferrovias, respectivamente. Possui a competência da cooperação com a segurança pública 
do País, seja dentro, em estradas, rodovias ou em fronteiras brasileiras. 
Consoante com os §§§ 1º, 2º e 3º do caput do art. 144 da Constituição Federal, 
definem os deveres e poderes das polícias federais: 
 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado 
em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento 
de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e 
empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser 
em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros 
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; 
 IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, 
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, 
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 144/1988) 
 
 
 
6Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade (CF/1988) 
7O Ministério da Justiça é um órgão autônomo da administração federal brasileira que trata de matérias 
relacionadas com a ordem jurídica e garantias fundamentais. 
8Getúlio Dorneles Vargas nasceu em São Borja/RS, no dia 19 de abril de 1882. Faleceu no Rio de 
Janeiro/RJ, no dia 24 de agosto de 1954. Foi presidente da república por dois mandatos (1930 até 1945 e 
1950 e 1954) e pôs em prática mudanças revolucionárias que fizeram do Brasil um dos principais países 
da América Latina. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_jur%C3%ADdicahttp://www.infoescola.com/geografia/america-latina/
26 
 
 
As Polícias Civis - PC, antes chamada de Guarda Civil9, são polícias subordinadas 
aos governadores dos estados que compõem a Federação, tem a função de polícia 
judiciária, à vista disso, compete a ela a atribuição de zelar pelo cumprimento da 
legislação e investigar os crimes cometidos contra as pessoas e contra o patrimônio. 
Tal qual como as responsabilidades das polícias federais, o caput do art. 144 da 
Constituição Federal, no § 4º determina: "às polícias civis, dirigidas por delegados de 
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares." (CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL, ART. 144/1988) 
Na qualidade de uma força auxiliar para a Polícia Civil, existe a Polícia Militar - 
PM e seu Corpo de Bombeiros Militares - CBM, com uma estrutura de organização 
similar ao Exército Brasileiro (EB), as polícias militares e seu corpo de bombeiros militar, 
foram nomeadas para cumprir a mister de realizar um policiamento ostensivo e preservar 
pela lei e pela ordem pública. Subordinam-se aos governadores estaduais que compõem 
a federação, e como são militares integram uma reserva automática das Forças Armadas 
Nacionais10. Os §§ 5º e 6º do caput do art. 144, da Constituição Federal de 1988, definem 
que: 
 
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem 
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em 
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
§ 6º Às polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e 
reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos 
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 144/1988) 
 
 
Finalmente, temos as Guardas Municipais - GM, subordinadas ao chefe do Poder 
Executivo Municipal, e são destacadas na Constituição Federal de 1988, pela seguinte 
redação: "§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção 
 
9A Guarda Civil foi criada em 21 de janeiro de 1929, era uma corporação de policiais civis uniformizados 
pertencente à estrutura da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, foi extinta por força do Decreto 
Lei nº 667, de 2 de julho de 1969, com todas as outras guardas civis dos demais estados brasileiros. Com a 
Lei nº 5.950/1969, os guardas rio-grandenses tornaram-se investigadores dos quadros da Polícia Civil. 
10
A lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, dispõe sobre o Estatuto dos Militares e tem sua redação no art. 
4º que são considerados reserva das Forças Armadas: no seu conjunto a) as Polícias Militares; e b) os 
Corpos de Bombeiros Militares. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1929
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Civil_do_Estado_do_Rio_Grande_do_Sul
https://pt.wikipedia.org/wiki/2_de_julho
27 
 
 
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei." (CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL, ART. 144/1988) 
Em 8 de agosto de 2014, foi aprovado a Lei n. 13.022/2014, que dispõe sobre o 
Estatuto Geral das Guardas Municipais11. Tramita na Câmara dos Deputados, desde 2002, 
Projeto de Emenda Constitucional do Senador Federal, já falecido, Romeu Tuma12 
PFL/SP. Essa PEC 534/2002, altera a composição do § 8º caput do artigo 144 da 
Constituição Federal de 1988, para organizar sobre as competências da Guarda Municipal 
e criação da Guarda Nacional (GN), quer dizer, transformando as atribuições das Guardas 
Municipais em Polícias Municipais, agregando à salvaguarda a população a estas 
instituições; e criando uma nova entidade que é a Guarda Nacional, visando um combate 
ainda maior contra a criminalidade e a sensação de insegurança que predomina em nossa 
sociedade. 
 
 
11Aprovado em julho no Senado, o projeto que criou o Estatuto Geral das Guardas Municipais (PLC 
39/2014) e foi transformado na Lei 13.022/2014. 
12Romeu Tuma (1931 - 2010). Foi policial e político, natural de São Paulo/SP, ficou conhecido por ter sido 
um dos policiais, mais atuantes durante os anos do regime militar (1964-1985), o que lhe rendeu o apelido 
de “Xerife”. 
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=117124
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=117124
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13022.htm
28 
 
 
CAPÍTULO II 
3. AS GUARDAS MUNICIPAIS 
 
Independentemente do artigo 144, da Constituição Federal de 1988, as Guardas 
Municipais fazem parte do quadro da segurança pública brasileira, mesmo não sendo 
especificada a sua classificação como gestor de segurança pública. Desde sua criação, 
suas atividades passaram a ser cada vez mais voltadas à defesa dos cidadãos, juntamente 
com os bens e serviços dos municípios, porque o maior patrimônio de uma cidade são 
seus munícipes. 
Perante as mudanças de atividades das Guardas Municipais, e com a falta de 
protocolos e padronizações, fazendo com que cada instituição haja à sua maneira, criou-
se o Estatuto Geral das Guardas Municipais do Brasil, com a Lei Nº 13.022/2014, que 
ordena normas gerais para todas as Guardas Municipais. 
Somado a esse Estatuto, as Guardas Municipais esperam a votação do Projeto de 
Emenda Constitucional 534/200213 que dá nova redação ao § 8º do caput do art. 144, da 
Constituição Federal, incluindo a tutela a suas populações, como missão dos servidores 
das Guardas Municipais em todo território nacional. 
Constituídas para o resguardo dos valores patrimoniais e atividades municipais, 
cabendo a cada prefeitura sua criação. As Guardas Municipais tiveram uma participação 
um tanto quanto discreta na Constituição Federal de 1988. Não foram classificadas como 
polícias e ficaram sem funções pré-estabelecidas, restringindo o cuidado apenas sobre o 
patrimônio municipal. 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de 
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
 
13A PEC 534/2002, de origem da PEC 87/1999, apresentada no dia 02 de maio de 2002, com a intenção de 
alterar o art. 144 da Constituição Federal, para dispor sobre as competências da Guarda Municipal e criação 
da Guarda Nacional. 
29 
 
 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à 
proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 144/1988) 
 
 
Mesmo com essa especificação de proteger bens, serviços e instalações, algumas 
Guardas Municipais do Brasil já desempenhavam um papel de polícia ostensiva, como a 
exemplo da Guarda Municipal do estado de São Paulo14. Com o Estatuto Geral das 
Guardas Municipais, essa atividade deverá ser executada por todas as instituições, em 
concordância com o Estatuto mencionado. 
O caput do art. 3º desse Estatuto ressalta os princípios mínimos de atuação das 
Guardas Municipais, onde se destaca a proteção da vida e o patrulhamento preventivo, 
assim como, a atenuação do sofrimento e decremento das perdas. 
Diante desse artigo, com a inclusão de itens como a preservação da vida e 
patrulhamento preventivo, as Guardas Municipais se inserem com mais veemência no 
espaço da Segurança Pública. A despeito do Estatuto Geral das Guardas Municipais entrar 
em vigor em 2014, as entidades municipais têm o prazo máximo de 2 (dois) anos para 
adequar-se às novas diretrizes, assim como diz a lei: "Art. 22. Aplica-se esta Lei a todas 
as guardasmunicipais existentes na data de sua publicação, a cujas disposições devem 
adaptar-se no prazo de 2 (dois) anos." (LEI Nº 13.022/2014) 
Nos dias atuais, a Guarda Municipal atua em um limbo constitucional, quer dizer, 
em certos momentos intervém na segurança às pessoas e em outros não. Mas, como a 
nossa Carta Magna retrata que qualquer um do povo pode efetuar prisões, sendo em 
flagrante delito, as Guardas Municipais usam este atributo para realizar algum tipo de 
detenção, quando há o flagrante. Porém, um agente de segurança pública, servidor 
municipal, com fé pública, não pode ser considerado qualquer um do povo perante esses 
fins. Consequentemente, a inclusão das Guardas Municipais como polícias no caput do 
artigo 144, da Constituição Federal, é altamente relevante para o cenário da segurança 
pública nacional, pelo embasamento jurídico. 
Com o aumento da incidência da violência e do sentimento de insegurança que 
avassalam a população, a incorporação das Guardas Municipais no contexto do combate 
 
14A Guarda Civil Metropolitana foi criada em 1986, na gestão do prefeito Jânio da Silva Quadros, através 
da Lei Municipal n. 10.115, de 15 de setembro de 1986. O lema da Guarda Civil Metropolitana é amiga, 
protetora e aliada e se caracteriza pela filosofia de proteção Comunitária, Moderna e Preventiva. 
30 
 
 
e da providência ao crime, torna-se uma ação federal, com o propósito das administrações 
municipais colaborarem com os Estados, na medida em que se alarga o conceito de Polícia 
Municipal. 
Desde 2000, o Governo Federal desenvolve uma nova implantação de uma 
Política Nacional de Segurança Pública, através da Secretaria Nacional de Segurança 
Pública (SENASP)15, com subsídios do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP)16, 
contribui para a criação de Guardas Municipais em municípios que não desfrutavam dos 
seus serviços, e nos que já possuíam, custeou os valores operacionais. 
A SENASP tinha como um dos seus objetivos a apropinquarão dos estados com 
o Governo Federal, de acordo com Santos (2014), que se refere às Políticas de Segurança 
Pública com Democracia: 
 
Somente após mais de uma década da promulgação da Constituição da 
República de 1988 que a segurança pública começou a ser pensada no contexto 
de uma sociedade democrática. Foi criado, no ano de 2000, o Plano Nacional 
de Segurança Pública, um marco importantíssimo para se pensar a segurança 
no Brasil redemocratizado. [...] A SENASP, visando à articulação entre os 
estados, estruturou o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). O SUSP 
objetivava articular as ações federais, estaduais e municipais na área da 
segurança pública, com a busca pelo aperfeiçoamento do planejamento e pela 
troca de informações para uma atuação qualificada dos entes federados na área, 
respeitando a autonomia, mas buscando a integração e a otimização dos 
resultados. [...] O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania foi 
desenvolvido pelo Ministério da Justiça e teve como principal inovação o 
controle do crime através da prevenção e da repressão qualificada. Isso quer 
dizer que, articulando políticas sociais com políticas de segurança, o projeto 
teve como meta principal a prevenção e a participação da sociedade civil no 
combate à criminalidade. (SANTOS, 2014, p.109, 110 e 112) 
 
 
Neste conjunto de criação e aprimoramento das Guardas Municipais, essas 
instituições chegam para aglutinar junto com as organizações já existentes na segurança 
pública, Polícias Civis, Militares e Corpo de Bombeiros. Essas forças responsáveis pela 
segurança pública receberão uma força adjunta na batalha à criminalidade e proporcionar 
maior sensação de segurança para a população. 
 
15Órgão de assessoramento do Ministério da Justiça para definição, implementação e acompanhamento da 
Política Nacional de Segurança Pública e dos Programas Federais de Prevenção Social e Controle da 
Violência e Criminalidade 
16O Fundo Nacional de Segurança Pública, criado pelo Ministério da Justiça, com o objetivo de apoiar 
projetos na área de segurança pública e prevenção à violência, enquadrados nas diretrizes do plano de 
segurança pública do Governo Federal. 
http://www.sinonimos.com.br/apropinquacao/
31 
 
 
3.1 As Guardas Municipais Como Polícias 
 
Altivamente das nomenclaturas de Guarda Civil Municipal (GCM), Guarda Civil 
(GC), Guarda Metropolitana (GM) e Guarda Civil Metropolitana (GCM), as Guardas 
Municipais sistematicamente, atuam como polícias, de certa forma, por um anseio da 
sociedade por uma Polícia diferente das atuais e uma instituição mais humanizada. 
 
[...] a palavra polícia deriva do grego polis, usado para descrever a constituição 
e organização da autoridade coletiva. Tem a mesma origem etimológica da 
palavra política, relativa ao exercício dessa autoridade coletiva. Assim, 
podemos perceber que a idéia[sic] de polícia está intimamente ligada à noção 
de política. Não há como dissociá-las. A atividade de polícia é, portanto, 
política, uma vez que diz respeito à forma como a autoridade coletiva exerce 
seu poder. (COSTA, 2004, p.35) 
 
Como Costa (2004) revela, a expressão Polícia é diretamente ligada à política e 
não tem como separá-la, logo, a atividade policial é uma atuação política, um interesse 
político-partidário, sendo que, os municípios terão que ter essa disposição, com a 
aprovação da Lei n. 13.022/2014. 
Em vista disso, para a Guarda Municipal desenvolver um dever mais atuante como 
atividade policial, passará por uma avaliação política, e nesse sentido, acordos e 
convênios deverão ser concretizados entre estados e municípios. 
 
[...] quando o assunto é segurança pública, as pessoas tendem, a relacionar essa 
expressão com a polícia. Além de ser uma forma equivocada de visualizar o 
que seja segurança pública, ainda mantêm-se [sic] o hábito de interpretar o 
serviço de polícia como um trabalho de ostensividade e repressão. São 
equívocos que se sobrepõem, pois [sic] segurança não significa 
necessariamente uma atuação policial e polícia também não se resume a 
trabalhos de policiamento ostensivo e repressivo. Nesse diapasão é que surgem 
as contradições quanto às atribuições da Guarda Municipal, pois, mesmo não 
sendo explicitamente (pela Constituição Federal) uma polícia, é um agente de 
segurança pública, que realiza um serviço policial. 
E é justamente esse serviço policial, amplo, que devem e podem exercer as 
Guardas Municipais, ou seja, através de implantação das "Políticas Públicas de 
Segurança", que se consubstanciam em toda ordem de serviços, inclusive de 
natureza social, que o município presta à sociedade. (SICHONANY JR., 2013, 
p.23) 
 
 
Sichonany Jr. (2013) mostra-nos a sua interpretação, que as Guardas Municipais 
podem e devem exercer uma atividade policial diferenciada das atuais, principalmente na 
32 
 
 
atuação em seus domínios, pois é no município que os indivíduos habitam. Com uma 
execução de Políticas Públicas de Segurança Nacional, estados, municípios e União 
trabalharão em conjunto em prol da segurança pública. Em harmonia com Abreu (2010, 
p.19) "a segurança pública convencional, através da Polícia Militar e da Polícia Civil 
cumpre seu papel institucional: reprime, prende [...]", a Guarda Municipal não tem esse 
"papel institucional" que o autor se refere, todavia, a legislação começa a dar essa missão, 
além da obrigação cidadã. Nesta posição, Abreu (2010, p. 25) diz que "a Guarda 
Municipal deve reafirmar seu compromisso social com os problemas relacionados à 
comunidade adotando medidas preventivas [...]". 
Para Monet (2001), mesmo sendo perigosa, a inserção das polícias na vida social 
deve-se pela função preventiva, tendo um poder de influenciar nos rumos da sociedade. 
Essa colocação coletiva que o autor nos fala, pode e deve ser desenvolvido pelas Guardas 
Municipais,já que, esses profissionais trabalham diretamente com a comunidade local. 
O modelo atual de policiamento funciona após o crime ser cometido, raramente a 
atuação policial consegue inibir os atos infracionais e ilícitos, com apenas uma simples 
orientação ou pela presença do agente policial. A postura policial frustra o crime, através 
da ostensividade, pela compleição física. A atuação de uma nova polícia deve ter moldes 
nesse sentido aguerrido, somado com ações sociais e de inclusão. 
O sociólogo Tavares dos Santos (2004) afirma que família, escola, associações 
locais, meios de comunicação e a polícia, representam uma organização de controle social 
institucional, todos esses entes reunidos, criam uma construção coletiva de controle 
comunitário democrático, através de uma segurança cidadã. 
Essa segurança cidadã, que Tavares dos Santos (2004) nos traz, nada mais é, que 
a incorporação da polícia na comunidade, no entanto, não da forma ostensiva e sim, 
através do diálogo junto aos representantes locais. Esse novo modelo de Polícia, uma 
polícia pacificadora, participativa, ouvinte, educadora e quando necessária, somente 
quando necessária, repressiva, deve ser o modelo adotado pelos municípios. 
A segurança pública, dever do Estado, vem aos poucos deixando de ser uma 
atividade exclusivamente estadual, devido a um conjunto de fatores. A ineficiência dos 
governos estaduais, em conjunto com uma extensa participação dos municípios no quesito 
segurança pública, com apoio do Governo Federal, sempre com finalidades sociais, 
33 
 
 
resulta na construção ideológica das Guardas Municipais como Polícias Municipais, 
trabalhando lado a lado com suas populações. Kahn e Zanetic (2005). 
Em relação ao acréscimo das Guardas Municipais no cenário de segurança 
pública, Sichonany Jr. (2013) considera que "os municípios passaram a perceber, 
principalmente através das Guardas Municipais, que possuem em suas mãos esse 
instrumento extremamente importante para colaborar com a questão da segurança." 
A municipalização da segurança pública é algo que ocorrerá como o exemplo do 
que aconteceu com a saúde pública, que se tornou de responsabilidade das prefeituras, 
uma vez que, os municípios agem diretamente com as comunidades locais, 
diferentemente dos estados e da União. Reuniões sobre Segurança Pública podem ocorrer 
em todos os bairros da cidade, com a presença da Guarda Municipal e comunidade em 
geral, debatendo assuntos de segurança pública, tendo em vista, a criação de Fóruns de 
Segurança Pública Municipais (FSPM)17 para debater estes fins. 
Existem alguns Projetos de Emenda Constitucional sobre as atribuições das 
Guardas Municipais como órgãos de segurança pública, mais especificamente, como 
força policial, são elas: 
Projeto de Emenda Constitucional 534/2002, do Senado Federal, através do 
Senador Romeu Tuma PFL/SP, com a apreciação do Deputado Federal Arnaldo Faria de 
Sá18 (PTB/SP), que promove a alteração do caput do artigo 144 da Constituição Federal 
de 1988, dispondo sobre as competências das Guardas Municipais e decreta a criação da 
Guarda Nacional19. Rocha (2011, p. 35) disserta sobre essa PEC: 
 
[...] o parecer apresentado na Comissão Especial constituída em 7/8/2002, do 
Deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), pela aprovação da PEC 534-A/2002 
com emenda supressiva e pela rejeição das PEC apensadas, foi aprovado, em 
26/10/2005, estando o projeto pronto para a pauta desde então. A rejeição dos 
apensados se baseou na exigência de mínimo populacional, não atendimento 
aos requisitos de autonomia operacional ou financeira e forma de 
 
17Os Fóruns de Segurança Pública Municipais são espaços para o debate entre comunidade e órgãos de 
segurança pública que competem aos municípios com objetivo de minimizar os índices de violência através 
da municipalização das ações. 
18O Deputado Federal, em seu 7° mandato, Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), é natural de São Paulo/SP, 
advogado, contabilista, radialista, professor e político. 
19A Guarda Nacional já existiu em nossa nação, em agosto de 1831, era uma força paramilitar durante 
o período regencial. A PEC 534/2002, retoma a criação da Guarda Nacional no Brasil. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/1831
https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_paramilitar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_regencial
34 
 
 
normatização. Ao analisar as várias proposições, o relatório aprovado definiu 
pela proposta de redação final do dispositivo em alteração, suprimindo emenda 
aprovada no Senado para criação da Guarda Nacional, com a seguinte redação: 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à 
proteção de suas populações, de seus bens, serviços, instalações e logradouros 
públicos municipais, conforme dispuser lei federal. 
 
 
Consoante com Rocha (2011, p. 36) a PEC 514/199720, apensada à PEC 
151/199521, "'altera os art. 21, 22, 30, 32 e 144 da Constituição', constituindo essas 
alterações na alteração da competência da União, Estados e Municípios, bem como de 
modificação no sistema de segurança pública." Isto posto, inclui os Municípios no 
Sistema de Segurança Pública Nacional. 
Sobre a PEC 613/199822, de autoria da Deputada Federal Zulaiê Cobra23 
(PSDB/SP), apensada à PEC 151/1995: 
 
Apensada antes da constituição da Comissão Especial, da Deputada Zulaiê 
Cobra (PSDB/SP), a qual "dispõe sobre a estruturação do sistema de segurança 
pública, cria o Sistema de Defesa Civil", estabelecendo que a União organizará 
a polícia federal, a polícia e o corpo de bombeiros do Distrito Federal; os 
Estados organizarão a polícia estadual e a defesa civil, composta do corpo de 
bombeiros estadual; extingue as polícias rodoviária e ferroviária federal, cujas 
atividades serão exercidas pela polícia federal. Estabelece certas garantias e 
vedações aos policiais, desmilitariza as forças estaduais, pressupondo a polícia 
estadual única, com atribuições não cumulativas em dois segmentos, o 
Departamento de Polícia Judiciária e de Investigação e o de Polícia Ostensiva, 
com a consequente extinção da Justiça militar estadual. Permite convênios com 
entre os entes federados, inclusive para ações de segurança pública pelas 
guardas municipais, propõe a criação de uma Secretaria Nacional de Segurança 
Pública, vaticínio transformado no órgão de mesmo nome (Senasp), bem como 
de um fundo de Segurança Pública, também posteriormente criado com o nome 
de Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) [...]. (ROCHA, 2011, p. 36) 
 
 
Também citando a Guarda Municipal, a PEC 589/200624, que foi arquivada, 
 
20A PEC 514/1997, de origem da MSC 975/1997, apresentada no dia 03 de setembro de 1997, que altera 
os art. 21, 22, 30, 32 e 144 da Constituição Federal. 
21
A PEC 151/1995, apensada à PEC 534/2002, apresentada no dia 29 de junho de 1995, que altera a redação 
do inciso II do art. 37 e do parágrafo 7º do art. 144 da Constituição Federal. 
22A PEC 613/1998, apensada à PEC 151/1995, apresentada no dia 17 de junho de 1998, que dispõe sobre a 
estruturação do sistema de Segurança Pública, cria o Sistema de Defesa Civil. 
23A ex Deputada Federal Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB/SP), natural de São José do Rio Pardo/SP é advogada 
e política. 
24A PEC 589/2006, apresentada no dia 14 de dezembro de 2006, que dava nova redação aos art. 21, 22, 24, 
32 e 144 da Constituição Federal, estão com sua situação arquivada. 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=24538&ord=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Rio_Pardo
35 
 
 
 
[...] do Deputado Ricardo Santos (PSDB/ES), "dá nova redação aos art. 21, 22, 
24, 32, 144 da Constituição", estabelecendo as instituições policias, 
transferindo aos Estados e ao Distrito Federal a autoridade para criar um novo 
formato para as polícias de acordo com suas necessidades, autorizandoos 
Municípios a criarem a polícia municipal e fixando atribuições para a polícia 
federal. Com parecer favorável prolatado em 23/6/2008, não teve este votado, 
e, portanto[sic], não foi instalada Comissão Especial para a sua apreciação. Em 
geral, mantém as polícias de caráter federal e desconstitucionaliza as atuais 
polícias estaduais e distrital, facultando a livre constituição de novas polícias 
unificadas estaduais e polícias municipais, conforme estabeleçam as 
respectivas constituições estaduais e leis orgânicas. (ROCHA, 2011, p. 37) 
 
 
Do Deputado Celso Russomanno25 (PP/SP), temos a PEC 430/200926 que "altera 
a Constituição Federal para dispor sobre a polícia e corpos de bombeiros dos Estados e 
do Distrito Federal e Territórios, confere atribuições às Guardas Municipais" (ROCHA, 
2011, p. 38). Essa PEC concebe uma nova Polícia Municipal, desmilitariza os Corpos de 
Bombeiros Militares, e desconstitucionaliza as Polícias Militares e Civis. 
Também tramitando o PL 7258/201027, do Deputado William Woo28 (PPS/SP): 
 
Que institui os Planos Nacionais de Segurança Pública e de Execução Penal e 
estabelece a sua avaliação, foi apensado ao PL 1937/2007, traçando meticulosa 
metodologia para a integração dos órgãos de segurança pública da União, dos 
Estados e dos Municípios. (ROCHA, 2011, p. 42) 
 
Essas são as Propostas de Emendas Constitucionais, assim como, o Projeto de Lei 
que apresentam em suas redações, criando proposições para a gênese de uma nova Polícia 
Municipal administrada pelas prefeituras. 
 
25Celso Ubirajara Russomanno nasceu em 20 de agosto de 1956 em São Paulo/SP é Bacharel em Direito, 
especialista em defesa do consumidor, político e jornalista, está em seu 5° mandato como Deputado Federal. 
26A PEC 430/2009, apensada à PEC 184/2007, apresentada no dia 05 de novembro de 2009, que altera a 
Constituição Federal para dispor sobre a Polícia e Corpos de Bombeiros dos Estados e do Distrito Federal 
e Territórios, confere atribuições às Guardas Municipais. 
27O PL 7258/2010, apensado ao PL 3734/2012, apresentado no dia 04 de maio de 2010, que institui os 
Planos Nacionais de Segurança Pública e de Execução Penal e estabelece a sua avaliação. 
28William Boss Woo, natural de São Paulo/SP, nasceu em 27 de novembro de 1968, comunicador e político, 
está em seu 2° mandato como Deputado Federal. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_agosto
https://pt.wikipedia.org/wiki/1956
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=375065&ord=1
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=542102&ord=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/27_de_novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1968
36 
 
 
CAPÍTULO III 
4. A GUARDA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE 
 
A GM/PA, Guarda Municipal de Porto Alegre, é a instituição mais antiga do 
Brasil, entre todas as Guardas Municipais, criada em 3 de novembro de 1892, pelo Ato 
Nº 6, do intendente de Porto Alegre, Alfredo Augusto de Azevedo29, sendo considerada 
hoje, um patrimônio da cidade de Porto Alegre. 
Sua alçada sempre foi a de proteger o patrimônio público, estritamente os próprios 
municipais, quer dizer, escolas, postos de saúde e repartições públicas. Com a alteração 
da lei n. 9.056/200230 para a lei n. 11.399/201231, que transmuda de Secretaria Municipal 
de Direitos Humanos e Segurança Urbana (SMDHSU), para uma nova administração, a 
Secretaria Municipal de Segurança32 (SMSEG). Com isso, a Guarda Municipal de Porto 
Alegre ganhou um novo perfil de treinamento e preparações constantes, reequipamento e 
modernização que dão a sustentação necessária para a execução de um atendimento 
especializado, que consolida a participação da Guarda Municipal no horizonte da 
segurança pública, como referência para a população. 
 
A Guarda Municipal deve ser uma instituição civil, uniformizada, armada, com 
filosofia de Defesa Social e cidadania, subordinada à Secretaria Municipal de 
Segurança Urbana, investida do poder de polícia discricionária, para garantir a 
proteção dos bens, instalações municipais, proteção ao código de posturas do 
Município e o pleno exercício das atividades dos serviços executados pelo 
Município. (ABREU, 2010, p.30) 
 
29Alfredo Augusto de Azevedo, foi o 5° prefeito de Porto Alegre, com início em 12 de outubro de 1892 e 
término em 3 de janeiro de 1896, eleito como Intendente, nova nomenclatura dada ao administrador 
municipal. 
30A Lei Ordinária n. 9056, de 27 de dezembro de 2002, criou a Secretaria Municipal de Direitos Humanos 
e Segurança Urbana, o Conselho Municipal de Justiça e Segurança e Fóruns Regionais de Justiça e 
Segurança. 
31Com a Lei Ordinária n. 11.399/2012, fica criada, na Administração Centralizada do Município de Porto 
Alegre, a Secretaria Municipal de Segurança. 
32
A Secretaria Municipal de Segurança (SMSEG) ganhou status de uniformidade no início do ano de 2013 
com a divisão do segmento de segurança e direitos humanos no Executivo. O fracionamento da atual 
estrutura da segurança municipal resultou em duas novas secretarias e deverá permitir que os assuntos 
ligados à defesa de direitos e da segurança do cidadão possam ser tratados em instâncias especializadas 
com mais foco e mais efetividade nas ações e resultados que se fazem necessários. 
 
37 
 
 
Ainda sobre a vinculação das Guardas Municipais, com as Secretarias Municipais, 
nem sempre seguem a terminologia legitimada, como por exemplo, a Guarda Municipal 
de Porto Alegre que fora vinculada à Secretaria Municipal de Direitos Humanos, 
entretanto de acordo com Baierle (2007), opera antagonicamente ao propósito da 
Secretaria, de uma forma ostensiva e repressiva. 
Com a lei n. 13.022/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff33, a Guarda 
Municipal de Porto Alegre terá um prazo de até 2 (dois) anos, da data da promulgação do 
aludido regulamento, para adaptar-se e reformular-se, incluindo um plano de carreira 
específico para seus servidores. 
A Guarda Municipal de Porto Alegre intervém atualmente em 576 (quinhentos e 
setenta e seis) setores da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), distribuídos por 
todas as secretarias da administração municipal. Em companhia, com a Secretaria 
Municipal de Educação34 (SMED), a GM/PA atua em 105 (cento e cinco) áreas da rede 
municipal de ensino. 
O Sistema de Alarme Eletrônico35 (SAE), monitora 276 (duzentos e setenta e seis) 
dos postos de atuação que a Guarda Municipal de Porto Alegre acautela na cidade. O 
sistema funciona 24 (vinte e quatro) horas por dia, sendo o gerenciamento dos alarmes 
pela Central de Operações da Guarda Municipal36 (COGM). 
Esse mesmo setor é encarregado pela fiscalização do sistema de 
videomonitoramento, nos domínios atendidos pela GM/PA, são 51 (cinquenta e uma) 
câmeras intrínsecas da Guarda Municipal de Porto Alegre, compartilhadas nos prédios, 
praças e parques da capital gaúcha, além de assessorar no monitoramento de outras 
câmeras, de outros órgãos públicos, são 101 (cento e uma) câmeras, sendo distribuídas, 
 
33Dilma Vana Rousseff é economista e política, atual presidente da República Federativa do Brasil. 
34A Secretaria Municipal de Educação gerencia a Rede Municipal de Ensino, que é formada por 96 (noventa 
e seis) escolas com cerca de 4000 (quatro mil) professores e 1200 (mil e duzentos) funcionários. 
35O Sistema de Alarme Eletrônico da Guarda Municipal de Porto Alegre é o sistema responsável pelo 
monitoramento dos prédios públicos da capital, com funcionamento 24 (vinte e quatro) horas por dia. 
36A Central de Operações da Guarda Municipal de Porto Alegre, conhecida como “sala”, é o centro de 
comando das ações diárias desenvolvidas pela instituição. 
38 
 
 
pela Empresa Pública de Transporte e Circulação37(EPTC)e Brigada Militar, além de 
administrar 506 (quinhentas e seis) câmeras da Secretaria Municipal de Educação, 
ramificadas por toda rede municipal de ensino. 
Em sua estrutura organizacional, integram as Equipes Administrativas e 
Operacionais, sendo está última, decomposta em 10 (dez) áreas regionalizadas, divididas 
em efetivo fixo e móvel, em cada território peculiar da cidade de Porto Alegre. Do mesmo 
modo, nessa esfera operacional, encontram-se o Grupo de Fiscalização38, com uma 
atividade noturna mais regular; o Grupamento Especial Motorizado39 (GEM), incumbido 
pelo atendimento das ações conjuntas, escoltas de autoridades e dignitários, controle de 
distúrbios civis, e patrulhamento preventivo. Ainda no eixo operacional, a Central de 
Operações da Guarda Municipal (COGM) que além do sistema de videomonitoramento 
e alarme, opera o serviço do Disque Pichação40, pelo número telefônico convencionado 
às Guardas Municipais, 153. Bem como, em complemento, com o número telefônico 156, 
que é referente ao callcenter da prefeitura de Porto Alegre. 
Na esfera administrativa, a GM/PA possui o Núcleo de Apoio Administrativo41 
(NAA); Núcleo de Estudo e Estatística42 (NEE); Núcleo de Ações Preventivas43 (NAP); 
 
37
A Empresa Pública de Transporte e Circulação teve sua criação autorizada pela Lei n° 8133, de 13 de 
janeiro de 1998, com o intuito de regular e fiscalizar as atividades relacionadas com o trânsito e os 
transportes do Município de Porto Alegre, sendo que no dia 03 de abril de 1998 foi devidamente constituída 
passando a exercer as suas atividades desde então. 
38
O Grupo de Fiscalização da Guarda Municipal de Porto Alegre auxilia as 10 (dez) áreas regionalizadas, 
nas modalidades fixas e móveis da GMPA, além de fiscalizar setores atendidos pela instituição. 
39
O Grupamento Especial Motorizado da Guarda Municipal de Porto Alegre é responsável pelo 
patrulhamento preventivo de praças, parques e próprios municipais, além de escoltas para autoridades. 
Sendo o grupo mais ostensivo da GMPA, exerce atividades de controle de distúrbios civis, sempre que 
necessário. 
40Inaugurado em 25 de maio de 2006, o Disque-Pichação permite à população denunciar atos de vandalismo 
contra prédios e monumentos, por meio do telefone 153. 
41
O Núcleo de Apoio Administrativo da Guarda Municipal de Porto Alegre é responsável pelo controle 
administrativo da instituição. 
42O Núcleo de Estudos e Estatísticas da Guarda Municipal de Porto Alegre tem a missão de traduzir os 
números das ocorrências da instituição em orientadores, para desta forma, criar uma estatística das ações e 
operações da GMPA. 
43O Núcleo de Ações Preventivas (NAP) foi criado em 2007 com o objetivo de atuar junto à rede municipal 
de ensino, divulgando de forma educativa a importância da atitude como forma de prevenção à violência 
no ambiente escolar. Com isso, os servidores palestram nas escolas da rede municipal e apresentam o 
Projeto "Dois Caminhos, Uma Escolha" aos alunos, que tem por objetivo esclarecer os encaminhamentos 
de jovens em conflito com a lei, além de trazer noções básicas de direitos e deveres previstos no Estatuto 
39 
 
 
Setor de Transportes44 (SETRAN); Setor de Armamento e Comunicação45 (SAC); Setor 
de Segurança Eletrônica46 (SSE); Assessoria Comunitária47 (ASSECOM); e Centro de 
Formação da Guarda Municipal48 (CFGM). 
A Guarda Municipal de Porto Alegre, segundo Baierle (2007) passou por cinco 
etapas a contar da sua criação em 1892, até os dias atuais, sendo o primeiro marcado pelo 
controle social, e o último, precedente as manifestações de junho e julho de 2013, 
sobreveio uma reestruturação da GM/PA, destarte, uma admissão em um novo papel 
social da segurança pública gaúcha, sendo esta, quiçá, a sexta etapa da sua história, em 
um momento contemporâneo. 
A Guarda Municipal de Porto Alegre quando originada, foi deliberada para a 
manutenção da ordem, cuidava de pequenos delitos, em conformidade com Baierle (2007, 
p. 62), "o primeiro período, desde a sua criação em 3 de novembro de 1892 até 1928 é 
marcado pelo controle social. A GMPA era uma guarda de costume, voltada a repreensão 
da gatunagem, prostituição, mendicância e vadiagem." 
No decurso dessa primitiva fase de sua história, a Guarda Municipal de Porto 
Alegre era associada à Brigada Militar: 
 
da Criança (ECA), consequências sobre o uso de substâncias psicoativas (drogas), entre outras atividades. 
Ações de prevenção à violência, executadas pela GMPA, abordando temas sobre jovens em conflito com a 
lei penal, vandalismo, pichação e drogadição. Sobre tudo, proporcionar momentos de reflexão sobre a 
consequência a partir destes atos. 
44O Setor de Transporte da Guarda Municipal de Porto Alegre é responsável pelos veículos da instituição, 
zelando pela sua manutenção, conservação, documentação e armazenamento de veículos reserva. 
45O Setor de Armamento e Comunicação da Guarda Municipal de Porto Alegre é responsável pelas armas 
de fogo, munições, dispositivos eletrônicos incapacitantes, coletes balísticos, rádio comunicadores, e todo 
material referente ao armamento e equipamentos de uso operacional, desde a manutenção ao 
armazenamento. 
46
O Setor de Segurança Eletrônico é o órgão responsável pelo Sistema de Alarme Eletrônico em todos os 
setores da PMPA, com a missão: a instalação, a manutenção, o cadastramento e os consertos de alarmes. 
47A Assessoria Comunitária da Guarda Municipal de Porto Alegre tem o objetivo de colaborar para a 
melhoria das ações a serem desenvolvidas nas comunidades, na mobilização, na inclusão, na participação 
coletiva, no entendimento da problemática da segurança de um modo geral e amplo, instigando as pessoas 
ao debate, ocupando os espaços e constituindo soluções capazes de atenderem suas necessidades. 
48O Centro de Formação e Treinamento da Guarda Municipal, foi inaugurado em novembro de 2006, tem 
como finalidade a formação de novos agentes, manutenção e atualização permanente de conteúdos 
pertinentes à função, bem como oportunizar a realização de atividades físicas, supervisionadas por agentes 
da Guarda Municipal, formados em educação física. O CFTGM está dividido em Escola de Formação e 
Treinamento; e Academia. 
40 
 
 
Em 10 de outubro de 1896 é criada no município de Porto Alegre a Polícia 
Administrativa, à qual a Guarda é incorporada. Permanece com essa 
vinculação institucional até 10 de janeiro de 1929, quando os serviços de 
higiene, policiamento e instrução passam a ser feitos pelo Estado. Com esta 
redefinição de papéis a Guarda Municipal retorna à tutela do Estado do Rio 
Grande do Sul. (BAIERLE, 2007, p. 63) 
 
 
Sobre o segundo período histórico da Guarda Municipal de Porto Alegre: 
 
O segundo período da GMPA que vai de 1929 a 1967, se caracteriza por ser o 
período da Guarda Civil. Há a extinção da polícia administrativa e criação do 
corpo de guardas civis, chefiados pela Brigada Militar. [...] No ano de 1957 a 
Guarda Civil Municipal passa efetivamente a ser tutelada pelo Estado do Rio 
Grande do Sul. De acordo com as informações colhidas, o que ocorre é uma 
divisão do efetivo da Guarda Civil. Parte do efetivo segue para o Estado e parte 
permanece no Município com a criação do novo setor de Guardas Municipais 
no município de Porto Alegre, em 31 de dezembro de 1957. (BAIERLE, 2007, 
p. 63) 
 
 
Deste período em diante, a Guarda Municipal de Porto Alegre não fica mais 
vinculada ao estado do Rio Grande do Sul, permanecendo sob responsabilidade do 
município de Porto Alegre, acolhendo o nome de serviço da Guarda Municipal. Baierle 
(2007) 
O terceiro estágio de sua vida permaneceu de 1968 a 1985, período notável 
sinalizado pela Ditadura Militar, conforme Baierle: 
 
O terceiro período, de 1968 a 1985, é marcado principalmente pelo regime da 
Ditadura Militar. Como consequência, há a militarização

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