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NEFRO 4 DISTÚRBIOS DE POTÁSSIO Em pacientes internados, distúrbios de potássio só perdem em prevalência para distúrbios de sódio. EQUILÍBRIO DO POTÁSSIO ● Essencial para diversas funções celulares ● Importância no potencial de repouso das membranas celulares ● Cátion predominantemente intracelular ● 70% do potássio corporal está nos compartimentos musculares ○ Por isso lesões musculares maciças com rabdomiólise (esmagamento, choque, grande queimado) levam a hipercalemia. ● 1 a 2% do potássio corporal se encontra no líquido extracelular ○ Concentração sérica normal: 3,5 a 5,5 mEq/L REGULAÇÃO DO POTÁSSIO CORPORAL ● Absorção intestinal ○ Diarreias, medicações laxativas, viroses, gastroenterites diminuem a absorção. ● Excreção e reabsorção renal (tubular) ○ Enzima mais importante: Na-K-ATPase ● Shift entre o extra e o intracelular ○ Todas células possuem Na-K-ATPase, e pode ser ativada, jogando o K do plasma para o intracelular, levando a redução do potássio sérico ■ Influenciam nesse sentido: insulina, B2-agonistas, alcalose. ■ Lembrar do que é feito em hipercalemias agudas para ativar a Na-K-ATPase nessa via: bicarbonato, glicose e inalação com fenolterol. ○ OU, jogando o K do intracelular para o plasma, aumentando o potássio sérico. ■ Influenciam nesse sentido: acidose, hiperglicemia, beta-bloqueadores. HIPOCALEMIA Potássio sérico <3,5 mEq/L. Mecanismos: Perdas renais (K urinário>15 mEq/L) - principais causas de hipocalemia ● Diuréticos de alça e tiazídicos ● ATB - aminoglicosídeos, anfotericina B. ● Excesso de aldosterona - hiperaldosteronismo. ○ Aldosterona nos túbulos causa eliminação de potássio e retenção de sódio e água. ● Hipomagnesemia ● Nefropatias perdedoras de sal Perdas gastrointestinais (K urinário <15mEq/L) ● Diarreias ● Vômitos ● Sonda nasogástrica aberta com alto fluxo ● Sudorese excessiva Redução por mecanismos de redistribuição (shift) de potássio do plasma para o intracelular ● Insulinemia (endógena ou iatrogênica) ● Beta-2-agonistas ● Alcalose **pacientes com distúrbio de potássio morrem pelo coração (arritmias). **pacientes com distúrbio de sódio morrem pelo cérebro (edema cerebral). Quadro Clínico ● Alteração no potencial de repouso celular, principalmente em células nervosas, vasculares, cardíacas, intestinais, musculares e renais. ○ Alteração no sistema de condução cardíaco. ● Gravidade da apresentação clínica tem relação com a velocidade de instalação e intensidade da hipocalemia, sendo as quedas agudas mais graves (<3,0 mEq/L). ● Cardiopatia e uso de digitálicos pioram apresentação clínica nas hipocalemias. ● Fraqueza muscular, cãibras, íleo paralítico, poliúrias (dano tubular), rabdomiólise (pela alteração do potencial de repouso), distúrbio de ritmo cardíaco. Alterações Eletrocardiográficas: ● Ondas U (concavidade para baixo ao final da onda T) ● Achatamento da onda T ● Depressão do segmento ST ● Arritmias com ritmo sinusoidal (principalmente em cardiopatas e em usuários de digitálicos) ● Atividade elétrica sem pulso ou assistolia *observar onda U em V3. Tratamento ● Correção das causas, como diarreia e vômitos. ● Suspensão dos medicamentos implicados ○ Diminuição de diuréticos de alça, associar espironolactona (poupador de potássio). ● Princípios básicos da reposição de potássio: ○ Sempre que possível, a via oral é prioridade, pois é mais segura. ○ Evitar usar potássio intravenoso quando a concentração sérica está acima de 3 mEq/L. ■ Preferir oral ou nasoenteral com xarope de KCl (10 a 20 ml, 2 a 3x/dia) ○ Soluções de potássio muito concentradas devem ser evitadas na administração periférica, pois podem causar flebite e são muito dolorosas. ○ Concentração recomendada em veia periférica: 20 a 40 mEq/L ○ Concentração máxima em veia periférica: 40 a 60 mEq/L (2 ampolas KCl 19,1% em 1L de SF) ○ Concentração recomendada em veia central: 100 a 200 mEq/L ○ Concentração máxima em veia central: 200 a (?) ○ Velocidade ideal para reposição de potássio: 5 a 20 mEq/h. ○ Velocidade máxima para reposição de potássio: 40 a 100 mEq/h - deve ser utilizada apenas se o paciente apresenta paralisia ou arritmias graves secundárias à hipocalemia. HIPERCALEMIA Potássio sérico > 5,5 mEq/L. Mecanismos: ● Consumo excessivo - alimentos ricos em potássio, principalmente em pacientes com DRC em estágio avançado (3b, 4 e 5). ○ Legumes, frutas, verduras e hortaliças. ● Redução da eliminação renal. ○ DRC em estágios avançados (principal fator de risco) ○ Medicações - iECA/BRA/espironolactona ○ Hipoaldosteronismo ● Injúria celular maciça ○ Rabdomiólise, isquemia, hemólise maciça, lise tumoral ● Aumento por mecanismos de redistribuição (shift) de potássio do intracelular para o extracelular ○ Acidose metabólica ○ Betabloqueadores ○ Hiperglicemias Medicações associadas com hipercalemia: digitálicos, espironolactona, betabloqueadores, iECA, BRA e ciclosporina. É raro ocorrer hipercalemia sem disfunção renal! Quadro Clínico: ● Gravidade da apresentação clínica tem relação com velocidade de instalação e intensidade da hipocalemia (>6,0mEq/L) ○ 6,0-6,5: hipercalemia grave. ● Assintomáticas principalmente nos casos crônicos. ● Sintomas musculares (afeta contração muscular): dores, cãibras etc. ● Alterações no sistema de condução cardíaco - gravidade relacionada à possibilidade de arritmias fatais. Princípios Gerais do Tratamento: Realizar ECG sempre que houver hipercalemia >6,0. Se ECG evidenciar alterações (principalmente apiculamento de onda T) deve-se iniciar gluconato de 3 diferentes mecanismos: ● Realizar ECG sempre que houver hipercalemia ● Cardioproteção - gluconato de Ca++ ○ Se ECG evidenciar alterações (principalmente apiculamento de onda T) deve-se iniciar gluconato de cálcio. ○ Estabiliza a membrana do sistema de condução cardíaco para evitar arritmias graves. ● Medidas de shift celular - transferência de potássio do extra para o intracelular. ● Medidas de espoliação intestinal ou renal.
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