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POLIFONIA DE TEXTOS E INTERXTOS Locimar Massalai Em tempos de greve tive um tempo maior para deter-me sobre os textos exigidos para o 6º encontro de nossa disciplina. É verdade que existem leituras que precisam ser retomadas uma duas ou mais vezes devido a densidade teórica de seus autores e outras, não menos densas e importantes, o autor consegui expressar-se de forma mais “didática”, diria assim, e por isso mesmo de mais fácil compreensão. Existem leituras e leituras. Aproveito esta fala para falar de cara, do texto da Kleiman. Ela me ajuda a entender este no processo da leitura, existe uma série de competências cognitivas que preparam o leitor para o mundo da leitura. São os aspectos cognitivos da leitura. Quando a gente lê, não se dá conta de que todos estes aspectos influenciam no leitor que somos e que queremos ser. A construção da leitura, ao contrário de que tantos pensam, não é um ato que acontece num zás e pronto. No primeiro capítulo Kleiman faz um arrazoado sobre a dinâmica de cada leitor com um texto aponta a importância de se levar em conta neste processo, aquilo que o leitor já sabe ao ler o texto, ou seja, “conhecimento prévio” na leitura. E diz que o leitor utiliza diversos níveis de conhecimento o que faz da leitura, um processo interativo. Diz também que leitor pode ser prejudicado porque desconhece elementos lingüísticos do texto que precisa ser ativado durante a leitura, pelo conhecimento textual e pelo conhecimento de mundo. No segundo capítulo, a autora fala dos objetivos e das expectativas da leitura e discorre sobre a importância que além da ativação dos conhecimentos prévios na busca da coerência textual, é necessário que se estabeleça um objetivo para leitura. Kleiman enfatiza, demonstrando resultados experimentais de que quando se lê tendo um objetivo específico, a compreensão flui, tornando a recuperação das informações imediata. A autora também enfatiza a importância da formulação de hipóteses, como mais uma estratégia metacognitiva, na qual o leitor deverá posteriormente confrontar, para validá-las ou não, exercendo, assim um controle consciente sobre o próprio processo de compreensão. No terceiro capítulo reflete sobre os elementos lingüísticos presentes nos textos que seriam as propriedades internas do texto, suas marcas formais e da capacidade de conhecê-las provocam uma leitura significativa, coesa e compreensiva, ou não! O ultimo texto fala das marcas do escritor em cada texto, suas intencionalidades e compreendê-las é parte importante no processo da compreensão do texto e de um posicionamento crítico do mesmo em relação a este texto. Penso que posso me posicionar com mais firmeza diante de um texto no qual eu conheço as intenções do autor e o lugar de onde ele fala. Kleiman, às vezes me deu um nó na cabeça, mas ela me permite também perceber que essa relação texto e leitor na é simplória e que envolve elementos complexos não são tão naturais assim. Na seqüência da compreensão de que a relação entre a palavra escrita, leitores e suas materialidades não são tão tranqüilas assim, o Gnerre (1987) veio esquentar um pouco mais a discussão. Desvelou escancaradamente a visão ideológica de que a linguagem e a escrita na construção da identidade dos povos foi tranqüila e sem empates políticos. Bom pelo menos era essa visão que tínhamos. O Gnerre mostra as contradições presentes em uma sociedade branca, europeizada e grafocêntrica. Foi na verdade foi a primeira vez que vi uma leitura que apontava tão claramente esse poder ideológico presente entre tradições orais e tradições de cultura escrita. Mostrou os não ditos deste processo de construção de identidades culturais via poder ideológico das palavras. O enorme poder das palavras cuja origem histórica conseguiu identificar e que carregam elementos ideológicos no bojo da sociedade que as plasmaram. Dentro deste contexto, diz também que a linguagem dependendo da forma como é utilizada, pode impedir o acesso às informações de uma grande parcela da população. Isto me faz lembrar Foucault quando trabalha a questão do poder nos discursos médicos, jurídicos e acadêmicos. Gnerre, utilizando dos postulados de Bakhtin e Volóshinov também esclarece de forma muito clara elementos autoritários que foram utilizados para manter uma posição conservadora da linguagem, principalmente seu discurso a-histórico. Desvelou também as contradições dos projetos de alfabetização quase sempre com visões estereotipadas da oralidade dos falantes. Vai nos ajudar a relativizar o lugar da escrita. Esta crítica em um mundo extremamente letrado é interessante. Provoca reações e questionamentos principalmente em relação aos projetos de alfabetização de adultos vistos desde uma postura grafocêntrica. Não se trata de querer voltar aos tempos da tradição oral em que tudo era guardado na memória e se passava de pai para filho. Trata-se de relativizar a escrita como única possibilidade de interação social. Até porque o conceito de pessoa alfabetizada muda através dos tempos. O Gnerre mesmo tece uma critica a este postura dizendo que é difícil achar qualquer avaliação explícita dos aspectos positivos das culturas orais, às vezes definidas de forma tão negativa com o contraponto de que são “culturas sem tradição escrita”. A Sabinson em seu texto “O que se ensina quando se ensina a ler e escrever? Ensina-se, mesmo, a ler e escrever? Conta que a interlocução do adulto leitor com a criança é o elemento mais importante quando se trata de processos de alfabetização e letramento. O texto dela me provoca a pensar em tempos de famosos chavões “promover o gosto pela leitura”, “o prazer pela leitura”, é muito mais fecunda a ação da professora que conversa sobre a leitura e conta como ela mesmo está lendo e fala da leitora que é. Isto vale também e muito, para os formadores de professores. A conversa sobre o que estou lendo, o que já li e o que ainda gostaria de ler promove o que a autora chama de interlocução. Porém, como a escola está estruturada hoje esta interlocução parece um sonho longe e distante. Diria que os três textos trazem discussões fundamentais para educadores da educação básica, formadores de educadores e futuros educadores. Cada um à sua maneira aborda questões desafiadoras na relação do homem com a linguagem escrita e falada. Linguagem esta sempre às voltas com o poder. O texto da Kleiman aborda aspectos psicolingüísticos. O do Gnerre fala
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