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O módulo 2 começou com perguntas corriqueiras do trabalho pedagógico sendo respondidas ao longo das propostas da aula 1. Para sintetizar o conteúdo apresentado, cada uma das questões será anunciada, já acompanhada pela resposta correspondente. Vamos lá? 01 O que são sequências textuais? E tipos textuais? O gênero do discurso é sempre definido em função da situação comunicativa em que será utilizado, dos interlocutores envolvidos, seus interesses, ideologias, da finalidade da comunicação, dentre outros. Considerando tais aspectos, a produção de um gênero convocará diferentes sequências textuais, sendo comum que, no mesmo gênero, duas ou mais sequências sejam utilizadas, havendo, geralmente, a predominância de uma. É exatamente em função dessa predominância que podemos afirmar que determinado texto é de um certo tipo textual. Reveja a classificação das sequências textuais: Aula 1 Narrativa Descritiva Argumentativa Explicativa Conversacional ou dialogal Como e em que medida as diferentes sequências textuais de um texto contribuem (ou não) para sua textualidade e, consequentemente, para o processo de textualização? As reflexões atreladas ao gênero Entrevista favoreceram o entendimento de que as sequências textuais são organizações linguístico-formais que entram em cena na constituição de um gênero para cumprir distintos objetivos. Na entrevista estudada, a sequência dialogal é predominante (organização que favoreceu a troca discursiva, pelo par pergunta-resposta), mas também foram utilizadas sequências narrativas (para retratar experiências pessoais do entrevistado), explicativas (para explicitar o porquê de opções feitas pelo entrevistado, como se tornar vegetariano) e até, de forma mais pontual, uma sequência com orientação argumentativa (para defender o vegetarianismo), cumprindo, assim, objetivos específicos e aderentes ao gênero, o que garantiu a textualidade, colaborando para o processo de textualização. a exploração inicial do gênero Crônica Para além das respostas a essas questões, a aula 1 ainda contou com: com vistas a retratar possíveis modos de organização ligados a diferentes objetivos discursivos. 02 se a crônica tiver como objetivo contar uma história: Por exemplo, se o objetivo da crônica for apresentar ideias e reflexões: as sequências textuais narrativa e/ou dialogais ganharão destaque, podendo também aparecer sequências descritivas. haverá o predomínio de sequências explicativas e argumentativas. Por fim, como evidenciado na análise da crônica A cidade das flores, essa reflexão é igualmente valiosa no exercício de reescrita, por direcionar o olhar do aluno-autor para os aspectos a serem (mais bem) explorados no texto. 03 Com o foco na análise e na contribuição dos fatores pragmáticos e linguísticos na construção da textualidade, a aula 2 explorou a crônica O beijo dos dinossauros. Tal proposta contribuiu para a reflexão sobre a necessidade de entendermos: 1. A relação indissociável entre fatores pragmáticos e linguísticos 2. A articulação entre os fatores linguísticos (coerência e coesão) 3. As metarregras que entram em jogo na tessitura do texto São quatro as metarregras e elas são assim chamadas pelo seu alcance e importância, já que “governam” o processo de construção da coesão e da coerência, sendo elas: repetição (garante a continuidade temática, permitindo identificar os tópicos discursivos abordados); progressão (favorece o avançar do texto, por meio da articulação entre informações já ditas e novas); não contradição (ligada à consistência própria do texto); relação (atrelada à articulação entre os componentes do texto). Aula 2 04 As imagens abaixo retomam as respostas do exercício sobre os fatores pragmáticos, em função da análise do texto O beijo dos dinossauros, e poderá contribuir para a retomada desse conteúdo: 05 Dica: se precisar, invista em uma nova apreciação da videoaula sobre as metarregras, na tela 8 da aula 2 desse segundo módulo. Aula 3 Vamos, agora, retomar o percurso de análise da crônica O beijo dos dinossauros, iluminando e explicando os principais conceitos apresentados. • Com a “lupa reflexiva” agora voltada às sequências narrativas, a aula 3 iniciou com o destaque para a ideia de que as sequências textuais são recursos da coerência que apresentam um próprio.esquema Esquema: o esquema da narrativa é composto pelos seguintes tópicos: antecedentes (conjunto de informações retrospectivas que permitem resgatar contextos anteriores à narrativa propriamente dita, dando-lhe um alcance maior); situação inicial (orientação); complicação (nó desencadeador); ações (reações); resoluções (desenlace); e situação final. 06 • A análise do esquema narrativo da crônica evidenciou a relação entre os fatores linguísticos da textualidade – a coerência, que faz com que o texto tenha sentido para o leitor, e a coesão, que promove o laço, ou seja, a articulação que dá ao texto uma unidade temática. • Esse percurso favoreceu um olhar mais detalhado para os dois procedimentos básicos da coesão. Procedimentos da coesão Coesão referencial – relacionar entre si diferentes conteúdos ou partes do texto de duas formas distintas: “ponto atrás”, quando se retoma o já dito, acrescentando a ele novas informações; e “ponto à frente”, quando se articula o que se acabou de dizer ao que será dito na sequência. Coesão sequencial – estabelecer distintas relações semânticas (de sentido e/ou pragmáticas) com o contexto entre os diferentes segmentos do texto, envolvendo processos inferenciais (quando há informações implícitas) e análise de articuladores textuais (quando as informações estão explícitas no texto). 07 • Ainda, com base na reflexão sobre a crônica O beijo dos dinossauros, recebeu particular atenção a análise dos seguintes mecanismos: mecanismos de coesão referencial mecanismos de coesão sequencial a anáfora, que envolve a retomada de algo já apresentado no texto pelo uso de pronomes pessoais e demonstrativos; a catáfora, atrelada ao uso desses mesmos pronomes, mas agora para algo que será anunciado mais adiante no texto; a elipse, que retoma pela omissão; a sinonímia e a hiperonímia, retomando por meio de termos que se vinculam pela relação semântica. a organização/perspectiva temporal (por meio de datas, informações históricas e outros organizadores temporais, como os tempos verbais e as expressões que indicam tempo); a equivalência (dois elementos ou partes de um texto podem estabelecer entre si nexos de equivalência semântica quando se repetem de forma idêntica ou com pequenas variações); a contiguidade (diferentes pontos do texto podem estar em relação de contiguidade quando as expressões forem parcialmente equivalentes); a associação (nexo entre termos, expressões ou segmentos que têm sentidos parecidos); e a conexão sequencial (as relações que podem ser estabelecidas entre termos ou partes do texto, no interior de um tópico ou entre tópicos discursivos, por meio de um conjunto variado de conectivos). 08 • Por fim, fomos convidados a refletir sobre outros textos, a fim de constatar que a textualidade comporta graus e pode manifestar diferentes padrões de qualidade, sendo importante – nas situações de sala de aula, por exemplo – haver um consenso em relação a quais critérios devem ser considerados para a apreciação dos textos dos alunos. O esquema abaixo retrata com clareza essa questão dos graus da textualidade: 09 Aula 4 Finalmente, com a aula 4, chegamos ao final do módulo 2! Aqui, crônicas produzidas por alunos participantes da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro tiveram vez e voz! O enfoque da proposta voltou-se, então, à leitura e à análise de diferentes textos, com vistas a observar como as sequências textuais estão organizadas em cada um deles e em quais produções há predomínio de sequências narrativas. Todo esse investimento reflexivo favoreceu: O olhar para o planejamento de atividades dereescrita de crônicas narrativas. A conclusão de que a avaliação de textos é um processo de aferição dos fatores da textualidade, visando a um julgamento final. 10 Assim, ao pensarmos sobre a prática em sala de aula, um planejamento possível seria: Levar aos alunos os dois textos que apresentam o predomínio de sequências narrativas, O susto e Na construção... Realizar com eles a análise do esquema narrativo em O susto para, na sequência, solicitar que, em pequenos grupos, façam a mesma análise, agora com o texto Na construção..., visando à reescrita. A seguir, você encontrará a reprodução da análise do esquema narrativo nos dois textos citados, como forma de rever o conteúdo e potencializar a reflexão sobre o uso desses textos em sala de aula. 11 A crônica se refere a um episódio corriqueiro e cotidiano, protagonizado pela narradora e por uma professora. No trajeto habitual de casa para a escola, as duas personagens passam pela construção de uma futura escola profissionalizante [orientação]; e os trabalhadores da obra dizem galanteios para a professora [complicação]. Ela e a narradora, no entanto, seguem inabaláveis em seu caminho [ações/reações]. Imaginando o que aconteceria se toda uma “procissão de mulheres” passasse por lá com frequência, a narradora parece lamentar o ritmo lento da construção, apesar de referir-se à intensa movimentação e à “exaustão” dos trabalhadores. A crônica narra um episódio de susto, prejuízo e alívio, protagonizado por uma família de trabalhadores rurais, numa fazenda de gado em que o pai parece ser o administrador. Temendo a aproximação de uma forte tempestade [orientação], todos se envolvem em preparativos como o de reunir o gado no curral, recolhendo- se em seguida para a segurança do lar; num clima doméstico de pressentimento, dois raios próximos provocam grande susto na família [complicação], seguido de muita apreensão pelo que poderia ter acontecido com os animais [ações/reações]. Assim que a chuva dá uma trégua, a mãe constata a morte de algumas vacas e bezerros [resolução]. O pai comunica o ocorrido ao patrão, que resolve vender a carne pela metade do preço [situação final]. O narrador conclui, então, com uma avaliação do episódio: “Nós ficamos muito tristes, mas antes as vacas do que nós”. Análise de O susto Análise de Na construção… 12
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