Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professora autora/conteudista: JOYCE MORAES CAMARNEIRO É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO 1 – Introdução à suplementação nutricional e fisioterapia na saúde . . . . . . . . . . . . . 5 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1 . Prescrição para gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1 Fisiologia da gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 1.1.1 Perfil hormonal na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.1.2 Alterações metabólicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.1.3 Alterações cardiovasculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.1.4 Alterações renais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.1.5 Alterações digestórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.1.6 Alterações respiratórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.1.7 Alterações fisiológicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2 Avaliação nutricional da gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 1.2.1 Avaliação nutricional mínima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.2.2 Avaliação nutricional aprofundada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1 .3 Necessidades e recomendações nutricionais na gestação. . . . . . . . . . . . . . .18 1.3.1 Necessidades energéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3.2 Necessidades de macronutrientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.3.3 Recomendações de vitaminas e minerais. . . . . . . . . . . . . . . 21 1.4 Prescrição de suplementos na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.4.1 Ácido fólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.4.2 Ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.4.3 Magnésio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.4.4 Vitamina A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.5 Prescrição de fitoterápicos na gestação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 1.5.1 Cuidados na gestação e na pediatria . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.5.2 Fitoterápicos para gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2 – Prescrição para crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2 . Prescrição de suplementos e fitoterápicos para crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.1 Infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35 2.2 Avaliação nutricional na infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.2.1 Avaliação das curvas de crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.2.2 Outras avaliações importantes em crianças . . . . . . . . . . . . . 45 2.3 Necessidades e recomendações nutricionais na infância: parte I . . . . . . . . .47 2.3.1 Necessidades energéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.3.2 Necessidades de macronutrientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 2.3 Recomendações de vitaminas e minerais. . . . . . . . . . . . . . . . 50 2.4 Prescrição de suplementos na infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3 – Prescrição para crian 3 – Prescrição para crianças (continuação) e para adolescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3 . Necessidades e recomendações nutricionais na infância: parte II . . . . . . . . . . . . 54 3.1 Prescrição de fitoterápicos na infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.1.1 Fitofármacos de uso em doenças do trato respiratório . . . . . . . 55 4 . Prescrição de suplementos e fitoterápicos para adolescentes . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.1 Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.2 Avaliação nutricional na adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 4.3 Necessidades e recomendações nutricionais na adolescência . . . . . . . . . . 72 4.3.1 Necessidades energéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 4.3.2 Necessidades de macronutrientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 4.3.3 Recomendações de vitaminas e minerais . . . . . . . . . . . . . . 74 4.4 Prescrição de suplementos na adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75 4.5 Prescrição de fitoterápicos na adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 4 – Prescrição no adulto saudável e no envelhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 5 . Prescrição de suplementos e fitoterápicos no adulto saudável . . . . . . . . . . . . . . . 77 5.1 Recomendações de vitaminas e minerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 6 . Prescrição de suplementos e fitoterápicos no envelhecimento . . . . . . . . . . . . . . . 80 6.1 Envelhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 6.2 Avaliação nutricional na terceira idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 6.3 Necessidades e recomendações nutricionais na terceira idade . . . . . . . . . . 84 6.3.1 Necessidades energéticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 6.3.2 Necessidades de macronutrientes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 6.3.3 Recomendações de vitaminas e minerais . . . . . . . . . . . . . . 86 6.4 Prescrição de suplementos na terceira idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 6.5 Prescrição de fitoterápicos na terceira idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Pág. 5 de 97 1 – INTRODUÇÃO À SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL E FISIOTERAPIA NA SAÚDE INTRODUÇÃO Este conteúdo aborda a prescrição da suplementação nutricional e fitoterápica em diversas fases da vida (crianças, adolescentes, adultos, gestantes e terceira idade). Cada fase que será apresentada inicia-se com uma contextualização do indivíduo no período, incluindo algumas características fisiológicas ou sociais, para assim chegar às questões nutricionais e fitoterápicas. Pág. 6 de 97 1. PRESCRIÇÃO PARA GESTANTES 1.1 Fisiologia da gestação O períodogestacional compreende normalmente o período de 40 semanas (ou 280 dias), o que equivale a nove meses e uma semana ou três trimestres. O primeiro trimestre compreende as 12 semanas iniciais, o segundo, o período da 13ª até a 27ª semana, e o terceiro inicia-se a partir da 28ª semana. Esse período também pode ser dividido em: • Período blastogênico: duas semanas iniciais. • Período embrionário: até 60 dias. • Período fetal: após 60 dias. FIGURA 1 – Gestante Fonte: nattanan726/ shutterstock.com Pág. 7 de 97 Muitas alterações fisiológicas ocorrem durante o período gestacional para garantir o metabolismo materno, propiciando o crescimento e o desenvolvimento do feto, além de preparar a mãe para o parto e a lactação. Entretanto, essas alterações podem causar alguns desconfortos, condições clínicas ou até mesmo doenças nas gestantes. As principais alterações fisiológicas são: • alterações endócrinas; • alterações metabólicas; • alterações cardiovasculares; • alterações respiratórias; • alterações renais; • alterações gastrointestinais; • alterações imunológicas; • alterações do sistema locomotor; • alterações psicológicas; • alterações gerais. Pág. 8 de 97 1.1.1 Perfil hormonal na gestação Durante a gestação, há uma intensa modificação do perfil endócrino, ocasionada pela liberação diferenciada dos hormônios e pela produção de outros novos, próprios desse período fisiológico. Isso promove alterações corporais importantes. Podemos dividir estas alterações endócrinas em duas fases: • Fase ou período ovariano: ocorre até oito ou nove semanas de gestação. Há a produção do hormônio gonadrotofina coriônica (hCG). • Fase ou período placentário: inicia-se após oito ou nove semanas. Ocorre produção hormonal na placenta a partir da liberação de hormônios esteroides de forma crescente. No quadro 1, vemos os principais hormônios e seus respectivos locais de produção: QUADRO 1 - Hormônios produzidos durante a gestação e sua fonte de secreção Hormônio Fonte de secreção Gonadotrofina coriônica humana (hCG) Células do trofoblasto e placenta Progesterona Placenta Estrogênio Placenta Lactogênio placentário humano (hPL) ou somatotrofina coriônica humana (hCS) Placenta Hormônio do crescimento (hCTg) Hipófise anterior Tireoxina Tireoide Insulina Pâncreas Glucagon Pâncreas Cortisona Córtex adrenal Aldosterona Córtex adrenal Renina-angiotensina Rins Calcitonina Tireoide Fonte: Accioly, Saunders e Lacerda (2009). Pág. 9 de 97 • Gonadotrofina coriônica humana (hCG): hormônio responsável pelo diagnóstico da gestação, pois só é produzido durante esse período. Sua principal função é impedir a rejeição imunológica, estimular a liberação de relaxina (que inibe contratilidade do útero), estimular a produção de progesterona e garantir a manutenção inicial da gestação. • Progesterona: é liberada até oito a nove semanas de gestação, e sua principal função é reduzir a motilidade do trato digestório, favorecer os depósitos de gordura para garantir energia no período de amamentação, aumentar a excreção de sódio e estimular o apetite materno nessa etapa. • Estrógeno: é liberado durante a gestação e é responsável por redução de proteínas séricas, aumento da higroscopicidade e alteração do funcionamento da tireoide. Participa do metabolismo do ácido fólico, é responsável pela hiperpigmentação cutânea (manchas típicas da gravidez), por alterações do metabolismo glicídico, do tecido conjuntivo e vascular e pela redução de apetite no segundo trimestre. Ainda auxilia no desenvolvimento do tecido mamário e inibe a secreção de prolactina (hormônio responsável pela produção de leite). • Lactogênio placentário ou somatotrofina coriônica: possui ação mamotrófica, responsável pelo aumento da glicemia materna a partir da glicogenólise hepática, promove lipólise e aumento da liberação de ácidos graxos livres na corrente sanguínea e favorece captação de glicose pelo feto. • Hormônio do crescimento: responsável pelo aumento da glicemia, estimula o crescimento dos ossos longos e promove retenção de nitrogênio. • Tireoxina: regula a velocidade da oxidação celular e aumenta a taxa metabólica basal. • Calcitonina: inibe a reabsorção óssea de cálcio. • Insulina: reduz a glicemia e promove aumento de gordura e da produção energética. • Glucagon: aumenta a glicemia por meio de glicogenólise hepática. • Cortisona: eleva a glicemia e aumenta a proteólise muscular. • Aldosterona: hormônio estimulado pelo sistema renina-angiotensina, tem a função de reter sódio e aumentar a excreção de potássio. Pág. 10 de 97 1.1.2 Alterações metabólicas • Taxa metabólica basal: ocorre um aumento de 15% a 20% a partir do terceiro mês, pois há um considerável aumento das funções renais e cardíacas. • Metabolismo de carboidratos: ocorre um aumento considerável da glicemia, pois há grande utilização pelo feto. • Metabolismo de lipídios: ocorre aumento de ácidos graxos livres no sangue, assim como de lipídios séricos em geral. • Metabolismo de proteínas: há uma importante diminuição da concentração de aminoácidos e proteínas no sangue, causando edema. 1.1.3 Alterações cardiovasculares As alterações cardiovasculares iniciam-se no primeiro trimestre, quando ocorre uma queda ligeira da pressão arterial sistólica e drástica da pressão arterial diastólica. A pressão retorna ao normal apenas no terceiro trimestre. Ocorre também um aumento do volume sanguíneo a partir da sexta semana, causando diminuição da concentração de hemoglobina no sangue (a hematopoiese normalmente não acompanha o aumento de água intravascular), que pode levar à anemia. O ganho hídrico nesse período equivale a 70% do peso total ganho na gestação. 1.1.4 Alterações renais O fluxo urinário na gestação geralmente é retardado, ocasionando um aumento da incidência de infecções urinárias. Ocorre também um aumento da taxa de filtração glomerular, pois nesse período ocorre glicosúria fisiológica (eliminação de glicose pela urina, o que em condições fisiológicas normais não ocorre). Pág. 11 de 97 1.1.5 Alterações digestórias • No primeiro trimestre, ocorrem sensações de náuseas, enjoos e vômitos matinais, ocasionados pelo aumento do estrogênio. • Durante a gestação, ocorre aumento do apetite e dos desejos relacionados à comida. • As gengivas podem tornar-se edemaciadas. • Ocorre diminuição de pH salivar e diminuição da acidez gástrica. • Ocorre hipotonia do sistema digestório, levando a alguns problemas: constipação, hemorroidas, náuseas, pirose e refluxo gastroesofágico. • Pode ocorrer ptialismo ou sialorreia (secreção abundante de saliva). 1.1.6 Alterações respiratórias • Aumento da ventilação pulmonar. • Melhora do intercâmbio gasoso nos pulmões. • Maior movimentação do diafragma e tórax. • Aumento do volume corrente. 1.1.7 Alterações fisiológicas • Aumento da liberação dos hormônios T3 e T4. • Aumento da liberação e da eficácia da insulina plasmática. • Aumento da absorção de cálcio e ferro. • Aumento da retenção de nitrogênio. • Aumento de ácidos graxos, triacilglicerol, colesterol e fatores de coagulação. SAIBA MAIS Saiba mais sobre o pré-natal, a alimentação equilibrada e os exercícios físicos, fundamentais para uma gestação saudável, acessando o site do Portal Brasil: Link: http://www.brasil.gov.br/saude/2011/10/cuidados-na-gravidez-garantem-a-saude-do-bebe-e- da-mae. Pág. 12 de 97 1.2 Avaliação nutricional da gestante FIGURA 2 – Avaliação nutricional da gestante Fonte: Syda Productions/ shutterstock.com O objetivo da avaliação nutricional em gestantes é identificar mulheres em risco de complicação gestacional e de dar luz a crianças com baixo peso. Evidências apontam que o peso do recém- nascido influencia definitivamente o crescimento e o desenvolvimento durante a infância, e o bom estado nutricional da mãe repercute diretamente nessa variável. Podemos destacar os seguintes objetivos específicos da avaliação nutricionalde gestantes: • Avaliar risco inicial de um prognóstico desfavorável de gestação. • Verificar ganho de peso. • Direcionar intervenções nutricionais. Pág. 13 de 97 1.2.1 Avaliação nutricional mínima Para avaliação nutricional mínima para gestantes, contamos com indicadores como: altura, peso pré-gestacional, IMC pré-gestacional e peso atual. A avaliação do estado nutricional da gestante deve iniciar-se com a obtenção do peso pré- gestacional, ou seja, o quanto ela pesava antes de iniciar a gestação, informado pela gestante. Caso não saiba, deve informar o peso do primeiro trimestre de gestação. Após obtenção do peso pré-gestacional, deve-se calcular o IMC pré-gestacional de acordo a fórmula a seguir: Peso habitual antes da gestação IMC pré-gestacional = Altura2 A partir desse IMC, será realizada a classificação do estado nutricional pré-gestacional, o que será importante para estabelecer o ganho de peso durante a gestação a cada trimestre. A classificação do estado nutricional pré-gestacional e o ganho de peso trimestral da gestante segundo seu estado nutricional estão representados na tabela 1: TABELA 1 - Ganho de peso trimestral da gestante segundo seu estado nutricional pré-gestacional IMC pré-gestacional Ganho de peso total no primeiro trimestre Ganho de peso semanal médio no segundo e terceiro trimestres Ganho de peso total (kg) < 19,8 (baixo peso) 2,3 kg 0,5 kg 12,5-18,0 19,8 – 26 (adequado) 1,6 kg 0,4 kg 11,5-16,0 26,1 – 29 (sobrepeso) 0,9 kg 0,3 kg 7,0-11,5 > 29 (obesidade) - 0,2 kg 7,0-9,1 Descrição: tabela sobre o ganho de peso trimestral da gestante segundo seu estado nutricional pré- gestacional que apresenta o IMC pré-gestacional, ganho de peso total no primeiro trimestre, ganho de peso semanal médio no segundo e terceiro trimestres e ganho de peso total (kg). Fonte: IOM (1992). Pág. 14 de 97 Para se avaliar o estado nutricional da gestante, considera-se o IMC atual e utiliza-se o gráfico de Atalah, juntamente com a informação da semana gestacional, como no exemplo da figura 3: FIGURA 3 - Curva de IMC ou Atalah Fonte: Atalah et al. (1997). A cada nova consulta, deve-se inserir o novo dado no mesmo gráfico da gestante, para que se possa acompanhar a curva de evolução. • Curva ou reta ascendente (/) Æ ganho de peso adequado. • Reta horizontal (¾) ou descendente (\) Æ ganho de peso inadequado. Pág. 15 de 97 FIGURA 4 – Gráfico de acompanhamento nutricional da gestante – índice de massa corporal segundo a se- mana de gestação Fonte: Atalah et al. (1997). Pág. 16 de 97 1.2.2 Avaliação nutricional aprofundada Utilizamos indicadores como: perímetro do braço, dobra cutânea tricipital, altura uterina e perímetro da panturrilha. Altura uterina: O período de crescimento intrauterino é de vital importância para o ser humano. É quando se observa maior velocidade de crescimento. No curto período que vai da concepção até o momento da implantação no útero, o ovo apresenta várias divisões celulares, de modo que, ao se implantar, já possui 150 células. Ao final da oitava semana após a fertilização (cerca da 12ª semana de gestação), termina o período embrionário, e o concepto já apresenta forma humana, com braços e pernas, um coração que bate e um sistema nervoso que mostra sinais de início de respostas reflexas ao estímulo tátil. No exame clínico da gestante, a altura do fundo de útero para a idade gestacional é uma das medidas de importância para avaliar o crescimento do feto e os desvios do crescimento fetal: pequeno para a idade gestacional (PIG) ou grande para a idade gestacional (GIG). Ela reflete o tamanho global do útero e é um indicador do crescimento fetal. FIGURA 5 – Medida Fonte: Brasil (2006). Pág. 17 de 97 Colocada em um gráfico de acordo com a IG (idade gestacional), tem-se a curva de crescimento uterino: FIGURA 6 – Curva de valores de altura uterina: percentis 10, 50 e 90 (nível de confiança de 80%) Fonte: Brasil (2006). Para estimar o ganho de peso fetal, utiliza-se a curva de ganho de peso fetal, que utiliza a estimativa dada pela ecografia solicitada pelo médico. A partir dela, o nutricionista pode avaliar o percentil de peso do feto, considerando os valores recomendados: entre P10 e P90, em que: • Baixo ou próximo do percentil 10 – está ocorrendo retardo de crescimento intrauterino. • Acima do percentil P90 – excluída a hereditariedade, pensar em alteração dos níveis de glicemia ou diabetes gestacional. Circunferência do braço e dobra cutânea tricipital: Ocorrem modificações durante o período gestacional, dessa forma, considera-se o aumento do perímetro braquial (preditor útil da gordura corporal) do início até o final da gestação e a redução da medida do tríceps como padrões adequado da evolução gestacional (transferência energética) entre os segmentos corporais durante esse período fisiológico. Avaliação do consumo alimentar: Trata-se de identificar os erros alimentares que possam prejudicar a saúde da gestante e do feto. Coletam-se informações sobre consumo alimentar por meio de inquéritos alimentares, com perguntas como: O que se come? Quando se come? Como se come? Quanto se come? Por que se come? São perguntas eficientes para traçar um diagnóstico nutricional detalhado. Pág. 18 de 97 1 .3 Necessidades e recomendações nutricionais na gestação 1.3.1 Necessidades energéticas As necessidades energéticas na gestação estão elevadas, pois há aumento de taxa metabólica basal, decorrente do desenvolvimento do feto e da placenta, assim como dos tecidos maternos e do trabalho de alguns órgãos vitais. Assim, há necessidade de fornecimento de energia adicional. Entretanto, sabe-se que esse aumento das necessidades é diferenciado de acordo com o período gestacional e o estado nutricional do período pré-gestacional. Os fatores que determinam o aumento energético durante o período gestacional são: • quantidade de energia necessária para o ganho de peso gestacional; • aumento do gasto energético promovido pelo aumento da TMB e do exercício físico adicional. Com base nesse aumento das necessidades nutricionais, o IOM (2005) estabeleceu a equação a seguir para calcular o requerimento energético estimado (EER): EER – Mulheres de 9 a 18 anos EER = 135,3 – (30,8 x idade) + FA x (10 x peso + 934 x altura) + 25 kcal EER – Mulheres de 19 a 50 anos EER = 354 – (6,91 x idade) + FA x (9,36 x peso + 726 x altura) EER – Gestante de 14 a 18 anos Primeiro trimestre: EER adolescente + 0 kcal Segundo e terceiro trimestres: EER adolescente + (8 kcal x idade gestacional em semanas) + 180 kcal EER – Gestante de 19 a 50 anos Primeiro trimestre: EER adulto + 0 kcal Segundo e terceiro trimestres: EER adulto + (8 kcal x idade gestacional em semanas) + 180 kcal Dado que idade = anos; peso = kg; altura = m. Pág. 19 de 97 Quanto ao nível de atividade física, utiliza-se o fator de atividade física (FA), conforme vemos na tabela 2: TABELA 2 - Fator de atividade física (FA) Grau de atividade física Especificação Fator de atividade física (FA) Sedentária Trabalhos domésticos, caminhadas curtas, sentado por várias horas. 1,0 Pouco ativa Caminhadas (6,4 km/h) + atividades de sedentária. 1,12 Ativa Ginástica aeróbica, corrida, natação + atividades de sedentária. 1,27 Muito ativa Ciclismo intensidade moderada, corrida, pular corda + atividades de sedentária. 1,45 Fonte: IOM (2005). Pág. 20 de 97 1.3.2 Necessidades de macronutrientes Para o cálculo das necessidades proteicas da gestante, inicia-se com a quantidade recomendada para adultos de 1g/kg peso/dia, adotando-se o peso pré-gestacional ou o peso aceitável. Adiciona- se ao valor encontrado o excedente proteico necessário de acordo com o trimestre gestacional: • Primeiro trimestre: necessidade proteica + 1 g. • Segundotrimestre: necessidade proteica + 9 g. • Terceiro trimestre: necessidade proteica + 31 g. • Gestação gemelar: necessidade proteica + 50 g/dia apartir da 20ª semana gestacional e adição de 1.000 kcal/dia. • A seguir, estão representadas as distribuições percentuais dos macronutrientes: TABELA 3 – Recomendações de nutrientes dados pela distribuição energética de gestantes Nutrientes Recomendações diárias (em relação ao VET , valor energético total) Carboidratos 45% a 65% Açúcares de adição < 10% Proteínas 10% a 35% Lipídios 20% a 35% Água 3 litros/dia Fibras > 25 g/dia Fonte: IOM (2002). Pág. 21 de 97 1.3.3 Recomendações de vitaminas e minerais As recomendações de vitaminas e minerais devem seguir as quantidades estabelecidas pelas DRIs (sigla em inglês para Dietary Reference Intakes – ingestão dietética de referência) para gestantes, segundo a tabela 4: TABELA 4 - Necessidades diárias de micronutrientes para gestantes de acordo com a faixa etária Vitaminas e minerais Quantidades diárias estabelecidas para gestantes Vitamina A 14-18 anos =750 μg 19-30 anos = 770 μg 31-50 anos = 770 μg Vitamina C 14-18 anos = 80 mg 19-30 anos = 85 mg 31-50 anos = 85 mg Vitamina D 14-18 anos =5 μg 19-30 anos = 5 μg 31-50 anos = 5 μg Vitamina E 14-18 anos = 15 mg 19-30 anos = 15 mg 31-50 anos = 15 mg Vitamina K 14-18 anos = 75 μg 19-30 anos = 90 μg 31-50 anos = 90 μg Tiamina 14-18 anos = 1,4 mg 19-30 anos = 1,4 mg 31-50 anos = 1,4 mg Riboflavina 14-18 anos = 1,4 mg 19-30 anos = 1,4 mg 31-50 anos = 1,4 mg Niacina 14-18 anos = 18 mg 19-30 anos = 18 mg 31-50 anos = 18 mg Vitamina B6 14-18 anos = 1,9 mg 19-30 anos = 1,9 mg 31-50 anos = 1,9 mg Folato 14-18 anos = 600 μg 19-30 anos = 600 μg 31-50 anos = 600 μg Vitaminas e minerais Quantidades diárias estabelecidas para gestantes Vitamina B12 14-18 anos =2,6 μg 19-30 anos = 2,6 μg 31-50 anos = 2,6 μg Ácido pantotênico 14-18 anos = 6 mg 19-30 anos = 6 mg 31-50 anos = 6 mg Biotina 14-18 anos = 30 μg 19-30 anos = 30 μg 31-50 anos = 30 μg Colina 14-18 anos = 450 mg 19-30 anos = 450 mg 31-50 anos = 450 mg Cálcio 14-18 anos = 1.300 mg 19-30 anos = 1.000 mg 31-50 anos = 1.000 mg Cromo 14-18 anos = 29 μg 19-30 anos = 30 μg 31-50 anos = 30 μg Cobre 14-18 anos = 1.000 μg 19-30 anos = 1.000 μg 31-50 anos = 1.000 μg Flúor 14-18 anos = 3 mg 19-30 anos = 3 mg 31-50 anos = 3 mg Iodo 14-18 anos = 220 μg 19-30 anos = 220 μg 31-50 anos = 220 μg Ferro 14-18 anos = 27 mg 19-30 anos = 27 mg 31-50 anos = 27 mg Vitaminas e minerais Quantidades diárias estabelecidas para gestantes Magnésio 14-18 anos = 400 mg 19-30 anos = 350 mg 31-50 anos = 360 mg Manganês 14-18 anos = 2 mg 19-30 anos = 2 mg 31-50 anos = 2 mg Molibdênio 14-18 anos = 50 μg 19-30 anos = 50 μg 31-50 anos = 50 μg Fósforo 14-18 anos = 1.250 mg 19-30 anos = 700 mg 31-50 anos = 700 mg Selênio 14-18 anos = 60 μg 19-30 anos = 60 μg 31-50 anos = 60 μg Zinco 14-18 anos = 12 mg 19-30 anos = 11 mg 31-50 anos = 11 mg Potássio 14-18 anos = 4,7 g 19-30 anos = 4,7 g 31-50 anos = 4,7 g Sódio 14-18 anos = 1,5 g 19-30 anos = 1,5 g 31-50 anos = 1,5 g Cloro 14-18 anos = 2,3 g 19-30 anos = 2,3 g 31-50 anos = 2,3 g Fonte: IOM (2002). Pág. 22 de 97 1.4 Prescrição de suplementos na gestação Durante o período gestacional, as necessidades nutricionais da maioria dos nutrientes estão aumentadas. Entretanto, alguns destes têm uma necessidade muito alta e em muitos casos difícil de atender apenas com a alimentação. Dessa forma, deve-se fazer uma avaliação nutricional completa e sempre acompanhar seus exames para avaliar a necessidade de suplementação. Há no mercado alguns suplementos próprios para gestantes que possuem um grande número de vitaminas e minerais nas quantidades prescritas pelas DRIs. Atualmente, os maiores problemas de carência nutricional nas gestantes estão associados a ácido fólico, ferro, zinco, vitamina B6 e vitamina A. Geralmente, isso ocorre pois as necessidades são muito altas ou as fontes alimentares são escassas na alimentação. Além disso, é importante realizar avaliação nutricional periódica da gestante para avaliar a necessidade de suplementação de outros nutrientes. Vamos discutir a seguir a lista de nutrientes normalmente suplementados, sua função e quantidades. 1.4.1 Ácido fólico O ácido fólico é uma vitamina responsável pelo fechamento do tubo neural do feto, impedindo a formação da espinha bífida. Além disso, a deficiência desse nutriente pode levar à anemia megaloblástica. A necessidade de ácido fólico na gestação é 50% maior em relação a uma mulher adulta. Dessa forma, para evitar sua deficiência, muitos médicos que realizam o pré-natal suplementam ácido fólico na dosagem de 1,5 g durante o período gestacional. O maior problema da suplementação de ácido fólico para fechamento de tubo neural é que esse processo ocorre até três semanas depois da fecundação e a maioria das gestantes começa a tomar o suplemento após esse período, quando tem conhecimento de sua gravidez. Dessa forma, a suplementação deve iniciar-se no período anterior à gestação (cerca de três meses antes), devendo ser realizada pela futura gestante e o pai da criança. Apesar dessa informação, muitas gestantes acabam fazendo suplementação de ácido fólico durante todo o período gestacional, para evitar deficiência e uma possível anemia megaloblástica. O nutricionista não pode fazer suplementação de 1,5 g de ácido fólico, pois deve manter sua prescrição dentro do estabelecido pela DRI. Dessa forma, ela deve se manter dentro dos 600 μg/dia. Pág. 23 de 97 1.4.2 Ferro O ferro também é um nutriente cujas necessidades são 50% maiores durante o período gestacional. A necessidade de ferro de uma mulher adulta já é muito alta quando comparada à de um homem (18 mg contra 8 mg). A necessidade de ferro na gestação é de 27 mg/dia, o que em muitos casos é impossível de atingir, principalmente para a gestante que sofre com enjoos, náuseas e inapetência. Como discutido anteriormente, a partir do segundo trimestre, ocorre ganho de água intravascular, o que pode diminuir a concentração de eritrócitos no sangue e causar anemia. Dessa forma, o ferro é normalmente suplementado para evitar a anemia ferropriva em gestantes. Suplementação: 27 mg de sulfato ferroso. 1.4.3 Magnésio O magnésio é um mineral encontrado em alimentos integrais. Hoje, pelo processamento dos alimentos, encontra-se em falta na alimentação. As necessidades de ingestão de magnésio estão aumentadas nesse período, o que pode acarretar ou potencializar sua carência. Esse mineral é responsável pelo metabolismo do cálcio, permitindo sua entrada nas células, e possui estreita relação com aquele no sangue, pois, quando o magnésio sérico está baixo, o cálcio é excretado pela urina. A suplementação de magnésio para gestantes é de 400 mg/dia e pode ser feita na forma de óxido de magnésio, cloreto de magnésio, entre outras. 1.4.4 Vitamina A A necessidade de vitamina A na gestação está aumentada, porém deve-se tomar cuidado ao suplementá-la, pois sua toxicidade pode causar teratogenia. Dessa forma, devemos sempre induzir a ingestão de fontes naturais, observar se a gestante não faz uso de suplementos com vitamina A ou betacaroteno (muitas vezes presentes em complexos vitamínicos para rejuvenescimento ou proteção solar) e controlar a suplementação caso seja necessária. O betacaroteno possui efeito teratogênico muito menor em relação ao ácido retinoico ou ao retinol. Dessa forma, é um nutriente recomendável. Para a prescrição, deve-se sempre obedecer à recomendação da DRI. Pág. 24 de 97 1.5 Prescrição de fitoterápicos na gestação 1.5.1 Cuidados na gestação e na pediatria Gestantes e lactentes não devem utilizar plantas medicinais sem a orientação de um profissional da área da saúde. Embora a ação de algumas delas seja tradicionalmente reconhecida e utilizada, nem todas estão cientificamente comprovadas, principalmente para uso em gestantes e lactentes. Recomenda-se enfaticamente que, antes da utilização de plantas medicinais nesse caso, seja obtido um diagnóstico preciso da doençaa ser tratada e a prescrição por um profissional da área da saúde habilitado. 1.5.2 Fitoterápicos para gestantes FIGURA 7 – Fitoterápicos para gestantes Fonte: epicseurope/ shutterstock.com Pág. 25 de 97 Para as gestantes, o mesmo critério desenvolvido para fármacos deve ser utilizado, seguindo o quadro de Yankowitz e Niebyl (2001) para as cinco categorias de risco para medicamentos: QUADRO 2 - Categoria de risco do medicamento de acordo com sua descrição Categoria de risco Descrição A Estudos controlados não mostraram risco. B Não há evidência de risco em humanos. C O risco não pode ser afastado. D Há evidência positiva de risco. X Contraindicados na gravidez. Fonte: Yankowitz; Niebyl (2001). QUADRO 3 – Plantas fitoterápicas Boldo (Peumus boldus L.) Risco: C Preparação: extrato Drágeas de 125 mg, 2x/dia Indicação: colagogo, colerético, distúrbios hepatobiliares Efeito adverso: diarreia Capsicum annum L. Risco: X Preparação: pomada Indicação: antinevrálgico pós-herpético Gravidez: potencial efeito urotônico Pág. 26 de 97 Carduus marianus Risco: C Posologia: 70 mg, 1-2 drágeas 3x/dia VO; 140 mg, 1-3 cápsulas/dia VO Indicação: distúrbios digestivos decorrentes de hepatopatias Cáscara sagrada Risco: C Posologia: 142,5 mg em 5 ml, dose única diária Indicação: constipação, laxativo Efeitos adversos: cólicas abdominais, dependência laxativa, desequilíbrio eletrolítico, diarreia, enterite, má absorção de nutrientes, náusea, vômito Interação medicamentosa: suplementos de potássio, diuréticos poupadores de potássio, antiácidos, cimetidina, famotidina, nizatidina, ranitidina.b Cassia angustifolia + Tamarindus indica + Cassia fistula + Coriandrum sativum Risco B Posologia: 1-2x/dia VO Indicações: constipação intestinal Contraindicações: hipersensibilidade aos componentes da fórmula, retocolite, doença de Crohn Efeitos adverso: cólica, diarreia, vômito Pág. 27 de 97 Cassia senna L. Risco: B Preparação: extrato seco Posologia: 50 mg, 1-3x/dia VO. Indicação: constipação intestinal Efeitos adversos: cólicas, vômito e diarreia Interação medicamentosa: antiarrítmicos, glicosídeos cardiotônicos Castanha-da-índia Risco: C Posologia: gel 2%, fina camada 2-3x/dia, uso tópico; 40 mg, 2-3x/dia VO; 5-20 mg dose única diária EV Indicação: edema traumático, flebite, hemorroida, tromboflebite Contraindicação: sensibilidade aos componentes, nefropatias e hepatopatias Chamomila recutita Rauschert Risco: C Posologia: fina camada 2x/dia, com leve fricção, uso tópico Indicação: gengivite, estomatite Interação: com plantas da família Compositae Pág. 28 de 97 Cimicifuga racemosa Risco: X Indicação: similar ao estrogênio Preparação: extrato seco Efeitos adversos: desconforto gástrico, taquicardia, sonolência, cefaleia Interação: com estrogênios Gravidez: parturição prematura Cynara scolymus Risco: C Posologia: 200 mg, 6-8 drágeas/dia VO Indicação: distúrbios digestivos, anti- hiperlipemiante Contraindicações: hipersensibilidade, obstrução das vias biliares, insuficiência hepática Echinacea purpurea Preparação: extrato seco Posologia: 200 mg, 2-3x/dia VO Indicação: imunoestimulação Contraindicação: tuberculose, leucoses, colagenoses, esclerose múltipla, portadores de HIV Efeito adverso: sialorreia, urticária Pág. 29 de 97 Ginkgo biloba Risco: C Posologia: 40 mg, 3-4x/dia VO; 80 mg, 2-3x/dia VO Indicação: isquemia cerebral e periférica, protetor das membranas celulares e da rede de capilares, redutor das hiperagregabilidades plaquetárias e eritrocitárias Contraindicação: hipersensibilidade, obstrução das vias biliares, insuficiência hepática grave Efeitos adversos: distúrbios no trato gastrointestinal, cefaleia, reações cutâneas Interação: com antiagregantes plaquetários Soja (Glycine max) Risco: X Posologia: 60 mg, 1-2x/dia VO Indicação: símile de estrogênio, sintomas de climatério, coadjuvante no controle de colesterolemia Contraindicação: hipersensibilidade, casos prévios de câncer de mama e útero Efeitos adversos: vômito, diarreia, prurido, alteração de ciclo menstrual Interação: estrogênios, levotiroxina, ferro, antibióticos Hedera helix Risco: C Posologia: 7,5 ml (52,5 mg de extrato seco), 3x/dia Indicação: afecções broncopulmonares, broncoespasmos Efeitos adversos: laxativo Pág. 30 de 97 Hipericum perforatum Risco: C Posologia: 300 mg 1-3x/dia VO Indicação: auxilia nos estados depressivos leves Efeitos adversos: sonolência, náusea, vômito Isoflavonas Risco: D Posologia: 40-60 mg/dia VO Indicação: sintomas de menopausa Efeitos adversos: urticárias Interações medicamentosas: antagonista H2, inibidores de bomba de prótons, anticoagulantes cumarínicos. Exemplo de isoflavona: Kava-kava Risco C Posologia: extrato 67-125 mg 1-3x/dia; extrato seco 234 mg 1x/dia Indicação: ansiedade e inquietação dos distúrbios vegetativos e psicossomáticos, estresse psicológico Contraindicação: depressão endógena Interação: álcool, barbitúricos, agentes psicoativos Gravidez: embriotoxicidade em animais Pág. 31 de 97 Plantago ovata + Psyllium husk Risco: X Posologia: 56 mg + 18 mg dissolvidos em 240 ml de água 1-3x/dia Indicação: obstipação intestinal crônica habitual ou pós-cirúrgica, diarreias de origem funcional, hemorroida, fissura anal, abscesso anal com redução da dor na evacuação Contraindicação: obstrução intestinal, sangramento retal, dor abdominal, suspeita de megacólon de etiologia chagásica, fenilcetonúricos Efeitos adversos: flatulência, náusea, sensação de plenitude gástrica, diarreia Interação: digitálicos, loperamida, difenoxilato e opiáceos Alecrim (Rosmarinus officinalis) Risco: X Indicação: dispesia Contraindicação: portadores de crise convulsiva, gastrite, úlcera duodenal Efeitos adversos: irritação cutânea Gravidez: relatos de aborto Pág. 32 de 97 Salix alba Risco: X Posologia 400 mg 1-4x/dia VO Indicação: processos inflamatórios, alívio das dores em geral Interações: salicilatos, anti-inflamatórios, anticoagulantes, trombolíticos Efeitos adversos: náusea, vômito, diarreia e entero- hemorragia Schinus terebintifolius Raddi Risco: C Posologia: 300 mg 1x/dia à noite antes de deitar, intravaginal Indicação: cervicites, vaginites, cervicovaginites Efeitos adversos: ardor, queimação de baixa intensidade Tanacetum parthenium Risco: X Posologia: 12 0mg 1x/dia Indicação: profilaxia para enxaqueca Interação: antiagregante, anticoagulante Pág. 33 de 97 Vaccinium myrtillus Risco: C Posologia: 160 mg 1-3x/dia Indicação: aterosclerose, diabetes, retinopatia acompanhada de fragilidade capilar com alterações de permeabilidade secundária a hipertensão Interação: taninos, anti-hipertensivos, digitálicos Valeriana officinalis Risco: C Posologia: 140 mg 1-3x/dia VO Indicação: estados de inquietação, dificuldade de adormecer, irritabilidade Efeitos adversos: erupção cutânea Fonte: IOM (2006). http://docplayer.com.br/36610782-Capsicum-annum-l-risco-x-preparacao-pomada-indicacao-antinevralgico-pos- herpetico-gravidez-potencial-efeito-urotonico.html; Boldo L: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/ thumb/1/1c/Peumus_boldus_-_K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-104.jpg/290px-Peumus_boldus_- _K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-104.jpg; YewLoon Lam/ domnitsky/ jopelka/ Kazakov Maksim / annalisa e marina durante / Burkhard Trautsch/ oroch/ Anna Gratys/ spline_x/ Bos11/ Igor Dutina/ jopelka/ shutterstock.com; Schinus terebintifolius raddi: http://www.beveg.me/upload/1492544622-aroeira.jpg; Psyllium husk: https://www.biosamara.pt/imgs/produtos/psyllium.jpg; Plantago ovata https://www.chabeneficios.com.br/ wp-content/uploads/2013/12/cha-de-plantago-ovata.jpeg; Kava-kava https://static.wixstatic.com/media/228c99_5 7aa3f8f7d15485aa1b3baf5677eb8c9~mv2.jpg/v1/fill/w_498,h_373,al_c,q_90/file.jpg; Hipericum perforatum http:// img10.deviantart.net/9b08/i/2015/201/e/1/hipericum_perforatum___med_plant_in_oil_after_burn_by_dagaizm-d921g90.jpg; Herdera helix https://img.plantis.info/wp-content/uploads/2015/10/Hedera-helix-4.jpg; Cáscara sagrada http://static.vix.com/pt/sites/default/files/styles/large/public/bdm/medicina-alternativa/cascara- sagrada-2.jpg?itok=imdZGgL5; Cynara scolymus http://www.botanical-online.com/material/Cynara_scolymus. jpg; Soja https://www.mdidea.com/products/herbextract/soy/SoyFlowerPhoto01.jpg ; Cassia senna L. https://s- media-cache-ak0.pinimg.com/originals/26/ff/44/26ff44804c47309913728202bef50270.jpg; isoflavona: https:// es.wikipedia.org/wiki/Retusin_(isoflavona)#/media/File:Retusin_-_isoflavone.PNG ; Cassia angustifolia http:// www.chhajedgarden.com/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525d08d6e5fb8d27136e95/f/a/ fapf0491.jpg; Cassia fistula http://i.ebayimg.com/00/s/NTY0WDg1MQ==/z/dckAAOSw3xJVYuV9/$_32.JPG?set_ id=880000500F; Coriandrum sativum http://plants.thegrowingplace.com/Content/Images/Photos/H109-23. jpg; Tamarindus indica http://www.feedipedia.org/sites/default/files/images/tamarind_flowers_leaves.jpg Pág. 34 de 97 ACONTECEU A talidomida, por força da Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, é proibida para mulheres em idade fértil em todo o território nacional, mas nem sempre foi assim. Essa droga foi um medicamento consumido por muitas gestantes e que causou o nascimento de crianças com malformação. Descubra a história do uso da talidomida acessando o site: Link: http://www.talidomida.org.br/oque.asp. Pág. 35 de 97 2 – PRESCRIÇÃO PARA CRIANÇAS 2. PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS E FITOTERÁPICOS PARA CRIANÇAS 2.1 Infância FIGURA 8 – Infância Fonte: Monkey Business Images/ shutterstock.com Durante a infância, ocorre importante crescimento, caracterizado não apenas por aumento ósseo, de estatura e de peso, mas também pelo acentuado desenvolvimento de órgãos, células e tecidos. Até os dois anos, o crescimento da criança está relacionado com suas condições de nascimento, assim como fatores ambientais, portanto, nessa primeira fase, o perfil genético influencia muito pouco sua característica corporal. A partir dessa idade, as características genéticas despontam, como crianças “altas”, mas ainda dependem de condições ambientais, como uma nutrição adequada. A partir dos três ou quatro anos, ela apresenta uma velocidade de crescimento constante. Dessa forma, não podemos avaliá-las apenas pelo seu peso e altura. A idade deve ser avaliada, assim como os fatores genéticos e ambientais. Pág. 36 de 97 2.2 Avaliação nutricional na infância Para a realização da avaliação do estado nutricional na infância, necessita-se avaliar o peso, a estatura e a idade, correlacionando esses três fatores ao mesmo tempo. Além disso, é importante avaliar a criança periodicamente e analisar a progressão de peso e estatura para confirmar seu desenvolvimento. Para isso, o Ministério da Saúde recomenda a utilização das curvas de crescimento inicialmente elaboradas pelo NCSH e posteriormente adaptadas pela OMS para avaliação de: • peso por idade; • peso por comprimento (até dois anos); • peso por estatura (a partir dos dois anos); • comprimento/estatura por idade; • IMC por idade. Essas curvas apresentam-se divididas por idade e por gênero. A curva de todos os gráficos deve apresentar-se sempre ascendente até a fase adulta, com declínio esperado de desenvolvimento no final da adolescência. A curva descendente pode indicar o início de um processo de desnutrição, portanto, a avaliação delas deve ser periódica. Considera-se eutrófica a criança que se apresentar dentro dos percentis P3 a P97. É importante que ela se encontre dentro de um mesmo percentil em todos os gráficos, mas isso nem sempre ocorre, devido a suas características físicas e genéticas. Abaixo de P3, a criança encontra-se em baixo peso, assim como acima do P97 ela pode ser considerada acima do peso. Pág. 37 de 97 FIGURA 9 - Peso por idade para meninos, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_idade_meninos_percentis.pdf. FIGURA 10 - Peso por comprimento para meninos, do nascimento aos dois anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_comprimento_meninos_percentis.pdf. Pág. 38 de 97 FIGURA 11 - Peso por estatura para meninos, dos dois aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_estatura_meninos_percentis.pdf. FIGURA 12 - Comprimento/estatura por idade para meninos, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/comprimento_estatura_meninos_percentis.pdf Pág. 39 de 97 FIGURA 13 - IMC por idade para meninos, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/imc_por_idade_meninos_percentis.pdf. FIGURA 14 - Peso por idade para meninas, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_idade_meninas_percentis.pdf. Pág. 40 de 97 FIGURA 15 - Peso por estatura para meninas, dos dois aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_estatura_meninas_percentis.pdf. FIGURA 16 - Peso por comprimento para meninas, do nascimento aos dois anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/peso_por_comprimento_meninas_percentis.pdf. Pág. 41 de 97 FIGURA 17 - Comprimento/estatura por idade para meninas, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/comprimento_estatura_meninas_percentis.pdf. FIGURA 18 - IMC por idade para meninas, do nascimento aos cinco anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/imc_por_idade_meninas_percentis.pdf. Pág. 42 de 97 FIGURA 19 - Estatura por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/maiores_5anos/ estatura_por_idade_meninos_percentis.pdf. FIGURA 20 - Peso por idade para meninos, dos 5 aos 10 anos Fonte: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/ maiores_5anos/peso_por_idade_meninos_percentis.pdf>. Pág. 43 de 97 FIGURA 21 - IMC por idade para meninos, dos 5 aos 19 anos Fonte: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/maiores_5anos/imc_por_idade_meninos_escores.pdf>. FIGURA 22 - Peso por idade para meninas, dos 5 aos 10 anos Fonte: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/maiores_5anos/peso_por_idade_meninas_escores.pdf> Pág. 44 de 97 FIGURA 23 - Estatura por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos Fonte: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/maiores_5anos/ estatura_por_idade_meninas_escores.pdf>. FIGURA 24 - IMC por idade para meninas, dos 5 aos 19 anos Fonte: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/graficos_oms/maiores_5anos/imc_por_idade_meninas_escores.pdf>. Pág. 45 de 97 2.2.1 Avaliação das curvas de crescimento • Considera-se desnutrição atual quando a criança apresenta baixo peso pronunciado, mas a sua estatura é considerada normal. Trata-se de uma desnutrição recente. • Considera-se desnutrição crônica evolutiva quando a criança apresenta baixo peso pronunciado e baixa estatura. Trata-se de uma desnutrição já instalada há algum tempo, e a criança apresenta comprometimento de desenvolvimento. • Considera-se desnutrição pregressa quando a criança apresenta peso normal, porém baixa estatura. A criança não está desnutrida atualmente, entretanto, passou por episódio de desnutrição durante a gestação ou o primeiro ano de vida, acarretando diminuição do crescimento. Pode ser considerada eutrófica. 2.2.2 Outras avaliações importantes em crianças O perímetro cefálico e o perímetro torácico são parâmetros de desnutrição a partir do indicador PT/PC. • Do nascimento até 6 meses → PT/OC = 1 → normal • 6 meses aos 5 anos: → PT/PC > → normal → PT/PC < 1 → desnutrição energética proteica NCHS → curva de perímetro cefálico até 36 meses de idade Procedimento PC • Medir a circunferência máxima colocando a fita sobre a região frontal e na proeminência do occipital.◊ A fita deve contornar a cabeça, ao mesmo nível, à esquerda e à direita. Pág. 46 de 97 FIGURA 25 – Perímetro cefálico (para meninos) Fonte: Adaptado de NCHS/CDC (2000). FIGURA 26 – Perímetro cefálico (para meninas) Fonte: Adaptado de NCHS/CDC (2000). Pág. 47 de 97 2.3 Necessidades e recomendações nutricionais na infância: parte I As necessidades nutricionais na infância são determinadas pelas quantidades específicas de cada nutriente que devem ser ingeridas para se manter de forma satisfatória a taxa de crescimento e desenvolvimento, além de prevenir o desenvolvimento de sinais específicos de deficiência. CURIOSIDADE Acesse o portal da saúde do SUS e tenha disponíveis os documentos da atualização dos Cadernos de Atenção Básica nº 23, de 2009. Esse material tem o objetivo de sensibilizar e dar subsídio aos profissionais da atenção básica num contexto de redes de atenção, visando potencializar ações de promoção da alimentação saudável e de apoio ao aleitamento materno, numa linha de cuidado integral à saúde da criança. Link: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab23. 2.3.1 Necessidades energéticas As necessidades energéticas das crianças são relativamente maiores em relação às do adulto. Um recém-nascido tem uma necessidade energética relativa ao seu peso quatro vezes maior em relação à idade adulta. Isso ocorre porque sua taxa metabólica é extremamente alta, pela necessidade de energia para promoção do seu crescimento e desenvolvimento. A seguir, estão descritas as principais formas de obtenção do valor do gasto energético total de crianças de acordo com idade e gênero. TABELA 5 - Valor do requerimento energético estimado (EER) para crianças de 0 a 36 meses Idade Fórmula 0 a 3 meses (89 X peso – 100) + 175 kcal 4 a 6 meses (89 X peso – 100) + 56 kcal 7 a 12 meses (89 X peso -100) + 22 kcal 13 a 36 meses (89 X peso – 100) + 20 kcal Fonte: IOM (2006). Pág. 48 de 97 Obtenção do gasto energético total de crianças pela fórmula simplificada: até o primeiro ano, necessidade de 1.000 kcal; após, adicionar 100 kcal por ano até os 11 anos. A tabela 6 traz as equações para obtenção de GEB (gasto energético total) de crianças, segundo as DRIs (IOM, 2002). TABELA 6 - Equações para obtenção de GEB Meninos de 3 a 18 anos GEB = 68 – (43,3 X idade) + 712 X estatura + 19,2 X peso Meninas de 3 a 18 anos GEB = 189 – (17,6 X idade) + 625 X estatura + 7,9 X peso Peso em kg, estatura em metros e idade em anos. Fonte: IOM (2006). Para obtenção do gasto energético total (GET), multiplica-se a GEB pelo fator atividade, com base na tabela 7: TABELA 7 - Fator atividade de crianças de 3 a 18 anos Crianças sedentárias 1,2 – 1,3 Crianças ativas 1,4 – 1,5 Fonte: IOM (2006). 2.3.2 Necessidades de macronutrientes As necessidades de macronutrientes e a distribuição calórica devem ser realizadas a partir das recomendações das DRIs (IOM, 2002), como descrito na tabela 8: TABELA 8 - Distribuição percentual dos macronutrientes segundo as DRIs Crianças de 1 a 3 anos Crianças de 4 a 18 anos Carboidrato 45-65% 45-65% Proteína 5-20% 10-30% Gorduras totais 30-40% 25-35% Ácidos graxos ômega 6 5-10% 5-10% Ácidos graxos ômega 3 0,6-1,2% 0,6-1,2% Fonte: IOM (2002). Pág. 49 de 97 Como as recomendações proteicas podem variar de acordo com o peso, recomenda-se o cálculo a partir desse fato, utilizando-se os valores descritos na tabela 9: TABELA 9 - Recomendação da ingestão diária de proteínas para crianças, de acordo com a idade Idade Quantidade de proteína < 6 meses 2,2 g/kg peso 6 a 12 meses 1,6 g/kg peso 1 a 3 anos 1,2 g/kg peso 4 a 6 anos 1,1 g/kg peso 7 a 10 anos 1,0 g/kg peso Fonte: IOM (2006). Pág. 50 de 97 2.3 Recomendações de vitaminas e minerais As recomendações de vitaminas e minerais devem seguir as quantidades estabelecidas pelas DRIs para crianças, segundo a tabela 10: TABELA 10 – Necessidades diárias de micronutrientes para crianças, de acordo com a idade Vitaminas e minerais Quantidade diárias estabelecidas para crianças Vitamina A 0-6 meses = 400 μg 7-12 meses = 500 μg 1-3 anos = 300 μg 4-8 anos = 400 μg 9-13 anos (mulheres) = 600 μg 9-13 anos (homens) = 600 μg Vitamina C 0-6 meses = 40 mg 7-12 meses = 50 mg 1-3 anos = 15 mg 4-8 anos = 20 mg 9-13 anos (mulheres) = 45 mg 9-13 anos (homens) = 45 mg Vitamina D 0-6 meses = 5 μg 7-12 meses = 5 μg 1-3 anos = 6 μg 4-8 anos = 7 μg 9-13 anos (mulheres) = 5 μg 9-13 anos (homens) = 5 μg Vitamina E 0-6 meses = 4 mg 7-12 meses = 5 mg 1-3 anos = 6 mg 4-8 anos = 7 mg 9-13 anos (mulheres) = 11 mg 9-13 anos (homens) = 11 mg Vitamina K 0-6 meses = 2 μg 7-12 meses = 2,5 μg 1-3 anos = 30 μg 4-8 anos = 55 μg 9-13 anos (mulheres) = 60 μg 9-13 anos (homens) = 60 μg Tiamina 0-6 meses = 0,2 mg 7-12 meses = 0,3 mg 1-3 anos = 0,5 mg 4-8 anos = 0,6 mg 9-13 anos (mulheres) = 0,9 mg 9-13 anos (homens) = 0,9 mg Vitaminas e minerais Quantidade diárias estabelecidas para crianças Riboflavina 0-6 meses = 0,3 mg 7-12 meses = 0,4 mg 1-3 anos = 0,5 mg 4-8 anos = 0,6 mg 9-13 anos (mulheres) = 0,9 mg 9-13 anos (homens) = 0,9 mg Niacina 0-6 meses = 2 mg 7-12 meses = 4 mg 1-3 anos = 6 mg 4-8 anos = 8 mg 9-13 anos (mulheres) = 12 mg 9-13 anos (homens) =12 mg Vitamina B6 0-6 meses = 0,1 mg 7-12 meses = 0,3 mg 1-3 anos = 0,5 mg 4-8 anos = 0,6 mg 9-13 anos (mulheres) = 1,0 mg 9-13 anos (homens) = 1,0 mg Folato 0-6 meses = 65 μg 7-12 meses = 80 μg 1-3 anos = 150 μg 4-8 anos = 200 μg 9-13 anos (mulheres) = 300 μg 9-13 anos (homens) = 300 μg Vitamina B12 0-6 meses = 0,4 μg 7-12 meses = 0,5 μg 1-3 anos = 0,9 μg 4-8 anos = 1,2 μg 9-13 anos (mulheres) = 1,8 μg 9-13 anos (homens) = 1,8 μg Ácido pantotênico 0-6 meses = 1,7 mg 7-12 meses = 1,8 mg 1-3 anos = 2 mg 4-8 anos = 3 mg 9-13 anos (mulheres) = 4 mg 9-13 anos (homens) = 4 mg Pág. 51 de 97 Vitaminas e minerais Quantidade diárias estabelecidas para crianças Biotina 0-6 meses = 5 μg 7-12 meses = 6 μg 1-3 anos = 8 μg 4-8 anos = 12 μg 9-13 anos (mulheres) = 20 μg 9-13 anos (homens) = 20 μg Colina 0-6 meses = 125 mg 7-12 meses = 150 mg 1-3 anos = 200 mg 4-8 anos = 250 mg 9-13 anos (mulheres) = 375 mg 9-13 anos (homens) = 375 mg Cálcio 0-6 meses = 210 mg 7-12 meses = 270 mg 1-3 anos = 500 mg 4-8 anos = 800 mg 9-13 anos (mulheres) = 1.300 mg 9-13 anos (homens) = 1.300 mg Cromo 0-6 meses = 0,2 μg 7-12 meses = 5,5 μg 1-3 anos = 11 μg 4-8 anos = 15 μg 9-13 anos (mulheres) = 21 μg 9-13 anos (homens) = 25 μg Cobre 0-6 meses = 200 μg 7-12 meses = 220 μg 1-3 anos = 340 μg 4-8 anos = 440 μg 9-13 anos (mulheres) = 700 μg 9-13 anos (homens) = 700 μg Flúor 0-6 meses = 0,01 mg 7-12 meses = 0,5 mg 1-3 anos = 0,7 mg 4-8 anos = 1,0 mg 9-13 anos (mulheres) = 2,0 mg 9-13 anos (homens) = 2,0 mg Iodo 0-6 meses = 110 μg 7-12 meses = 130 μg 1-3 anos = 90 μg 4-8 anos = 90 μg 9-13 anos (mulheres) = 120 μg 9-13 anos (homens) = 120 μg Vitaminas e minerais Quantidade diárias estabelecidas para crianças Ferro 0-6 meses = 0,27 mg 7-12 meses = 11 mg 1-3 anos = 7 mg 4-8 anos = 10 mg 9-13 anos (mulheres) = 8 mg 9-13 anos (homens) = 8 mg Magnésio 0-6 meses = 30 mg 7-12 meses = 75 mg 1-3 anos = 80 mg 4-8 anos = 130 mg 9-13 anos (mulheres) = 240 mg 9-13 anos (homens) = 240 mg Manganês 0-6 meses = 0,003 mg 7-12 meses = 0,6 mg 1-3 anos = 1,2 mg 4-8 anos = 1,5 mg 9-13 anos (mulheres) = 1,6 mg 9-13 anos (homens) = 1,9 mg Molibdênio 0-6 meses = 2μg 7-12 meses = 3μg 1-3 anos = 17μg 4-8 anos = 22μg 9-13 anos (mulheres) = 34μg 9-13 anos (homens) = 34μg Fósforo 0-6 meses = 100 mg 7-12 meses = 275 mg 1-3 anos = 460 mg 4-8 anos = 500 mg 9-13 anos (mulheres) = 1.250 mg 9-13 anos (homens) = 1.250 mg Selênio 0-6 meses = 15 μg 7-12 meses = 20 μg 1-3 anos = 20 μg 4-8 anos = 30 μg 9-13 anos (mulheres) = 40 μg 9-13 anos (homens) = 40 μg Zinco 0-6 meses = 2 mg 7-12 meses = 3 mg 1-3 anos = 3 mg 4-8 anos = 5 mg 9-13 anos (mulheres) = 8 mg 9-13 anos (homens) = 8 mg Pág. 52 de 97 Vitaminas e minerais Quantidadediárias estabelecidas para crianças Potássio 0-6 meses = 0,4 g 7-12 meses = 0,7 g 1-3 anos = 3 g 4-8 anos = 3,8 g 9-13 anos (mulheres) = 4,5 g 9-13 anos (homens) = 4,5 g Sódio 0-6 meses = 0,12 g 7-12 meses = 0,37 g 1-3 anos = 1,0 g 4-8 anos = 1,2 g 9-13 anos (mulheres) = 1,5 g 9-13 anos (homens) = 1,5 g Cloro 0-6 meses = 0,18 g 7-12 meses = 0,57 g 1-3 anos = 1,5 g 4-8 anos = 1,9 g 9-13 anos (mulheres) = 2,3 g 9-13 anos (homens) = 2,3 g Fonte: IOM (2002). Pág. 53 de 97 2.4 Prescrição de suplementos na infância Na infância, as principais carências nutricionais encontradas são o ferro, a vitamina A e, atualmente, a vitamina D. Entretanto, pode-se observar uma baixa ingestão de zinco, vitamina B6, ácido fólico e vitamina C na alimentação. Dessa forma, deve-se avaliar a criança e tentar detectar possíveis carências nutricionais que venham a indicar deficiência desses nutrientes. Se for necessário, elas podem ser confirmadas a partir de exames bioquímicos. Como a anemia ferropriva e a hipovitaminose A são problemas de saúde pública nessa faixa etária, as crianças normalmente são avaliadas por seus pediatras à procura de tais deficiências e também costumam ser suplementadas com doses acima das recomendações das DRIs. Nesses casos, deve- se tomar cuidado com o excesso de fontes alimentares ou uma possível suplementação em dobro. Os outros costumam ser ignorados, portanto deve-se, nesses casos, indicar uma suplementação adequada quando houver necessidade. Além disso, alguns nutrientes são importantes para o crescimento, como o zinco, e para aumentar o apetite, como as vitaminas do complexo B (especialmente a niacina). Esta, especificamente, deve ser suplementada, respeitando o limite da DRI e a ingestão alimentar, pois sua toxicidade é muito baixa. Para a prescrição, deve-se sempre obedecer à recomendação da DRI. Pág. 54 de 97 3 – PRESCRIÇÃO PARA CRIAN 3 – PRESCRIÇÃO PARA CRIANÇAS (CONTINUAÇÃO) E PARA ADOLESCENTES 3. NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA: PARTE II 3.1 Prescrição de fitoterápicos na infância FIGURA 27 – Fitoterápicos na infância Fonte: antoniodiaz/ shutterstock.com Com relação aos conceitos gerais, as doses terapêuticas prescritas para recém-nascidos e crianças devem levar em consideração que a proporção de curas espontâneas de muitas condições agudas é maior do que em adultos. Por exemplo: infecções banais de vírus desaparecem em média de cinco a sete dias. A presença de candidíase oral em recém-nascidos é relativamente frequente. Os sinais são saburras brancas, cobrindo grande parte da mucosa oral. Para tratá-la, pode-se usar: Tintura de mirra (Myrrhae) • Aplicar com cotonete a tintura não diluída. • Em regiões externas: diluir a tintura de mirra em água fervida na proporção de 1:1, ou, para potencializar o efeito, na mesma proporção de chá de camomila. Outras tinturas: tintura de ratânia (Ratanhia); decocto a 10% de fruto de mirtilo (Myrtilli fructus). Pág. 55 de 97 3.1.1 Fitofármacos de uso em doenças do trato respiratório Alterações de trato respiratório em crianças são muito comuns e levam a inapetência, o que afeta o estado nutricional e interfere na conduta alimentar. Por apresentarem metabolismo mais intenso, crianças em jejum prolongado sofrem maiores efeitos e podem sofrer pioras nos quadros respiratórios. Muitas vezes, o tratamento dessas alterações leva a um benefício nutricional, portanto, é importante que os nutricionistas tenham um arsenal terapêutico para esse tipo de patologia. Nas secreções de vias respiratórias, aplica-se inalação com óleos essenciais em preparações, ou estes podem ser nebulizados. Gargarejos e lavagens Folha de sálvia • 2,5 g ou 1 colher de chá para 150 ml de água fervente. • Deixe em infusão por 10 minutos e filtre. • Use a infusão morna. • Posologia: 2 a 3x ao dia. Óleo essencial de sálvia • 1 ou 2 gotas para 100 ml de água. Extrato alcoólico (tintura) de sálvia • 5 g ou 1 colher de chá para 1 copo de água. Tanchagem – Plantago lanceolata Utilizada em casos de tosse. Preparações e posologias: • Infusão de 3-6 g da droga em dose única. • Extrato da planta fresca. • O uso do xarope de tanchagem é muito comum. Observação: a coloração escura indica a decomposição dos glicosídeos iridoides com atividade antibacteriana (incluindo 0,3-0,7% de aucubina, dependendo da procedência e das condições do cultivo). Pág. 56 de 97 Galeopisides – Galeopsis segetum • 6 g da droga para dose única diária. • Chá: ◊ Galeopisis erva: 60 g. ◊ Serpylli erva concentrada: 40 g. Dosagem: Tomar 1 xícara várias vezes ao dia, usando sempre uma colher de sopa da mistura do chá para 150 ml de água fervida. Em recém-nascidos, basta uma colher de chá da planta. Cuidado: Polygalae radix também é indicada para secreções nasais, mas preparações à base de suas raízes não são indicadas para pediatria, porque produzem efeitos colaterais indesejáveis com o uso, como irritação do trato gastrointestinal. Tratamento de tosse improdutiva Os fitofármacos normalmente apresentam ação expectorante. Valem as seguintes observações: • A tosse seca (improdutiva) é distinta da tosse com produção de muco viscoso de difícil expectoração – a chamada tosse produtiva. • A tosse pode ser combatida por ações como: a) supressão do reflexo da tosse no centro da tosse no SNC; b) bloqueio dos receptores sensitivos, receptores da tosse no trato brônquico. As mucilagens atuam pelo segundo mecanismo, reduzindo a hipersensibilidade dos receptores da tosse nas partes superiores do trato respiratório. A codeína e a noscapina atuam como supressores da tosse, sendo a última sem efeitos colaterais e com possível prescrição na pediatria. Raiz de alteia – Althaea officinalis • Ações: demulcente e emoliente, inibe a atividade mucociliar pelo aumento da fagocitose. • Forma farmacêutica: xarope, com gosto agradável. • Posologia: 2-8 ml, ou de 1 colher pequena de chá até 2 colheres de sopa. Pág. 57 de 97 • É preferível comprar a preparação pronta. Líquen da Islândia - Cetraria islandica A infusão desse líquen tem um efeito colateral muito importante para a nutrição, pois aumenta o apetite. Malva - Malva sylvestris e Malva neglecta • Tintura diluída ou chá (infusão). Verbasco – Verbascum densiflorum • 3-4 g da droga seca ou 1 colher de sopa das flores em 200 ml de água, deixar infundir 15 minutos, adoçar com mel e tomar entre as refeições. • Gosto bom, indicado para pediatria. Tosse com expectoração viscosa (tosse produtiva) Os fitofármacos que apresentam em sua preparação saponinas são indicados, pois apresentam ação secretolítica e secretomotora. Alcaçuz - Glycyrrhiza glabra • Suco viscoso de alcaçuz - dose/dia: 0,5-1,0 g. Misturas padronizadas para formulação de xaropes: • Althaea radix: 8 partes. • Liquiritiae radix: 4 partes. • Farfarae folium: 4 partes. • Byrsonima verbascifolia: 2 partes. • Anisi fructus: 2 partes. Posologia: tomar uma xícara do xarope várias vezes ao dia, preparado com 1 colher de sopa da mistura. Para recém-nascidos, recomenda-se metade da dosagem. Pág. 58 de 97 Chá para tosse: • Liquiritiae radix: 50 g. • Primulae radix: 10 g. • Althaea radix: 30 g. • Anisi fructus: 10 g. Posologia: tomar cinco copos diariamente, preparados como infusão, usando 1 colher de chá da mistura. Se possível, tomar ainda quente. Fitoterápicos imunomoduladores Esses medicamentos são indicados na tentativa de aumentar a resposta imunológica das crianças, evitando infecções e afecções oportunistas que possam levar a desnutrição. Esses medicamentos podem ser utilizados nos primeiros sintomas ou para terapia profilática de curto período, com aplicações de manhã e à noite, no máximo de quatro dias. • Equinácea: Echinacea purpurea – tintura-mãe. • Fitolaca: Phytolacca americana – tintura-mãe. • Eupatório: Eupatorium perfoliatum – tintura-mãe. Posologia: • Dose inicial para crianças acima de 10 anos: 50 a 80 gotas. •Dose inicial de 1 a 10 anos: 10 a 30 gotas. • Diluir em 150 ml de água. Doenças do trato gastrointestinal As principais alterações observadas em crianças são: • falta de apetite; • mal-estar gástrico; • dispepsia, associada a flatulência; • diarreia aguda e de curto prazo; • obstipação crônica. Para maior eficácia nesses casos, a terapia deve se iniciar rapidamente e ser assertiva, pois a desnutrição pode ser severa e acarretar males piores. O pólen de flores é considerado estimulante de apetite de ótima ação. Pág. 59 de 97 A dosagem para recém-nascidos e bebês é um terço daquela citada em qualquer monografia. Para crianças em idade escolar, usa-se metade da dose. As crianças aceitam mais facilmente extratos ou infusões. A terapêutica busca a medicação diante das seguintes queixas: • Espasmolíticos: para reduzir os espasmos gástricos e as cólicas. • Anti-inflamatórios: para reduzir a inflamação da mucosa gástrica e assim o ardor e o desconforto. • Estimulantes de secreção: para aumentar a secreção salivar e gástrica. • Carminativos: para diminuir a plenitude gástrica, dar conforto gástrico. • Sedativos: para acalmar o estado geral e facilitar o tratamento. Casca de laranja-amarga – Citrus aurantium • Chá da casca na forma de infusão. • Posologia: ◊ 2 g ou 1 colher de chá para 1 xícara de água, ou colocar 20 gotas da tintura em uma xícara de chá de hortelã-pimenta antes de cada refeição. Cálamo – Calami rhizoma • Posologia: 2 a 3 gotas da tintura antes da refeição. Centáurea – Centaurii herba • Posologia: algumas gotas da tintura antes das refeições. Folha de alcachofra e casca do candurango • São indicadas em preparações para estimular o apetite. Pág. 60 de 97 QUADRO 4 - Drogas que apresentam ação estimulante de apetite contra dispepsia ou complicações dispépticas Amargas (amara) Cnici benedicti Condurango cortex Cynara folium Aromáticas Anisi fructus Coriandri fructus Curcuma xanthorrhiza Foeniculi fructus Amargas aromáticas Aurantii pericarpium Salviae folium Flavonoides Cardui mariae Pólen de flores Fonte: IOM (2006). Tônico amargo: indicado para acloridria, anorexia e fraqueza gástrica após uma infecção. • Aurantii tintura: 1 parte. • Gentianae tintura: 9 partes. • Calami tintura: 10 partes. Posologia: 10 gotas para meio copo de água antes das refeições, tomar lentamente. A concentração de álcool no tônico é considerada insignificante a partir de dois anos de idade. Pág. 61 de 97 QUADRO 5 - Plantas com indicações para distúrbios do trato gastrointestinal Complicações dispépticas, leve insuficiência pancreática exócrina Harunganae madasgacariensis cortex et folium Complicações epigástricas funcionais (estômago irritável, síndrome gastrocardíaca, meteorismo) Lavandulae flos Preparação mucilaginosa para casos de gastrite e enterite Lini semen Úlceras gástricas e duodenais Liquiritiae radix Espasmos gastrointestinais e doenças inflamatórias do trato gastrointestinal Matricariae flos Complicações gastrointestinais funcionais Melissae folium Complicações funcionais do estômago, fígado e vesícula biliar, meteorismo Menthae arvensis (óleo de menta) Dores espasmiformes no trato gastrointestinal superior e nas vias biliares Menthae piperatae (óleo de hortelã-pimenta) Adstringente no caso de secreções gastrointestinais, aplicado em baixas dosagens Rhei radix Complicações dispépticas, profilaxia dos sintomas de cinetose Zingiberis rhizoma Fonte: IOM (2006). Formulações que estimulam o apetite: • Aurantii tintura: 30-40 gotas antes das refeições. • Cinchonae tintura: 20-30 gotas antes das refeições. • Calami tintura: 30-40 gotas antes das refeições. • Vinum chinae: 1 colher de sopa antes das refeições. • Vinum condurango: 1 a 2 colheres de sopa antes da refeições. Pág. 62 de 97 Tintura para o estômago: • Tintura amarga: 10 partes. • Tintura de genciana: 10 partes. • Tintura de abismo: 10 partes. Misturar com água e tomar 2 colheres. Para cólicas e problemas associados à primeira infância Preparação 1: sabor agradável, aplicada para queixas leves de transtornos gástricos. • Matricariae flos total: 50 g. • Menthae piperatae folium conc.: 30 g. • Melissae folium conc.: 15 g. • Calami rhizoma conc.: 5 g. Posologia: dependendo da necessidade, de 3 a 5 copos diários, usando uma colher de chá ou até uma colher de sopa da mistura para infusão. Preparação 2: • Foeniculi fructus conc. • Menthae piperatae. • Melissae folium. • Calami rhizoma. • Fazer em partes iguais (ãã) para 20 g. Posologia: 1 colher de chá para uma xícara de água fervida, deixar em infusão por 10 minutos e administrar 2 a 3x ao dia. Preparação 3: indicada para casos de anorexia, plenitude gástrica, flatulência e leves distúrbios espasmiformes gastrointestinais. • Angelica radix conc.: 20 g. • Gentianae radix conc.: 40 g. • Carvi fructus total: 40 g. Posologia: até 3 xícaras do chá por dia antes das refeições, preparado com 1 colher de chá da mistura. Para crianças menores que quatro anos, somente meia colher de chá da mistura. Pág. 63 de 97 Alecrim – Rosmarinus officinalis L. • Partes usadas: folha. • Principais componentes: óleos essenciais, diterpenos e flavonoides. • Propriedades: carminativo, espamolítico, rubefasciente e antimicrobiano. • Infusão (chá): aparelho digestório (gases, má digestão) e antisséptico. • Toxicidade: em altas doses VO, é abortivo e provoca irritações do trato gastrointestinal, causando gastrite, gastroenterite e nefrite. O uso durante a noite pode alterar o sono. É fotossensibilizante, e sua essência pode ser irritante de pele. Camomila - Matricaria chamomilla • Parte usada: flor - capítulos florais secos. • Principais componentes: óleos essenciais, flavonoides, cumarina e sais minerais. • Propriedades: anti-inflamatório tópico, distúrbios digestivos, antiespasmódico e para insônia leve. • Formas de prescrição: extrato hidroalcoólico, como tintura, 0,5% de óleos essenciais, infuso. • Toxicidade: pode causar alergias, diminui a absorção de ferro. Erva-cidreira, melissa – Melissa officinalis • Parte utilizada: folha. • Tintura: 20% - 50 a 100 gotas, 1 a 2x/dia. • Extrato fluido: 2 ml a 4 ml/dia. • Extrato seco: 330 mg a 500 mg, 2x/dia. • Extrato de Melissa officinalis a 13,2% de ácidos hidroxicinâmicos. • Toxicidade: doses altas ou uso prolongado podem causar náuseas, vômitos e sedação acentuada. • Interação: efeito sinérgico com etanol, barbitúricos e sedativos. • Contraindicação: óleo essencial na gravidez e extrato seco no hipotiroidismo. Hortelã-pimenta, menta - Mentha piperita • Parte utilizada: folha. • Indicação: flatulência e cólica. • Tintura 20%: 35 gotas 2 a 4x/dia. • Extrato seco: 500 mg 2 a 4x/dia. • Modo de preparo: 1,5 g (3 colheres de café) em 150 ml de água, 2 a 4x/dia. • Contraindicação: obstrução biliar, danos hepáticos severos, lactação. Pág. 64 de 97 Guaco – Mikania glomerata • Parte utilizada: folhas. • Indicação: mucolítico. • Tintura 20%: 5 ml a 20 ml/dia. • Extrato fluido: 1 ml a 4 ml/dia. • Extrato seco: 0,525 mg a 4,89 mg de cumarina. • Extrato de Mikania glomerata a 0,2% e cumarina a 2%: 50 ml a 200 ml/dia. • Toxicidade: petéquias, aumento do fluxo menstrual. Maracujá – Passiflora alata ou incarnata • Parte utilizada: folha. • Indicação: agitação, ansiedade e insônia. • Preparação: tintura 20%, 75 gotas 1 a 2x/dia. • Extrato seco: 20 mg a 64 mg de vitexina. • Extrato de Passiflora alata ou incarnata a 4% de isovitexina. • 3 g (1 colher de sopa) em 150 ml de água 1 a 2x/dia. Alho – Allium sativum • Parte utilizada: bulbo. • Indicação: problemas respiratórios. • Posologia: extrato seco: 2,7 mg a 4,1 mg de alicina. • Pó: 1 g a 1, 5 g/dia. • Extrato fluido: 25 a 50 gotas 2 a 3x/dia. • Tintura 20%: 25 gotas 2 a 3x/dia. • Óleo: 100 mg 1 a 3x/dia. • Efeitos adversos: mal-estar gástrico, reação alérgica tipo asmática, suor com odor de alho. • Contraindicação: gastrite aguda, úlcera,em grande quantidade na gravidez e lactação. • Interação: anticoagulante, hipotensor, hipoglicemiante. Erva-doce - Pimpinella anisum • Partes utilizadas: frutos. • Indicações: digestivo, carminativo e expectorante. • Posologia: tintura 20%, 35 gotas, 3x/dia. • Extrato seco: 80 mg a 225 mg de transanetol 3x/dia. • Extrato de Pimpinella anisum a 2,8% de transanetol. Pág. 65 de 97 • 1,5 g (3 colheres de café) em 150 ml de água (amassar imediatamente antes de usar), 3x/dia. Cranberry – Vaccinium macrocarpon • Partes utilizadas: bagas com frutos. • Indicação: cárie dentária. • Posologia: sachê aromatizado para diluir em água ou extrato seco: 200 mg a 400 mg. Chá verde – Camellia sinensis • Partes utilizadas: folhas. • Indicação: cárie dentária. • Posologia: 1/2 colher de sopa (1,5 g) para cada xícara de chá, tomar até 4x ao dia. Eucalipto – Eucalypitus globulus • Partes utilizadas: folhas. • Indicação: antisséptico, antibacteriano das vias aéreas superiores e expectorante. • Posologia: 14 mg a 42,5 mg de cineol em óleo essencial, extratos e tintura. • Infusão: 2 g (colher de sobremesa) em 150 ml (xícara de chá). • Fazer inalação de 2 a 3x/dia. • Efeitos adversos: casos raros de náusea, vômito e diarreia. • Contraindicação: não usar em caso de inflamação gastrointestinal e biliar, doença hepática grave, gravidez, lactação, menores de 12 anos. • Interação: sedativos, anestésico, analgésico e hipoglicemiantes. Dente-de-leão – Taraxacum officinale • Toda a planta pode ser usada como estimulante de apetite. • Tintura 20%: 75 a 100 gotas, 3 a 4x/dia. • Extrato seco: 1.000 mg 3x/dia. • Extrato de Taraxacum officinale a 3% de flavonoides 3 g a 4 g (3 a 4 colheres de chá) em 150 ml de água 3x/dia. • Reações adversas: obstrução das vias biliares e trato intestinal. Pág. 66 de 97 4. PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS E FITOTERÁPICOS PARA ADOLESCENTES 4.1 Adolescência FIGURA 28 – Adolescência Fonte: SpeedKingz/ shutterstock.com Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência compreende o período entre os 10 e os 20 anos incompletos de um indivíduo. Pode ser considerado o segundo período da vida extrauterina, pois o crescimento atinge sua velocidade máxima (15% do total da estatura é alcançado nessa fase). Os meninos possuem crescimento de 9 cm a 10 cm por ano, e as meninas, cerca de 8 cm por ano. Além disso, nessa fase, há um aumento considerável de massa óssea, representando 50% do total de um adulto. No período denominado puberdade, ocorre o aparecimento de características sexuais secundárias em resposta à ativação do mecanismo neuro-hormonal do eixo hipotálamo-hipófise-gônada. Essa ativação é responsável por: • Estirão pubertário: aceleração do crescimento, ocasionando picos de velocidade, e posterior desaceleração. • Maturação sexual: desenvolvimento das gônadas (testículos e ovários) e das características sexuais secundárias (pelos e mamas). • Mudanças de composição corporal: aumento da quantidade de gordura em meninas pela ação do estrogênio e alteração da distribuição dela em ambos (repleção); ocorre crescimento esquelético e ganho de massa muscular nos meninos pela ação da testosterona. Pág. 67 de 97 4.2 Avaliação nutricional na adolescência A avaliação do estado nutricional deve ser realizada a partir do IMC pela idade, segundo as curvas de crescimento da OMS já discutidas. Não se deve avaliar o IMC dos adolescentes a partir da classificação de adultos, pois podemos encontrar alguns na faixa do sobrepeso que na verdade estão com maior peso pela fase pubertária. Dessa forma, a utilização das curvas de crescimento é de muita importância. A adolescência é caracterizada pela intensa liberação hormonal, responsável por alterações físicas diferenciadas entre os gêneros e de acordo com a idade. Dessa forma, a maturação sexual ocorre de forma diferente entre meninos e meninas e em etapas e idades diferentes entre indivíduos do mesmo sexo. Para melhor avaliação do estágio de maturação sexual dos adolescentes, foram desenvolvidos critérios enumerados de 1 a 5 que levam em consideração o desenvolvimento de mamas (M), pelos pubianos (P) e genitália masculina (G), denominados estágios de Tanner. A avaliação deve ser realizada por exame físico ou autoavaliação (o médico pode avaliar o estágio ou questionar o adolescente sobre isso). QUADRO 6 - Características do adolescente do sexo masculino de acordo com o estágio de maturação sexual de Tanner Estágio de Tanner Pelos pubianos (P) Genitália (G) Estágio 1 Pré-adolescência - nenhum (pelugem). Características infantis sem alteração. Estágio 2 Presença de pelos finos e claros na base do pênis. Aumento inicial do volume de testículos e escrotos, com aumento ausente ou pequeno do pênis. Estágio 3 Púbis coberto - pelos mais escuros e ásperos Crescimento peniano em cumprimento e maior crescimento dos testículos e escroto Estágio 4 Tipo adulto - com extensão para a coxa, porém com a área coberta consideravelmente menor do que no adulto. Crescimento peniano e da glande, principalmente do diâmetro, e escurecimento do testículo e do escroto. Estágio 5 Tipo adulto - com extensão para a coxa. Desenvolvimento completo da genitália. Fonte: IOM (2006). Pág. 68 de 97 FIGURA 29 - Avaliação do estadiamento puberal (meninos) Fonte: Azevedo et al. (2009). QUADRO 7 - Características de adolescentes do sexo feminino de acordo com o estágio de maturação sexual de Tanner Estágio de Tanner Pelos pubianos (P) Mamas (G) Estágio 1 Pré-adolescência - nenhum (pelugem). Características infantis sem alteração. Estágio 2 Presença de pelos finos e claros na região dos grandes lábios. Brotos mamários: elevação da mama e da aréola formando uma pequena saliência. Estágio 3 Púbis coberto - pelos mais escuros e ásperos. Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação dos contornos. Estágio 4 Tipo adulto - cobrindo mais densamente a região púbica, sem atingir as coxas. Maior crescimento da mama e da aréola, com separação de contornos. Estágio 5 Tipo adulto - invasão da parte interna da coxa. Mamas com aspecto adulto, o contorno areolar é incorporado novamente ao contorno da mama. Fonte: IOM (2006). Pág. 69 de 97 FIGURA 30 - Avaliação do estadiamento puberal (meninas) Fonte: Azevedo et al. (2009). Pág. 70 de 97 QUADRO 8 – Características de cada estágio segundo avaliação do estadiamento puberal Estágio segundo avaliação do estadiamento puberal Características Estágio 1: pré- púbere Meninas Ú 9-10 anos Ú P1 e M1. Meninos Ú 11-12 anos Ú P1 e G1. Características infantis. Período pré-estirão (meninas: 8 a 9 anos/meninos: 10 a 11 anos): repleção pré-puberalÚ acúmulo de tecido adiposo para reserva energética para posterior estirão. Estágio 2: pré- púbere Meninas Ú 8-14 anos Ú P2 e M2. Início da fase de estirãoÚ precede a velocidade máxima de crescimento (VMC). Após dois anos, apresentarão a menarca. Meninos Ú 9 anos e 6 meses-15 anos e 6 meses Ú P2 e G2. Estágio 3: púbere Meninas Ú 10-14 anos e 6 meses Ú P3 e M3. Já passou pelo estirão pubertário Ú aspecto longilíneo e “emagrecido” Ú classificada como baixo peso pelos indicadores Ú utilização das reservas energéticas pelo fenômeno do crescimento linear. Menarca ocorrerá no final do estágio, na transição para o estágio 4. População geral apresenta a menarca por volta de 12 anos (VITOLO, 2008). Meninos Ú 10 anos e 6 meses-16 anos Ú P3 e G3. Pág. 71 de 97 Estágio segundo avaliação do estadiamento puberal Características Estágio 4 Meninas Ú 11-15 anos Ú P4 e M4. Maioria já teve a menarca. h eficiência de depósito de gordura Ú estabilização da funções hormonais ovarianas Ú realizar monitorização do consumo alimentar e do gasto energético Ú objetivo de prevenir a deposição do excesso de gordura. Meninos Ú 11 anos e 6 meses-16 anos e 6 meses Ú P4 e G4. Desaceleração do crescimento Ú precede a velocidade máxima de crescimento
Compartilhar