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Nathália Machado – MED FTC Semiologia Ginecológica ➜ História Menstrual ▸Data da primeira menstruação – (Menarca): dado importante pois uma menarca precoce ou tardia pode chamar a atenção para a existência de algum distúbio hormonal que pode ter ocasionado. - Meninas que menstruaram mais cedo tendem a entrar na menopausa mais cedo. ➜ História Sexual ▸Idade da sexarca: quanto mais cedo o início, maior o tempo de exposição às IST´s. ▸Investigar número de parceiros, se faz uso de contraceptivo, orientação sexual. ▸Investigar presença de dispareunia, se a paciente tem prazer durante a relação, se tem orgasmos. ➜ História Reprodutiva ▸Investigar se a paciente já engravidou (GPA). Etapas: ⊛ Identificação: ▸Nome: ▸Profissão: ▸Endereço: ▸Idade: ▸Escolaridade: importante adequar a linguagem de acordo com o grau de escolaridade. ▸Estado Civil: atentar para número de parceiros e orientação sexual. ▸Cor/Raça: ▸Naturalidade: ⊛ Queixa Principal: “O que te trouxe aqui hoje?” ▸Motivo da consulta: na presença de sintomas, deve ser anotado com a mesma linguagem utilizada pela paciente, incluindo tempo de início. Muitas pacientes são motivadas a procurar o ginecologista para realização do preventivo ou orientação quanto ao uso de anticoncepcional. Nathália Machado – MED FTC ⊛ História da moléstia atual: ▸Detalhar a queixa principal ▸Sintomas associados, fatores de melhora e piora, irradiação, uso de medicamentos para melhorar os sintomas, etc. ⊛ Interrogatório Sistemático: Cardiovascular: Gastrointestinal: Urinário: Respiratório: ⊛ Antecedentes familiares: ▸Cardiovascular: Ex: histórico de HAS ▸Câncer: Ex: CA de mama ▸Endócrinometabólico: Ex: Diabetes ▸Infecção: Ex: tuberculose ▸Outros: doenças hereditárias. ⊛ Antecedentes patológicos: ▸Histórico de internação; ▸Clínico: verificar se a paciente posui algum problema clínico que requer tratamento. ▸Cirugias; ▸Tabagismo: se sim, descrever o quanto a paciente fuma; ▸Etilismo: se sim, o que e em qual quantidade e frequência; ▸Medicações; ▸Outros: atividade física. ❀ Principais queixas ginecológicas: ❋ Alterações do ciclo ou fluxo menstrual; ❋ Dor pélvica; ❋ Corrimentos genitais; ❋ Ardor, prurido genital; ❋ Modificações ou perturbações mamárias; ❋ Dificuldades sexuais; ❋ Perturbações miccionais e/ou perda involuntária de urina; ❋ Dificuldade para engravidar. Nathália Machado – MED FTC ⊛ Antecedentes menstruais: ▸Menarca: idade ▸Ciclos: avaliar regularidade. O intervalo entre os ciclos pode variar entre 24 e 35 dias. Será irregular quanto o intervalo estiver abaixo de 24 ou acima de 35. ▸DUM: a data da última menstruação é importante para estimar em que parte do ciclo a paciente se encontra ou se ela está com atraso menstrual. ▸Dismenorréia: dor fora do período menstrual não é dismenorréia, é dor pélvica. Deve se preocupar com a dismenorréia quando a paciente sentia dor mas a intensidade vem aumentando ou quando a paciente não costumava a ter cólicas e passa a ter, quando a dor é incapacitante. Pacientes com dismenorréia importante merecem investigação. ▸TPM: investigar sintomas (ansiedade, nervosismo, mastalgia nos 10 dias que antecedem o período menstrual). ▸Menopausa: se natural ou cirurgica (ooforectomizada). ⊛ Antecedentes Sexuais ▸1º coito: ▸Número de parceiros ao longo da vida: ▸Libido: ▸Orgasmos: ▸Anteconcepção: ⊛ Antecedentes ginecológicos: ▸Corrimento vaginal: secreção vaginal diferente da fisiológica. ▸Cirurgia: cesária, curetagem, etc. ▸Cauterização do colo uterino. ⊛ Antecendentes obstétricos: ▸GPA ▸Se aborto: espontâneos ou provocados? Com quantas semanas de gestação? Precoce ou tardio: ▸PNL: parto natural longitudinal ▸PC: parto cesáreo ▸PF: parto de fórceps ▸1º parto: ▸Último parto: ▸Peso RN (maior): ▸Amamentação: amamentou? Como foi? Por quanto tempo? ▸Puerpério: como foi? Houve febre pós parto? Complicações hemorrágicas? Nathália Machado – MED FTC ⊛ Geral: ▸Peso e altura ▸PA ▸Pele: acne, hirsutismo Termos semiológicos: ▸ Telarca: início do desenvolvimento das mamas ▸ Mastalgia: dor na mama, que pode ser: - Cíclica: apresenta relação com os ciclos. - Não Cíclica: não segue padrão cíclico. - Extra mamária: a dor é percebida na mama, porém com origem em outro local. ▸Mastodinia: dor mamária pré- menstrual ▸Descarga papilar: saída de secreção pela papila (serosa, sanguínea, láctea*) *Galactorreia ▸Ginecomastia: desenvolvimento de mama nos homens. Etapas do exame físico das mamas: 1) Inspeção estática (paciente em pé ou sentada na maca com os braços ao lado do corpo). ▸Avaliar quantidade: 1 ou 2 mamas. ▸Avaliar simetria: simétricas ou assimétricas. ▸Avaliar volume da mama: pequena, média ou grande. ▸Avaliar se pendulares ou firmes. ▸ Avaliar textura e cor: integridade da pele (integra ou com lesões, aspecto de casca de laranja, descamação, massas visíveis, retrações ou abaulamentos, presença de cicatrizes ou tatuagens). Mamas Nathália Machado – MED FTC ▸Avaliar aréola e mamilo: intrusos, protusos, planos ou invertidos. 2) Inspeção dinâmica (solicitar que a paciente eleve os braços, depois aperte a cincuta e incline o corpo para frente) ▸Avaliar a presença ou ausência de retrações ou abaulamentos durante as manobras. Para adolescentes, classificar segundo a Escada de Tanner: 3) Palpação de linfonodos: ▸Palpar linfonodos axilares, supraclaviculares, infraclaviculares e cervicais. ▸Se linfonodos palpáveis, descrever: Localização da cadeia, tamanho, mobilidade, dor, limites, consistência. *Lembrando que a axila é um prolongamento da região mamária e merece atenção. 4) Palpação do tecido mamário: paciente em debúbito dorsal, sem travesseiro e com as mãos atrás da nuca. Técnica: Bloodgood (polpas digitais); Velpeaux (face palmar dos dedos) ➜ Movimentos circulares ou radial. ▸Avaliar se o parênquima mamário é homogêneo ou heterogêneo. ▸Palpar todos os quadrantes, pesquisando presença de nódulos palpáveis e descrever: Localização: QSE, QSD, QIE, QID, QRA – pode usar também a técnica do relógio: “nódulo palpável às 3h”. Limites: bem delimitados, limites imprecisos e irregulares Consistencia: firme, elástico ou endurecido Mobilidade Nathália Machado – MED FTC Fixação nas estruturas circunjacentes: inexistência de fixação à pele ou às estruturas profundas, fixação à pele ou estruturas profundas Diâmetro Dor: doloroso ou não doloroso 5) Expressão papilar (fazer uma compressão suave, desde a base até o complexo aréolo-papilar, usando uma ou duas mãos) ▸Se presente, descrever o aspecto (leitosa, sanguinolenta, purulenta), se uni ou bilateral e se único ou múltiplos ductos. ▸ Inspeção ▸ Palpação superficial e profunda No exame físico ginecológico faremos a inspeção e palpação de todo o abdome, porém, daremos maior importância para os quadrantes inferiores. Ex: Pacientes com miomas muito volumosos costumam ter um abaulamento na região inferior que pode ser verificado só com a inspeção. Etapas: ▸Inspeção estática e dinâmica ▸Exame especular ▸Toque ginecológico ▸Exame complementar (USG) *Paciente em posição ginecológica – Litotomia *Utilizar luvas de procedimentos Abdome Exame da Pelve Genitália Externa Nathália Machado – MED FTC Analisar: Inspeção estática: ▸Pilificação (pelos adequados ou não à idade; tricotomizada ou não). Se adolescente, classificar segundo os estágios de Tanner: ▸Grandes e pequenos lábios:avaliar trofismo (eutróficos ou atróficos), avaliar presença de edemas ou lesões, avaliar se simétricos ou assimétricos. Paciente com candidíase costuma apresentar fissuras devido ao prurido intenso. Lesões verrucosas são típicas de HPV, lesões ulcerosas são típicas de IST, bolhas costumam ser típicas de herpes. A avaliação das lesões é de suma importância e ajudará a estabelecer uma suspeita diagnóstica. ▸Clitóris: avaliar trofismo (eutrófico ou atrófico), tamanho (pequeno, médio ou grande), avaliar presença de inflamação. ▸Glândulas de Bartholin: avaliar se palpáveis ou não. ▸Hímen: avaliar integridade (roto ou íntegro), avaliar forma (anormal sem orifício – imperfurado -, anular, semilunar, cribiforme, septado, com ruptura ou complacente. ▸Uretra: avaliar sinais de irritação ou inflamação. ▸Períneo: avaliar se íntegro ou com ruptura, ausência ou presença de cicatrizes, inflamação, fístulas ou lesões. Em partos naturais, não muito bem assistidos, costumam ocorrer laceração do períneo. Quanto mais próximo ao ânus for a laceração, mais grave. É preciso classificar quanto ao grau da lesão. Inspeção dinâmica: ▸Procidência PVA/PVP: avaliar se há prolapso/procidência das Nathália Machado – MED FTC paredes vaginais anterior ou posterior. - PVA (procidência vaginal anterior) = presença ou ausência de cistocele. - PVP (procidência vaginal posterior) = presença ou ausência de retocele. ▸Perda de urina: avaliar se presente ou ausente. Pode ser realizada a manobra de Valsalva para observar se existe perda de urina ao esforço. Exame especular Utilizar sempre o menor especulo. Exame útil para inspecionar o colo do útero e paredes naginais, além de realizar a coleta de material para exame papanicolau. O colo uterino é composto por endocérvix e ectocérvix. A endocérvix é composta por um epitélio grandular e normalmente não é visualizada pois se localiza no interior do orifício. Mas, ao longo da vida da mulher, esse epitélio pode se exteriorizar (ectopia) formando uma zona de ectopia. É uma mucosa sensível que pode sangrar durante o ato sexual. Esse epitélio sofre um processo de metaplasia (formando uma zona de transformação) para renovação celular e fica mais vulnerável a infecções. A ectocérvice é formada por epitélio escamoso. Nathália Machado – MED FTC A zona corada é a zona de transformação, também chamada de mácula rubra. Já na imagem ao lado, temos um colo com o epitélio original. A tendência é que seja reepitelizado com o tempo, mas costuma deixar sinais de que houve transformação do epitélio. - Posicionar corretamente o espéculo - Realizar a limpeza do colo uterino com solução fisiológica se a paciente não for fazer o preventivo. ▸Vagina: - Avaliar coloração (rósea, azulada) - Avaliar pregueamento (aumentado ou diminuido) - Avaliar presença de lesões ▸Colo: - Avaliar coloração (róseo; arroxeado) - Avaliar presença ou ausência de mácula - Avaliar posição (centralizado, anterior, posterior, lateralizado para direita ou esquerda) - Avaliar o OCE (orifício cervical externo) - em relação à forma (em fenda ou circular) e posição (centralizado, anterior ou posterior) - Avaliar quanto ao tamanho (pequeno, médio ou grande) Conteúdo vaginal: Avaliar presença ou ausência de secreção, se presente, descrever se fisiológica ou alterada. Se conteúdo alterado, caracterizá- la quanto a: - Cor: esverdeada, amarelada, sanguinolenta - Aspecto: bolhosa, espessa, grumosa, fluida - Quantidade: pequena, moderada ou grande - Odor: presente ou ausente Teste do Ácido Acético: Consiste na embrocação do colo do útero, da vagina e da vulva com solução de ácido acético a 5%. As áreas com intensa atividade nuclear são coradas de branco, tornando-se áreas para ser biopsiadas. Nathália Machado – MED FTC Teste de Schiller Consiste na aplicação de iodo sobre o colo uterino durante o exame especular. *Verificar se a paciente tem alergia a iodo A cervix deve corar-se por completo, indicando teste de Schiller negativo (ou iodo positivo). Ex: Teste de Schiller negativo Em casos de alterações patológicas da mucosa, a cervix não cora, indicando Teste de Schiller positivo (ou iodo negativo). Nesses casos, sugere-se a realização de colposcopia. Ex: Teste de Schiller positivo A intensidade da coloração é proporcional a quantidade de glicogênio contido nas células que “atrai” o iodo. Caso suspeite de vaginose bacteriana(anaeróbios/gardnerell a): realizar o Teste das Aminas, ou Whiff Test ou Teste de Odor das Secreções, que consiste em administrar 1 gota do hidróxido de potássio (KOH) em 1 gota da secreção vaginal. Whiff Teste Positivo – Exala um odor de peixe Whiff Test Negativo – Não exala o odor Preventivo: Papanicolau/citologia oncótica Consiste na coleta de material do colo uterino com a espátula de Ayre, o material é colocado em uma lâmina e analisado inicialmente ao microscópio por um citologista. Espátula de Ayre O material é coletado em três locais: orifício uterino externo, fundo de saco e da endocérvix (esse utliza uma escova especial). A porção denteada coleta material próximo ao orifício e a outra porção coleta material do fundo de saco. Escovinha endocervical Nathália Machado – MED FTC É o principal método de rastreamento do câncer cervical, embora o tecido necrótico, sangramento e células inflamatórias possam prejudicar a visualização de células neoplásicas. A taxa de falso negativo da citologia pode ultrapassar 50%. Assim, uma paciente sintomática com papanicolau negativo não deve ser considerada com resultado definitivo. Quando fazer? Idade: 25-64 anos, anual] Após 2 exames consecutivos normais, fazer a cada 3 anos. Toque Vaginal Avaliar paredes vaginais, colo, volume uterino, mobilidade uterina e anexos. É possível identificar nodulações, tumorações uterinas e cistos em ovários. Verificar se existe dor ao toque. É um exame obrigatório. Posição: Pode ser: - Anterovertido - Retrovertido A maioria das mulheres possuem útero anterovertido, mas existe uma variação anatômica fisiológica. Patologias podem alterar a posição uterina.
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