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Victoria Chagas 1 ENDOCARDITE INFECCIOSA Victoria Chagas 2 ENDOCARDITE INFECCIOSA DEFINIÇÃO - A endocardite infecciosa (EI) é uma doença grave, caracterizada pela invasão de microrganismos patogênicos (bactérias ou fungos) nas superfícies endocárdicas ou no material protético intracardíaco. Isso resulta em inflamação e lesão local, sendo as valvas cardíacas as mais comumente envolvidas. - Cursa com formação de vegetações, únicas ou múltiplas, que são estruturas compostas por plaquetas, fibrina e microrganismos infecciosos. - A endocardite infecciosa acomete mais comumente a valva mitral (40%) ou aórtica (34%), seguida pelo acometimento de ambas as valvas. EPIDEMIO ➢ FATORES DE RISCO: • Usuários de drogas IV • Dentição deficiente ou infecção dentária (má higiene bucal) • Valvopatias • Presença de válvula protética/TAVI/implante • Endocardite prévia • Dispositivo intravascular (cateter) • Diálise • Imunossupressão CLASSIFICA ÇÃO ➢ Tipo de valva acometida - Nativa - Protética (tardia em >12 meses da cirurgia ou precoce) ➢ Evolução da doença: - Aguda: <6 semanas (lesões difíceis de curar e de rápida piora) - Subaguda: >6 semanas (curso de meses e cura normalmente com ATB) ➢ Local de aquisição: - Comunitária - Comunitária relacionada a procedimentos hospitalares (hemodiálise, cateter e implantes) - Nasocomial FISIOPATO E ETIOLOGIA Victoria Chagas 3 FISIOPATO E ETIOLOGIA • FISIOPATOLOGIA - A superfície valvar previamente lesada por algum fator estimula a formação de vegetação inicialmente estéril. - Durante bacteremia, alguns microrganismos podem se aderir e colonizar dentro das vegetações iniciando a EI. - Alguns patógenos mais virulentos como S. aureus e Candida são capazes de aderir ao endotélio valvar até mesmo quando se encontra intacto, que leva a vegetações infectadas desde o início. - A vegetação vai aumentando de tamanho e acaba por se fragmentar, levando a embolização sistêmica e a bacteremias recorrentes. - Os êmbolos provenientes do coração esquerdo se manifestam como infartos isquêmicos em órgãos à distância (baço, cérebro, rim) e alterações cutâneas (manchas de Janeway) - Os êmbolos sépticos provenientes do coração direito (EI de tricúspide em usuários de drogas IV) se manifestam como infiltrados pulmonares bilaterais e difusos que se transformam em abscessos. - O acometimento do sistema nervoso central por êmbolos ocorre em cerca de um terço dos casos. As consequências são a formação de aneurismas micóticos, cerebrite, infartos cerebrais e abscesso cerebral. - A bacteremia persistente, com ou sem embolização séptica, leva à formação de focos infecciosos à distância. - Os fenômenos imunológicos incluem glomerulonefrite, meningite asséptica, poliartrite ou poliartralgia, uma variedade de manifestações mucocutâneas (petéquias em mucosas, hemorragias em lasca, nódulos de Osler) e manchas de Roth (hemorragias retinianas). Victoria Chagas 4 CLÍNICA - Clínica sugestiva é vasta, envolvendo diversos sinais e sintomas. ➢ AGUDA: <6 sem (típica da S. aureus) • Febre alta • Sinais de sepse • Disfunção cardíaca precoce • Infecções metastáticas a distância. • Caso não tratada logo, evolui pra óbito em semanas (urgência medica) ➢ SUBAGUDA: >6 sem (típica da S. viridans e enterococos) • Manifestações mais arrastadas • Febre baixa (pode ser intermitente) • Sudorese noturna • Perda ponderal • Fenômenos imunológicos • Disfunção cardíaca é gradual ou pode não acontecer • Raramente cursa com infecção metastática à distância • Caso não tratada, evolui pra óbito em meses, exceto em casos complicados por fenômenos cardioembólicos como AVC e IAM. - Manchas de jackeway → embolização séptica → lesões maculares hemorrágicas e indolores, presentes na palma de mãos e pés. - Petéquias (20-40%) → vasculite e embolização → mais comum na subaguda, podem estar presentes subconjuntivais, palato, mucosa oral e extremidades. - Nódulos de Osler → decorrente de deposição de imunocomplexos, vasculites e embolização séptica (forma aguda) → lesões de 2 a 15 mm, dolorosas e encontradas nas polpas dos dígitos das mãos e pés. Desaparece em horas a dias. - Manchas de Roth → fenômenos imunológicos → ocorre na retina, lesões ovais com entro pálido e cercada por hemorragia. Alteração incomum. - Baqueteamento digital → mais na subaguda - Esplenomegalia → tem sido relatado em até 60% dos casos, mais na subaguda. - Artralgia → sintomas precoces → pode ser quadro álgico com rigidez até mialgias difusas (20% dos pacientes) ➢ PROGNÓSTICO - A aguda está relacionada a prognóstico pior que subaguda - Sinais de insuficiência cardíaca (dispneia, ortopneia...) tem pior prognóstico - Sintomas neurológicos (cefaleia persistente, rigidez de nunca, queda de nível de consciência e déficit local) tem pior prognóstico - Os germes associados à pior evolução clínica são o S. aureus, a P. aeruginosa e os fungos. - Letalidade hoje oscila entre 10-15% dos casos Victoria Chagas 5 DIAGNÓSTI CO - Os critérios diagnósticos se baseiam nas hemoculturas e no ecocardiograma, além dos fatores de riscos e clínica. ➢ ECG - Sensibilidade limitada ➢ ETT – ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO - 50% de sensibilidade - Diagnóstico e monitoramento - Achados: vegetação, abcesso, fistula, pseudoaneurisma e nova regurgitação valvar. - Considerar em paciente com risco para bacteremia por S. aureus ➢ ETE – ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO - Sensibilidade de 90% - Se ETT normalmente com suspeita clínica - Avaliação de complicações - ETE normal com forte suspeita → repede em 1 semana ➢ HEMOCULTURA - Obtenção de 3 pares, cada par contendo duas amostras de 10 ml de sangue - Cada par deve ser escolhido em sítios diferentes (veias periféricas) com intervalo de 30 minutos entre as coletas - Hemocultura positiva → repetir em 48-72 para verificar eficácia do tratamento - O mais usado é o critério de Duke Victoria Chagas 6 TRATAMEN TO ➢ ANTIBIOTICOTERAPIA - No interior das vegetações microrganismos ficam protegidos dos neutrófilos e da imunidade humoral, por isso deve se usar um ATB BACTERICIDA - A via preferencial é a IV, com doses altas bastante superior a concentração inibitória mínima - Duração da terapia deve ser prolongada, pois microrganismos ficam ‘’protegidos’’ nas vegetações, sendo insensíveis ao tratamento. Por isso o ATB deve estar presente quando eles ‘’acordarem’’ do estado inativo, erradicando a infecção. - Duração na valva nativa: 4 semanas - Duração da valva protética: 6-8 semanas ➢ CIRURGIA - Indicado em EI graves, prolongadas ou com lesões irreversíveis impactantes • Bacteremia persistente (hemocultura + após 7 dias de ATB) • Insuficiência cardíaca por regurgitamento valvar aguda grave • Infecção não controlada localmente com complicações • Vegetações >29 mm em tricúspide • Agentes muito destrutivos e pouco responsivos aos tto (S. aureus e fungos) ➢ PROFILAXIA- Indicada somente em pacientes de risco (próteses valvares, antecedentes, cardiopatia) quando forem submetidos a procedimentos dentários de risco (manipulação da gengiva, região periapical ou perfuração de mucosa). - Uma boa higiene bucal é importante para reduzir o risco de EI - Medidas assépticas são obrigatórias em procedimentos invasivos para ↓ EI Nasocomial
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