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GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS PRESENTES NO ENVELHECIMENTO – PARTE 2 Memória -As memórias reflexa medular, sensorial e implícita pouco se alteram com o envelhecimento. -A memória episódica começa a diminuir por volta dos 30 anos e declina, progressivamente. -A memória semântica responsável pela recordação de nomes, palavras e memória espacial pode ser mantida por toda a vida. *Apesar de muitos estudos realizados ainda não se sabe, com clareza, quais as combinações dos neurotransmissores são responsáveis pela atividade da memória. Sistema Respiratório -Há modificações tanto na arquitetura quanto na função pulmonar, contribuindo para o aumento da frequência de pneumonia, aumento da probabilidade de hipoxia e diminuição do consumo máximo de oxigênio pela pessoa idosa. -Os pulmões se tornam mais volumosos, os ductos e bronquíolos se alargam e os alvéolos se tornam flácidos, com perda do tecido septal, o que pode resultar em aumento de ar nos ductos alveolares e diminuição do ar alveolar com piora da ventilação e perfusão. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 Respiração -Há falha no controle central (medula e ponte) e nos quimiorreceptores carotídeos e aórticos com diminuição da sensibilidade a PCO2, PO2 e ao pH, limitando a adaptação da pessoa idosa ao exercício físico. -A maioria dos músculos sofre um certo grau de sarcopenia, o que leva a capacidade de a função pulmonar piorar em algumas pessoas pela diminuição da força e da resistência da musculatura respiratória, tornando a tosse menos vigorosa. -A função mucociliar é lenta, prejudicando a limpeza de partículas inaladas e facilitando a instalação de infecções. -O tórax se torna enrijecido devido à calcificação das cartilagens costais e os pulmões distendidos pela diminuição da capacidade de as fibras elásticas retornarem após a distensão na inspiração. Com isso o volume pulmonar e a GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 capacidade ventilatória diminuem. A consequência disso é a inadequada oxigenação do sangue, enquanto a PCO2 não se altera. Surfactante -Sua produção está diminuída nos idosos, assim os alvéolos poderão colabar na expiração, fazendo atelectasias. Sistema hematopoético -Parece que o processo de envelhecimento é mais lento nas células hematopoéticas, quando comparadas com as outras células. Multiplicação celular -O potencial proliferativo da maioria das células-tronco hematopoéticas é limitado e diminui com o envelhecimento. -A perda de telômero em tecidos normais começa no adulto jovem e progride gradualmente com o envelhecimento. Essa perda sequencial do DNA telomérico da parte final do cromossomo a cada divisão celular poderia alcançar um ponto crítico que serviria de gatilho para o envelhecimento e para influenciar o equilíbrio entre renovação e multiplicação das células- tronco. Eritropoese -Há exaustão das células-tronco hematológicas pluripotenciais. -Ocorre o aumento da produção de radicais livres, que alteram as funções celulares e a integridade de suas membranas. -Hemácias podem se tornar deformadas, podendo, assim, surgir anemia e agregação das hemácias. -A secreção de eritrropoetina (EPO) em resposta à anemia por deficiência de ferro está diminuída. Isso ocorre porque as citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, aumentam com o avanço da idade, reduzindo a resposta das células- tronco. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 -O fibrinogênio, os fatores V, VII, VIII e IX, o cininogênio de alto peso molecular e a pré-calicreína aumentam, assim como os fragmentos da degradação da fibrina (dímero D), fazendo com que se considere o envelhecimento um estado pró coagulante, importante fator de risco para trombose venosa profunda. Sistema Urinário -Há perda do tecido renal (o rim pesa em média 250 g; aos 70 anos, 230 g; e aos 80 anos, 190 g). -Observam-se tecido gorduroso e fibrose, o que gera o comprometimento da concentração urinária e piora a filtração renal. -Ocorre diminuição do fluxo plasmático de 600 ml/min para 300 ml/min. -Há um aumento das prostaglandinas (consequente aumento de lesão renal em caso de uso de anti-inflamatórios não esteroides). Função Renal -A creatinina é uma proteína muscular e sua produção está diminuída. -A secreção tubular está aumentada. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 Funções glomerular e tubular -Pessoas idosas sofrem perda da habilidade de concentrar ou diluir a urina de tal maneira que se tornam incapazes de equilibrar o organismo frente a uma desidratação ou a uma sobrecarga hídrica. -Ocorre poliúria noturna por múltiplos fatores como a diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio, assim como alteração da função do sistema renina-angiotensina-aldosterona. -Há também a redução da acidificação da urina e piora da excreção de cargas ácidas. Sistema Endócrino- Tireoide -Os valores de tiroxina (T4) e tri-iodo-tironina (T3) estão em níveis normais baixos e os do TSH normais altos. -Há diminuição da taxa do metabolismo basal. -Ocorre aumento progressivo do tecido adiposo corporal. -A resposta ao calor também está comprometida devido à menor sudorese. -O aumento do colesterol sérico, assim como das lipoproteínas de baixa densidade, observado no envelhecimento, pode ser devido ao declínio da função tireoidiana GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 Paratireoide -O aumento do PTH ocorre e pode ser devido a piora do clearance renal ou acúmulo de fragmentos biologicamente inativos. -Na idade avançada a calcemia (manutenção dos níveis plasmáticos do cálcio) é mantida pela reabsorção do cálcio ósseo mais do que pela absorção intestinal do cálcio ofertado pela dieta ou pela reabsorção do mineral pelo rim. Hipófise -Aumenta de tamanho. - Tem influência sobre os níveis de melatonina tanto diurnos quanto noturnos, que diminuem na maioria das pessoas, interferindo no sono, visto que este hormônio tem efeito hipnótico. -Pode surgir uma intolerância à glicose, pois parece haver uma exaustão progressiva do turnover das células ß. Sistema digestório- boca -As cáries radiculares e coronais foram preditores significativamente mais importantes de perda dentária do que a condição periodontal, com lesão do esmalte provocando cáries e fazendo aparecer o amarelado da dentina. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 -A baixa mineralização óssea observada em várias partes do esqueleto, na boca, se manifesta pela perda do osso alveolar que, associado à gengivite. -Há diminuição da força de mastigação pela redução da massa muscular do masseter e pterigoide. -A maior alteração na maxila e na mandíbula com a idade é consequente às extrações dentárias com atrofia do osso alveolar trazendo como resultado a diminuição da altura da face e mudando o perfil facial. -A mucosa oral se torna fina, lisa e seca. Perde a elasticidade e parece edemaciada. -Há perda das papilas, podendo trazer alterações no paladar e sensação de queimação, também causadas pela deficiência de ferro e das vitaminas B. -É comum o aparecimento de varicosidades, principalmente na língua, não estando associada a outras doenças. Orofaringe -Ocorre o adelgaçamento da camada epitelial da mucosa, retração gengival. -Devido à alteração da musculatura esofágica há um aumento da resistência da passagem dos alimentos pelo esfíncter esofágico superior. Esôfago -Ocorre hipertrofia da musculatura esquelética do terço superior do esôfago, diminuição das células ganglionares mioentéricas, que coordenam a peristalse, e aumento da espessura da musculatura lisa. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 -Em 35% das pessoas entre 50 e 75 anos de idade pode ocorrer a incompetência esfincteriana distal do esôfago, permitindo o refluxo do conteúdo ácido do estômago e levando a esofagite. Estômago -Há diminuiçãodas células parietais e aumento dos leucócitos intersticiais. Com isso diminui a secreção do ácido clorídrico e de pepsina, dificultando a digestão de alimentos, principalmente, os ricos em proteína. -Pode ocorrer a ruptura da barreira da mucosa gástrica, permitindo que o ácido clorídrico e a pepsina do lúmen do estômago entrem nas células da mucosa, destruindo-as. *Mais de 50% dos indivíduos idosos estão infectados pelo H. pylori, com a prevalência aumentando com a idade ! -A prostaglandina, um lipídio que estimula a secreção de bicarbonato protegendo as células da mucosa, está diminuída. -Observa-se dificuldade do esvaziamento gástrico pela diminuição de sua motilidade normal, a gastroparesia. Intestino Grosso *As alterações encontradas no intestino grosso são praticamente exclusivas do envelhecimento ! -Ocorre atrofia da mucosa, anomalias estruturais das glândulas da mucosa, hipertrofia da camada muscular da mucosa e atrofia da camada muscular externa. -A perda dos neurônios intrínsecos sensoriais pode contribuir para a diminuição da resposta visceral a perfuração ou isquemia intestinal. -Das alterações funcionais, a constipação intestinal é uma das queixas mais comuns. -A presença de divertículos é muito prevalente. Podem variar de 3 mm a 3 cm, sendo encontrados em 30 a 40% das pessoas acima de 50 anos. Eles surgem devido a um aumento da pressão intraluminal, herniando a mucosa entre as camadas das fibras musculares lisas. GABRIELA CARVALHO BISPO- 2020 Pâncreas -Diminui de tamanho, endurece pelo aumento da fibrose e torna-se mais amarelado pelo depósito de lipofucsina. -A amilase se mantém em volume constante, porém a lipase e a tripsina têm a sua produção bastante diminuída. Fígado -Entre os 24 e 90 anos o fígado diminui de volume em aproximadamente 37% e também diminui seu fluxo sanguíneo em 35%. -A síntese proteica é mantida. -A síntese do colesterol diminui e há redução da bile total. -O sistema reticuloendotelial liso dos hepatócitos diminui e está correlacionado com a redução da capacidade de metabolizar substâncias contribuindo para aumentar a suscetibilidade do idoso à intoxicação por medicamentos. -O conteúdo do citocromo P-450 diminui com a idade, podendo ser a justificativa para o alentecimento da metabolização de algumas substâncias. Referência Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2017.
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