Mecanismo De Defesa Do Ego: Recalque

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Recalque: Repressão do que é dolorido. 
 Na visão freudiana o recalque é um mecanismo mental de defesa, onde a mente protege a pessoa de situações contrárias a suas censuras internas. São levadas ao inconsciente e reprimidas somente memórias traumáticas de origem sexual ,ou, agressiva, estes conteúdos não são acessíveis ao pré consciente e ao consciente, para serem acessíveis outra vez, devem passar por transformações, para que não possam ser nocivas à mente. O termo recalque entrou em uso após Freud abandonar a Hipnose e passar a usar a associação livre em seus tratamentos. Este tratamento consistia em deitar o paciente em um divã e pedir para que ele relatasse o que lhe vinha à mente sem amarras, sendo também usado sonhos em suas análises.
 
 Para haver a existência de um recalque, Freud defende a tese de que deve-se existir a pré-existência de um recalque originário. As situações somente adquirem um peso traumático, quando ligam-se a acontecimentos anteriores e ganham uma nova roupagem, ou seja, do alemão nachträglich, que traduzido para o portugues significa, feito depois. 
 
 No filme de 1962 Freud Além da Alma, o diretor John Huston discorre ao longo da película cinematográfica casos analisados pelo médico neurologista e psiquiatra Sigmund Freud. Um curioso caso é apresentado ao longo da obra, é iniciado o tratamento da paciente Cecily, não foi utilizado o método hipnótico, Freud explora muitas de suas lembranças através da livre associação, enquanto a paciente continuava consciente. 
 
 Cecily fala de seus sonhos e fatos da sua vida. Em meio a suas fantasias, criam-se situações que pareciam reais, ela disse ter sido molestada pelo pai na infância, Freud procurava buscar em que ponto da infância daquela jovem o trauma ocorreu. Era um recalque na infância, repressão sexual, apresentado antes de iniciar a fase do seu período da descoberta da sexualidade. Ao longo de suas análises, descobre-se que Cecily não havia sido de fato abusada por seu pai, ela na verdade queria possuir o seu pai. 
 Ao conversar com a mãe da garota. Ela diz ter sentido a vontade de matar a filha enquanto ainda a gerava. A mãe era dançarina de cabaré e seu marido, desde que ela engravidou, nunca mais a procurou sexualmente e a traia inúmeras vezes, o que gerou uma revolta em si e culpava a garota em seu ventre por conta disso. Quando a filha nasceu, seus laços se estreitaram e passou a amar seu bebê, não a deixava muito perto do pai, porque tinha medo dele abusar dela. Em outra sessão, Freud aponta o que conseguiu identificar com suas análises da mente de Cecily. O porquê de amar o pai e odiar a mãe, baseando-se no complexo de Édipo e o porquê de suas repressões. 
 
 Seu Complexo de Édipo não havia sido resolvido, e foi transferido para a fase adulta, por não ser trabalhado se tornou um recalque. Freud defendia que a função sexual existe desde o nascimento e foi um imenso estigma para as pessoas de sua época, onde encontrou até mesmo dificuldade para publicar materiais sobre, na obra cinematográfica ilustra bem o repúdio contra suas teses em seu tempo, durante uma palestra no "Conselho de Neurologia e Psiquiatria de Viena" enquanto explicava sobre as fases do desenvolvimentos sexual infantil, vários médicos saíram da sala no meio, a sexualidade era um tabu até mesmo na vida adulta, nem mesmo adultos sabiam profundamente sobre o assunto. Descobre-se então o processo de desenvolvimento psicosexual, para Freud o indivíduo, durante seus desenvolvimentos iniciais tem funções sexuais ligadas à sobrevivência, o prazer está presente e é encontrado no próprio corpo. O que o levou a identificar fases do desenvolvimento sexual. 
 A mãe é o primeiro objeto de desejo da criança e chama-se fase oral, ela é aquela que alimenta, chupar e morder os seios causa prazer à criança. Logo ápos vem a fase anal, onde o prazer por meio do ânus, o ato de defecar e urinar calsa prazer. Seguida pela fase fálica, onde se descobre ser dono de um penes, ou, de uma vagina, na fase fálica não existe masturbação com sentido libidinal, aqui crianças se masturbam pois é gostoso, não há a intenção de ejacular. O período de latência se inicia logo em seguida e se prolonga até a puberdade, e não há atividade sexual. Após o período de latência, vem a puberdade, onde a fase é genital, o objeto de desejo não está mais no próprio corpo, a fonte de prazer se torna o outro. 
 Na fase fálica é onde se ocorre o complexo de Édipo e Electra, dura dos três anos de idade até no máximo essa criança chegar até os seis anos, é extremamente importante para a construção do indivíduo. 
 Na menina se dá o nome de complexo de complexo Electra e diferente do complexo de édipo, foi criado por Carl Jung, neste período a menina tem o pai como objeto de desejo, a mãe se torna a rival. Aqui ela tenta assemelhar-se à mãe com o intuito de conquistar o pai romanticamente, ela internaliza as regras sociais de postura e convivência que a mãe segue ainda com o intuito de ter o pai para si. Mais tarde essa menina percebe que nunca terá o pai da maneira desejada e por medo de perder a mãe, ela desiste de ter o pai desta forma e passa a agir com base em suas regras internalizadas, suas brincadeiras passam a se basear na mãe, exemplos são, brincar de boneca, usar a maquiagem, roupas e sapatos da mãe. O mesmo ocorre com os meninos, sendo a mãe seu objeto de desejo e o pai se torna seu rival. 
 Quando este complexo não é trabalhado na idade certa quando criança, o Complexo de Electra pode reverberar perigosamente na vida adulta da garota. A mesma, inconscientemente, procura uma figura paterna em seus relacionamentos futuros. Como esse vínculo não foi nutrido de forma adequada, a mulher adulta mostra dificuldades em lidar com responsabilidades de forma madura, falta de organização, também pode causar dificuldades em relacionamentos futuros, não ter o que foi idealizado por si pode causar inúmeros conflitos.
Referência Bibliográficas: 
Filme de 1962 Freud Além da Alma, dirigido por John Huston.
RECALQUE E REPRESSÃO: UMA DISCUSSÃO TEÓRICA ILUSTRADA POR UM FILME Maria Lucia de Souza Campos Paiva 2011