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AULA 08 -[6375]

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Alyson Barros	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Aula 08 
06 de novembro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras 
providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram o curso. Não adianta sair para protestar contra a corrupção 
dos outros quando não damos o exemplo. Faça o bom uso desse material de acordo com as instruções aqui oferecidas. 
Novembro 2015 
08	Fall	
	
2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 
Processo de adoecimento. 
 
 A definição do processo saúde-doença é basilar para a compreensão de 
como as práticas de saúde se organizam hoje em dia. Isso ultrapassa as 
fronteiras da psicologia e alcança as ciências ligadas à saúde, o mercado de 
trabalho e, com maior ênfase, a ação pública de saúde preconizada no Sistema 
Único de Saúde. 
 Vamos começar estudando as diferentes definições de saúde presentes 
na literatura. 
 
Critérios de normalidade 
 
Estudamos isso muito na área de psicopatologia, e, fazendo as devidas 
adaptações, podemos estender á saúde. 
1- Saúde como ausência de doença. 
Nesse sentido temos a definição de saúde por uma via negativa, ou 
seja, conceitua-se a saúde por aquilo que ela não é, sem afirmar o que 
ela é. 
2- Saúde como normalidade ideal. 
Esta concepção parte do pressuposto de uma norma ideal tomada 
arbitrariamente, constituída e referendada socialmente e, portanto na 
dependência de critérios socioculturais e doutrinários de uma dada 
sociedade. Ex.: adaptação do individuo as normas morais e políticas de 
determinadas sociedades. 
3- Saúde estatística. 
Nessa concepção o critério de normalidade está fixado a normas e 
frequências de um dado acontecimento, sendo considerados anormais 
ou doentes, aqueles indivíduos que se situam estatisticamente fora de 
uma dada curva tida como normal. É um critério também falho em 
psicopatologia, pois nem tudo que é frequente em uma determinada 
sociedade é necessariamente saudável. 
4- Saúde como bem-estar 
Corresponde à definição dada pela Organização Mundial de Saúde –
OMS, na qual a saúde corresponde ao completo bem estar físico, 
mental e social. É um conceito amplo e de restrita aplicação, uma vez 
que a concepção de bem estar varia de indivíduo para indivíduo e, 
	
	
3 
portanto, não traz em si uma objetividade e a adjetivação de completo é 
por si só utópica. 
5- Saúde funcional. 
Baseia-se em aspectos funcionais, não necessariamente qualitativos 
e é patológico no momento em que a disfunção promove sofrimento 
para o individuo ou para o seu grupo social. 
6- Saúde como processo. 
Consideram-se nesse caso os aspectos dinâmicos do 
desenvolvimento psicossocial, as desestruturações e reestruturações ao 
longo do tempo, crises, mudanças próprias a certos períodos etários. É 
um critério particularmente útil em psiquiatria infantil, de adolescentes 
e geriátrica. 
7- Saúde subjetiva. 
A ênfase é dada à percepção subjetiva do próprio indivíduo em 
relação ao seu estado de saúde e as suas vivencias subjetivas. 
8- Saúde como liberdade. 
Nesse conceito a saúde mental, em especial, corresponde à 
possibilidade do indivíduo transitar com graus distintos de liberdade 
sobre o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental 
corresponderia a um constrangimento ou fechamento das 
possibilidades existenciais. Trata-se de uma colocação de autores de 
orientação fenomenológica e existencial. 
9- Saúde operacional. 
Trata-se de um conceito pragmático, com definições de normalidade 
e patologia dadas previamente, com vistas a um fim específico, no qual 
se acatam as consequências de uma definição apriorística. 
 
Saúde e Doença 
O modelo biomédico da saúde, enfatizado no século XIX e XX, 
apresenta uma concepção de saúde entendida como a ausência de doença. 
Essa perspectiva, associada às distorções de mercado, proporcionou um 
modelo de atenção bastante limitado. Para esse modelo toda doença ou 
desordem física pode ser explicada por modificações no processo fisiológico 
resultante de lesões, desequilíbrios bioquímicos, infecções bacterianas ou 
virais e similares. Apesar de ser um modelo que fortalece a atuação do médico 
nos cuidados à saúde, desconsidera os aspectos psicológicos e sociais 
envolvidos no processo de adoecimento. Ela desconsidera o valor da 
experiência subjetiva do paciente na sua implicação na promoção e prevenção, 
assim como na adesão ao tratamento. 
	
4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 Esse modelo ainda existe, mas com menor força, dentro da psicologia. 
Porém, perdeu muito espaço para um modelo decorrente dos movimentos 
sanitários que culminaram na Constituição Federal de 1988. Na psicologia, 
essa abordagem humanística examina os comportamentos e experiências e 
tem como objetivo desvelar significados e interpretações subjacentes. A 
cognição é o processo intermediário entre o organismo e a realidade, e, por 
isso, justifica a atuação do psicólogo junto a outros profissionais da saúde. A 
experiência humana de adoecer e de promover a saúde torna-se, assim, 
complexa e contextualizada socialmente, historicamente e psicologicamente. 
 Como podemos perceber, o processo saúde-doença é entendido 
atualmente como um tipo de entendimento acerca da saúde e do adoecimento 
de pessoas ou grupos a partir de uma perspectiva consiliente. Ou seja, uma 
perspectiva complexa que envolve tanto fatores físicos e médicos quanto 
sociais e psicológicos. Essa visão difere da visão antiga e monocausal do 
modelo biomédico. Perceba que o conceito de multicausalidade não exclui a 
presença de agentes etiológicos numa pessoa como fator de aparecimento de 
doenças. Ele vai além e leva em consideração o psicológico do paciente, seus 
conflitos familiares, seus recursos financeiros, nível de instrução, entre outros. 
Esses fatores, inclusive, não são estáveis; podem variar com o passar dos anos, 
de uma região para outra, de uma etnia para outra. 
 Sobre isso, reza o Art. 3° da Lei 8.080: 
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre 
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o 
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e 
serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização 
social e econômica do País. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por 
força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à 
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. 
 Viu como estamos na moda? 
 
Ainda sobre a atuação consil iente da psicologia da saúde 
 
 Esse trecho resume parte do que foi tratado até aqui. 
A perspectiva da integralidade da saúde coloca, para a formação e a 
atuação prática do(a)s profissionais, o desafio de não dicotomizar a atenção 
individual da coletiva, a qualidade de vida (biologia) com o andar da vida 
(produção subjetiva), a atenção à saúde igualitária e com a eqüidade dos 
trabalhos educativos junto à população. Para isso, é necessário efetivar o 
trabalho em equipe multi e interdisciplinar desde o processo de formação 
	
	
5 
profissional e estabelecer estratégias de aprendizagem que favoreçam o 
diálogo, a troca, a transdisciplinaridade entre os distintos saberes formais e 
não formais que contribuam para as ações de promoção da saúde, tanto no 
âmbito individual como no âmbito coletivo. Por isso, a discussão da 
integralidade e dos demais princípios do SUS perpassa pela formação 
profissional e educação permanente das equipes de saúde. (MACHADO et al., 
2007). 
As práticas profissionais explicitam a(s) concepção(ões) de saúde 
assumida(s) pelos profissionais que compõem as equipes. Uma possibilidade 
é ter como pressuposto que a dialética saúde-doença integra as dimensões da 
biologia, da ecologia, da sociologia, da economia,da cultura, da subjetividade 
de cada ser humano e dos valores e significações que são atribuídos à vida 
expressas na subjetividade social. Essa concepção permite romper uma visão 
ideológica de saúde e doença, onde elas aparecem como responsabilidade 
única e exclusiva do indivíduo (vale lembrar que a concepção que se sobressai 
no campo das DST/ aids é a biomédica, segundo a pesquisa desenvolvida a 
respeito das práticas profissionais dos psicólogos em políticas públicas pelo 
CFP (2007, p. 5), e as questões sociais, culturais e históricas ficam reduzidas 
às ações individuais, como pode ser observado no imaginário popular onde 
grassam concepções de doença como culpa, castigo por ações ou omissões 
individuais próprias e/ou de parentes próximos). (BERLINGUER, 1988). 
Os limites à saúde podem ocorrer devido a mal-estar, insegurança 
social, estresse, tensões no ambiente social, déficits orgânicos, problemas 
ambientais e ecológicos. Disso decorre que a saúde demanda um projeto 
social com as dimensões econômica, política, social, médica e psicológica 
(SAN MARTIN, 1986; ILLICH, 1981; COHN et al., 1991). É essa perspectiva 
integrativa e plural que permite falar da Psicologia na saúde. 
A saúde não é dada, mas é uma conquista de cada um/a, da 
comunidade e da sociedade em geral, e expressa a subjetividade individual e 
social de um determinado momento histórico. Cabe à Psicologia importante 
papel como facilitadora do desenvolvimento desse projeto individual e 
coletivo que possibilite saúde e qualidade de vida aos cidadãos. 
Promover saúde e cidadania é um processo que capacita a população a 
ter controle e a desenvolver sua própria qualidade de vida, portanto, está 
diretamente relacionada com a construção da subjetividade individual e social 
expressas no desenvolvimento da consciência individual e do grupo. Nesse 
sentido, envolve o trabalho com toda a população, e não só com a população 
em situação de vulnerabilidade aumentada. (AYRES, 1997; BRASIL, 1999a, 
2000a). 
Fonte: Referências Técnicas Para a Prática do(a) Psicólogo(a) nos Programas 
de DST e AIDS. 2008 
 
 
	
6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
Diferenças elementares entre Doenças agudas e doenças 
crônicas 
 
A diferenciação é bastante simples. Para classificarmos uma doença 
como aguda ou crônica, basta seguir a tabela abaixo. 
Doença aguda Doença crônica 
-início súbito 
- evolução rápida 
- tempo de duração geralmente maior 
que seis meses. 
- tendência de mudança de limiar de dor 
e estresse 
- tendência a gerar mais estresse, afetar 
família, trabalho, etc. 
 Ficou fácil, não foi? 
 Nem tanto, pois ainda precisamos diferenciar os aspectos psicológicos 
entre esses dois tipos de doenças. Farei isso em forma de pergunta e resposta. 
Pergunta: Ok? 
Resposta: ok. 
Pergunta: Qual tipo de doença elicia reações psicológicas mais graves? 
As doenças graves crônicas ou agudas? 
Resposta: Não podemos dizer que as respostas psicológicas de um 
será mais grave que o outro, pois isso depende de cada caso. Combinado? 
 Pergunta: E qual dos dois tipos apresentados necessita de mudança 
na rotina do paciente? Necessita de mudança e/ou aprendizado de novas 
competências? 
Resposta: As doenças crônicas necessitam, via de regra, da adaptação 
do paciente à novas rotinas (remédio, tratamento, limitações, etc.) e novos 
aprendizados. 
 Pergunta: Quais os aspectos psicológicos gerais que temos nas 
doenças? 
 Resposta: Se entendermos por aspectos psicológicos as consequências 
negativas do processo de adoecimento, teremos como exemplos: ansiedade, 
medo e depressão, tendência a somatização, etc. Se entendermos o conceito de 
aspecto psicológico de forma mais ampla, teremos desde o modo como o 
processo será enfrentado até a aceitação da limitação ocasionada. Nesse 
sentido mais amplo, toda doença, crônica ou aguda, possui um condicionante 
	
	
7 
psicológico que pode ser consequência da doença e pode, ao mesmo tempo, 
piorar a patologia em si. 
 
Conceitos Epidemiológicos 
 
 O que é uma enfermidade aguda? O que é uma enfermidade crônica? 
Elaborei dois quadros bem sintéticos para explicar esse e outros conceitos e já 
aviso que na sua leitura dos quadros, você deve ter em mente um panorama 
geral das enfermidades. Não se atenha a uma doença ou outra. A elaboração 
dos quadros limitou-se a diferenciar as características mais comuns, isso não 
quer dizer que as mesmas são absolutas para todo caso. 
 Vamos lá. 
 
Enfermidades Agudas 
Definição Exemplos 
São enfermidades de curta duração, tem um 
curso acelerado de evolução e podem terminar 
com a convalescença, morte ou remissão total 
em menos de três meses. 
Gripe 
Sarampo 
Catapora 
Coqueluche 
Caxumba 
Constipação 
Infecções gastrointestinais 
Pneumonia 
Meningite 
Trauma físico 
Enfartes 
Hemorragias 
Fraturas e fissuras ósseas 
Episódios únicos de 
ansiedade 
Doenças diarreicas agudas 
Infecção alimentar 
Início 
Súbito 
Etiologia 
Conhecida, essas enfermidades são 
geralmente causadas por quadros infecciosos. 
Duração 
Duração Curta 
Evolução da Enfermidade 
- Remissão total 
- morte em curto período de tempo 
Consequências da Enfermidade 
	
8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
Em caso de remissão os efeitos da 
enfermidade cessam e o sujeito volta a sua 
condição inicial de saúde, condições mentais e 
sociais. 
 
Tratamento 
Intervenção medicamentosa e utilização de 
recursos tecnológicos 
Ação da equipe de Saúde 
Controle da situação 
Aspectos Sociais e Psicológicos 
Do ponto de vista social o sujeito apresenta 
maior aceitação sobre sua condição 
momentânea assim como suas limitações. O 
sujeito é passivo diante de sua própria 
condição. Do ponto de vista psicológico, o 
sujeito enfermo entende que não é a causa do 
problema apesar de se sentir 
vítima/convalescido. 
 
 
Como é comum percebermos na vida 
real, as enfermidades agudas possuem uma 
tendência espontânea à cura, mas o 
agravamento de algumas pode levar à 
morte. É importante salientar, ainda, que na 
fase da convalescência e recuperação, novos 
picos de sintomas podem ocorrer, assim 
como, se for o caso, novas infecções. 
 
 
 
 
 Perceba que quando falamos de enfermidades agudas, 
não ficamos sujeitos apenas ao conceito de doenças agudas. 
Aqui devemos ter em mente a condição de enfermidade com 
duração menor que três meses e que pode ser causada por 
	
	
9 
vários fatores, como vírus, bactérias, acidentes, etc. Em geral, a maioria das 
doenças agudas caracteriza-se nas seguintes fases: 
a) Surgimento: tende a ser na maioria dos casos, abrupto ou insidioso. 
b) Deterioração da condição. 
c) Alcance do nível máximo dos efeitos sintomáticos. 
d) Estabilização dos efeitos máximos: fase de manutenção dos sintomas. 
e) Novos picos. 
f) Desfecho 
i. Desaparecimento gradual dos sintomas: convalescência e 
recuperação. 
ii. Piora dos sintomas e morte. 
 
Enfermidades Crônicas 
Definição Exemplos 
Doença crônica é toda aquela condição clínica 
cuja evolução se processa a longo prazo, com 
ou sem tratamento. Não põe em risco a vida 
de um paciente (não a curto prazo), por isso 
não assume caráter de emergência. O quadro 
caracterizado como crônico não é causado, 
necessariamente, por um agente infeccioso. 
Ele pode ser decorrente de um acidente 
automobilístico, por exemplo, ou um infarto. 
Hipertensão arterial 
sistêmica (ou "pressão alta") 
Diabetes Mellitus 
Insuficiência Renal 
Neoplasias 
Hepatite Tipo B 
Vitiligo 
Artrite Reumatoide 
Fibromialgia 
Síndrome de 
Imunodeficiência Adquirida 
Trauma Medular 
Acidente Vascular Cerebral 
(derrame) 
LER 
DORT 
Cancro 
Doença hipertensiva 
Início 
Benigno e Gradual. Desenvolvimento lento e 
insidioso. Quando os sintomas graves surgem, 
a doença já está instalada. 
Etiologia 
Etiologia desconhecida, complexa e ambígua. 
Duração 
Prolongado: meses ou anos. 
Evolução da Enfermidade 
	
1 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R- Remissão 
- Remissão com prejuízos ao organismo 
- Mantem-se ativa, sem progredir, com 
redução na qualidade de vida do sujeito 
- Morte 
A maioria das doenças 
autoimunes 
Tuberculose 
Lepra, sífilis ou gonorreia. 
A maioria das parasitoses. 
Doenças de causas genéticas 
(raras são agudas) 
Depressão 
Esquizofrenia 
Transtornos de Ansiedade 
Psoríase 
Insuficiência Renal Crônica 
Obesidade 
Consequências da Enfermidade 
Muda a rotina, os hábitos, a qualidade de vida 
e o envolve aspectos psicológicos continuados 
no seu enfrentamento. 
Tratamento 
Multidisciplinar. A maioria das doenças 
crônicas não tem cura. 
Ação da equipe de Saúde 
Controle do ambiente e da progressão da 
enfermidade, redução de danos, atuação na 
aderência ao tratamento, conscientização do 
enfermo e da família, etc. 
Aspectos Sociais e Psicológicos 
É comum a negação do problema ou a 
minimização de seus efeitos. Socialmente a 
pessoa acometida de enfermidades crônicas 
pode ser vítima de preconceitos. 
 
 
Sabemos que parte 
significativa das doenças crônicas 
é causada pelo estilo de vida da 
população. A Organização 
Mundial de Saúde estima que 
mais de 1 bilhão de pessoas no 
mundo esteja acima do peso, por 
exemplo. Um bom relatório sobre 
as doenças crônicas no mundo 
pode ser encontrado aqui: 
	
	
11 
http://www.who.int/chp/chronic_disease_report/part1_port.pdf 
A doença crônica é caracterizada pelo seu tempo de duração: 
ultrapassam os três meses de duração. Além disso, enquanto é mais comum 
encontrarmos vírus e bactérias como causadores das doenças agudas, o estilo 
de vida e condições de saúde predispõe às doenças crônicas em sua maioria. 
Isso significa que em sua maioria são não transmissíveis. Apesar disso, 
encontramos doenças crônicas causadas por vírus, como o exemplo do vírus 
da vaca louca, que demora mais de 10 anos para manifestar seus sintomas. 
Essas condições têm como característica principal o fato de não 
colocarem em risco a vida da pessoa em um prazo curto de tempo, logo não 
são emergências médicas. Muitas doenças crônicas são assintomáticas ou 
quase assintomáticas a maior parte do tempo, mas caracterizam-se por 
episódios agudos perigosos e/ou muito incômodas. Além disso, podem não 
levar à morte do organismo, mas a piora de outras condições patológicas e 
psicopatológicas. 
O tratamento psicológico é mais indicado nesses casos que nos casos de 
enfermidades agudas em função do prolongamento da condição e dos seus 
aspectos psicológicos envolvidos. Geralmente é indicado o tratamento a partir 
de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar. 
 Ainda sobre o conceito de Doenças Crônicas, o Ministério da Saúde 
adiciona: 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas 
as doenças cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, 
as doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus. A OMS também inclui 
nesse rol aquelas doenças que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, 
das famílias e da sociedade, tais como as desordens mentais e neurológicas, 
as doenças bucais, ósseas e articulares, as desordens genéticas e as patologias 
oculares e auditivas. Considera-se que todas elas requerem contínua atenção 
e esforços de um grande conjunto de equipamentos de políticas públicas e das 
pessoas em geral. 
Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes e Recomendações para o Cuidado 
Integral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis - Promoção da Saúde, 
Vigilância, Prevenção e Assistência. Série B. Textos Básicos de Saúde. Série 
Pactos pela Saúde 2006, v. 8. 2008. Disponível em: 
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/mp3/diretrizes_recomendacoes_
dcnt.pdf 
 
 Um ponto importante, ainda dentro do conceito de doenças crônicas, 
é o conceito de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. O Ministério da Saúde 
definiu o conceito de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. Essas 
doenças englobam a maioria das enfermidades crônicas e são caracterizadas 
da seguinte maneira: 
	
1 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
Doenças Crônicas Não-Transmissíveis: 
• Levam décadas para estar completamente instaladas na vida de uma pessoa 
e têm origem em idades jovens; 
• Sua emergência é em muito influenciada pelas condições de vida, não sendo 
resultado unicamente de escolhas individuais; 
• Têm muitas oportunidades de prevenção devido sua longa duração; 
• Requerem um tempo longo e uma abordagem sistemática para o trata 
mento; 
• Os serviços de saúde precisam integrar suas respostas na abordagem. 
Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes e Recomendações para o Cuidado 
Integral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis - Promoção da Saúde, 
Vigilância, Prevenção e Assistência. Série B. Textos Básicos de Saúde. Série 
Pactos pela Saúde 2006, v. 8. 2008. Disponível em: 
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/mp3/diretrizes_recomendacoes_
dcnt.pdf 
 
 Qual a importância desse conceito de Doenças Crônicas Não-
Transmissíveis? É a sua integração com o fenômeno da Transição 
Epidemiológica. Essa transição ocorreu no Brasil mais acentuadamente nos 
últimos 20 anos e se caracteriza pelas mudanças ocorridas nos padrões de 
morte, morbidade e invalidez do cidadão brasileiro. Essa transição se deu por 
três características básicas: 
a) Substituição das doenças transmissíveis por doenças não 
transmissíveis e causas externas. 
b) Deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens 
para os grupos mais idosos. 
c) Aumento da expectativa de vida do cidadão e aumento significativo da 
morbidade. Em outras palavras, redução da mortalidade e aumento 
da morbidade. 
 É mais comum, do ponto de vista epidemiológico, encontrarmos alta 
prevalência de doenças crônicas em países desenvolvidos que em países 
subdesenvolvidos. Nestes últimos, prevalecem doenças infectocontagiosas. O 
Brasil passou por uma transição epidemiológica nas últimas décadas e, 
atualmente, as doenças crônicas matam mais que as enfermidades agudas. 
 
	
	
13 
 
 
 Já que falei de morbidade, aproveito para diferenciar alguns conceitos 
clássicos na área de epidemiologia e que podem confundir: 
Morbidade: é uma medida de saúde que representa o número 
de casos de determinada doença, ferimento ou incapacidade em 
um grupo específico de pessoa em certa época. 
Mortalidade: é uma medida de saúde que representa o número 
de mortes decorrentes de uma causa específica em determinado 
grupo em certo momento. 
Incidência: número de novos casos de uma doença ou condição 
que ocorre em determinada população em um intervalo de 
tempo definido. 
Prevalência: número total de casos diagnosticados de uma 
doença ou condição que existe em certo momento. 
 
 
 
Aspectos psicológicos das enfermidades agudas e 
crônicas 
 
 Após essa elucidação de conceitos, adentraremos no fabuloso mundo 
psicológico da subjetividade humana aplicada às condições agudas e crônicas. 
Pouca coisa podemos falar em relação aos aspectos psicológicos das 
enfermidades agudas. Sistematizo as consequências sociais e imediatas na 
lista a seguir: 
	
1 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 
Aspectos psicológicos e sociais das enfermidades agudas: 
a) Momentânea limitação social e profissional 
b) Expectativa de melhora rápida 
c) Percepção de controle sobre os fatores de causa da enfermidade 
d) Percepção de controle sobre os fatores de tratamento da enfermidade 
e) Percepção de controle sobre a retomada da vida normal 
 
 Como já é possível adiantar, as enfermidades agudas, do ponto de 
vista psicológico, tendem a se caracterizar mais pela sensação de controle do 
enfermo sobre sua própria condição que as condições crônicas. Nesse caso, 
problemas com o enfrentamento do diagnóstico e até a adesão ao tratamento 
são menos comuns se compararmos com as doenças que se estendem por 
mais tempo e apresentam um potencial incapacitante de longo prazo. 
 Por outro lado, quando falamos de enfermidades crônicas, o aspecto 
psicológico se torna fator preponderante no tratamentoe enfrentamento da 
condição. E isso justifica a maior intervenção de psicólogos na intervenção 
primária e secundária de atenção à saúde da população, de preferência, em 
uma equipe interdisciplinar. 
 O fator psicológico está presente em diferentes fases das enfermidades 
crônicas: 
a) Antes do surgimento da enfermidade 
b) Durante o desenvolvimento e evolução da enfermidade 
c) Durante a estabilização da enfermidade 
d) No tratamento da enfermidade 
e) Na recuperação da enfermidade 
f) Na redução das consequências da enfermidade. 
 Essa classificação simples não tem ainda um quadro psicológico 
específico correlato, pois, além de ter sido eu que criei, varia de acordo com a 
doença, com os recursos psicológicos do paciente e do modo como o 
acompanhamento/tratamento é ofertado. Porém, serve para entender que os 
aspectos psicológicos envolvidos variam de acordo com a fase de 
desenvolvimento da enfermidade. 
 Sobre o momento do diagnóstico e as consequências deste no 
tratamento, é fundamental a participação do psicólogo no acompanhamento 
do paciente. Como exemplo, podemos pensar no processo de diagnóstico do 
Diabetes Mellitus: 
	
	
15 
Após o diagnóstico, é frequente ocorrer uma série de crises pessoais. 
Num primeiro momento, muitos doentes experimentam sintomas de 
depressão e de ansiedade, angústia, stress, isolamento social, raiva, 
apreensão, irritabilidade, frustração e pessimismo em relação ao futuro 
(Marcelino Carvalho, 2005; Pitts Phillips, 1998; Silva, 2006). Num segundo 
momento, são frequentes as reacções de negação, de catastrofização da 
situação ou ênfase nos piores aspectos da doença. Ao longo do desenrolar da 
progressão da doença parecem predominar reações de medo relacionado com 
as crises de hipo ou hiperglicemia ou com as sequelas crónicas (Marcelino 
Carvalho, 2005; Pitts Phillips, 1998; Silva et al., 2003; Casalenuovo, 2002, 
Jacobson, 1996, 2002, citados por Silva, 2006). Neste sentido, o psicólogo 
pode desempenhar um papel importante na equipa de saúde, trabalhando 
com o doente os processos psicológicos associados às alterações do seu estado 
de saúde, às crises pessoais e às mudanças de comportamentos de risco 
necessárias. Este apoio técnico (e.g. psicoterapia de apoio, entrevistas 
motivacionais de modificação de comportamentos, aconselhamento 
psicológico, intervenção psicológica em grupo, projectos de cuidados 
continuados), constitui um suporte adicional para a prevenção de implicações 
agudas, para a educação e a promoção de estilos e comportamentos saudáveis, 
a fim de diminuir o risco de complicações futuras da doença e promover uma 
melhor adaptação dos sujeitos diabéticos à doença (Marcelino Carvalho, 
2005; Silva, 2006; Trindade Teixeira, 2000). 
Fonte: ANTÓNIO, Patrícia. A psicologia e a doença crónica: Intervenção em 
grupo na diabetes mellitus. Psicologia, Saúde e Doenças. 2010, 11 (1), 15-27. 
Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/psd/v11n1/v11n1a02.pdf 
 
 Sabemos, entre outras coisas, que é mais comum que pacientes 
acometidos de enfermidades crônicas desenvolvam quadros psicopatológicos 
que acometidos por condições de curta duração. Sobre isso: 
 Ao avaliar populações portadoras de doenças crônicas variadas, 
diversos autores percebem que é mais frequente a presença de quadros 
psiquiátricos em tais grupos, quando comparados à população em geral. Os 
problemas mais frequentemente descritos são quadros depressivos, ansiosos, 
ou sintomas psiquiátricos variados (como insônia, inapetência, desânimo, 
delírios e alucinações, prejuízo cognitivo), muitas vezes secundários à própria 
doença ou decorrentes dos efeitos colaterais de tratamentos instituídos. Isso 
compromete mais ainda o tratamento desses pacientes, e demanda um 
diagnóstico precoce e terapêutica imediata, sob risco de piorar tanto a 
evolução do quadro de base, quanto a qualidade de vida desse indivíduo. 
Fonte: KUCZYNSKI, Evelyn. Repercussões Psiquiátricas em Doenças 
Crônicas. Disponível em: 
http://emedix.uol.com.br/doe/psi011_1f_dcronicapsiq.php 
 
	
1 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 Como consequências das enfermidades crônicas, temos a 
apresentação de sintomas psicológicos, como traços de depressão, e o 
desenvolvimento de condições psiquiátricas mais sérias, como a instalação da 
depressão em si. Alguns tipos de sintomas psicológicos variam também de 
acordo com a idade. No caso da depressão, por exemplo, podemos observar 
uma tendência de substituição dos sintomas somáticos por sintomas 
psicológicos, mais específicos, à medida que a criança vai crescendo. 
 As consequências das condições crônicas, do ponto de vista 
psicológico, são quase inesgotáveis. Como exemplo, destaco uma lista das 
consequências psicológicas da leucemia e insuficiência renal em crianças e 
adolescentes, apresentado por Cunha (2007): 
 
Consequências psicológicas em crianças e adolescentes com 
leucemia ou insuficiência renal crônica terminal. 
Irritabilidade 
Tristeza 
Variações de 
humor 
Tédio 
Choro fácil 
Apatia 
Fadiga 
Queixas somáticas 
Perda de peso 
Concentração fraca 
Isolamento 
Inabilidade em se divertir 
(anedonia) 
Declínio ou fraco 
desempenho escolar 
Sintomas de ansiedade 
associados ao quadro de 
humor (ansiedade de 
separação, fobias ou medo de 
morrer). 
Queda no rendimento escolar 
Insônia e sintomas 
psicóticos congruentes 
com o humor. 
Perda de energia, apatia 
e desinteresse 
Retardo psicomotor 
Sentimentos de desprezo 
e culpa 
Alterações do apetite 
 
Fonte: Adaptado de CUNHA, Juliana de Oliveira Carneiro. Transtornos 
Depressivos em Crianças Portadoras de Leucemia Linfóide Aguda ou de 
Insuficiência Renal Crônica Terminal. Instituto Materno. Programa De Pós-
Graduação Em Saúde Materno-Infantil. 2007. Disponível em: 
http://www.imip.org.br/site/ARQUIVOS_ANEXO/mestrado%20juliana;;200
71130.pdf 
 
Modelos Psicossociais de enfrentamento de doenças 
 
 Abordaremos, a seguir, três modelos de enfrentamento das condições 
crônicas. São os modelos mais conhecidos que versam tanto sobre o modo 
	
	
17 
como o paciente se motiva para o engajamento ao tratamento da condição até 
como enfrenta a notícia de doença terminal. Vejamos: 
 
 
Estágios Motivacionais de Prochaska DiClemente - 1986 
 
Modelo transteórico utilizado para explicar os estágios motivacionais 
identificáveis nas fases de mudança do paciente em relação à sua condição 
crônica. Essa é a base do modelo conhecido como Entrevista Motivacional. 
Podemos entender que a evolução motivacional do paciente pode representar 
o processo de mudança como uma espiral, que pressupõe movimento, em que 
as pessoas podem progredir ou regredir sem ordenação lógica. A grande 
importância do reconhecimento da etapa do processo de mudança no 
indivíduo é estimar o seu envolvimento no processo e tomar decisões sobre a 
metodologia a ser utilizada na abordagem de forma mais personalizada, 
realista e fundamentada. 
Segundo os autores, são 5 os estágios motivacionais: 
A Pré-contemplação é um estágio em que não há intenção de 
mudança nem mesmo uma crítica a respeito do conflito envolvendo o 
comportamento problema. De um modo geral, a pessoa neste estágio sequer 
encara o seu comportamento como um problema, podendo ser chamado 
'resistente' ou 'em negação'. Por exemplo, no caso da atividade física, um 
critério para diagnóstico desta fase seria o sedentarismo e a ausência de 
intenção de tornar-se ativo nos próximos 6 meses. O objetivo da ação é a 
conscientização e a estratégia de apoio é o desenvolvimento de pensamentos 
sobre mudança, riscos e benefícios. 
A Contemplação se caracteriza pela conscientização de que existe um 
problema, no entanto apresenta dificuldades para a ação da mudança. O 
contemplador considera a mudança, mas ao mesmo tempo a rejeita e é nesta 
fase que a ambivalência, estando no seu ápice, deve ser trabalhada para 
possibilitar um movimento rumo à decisão de mudar. Ainda no caso da 
atividade física, um critério para diagnósticodesta fase seria o sedentarismo, 
mas pensando frequentemente em tornar-se ativo, provavelmente nos 
próximos 6 meses. O objetivo da ação é o encorajamento e as estratégias de 
apoio são informação, educação em saúde, diminuição de barreiras, 
levantamento de questões e reflexões sobre as mesmas. 
Na Preparação, a pessoa está pronta para mudar e compromissada 
com a mudança. Faz parte deste estágio, aumentar a responsabilidade pela 
mudança, avaliar recursos disponíveis e elaborar um plano específico de ação. 
O objetivo da ação é a negociação e as estratégias de apoio são: criar auto-
imagem, compromisso, facilitar envolvimento de participação social. 
	
1 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
A Ação se dá quando o sujeito escolhe uma estratégia para a realização 
desta mudança e toma uma atitude neste sentido, usando o apoio como um 
meio de assegurar-se do seu plano, para ganhar auto-eficácia e finalmente 
para criar condições externas para a mudança. O objetivo da ação é o 
compromisso e as estratégias de apoio são: reforços, mobilizar suporte social 
e introdução de alternativas. É preciso salientar que nem sempre um cliente 
que busca recurso encontra-se no estágio de Ação. 
A Manutenção é o estágio onde se trabalha a prevenção à recaída e a 
consolidação dos ganhos obtidos durante a Ação. O grande teste para 
comprovar-se a efetividade da mudança, é a estabilidade neste novo estado 
por anos. No processo de mudança, tradicionalmente, Manutenção é vista 
como um estágio estático, porém, trata-se de um estágio dinâmico, pois se 
entende como a continuação do novo comportamento para a mudança que 
demora algum tempo para se estabelecer. O estágio de manutenção pode e 
deve ser estimulado por toda a vida. Aqui o foco do trabalho é manter os 
ganhos do tratamento evitando a recaída do comportamento anterior. As 
estratégias de apoio são: resistir à tentação, integração num grupo, 
recompensas. 
A Recaída é um aspecto essencial a ser entendido quando se fala em 
mudança de hábito. Muitas pessoas acabam recaindo e tendo que recomeçar o 
processo novamente. Nem sempre o recomeço ocorre pelo estágio inicial. 
Muitas pessoas passam inúmeras vezes pelas diferentes etapas do processo 
para chegar ao término, isto é, uma mudança mais duradoura. Em termos 
médicos, recaída seria a 'recorrência dos sintomas da doença, após um 
período de melhora'. Adaptando este conceito, a recaída seria então 'um 
retomo a níveis anteriores do comportamento, seguido de uma tentativa de 
parar ou diminuir o mesmo, ou apenas “o fracasso de atingir objetivos 
estabelecidos por um indivíduo a pós um período definido de tempo”. É 
importante encarar a recaída não como um fato isolado, mas sim como uma 
série de processos cognitivos, comportamentais e afetivos. Da mesma forma, 
a recaída não pode ser encarada como um fracasso do indivíduo ou do 
profissional, e sim como parte do processo da mudança. 
Fonte: http://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1731.pdf 
 
 
Modelo de Kübler-Ross de enfrentamento da morte 
 
 Segundo esse modelo, quando o paciente se depara com um 
diagnóstico de enfermidade que o conduzirá à morte, o mesmo passa 
linearmente por 5 estágios definidos: 
 
PRIMEIRO ESTÁGIO 
	
	
19 
Comportamento: Negação e Isolamento 
Crença: "Isso não pode estar acontecendo." 
A Negação e o Isolamento são mecanismos de defesas temporários do 
Ego contra a dor psíquica diante da morte. A intensidade e duração desses 
mecanismos de defesa dependem de como a própria pessoa que sofre e as 
outras pessoas ao seu redor são capazes de lidar com essa dor. Em geral, a 
Negação e o Isolamento não persistem por muito tempo. 
 
SEGUNDO ESTÁGIO 
Comportamento: Raiva 
Crença: "Por que eu? Não é justo." 
Por causa da raiva, que surge devido à impossibilidade do Ego manter a 
Negação e o Isolamento, os relacionamentos se tornam problemáticos e todo o 
ambiente é hostilizado pela revolta de quem sabe que vai morrer. Junto com a 
raiva, também surgem sentimentos de revolta, inveja e ressentimento. Nessa 
fase, a dor psíquica do enfrentamento da morte se manifesta por atitudes 
agressivas e de revolta; - porque comigo? A revolta pode assumir proporções 
quase paranóides; “com tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que 
sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto”. Transformar a dor psíquica 
em agressão é, mais ou menos, o que acontece em crianças com depressão. É 
importante, nesse estágio, haver compreensão dos demais sobre a angústia 
transformada em raiva na pessoa que sente interrompidas suas atividades de 
vida pela doença ou pela morte. 
 
TERCEIRO ESTÁGIO 
Comportamento: Barganha, negociação e diálogo 
Crença: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem." 
Havendo deixado de lado a Negação e o Isolamento, “percebendo” que 
a raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro estágio; a barganha. A 
maioria dessas barganhas é feita com Deus e, normalmente, mantidas em 
segredo. Como dificilmente a pessoa tem alguma coisa a oferecer a Deus, além 
de sua vida, e como Este parece estar tomando-a, quer a pessoa queira ou não, 
as barganhas assumem mais as características de súplicas. A pessoa implora 
que Deus aceite sua “oferta” em troca da vida, como por exemplo, sua 
promessa de uma vida dedicada à igreja, aos pobres, à caridade ... Na 
realidade, a barganha é uma tentativa de adiamento. Nessa fase o paciente se 
mantém sereno, reflexivo e dócil (não se pode barganhar com Deus, ao mesmo 
tempo em que se hostiliza pessoas). 
 
QUARTO ESTÁGIO 
	
2 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
Comportamento: Depressão 
Crença: "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?" 
A Depressão aparece quando o paciente toma consciência de sua 
debilidade física, quando já não consegue negar suas condições de doente, 
quando as perspectivas da morte são claramente sentidas. Evidentemente, 
trata-se de uma atitude evolutiva; negar não adiantou, agredir e se revoltar 
também não, fazer barganhas não resolveu. Surge então um sentimento de 
grande perda. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe a realidade 
nua e crua, como ela é realmente, é a consciência plena de que nascemos e 
morremos sozinhos. Aqui a depressão assume um quadro clínico mais típico e 
característico; desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc. 
 
QUINTO ESTÁGIO 
Comportamento: Aceitação 
Crença: "Tudo vai acabar bem." 
Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e nem nega 
sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da longa 
viagem. 
 
 
Teoria da Ação Racional e do Comportamento Planejado de 
Fishbein - 1960 
 
Segundo essa teoria, os seres humanos são racionais e utilizam as 
informações disponíveis, avaliando as implicações de seus comportamentos, a 
fim de decidirem por sua realização. O conhecimento dessas variáveis e o 
modo como interagem constituem, segundo a ótica de essa teoria, no melhor 
preditor possível de comportamentos humanos. Para se entender o 
comportamento, há que se identificar os determinantes das intenções 
comportamentais: atitudes, que dizem respeito ao aspecto pessoal, e normas 
subjetivas, que se refere à influencia social. A teoria traça considerações ainda 
sobre crenças dos indivíduos, a avaliação das consequências do 
comportamento, a motivação para concordar com as pessoas (referentes) que 
lhe são importantes e as variáveis externas. 
Destaco que esse modelo é bem sucedido quando aplicado a 
comportamentos sobre os quais o indivíduo exerce controle consciente sobre o 
ambiente. 
Sobre esse modelo: 
 
	
	
21 
 
[...] 
A percepção de controle tem se demonstrado um importante elemento 
preditor (Bamberg, Ajzen & Schmidt, 2003, 1999; Caprara, Barbaranelli & 
Guido, 1998; Doll & Ajzen, 1992; Schifter & Ajzen, 1985), visto que pode estar 
relacionado tanto por via indireta com o comportamento, através da intenção 
comportamental, como diretamente ao mesmo(sem a mediação intencional). 
Além do mais, a ação humana é influenciável por fatores que podem ser 
internos e externos: os internos são, por exemplo, o conhecimento, a 
habilidade, as competências e também fortes desejos. Como exemplo, apesar 
de uma pessoa com problemas de saúde estar decidida a ir ao médico, pode 
saber, tendo como base a experiência, que provavelmente não irá traduzir 
estas intenções em ação. 
Fonte: MOUTINHO, Karina e ROAZZI, Antonio. AS TEORIAS DA AÇÃO 
RACIONAL E DA AÇÃO PLANEJADA: RELAÇÕES ENTRE INTENÇÕES E 
COMPORTAMENTOS. Aval. psicol.[online]. 2010, vol.9, n.2 [citado 2013-07-
11], pp. 279-287 . Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712010000200012&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1677-0471. 
 
 
 
Enfrentamento da doença e adesão ao 
tratamento. 
 
	
2 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 
“Fará somente 24 horas que me deixaram 
aqui derreado? Somo: vinte e quatro, 
quarenta e oito, setenta e duas. Talvez uns 
três dias. Isto, setenta e duas horas. Os 
chinelos desapareceram: ficarei 
provavelmente um mês, dois meses. (...) É 
bom que a ferida se agrave e me mate logo. 
Dois meses de tortura, um tubo de borracha 
atravessando-me as entranhas, visões 
pavorosas, os queixumes dos indigentes que 
se acabam junto ao homem dos 
esparadrapos.” 
Graciliano Ramos. Conto: O Relógio 
do Hospital. 
 
Tópico simples e direto que refere-se ao modo como o paciente recebe o 
diagnóstico e como lida com isso ao longo de sua condição. As reações 
(reações de ajustamento) à hospitalização, além das reações à doença, 
dependem de uma série de fatores, como traços de personalidade, história de 
vida, tipo de patologia, tempo de internação, crenças e mitos, estado 
emocional, rede de apoio familiar e rede de apoio profissional do hospital. 
Esses fatores podem desencadear uma série de reações, como mecanismos de 
defesa, ansiedade, depressão e a maior ou menor adesão ao tratamento. 
Sobre essas reações de ajustamento, é digno ressaltar que elas 
costumam ceder com a melhora clínica e alta hospitalar e raramente 
necessitam de psicotrópicos e psicoterapia. Em casos mais graves e 
prolongados, ou naqueles com dificuldade de diagnóstico e manejo, a 
avaliação psiquiátrica pode-se fazer necessária. 
 Como já falamos em outros momentos, a doença, especialmente a que 
merece hospitalização, é entendida como uma quebra na linha de 
continuidade da vida, seja em seu aspecto existencial, seja temporal. E o que a 
banca quer saber com esse tópico? Creio eu, e estou apostando minhas fichas 
nisso, que o candidato entenda a classificação de Strain. Essa é uma 
classificação de reações à doença e hospitalização. Não é uma sequência de 
fases. 
 Vejamos, então, as possíveis reações que uma pessoa pode ter quando 
está enferma e internada. 
Ameaça básica à integridade narcísica: reação 
caracterizada pelas fantasias onipotentes de imortalidade, 
controle sobre o próprio destino, certeza de um corpo 
indestrutível e sensações de pânico, aniquilamento e impotência. 
	
	
23 
Ansiedade de separação: medo de separação de pessoas 
significativas em caso de tempo de internação prolongado, 
separação de objetos, ambientes e estilo de vida. 
Medo de estranhos: medo de depender dos cuidados de 
desconhecidos. 
Culpa e medo de retaliação: a doença é vista como um 
castigo por pecados e omissões. 
Medo da perda do controle de funções adquiridas 
durante o desenvolvimento: medo da perda das funções 
vitais, fala, controle de esfíncteres, marcha, função social na 
família e no trabalho, etc. 
Perda do amor e de aprovação: sentimentos de 
autodesvalorização (dependência e sobrecarga financeira). 
Medo de mutilações: mutilações ou disfunções que alterem o 
esquema corporal. A sensação da perda é equivalente à perda de 
uma pessoa querida. 
Medo da morte, da dor: medo ampliado por histórias de 
perdas em hospitais. 
 
 E a família, como reage a essas condições? Pelo modelo sistêmico, ela 
adoece junto, participa do tratamento e também pode ser fonte de estresse. 
Apesar do individuo ser um subsistema ou parte do sistema, a estrutura 
familiar e as suas relações devem sempre ser consideradas, especialmente 
quando o internado é uma criança, adolescente, doente crônico ou terminal. A 
família desempenha, nesses casos, um papel de suporte fundamental para a 
qualidade de vida da pessoa. 
Nesse modelo, a patologia é considerada como parte de uma dinâmica 
de adaptação e ajuste constante entre os sistemas biológicos, psicológicos e 
interpessoais. A doença, por sua vez, significa a perda da homeostase, 
desestruturando todo o contexto familiar, porque geralmente a família é a 
pessoa mais próxima das vivências do paciente. Quando isso ocorre, a família 
muda seus padrões de funcionamento e busca manejar a situação como 
conseguir. Nem sempre essa forma de manejar a situação é adaptativa para a 
pessoa internada ou para a família como um todo. 
 Como sabemos, as consequências do surgimento de uma doença em 
qualquer membro da família são devastadoras e podem desestabilizar 
qualquer núcleo familiar, porque seus membros são interligados e 
dependentes entre si, e, quando alguém adoece, os outros também são 
afetados. 
 Aprofundando o assunto: 
	
2 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
As famílias dividem-se em dois grupos: algumas se fortalecem 
internamente por meio de mudanças na rotina familiar, diminuindo a tensão 
e as angústias; outras, no entanto, mantêm a ruptura do funcionamento 
familiar, tornando-se enfraquecidas. “Dotar a doença de significado” e 
“partilhara responsabilidade pela doença” são estratégias utilizadas para 
reduzir o estresse e fortalecer o funcionamento da família através dos anos. 
A doença pode ser considerada uma experiência negativa que envolve 
toda a família, cujo impacto pode afetar os aspectos sociais, econômicos, 
financeiros e afetivos. 
Apesar de a doença constituir uma crise, momentos de reestruturação 
e de formação ou fortalecimento de vínculos podem também acontecer. Fato 
este que se concretiza pela necessidade de repensar valores e formas de se 
relacionar uns com os outros, o que proporciona momentos de afeto e 
cuidados entre seus membros. Conflitos podem ser resolvidos pela união e 
ajuda mútua. 
 O adoecer de um membro não precisa ser visto pela família como um 
inimigo, mas como uma alternativa de mudança, que fortalecerá o modo como 
cada membro enfrenta a vida. 
O sintoma da doença pode ser um sinal de alerta, um aviso que algo não 
funciona adequadamente e que precisa ser modificado. Esses sinais refletem 
uma tentativa do sistema familiar em alcançar um novo nível de organização. 
Após vivenciar a experiência da doença, uma pessoa jamais retornará 
ao que era no seu estado original de saúde. Canguilhem complementa: a 
doença é como um esforço que a natureza exerce no homem para obter um 
novo equilíbrio, como “uma reação generalizada com intenção de cura”. É 
nesse contexto que a criança, sua família e seus problemas de saúde devem 
ser considerados. A interpretação da doença depende das experiências, do 
suporte disponível e das habilidades de que a família dispõe, no momento, 
para enfrentar esse episódio. 
As crenças, valores, hábitos, relações, sentimentos, deveres e direitos 
do sistema familiar influem na forma como os indivíduos da família percebem 
e vivenciam a saúde, a doença e a hospitalização. 
 Na vida familiar, quando uma criança adoece, traumas físicos e 
psíquicos podem acontecer. O impacto provocado pela doença na vida da 
família e o caminho para o enfrentamento da hospitalização de um filho 
variam entre os indivíduos conforme particularidades de cada um dentro dos 
moldes familiares. 
A presença da família nesse momento ajuda a diminuir os temores e 
inseguranças vivenciadas pela criança. No período que vai de 1950 até 
meados da década de 80, a ênfase dos trabalhos científicos direcionava-se aos 
efeitosmaléficos à saúde física e mental da criança, decorrentes da separação 
da família durante o processo de hospitalização. Atualmente, reconhece-se a 
necessidade da família dentro do mundo hospitalar e seu envolvimento no 
	
	
25 
processo saúde-doença, entretanto, infelizmente, este pensar continua sendo 
mais teórico do que prático. 
 Às vezes, o paciente e seus familiares não conseguem aceitar as 
limitações impostas por certas doenças crônicas. Muitas famílias, no início da 
doença, consideram o paciente como vítima inocente, mas com o passar do 
tempo, podem passar a vê-lo como um fardo. 
Fonte: Lidiane Ferreira Schultz. A família vivenciando a doença e a 
hospitalização da criança: protegendo o filho do mundo e não o mundo do 
filho. Universidade de Guarulhos, 2007. 
 
Entendidos esses conceitos, o que podemos esperar após o término da 
doença e da internação? Esperasse que, passado o impacto da hospitalização e 
da doença, o indivíduo recupere a esperança e o controle de sua própria vida e 
que a família volte a se reestruturar. Em outras palavras, espera-se a 
continuidade da vida. 
 
 
Teorias e manejos do estresse. 
Teorias e manejo da dor. 
Estilos de enfrentamento. 
 
 
Estresse 
O estresse excessivo tem sido considerado um dos principais problemas 
do mundo moderno, sendo tema de interesse da Organização Mundial da 
Saúde a qual estima que 15% das pessoas no mundo sofrem de problemas 
relacionados ao estresse. A própria OMS descreve o estresse como uma reação 
psicofisiológica muito complexa que tem em sua gênese a necessidade do 
organismo fazer em face de algo que ameace a sua homeostase interna. Ou 
seja, é uma experiência emocional negativa acompanhada de previsíveis 
mudanças bioquímicas, psicológicas, cognitivas e comportamentais que estão 
relacionados tanto à alteração de um fato ou acontecimento estressante, 
quanto à acomodação dos seus efeitos. Assim, o estresse é oriundo de que 
qualquer situação que gere um estado emocional forte, levando a uma quebra 
da homeostase interna exigindo alguma adaptação, é chamada de estressor. 
 Como você percebeu, esses conceitos são genéricos, mas servem de 
pontapé inicial para falarmos de estresse. O conceito de estresse foi usado na 
	
2 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
área de saúde, pela primeira vez em 1926, pelo famoso pesquisados Hans 
Selye. Ele notou que muitas pessoas sofriam de várias doenças físicas, e 
reclamavam de alguns sintomas em comum. A causa desse sofrimento logo 
ficou diagnosticada: o estresse. Para esse autor o estresse é um “conjunto de 
reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que 
exige esforço para a adaptação”. 
Hans Selye apresenta, em seus primeiros e mais famosos estudos, uma 
dimensão biológica de estresse: Segundo este autor, o estresse é um 
componente intrínseco a toda doença, que produz certas alterações na 
estrutura e na composição química do corpo. Tais mudanças poderiam ser 
observadas e mensuradas. O estresse é a condição revelada através da 
Síndrome Geral de Adaptação - SGA que compreende as seguintes 
mudanças: dilatação do córtex da suprarenal, atrofia dos órgãos linfáticos e 
úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso e outras alterações. A SGA é 
um conjunto de respostas não específicas a uma lesão e desenvolve-se em três 
fases: 
1) fase de alarme, caracterizada por manifestações agudas; 
2) fase de resistência, quando as manifestações agudas desaparecem e; 
3) fase de exaustão, quando acontece o retorno das reações da primeira 
etapa e pode ocorrer esgotamento do organismo. 
Selye ressalta que o estresse pode ser verificado em qualquer uma das 
fases, embora suas manifestações sejam diversas ao longo do tempo. Não é 
necessário que as três etapas se desenvolvam para que a síndrome seja 
constatada, uma vez que apenas o estresse mais grave leva à exaustão e à 
morte. Seyle esclarece que estresse não é uma tensão nervosa nem o resultado 
específico da lesão, ou um fato que cause uma reação de alarme (neste caso 
tratar-se-ia do estressor, ou do agente do estresse). A expressão se refere a um 
estado manifesto por uma síndrome específica, constituída por todas as 
alterações não específicas produzidas num sistema biológico. Desta forma, o 
termo só se aplica quando se relaciona a um sistema biológico precisamente 
definido. 
Felizmente essa visão puramente biológica foi ampliada. Mello Filho e 
Moreira (1992), por exemplo, definem o estresse (físico, psicológico ou social) 
como um fenômeno " que compreende um conjunto de reações e estímulos 
que causam distúrbios no equilíbrio do organismo, frequentemente com 
efeitos danosos." Estes autores discutem este termo no contexto do estado 
emocional dos pacientes na evolução de doenças infecciosas e neoplásicas. 
Rodrigues (1997) define como "uma relação particular entre uma pessoa, seu 
ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela 
pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias 
habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar". 
	
	
27 
Estas definições são amplas e consideram que os estímulos estressores 
são provenientes tanto do meio externo (estímulos de ordem física ou social), 
quanto do interno (pensamentos, emoções, fantasias e sentimentos). 
Rodrigues (1997) vai além e admite que o indivíduo tem papel no 
aumento ou diminuição do estresse, pois as condições de adoecimento vão 
depender de como ele avalia e enfrenta o estímulo estressor, assim como de 
sua vulnerabilidade orgânica. Haveria segundo Rodrigues, um processo de 
avaliação dos estímulos estressores, que é em parte é racional e em parte 
emocional, não necessariamente consciente. Isso determinaria o tipo de 
enfrentamento, ou como o indivíduo responderá a esses estímulos, apreciando 
seu repertório de experiências passadas. Os compromissos e as crenças são 
aspectos pessoais que interferem nesse processo de avaliação. Além desses, os 
elementos situacionais dos estímulos (como o caráter de novidade da situação, 
a previsibilidade do acontecimento, sua intensidade, etc). 
O estresse é um fenômeno subjetivo, vivenciado de forma diferente por 
cada pessoa e que mobiliza recursos diferentes e formas diferentes de 
expressão em cada organismo. Apesar de a sequência fisiológica ser 
semelhante, até nesse nível podemos identificar diferenças biológicas e 
psicológicas entre os organismos. Assim, o estresse depende da compreensão 
individual e das disposições biológicas do organismo para sustentar a 
mobilização. 
Marilda Lipp (1984), a partir de uma abordagem cognitivo-
comportamental, define o estresse como "uma reação psicológica, com 
componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados 
estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa". A 
autora também diferencia os níveis de estresse (eustresse versus distresse). 
Ela considera as características reais dos estímulos e/ou a ação interpretativa 
que o sujeito dá a eles na determinação dos dois estados. Posteriormente, a 
mesma autora (Lipp, 2003), define o estresse como uma reação 
psicofisiológica muito complexa que tem, em sua gênese, a necessidade de o 
organismo modificar-se frente a algo que ameace sua homeostase interna. Isso 
pode ocorrer quando a pessoa confronta-se com uma situação tanto positiva 
quanto negativa. Assim, temos a nossa primeira grande definição: o estresse 
é uma reação de adaptação. Esse processo de adaptação pode ser tanto 
positivo quanto negativo, desse modo, existe estresse positivo, conhecido 
como eustresse (ou eutresse). Quando o estresse é negativo para o 
organismo, temos o distresse. Essa terminologia é do próprio Selye, que 
primeiro descreveu o estresse em um sentido neutro e o eutresse e distresse 
como o próprio estresse aplicado em uma valência (positiva par ao organismo 
ou negativa). 
 Em linhas gerais, podemos dizer que no eustresse o indivíduo se adapta 
ao meio com atravésde meios que possui (controla), enquanto no distresse, o 
sujeito não possui os meios para enfrentar a situação em questão, o que gera 
desgaste em vários níveis. 
	
2 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 Ainda retomando a evolução histórica, destaco que as teorias de 
estresse atuais são multifatoriais e biopsicossociais. Limongi (2008) separa 
essas dimensões da seguinte maneira: 
a) Dimensão Biológica: 
a. Biótipo 
b. Genética 
c. Crescimento Normal/Doentio 
d. Repouso 
b) Dimensão Psicológica 
a. Resistência a frustração 
b. Estilo de personalidade 
c. Conhecimento 
d. Vontade (garra) 
c) Social 
a. Primeiro grupos (família – escola) 
b. Comunidade Cultural 
c. Áreas de interesse 
d. Turbulência 
É justamente nessas relações entre a mente-corpo-ambiente que 
ocorrem as chamadas reações psicossomáticas. Limongi (2008) define os 
focos de tensão expressas pelo corpo, decorrentes do estresse, da seguinte 
maneira: 
a) Sensações: de mal estar a desconforto. 
b) Pequenos Males: dores indeterminadas e vagas 
c) Distúrbios Funcionais: dores em órgãos específicos ou mau 
funcionamento de órgãos. 
d) Lesões de órgãos ou sistemas: deficiência de funcionamento de 
algumas partes do corpo humano. 
Além disso, temos respostas psicossomáticas em três níveis (Limongi, 
2008): 
a) Somatizações: são sensações e distúrbios físicos como forte carga 
emocional e afetiva. São mais como “dores psicológicas”. 
b) Fadiga: desgaste de energia física ou mental, que pode ser 
recuperada por meio de repouso, alimentação ou orientação clínica 
específica. 
	
	
29 
c) Depressão: é uma combinação de sintomas em que prevalece a 
falta de ânimo, a descrença pela vida e uma profunda sensação de 
abandono e solidão. 
 
Fases do Estresse 
 
As fases mais comuns do estresse são descritas por Lipp (2003) como: 
fase do alerta (alarme), resistência e exaustão. Alguns autores, como a própria 
Marilda Lipp, falam de um quarto estágio, entre a resistência e a exaustão 
chamado de pré-exaustão. Consideraremos essa classificação em quatro fases 
para os nossos estudos. Desse modo, temos: 
 
 
 E o que significa cada uma dessas fases? Veja o que Marilda Lipp fala: 
Na primeira fase, a do Alerta, diante de um desafio ou ameaça 
percebida, a pessoa necessita produzir mais força e energia a fim de enfrentar 
a situação desafiadora, havendo uma mobilização de recursos de 
enfrentamento. As mudanças fisiológicas no organismo neste momento 
contribuem para que haja aumento da motivação, entusiasmo e energia, o que 
pode, desde que não excessivo, gerar maior produtividade no ser humano. 
Na segunda fase, da Resistência, a situação estressante persiste, 
havendo uma grande utilização de energia na busca pelo reequilíbrio do 
organismo, causando a sensação de desgaste generalizado sem causa aparente 
e dificuldades de memória, dentre outras consequências. O desgaste e a falta 
	
3 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
de memória são sinais de que a demanda ultrapassou a capacidade da pessoa 
lidar com a situação presente. 
Na terceira fase, de Quase Exaustão, as defesas do organismo 
começam a ceder e ele já não consegue resistir às tensões e restabelecer o 
equilíbrio interior. É comum nesta fase a pessoa sentir que oscila entre 
momentos de bem-estar e tranquilidade e momentos de desconforto, cansaço 
e ansiedade. Algumas doenças começam a aparecer. 
Na quarta e última fase, de Exaustão, com os recursos esgotados, há 
uma quebra total da resistência e alguns sintomas que aparecem são 
semelhantes aos da fase de alarme, embora em maior magnitude. Podem 
ocorrer exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física na forma 
de doenças que começam a aparecer. Embora seja uma fase grave, não é 
irreversível. 
Quando o stress é prolongado, ele afeta diretamente o sistema 
imunológico reduzindo a resistência da pessoa e tornando-a vulnerável ao 
aparecimento de infecções e doenças contagiosas. Em consequência da queda 
do sistema imunológico, doenças que permaneciam latentes podem ser 
desencadeadas, como úlceras, hipertensão arterial, diabete, problemas 
dermatológicos, alergias, impotência sexual e obesidade. 
Fonte: Lipp (2010). 
 Essa estruturação em fases necessita de algumas considerações. Na fase 
de alerta a pessoa defronta-se com uma situação estressora. O organismo 
prepara-se para lutar ou fugir, gerando um estado de prontidão, caracterizado 
por taquicardia, alteração da pressão arterial, sudorese, boca seca, mãos e pés 
frios, mudanças de apetite, diarreia passageira, entre outros. Na segunda fase, 
a resistência, o organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno, utilizando 
toda a energia adaptativa. Pode, assim, apresentar cansaço injustificado, 
problemas com a memória, sensação de desgaste e irritabilidade (Lipp, 2010). 
 Na fase de quase-exaustão ocorre o início do processo de adoecimento, 
pois há um enfraquecimento do sistema imunológico e as defesas do 
organismo começam a ceder, dando início à quarta fase do estresse, a 
exaustão. Esta última é considerada a mais patológica, pois há uma quebra 
total da resistência, ocasionando exaustão psicológica em forma de depressão, 
exaustão física e doenças como úlceras, aumento da pressão arterial, 
problemas cardíacos, dermatológicos, sexuais, câncer, e, ainda, pode levar o 
indivíduo à morte (Lipp, 2010). 
 
 
Coping 
 
	
	
31 
Lazarus & Folkman consideram que qualquer esforço em lidar com o 
estressor é uma resposta de coping. Segundo eles, há dois tipos principais de 
estratégias, ou seja, duas grandes funções do coping. Um deles é centrado no 
problema, ou seja, atua diretamente no o que causa, com o objetivo de mudar 
ou eliminar o agente estressor. Geralmente, são situações que podem ser 
modificadas. O tipo centrado na emoção tem como função reduzir as 
sensações físicas ocasionadas pelas situações estressoras presentes nas 
situações que não se pode mudar (Zanelato e Calais, 2010). 
 
 
Resil iência 
 
O termo resiliência originou-se na Física e lá refere-se à capacidade de 
um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente. 
Do ponto de vista psicológico temos uma perspectiva semelhante, Tavares 
(2001) define resiliência como a capacidade de as pessoas superarem 
situações adversas, como guerras, assaltos, mortes, maus-tratos físico e 
psicológico, sem perder seu equilíbrio inicial. Ou seja, o indivíduo é capaz de 
acomodar-se e reequilibrar-se constantemente. 
A resiliência é definida como a capacidade do ser humano de superar as 
adversidades, desenvolvendo, na presença de risco, habilidades de enfrentar e 
responder de forma assertiva e positiva, ativando recursos pessoais e 
ambientais que atenuam as consequências negativas, convertendo-se assim 
em bem estar psicofisiológico, crescimento pessoal e aprendizagem (Zanelato 
e Calais, 2010). 
 
 
Fatores de risco e de Proteção ao estresse 
 
 Duas definições rápidas: 
Fatores de Risco: contexto do trabalho; possibilidade de 
acidente, morte ou assalto; conflitos de relacionamento entre 
profissionais ou com clientes; etc. 
Fatores de Proteção: enfrentamentos eficazes, recursos 
pessoais, apoio social e familiar, reconhecimento e valorização 
da profissão e relações positivas com os clientes, etc. 
 Além desses fatores, tem se admitido com maior ênfase a influência – e 
não a determinação – genética em muito de nosso desenvolvimento e do 
	
3 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
modo como reagimos biologicamente ao estresse. No modelo de diátese-
estresse 1 , por exemplo, os indivíduos são herdeiros de certas 
vulnerabilidades que os tornam suscetíveis a um transtorno quando o tipo 
certo de estressor vem junto. No modelo recíproco de gene-ambiente, a 
vulnerabilidade genética do indivíduo em relação a determinado problema 
pode torná-lo mais propenso a experimentar o estressor que, por sua vez, 
impulsionará a vulnerabilidade genética e, assim, o transtorno. Em outras 
palavras,enquanto no modelo diátese-estresse o sujeito é apenas vulnerável 
em função de sua configuração genética, no segundo modelo, modelo 
recíproco gene-ambiente, o sujeito tende a buscar o estressor naturalmente. 
 Em função desses últimos dois modelos, podemos dizer que a 
reatividade depende, entre outras coisas, das condições estruturais e 
biológicas do organismo. Entende-se por reatividade a nossa reação 
fisiológica ao estresse, que varia com o indivíduo e afeta nossa vulnerabilidade 
à doenças. 
 
Avaliação Cognitiva do Estresse 
 Para Richard Straub (2014), o modelo mais influente que descreve o 
estresse como processo é o modelo transacional (também chamado de modelo 
relacional), proposto por Richard Lazarus e Suzam Folkman (1984). A ideia 
fundamental subjacente a esse modelo é que não podemos compreender 
completamente o estresse examinando eventos ambientais (estímulos) e 
pessoas (respostas) como entidades separadas; em vez disso, devemos 
considera-los em conjunto como uma transação, na qual cada indivíduo deve 
se ajustar de forma contínua aos desafios do cotidiano. O Estresse é um 
processo desencadeado sempre que os estressores excedem os recursos 
pessoais e sociais que o indivíduo é capaz de mobilizar para enfrenta-los. Se os 
recursos de enfrentamento forem suficientemente fortes, não haverá estresse, 
mesmo que – para outra pessoa – a situação pareça insuportável. No entanto, 
se os recursos de enfrentamento forem fracos e ineficazes, haverá estresse, 
mesmo que para outro indivíduo – as demandas da situação possam ser 
cumpridas com facilidade. 
 Lazarus (Straub, 2014) acredita que as transações entre as pessoas e 
seus ambientes sejam motivadas pela avaliação cognitiva que fazemos de 
estressores potenciais. A avaliação cognitiva envolve analisar: 
i. se uma situação ou um evento ameaça o bem estar do 
indivíduo; 
																																																								
1	Modelo	 teórico	 que	 sugere	 que	 certas	 características	 específicas	 tornar	 os	
indivíduos	mais	propensos	a	psicopatologia	após	o	início	dos	eventos	estressantes	
do	 ambiente.	 Essas	 características	 seriam,	 portanto,	 fatores	 de	 vulnerabilidade	
(diáteses).	
	
	
33 
ii. se existem recursos pessoais suficientes disponíveis 
para lidar com a demanda; e 
iii. se a estratégia da pessoa para lidar com a situação ou o 
evento está funcionando. 
Segundo esse modelo, o sujeito, diante da identificação de um potencial 
estressor, procede a avaliação primária. Essa avaliação é a determinação 
inicial que alguém faz do significado de um evento como irrelevante, benigno- 
positivo ou ameaçador. Após essa classificação, procede a avaliação 
secundária, que consiste na determinação que alguém faz de seus próprios 
recursos e capacidades, verificando se são suficientes para cumprir com as 
demandas de um evento avaliado como potencialmente ameaçador ou 
desafiador. Após essa avaliação secundária o sujeito emite comportamentos 
para enfrentar, fugir ou esperar (paralisar) diante do problema. Ocorre, por 
fim, a fase cognitiva da reavaliação cognitiva, que é o processo pelo qual os 
eventos potencialmente estressantes são reavaliados de forma constante. 
 
 
Enfrentamento focalizado na emoção ou no problema 
 
Falar de manejo do estresse é falar de duas coisas, uma é do coping 
outra é das teorias específicas que buscam explicar para o gerenciamento do 
estresse (em especial no contexto do trabalho). Começaremos falando um 
pouco de coping. 
O conceito de coping vem sendo definido como o conjunto de 
estratégias que as pessoas se valem para lidar com situações estressantes ou 
adversas. Você tem de saber alguns pontos fundamentais sobre o coping. O 
primeiro é que o coping é um processo ou uma interação que se dá entre o 
indivíduo e o ambiente e sua função é administrar a situação estressora, ao 
invés de controle ou domínio da mesma. Os processos de coping pressupõem 
a noção de avaliação do indivíduo que está passando pela situação, ou seja, 
como o fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado. 
Além disso, o processo de coping expressa-se pela mobilização de esforço, 
através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e 
comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as 
demandas internas ou externas que surgem da situação estressora. Coping é 
visto como um mediador entre um estressor e o resultado proveniente desse 
estressor (Folkman e Lazarus, 1980; Peterson, 1989). 
O tema em questão vendo sendo estudado pelas mais diversas áreas da 
psicologia Desde o início do século XX, pesquisadores vinculados à psicologia 
	
3 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
do ego têm concebido o coping, como correlato aos mecanismos de defesa, 
motivado interna e inconscientemente sendo, então uma forma de lidar com 
conflitos sexuais e agressivos (Vaillant, 1994). 
Mais posteriormente, alguns eventos foram considerados como sendo 
desencadeadores dos processos de coping e estes foram classificados segundo 
uma hierarquia que ia desde o mais inadaptado até o mais maduro. Desta 
forma, os autores que seguiam essa perspectiva acreditavam que os processos 
de enfrentamento eran estáveis ao longo da vida de um indivíduo e eram 
classificados segundo a lógica patologia versus saúde. 
A partir da década de 60, e até as duas décadas posteriores, uma 
segunda geração de pesquisadores apontou para uma nova perspectiva com 
relação ao coping. Esta nova tendência procurou dar ênfase aos 
comportamentos de copinge seus determinantes cognitivos e situacionais. 
Pesquisadores passaram a conceituar coping como um processo transacional 
entre a pessoa e o ambiente, com foco no processo, tanto quanto em traços de 
personalidade. Esta época foi caracterizada por importantes avanços na área, 
que produziram inúmeras publicações, em especial pelo grupo de Lazarus e 
Folkman. Uma terceira geração de pesquisadores têm se voltado para o estudo 
das consonâncias s entre coping e personalidade. Esta tendência foi 
impulsionada, em parte, acumulação de evidências que indicam que fatores 
situacionais não são adequadas de explicar toda a variação nas estratégias de 
coping utilizadas pelos indivíduos. Por outro lado, o interesse despertado pela 
credibilidade científica dos estudos sobre traços de personalidade, em 
especial, do modelo dos Cinco Grandes Fatores tem expandido os estudos 
nesta direção (Antoniazzi, 2009). 
As estratégias de coping refletem ações, comportamentos ou 
pensamentos usados para lidar com um estressor. Segundo Folkman e 
Lazarus (1980), estas estratégias podem ser agrupadas em duas categorias: 
dependendo de sua função. O coping focalizado na emoção é definido 
como um esforço para orientado ao nível somático ou emocional. Fumar um 
cigarro, tomar um tranquilizante, assistir a um filme, sair para correr, são 
exemplos de estratégias dirigidas a um nível somático de tensão emocional. O 
papel destas estratégias é reduzir a sensação física desagradável de um estado 
de stress. Assim, o foco dessa estratégia são os produtos emocionais causados 
pela situação estressante. 
O coping focalizado no problema constitui-se, por outro lado, em 
um esforço para agir na situação que gerou o estresse, na tentativa de alterá-
la. pessoa e o ambiente que está causando a tensão. A ação de coping pode ser 
direcionada interna ou externamente. Quando o coping focalizado no 
problema é dirigido para uma fonte externa de estresse, abarca estratégias tais 
como negociar para resolver um conflito interpessoal ou solicitar ajuda prática 
de outras pessoas. O coping focalizado no problema, e dirigido internamente, 
geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por exemplo, a re-
delimitação do elemento estressor. 
	
	
35 
 Para Richard Straub, podemos fazer a seguinte diferenciação: 
Estratégias de Enfrentamento 
Enfrentamento focalizado na 
emoção 
Enfrentamento focalizado no 
problema 
estratégia de enfrentamento em que a 
pessoa tentacontrolar a resposta 
emocional a um estressor. 
estratégia de enfrentamento para 
lidar diretamente com um estressor, 
na qual são reduzidas as demandas do 
estressor ou aumentados os recursos 
para atender a essas demandas. 
 
 
A dor Crônica 
 
 Destaco dois breves trechos de artigos para complementarmos seus 
estudos. 
 
OS ASPECTOS MULTIDIMENSIONAIS DAS DORES CRÔNICAS 
A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, International 
Association for the Study of Pain), conceitua dor como sendo "uma 
experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a uma lesão 
tecidual atual, potencial, ou descrita em termos de tal lesão". Já McCaffery em 
uma visão mais humanística, diz que "dor é o que o paciente diz ser, e existe 
quando ele diz existir", colocando uma ideia de uma experiência pessoal e 
peculiar a cada indivíduo. Ferreira F (2004), modificada por Marquez JO 
(2008), procura uma conceituação mais abrangente, referindo que "dor é a 
consciência de uma sensação nociceptiva, induzida por estímulos químicos ou 
físicos, de origem exógena ou endógena, assim como por disfunções 
psicológicas, tendo como base um mecanismo biopsicossocial, causando 
emoções normalmente desagradáveis, com possibilidades de variáveis graus 
de comportamentos aversivos". 
 
DORES AGUDAS E DORES CRÔNICAS 
É importante diferenciar as dores agudas das crônicas. As dores agudas 
são consideradas fisiológicas, como um sinal de alerta, da maior importância 
para a sobrevivência. Tem duração limitada no tempo e espaço, cessando com 
a resolução do processo nóxico. 
	
3 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
 Já as dores crônicas não têm a finalidade biológica de alerta e 
sobrevivência e podemos dizer que se constituem como verdadeiramente uma 
doença. Com relação ao aspecto temporal, as definições variam quanto sua 
conceituação, da duração de mais de três ou seis meses, ou as que persistem 
após a cura da lesão inicial. Algumas vezes não se consegue um nexo causal, o 
que não invalida o seu diagnóstico e sua existência. 
[...] 
O entendimento da dor não deve se limitar a sua expressão 
neurosensitiva, e sim também como uma mensagem emocional, uma metáfora 
perceptiva. Pode ser uma sensação adaptativa, um alerta precoce para 
proteger o corpo de lesões teciduais, ou eventualmente ser uma má adaptação, 
refletindo um funcionamento patológico do sistema nervoso. De tal forma que 
existe a dor como uma experiência sensitiva e a dor como uma metáfora 
perceptiva de sofrimento, de aflição ou mágoa. Pode ser como um sistema de 
alarme ativado para impedir danos ao organismo. Essa nocicepção é ativada 
somente por estímulos lesivos, atuando em receptores especializados. A 
nocicepção uma vez presente, após o desaparecimento do sinal de alarme, 
toma características motivacionais, semelhantes à fome, sede ou desejo 
sexual. O limiar para despertar a dor tem que ser elevado o suficiente para que 
a mesma seja evocada, antes que ocorra lesão tecidual. Esse limiar não é fixo e 
pode ser alterado tanto para mais como para menos, podendo ser tanto 
adaptativo, como mau adaptativo. Mudanças no limiar de dor e da capacidade 
de resposta são expressões de neuroplasticidade, que é a maneira biológica 
pela qual, mudanças no sistema nervoso podem modular as respostas a 
qualquer estímulo. Essa plasticidade caracteriza essencialmente as síndromes 
clínicas dolorosas. 
 
MODULAÇÃO DA DOR 
A dor não depende somente da natureza e da intensidade do estímulo. 
É influenciada por fatores psicossociais e neurosensitivos. Sofre uma 
modulação no sistema nervoso central, e da interação entre os estímulos 
nociceptivos e fatores moduladores é que resulta a experiência neurosensitiva 
da dor. A qualidade e a quantidade da dor dependem (e varia de pessoa para 
pessoa) do entendimento da situação geradora da dor, experiência prévia com 
o desencadeador álgico, cultura, da atenção, ansiedade e capacidade da pessoa 
em se abstrair das sensações nóxicas (distração) e dos sentimentos de controle 
da dor. 
 
	
	
37 
 
 [...] 
Sendo o corpo um reflexo social, torna-se impossível atribuir a ele, no 
seu comportamento, processos exclusivamente biológicos, sendo assim 
simbólico de todo um processo social. Desse modo, a doença torna-se uma 
construção social, e as crenças sobre o significado e a importância da dor, e 
contexto onde ocorrem as emoções associadas, acaba afetando a sensação 
dolorosa. 
Os pacientes podem se apresentar ansiosos, agressivos, deprimidos, 
discordarem dos diagnósticos, manifestarem efeitos adversos inexplicáveis. 
Por sua vez, o terapeuta pode então reagir com sentimentos negativos, 
enfraquecendo sua relação terapêutica com o paciente. Os questionamentos 
sobre as causas de que pacientes "mais ou menos semelhantes", com 
diagnósticos e tratamento semelhantes, possam apresentar resultados 
diferentes, não tem resposta no modelo biomédico convencional. 
Fonte: MARQUEZ, Jaime Olavo. A dor e os seus aspectos 
multidimensionais. Cienc. Cult.[online]. 2011, vol.63, n.2 [cited 2013-07-03], 
pp. 28-32 . Available from: 
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252011000200010&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0009-6725. 
 
 
	
3 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R 
 
Sobre o tratamento da dor crônica: 
O modelo integrado de assistência multidisciplinar deve moldar-se à 
natureza complexa e multidimensional da dor e implicar a formulação 
individualizada de planos diagnósticos e terapêuticos que freqüentemente 
exigem a adoção de várias modalidades de intervenções concomitantes ou 
seqüenciais, multiponto e multimodais. 
"Os programas mais eficazes de controle da dor são programas 
multidisciplinares que combinam intervenções cognitivas, físicas, e 
emocionais da terapia cognitivo-comportamental com o uso racional de 
drogas analgésicas. Os objetivos de programas desse tipo estendem-se além do 
controle da dor, e buscam restaurar a qualidade de vida geral do paciente, 
diminuindo o enfoque na medicação, restaurando os níveis de atividade e 
aumentando o bem-estar psicológico e social".(STRAUB, Richard, 2005, 
p.492) 
Portanto, o controle dos sintomas, a melhora do conforto, a 
modificação do simbolismo da dor, a normalização ou a restauração das 
funções físicas, psíquicas e sociais dos doentes, a maximização dos potenciais 
remanescentes, a prevenção da deterioração das condições físicas e 
comportamentais são algumas metas a serem atingidas no tratamento de 
doentes com dor crônica. O objetivo do tratamento é a melhora da qualidade 
de vida e a reintegração biopsicossocial dos doentes. Para isso é necessário 
que não entendamos a dor como um fato isolado, como um simples produto 
de uma disfunção orgânica, mas sim como um resultante de diversos fatores 
singulares interpretados de formas distintas por cada um de seus portadores. 
Fonte: DOURADO, Cibelle Marchi de Ângelo, PERUZZO, Ana Elisa Feracini, 
SILVA, Suellen dos Santos, FACO, Vanessa Maques Gibran. Dor crônica: uma 
explanação sobre seus aspectos. Disponível em: 
http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_48982/artigo_sobre_dor_cr
%C3%94nica:_uma_explana%C3%87%C3%83o_sobre_seus_aspectos 
 
 
Manejo da Dor 
A sensação de dor é uma experiência difusa e inerente ao sistema 
nervoso, sendo o componente de resposta ao ferimento menos compreendido. 
Isto porque ela é uma experiência subjetiva (que se baseiam em expectativas, 
que por sua vez, se originaram de experiências passadas). Quando o 
estímulo da dor é interpretado pelo cérebro, a percepção dela depende de 
fatores pessoais, sociais e biológicos. A dor é um mecanismo para proteger o 
corpo. Assim, quando a mão de uma pessoa queima e ela sente dor, esta serve 
para que a pessoa perceba que os tecidos de seu corpo estão em perigo. 
	
	
39 
Contudo, a dor pode existir mesmo sem um agente externo, tornando-se um 
problema 
 
1. Tipos de dor: 
a) Dor aguda: Uma sensação de curta duração (menos de 6 
meses), em resposta

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