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Alyson Barros Aula 08 06 de novembro Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram o curso. Não adianta sair para protestar contra a corrupção dos outros quando não damos o exemplo. Faça o bom uso desse material de acordo com as instruções aqui oferecidas. Novembro 2015 08 Fall 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Processo de adoecimento. A definição do processo saúde-doença é basilar para a compreensão de como as práticas de saúde se organizam hoje em dia. Isso ultrapassa as fronteiras da psicologia e alcança as ciências ligadas à saúde, o mercado de trabalho e, com maior ênfase, a ação pública de saúde preconizada no Sistema Único de Saúde. Vamos começar estudando as diferentes definições de saúde presentes na literatura. Critérios de normalidade Estudamos isso muito na área de psicopatologia, e, fazendo as devidas adaptações, podemos estender á saúde. 1- Saúde como ausência de doença. Nesse sentido temos a definição de saúde por uma via negativa, ou seja, conceitua-se a saúde por aquilo que ela não é, sem afirmar o que ela é. 2- Saúde como normalidade ideal. Esta concepção parte do pressuposto de uma norma ideal tomada arbitrariamente, constituída e referendada socialmente e, portanto na dependência de critérios socioculturais e doutrinários de uma dada sociedade. Ex.: adaptação do individuo as normas morais e políticas de determinadas sociedades. 3- Saúde estatística. Nessa concepção o critério de normalidade está fixado a normas e frequências de um dado acontecimento, sendo considerados anormais ou doentes, aqueles indivíduos que se situam estatisticamente fora de uma dada curva tida como normal. É um critério também falho em psicopatologia, pois nem tudo que é frequente em uma determinada sociedade é necessariamente saudável. 4- Saúde como bem-estar Corresponde à definição dada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, na qual a saúde corresponde ao completo bem estar físico, mental e social. É um conceito amplo e de restrita aplicação, uma vez que a concepção de bem estar varia de indivíduo para indivíduo e, 3 portanto, não traz em si uma objetividade e a adjetivação de completo é por si só utópica. 5- Saúde funcional. Baseia-se em aspectos funcionais, não necessariamente qualitativos e é patológico no momento em que a disfunção promove sofrimento para o individuo ou para o seu grupo social. 6- Saúde como processo. Consideram-se nesse caso os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, as desestruturações e reestruturações ao longo do tempo, crises, mudanças próprias a certos períodos etários. É um critério particularmente útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátrica. 7- Saúde subjetiva. A ênfase é dada à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde e as suas vivencias subjetivas. 8- Saúde como liberdade. Nesse conceito a saúde mental, em especial, corresponde à possibilidade do indivíduo transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental corresponderia a um constrangimento ou fechamento das possibilidades existenciais. Trata-se de uma colocação de autores de orientação fenomenológica e existencial. 9- Saúde operacional. Trata-se de um conceito pragmático, com definições de normalidade e patologia dadas previamente, com vistas a um fim específico, no qual se acatam as consequências de uma definição apriorística. Saúde e Doença O modelo biomédico da saúde, enfatizado no século XIX e XX, apresenta uma concepção de saúde entendida como a ausência de doença. Essa perspectiva, associada às distorções de mercado, proporcionou um modelo de atenção bastante limitado. Para esse modelo toda doença ou desordem física pode ser explicada por modificações no processo fisiológico resultante de lesões, desequilíbrios bioquímicos, infecções bacterianas ou virais e similares. Apesar de ser um modelo que fortalece a atuação do médico nos cuidados à saúde, desconsidera os aspectos psicológicos e sociais envolvidos no processo de adoecimento. Ela desconsidera o valor da experiência subjetiva do paciente na sua implicação na promoção e prevenção, assim como na adesão ao tratamento. 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Esse modelo ainda existe, mas com menor força, dentro da psicologia. Porém, perdeu muito espaço para um modelo decorrente dos movimentos sanitários que culminaram na Constituição Federal de 1988. Na psicologia, essa abordagem humanística examina os comportamentos e experiências e tem como objetivo desvelar significados e interpretações subjacentes. A cognição é o processo intermediário entre o organismo e a realidade, e, por isso, justifica a atuação do psicólogo junto a outros profissionais da saúde. A experiência humana de adoecer e de promover a saúde torna-se, assim, complexa e contextualizada socialmente, historicamente e psicologicamente. Como podemos perceber, o processo saúde-doença é entendido atualmente como um tipo de entendimento acerca da saúde e do adoecimento de pessoas ou grupos a partir de uma perspectiva consiliente. Ou seja, uma perspectiva complexa que envolve tanto fatores físicos e médicos quanto sociais e psicológicos. Essa visão difere da visão antiga e monocausal do modelo biomédico. Perceba que o conceito de multicausalidade não exclui a presença de agentes etiológicos numa pessoa como fator de aparecimento de doenças. Ele vai além e leva em consideração o psicológico do paciente, seus conflitos familiares, seus recursos financeiros, nível de instrução, entre outros. Esses fatores, inclusive, não são estáveis; podem variar com o passar dos anos, de uma região para outra, de uma etnia para outra. Sobre isso, reza o Art. 3° da Lei 8.080: Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. Viu como estamos na moda? Ainda sobre a atuação consil iente da psicologia da saúde Esse trecho resume parte do que foi tratado até aqui. A perspectiva da integralidade da saúde coloca, para a formação e a atuação prática do(a)s profissionais, o desafio de não dicotomizar a atenção individual da coletiva, a qualidade de vida (biologia) com o andar da vida (produção subjetiva), a atenção à saúde igualitária e com a eqüidade dos trabalhos educativos junto à população. Para isso, é necessário efetivar o trabalho em equipe multi e interdisciplinar desde o processo de formação 5 profissional e estabelecer estratégias de aprendizagem que favoreçam o diálogo, a troca, a transdisciplinaridade entre os distintos saberes formais e não formais que contribuam para as ações de promoção da saúde, tanto no âmbito individual como no âmbito coletivo. Por isso, a discussão da integralidade e dos demais princípios do SUS perpassa pela formação profissional e educação permanente das equipes de saúde. (MACHADO et al., 2007). As práticas profissionais explicitam a(s) concepção(ões) de saúde assumida(s) pelos profissionais que compõem as equipes. Uma possibilidade é ter como pressuposto que a dialética saúde-doença integra as dimensões da biologia, da ecologia, da sociologia, da economia,da cultura, da subjetividade de cada ser humano e dos valores e significações que são atribuídos à vida expressas na subjetividade social. Essa concepção permite romper uma visão ideológica de saúde e doença, onde elas aparecem como responsabilidade única e exclusiva do indivíduo (vale lembrar que a concepção que se sobressai no campo das DST/ aids é a biomédica, segundo a pesquisa desenvolvida a respeito das práticas profissionais dos psicólogos em políticas públicas pelo CFP (2007, p. 5), e as questões sociais, culturais e históricas ficam reduzidas às ações individuais, como pode ser observado no imaginário popular onde grassam concepções de doença como culpa, castigo por ações ou omissões individuais próprias e/ou de parentes próximos). (BERLINGUER, 1988). Os limites à saúde podem ocorrer devido a mal-estar, insegurança social, estresse, tensões no ambiente social, déficits orgânicos, problemas ambientais e ecológicos. Disso decorre que a saúde demanda um projeto social com as dimensões econômica, política, social, médica e psicológica (SAN MARTIN, 1986; ILLICH, 1981; COHN et al., 1991). É essa perspectiva integrativa e plural que permite falar da Psicologia na saúde. A saúde não é dada, mas é uma conquista de cada um/a, da comunidade e da sociedade em geral, e expressa a subjetividade individual e social de um determinado momento histórico. Cabe à Psicologia importante papel como facilitadora do desenvolvimento desse projeto individual e coletivo que possibilite saúde e qualidade de vida aos cidadãos. Promover saúde e cidadania é um processo que capacita a população a ter controle e a desenvolver sua própria qualidade de vida, portanto, está diretamente relacionada com a construção da subjetividade individual e social expressas no desenvolvimento da consciência individual e do grupo. Nesse sentido, envolve o trabalho com toda a população, e não só com a população em situação de vulnerabilidade aumentada. (AYRES, 1997; BRASIL, 1999a, 2000a). Fonte: Referências Técnicas Para a Prática do(a) Psicólogo(a) nos Programas de DST e AIDS. 2008 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Diferenças elementares entre Doenças agudas e doenças crônicas A diferenciação é bastante simples. Para classificarmos uma doença como aguda ou crônica, basta seguir a tabela abaixo. Doença aguda Doença crônica -início súbito - evolução rápida - tempo de duração geralmente maior que seis meses. - tendência de mudança de limiar de dor e estresse - tendência a gerar mais estresse, afetar família, trabalho, etc. Ficou fácil, não foi? Nem tanto, pois ainda precisamos diferenciar os aspectos psicológicos entre esses dois tipos de doenças. Farei isso em forma de pergunta e resposta. Pergunta: Ok? Resposta: ok. Pergunta: Qual tipo de doença elicia reações psicológicas mais graves? As doenças graves crônicas ou agudas? Resposta: Não podemos dizer que as respostas psicológicas de um será mais grave que o outro, pois isso depende de cada caso. Combinado? Pergunta: E qual dos dois tipos apresentados necessita de mudança na rotina do paciente? Necessita de mudança e/ou aprendizado de novas competências? Resposta: As doenças crônicas necessitam, via de regra, da adaptação do paciente à novas rotinas (remédio, tratamento, limitações, etc.) e novos aprendizados. Pergunta: Quais os aspectos psicológicos gerais que temos nas doenças? Resposta: Se entendermos por aspectos psicológicos as consequências negativas do processo de adoecimento, teremos como exemplos: ansiedade, medo e depressão, tendência a somatização, etc. Se entendermos o conceito de aspecto psicológico de forma mais ampla, teremos desde o modo como o processo será enfrentado até a aceitação da limitação ocasionada. Nesse sentido mais amplo, toda doença, crônica ou aguda, possui um condicionante 7 psicológico que pode ser consequência da doença e pode, ao mesmo tempo, piorar a patologia em si. Conceitos Epidemiológicos O que é uma enfermidade aguda? O que é uma enfermidade crônica? Elaborei dois quadros bem sintéticos para explicar esse e outros conceitos e já aviso que na sua leitura dos quadros, você deve ter em mente um panorama geral das enfermidades. Não se atenha a uma doença ou outra. A elaboração dos quadros limitou-se a diferenciar as características mais comuns, isso não quer dizer que as mesmas são absolutas para todo caso. Vamos lá. Enfermidades Agudas Definição Exemplos São enfermidades de curta duração, tem um curso acelerado de evolução e podem terminar com a convalescença, morte ou remissão total em menos de três meses. Gripe Sarampo Catapora Coqueluche Caxumba Constipação Infecções gastrointestinais Pneumonia Meningite Trauma físico Enfartes Hemorragias Fraturas e fissuras ósseas Episódios únicos de ansiedade Doenças diarreicas agudas Infecção alimentar Início Súbito Etiologia Conhecida, essas enfermidades são geralmente causadas por quadros infecciosos. Duração Duração Curta Evolução da Enfermidade - Remissão total - morte em curto período de tempo Consequências da Enfermidade 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Em caso de remissão os efeitos da enfermidade cessam e o sujeito volta a sua condição inicial de saúde, condições mentais e sociais. Tratamento Intervenção medicamentosa e utilização de recursos tecnológicos Ação da equipe de Saúde Controle da situação Aspectos Sociais e Psicológicos Do ponto de vista social o sujeito apresenta maior aceitação sobre sua condição momentânea assim como suas limitações. O sujeito é passivo diante de sua própria condição. Do ponto de vista psicológico, o sujeito enfermo entende que não é a causa do problema apesar de se sentir vítima/convalescido. Como é comum percebermos na vida real, as enfermidades agudas possuem uma tendência espontânea à cura, mas o agravamento de algumas pode levar à morte. É importante salientar, ainda, que na fase da convalescência e recuperação, novos picos de sintomas podem ocorrer, assim como, se for o caso, novas infecções. Perceba que quando falamos de enfermidades agudas, não ficamos sujeitos apenas ao conceito de doenças agudas. Aqui devemos ter em mente a condição de enfermidade com duração menor que três meses e que pode ser causada por 9 vários fatores, como vírus, bactérias, acidentes, etc. Em geral, a maioria das doenças agudas caracteriza-se nas seguintes fases: a) Surgimento: tende a ser na maioria dos casos, abrupto ou insidioso. b) Deterioração da condição. c) Alcance do nível máximo dos efeitos sintomáticos. d) Estabilização dos efeitos máximos: fase de manutenção dos sintomas. e) Novos picos. f) Desfecho i. Desaparecimento gradual dos sintomas: convalescência e recuperação. ii. Piora dos sintomas e morte. Enfermidades Crônicas Definição Exemplos Doença crônica é toda aquela condição clínica cuja evolução se processa a longo prazo, com ou sem tratamento. Não põe em risco a vida de um paciente (não a curto prazo), por isso não assume caráter de emergência. O quadro caracterizado como crônico não é causado, necessariamente, por um agente infeccioso. Ele pode ser decorrente de um acidente automobilístico, por exemplo, ou um infarto. Hipertensão arterial sistêmica (ou "pressão alta") Diabetes Mellitus Insuficiência Renal Neoplasias Hepatite Tipo B Vitiligo Artrite Reumatoide Fibromialgia Síndrome de Imunodeficiência Adquirida Trauma Medular Acidente Vascular Cerebral (derrame) LER DORT Cancro Doença hipertensiva Início Benigno e Gradual. Desenvolvimento lento e insidioso. Quando os sintomas graves surgem, a doença já está instalada. Etiologia Etiologia desconhecida, complexa e ambígua. Duração Prolongado: meses ou anos. Evolução da Enfermidade 1 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R- Remissão - Remissão com prejuízos ao organismo - Mantem-se ativa, sem progredir, com redução na qualidade de vida do sujeito - Morte A maioria das doenças autoimunes Tuberculose Lepra, sífilis ou gonorreia. A maioria das parasitoses. Doenças de causas genéticas (raras são agudas) Depressão Esquizofrenia Transtornos de Ansiedade Psoríase Insuficiência Renal Crônica Obesidade Consequências da Enfermidade Muda a rotina, os hábitos, a qualidade de vida e o envolve aspectos psicológicos continuados no seu enfrentamento. Tratamento Multidisciplinar. A maioria das doenças crônicas não tem cura. Ação da equipe de Saúde Controle do ambiente e da progressão da enfermidade, redução de danos, atuação na aderência ao tratamento, conscientização do enfermo e da família, etc. Aspectos Sociais e Psicológicos É comum a negação do problema ou a minimização de seus efeitos. Socialmente a pessoa acometida de enfermidades crônicas pode ser vítima de preconceitos. Sabemos que parte significativa das doenças crônicas é causada pelo estilo de vida da população. A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo esteja acima do peso, por exemplo. Um bom relatório sobre as doenças crônicas no mundo pode ser encontrado aqui: 11 http://www.who.int/chp/chronic_disease_report/part1_port.pdf A doença crônica é caracterizada pelo seu tempo de duração: ultrapassam os três meses de duração. Além disso, enquanto é mais comum encontrarmos vírus e bactérias como causadores das doenças agudas, o estilo de vida e condições de saúde predispõe às doenças crônicas em sua maioria. Isso significa que em sua maioria são não transmissíveis. Apesar disso, encontramos doenças crônicas causadas por vírus, como o exemplo do vírus da vaca louca, que demora mais de 10 anos para manifestar seus sintomas. Essas condições têm como característica principal o fato de não colocarem em risco a vida da pessoa em um prazo curto de tempo, logo não são emergências médicas. Muitas doenças crônicas são assintomáticas ou quase assintomáticas a maior parte do tempo, mas caracterizam-se por episódios agudos perigosos e/ou muito incômodas. Além disso, podem não levar à morte do organismo, mas a piora de outras condições patológicas e psicopatológicas. O tratamento psicológico é mais indicado nesses casos que nos casos de enfermidades agudas em função do prolongamento da condição e dos seus aspectos psicológicos envolvidos. Geralmente é indicado o tratamento a partir de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar. Ainda sobre o conceito de Doenças Crônicas, o Ministério da Saúde adiciona: A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças crônicas as doenças cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus. A OMS também inclui nesse rol aquelas doenças que contribuem para o sofrimento dos indivíduos, das famílias e da sociedade, tais como as desordens mentais e neurológicas, as doenças bucais, ósseas e articulares, as desordens genéticas e as patologias oculares e auditivas. Considera-se que todas elas requerem contínua atenção e esforços de um grande conjunto de equipamentos de políticas públicas e das pessoas em geral. Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis - Promoção da Saúde, Vigilância, Prevenção e Assistência. Série B. Textos Básicos de Saúde. Série Pactos pela Saúde 2006, v. 8. 2008. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/mp3/diretrizes_recomendacoes_ dcnt.pdf Um ponto importante, ainda dentro do conceito de doenças crônicas, é o conceito de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. O Ministério da Saúde definiu o conceito de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. Essas doenças englobam a maioria das enfermidades crônicas e são caracterizadas da seguinte maneira: 1 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Doenças Crônicas Não-Transmissíveis: • Levam décadas para estar completamente instaladas na vida de uma pessoa e têm origem em idades jovens; • Sua emergência é em muito influenciada pelas condições de vida, não sendo resultado unicamente de escolhas individuais; • Têm muitas oportunidades de prevenção devido sua longa duração; • Requerem um tempo longo e uma abordagem sistemática para o trata mento; • Os serviços de saúde precisam integrar suas respostas na abordagem. Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis - Promoção da Saúde, Vigilância, Prevenção e Assistência. Série B. Textos Básicos de Saúde. Série Pactos pela Saúde 2006, v. 8. 2008. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/mp3/diretrizes_recomendacoes_ dcnt.pdf Qual a importância desse conceito de Doenças Crônicas Não- Transmissíveis? É a sua integração com o fenômeno da Transição Epidemiológica. Essa transição ocorreu no Brasil mais acentuadamente nos últimos 20 anos e se caracteriza pelas mudanças ocorridas nos padrões de morte, morbidade e invalidez do cidadão brasileiro. Essa transição se deu por três características básicas: a) Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas. b) Deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens para os grupos mais idosos. c) Aumento da expectativa de vida do cidadão e aumento significativo da morbidade. Em outras palavras, redução da mortalidade e aumento da morbidade. É mais comum, do ponto de vista epidemiológico, encontrarmos alta prevalência de doenças crônicas em países desenvolvidos que em países subdesenvolvidos. Nestes últimos, prevalecem doenças infectocontagiosas. O Brasil passou por uma transição epidemiológica nas últimas décadas e, atualmente, as doenças crônicas matam mais que as enfermidades agudas. 13 Já que falei de morbidade, aproveito para diferenciar alguns conceitos clássicos na área de epidemiologia e que podem confundir: Morbidade: é uma medida de saúde que representa o número de casos de determinada doença, ferimento ou incapacidade em um grupo específico de pessoa em certa época. Mortalidade: é uma medida de saúde que representa o número de mortes decorrentes de uma causa específica em determinado grupo em certo momento. Incidência: número de novos casos de uma doença ou condição que ocorre em determinada população em um intervalo de tempo definido. Prevalência: número total de casos diagnosticados de uma doença ou condição que existe em certo momento. Aspectos psicológicos das enfermidades agudas e crônicas Após essa elucidação de conceitos, adentraremos no fabuloso mundo psicológico da subjetividade humana aplicada às condições agudas e crônicas. Pouca coisa podemos falar em relação aos aspectos psicológicos das enfermidades agudas. Sistematizo as consequências sociais e imediatas na lista a seguir: 1 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Aspectos psicológicos e sociais das enfermidades agudas: a) Momentânea limitação social e profissional b) Expectativa de melhora rápida c) Percepção de controle sobre os fatores de causa da enfermidade d) Percepção de controle sobre os fatores de tratamento da enfermidade e) Percepção de controle sobre a retomada da vida normal Como já é possível adiantar, as enfermidades agudas, do ponto de vista psicológico, tendem a se caracterizar mais pela sensação de controle do enfermo sobre sua própria condição que as condições crônicas. Nesse caso, problemas com o enfrentamento do diagnóstico e até a adesão ao tratamento são menos comuns se compararmos com as doenças que se estendem por mais tempo e apresentam um potencial incapacitante de longo prazo. Por outro lado, quando falamos de enfermidades crônicas, o aspecto psicológico se torna fator preponderante no tratamentoe enfrentamento da condição. E isso justifica a maior intervenção de psicólogos na intervenção primária e secundária de atenção à saúde da população, de preferência, em uma equipe interdisciplinar. O fator psicológico está presente em diferentes fases das enfermidades crônicas: a) Antes do surgimento da enfermidade b) Durante o desenvolvimento e evolução da enfermidade c) Durante a estabilização da enfermidade d) No tratamento da enfermidade e) Na recuperação da enfermidade f) Na redução das consequências da enfermidade. Essa classificação simples não tem ainda um quadro psicológico específico correlato, pois, além de ter sido eu que criei, varia de acordo com a doença, com os recursos psicológicos do paciente e do modo como o acompanhamento/tratamento é ofertado. Porém, serve para entender que os aspectos psicológicos envolvidos variam de acordo com a fase de desenvolvimento da enfermidade. Sobre o momento do diagnóstico e as consequências deste no tratamento, é fundamental a participação do psicólogo no acompanhamento do paciente. Como exemplo, podemos pensar no processo de diagnóstico do Diabetes Mellitus: 15 Após o diagnóstico, é frequente ocorrer uma série de crises pessoais. Num primeiro momento, muitos doentes experimentam sintomas de depressão e de ansiedade, angústia, stress, isolamento social, raiva, apreensão, irritabilidade, frustração e pessimismo em relação ao futuro (Marcelino Carvalho, 2005; Pitts Phillips, 1998; Silva, 2006). Num segundo momento, são frequentes as reacções de negação, de catastrofização da situação ou ênfase nos piores aspectos da doença. Ao longo do desenrolar da progressão da doença parecem predominar reações de medo relacionado com as crises de hipo ou hiperglicemia ou com as sequelas crónicas (Marcelino Carvalho, 2005; Pitts Phillips, 1998; Silva et al., 2003; Casalenuovo, 2002, Jacobson, 1996, 2002, citados por Silva, 2006). Neste sentido, o psicólogo pode desempenhar um papel importante na equipa de saúde, trabalhando com o doente os processos psicológicos associados às alterações do seu estado de saúde, às crises pessoais e às mudanças de comportamentos de risco necessárias. Este apoio técnico (e.g. psicoterapia de apoio, entrevistas motivacionais de modificação de comportamentos, aconselhamento psicológico, intervenção psicológica em grupo, projectos de cuidados continuados), constitui um suporte adicional para a prevenção de implicações agudas, para a educação e a promoção de estilos e comportamentos saudáveis, a fim de diminuir o risco de complicações futuras da doença e promover uma melhor adaptação dos sujeitos diabéticos à doença (Marcelino Carvalho, 2005; Silva, 2006; Trindade Teixeira, 2000). Fonte: ANTÓNIO, Patrícia. A psicologia e a doença crónica: Intervenção em grupo na diabetes mellitus. Psicologia, Saúde e Doenças. 2010, 11 (1), 15-27. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/psd/v11n1/v11n1a02.pdf Sabemos, entre outras coisas, que é mais comum que pacientes acometidos de enfermidades crônicas desenvolvam quadros psicopatológicos que acometidos por condições de curta duração. Sobre isso: Ao avaliar populações portadoras de doenças crônicas variadas, diversos autores percebem que é mais frequente a presença de quadros psiquiátricos em tais grupos, quando comparados à população em geral. Os problemas mais frequentemente descritos são quadros depressivos, ansiosos, ou sintomas psiquiátricos variados (como insônia, inapetência, desânimo, delírios e alucinações, prejuízo cognitivo), muitas vezes secundários à própria doença ou decorrentes dos efeitos colaterais de tratamentos instituídos. Isso compromete mais ainda o tratamento desses pacientes, e demanda um diagnóstico precoce e terapêutica imediata, sob risco de piorar tanto a evolução do quadro de base, quanto a qualidade de vida desse indivíduo. Fonte: KUCZYNSKI, Evelyn. Repercussões Psiquiátricas em Doenças Crônicas. Disponível em: http://emedix.uol.com.br/doe/psi011_1f_dcronicapsiq.php 1 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Como consequências das enfermidades crônicas, temos a apresentação de sintomas psicológicos, como traços de depressão, e o desenvolvimento de condições psiquiátricas mais sérias, como a instalação da depressão em si. Alguns tipos de sintomas psicológicos variam também de acordo com a idade. No caso da depressão, por exemplo, podemos observar uma tendência de substituição dos sintomas somáticos por sintomas psicológicos, mais específicos, à medida que a criança vai crescendo. As consequências das condições crônicas, do ponto de vista psicológico, são quase inesgotáveis. Como exemplo, destaco uma lista das consequências psicológicas da leucemia e insuficiência renal em crianças e adolescentes, apresentado por Cunha (2007): Consequências psicológicas em crianças e adolescentes com leucemia ou insuficiência renal crônica terminal. Irritabilidade Tristeza Variações de humor Tédio Choro fácil Apatia Fadiga Queixas somáticas Perda de peso Concentração fraca Isolamento Inabilidade em se divertir (anedonia) Declínio ou fraco desempenho escolar Sintomas de ansiedade associados ao quadro de humor (ansiedade de separação, fobias ou medo de morrer). Queda no rendimento escolar Insônia e sintomas psicóticos congruentes com o humor. Perda de energia, apatia e desinteresse Retardo psicomotor Sentimentos de desprezo e culpa Alterações do apetite Fonte: Adaptado de CUNHA, Juliana de Oliveira Carneiro. Transtornos Depressivos em Crianças Portadoras de Leucemia Linfóide Aguda ou de Insuficiência Renal Crônica Terminal. Instituto Materno. Programa De Pós- Graduação Em Saúde Materno-Infantil. 2007. Disponível em: http://www.imip.org.br/site/ARQUIVOS_ANEXO/mestrado%20juliana;;200 71130.pdf Modelos Psicossociais de enfrentamento de doenças Abordaremos, a seguir, três modelos de enfrentamento das condições crônicas. São os modelos mais conhecidos que versam tanto sobre o modo 17 como o paciente se motiva para o engajamento ao tratamento da condição até como enfrenta a notícia de doença terminal. Vejamos: Estágios Motivacionais de Prochaska DiClemente - 1986 Modelo transteórico utilizado para explicar os estágios motivacionais identificáveis nas fases de mudança do paciente em relação à sua condição crônica. Essa é a base do modelo conhecido como Entrevista Motivacional. Podemos entender que a evolução motivacional do paciente pode representar o processo de mudança como uma espiral, que pressupõe movimento, em que as pessoas podem progredir ou regredir sem ordenação lógica. A grande importância do reconhecimento da etapa do processo de mudança no indivíduo é estimar o seu envolvimento no processo e tomar decisões sobre a metodologia a ser utilizada na abordagem de forma mais personalizada, realista e fundamentada. Segundo os autores, são 5 os estágios motivacionais: A Pré-contemplação é um estágio em que não há intenção de mudança nem mesmo uma crítica a respeito do conflito envolvendo o comportamento problema. De um modo geral, a pessoa neste estágio sequer encara o seu comportamento como um problema, podendo ser chamado 'resistente' ou 'em negação'. Por exemplo, no caso da atividade física, um critério para diagnóstico desta fase seria o sedentarismo e a ausência de intenção de tornar-se ativo nos próximos 6 meses. O objetivo da ação é a conscientização e a estratégia de apoio é o desenvolvimento de pensamentos sobre mudança, riscos e benefícios. A Contemplação se caracteriza pela conscientização de que existe um problema, no entanto apresenta dificuldades para a ação da mudança. O contemplador considera a mudança, mas ao mesmo tempo a rejeita e é nesta fase que a ambivalência, estando no seu ápice, deve ser trabalhada para possibilitar um movimento rumo à decisão de mudar. Ainda no caso da atividade física, um critério para diagnósticodesta fase seria o sedentarismo, mas pensando frequentemente em tornar-se ativo, provavelmente nos próximos 6 meses. O objetivo da ação é o encorajamento e as estratégias de apoio são informação, educação em saúde, diminuição de barreiras, levantamento de questões e reflexões sobre as mesmas. Na Preparação, a pessoa está pronta para mudar e compromissada com a mudança. Faz parte deste estágio, aumentar a responsabilidade pela mudança, avaliar recursos disponíveis e elaborar um plano específico de ação. O objetivo da ação é a negociação e as estratégias de apoio são: criar auto- imagem, compromisso, facilitar envolvimento de participação social. 1 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R A Ação se dá quando o sujeito escolhe uma estratégia para a realização desta mudança e toma uma atitude neste sentido, usando o apoio como um meio de assegurar-se do seu plano, para ganhar auto-eficácia e finalmente para criar condições externas para a mudança. O objetivo da ação é o compromisso e as estratégias de apoio são: reforços, mobilizar suporte social e introdução de alternativas. É preciso salientar que nem sempre um cliente que busca recurso encontra-se no estágio de Ação. A Manutenção é o estágio onde se trabalha a prevenção à recaída e a consolidação dos ganhos obtidos durante a Ação. O grande teste para comprovar-se a efetividade da mudança, é a estabilidade neste novo estado por anos. No processo de mudança, tradicionalmente, Manutenção é vista como um estágio estático, porém, trata-se de um estágio dinâmico, pois se entende como a continuação do novo comportamento para a mudança que demora algum tempo para se estabelecer. O estágio de manutenção pode e deve ser estimulado por toda a vida. Aqui o foco do trabalho é manter os ganhos do tratamento evitando a recaída do comportamento anterior. As estratégias de apoio são: resistir à tentação, integração num grupo, recompensas. A Recaída é um aspecto essencial a ser entendido quando se fala em mudança de hábito. Muitas pessoas acabam recaindo e tendo que recomeçar o processo novamente. Nem sempre o recomeço ocorre pelo estágio inicial. Muitas pessoas passam inúmeras vezes pelas diferentes etapas do processo para chegar ao término, isto é, uma mudança mais duradoura. Em termos médicos, recaída seria a 'recorrência dos sintomas da doença, após um período de melhora'. Adaptando este conceito, a recaída seria então 'um retomo a níveis anteriores do comportamento, seguido de uma tentativa de parar ou diminuir o mesmo, ou apenas “o fracasso de atingir objetivos estabelecidos por um indivíduo a pós um período definido de tempo”. É importante encarar a recaída não como um fato isolado, mas sim como uma série de processos cognitivos, comportamentais e afetivos. Da mesma forma, a recaída não pode ser encarada como um fracasso do indivíduo ou do profissional, e sim como parte do processo da mudança. Fonte: http://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1731.pdf Modelo de Kübler-Ross de enfrentamento da morte Segundo esse modelo, quando o paciente se depara com um diagnóstico de enfermidade que o conduzirá à morte, o mesmo passa linearmente por 5 estágios definidos: PRIMEIRO ESTÁGIO 19 Comportamento: Negação e Isolamento Crença: "Isso não pode estar acontecendo." A Negação e o Isolamento são mecanismos de defesas temporários do Ego contra a dor psíquica diante da morte. A intensidade e duração desses mecanismos de defesa dependem de como a própria pessoa que sofre e as outras pessoas ao seu redor são capazes de lidar com essa dor. Em geral, a Negação e o Isolamento não persistem por muito tempo. SEGUNDO ESTÁGIO Comportamento: Raiva Crença: "Por que eu? Não é justo." Por causa da raiva, que surge devido à impossibilidade do Ego manter a Negação e o Isolamento, os relacionamentos se tornam problemáticos e todo o ambiente é hostilizado pela revolta de quem sabe que vai morrer. Junto com a raiva, também surgem sentimentos de revolta, inveja e ressentimento. Nessa fase, a dor psíquica do enfrentamento da morte se manifesta por atitudes agressivas e de revolta; - porque comigo? A revolta pode assumir proporções quase paranóides; “com tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto”. Transformar a dor psíquica em agressão é, mais ou menos, o que acontece em crianças com depressão. É importante, nesse estágio, haver compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte. TERCEIRO ESTÁGIO Comportamento: Barganha, negociação e diálogo Crença: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem." Havendo deixado de lado a Negação e o Isolamento, “percebendo” que a raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro estágio; a barganha. A maioria dessas barganhas é feita com Deus e, normalmente, mantidas em segredo. Como dificilmente a pessoa tem alguma coisa a oferecer a Deus, além de sua vida, e como Este parece estar tomando-a, quer a pessoa queira ou não, as barganhas assumem mais as características de súplicas. A pessoa implora que Deus aceite sua “oferta” em troca da vida, como por exemplo, sua promessa de uma vida dedicada à igreja, aos pobres, à caridade ... Na realidade, a barganha é uma tentativa de adiamento. Nessa fase o paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil (não se pode barganhar com Deus, ao mesmo tempo em que se hostiliza pessoas). QUARTO ESTÁGIO 2 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Comportamento: Depressão Crença: "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?" A Depressão aparece quando o paciente toma consciência de sua debilidade física, quando já não consegue negar suas condições de doente, quando as perspectivas da morte são claramente sentidas. Evidentemente, trata-se de uma atitude evolutiva; negar não adiantou, agredir e se revoltar também não, fazer barganhas não resolveu. Surge então um sentimento de grande perda. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe a realidade nua e crua, como ela é realmente, é a consciência plena de que nascemos e morremos sozinhos. Aqui a depressão assume um quadro clínico mais típico e característico; desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc. QUINTO ESTÁGIO Comportamento: Aceitação Crença: "Tudo vai acabar bem." Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e nem nega sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da longa viagem. Teoria da Ação Racional e do Comportamento Planejado de Fishbein - 1960 Segundo essa teoria, os seres humanos são racionais e utilizam as informações disponíveis, avaliando as implicações de seus comportamentos, a fim de decidirem por sua realização. O conhecimento dessas variáveis e o modo como interagem constituem, segundo a ótica de essa teoria, no melhor preditor possível de comportamentos humanos. Para se entender o comportamento, há que se identificar os determinantes das intenções comportamentais: atitudes, que dizem respeito ao aspecto pessoal, e normas subjetivas, que se refere à influencia social. A teoria traça considerações ainda sobre crenças dos indivíduos, a avaliação das consequências do comportamento, a motivação para concordar com as pessoas (referentes) que lhe são importantes e as variáveis externas. Destaco que esse modelo é bem sucedido quando aplicado a comportamentos sobre os quais o indivíduo exerce controle consciente sobre o ambiente. Sobre esse modelo: 21 [...] A percepção de controle tem se demonstrado um importante elemento preditor (Bamberg, Ajzen & Schmidt, 2003, 1999; Caprara, Barbaranelli & Guido, 1998; Doll & Ajzen, 1992; Schifter & Ajzen, 1985), visto que pode estar relacionado tanto por via indireta com o comportamento, através da intenção comportamental, como diretamente ao mesmo(sem a mediação intencional). Além do mais, a ação humana é influenciável por fatores que podem ser internos e externos: os internos são, por exemplo, o conhecimento, a habilidade, as competências e também fortes desejos. Como exemplo, apesar de uma pessoa com problemas de saúde estar decidida a ir ao médico, pode saber, tendo como base a experiência, que provavelmente não irá traduzir estas intenções em ação. Fonte: MOUTINHO, Karina e ROAZZI, Antonio. AS TEORIAS DA AÇÃO RACIONAL E DA AÇÃO PLANEJADA: RELAÇÕES ENTRE INTENÇÕES E COMPORTAMENTOS. Aval. psicol.[online]. 2010, vol.9, n.2 [citado 2013-07- 11], pp. 279-287 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677- 04712010000200012&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1677-0471. Enfrentamento da doença e adesão ao tratamento. 2 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R “Fará somente 24 horas que me deixaram aqui derreado? Somo: vinte e quatro, quarenta e oito, setenta e duas. Talvez uns três dias. Isto, setenta e duas horas. Os chinelos desapareceram: ficarei provavelmente um mês, dois meses. (...) É bom que a ferida se agrave e me mate logo. Dois meses de tortura, um tubo de borracha atravessando-me as entranhas, visões pavorosas, os queixumes dos indigentes que se acabam junto ao homem dos esparadrapos.” Graciliano Ramos. Conto: O Relógio do Hospital. Tópico simples e direto que refere-se ao modo como o paciente recebe o diagnóstico e como lida com isso ao longo de sua condição. As reações (reações de ajustamento) à hospitalização, além das reações à doença, dependem de uma série de fatores, como traços de personalidade, história de vida, tipo de patologia, tempo de internação, crenças e mitos, estado emocional, rede de apoio familiar e rede de apoio profissional do hospital. Esses fatores podem desencadear uma série de reações, como mecanismos de defesa, ansiedade, depressão e a maior ou menor adesão ao tratamento. Sobre essas reações de ajustamento, é digno ressaltar que elas costumam ceder com a melhora clínica e alta hospitalar e raramente necessitam de psicotrópicos e psicoterapia. Em casos mais graves e prolongados, ou naqueles com dificuldade de diagnóstico e manejo, a avaliação psiquiátrica pode-se fazer necessária. Como já falamos em outros momentos, a doença, especialmente a que merece hospitalização, é entendida como uma quebra na linha de continuidade da vida, seja em seu aspecto existencial, seja temporal. E o que a banca quer saber com esse tópico? Creio eu, e estou apostando minhas fichas nisso, que o candidato entenda a classificação de Strain. Essa é uma classificação de reações à doença e hospitalização. Não é uma sequência de fases. Vejamos, então, as possíveis reações que uma pessoa pode ter quando está enferma e internada. Ameaça básica à integridade narcísica: reação caracterizada pelas fantasias onipotentes de imortalidade, controle sobre o próprio destino, certeza de um corpo indestrutível e sensações de pânico, aniquilamento e impotência. 23 Ansiedade de separação: medo de separação de pessoas significativas em caso de tempo de internação prolongado, separação de objetos, ambientes e estilo de vida. Medo de estranhos: medo de depender dos cuidados de desconhecidos. Culpa e medo de retaliação: a doença é vista como um castigo por pecados e omissões. Medo da perda do controle de funções adquiridas durante o desenvolvimento: medo da perda das funções vitais, fala, controle de esfíncteres, marcha, função social na família e no trabalho, etc. Perda do amor e de aprovação: sentimentos de autodesvalorização (dependência e sobrecarga financeira). Medo de mutilações: mutilações ou disfunções que alterem o esquema corporal. A sensação da perda é equivalente à perda de uma pessoa querida. Medo da morte, da dor: medo ampliado por histórias de perdas em hospitais. E a família, como reage a essas condições? Pelo modelo sistêmico, ela adoece junto, participa do tratamento e também pode ser fonte de estresse. Apesar do individuo ser um subsistema ou parte do sistema, a estrutura familiar e as suas relações devem sempre ser consideradas, especialmente quando o internado é uma criança, adolescente, doente crônico ou terminal. A família desempenha, nesses casos, um papel de suporte fundamental para a qualidade de vida da pessoa. Nesse modelo, a patologia é considerada como parte de uma dinâmica de adaptação e ajuste constante entre os sistemas biológicos, psicológicos e interpessoais. A doença, por sua vez, significa a perda da homeostase, desestruturando todo o contexto familiar, porque geralmente a família é a pessoa mais próxima das vivências do paciente. Quando isso ocorre, a família muda seus padrões de funcionamento e busca manejar a situação como conseguir. Nem sempre essa forma de manejar a situação é adaptativa para a pessoa internada ou para a família como um todo. Como sabemos, as consequências do surgimento de uma doença em qualquer membro da família são devastadoras e podem desestabilizar qualquer núcleo familiar, porque seus membros são interligados e dependentes entre si, e, quando alguém adoece, os outros também são afetados. Aprofundando o assunto: 2 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R As famílias dividem-se em dois grupos: algumas se fortalecem internamente por meio de mudanças na rotina familiar, diminuindo a tensão e as angústias; outras, no entanto, mantêm a ruptura do funcionamento familiar, tornando-se enfraquecidas. “Dotar a doença de significado” e “partilhara responsabilidade pela doença” são estratégias utilizadas para reduzir o estresse e fortalecer o funcionamento da família através dos anos. A doença pode ser considerada uma experiência negativa que envolve toda a família, cujo impacto pode afetar os aspectos sociais, econômicos, financeiros e afetivos. Apesar de a doença constituir uma crise, momentos de reestruturação e de formação ou fortalecimento de vínculos podem também acontecer. Fato este que se concretiza pela necessidade de repensar valores e formas de se relacionar uns com os outros, o que proporciona momentos de afeto e cuidados entre seus membros. Conflitos podem ser resolvidos pela união e ajuda mútua. O adoecer de um membro não precisa ser visto pela família como um inimigo, mas como uma alternativa de mudança, que fortalecerá o modo como cada membro enfrenta a vida. O sintoma da doença pode ser um sinal de alerta, um aviso que algo não funciona adequadamente e que precisa ser modificado. Esses sinais refletem uma tentativa do sistema familiar em alcançar um novo nível de organização. Após vivenciar a experiência da doença, uma pessoa jamais retornará ao que era no seu estado original de saúde. Canguilhem complementa: a doença é como um esforço que a natureza exerce no homem para obter um novo equilíbrio, como “uma reação generalizada com intenção de cura”. É nesse contexto que a criança, sua família e seus problemas de saúde devem ser considerados. A interpretação da doença depende das experiências, do suporte disponível e das habilidades de que a família dispõe, no momento, para enfrentar esse episódio. As crenças, valores, hábitos, relações, sentimentos, deveres e direitos do sistema familiar influem na forma como os indivíduos da família percebem e vivenciam a saúde, a doença e a hospitalização. Na vida familiar, quando uma criança adoece, traumas físicos e psíquicos podem acontecer. O impacto provocado pela doença na vida da família e o caminho para o enfrentamento da hospitalização de um filho variam entre os indivíduos conforme particularidades de cada um dentro dos moldes familiares. A presença da família nesse momento ajuda a diminuir os temores e inseguranças vivenciadas pela criança. No período que vai de 1950 até meados da década de 80, a ênfase dos trabalhos científicos direcionava-se aos efeitosmaléficos à saúde física e mental da criança, decorrentes da separação da família durante o processo de hospitalização. Atualmente, reconhece-se a necessidade da família dentro do mundo hospitalar e seu envolvimento no 25 processo saúde-doença, entretanto, infelizmente, este pensar continua sendo mais teórico do que prático. Às vezes, o paciente e seus familiares não conseguem aceitar as limitações impostas por certas doenças crônicas. Muitas famílias, no início da doença, consideram o paciente como vítima inocente, mas com o passar do tempo, podem passar a vê-lo como um fardo. Fonte: Lidiane Ferreira Schultz. A família vivenciando a doença e a hospitalização da criança: protegendo o filho do mundo e não o mundo do filho. Universidade de Guarulhos, 2007. Entendidos esses conceitos, o que podemos esperar após o término da doença e da internação? Esperasse que, passado o impacto da hospitalização e da doença, o indivíduo recupere a esperança e o controle de sua própria vida e que a família volte a se reestruturar. Em outras palavras, espera-se a continuidade da vida. Teorias e manejos do estresse. Teorias e manejo da dor. Estilos de enfrentamento. Estresse O estresse excessivo tem sido considerado um dos principais problemas do mundo moderno, sendo tema de interesse da Organização Mundial da Saúde a qual estima que 15% das pessoas no mundo sofrem de problemas relacionados ao estresse. A própria OMS descreve o estresse como uma reação psicofisiológica muito complexa que tem em sua gênese a necessidade do organismo fazer em face de algo que ameace a sua homeostase interna. Ou seja, é uma experiência emocional negativa acompanhada de previsíveis mudanças bioquímicas, psicológicas, cognitivas e comportamentais que estão relacionados tanto à alteração de um fato ou acontecimento estressante, quanto à acomodação dos seus efeitos. Assim, o estresse é oriundo de que qualquer situação que gere um estado emocional forte, levando a uma quebra da homeostase interna exigindo alguma adaptação, é chamada de estressor. Como você percebeu, esses conceitos são genéricos, mas servem de pontapé inicial para falarmos de estresse. O conceito de estresse foi usado na 2 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R área de saúde, pela primeira vez em 1926, pelo famoso pesquisados Hans Selye. Ele notou que muitas pessoas sofriam de várias doenças físicas, e reclamavam de alguns sintomas em comum. A causa desse sofrimento logo ficou diagnosticada: o estresse. Para esse autor o estresse é um “conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para a adaptação”. Hans Selye apresenta, em seus primeiros e mais famosos estudos, uma dimensão biológica de estresse: Segundo este autor, o estresse é um componente intrínseco a toda doença, que produz certas alterações na estrutura e na composição química do corpo. Tais mudanças poderiam ser observadas e mensuradas. O estresse é a condição revelada através da Síndrome Geral de Adaptação - SGA que compreende as seguintes mudanças: dilatação do córtex da suprarenal, atrofia dos órgãos linfáticos e úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso e outras alterações. A SGA é um conjunto de respostas não específicas a uma lesão e desenvolve-se em três fases: 1) fase de alarme, caracterizada por manifestações agudas; 2) fase de resistência, quando as manifestações agudas desaparecem e; 3) fase de exaustão, quando acontece o retorno das reações da primeira etapa e pode ocorrer esgotamento do organismo. Selye ressalta que o estresse pode ser verificado em qualquer uma das fases, embora suas manifestações sejam diversas ao longo do tempo. Não é necessário que as três etapas se desenvolvam para que a síndrome seja constatada, uma vez que apenas o estresse mais grave leva à exaustão e à morte. Seyle esclarece que estresse não é uma tensão nervosa nem o resultado específico da lesão, ou um fato que cause uma reação de alarme (neste caso tratar-se-ia do estressor, ou do agente do estresse). A expressão se refere a um estado manifesto por uma síndrome específica, constituída por todas as alterações não específicas produzidas num sistema biológico. Desta forma, o termo só se aplica quando se relaciona a um sistema biológico precisamente definido. Felizmente essa visão puramente biológica foi ampliada. Mello Filho e Moreira (1992), por exemplo, definem o estresse (físico, psicológico ou social) como um fenômeno " que compreende um conjunto de reações e estímulos que causam distúrbios no equilíbrio do organismo, frequentemente com efeitos danosos." Estes autores discutem este termo no contexto do estado emocional dos pacientes na evolução de doenças infecciosas e neoplásicas. Rodrigues (1997) define como "uma relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar". 27 Estas definições são amplas e consideram que os estímulos estressores são provenientes tanto do meio externo (estímulos de ordem física ou social), quanto do interno (pensamentos, emoções, fantasias e sentimentos). Rodrigues (1997) vai além e admite que o indivíduo tem papel no aumento ou diminuição do estresse, pois as condições de adoecimento vão depender de como ele avalia e enfrenta o estímulo estressor, assim como de sua vulnerabilidade orgânica. Haveria segundo Rodrigues, um processo de avaliação dos estímulos estressores, que é em parte é racional e em parte emocional, não necessariamente consciente. Isso determinaria o tipo de enfrentamento, ou como o indivíduo responderá a esses estímulos, apreciando seu repertório de experiências passadas. Os compromissos e as crenças são aspectos pessoais que interferem nesse processo de avaliação. Além desses, os elementos situacionais dos estímulos (como o caráter de novidade da situação, a previsibilidade do acontecimento, sua intensidade, etc). O estresse é um fenômeno subjetivo, vivenciado de forma diferente por cada pessoa e que mobiliza recursos diferentes e formas diferentes de expressão em cada organismo. Apesar de a sequência fisiológica ser semelhante, até nesse nível podemos identificar diferenças biológicas e psicológicas entre os organismos. Assim, o estresse depende da compreensão individual e das disposições biológicas do organismo para sustentar a mobilização. Marilda Lipp (1984), a partir de uma abordagem cognitivo- comportamental, define o estresse como "uma reação psicológica, com componentes emocionais físicos, mentais e químicos, a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a pessoa". A autora também diferencia os níveis de estresse (eustresse versus distresse). Ela considera as características reais dos estímulos e/ou a ação interpretativa que o sujeito dá a eles na determinação dos dois estados. Posteriormente, a mesma autora (Lipp, 2003), define o estresse como uma reação psicofisiológica muito complexa que tem, em sua gênese, a necessidade de o organismo modificar-se frente a algo que ameace sua homeostase interna. Isso pode ocorrer quando a pessoa confronta-se com uma situação tanto positiva quanto negativa. Assim, temos a nossa primeira grande definição: o estresse é uma reação de adaptação. Esse processo de adaptação pode ser tanto positivo quanto negativo, desse modo, existe estresse positivo, conhecido como eustresse (ou eutresse). Quando o estresse é negativo para o organismo, temos o distresse. Essa terminologia é do próprio Selye, que primeiro descreveu o estresse em um sentido neutro e o eutresse e distresse como o próprio estresse aplicado em uma valência (positiva par ao organismo ou negativa). Em linhas gerais, podemos dizer que no eustresse o indivíduo se adapta ao meio com atravésde meios que possui (controla), enquanto no distresse, o sujeito não possui os meios para enfrentar a situação em questão, o que gera desgaste em vários níveis. 2 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Ainda retomando a evolução histórica, destaco que as teorias de estresse atuais são multifatoriais e biopsicossociais. Limongi (2008) separa essas dimensões da seguinte maneira: a) Dimensão Biológica: a. Biótipo b. Genética c. Crescimento Normal/Doentio d. Repouso b) Dimensão Psicológica a. Resistência a frustração b. Estilo de personalidade c. Conhecimento d. Vontade (garra) c) Social a. Primeiro grupos (família – escola) b. Comunidade Cultural c. Áreas de interesse d. Turbulência É justamente nessas relações entre a mente-corpo-ambiente que ocorrem as chamadas reações psicossomáticas. Limongi (2008) define os focos de tensão expressas pelo corpo, decorrentes do estresse, da seguinte maneira: a) Sensações: de mal estar a desconforto. b) Pequenos Males: dores indeterminadas e vagas c) Distúrbios Funcionais: dores em órgãos específicos ou mau funcionamento de órgãos. d) Lesões de órgãos ou sistemas: deficiência de funcionamento de algumas partes do corpo humano. Além disso, temos respostas psicossomáticas em três níveis (Limongi, 2008): a) Somatizações: são sensações e distúrbios físicos como forte carga emocional e afetiva. São mais como “dores psicológicas”. b) Fadiga: desgaste de energia física ou mental, que pode ser recuperada por meio de repouso, alimentação ou orientação clínica específica. 29 c) Depressão: é uma combinação de sintomas em que prevalece a falta de ânimo, a descrença pela vida e uma profunda sensação de abandono e solidão. Fases do Estresse As fases mais comuns do estresse são descritas por Lipp (2003) como: fase do alerta (alarme), resistência e exaustão. Alguns autores, como a própria Marilda Lipp, falam de um quarto estágio, entre a resistência e a exaustão chamado de pré-exaustão. Consideraremos essa classificação em quatro fases para os nossos estudos. Desse modo, temos: E o que significa cada uma dessas fases? Veja o que Marilda Lipp fala: Na primeira fase, a do Alerta, diante de um desafio ou ameaça percebida, a pessoa necessita produzir mais força e energia a fim de enfrentar a situação desafiadora, havendo uma mobilização de recursos de enfrentamento. As mudanças fisiológicas no organismo neste momento contribuem para que haja aumento da motivação, entusiasmo e energia, o que pode, desde que não excessivo, gerar maior produtividade no ser humano. Na segunda fase, da Resistência, a situação estressante persiste, havendo uma grande utilização de energia na busca pelo reequilíbrio do organismo, causando a sensação de desgaste generalizado sem causa aparente e dificuldades de memória, dentre outras consequências. O desgaste e a falta 3 0 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R de memória são sinais de que a demanda ultrapassou a capacidade da pessoa lidar com a situação presente. Na terceira fase, de Quase Exaustão, as defesas do organismo começam a ceder e ele já não consegue resistir às tensões e restabelecer o equilíbrio interior. É comum nesta fase a pessoa sentir que oscila entre momentos de bem-estar e tranquilidade e momentos de desconforto, cansaço e ansiedade. Algumas doenças começam a aparecer. Na quarta e última fase, de Exaustão, com os recursos esgotados, há uma quebra total da resistência e alguns sintomas que aparecem são semelhantes aos da fase de alarme, embora em maior magnitude. Podem ocorrer exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física na forma de doenças que começam a aparecer. Embora seja uma fase grave, não é irreversível. Quando o stress é prolongado, ele afeta diretamente o sistema imunológico reduzindo a resistência da pessoa e tornando-a vulnerável ao aparecimento de infecções e doenças contagiosas. Em consequência da queda do sistema imunológico, doenças que permaneciam latentes podem ser desencadeadas, como úlceras, hipertensão arterial, diabete, problemas dermatológicos, alergias, impotência sexual e obesidade. Fonte: Lipp (2010). Essa estruturação em fases necessita de algumas considerações. Na fase de alerta a pessoa defronta-se com uma situação estressora. O organismo prepara-se para lutar ou fugir, gerando um estado de prontidão, caracterizado por taquicardia, alteração da pressão arterial, sudorese, boca seca, mãos e pés frios, mudanças de apetite, diarreia passageira, entre outros. Na segunda fase, a resistência, o organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno, utilizando toda a energia adaptativa. Pode, assim, apresentar cansaço injustificado, problemas com a memória, sensação de desgaste e irritabilidade (Lipp, 2010). Na fase de quase-exaustão ocorre o início do processo de adoecimento, pois há um enfraquecimento do sistema imunológico e as defesas do organismo começam a ceder, dando início à quarta fase do estresse, a exaustão. Esta última é considerada a mais patológica, pois há uma quebra total da resistência, ocasionando exaustão psicológica em forma de depressão, exaustão física e doenças como úlceras, aumento da pressão arterial, problemas cardíacos, dermatológicos, sexuais, câncer, e, ainda, pode levar o indivíduo à morte (Lipp, 2010). Coping 31 Lazarus & Folkman consideram que qualquer esforço em lidar com o estressor é uma resposta de coping. Segundo eles, há dois tipos principais de estratégias, ou seja, duas grandes funções do coping. Um deles é centrado no problema, ou seja, atua diretamente no o que causa, com o objetivo de mudar ou eliminar o agente estressor. Geralmente, são situações que podem ser modificadas. O tipo centrado na emoção tem como função reduzir as sensações físicas ocasionadas pelas situações estressoras presentes nas situações que não se pode mudar (Zanelato e Calais, 2010). Resil iência O termo resiliência originou-se na Física e lá refere-se à capacidade de um material absorver energia sem sofrer deformação plástica ou permanente. Do ponto de vista psicológico temos uma perspectiva semelhante, Tavares (2001) define resiliência como a capacidade de as pessoas superarem situações adversas, como guerras, assaltos, mortes, maus-tratos físico e psicológico, sem perder seu equilíbrio inicial. Ou seja, o indivíduo é capaz de acomodar-se e reequilibrar-se constantemente. A resiliência é definida como a capacidade do ser humano de superar as adversidades, desenvolvendo, na presença de risco, habilidades de enfrentar e responder de forma assertiva e positiva, ativando recursos pessoais e ambientais que atenuam as consequências negativas, convertendo-se assim em bem estar psicofisiológico, crescimento pessoal e aprendizagem (Zanelato e Calais, 2010). Fatores de risco e de Proteção ao estresse Duas definições rápidas: Fatores de Risco: contexto do trabalho; possibilidade de acidente, morte ou assalto; conflitos de relacionamento entre profissionais ou com clientes; etc. Fatores de Proteção: enfrentamentos eficazes, recursos pessoais, apoio social e familiar, reconhecimento e valorização da profissão e relações positivas com os clientes, etc. Além desses fatores, tem se admitido com maior ênfase a influência – e não a determinação – genética em muito de nosso desenvolvimento e do 3 2 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R modo como reagimos biologicamente ao estresse. No modelo de diátese- estresse 1 , por exemplo, os indivíduos são herdeiros de certas vulnerabilidades que os tornam suscetíveis a um transtorno quando o tipo certo de estressor vem junto. No modelo recíproco de gene-ambiente, a vulnerabilidade genética do indivíduo em relação a determinado problema pode torná-lo mais propenso a experimentar o estressor que, por sua vez, impulsionará a vulnerabilidade genética e, assim, o transtorno. Em outras palavras,enquanto no modelo diátese-estresse o sujeito é apenas vulnerável em função de sua configuração genética, no segundo modelo, modelo recíproco gene-ambiente, o sujeito tende a buscar o estressor naturalmente. Em função desses últimos dois modelos, podemos dizer que a reatividade depende, entre outras coisas, das condições estruturais e biológicas do organismo. Entende-se por reatividade a nossa reação fisiológica ao estresse, que varia com o indivíduo e afeta nossa vulnerabilidade à doenças. Avaliação Cognitiva do Estresse Para Richard Straub (2014), o modelo mais influente que descreve o estresse como processo é o modelo transacional (também chamado de modelo relacional), proposto por Richard Lazarus e Suzam Folkman (1984). A ideia fundamental subjacente a esse modelo é que não podemos compreender completamente o estresse examinando eventos ambientais (estímulos) e pessoas (respostas) como entidades separadas; em vez disso, devemos considera-los em conjunto como uma transação, na qual cada indivíduo deve se ajustar de forma contínua aos desafios do cotidiano. O Estresse é um processo desencadeado sempre que os estressores excedem os recursos pessoais e sociais que o indivíduo é capaz de mobilizar para enfrenta-los. Se os recursos de enfrentamento forem suficientemente fortes, não haverá estresse, mesmo que – para outra pessoa – a situação pareça insuportável. No entanto, se os recursos de enfrentamento forem fracos e ineficazes, haverá estresse, mesmo que para outro indivíduo – as demandas da situação possam ser cumpridas com facilidade. Lazarus (Straub, 2014) acredita que as transações entre as pessoas e seus ambientes sejam motivadas pela avaliação cognitiva que fazemos de estressores potenciais. A avaliação cognitiva envolve analisar: i. se uma situação ou um evento ameaça o bem estar do indivíduo; 1 Modelo teórico que sugere que certas características específicas tornar os indivíduos mais propensos a psicopatologia após o início dos eventos estressantes do ambiente. Essas características seriam, portanto, fatores de vulnerabilidade (diáteses). 33 ii. se existem recursos pessoais suficientes disponíveis para lidar com a demanda; e iii. se a estratégia da pessoa para lidar com a situação ou o evento está funcionando. Segundo esse modelo, o sujeito, diante da identificação de um potencial estressor, procede a avaliação primária. Essa avaliação é a determinação inicial que alguém faz do significado de um evento como irrelevante, benigno- positivo ou ameaçador. Após essa classificação, procede a avaliação secundária, que consiste na determinação que alguém faz de seus próprios recursos e capacidades, verificando se são suficientes para cumprir com as demandas de um evento avaliado como potencialmente ameaçador ou desafiador. Após essa avaliação secundária o sujeito emite comportamentos para enfrentar, fugir ou esperar (paralisar) diante do problema. Ocorre, por fim, a fase cognitiva da reavaliação cognitiva, que é o processo pelo qual os eventos potencialmente estressantes são reavaliados de forma constante. Enfrentamento focalizado na emoção ou no problema Falar de manejo do estresse é falar de duas coisas, uma é do coping outra é das teorias específicas que buscam explicar para o gerenciamento do estresse (em especial no contexto do trabalho). Começaremos falando um pouco de coping. O conceito de coping vem sendo definido como o conjunto de estratégias que as pessoas se valem para lidar com situações estressantes ou adversas. Você tem de saber alguns pontos fundamentais sobre o coping. O primeiro é que o coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente e sua função é administrar a situação estressora, ao invés de controle ou domínio da mesma. Os processos de coping pressupõem a noção de avaliação do indivíduo que está passando pela situação, ou seja, como o fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado. Além disso, o processo de coping expressa-se pela mobilização de esforço, através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou externas que surgem da situação estressora. Coping é visto como um mediador entre um estressor e o resultado proveniente desse estressor (Folkman e Lazarus, 1980; Peterson, 1989). O tema em questão vendo sendo estudado pelas mais diversas áreas da psicologia Desde o início do século XX, pesquisadores vinculados à psicologia 3 4 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R do ego têm concebido o coping, como correlato aos mecanismos de defesa, motivado interna e inconscientemente sendo, então uma forma de lidar com conflitos sexuais e agressivos (Vaillant, 1994). Mais posteriormente, alguns eventos foram considerados como sendo desencadeadores dos processos de coping e estes foram classificados segundo uma hierarquia que ia desde o mais inadaptado até o mais maduro. Desta forma, os autores que seguiam essa perspectiva acreditavam que os processos de enfrentamento eran estáveis ao longo da vida de um indivíduo e eram classificados segundo a lógica patologia versus saúde. A partir da década de 60, e até as duas décadas posteriores, uma segunda geração de pesquisadores apontou para uma nova perspectiva com relação ao coping. Esta nova tendência procurou dar ênfase aos comportamentos de copinge seus determinantes cognitivos e situacionais. Pesquisadores passaram a conceituar coping como um processo transacional entre a pessoa e o ambiente, com foco no processo, tanto quanto em traços de personalidade. Esta época foi caracterizada por importantes avanços na área, que produziram inúmeras publicações, em especial pelo grupo de Lazarus e Folkman. Uma terceira geração de pesquisadores têm se voltado para o estudo das consonâncias s entre coping e personalidade. Esta tendência foi impulsionada, em parte, acumulação de evidências que indicam que fatores situacionais não são adequadas de explicar toda a variação nas estratégias de coping utilizadas pelos indivíduos. Por outro lado, o interesse despertado pela credibilidade científica dos estudos sobre traços de personalidade, em especial, do modelo dos Cinco Grandes Fatores tem expandido os estudos nesta direção (Antoniazzi, 2009). As estratégias de coping refletem ações, comportamentos ou pensamentos usados para lidar com um estressor. Segundo Folkman e Lazarus (1980), estas estratégias podem ser agrupadas em duas categorias: dependendo de sua função. O coping focalizado na emoção é definido como um esforço para orientado ao nível somático ou emocional. Fumar um cigarro, tomar um tranquilizante, assistir a um filme, sair para correr, são exemplos de estratégias dirigidas a um nível somático de tensão emocional. O papel destas estratégias é reduzir a sensação física desagradável de um estado de stress. Assim, o foco dessa estratégia são os produtos emocionais causados pela situação estressante. O coping focalizado no problema constitui-se, por outro lado, em um esforço para agir na situação que gerou o estresse, na tentativa de alterá- la. pessoa e o ambiente que está causando a tensão. A ação de coping pode ser direcionada interna ou externamente. Quando o coping focalizado no problema é dirigido para uma fonte externa de estresse, abarca estratégias tais como negociar para resolver um conflito interpessoal ou solicitar ajuda prática de outras pessoas. O coping focalizado no problema, e dirigido internamente, geralmente inclui reestruturação cognitiva como, por exemplo, a re- delimitação do elemento estressor. 35 Para Richard Straub, podemos fazer a seguinte diferenciação: Estratégias de Enfrentamento Enfrentamento focalizado na emoção Enfrentamento focalizado no problema estratégia de enfrentamento em que a pessoa tentacontrolar a resposta emocional a um estressor. estratégia de enfrentamento para lidar diretamente com um estressor, na qual são reduzidas as demandas do estressor ou aumentados os recursos para atender a essas demandas. A dor Crônica Destaco dois breves trechos de artigos para complementarmos seus estudos. OS ASPECTOS MULTIDIMENSIONAIS DAS DORES CRÔNICAS A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, International Association for the Study of Pain), conceitua dor como sendo "uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidual atual, potencial, ou descrita em termos de tal lesão". Já McCaffery em uma visão mais humanística, diz que "dor é o que o paciente diz ser, e existe quando ele diz existir", colocando uma ideia de uma experiência pessoal e peculiar a cada indivíduo. Ferreira F (2004), modificada por Marquez JO (2008), procura uma conceituação mais abrangente, referindo que "dor é a consciência de uma sensação nociceptiva, induzida por estímulos químicos ou físicos, de origem exógena ou endógena, assim como por disfunções psicológicas, tendo como base um mecanismo biopsicossocial, causando emoções normalmente desagradáveis, com possibilidades de variáveis graus de comportamentos aversivos". DORES AGUDAS E DORES CRÔNICAS É importante diferenciar as dores agudas das crônicas. As dores agudas são consideradas fisiológicas, como um sinal de alerta, da maior importância para a sobrevivência. Tem duração limitada no tempo e espaço, cessando com a resolução do processo nóxico. 3 6 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Já as dores crônicas não têm a finalidade biológica de alerta e sobrevivência e podemos dizer que se constituem como verdadeiramente uma doença. Com relação ao aspecto temporal, as definições variam quanto sua conceituação, da duração de mais de três ou seis meses, ou as que persistem após a cura da lesão inicial. Algumas vezes não se consegue um nexo causal, o que não invalida o seu diagnóstico e sua existência. [...] O entendimento da dor não deve se limitar a sua expressão neurosensitiva, e sim também como uma mensagem emocional, uma metáfora perceptiva. Pode ser uma sensação adaptativa, um alerta precoce para proteger o corpo de lesões teciduais, ou eventualmente ser uma má adaptação, refletindo um funcionamento patológico do sistema nervoso. De tal forma que existe a dor como uma experiência sensitiva e a dor como uma metáfora perceptiva de sofrimento, de aflição ou mágoa. Pode ser como um sistema de alarme ativado para impedir danos ao organismo. Essa nocicepção é ativada somente por estímulos lesivos, atuando em receptores especializados. A nocicepção uma vez presente, após o desaparecimento do sinal de alarme, toma características motivacionais, semelhantes à fome, sede ou desejo sexual. O limiar para despertar a dor tem que ser elevado o suficiente para que a mesma seja evocada, antes que ocorra lesão tecidual. Esse limiar não é fixo e pode ser alterado tanto para mais como para menos, podendo ser tanto adaptativo, como mau adaptativo. Mudanças no limiar de dor e da capacidade de resposta são expressões de neuroplasticidade, que é a maneira biológica pela qual, mudanças no sistema nervoso podem modular as respostas a qualquer estímulo. Essa plasticidade caracteriza essencialmente as síndromes clínicas dolorosas. MODULAÇÃO DA DOR A dor não depende somente da natureza e da intensidade do estímulo. É influenciada por fatores psicossociais e neurosensitivos. Sofre uma modulação no sistema nervoso central, e da interação entre os estímulos nociceptivos e fatores moduladores é que resulta a experiência neurosensitiva da dor. A qualidade e a quantidade da dor dependem (e varia de pessoa para pessoa) do entendimento da situação geradora da dor, experiência prévia com o desencadeador álgico, cultura, da atenção, ansiedade e capacidade da pessoa em se abstrair das sensações nóxicas (distração) e dos sentimentos de controle da dor. 37 [...] Sendo o corpo um reflexo social, torna-se impossível atribuir a ele, no seu comportamento, processos exclusivamente biológicos, sendo assim simbólico de todo um processo social. Desse modo, a doença torna-se uma construção social, e as crenças sobre o significado e a importância da dor, e contexto onde ocorrem as emoções associadas, acaba afetando a sensação dolorosa. Os pacientes podem se apresentar ansiosos, agressivos, deprimidos, discordarem dos diagnósticos, manifestarem efeitos adversos inexplicáveis. Por sua vez, o terapeuta pode então reagir com sentimentos negativos, enfraquecendo sua relação terapêutica com o paciente. Os questionamentos sobre as causas de que pacientes "mais ou menos semelhantes", com diagnósticos e tratamento semelhantes, possam apresentar resultados diferentes, não tem resposta no modelo biomédico convencional. Fonte: MARQUEZ, Jaime Olavo. A dor e os seus aspectos multidimensionais. Cienc. Cult.[online]. 2011, vol.63, n.2 [cited 2013-07-03], pp. 28-32 . Available from: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009- 67252011000200010&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0009-6725. 3 8 W W W . P S I C O L O G I A N O V A . C O M . B R Sobre o tratamento da dor crônica: O modelo integrado de assistência multidisciplinar deve moldar-se à natureza complexa e multidimensional da dor e implicar a formulação individualizada de planos diagnósticos e terapêuticos que freqüentemente exigem a adoção de várias modalidades de intervenções concomitantes ou seqüenciais, multiponto e multimodais. "Os programas mais eficazes de controle da dor são programas multidisciplinares que combinam intervenções cognitivas, físicas, e emocionais da terapia cognitivo-comportamental com o uso racional de drogas analgésicas. Os objetivos de programas desse tipo estendem-se além do controle da dor, e buscam restaurar a qualidade de vida geral do paciente, diminuindo o enfoque na medicação, restaurando os níveis de atividade e aumentando o bem-estar psicológico e social".(STRAUB, Richard, 2005, p.492) Portanto, o controle dos sintomas, a melhora do conforto, a modificação do simbolismo da dor, a normalização ou a restauração das funções físicas, psíquicas e sociais dos doentes, a maximização dos potenciais remanescentes, a prevenção da deterioração das condições físicas e comportamentais são algumas metas a serem atingidas no tratamento de doentes com dor crônica. O objetivo do tratamento é a melhora da qualidade de vida e a reintegração biopsicossocial dos doentes. Para isso é necessário que não entendamos a dor como um fato isolado, como um simples produto de uma disfunção orgânica, mas sim como um resultante de diversos fatores singulares interpretados de formas distintas por cada um de seus portadores. Fonte: DOURADO, Cibelle Marchi de Ângelo, PERUZZO, Ana Elisa Feracini, SILVA, Suellen dos Santos, FACO, Vanessa Maques Gibran. Dor crônica: uma explanação sobre seus aspectos. Disponível em: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_48982/artigo_sobre_dor_cr %C3%94nica:_uma_explana%C3%87%C3%83o_sobre_seus_aspectos Manejo da Dor A sensação de dor é uma experiência difusa e inerente ao sistema nervoso, sendo o componente de resposta ao ferimento menos compreendido. Isto porque ela é uma experiência subjetiva (que se baseiam em expectativas, que por sua vez, se originaram de experiências passadas). Quando o estímulo da dor é interpretado pelo cérebro, a percepção dela depende de fatores pessoais, sociais e biológicos. A dor é um mecanismo para proteger o corpo. Assim, quando a mão de uma pessoa queima e ela sente dor, esta serve para que a pessoa perceba que os tecidos de seu corpo estão em perigo. 39 Contudo, a dor pode existir mesmo sem um agente externo, tornando-se um problema 1. Tipos de dor: a) Dor aguda: Uma sensação de curta duração (menos de 6 meses), em resposta
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