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Listeriose

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É uma doença infecciosa que acomete 
diferentes mamíferos como vaca, coelho, cavalo, 
humano, porco, cabra, ovelha, além de aves, podendo 
ser agudo ou subagudo e, tem como características 
alterações neurológicas, septicemias e abortamentos. 
 Esse microrganismo consegue viver em 
baixas temperaturas, ambientes ácidos com presença 
de muito sal, etc. Também possui a habilidade de 
cruzar barreiras naturais, como hematoencefalia, 
barreira intestinal, barreira placentária. 
 
Sinônimos 
 
 Doença do girar (circling disease) 
 Doença da silagem (silage disease) 
 Granulomatose infantiséptica (em humanos) 
 
Características gerais 
 Bastonetes Gram + 
 Não esporulado 
 Anaeróbia facultativa 
 Catalase positivo 
 Móvel por flagelos peritríquios 
 Animais comumente são portadores 
assintomáticos de Listeria spp. no trato 
gastrointestinal 
 Bactérias ubiquitárias no ambiente (pode 
estar em vários lugares ao mesmo tempo), 
principalmente em vegetais em 
decomposição. 
 
Espécie: Listeria monocytogenes 
 Bactéria intracelular facultativa, o que 
contribui para a sua patogenicidade e para 
uma alta resistência aos antimicrobianos. 
 Resistência: 
- Temperatura: 4-45°C (ótima 35-37°C) 
- Faixa de pH: entre 4,3 e 9,4 
- Sensíveis à pasteurização 
- Formadores de biofilmes (Biofilmes 
bacterianos são comunidades de bactérias 
envoltas por substâncias, principalmente 
açúcares, produzidas pelas próprias bactérias, 
que conferem a comunidade proteção contra 
diversos tipos de agressões que ela pode vir a 
sofrer como, por exemplo, a falta de 
nutrientes, o uso de um antibiótico, etc). 
 
Epidemiologia 
 Animais susceptíveis: ovinos, caprinos e 
bovinos que são infectados a partir da 
ingestão de alimentos contaminados. 
 Reservatórios: além do homem, animais 
domésticos e silvestres, e são portadores 
assintomáticos. 
– Eliminados principalmente pelas fezes e 
leite (rebanho leiteiro). 
 Principais fontes: Águas e alimentos 
contaminados, restos placentários de 
abortamentos, órgãos de animais acometidos. 
 Silagem: no Brasil os tipos de silagem mais 
praticados são milho, cana-de-açúcar, sorgo, 
capim elefante e outras espécies de 
gramíneas e girassol. No processo de silagem 
ocorre uma fermentação anaeróbica, com 
ausência de oxigênio, neste sistema o 
açucares disponível na forrageira são 
transformados pelas bactérias lácticas 
principalmente em ácido lático, abaixando o 
pH e possibilitando a conservação do 
produto. A silagem mal produzida pode ser 
contaminada por L. monocytogenes e tem 
sido associada à morte de animais. Estudos 
mostram que a silagem de baixa qualidade 
foi uma das causas da contaminação do leite. 
Em animais a L. monocytogenes causa 
encefalite, aborto e mastite, especialmente 
em animais imunodeprimidos como, fêmeas 
prenhes e neonatos. A presença de oxigênio 
determina a sobrevivência da Listeria na 
silagem. Se o silo não for bem vedado tem 
maiores chances de ocorrer a deterioração 
aeróbica da silagem e se tornar susceptível à 
contaminação por L. monocytogenes que não 
se desenvolvem em pH baixo e em silagem 
bem fermentada. 
 
 Outras possibilidades de fontes de 
transmissão: alimentos contaminados com 
terra, animais se alimentando em áreas 
pantanosas. 
 Vias de infecção: primariamente oral 
(invasão do epitélio intestinal e abrasões na 
mucosa oral). 
 Menos comuns: via respiratória -> ascensão 
pelo nervo olfatório; cutânea -> umbigo mal-
curado, fômites contaminados; forma 
congênita: transplacentária ou durante o 
canal do parto. 
 
Manifestações clínicas 
 Três principais síndromes clínicas: 
– Forma septicêmica 
– Forma abortiva 
– Forma neurológica 
 
1. Listeriose septicêmica 
 Ocorre em animais recém-nascidos e jovens 
por infecção intra-uterina. 
 Os animais apresentam diarréia, pneumonia, 
febre (> 40°C) e morte em 3-5 dias 
 Os sobreviventes adquirem imunidade 
 
2. Listeriose abortiva 
 Ocorre no último trimestre da gestação 
 Sinais clínicos brandos ou inexistentes 
 Placenta e anexos placentários -> excelentes 
fontes de disseminação do microrganismo; 
Podem ser encontradas lesões amareladas na 
placenta além de necrose de cotilédones, 
placentite e exudato de coloração vermelho 
amarronzado. 
 Infecção do feto 
– Via placenta: Se nascerem são fracos e 
rapidamente vão a óbito 
– Via canal do parto: nascem normais, mas 
em poucas horas iniciam sinais de 
septicemia. 
 Diarreia, pneumonia, alterações neurológicas 
e morte 
 
3. Listeriose neurológica (doença de girar): 
principal forma que acomete os animais 
adultos. Caracteriza-se por encefalite com 
infecção do tronco encefálico e disfunção 
dos nervos cranianos. 
 Sinais clínicos: 
 Febre 
 Torcicolo 
 Desordens locomotoras -> “tendências 
propulsivas”, “circling”. 
 Nistagmo e outras alterações oculares -> 
ceratoconjuntivite, opacidade da córnea. 
 Paralisia facial unilateral: ocorre dificuldade 
na mastigação, além disso, pode ocorrer 
desidratação, salivação excessiva etc. 
 Morte 
 
 
 
 
Diagnóstico 
 O diagnóstico é na maioria das vezes 
realizado com base na sintomatologia clínica e 
necropsia. Podendo ser: 
 Clínico-epidemiológico 
 Necropsia 
 Laboratorial 
 
1. Diagnóstico clínico-epidemiológico 
 
 Diferenciar de outras síndromes neurológicas 
como: Toxemia da prenhez, raiva, 
polioencefalomalácia, scrapie, 
meningoencefalites virais e bacterianas, 
CAE, neurobabesiose. 
 
2. Forma abortiva 
– Bovinos (brucelose, tricomonose, 
Campilobacteriose, leptospirose, IBR, dentre 
outros); 
– Ovinos (brucelose, Campilobacteriose, 
salmonelose, dentre outros) 
 
3. Diagnóstico laboratorial 
 Cultura  isolamento e identificação 
– Lesões granulomatosas 
– Material fetal 
– Líquido cefaloraquidiano (LCR) 
– Leite 
– Sangue 
 Hemograma e bioquímica sérica 
 Análise do LCR 
– Aumento das contagens de proteínas (>40 
mg/dl) e leucócitos (> 10 células / uL) 
 Sorologia -> imunofluorescência 
– Limitação -> somente para tecidos de 
animais mortos 
 
Tratamento 
 Antibioticoterapia parenteral: principal forma 
de tratamento nos casos de listeriose 
– Penicilina, estreptomicina ou florfenicol 
 Deve ser longa  mínimo 14 dias 
– Anti-inflamatórios não-esteroidais  
flunixin meglumine 
 Reposição hidro-eletrolítica 
 
Medidas de prevenção e controle 
 Principal ponto: controle de qualidade da 
silagem fornecida 
– Manter limpos e higienizados os cochos e 
recipientes de alimentação dos animais 
- Se houver mofo ou alteração de odor, o 
material contaminado deve ser descartado em 
vez de ser fornecido aos animais. 
 Bem-estar animal 
 Separar os animais doentes para tratamento 
 Separar animais sobreviventes 
 Desinfecção e antissepsia de equipamentos e 
utensílios utilizados na criação

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