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DOENÇAS DAS AVES DOMÉSTICAS - p1 NECROPSIA E COLETA DE MATERIAL ● ORGANIZAÇÃO: 1. Sala de Necropsia e EPIs: ● Mesa, solução desinfetante, instrumental, fogo, câmera fotográfica, fundo azul, caneta permanente, régua, balança, cabine de segurança (psitacídeos); ● EPIs: jaleco/macacão; luvas, botas, máscara, óculos. 2. Instrumentos de necropsia (depende do tamanho da ave): ● Aves pequenas: tesouras oftálmicas, lupa; ● Aves grandes: machadinha, costótomo; ● Instrumentos que independem do tamanho da ave: tesouras cirúrgicas, tesouras de destrinchar, bisturi, pinças, espátula para esterilização; ● Tesoura para destrinchar, tesoura cirúrgica, pinça dente de rato, bisturi. 3. Materiais de coleta: ● Pote; ● Sol. Formol 10% tamponado; ● Tubos para coleta de sangue; ● Suabes plásticos para PCR; ● Tubo com meio de transporte para bactérias anaeróbias; ● Suabes de madeira para culturas gerais; -Sacos estéreis; ● Meio de transporte viral; ● Seringas; ● Agulhas; ● Cassetes; ● Lâminas; ● Lamínulas; ● Fixador karnovsky para microscopia eletrônica; ● Placas estéreis; ● Sacos plásticos estéreis. 4. Identificações: identificar todo o material a ser rotineiramente coletado antes de iniciar a necropsia. ● HISTÓRICO E SINAIS CLÍNICOS: 1. Anamnese: ● Tratamentos; ● Ingestão de comida; ● Água; ● Número de aves do lote; ● Número de doentes; ● Vacinas. 2. Número de amostras representativas: ● Frangos: 4-8; ● Pintinhos: 10; ● Aves de fundo de quintal ou pet: 1; ● Escolher aves com sinais clínicos representativos do problema do lote! 3. Observações clínicas: ● Sinais neurológicos; ● Músculo-esquelético; ● Respiratório; ● Digestório; ● Pele/penas; ● Mobilidade: ○ Ave em estação - observações: alterações posturais; alterações comportamentais; arrepiamento de penas; ○ Ave em movimento - observações: dificuldades locomotoras; alterações no equilíbrio; propriocepção (pedalagem). ● EUTANÁSIA: ○ Deve ocorrer: ■ Sem dor; ■ Induzir a perda rápida da consciência; ■ Ser apropriada para idade e espécie; ■ Simples de aplicar; ■ Segura para o operador. ○ Alguns métodos permitidos para aves: ■ Desarticulação atlanto-occipital ou deslocamento cervical; ■ Eletrocussão; ■ Anestésicos injetáveis; ■ Co2. ● COLETA DE SANGUE: ○ Ideal coletar antes da eutanásia com seringa e agulha; ○ Veia braquial/ulnar, jugular, punção cardíaca; ○ Aves comerciais: a coleta pode ser feita imediatamente após a morte após incisão da veia femoral; ○ Pintinhos: coleta do pescoço imediatamente após e eutanásia; ● EXAME EXTERNO: ○ Verificar presença de anilhas – anotar número; ○ Condição corporal – palpação do músculo peitoral; ○ Desvio do osso esternal; ○ Presença de fraturas; ○ Lesões de pele; ○ Empenamento; ○ Ectoparasitas; ○ Coloração da barbela, cristas, pernas e mucosas; ○ Resistência óssea; ○ Articulações; ○ Desvios ósseos (pernas); ○ Fezes aderidas às penas; ○ Corrimentos nasais e oculares; ○ CABEÇA: bico, cavidade oral, orelha, cristas e barbelas, olhos; ○ PELE E PENAS: falha no empenamento; penas quebradas; destacáveis facilmente; arranhões; ectoparasitos; ○ PERNAS E PÉS; ○ CLOACA: prolapso, excrementos aderidos às penas. ● TÉCNICAS DE NECROPSIA: 1. Molhar as penas com solução desinfetante; 2. Posicionar a ave em decúbito dorsal com os pés voltados para o operador; 3. Cortar a pele próximo à articulação coxo-femoral, desarticular as mesmas - atenção ao nervo isquiático: coletar para investigação de Doença de Marek; 4. Fazer uma incisão na porção caudal do esterno até a base do bico e rebater a pele avaliando musculatura esquelética; 5. Examinar timo (possível apenas em ave jovem) - tamanho máximo do timo em +/- 16 semanas de vida; 6. Abrir a cavidade celomática caudalmente ao esterno e avançar lateralmente no peito em ambos os lados em direção às costelas - fazer avaliação geral da cavidade celomática (observação dos órgãos in situ); 7. Cortar costelas, osso clavicular e coracóide removendo todo o peito - logo que abrir o peito, deve-se coletar o fígado rapidamente para evitar contaminação antes de enviá-lo para o microbiológico; 8. Exame geral das vísceras (sem manipulação): posição, tamanho, coloração, aderências, presença de líquidos; 9. Decidir se e o que coletar para microbiologia - coletar começando dos órgão limpos para os sujos; 10. Avaliar e retirar tireoide e paratireoide - não é muito importante para animais de produção, mas deve-se avaliar mesmo assim; 11. Retirar e abrir o coração começando pelo lado direito: veia cava, seguindo o septo interventricular e terminando na artéria pulmonar - corte longitudinal no coração esquerdo; 12. Avaliar trato digestório iniciando pelo fígado e vesícula biliar, e depois remover; 13. Cavidade oral, esôfago, papo, proventrículo, moela, intestino delgado (junto com pâncreas), grosso e cloaca - remover todo o bloco, desde o final do esôfago até cloaca, abrir e examinar cada órgão; em aves pet deve-se coletar a língua; 14. Remover e avaliar demais órgãos linfóides: baço e bursa de Fabricius, se houver; 15. Avaliar trato respiratório: corte lateral na cavidade oral para acessar a laringe - exame na cavidade oral, coana e laringe; exame da cavidade nasal - corte do bico logo atrás das narinas, remoção da porção 67 superior do bico e exame das conchas/cornetos nasais; exame da traqueia - órgão de eleição para PCR em suspeitas de Mycoplasma; exame dos sacos aéreos e pulmão (o pulmão das aves é mais avermelhado por ter mais sangue, cuidar para não confundir com hemorragia); 16. Remover e avaliar gônadas (reprodutor feminino e masculino); 17. Avaliar e remover Rins, ureteres e adrenais; 18. Desarticular a cabeça; 19. Avaliar e coletar pálpebras, globo ocular e glândula de Harder (pet); 20. SNC: remover a pele da cabeça, abrir a calota com tesoura iniciando no forame magno - cortar a duramater expondo cérebro e cerebelo e depois remover o encéfalo; 21. Medula espinhal: checar desvios e anormalidades e coletar porções de 1-1,5cm por região; 22. Nervos periféricos: avaliar nervo ciático (entre músculos semitendinoso e semimembranoso) comparando ambos os lados – Doença de Marek provoca alterações de espessura; 23. Remover e avaliar glândula uropigiana; 24. Esqueleto: avaliar a resistência óssea, avaliar coloração da medula óssea e avaliar as articulações coxo-femoral e femoro-tibio-patelar (placa de crescimento tibial, frangos de corte); 25. Exame geral dos músculos esqueléticos: avaliar coloração - checar peitoral superficial e profundo, Anterior Latissimus Dorsi e músculo sartório; 26. Antes de descartar a carcaça, certifique-se de que todas as partes foram examinadas e coletadas, preencha a descrição macroscópica e envie os materiais para exames complementares. ● ENVIO DE MATERIAIS PARA LABORATÓRIO: ○ Carcaça inteira: até 72h - sob refrigeração; mais de 72h - congelada; ○ Filhotes de aves pequenas: fixar inteiro em formol 10% com a cavidade aberta; ○ Proporção tecido : formol 10% = 1:9; ○ Imprint de tecidos: fígado e baço - Macchiavello ou Gimenez para Clamidiose; ZiehlNeelsen para Tuberculose; Fluorescência direta para Clamidose e Herpesvírus; ○ Bacteriologia: envio imediato e refrigerado - coleta estéril, envio de tecido em placa ou saco estéril, suabes; ○ Virologia: envio congelado - tecidos em plástico hermético ou tubo estéril ou suabe em meio de transporte viral; ○ Micologia: envio refrigerado ou congelado - tecido em saco/placa estéril; ○ Parasitologia: principalmente pacientes com diarreia - raspagem ou imprint de mucosa intestinal; envio de fezes; envio de parasitas; ○ PCR: envio congelado - coleta estéril; tecidos; suabes; ○ Toxicológico: envio congelado - conteúdo gástrico, fígado e rins, sangue total e soro; PREVENÇÃO DE DOENÇAS - BIOSSEGURIDADE ● BIOSSEGURIDADE X BIOSSEGURANÇA: ● BIOSSEGURIDADE: ○ Conjunto de normas que objetiva a proteção dos lotes; ○ Organismos patogênicos: vírus, bactérias, fungos, protozoários, endo e ectoparasitas; ○ Várias etapas: isolamento, higienização, vacinação, monitoramento, educação… ● ETAPAS DE UM PROGRAMA DE BIOSSEGURIDADE:1. Isolamento da granja e incubatório: ● Barreira física: pessoas, veículos, animais; ● Barreiras naturais; ● Distância entre granjas (IN 56, alterada IN 59); ● Vizinhança; ● Fluxo; ● Restrição de entrada; ● Banhos e troca de roupas; ● Arcos de desinfecção e rodolúvios; ● Contato com outras aves; ● Educação continuada. 2. Fontes de contaminação: pessoas; veículos; equipamentos; pintos de 1 dia; roedores, aves silvestres, insetos; ração; água; cama aviária. 3. Programas de biosseguridade: a. AVES: finalidade de criação; livre de patógenos; imunidade; b. RAÇÃO: cuidados com matéria prima; reprodutoras - fábrica exclusiva; c. ÁGUA: de boa qualidade; livre de coliformes termotolerantes; cloração; d. CAMA: troca a cada lote - ideal; reprodutoras - não reaproveitar; qualidade do material; enlonamento, cal.; e. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO AVIÁRIO: retirada das aves, restos de ração e equipamentos; retirar cama; esvaziar e limpar silos; limpeza seca do aviário e equipamentos; limpeza úmida - detergentes, água sob pressão; limpeza das áreas externas - corte de grama; controle de insetos e roedores; consertos e manutenção; desinfecção de todo ambiente; limpeza dos bebedouros com ácido acético biofilme; colocação cama nova; desinfecção de cama e ambiente; f. VAZIO DAS INSTALAÇÕES: All in- All out; vazio sanitário por 10 dias - de acordo com status sanitário do lote; g. AR: cuidar com níveis de amônia; acima de 20 ppm - ceratoconjuntivite, diminuição muco traquéia - predisposição; h. RESÍDUOS: uso de compostagem: prático, eficiente e seguro;- NÃO - fossa séptica, enterrar, incinerar; i. OVO FÉRTIL: sem defeitos; coleta 5 vezes ao dia; uso de bandejas plásticas; troca da cama dos ninhos; uso de desinfetantes; ovos sujos e de chão - não incubar; desinfecção dos ovos após coleta na granja-fumigação ou imersão; j. INCUBATÓRIO: fluxo - área limpa para suja; limpeza e desinfecção de equipamentos; sistema de ventilação; monitorias; qualidade do pintinho; análise de resíduos. 4. Programa de Vacinação: adequado a cada região; reprodutoras - imunidade à progênie; monitoramento sorológico >> VACINAÇÃO + LIMPEZA + DESINFECÇÃO = PREVENÇÃO e CONTROLE! 5. Plano de controle de doenças: ● Iniciar nos primeiros sinais da doença; ● Observar comportamento do lote - observar: consumo de ração, consumo de água mortalidade, ganho de peso e produção; ● Coletar informações: anamnese; conversa com produtor; ● Seleção de aves: mortas; moribundas; clinicamente doentes; ao acaso; ● Transporte das aves ao laboratório: embalagens; retorno das embalagens; retorno de pessoal; ● Necropsia de número adequado de aves; ● Testes em laboratório: cultivo bacteriano; sorologia; inoculação; microscopia; isolamento viral; ● Retorno das informações: o mais rápido possível; claras e objetivas; utilizar essas informações juntamente com os sinais clínicos para fechar o diagnóstico (laboratório auxilia no diagnóstico.); ● NECROPSIA EM AVES: finalidade - monitoria e diagnóstico; deve ser detalhada; não “terminar” a necrópsia quando encontrar as lesões procuradas; que tipo de aves necropsiar: moribundas, mortas, com sinais clínicos, ao acaso; Quantidade?? ● Procedimento: histórico clínico do lote; seleção das aves; sacrifício das aves - deslocamento articulação; exame externo das aves; imergir em desinfetante; ave em decúbito dorsal; dissecar anatomicamente; conhecer a anatomia das aves; avaliar todos os órgãos; padrão e ordem; cuidado com material de laboratório; ● Profissional deve ser: bom observador; reconhecer anormalidades; interpretar anormalidades; relacionar os achados com o estado clínico do lote; descrever os achados de forma clara e objetiva; coleta de materiais para diversos fins; ● Informações do resultado: informar preliminarmente; laudo claro e entendível; dar o diagnóstico/sugerir (não fornecer uma longa lista); diagnóstico claro (ex.: infecção por paramixovírus = newcastle); ● DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA: salmonella, influenza aviária (exótica, não tem no brasil, mas é de notificação obrigatória), doença de Newcastle, micoplasmose aviária. DOENÇAS BACTERIANAS ★ CÓLERA (PASTEURELOSE): ● ETIOLOGIA: ○ Agente: Pasteurella multocida; ○ Família Pasteurellaceae; ○ Subspécies: multocida, séptica e gallicida; ○ Bastonete pequeno (bipolar); ○ Bacilo Gram negativo; ○ Crescimento aeróbico ou anaeróbico facultativo; ○ Imóvel; ○ Não formador de esporos; ○ Cresce em ágar sangue sem causar hemólise; ○ Não cresce em MacConkey; ○ Facilmente destruídas em temperaturas elevadas (calor) e desinfetantes comuns; ○ Sobrevivem meses dentro de carcaças infectadas - remover as aves mortas! ○ A enfermidade, na sua forma típica, caracteriza-se por desenvolver uma doença septicêmica que resulta em alta morbidade e alta mortalidade; ○ P. multocida pode causar doença no homem, mas não existem evidências das amostras de aves serem patogênicas para o homem ou que sejam de risco para saúde pública; ● INCIDÊNCIA: ○ Ocorre esporádica e enzooticamente em todo o mundo; ○ Frequente e grave em países com regiões frias e temperadas; ○ Pasteurella spp.: Pasteurella spp.: os membros do gênero Pasteurella são usualmente considerados microrganismos oportunistas em vertebrados - os constituintes do gênero podem habitar a mucosa do trato respiratório superior e do trato genital e digestivo de mamíferos e de aves sem causarem doenças. ● EPIDEMIOLOGIA E PATOGENICIDADE: ○ Afeta galinhas, perus, patos e gansos - perus são mais susceptíveis; ○ Maior mortalidade no período de produção das aves (fatores estressantes); ○ Patogenicidade variável, dependendo do hospedeiro e da amostra; ○ A virulência do agente e a capacidade imunológica do hospedeiro influencia a infecção; ○ A P. multocida é habitante natural de vias aéreas de animais saudáveis, podendo ser mantida sem causar doenças nos hospedeiros, porém, o desequilíbrio da relação entre hospedeiro e bactéria pode levar ao desenvolvimento da Cólera Aviária - secundária a processos estressantes, como: ■ Alimentação deficiente; ■ Condições de manejos inadequados; ■ Sobrecarga fisiológica (período de postura e muda forçada); ■ Infestação parasitária; ■ Alterações climáticas; ○ A via de infecção é geralmente respiratória, mas considera-se em alguns casos o trato gastrointestinal (mecanismo de infecção pouco conhecido no trato gastrointestinal devido a dificuldade de isolamento dos agentes no TGI) - a principal porta de entrada é o trato respiratório superior com posterior colonização do trato inferior; ○ Forma septicêmica: mortalidade pode ser maior que 50% (em lotes não tratados); ○ Aves que se recuperam permanecem portadoras; ○ Gatos, coelhos, suínos – reservatórios e disseminadores; ○ Transmissão: horizontal - não há transmissão vertical; ○ Portas de entrada: mucosa da laringe; trato respiratório superior; membrana da conjuntiva; lesões de pele; ● SINAIS CLÍNICOS: ○ Forma hiperaguda: ■ Ocorre provavelmente devido a liberação de endotoxinas na corrente sanguínea - em situações em que a população de P. multocida alcance um grande número, é provável que ocorra lise e conseqüente liberação de endotoxinas em quantidade suficiente para lesar os tecidos do hospedeiro rapidamente; ■ Mortalidade sem sinais clínicos – morte súbita; ○ Forma aguda: ■ Mais comum em aves acima de 6 semanas de idade, com septicemia; ■ Sinais aparecem poucas horas antes da morte; ■ Depressão acentuada; ■ Isolamento; ■ Estertores; ■ Anorexia (queda de consumo e peso); ■ Redução na produção de ovos; ■ Diarréia inicialmente aquosa, esbranquiçada e com pouco conteúdo fecal, tornando-se esverdeada e muito mucosa; ■ Penas arrepiadas; ■ Hipertermia, convulsões; ■ Descarga oral mucosa e dificuldade respiratória (acúmulo de secreções); ■ Cianose: crista e barbela. ○ Forma crônica: ■ Aves que se recuperaram da doença aguda ou foram infectadas por uma cepa de menor virulência; ■ Lesões localizadas; ■ Sinais neurológicos: torcicolo - devido a infecção na meninge. ● LESÕES: ○ Forma hiperaguda: sem lesões. ○ Forma aguda - distúrbiosvasculares: ■ Fígado aumentado, congesto e com pontos necrose; ■ Pericardite sero-fibrinosa; ■ Petéquias ou hemorragias nas mucosas e serosas de diversos órgãos; ■ Perus: pneumonia com exsudato fibrino-caseoso; ■ Poedeiras e matrizes: postura abdominal, ooforite, peritonite e atresia de folículos ovarianos; ○ Forma crônica: ■ Lesões localizadas - lesões edematosas ou inflamatórias associadas com o local da infecção (mais comuns: barbela, seios nasais e articulações em geral); ■ Frequentemente no sistema respiratório, mas pode afetar outros sistemas; ■ Artrite; ■ Peritonite; ■ Salpingite; ■ Edema facial: crista e barbela (uni ou bilaterais) – necrose local ou difusa; ■ Acúmulo de exsudato caseoso no ouvido médio, no saco conjuntival e barbela ■ Meningite; ■ Perus: é comum encontrar pneumonia; ■ Coxins plantares; ■ Bolsa esternal; ■ Revestimento dos tendões. ● DIAGNÓSTICO: ○ Presuntivo: ■ Observações clínicas; ■ Histórico da propriedade e do lote (alta mortalidade); ■ Lesões de necropsia sendo de grande valor em locais endêmicos para um rápido tratamento; ■ Petéquias no tecido adiposo do epicárdio e miocárdio associado a necrose focal no fígado. ○ Definitivo: ■ Isolamento e Identificação - materiais: swab estéril da cavidade nasal; medula óssea, sangue, coração, fígado e lesões localizadas; ■ Imunofluorescência: tecidos ou exsudatos; ■ PCR; ■ Imprint de fígado: coloração de Wright; visualização bipolaridade; ■ Inoculação em camundongo, coelho ou hamsters: 0,2 ml por via subcutânea ou intraperitoneal; mortalidade em 24-48 horas; coleta de agente puro; fígado, coração, sangue. ○ Diferencial: ■ Influenza aviária: cianose da cabeça , transudatos e necrose em vários órgãos, hemorragia, congestão; ■ Doença Newcastle (velogênica): edema da cabeça, hemorragias no coração, diarreia verde brilhante ou sanguinolenta, peritonite serofibrinosa; ■ Avibacterium gallinarum. ● TRATAMENTO: ○ Sulfadimetoxina, sulfaquinoxalina, sulfametazina, penicilina, tetraciclina, eritromicina, estreptomicina; ○ Por 2-5 dias dependendo do fármaco; ○ Tratamento via água ou ração medicada; ○ Cuidado ao utilizar sulfa em poedeiras, pois pode interferir na produção. ● CONTROLE E PREVENÇÃO: ○ Boas práticas de manejo e rigorosas medidas de biosseguridade; ○ Evitar o acesso à granja: roedores, animais domésticos, aves e carnívoros silvestres; ○ Isolar lotes doentes e separá-los de lotes não doentes; ○ Eliminar aves mortas e doentes para prevenir o canibalismo - aves infectadas podem ser fonte de disseminação; ○ Evitar que outros animais tenham contato com as carcaças contaminadas; ○ Evitar mistura de aves de diferentes idades e diferentes lotes; ○ Em caso de surto: granja em quarentena, efetuar lavagem e desinfecção rigorosas com vazio sanitário por 2-3 semanas; ○ VACINAÇÃO: ■ Vacinas vivas ou bacterinas – cepas prevalentes (1,3 e 4); ■ Matrizes e poedeiras comerciais: entre a 12ª e 16ª semana; revacinação entre a 16ª e 20ª semana; ■ Matrizes perus: 6 semanas idade; revacinar 3 ou 4 vezes – antes da produção; ■ Perus de corte: 6 semanas idade; revacinados a cada 4 ou 6 semanas; ★ CORIZA INFECCIOSA DAS GALINHAS E CORIZA INFECCIOSA DOS PERUS: ● CORIZA INFECCIOSA DAS GALINHAS: ○ Também conhecida como “gôgo”; ○ Doença respiratória aguda ou crônica das galinhas; ○ Características da doença: Edema facial; Descarga oculonasal; Inflamação dos seios infraorbitários; Espirros; Conjuntivite; ○ Altamente contagiosa; ○ Acomete principalmente aves adultas: frangas de recria, poedeiras e reprodutoras; ○ Regiões com alta densidade de criação; ○ Baixa mortalidade e alta morbidade - a mortalidade só é alta quando a doença cursa com uma infecção secundária; ○ Importância econômica - enfermidade de grande importância na avicultura comercial devido a: ■ Redução da performance de crescimento; ■ Condenação nos abatedouros por aerossaculite (doença do saco aéreo - infecção respiratória caracterizada pelo espessamento dos sacos aéreos e possível acometimento desses por exsudato caseoso com deposição de material fibrinoso amarelado) - quando há comprometimento sistêmico ou envolvimento extensivo das carcaças de aves, essas são condenadas totalmente, mas caso sejam afetadas parcialmente, condena-se os tecidos envolvidos com a lesão; as vísceras são descartadas em 100% dos casos de aerossaculite; ■ Redução na produção de ovos (redução de 10-40%); ○ Não há evidências de importância para a saúde pública; ○ OCORRÊNCIA: ■ Distribuição mundial - qualquer local onde há criação de galinhas; ■ História: vem sendo reconhecida desde 1920; ■ Preferência por climas temperados; ■ Brasil: diagnosticada em todas as regiões, tanto em galinhas de postura (maior importância) como em matrizes pesadas e frangos de corte; ■ Problema comum em criações intensivas; ○ ETIOLOGIA: ■ Doença causada pela bactéria Avibacterium paragallinarum (+ importante!); ■ Bacilos pequenos ou cocobacilos; ■ Gram negativo; ■ Capsulados = cepas mais virulentas! ■ Imóvel; ■ No meio de cultura: coloca-se a amostra em uma placa de Petri contentando Staphylococcus aureus - essa bactéria possui o fator de crescimento V (NAD - nicotinamida adenina dinucleotídeo), o qual a Avibacterium paragallinarum precisar para crescer no meio de cultura; ■ Geram colônias hemolíticas de 0,3mm; ■ Existem 3 sorogrupos: A, B e C - não fazem infecção cruzada, por isso é importante identificar o sorogrupo e sorotipos para saber qual está causando a infecção em determinada região, e assim, determinar um esquema vacinal efetivo! ■ PATOGENICIDADE: ● Sorotipos A-1, A-4, C-1, C-2 e C-3: alta virulência; ● Antígeno HA - hemaglutininas; ● Cápsula - proteção contra agentes bactericidas; ● Toxinas; ■ Extremamente sensível fora do hospedeiro; ■ Material infectado suspenso em água – sobrevive 4h em temperatura ambiente; ■ Aves mortas: permanece no sistema respiratório por 48h na temperatura de 37ºC; ■ Em temperatura abaixo de 4ºC: sobrevive por vários dias; ■ Temperaturas acima de 45ºC: sobrevive por 2 minutos; ■ Sensível a maioria dos desinfetantes. ○ HOSPEDEIROS: ■ Frangos e galinhas são hospedeiros naturais; ■ Hospedeiros ocasionais: faisões, codornas e galinhas d’Angola; ■ Todas as idades são susceptíveis; ■ Galinhas de postura, matrizes pesadas e frango corte - em frangos de corte: ocorre ocasionalmente, em granjas com múltiplas idades, sem limpeza ou adoção de vazio sanitário; ○ TRANSMISSÃO: ■ Mais frequente no outono e no inverno; ■ Horizontal - por contato direto: secreção nasal, inalação de partículas, água ou ração contaminada; ■ Através de fômites (menor ocorrência); ■ A transmissão pode ocorrer através de galinhas portadoras crônicas ou saudáveis - aves infectadas permanecem portadoras e servem de fonte de infecção para o resto da vida! ■ Não ocorre transmissão vertical! ○ PATOGÊNESE: ■ Colonização epitélio ciliado da mucosa trato respiratório superior e posteriormente do trato respiratório inferior (pulmões e sacos aéreos); ■ Infecções secundárias concomitantes podem levar a um agravamento do quadro clínico (aumenta a mortalidade); ■ Período de incubação: 24 - 48h a 72h; ■ Permanência no hospedeiro: 2-3 semanas; ○ SINAIS CLÍNICOS: ■ Doença de rápida difusão; ■ Pode ocorrer de duas formas - branda (na fase aguda) e severa: ● Forma branda: ○ Maior ocorrência em poedeiras jovens e frangos de corte; ○ Sinais de inflamação aguda no trato respiratório superior (cavidade nasal e seios nasais); ○ Sinais discretos: descarga nasal serosa, edema facial e depressão. ● Forma severa: ○ Maior ocorrência em poedeiras jovens-adultas e matrizes de corte; ○ Sinais: exsudato nasal e edema facial severos, sinusite, conjuntivite, edema de barbela, olhos fechados, diarreia, redução do consumo de água e comida, refugagem - o acúmulo de exsudato pode levar a sinais respiratórios (dispneia - dificuldade respiratória); ○ Aviários fechados: odor fétido característico - “cheiro de rato”; ■ Podem ser mais severas em infecções associadas - Pasteurella multocida, Mycoplasma gallisepticum,E. coli, Newcastle, etc.; ■ Sem infecção secundária = sinais clínicos reduzem de 2 a 3 semanas; ○ LESÕES MACROSCÓPICAS: ■ Inflamação: formação e acúmulo de exsudato nas cavidades nasais; conjuntivite catarral; ■ Edema subcutâneo da face; ■ Fechamento olho – destruição do globo ocular; ■ Traqueíte - hiperemia dos anéis traqueais; ■ Pneumonia; ■ Aerossaculite - presença de cáseos nos sacos aéreos; ■ Lesões por infecções secundárias - aerossaculite e pneumonia normalmente ocorrem quando associada a outros agentes infecciosos; ○ LESÕES MICROSCÓPICAS: ■ Lesões são observadas 20 horas após a infecção, sendo máximas entre 7-10 dias e com reparação entre 14-21 dias; ■ Cavidade nasal, seios e traqueia: descamação, perda da arquitetura e hiperplasia do epitélio de revestimento e glandular, edema, hiperemia e infiltrado neutrofílico na lâmina própria; ■ Broncopneumonia heterofílica, hiperplasia do epitélio dos capilares aéreos; ■ Hiperplasia das células do saco aéreo com infiltrado heterofílico; ■ Celulite fibrinopurulenta pode ocorrer; ○ DIAGNÓSTICO: ■ Presuntivo: histórico de doença respiratória de rápida disseminação, sinais clínicos e presença de lesões no aparelho respiratório; ■ Definitivo: ● Identificação inicial: esfregaço do exsudato nasal; coloração de Gram - se a bactéria for Gram negativa, com bacilo com tendência a formar filamentos, torna um diagnóstico sugestivo para A. paragallinarum; ● Isolamento do agente: swab de traqueia ou sacos aéreos; swab de exsudato de seios nasais; caudo-rostralmente após descontaminação da pele com espátula aquecida - uso de bisturi estéril para coleta de material; semear as amostras em meio de cultura específico ou semear junto Staphylococcus (fator V); ● Testes bioquímicos: catalase negativa; não fermentam em galactose e trealose; ● Inoculação de exsudatos de animais com suspeita por via nasal em aves normais: se os exsudatos estiverem infectados = sinais clínicos ocorrem em 24-48h (casos graves, agudos) ou em mais de 1 semana (casos brancos, crônicos); ● Testes sorológicos: soroaglutinação em placa; precipitação em gel de ágar; inibição da hemaglutinação; detecção de anticorpos (2-3 semanas após a infecção); ■ Diferencial: ● Doença crônica respiratória (DCR) – lesões pulmonares na MG; ● Cólera aviária – quadro septicêmico; ● Pox vírus – lesões diftéricas; ● Ornitobacteriose – lesões traqueais e pulmonares; ● Síndrome da cabeça inchada – lesões traqueais e reprodutivas; ● Avitaminose A – problemas oculares e reprodutivos; ○ PREVENÇÃO E CONTROLE: ■ Manejo adequado - programas de desinfecção e limpeza e vazio sanitário; ■ VACINAÇÃO: ● Principalmente para aves de postura; ● Manejo adequado + protocolo vacinal rigoroso = redução de prejuízos; ● A vacina adotada vai depender do sorotipo do agente presente na região; ● BACTERINAS COMERCIAIS: vacina constituida por bacterina inativada a partir do agente infeccioso; devem ter no mínimo 108 UFC/mL para ser eficientes; protegem apenas contra o sorotipo presente na vacina; de 10-20 semanas de vida: 2 doses - primeira dose dado em aves com 12 semanas de vida e a segunda em aves com 16 semanas, por via SC ou IM; ■ TRATAMENTO: ● OXITETRACICLINA: ○ 0-50mg/kg ou 0,5g/L de água por 5 dias; ○ Carência: 3-5 dias antes do abate; ○ Não usar em período de postura para ovos destinados a consumo humano; ○ PROBLEMA: a medicação não elimina o agente de todas as aves - permanecem portadoras. ● CORIZA INFECCIOSA DOS PERUS: ○ Causada pela bactéria Bordetella avium; ○ Altamente contagiosa; ○ Acomete trato respiratório superior; ○ Comum em 2-6 semanas; ○ LESÕES MACRO: colapso de traquéia; ○ LESÕES MICRO: bactéria aderida às células epiteliais (principalmente na traquéia); ○ TRATAMENTO: a antibioticoterapia é pouco efetiva, mas ainda assim é utilizada como tratamento (é mais efetiva quando há infecções secundárias) - por isso, deve-se investir no controle profilático através da VACINAÇÃO; ○ VACINAÇÃO: perus em incubatório - spray; matrizes - vacinas constituídas de bacterinas. ★ MICOPLASMOSE AVIÁRIA: ● Altamente infeccioso e contagioso; ● Doença de notificação obrigatória - está no PNSA (programa nacional de sanidade aviária): para realizar comércio internacional o plantel deverá ser livre de MG, MS e MM; ● Micoplasmas de importância na avicultura: Mycoplasma gallisepticum (+ patogênica!); Mycoplasma synoviae; Mycoplasma iowae e Mycoplasma meleagridis - MG, MS e MI são os micoplasma de importância para perus e galinhas (propriedades hemaglutinantes), enquanto MM é de importância apenas para perus; ● Micoplasmas são bactérias encontradas em diversas espécies de animais, humanos, insetos e plantas; ● São da classe Mollicutes, da ordem Mycoplasmatales e do gênero Mycoplasma - possuem 25 espécies que infectam aves, mas apenas 3 são de importância econômica para avicultura comercial (MG, MS e MM); ● Bactérias pequenas (300 a 800 nm) e de difícil isolamento; ● Em condições laboratoriais: colônias pequenas (0,1 - 1mm) de crescimento lento (3-10 dias a 37ºC) e com características de “ovo frito” - cultivadas em meio Frey; ● Coco a cocobacilos; ● Não possuem parede celular (membrana trilaminar) - isso as torna extremamente resistentes a antibióticos com ação sobre a síntese de parede celular; ● No geral, colonizam superfícies do epitélio de mucosas; ● Algumas têm habilidade de invasão celular; ● Nas AVES: provocam infecção respiratória, articular e urogenital; ● MYCOPLASMA GALLISEPTICUM (MG): ○ Espécie mais patogênica para as aves; ○ Causa doenças respiratórias que acometem perus, frangos, codornas e outras aves - Doença crônica respiratória dos frangos (DCR) e Sinusite infecciosa dos perus; ○ IMPORTÄNCIA ECONÔMICA - é o micoplasma de maior significado econômico para as aves domésticas devido a: ■ Condenações de carcaças; ■ Conversão alimentar negativa; ■ Queda na produção de ovos; ■ Altos custos com medicação; ■ Altos custos para prevenção e controle; ○ Não tem importância para a saúde pública - infecta exclusivamente aves; ○ SUSCEPTIBILIDADE: ■ É sensível a: fenol, formalina, altas temperaturas (em ovos infectados, a MG é inativada quando exposta a temperaturas de 45,6 ºC por 12-14h); ■ É resistente a: penicilina e acetato de tálio; congelamento (resiste por 2-4 anos em temperaturas a -30ºC); ○ FATORES DE VIRULÊNCIA: ■ Motilidade, cito-adesão e invasão celular; ■ Mutação em diversos genes; ■ Causa lesões mais pela ação do sistema imune do que pelo efeito tóxico direto do MG; ■ Não foram detectadas toxinas potentes; ○ EPIDEMIOLOGIA E PATOGENIA: ■ Incidência e distribuição mundial - identificada em áreas produtoras de frangos e perus; ■ Doença controlada em matrizes e avós; ■ Surtos: ainda ocorrem em frangos de corte; ■ Brasil: ocorre em todas as regiões; ■ Endêmica em unidades de produção de ovos comerciais e aves de fundo de quintal; ■ Identificada em pássaros com conjuntivite; ■ Ocorrência natural em: galináceos, faisões, perdizes, pavões, codornas, papagaios, patos, gansos, flamingos e outros pássaros - por isso a importância do isolamento da granja contra a entrada de outras aves; ■ TRANSMISSÃO: horizontal (contato direto e indireto - contato direto entre aves infectadas e susceptíveis, especialmente em granjas com alta densidade populacional ou indireto através de aerossóis, fezes e fômites contaminados) e vertical (in ovo, transovariana); ■ PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 6-21 dias; ■ Os sinais clínicos geralmente aparecem próximo ao início da produção de ovos - isso ocorre devido ao estresse fisiológico (baixa imunidade); ■ MORBIDADE E MORTALIDADE: ● Poedeiras adultas: mortalidade inaparente, mas ocorre queda na produção de ovos; ● Frangos: mortalidade baixa em casos descomplicados e até 30% em casos complicados - complicantes: Doença de Newcastle (DNC), Bronquite Infecciosa e E. coli; ● Perus: alta morbidade (tosse) - 80-90% do lote; ■ PATOGENIA: ● Trato respiratório superior e/ou conjuntiva: capacidade de invadir células não fagocíticas – resistência às defesas do hospedeiro e àantibióticos; ● Tem capacidade de atravessar a barreira epitelial da mucosa e atingir órgãos e tecidos internos do organismo - outros órgãos podem ser acometidos: oviduto e cérebro; ● Forte resposta imune celular e humoral - sugere o papel da imunopatologia na patogenia da infecção por MG; ● Fatores complicantes: agentes secundários, imunodepressão e estresse; ■ IMUNIDADE: aves que se recuperam passam a adquirir imunidade, mas também passam a ser transmissoras por contato ou via ovo; ○ SINAIS CLÍNICOS: ■ Sinais de infecção de trato respiratório superior (inicialmente) e inferior (com o curso da doença); ■ Lesões variáveis - depende da presença de outros agentes infecciosos, como: E. coli, Bronquite, Influenza Aviária, Pasteurella multocida, Avibacterium paragallinarum; ■ FRANGOS: ● Geralmente após a quarta semana de vida; ● Mais severa no inverno e em machos; ● Estertores - ruídos audíveis durante a inspiração ou expiração que superpõe-se aos sons respiratórios normais; ● Respiração: bico parcialmente aberto; ● Descarga nasal; ● Tosse; ● Conjuntivite e lacrimejamento; ● Inchaço de face e pálpebras (pode se observar também cianose na crista); ● Depressão, prostração; ● Penas espaçadas e secas; ● Queda no consumo de alimentos; ● Redução do ganho de peso. ■ POEDEIRAS E MATRIZES: ● Queda na produção de ovos; ● Persiste até o final do lote. ■ PERUS: ● São mais susceptíveis do que frangos; ● Sinais mais severos: sinusite; dificuldade respiratória; edemas (seios infraorbitários, periorbital); apatia; inapetência; perda de peso; descarga nasal e ocular (aparência de secreção “espumosa” nos olhos); opistótono e torcicolo; queda na produção de ovos. ○ MACROSCOPIA: ■ SEM contaminação: traqueíte, sinusite, aerossaculite discreta - sinais leves (às vezes não são observados); ■ COM contaminação: ● Aerossaculite severa; ● Espessamento dos sacos aéreos (devido ao acúmulo de exsudato fibrinopurulento); ● Pericardite; ● Perihepatite; ● Salpingite (acúmulo de exsudato); ● Embriões não eclodidos - exsudato nos sacos aéreos; ● PERUS: sinusite mucopurulenta grave; ● OBS.: aerossaculite, pericardite, perihepatite – principais causas de condenação! ○ MICROSCOPIA: ■ Espessamento da mucosa do trato respiratório; ■ Infiltração de células mononucleares (principalmente - linfócitos e monócitos ou macrófagos) - às vezes pode ter infiltração de células polimorfonucleares também (infiltração mista); ■ Hiperplasia das células caliciformes; ■ Hiperplasia linfóide focal na mucosa traqueal e sacos aéreos; ○ DIAGNÓSTICO: ■ Sorologia: ● Soroaglutinação rápida (SAR) em tubo e em placa; ● Inibição da Hemaglutinação (HI); ● ELISA; ■ PCR (da traquéia); ■ Isolamento e identificação a partir das lesões - difícil fazer o isolamento desses agentes por normalmente estarem associados com E. coli; ■ OBS.: estabelecimentos certificados pelo PNSA (bisavós, avós, matrizes) com diagnósticos positivo de micoplasmose aviária: devem ser submetidos a monitorias a cada três meses durante toda a vida do lote para MG, MS e MM; ○ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ■ FRANGOS: ● Doença de Newcastle; ● Bronquite Infecciosa; ● Coriza Infecciosa; ● Cólera aviária; ● Mycoplasma synoviae. ■ PERUS: ● Influenza aviária; ● Aspergilose; ● Pasteurelose; ● Clamidiose; ● Criptosporidiose; ● Doença de Newcastle; ● Mycoplasma synoviae; ● Metapneumovírus; ● Bordetella avium (coriza dos perus); ● Ornithobacterium rhinotracheale. ■ PÁSSAROS: ● Clamidiose; ● Poxvírus. ○ ESTRATÉGIAS DE CONTROLE: ■ Núcleos de aves ou ovos férteis de linhas puras bisavós, avós importadas ou nascidas no Brasil, certificados pelo PNSA: sacrifício do lote quando em casos positivos de MG, MS e MM; ■ Núcleos de matrizes galinhas: sacrifício de lote e destruição de todos os ovos incubados ou não quando em casos positivos de MG; ■ Núcleos de matrizes de perus: sacrifício de lote e destruição de todos os ovos incubados ou não quando em casos positivos de MG, MS e MM; ■ Criação das matrizes livres MG e com alto nível de biossegurança; ■ Em casos positivos em lotes não certificados pelo PNSA: antibióticos podem reduzir morbidade, mortalidade e perdas na produção (mas as aves continuam portadoras); ■ VACINAÇÃO: ● Vacinação NÃO é permitida para estabelecimentos certificados pelo PNSA; ● Vacinas existentes: ○ Inativadas (bacterinas): reduzem, mas não eliminam a colonização por MG nem a transmissão horizontal; ○ Vivas e atenuadas: reduz as perdas por queda na produção de ovos devido a aerossaculite; ○ Recombinante Pox+MG: vem sendo introduzida; ■ TRATAMENTO: ● Não é permitido tratamento em granjas certificadas, apenas em granjas não certificadas; ● Tratamento de eleição - antibioticoterapia; ● MACROLÍDEOS: ○ Tilosina 1g/2L de água durante os três primeiros dias de vida, repetindo a medicação por 24h na 3 e 4 semana de vida; ○ Em frangas de postura,administrar também na 8, 16 e 20 semana; ○ Carência: 24h de carência (carne); 5 dias de carência para perus (carne); ○ OVOS: não usar! ● OXITETRACICLINA: ○ 82,5%: 30-60mg/Kg ou 100-200g/500L de água por 5 dias; ○ Carência: 5 dias (carne); ○ Ovos: não usar! ● FLUOROQUINOLONAS: ○ Enrofloxacina (10%): 0,1mL/Kg ou 1mL/2L de água por 3-5 dias; ○ Carência: 7 dias (carne); 10 dias perus; ○ Ovos: não usar! ● TRATAMENTO DE OVOS: ○ Temperaturas mais altas; ○ Reduz bastante a possibilidade de transmissão via ovo; ○ Reduz a taxa de eclosão em até 12%. ● MYCOPLASMA SYNOVIAE (MS): ○ Provoca sinovite exsudativa infecciosa, mais frequente em frangos e perus; ○ Pode causar infecção subclínica no trato respiratório superior e aerossaculite em casos complicados associados a doença de Newcastle e Bronquite infecciosa; ○ Principal sinal da doença: inchaço nas articulações (macro: aumento de volume); ○ INCIDÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO: ■ Distribuição mundial; ■ Sinovite: frangos em crescimento (4-12 semanas) e perus (10-20 semanas); ■ Forma respiratória (muitas vezes sem sinais clínicos); ■ Poedeiras comerciais: mais frequente do que em frangos - devido ao estresse fisiológico na fase de postura; ■ Matrizes: MS é bem controlada, mas ocorre; ○ EPIDEMIOLOGIA E PATOGENIA: ■ Hospedeiros naturais: frangos, perus, patos, gansos, galinhas d`Angola, pombos, codornas, faisões, perdizes; ■ Transmissão: ● Horizontal: idêntica à MG, porém ocorre de maneira mais rápida; ● Vertical: principal forma de disseminar MS entre frangos e perus; ■ Cepas: tropismo para articulação e trato respiratório - a severidade aerossaculite depende das cepas e da presença de agentes secundários; ■ Período de incubação: 11-21 dias - pode ser menor em infecções verticais; ■ Morbidade e mortalidade: ● Bem menores do que na MG; ● Frangos: morbidade de 5-15% (mais comum) e mortalidade menor que 1%; ● Perus: morbidade de 1-20% e mortalidade por amontoamento e canibalismo pode ser significativa; ■ Patogenia: contato direto ou via aerógena - adesão e colonização do trato respiratório superior e invasão sistêmica (inclusive no SNC - por isso entra no diagnóstico diferencial para doença de Newcastle); ○ SINAIS CLÍNICOS: ■ Frangos: ● Palidez de crista (podem ficar encolhidas e cianóticas); ● Claudicação; ● Retardo no crescimento; ● Inchaço nas articulações (principalmente jarretes e patas); ● Fezes esverdeadas com grandes depósitos de uratos; ● Desidratação; ● Aerossaculite; ● Queda na produção de ovos (pode ocorrer); ■ Perus: ● Mesmos sinais que frangos; ● Claudicação é o sinal mais proeminente; ● Sinais respiratórios não são comuns. ○ MACROSCOPIA: ■ Frangos: ● Exsudato viscoso (que pode se tornar caseoso) creme-acinzentado nas membranas sinoviais, tendões, articulações e bursa esternal; ● Hepatomegalia e esplenomegalia; ● Rins pálidos, manchados e aumentados; ● Exsudato caseoso envolvendo tendões, músculos adjacentes e sacos aéreos; ● Superfície articular fina e esburacada; ● Aerossaculite pode estar presente. ■ Perus: ● Inchaço nas articulações podem ser menos proeminentes; ● Exsudato fibrinopurulento, geralmente presente nas articulações; ● Lesões respiratóriassão variáveis. ○ MICROSCOPIA: ■ Deposição de fibrina com acúmulo de heterófilos nos espaços articulares; ■ Hiperplasia das células sinoviais com infiltração de linfócitos e macrófagos; ■ Infiltração de linfócitos e heterófilos na mucosa da traquéia e sacos aéreos. ○ DIAGNÓSTICO: ■ Isolamento e identificação a partir das lesões (na fase aguda da doença); ■ Detecção direta de DNA do MS no tecido ou meio de cultura; ■ PCR e Real-time PCR do tecido ou meio de cultura; ■ Sorologia - soroaglutinação em placa, HI e ELISA; ■ Necessário 2-4 semanas para formação dos anticorpos! ○ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ■ Staphylococcus aureus; ■ Escherichia coli; ■ Pasteurella; ■ Salmonella; ■ Mycobacterium gallisepticum; ■ Artrite viral. ○ ESTRATÉGIAS DE CONTROLE: ■ Adquirir perus e frangos de matrizes livres de MS; ■ Tomar medidas de biossegurança efetivas para evitar a introdução do MS no lote; ■ Descarte de matrizes infectadas deve ser avaliado economicamente; ■ Incubar ovos contaminados por MS separadamente de ovos livres do agente; ■ Antibióticos: não eliminam esse agente, mas reduzem a transmissão vertical (os mesmos utilizados para MG, exceto Eritromicina, devido a resistência do agente a esse medicamento) - previnem, mas em geral, não curam as lesões já formadas! ■ Tratamento e aquecimento dos ovos: igual ao indicado para MG; ■ VACINAÇÃO: vacinação não permitida para estabelecimentos certificados pelo PNSA - vacina existente: inativada (bacterina) está disponível, mas seu papel no controle do MS não foi estudado adequadamente; ■ SEGUNDO A PNSA: ● Lotes Matrizes de perus positivos para MG, MS ou MM devem ser sacrificados com eliminação de todos os ovos incubados ou não; ● Lotes Matrizes de frangos positivos para MS: podem ser tratados e ficam sob vigilância e acompanhamento para MS, além disso, serão retestados; não poderão ser comercializados internacionalmente; produção e comercialização sob vigilância até o final do ciclo produtivo; medidas de biossegurança reforçadas. ● MYCOPLASMA MELEAGRIDIS (MM): ○ Patógeno exclusivo de perus, transmitido via ovo levando à lesões na progênie, tais como: aerossaculite (porém, dificilmente leva a sinais respiratórios), anormalidades esqueléticas (principalmente), baixa performance de crescimento e redução da eclodibilidade; ○ Não têm importância para saúde pública; ○ Incidência e distribuição mundial; ○ Hospedeiros naturais: perus de todas as idades são susceptíveis (ocorre principalmente em perus jovens); ○ Transmissão: ■ Vertical (principal): para o trato reprodutivo da fêmea em desenvolvimento; infecção ascendente; inseminação com sêmen infectado por MM; ■ Horizontal: direta (aerógena) ou indireta (manejo das aves; sexagem; inseminação, fômites, etc.). ○ Morbidade e mortalidade: ■ Não afeta a produção e fertilidade dos ovos; ■ Causa atraso no período de incubação dos ovos (de 21 para 25-28 dias); ■ Mortalidade embrionária tardia com redução nas taxas de eclosão (5-6%). ○ Patogenia: ■ Lesões no saco aéreo - leva a condenações; ■ Anormalidade no esqueleto e crescimento - entre 1-6 semanas (machos parecem mais susceptíveis). ○ Imunidade: ■ Não há correlação entre os títulos de anticorpos e a resistência; ■ Animais com altos níveis de anticorpos continuam se infectando, desenvolvendo lesões e transmitindo. ○ Sinais clínicos: ■ Mesmo com alta taxa de aerossaculite, sinais respiratórios são observados raramente; ■ Em adultos: infecção geralmente silenciosa; ■ Osso tarsometatarso retorcido e encurtado; ■ Inchaço na articulação do jarrete; ■ Deformação nas vértebras cervicais; ■ Refugagem; ■ Empenamento inadequado. ○ Macroscopia: ■ Espessamento do saco aéreo com exsudato amarelado (3-5 semanas); ■ Lesões no esqueleto; ■ Bursite esternal; ■ Sinovite e ascite; ■ Sinusite (quando associada à MS). ○ Microscopia: ■ Condrodistrofia nas epífises proximais dos ossos longos: ● Redução na densidade dos condrócitos na placa de crescimento; ● Condrócitos anormais na placa de crescimento; ● Deformidade dos ossos longos; ■ Acúmulo de linfócitos e plasmócitos no oviduto (fímbrias, útero evagina); ■ Falo: formação de folículos linfóides na submucosa; ■ Infiltrado de heterófilos, células mononucleares, fibrina, necrose epitelial e debris celulares nos sacos aéreos; ■ Pulmões: infiltrado mononuclear. ○ Diagnóstico: ■ Isolamento e identificação do agente; ■ Imunofluorescência direta e indireta; ■ Imunoperoxidase; ■ Detecção direta de DNA no tecido; ■ PCR; ■ Sorologia (3-5 semanas pós infecção) - teste rápido em placa, HI e ELISA; ■ Diagnóstico diferencial: ● M. gallisepticum; ● M. iowae - baixa eclodibilidade e mortalidade embrionária tardia; ● Condrodistrofia de origem nutricional (por deficiência de colina, ácido nicotínico, ácido fólico, zinco ou manganês). ○ Estratégias de controle: ■ Tratamento de OVOS: injeção e imersão de Tilosina 3000ppm + gentamicina 500ppm + amônia quaternária 250ppm - calor não efetivo! ■ Espectinomicina (0,6 mg/ml de diluente): efetivo para eliminar MM do sêmen; ■ Vacinas: não estão disponíveis - vacinação não permitida para estabelecimentos certificados pelo PNSA; ■ Tratamento de AVES: ● Espectinomicina + lincomicina: 2g/galão de água por 5 dias; ● Tiamulina: 0,025% na água por 3 dias; ● Espiramicina; ● Doxiciclina; ● Fluoroquinolonas; ● Josamicina; ● Gentamicina; ● Tilosina; ● Tetraciclina. ■ Segundo PNSA: lotes de matrizes de perus positivos para MG, MS ou MM devem ser sacrificados com eliminaçãode todos os ovos incubados ou não. ★ CLOSTRIDIOSE (CLOSTRIDIUM): ● Complexo de doenças causadas por bactérias produtoras de esporos, gram positivas, anaeróbias (estritos ou não) e com forma de bastonetes; ● São bactérias naturais do trato gastrointestinal de humanos e de vários animais - os clostrídios fazem parte da flora normal das aves, mas sob condições propícias, quando o microambiente digestivo é alterado, ocorre à proliferação dessas bactérias, produção de toxinas e invasão; ● Causam doenças a partir de suas toxinas, sendo a TOXINA C considerada letal para as aves (dificilmente provoca intoxicação em humanos); ● Tem importância mínima para saúde pública; ● Principais: ○ C. botulinum - botulismo; ○ C. perfringens - enterite necrótica; ○ C. colinum - enterite ulcerativa; ○ C. septicum - dermatite gangrenosa. ● BOTULISMO: ○ Doença paralisante de natureza tóxica caracterizada por prostração, paralisia e morte - principal sinal clínico em aves: flacidez de pescoço; ○ Acomete aves de qualquer espécie, mas principalmente as aves silvestres; ○ Distribuição mundial; ○ Descrita em mais de 100 espécies de aves, principalmente aves aquáticas (de vida livre ou cativeiro) e domésticas; ○ Ocorre com mais frequência em meses mais quentes; ○ Etiologia: ■ Doença causada pela bactéria Clostridium botulinum - bastonete gram +, anaeróbica, produtora de esporos; ■ Existem 4 grupos geneticamente distintos (de I a IV) que produzem diversas neurotoxinas ((A, B, C, D, E, F e G): ● Humanos: acometidos pelos grupos I e II (toxinas A, B, E e F); ● Animais: acometidos pelo grupo III (toxinas C e D) - AVES: acometidas pelo grupo III (toxina C e D, eventualmente A e E); ■ A intoxicação ocorre por meio de neurotoxinas produzidas por essa bactéria - TOXINA C: principal toxina para as aves; ■ A neurotoxina botulínica é considerada uma das toxinas mais letais que existem: ● 1 g de carne de ave contaminada pode ter mais de 2000 doses letais mínimas de toxina botulínica C; ● População mundial tem aproximadamente 5,6 bilhões de pessoas com peso médio de 70kg cada – 39,2g de toxina botulínica purificada seriam suficientes para erradicar toda a humanidade. ■ Susceptibilidade: ● Peróxido de hidrogênio; ● Hipoclorito de sódio 0,1% em 5 minutos; ● Esporos tipo C - destruídos a 100°C por 1h; ● Outros esporos: autoclave a 120°C por 20 min; ● Muito resistentes no ambiente. ○ Epidemiologia e patogênese: ■ Bactérias presentes no solo, água, alimentos, flora do trato gastrintestinal - proliferam melhor em meios pobres em oxigênio (seresanaeróbios) e sob temperatura ao redor de 30C; ■ Presente em carcaças de animais em decomposição (ambiente propício para multiplicação) - C. botulinum do intestino se proliferam nessas condições; ■ A proliferação descontrolada dessas bactérias em ambientes adequados causam a consequente produção das toxinas; ■ Condições ambientais que favorecem: umidade, temperatura a anaerobiose - locais pantanosos, solos e sedimentos, proliferação bacteriana; ■ Transmissão: através da ingestão de esporos, larvas (de moscas que se alimentam das carcaças) e outros invertebrados (cascudinhos e crustáceos) ou da toxina pré-formada nas carcaças; ■ Botulismo tóxico infeccioso: condição na qual suspeita-se que o C. botulinum presente no intestino das aves clinicamente normais produza a toxina tipo C, porém o processo que leva a tal condição não é conhecido; ■ Período de incubação: depende da espécie acometida e da concentração da toxina ingerida - varia de horas a 13 dias; ■ Morbidade e mortalidade: variável (depende da concentração da toxina) - pode chegar até 40%; ■ Surtos: muito comuns em aves migratórias; ■ O animal morre de insuficiência cardiorrespiratória. ○ Patogenia: ■ Por ingestão da toxina pré-formada: ingestão da toxina > absorção > corrente sanguínea > terminações nervosas > bloqueio de liberação de acetilcolina > flacidez muscular, paralisia, insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória > morte; ■ Por ingestão de esporos: ingestão de esporos > multiplicação e formação da toxina no ceco > absorção > via menos letal – demonstrada experimentalmente; ○ Sinais clínicos: ■ Mais evidentes: paralisia do pescoço (flacidez do pescoço - “limberneck”), das pernas, asas e terceira pálpebra; ■ Angústia respiratória (animais ofegantes - boca aberta); ■ Fraqueza, incoordenação motora (início dos sinais clínicos); ■ Penas eriçadas; ■ Diarréia (pode ocorrer). ○ Patologia: NÃO possui lesões macro e microscópicas - a importância da necropsia é apenas para descartar outras doenças! ○ Diagnóstico: ■ Presuntivo: histórico clínico, sinais clínicos, eliminação de outras possibilidades, busca da fonte; ■ Definitivo: ● Isolamento e identificação do agente a partir de tecido e/ou amostras ambientais associados ao quadro clínico; ● PCR – detecção de genes envolvidos na produção de toxinas; ● Detecção de toxina (soro, conteúdo do papo, lavado intestinal) - Bioensaio em ratos: ○ Inoculação do soro suspeito em rato – morte em 48h; ○ Inoculação do soro suspeito + anti soro específico contra neurotoxina em rato – não ocorre morte; ■ Diagnóstico diferencial: intoxicação por ionóforos (por causar miopatias), intoxicação por chumbo (devido aos sinais neurológicos - principalmente em aves aquáticas) e doença de Marek (sinais de incoordenação); ○ Tratamento: ■ Não existe tratamento específico para botulismo (independente da espécies); ■ Para pequeno número de aves: ● Isolar, fornecer água e alimento livre de toxinas, podem metabolizar a toxina e se recuperar; ● Prática difícil para grandes lotes; ● Antibióticos (bacitracina de zinco, estreptomicina e clortetraciclina), minimizam o problema; ● Uso de antitoxinas: viável apenas para pequeno número de aves (zoológicos, pets, etc.) ○ Controle e prevenção: ■ Controle do acesso das aves a fontes de esporos e toxinas; ■ Recomenda-se recolhimento imediato com destino adequado das aves mortas que podem se tornar fontes de infecção; ■ Remoção da cama contaminada seguida de desinfecção; ■ Desinfecção das áreas ao redor do aviário – tentativa de eliminar ou minimizar presença esporos; ■ VACINAS: não existe vacina para criação de aves comerciais - existem vacinas sendo testadas com bons resultados em faisões e vacinas recombinantes em desenvolvimento, porém ainda a não avaliadas quanto a eficiência em grande número de aves; ● ENTERITE NECRÓTICA: ○ Doença causada por toxinas produzidas pelo Clostridium perfringens - produz esporos de formato oval; ○ É uma enterotoxemia aguda, não contagiosa, causada pelas toxinas produzidas pelo C. perfringens - as aves são acometidas principalmente pelos sorotipos A e C, os quais produzem as toxinas alfa e beta, respectivamente; ○ Provocam lesões ulcerativas e necrose na mucosa do intestino delgado; ○ C. perfringens é um habitante natural do TGI das aves (também encontrado nas fezes, solo, pó e cama aviária) - precisa de uma condição primária que leva ao crescimento descontrolado no intestino delgado, causando necrose; ○ Isolamento em ágar sangue - duplo halo de hemólise; ○ Considerada por muitos como a doença bacteriana entérica mais grave para aves domésticas; ○ Afeta principalmente aves jovens (frangos jovens); ○ Normalmente aparece de maneira repentina, provocando morte súbita; ○ Surtos: alta mortalidade (50%); ○ Fatores predisponentes: ■ Coccidiose (principalmente por Eimeria spp.) - leva a lesões na mucosa intestinal (vacinas vivas também levam a lesões); ■ Rações de alto nível proteico ou formuladas com grande quantidade de trigo, ou ricas em fibra (trigo, cevada e farinha de peixe); ■ Baixa qualidade da cama (umidade e altos níveis de compostos nitrogenados); ■ Densidade populacional da granja; ■ Imunossupressão por micotoxinas; ■ Restrição ou jejum alimentar; ■ Diminuição da motilidade intestinal. ○ Fontes de infecção: conteúdo intestinal, fezes, solo, comida contaminada, camas aviárias, etc.; ○ Sinais clínicos: ■ Apatia; ■ Diminuição do apetite; ■ Penas arrepiadas; ■ Anorexia; ■ Relutância para se movimentar; ■ Desidratação bem acentuada - devido a diarréia; ■ Aves afetadas cronicamente: edema, hemorragias e necrose de membros posteriores. ○ Lesões MACRO: ■ Lesões restritas: jejuno, íleo, ocasionalmente duodeno e cecos; ■ Intestino friável e distendido com gás – odor fétido e líquido acastanhado; ■ Pseudomembranas focais a coalescentes; ■ Petéquias; ■ A doença pode causar colangiohepatite – focos pálidos; ○ Lesões MICRO: ■ Necrose de coagulação difusa e severa das vilosidades intestinais; ■ Degenerações celulares podem atingir muscular da mucosa e submucosa; ■ Infiltrado de células mononucleares na junção entre área necrótica e área normal; ■ Colônias bacterianas nas áreas necróticas; ■ Lúmen intestinal: fibrina e tecido necrótico; ■ Fígado: necrose multifocal com presença de bactérias. ○ Diagnóstico: ■ Necropsia e histopatologia (lesões macro e micro); ■ Isolamento do agente (através do conteúdo intestinal, raspado da mucosa intestinal, nódulos linfóides hemorrágicos); ■ PCR e ELISA; ■ Histopatologia - colônias associadas às lesões; ○ Tratamento - antibioticoterapia: ■ Via água: Bacitracina; Oxitetraciclina; Penicilina; Tilosina. ■ Via ração: Bacitracina; Virginiamicina; Penicilina; Avoparcina; Nitrovin. ○ Controle e prevenção: ■ Manejo adequado: evitar superlotação de granjas e excesso de umidade da cama; ■ Minimizar ou eliminar os fatores predisponentes - alterar dieta, uso de coccidiostáticos (ionóforos), etc.; ■ Exclusão competitiva - probióticos: Bacillus subtilis; Lactobacillus acidophilus; Streptococcus faecium - reduzem a severidade da enterite necrótica e melhoram ganho de peso e conversão alimentar; ■ Limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos. ● ENTERITE ULCERATIVA: ○ Causada pela bactéria Clostridium colinum: ■ Bastonetes Gram +; ■ Anaeróbica; ■ Formadora de esporos; ■ Difícil isolamento; ■ Cultivada em meio triptose-fosfato e 8% de plasma de cavalo; ■ Resistência: ● Resistente ao ambiente; ● Altamente resistente à agentes físicos e químicos (esporos): solventes orgânicos; 70 C por 3h; 80 C por 1h; 100 C por 3 minutos. ○ Inflamação e ulcerações intestinais + necrose hepática; ○ Conhecida como doença das codornas (“quail disease”) - codornas de 4-12 semanas de idade são mais suscetíveis (pode atingir 10% de mortalidade na fase aguda da doença); ○ Também ocorre em frangos (de 4-12 semanas de idade), perus (de 3-8 semanas de idade) e aves de caça (“game birds”); ○ Afeta várias espécies de aves, principalmente aves jovens; ○ Ocorrência mundial; ○ Frequentementeassociada com outras enfermidades (Coccidiose, anemia infecciosa das galinhas, doença de Gumboro e estresse); ○ Sem importância para saúde pública; ○ Características: ■ Inicio: sem sinais ou com diarreia aquosa ou branca; ■ Na fase aguda: enterite hemorrágica no duodeno, com petéquias visualizadas pela serosa da parede intestinal, úlceras perfurativas, que podem resultar em peritonite; ■ Animais que sobrevivem à fase aguda apresentam: alterações inflamatórias seguidas de necrose e ulceração no intestino e no ceco (apresentam material de coloração escura). ○ Epidemiologia: ■ Eliminado pelas fezes contaminadas; ■ Infecção: ● Por contato direto (a partir de aves contaminadas); ● Ingestão (alimento, água, cama contaminados); ● Infecção crônica - portadores. ■ Os esporos sobrevivem por anos em ambientes contaminados; ■ Período de incubação: 1-3 dias; ■ Duração: 3 semanas; ■ Pico de mortalidade entre 5-14 dias da infecção. ○ Patogenia: ○ Sinais clínicos: ■ Morte súbita sem sinais clínicos – bom escore corporal; ■ Diarreia aquosa e branca; ■ Sonolência; ■ Anorexia; ■ Penas arrepiadas; ■ Emagrecimento; ■ Mortalidade de 100% em codornas jovens e de 2-10% em frangos. ○ Lesões MACRO: ■ Duodeno: enterite hemorrágica; ■ Úlceras arredondadas com halo hemorrágico, visíveis através da serosa; ■ Úlceras podem perfurar – peritonite; ■ Lesões podem se estender para qualquer parte do intestino; ■ Sangue no lúmen intestinal; ■ Fígado pode apresentar; ■ Hepatomegalia; ■ Focos amarelados a acinzentados; ■ Baço congesto e aumentado. ○ Lesões MICRO: ■ Intestino: ● Erosão do epitélio da mucosa; ● Edema; ● Congestão; ● Infiltrado heterofílico e linfocítico na lâmina própria e submucosa; ● Áreas de necrose de coagulação; ● Fibrina nos vasos e trombose bacteriana na mucosa; ● Lúmen: sangue, debris celulares, bactérias e fibrina. ■ Fígado: ● Necrose de coagulação; ● Pouca reação inflamatória; ● Presença de bactérias. ○ Diagnóstico: ■ Presuntivo: ● Histórico e sinais clínicos; ● Lesões macro e micro - intestino, fígado e baço; ● Coloração de Gram de imprint - fígado; bacilos Gram positivos com presença de esporos subterminais. ■ Definitivo: ● Isolamento do agente (fígado e baço); ● Imunofluorescência direta. ■ Diferencial: ● Enterite necrótica; ● Histomoníase – cáseo no ceco (o baço não é afetado na histomoníase); ● Coccidiose – exame direto. ○ Estratégias de intervenção e controle: ■ Manejo: ● Troca da cama; ● Evitar estresse; ● Controlar coccidiose; ● Controlar doenças virais imunossupressoras; ● Evitar mistura de aves portadoras com aves saudáveis. ■ Em casos de surtos: ● Tratamento inicial via água, posteriormente tratamento via ração; ● Sulfas, bacitracina, estreptomicina, tetraciclina, penicilina, ampicilina, tilosina - tratamento por 5-10 dias. ● DERMATITE GANGRENOSA: ○ Causada pela Clostridium septicum; ○ Afeta frangos e perus; ○ Agentes isolados ou associados - a infecção é muito mais grave quando associada a outros agentes (C. septicum + C. perfringens tipo A + Staphylococcus aureus); ○ Infecção aguda do tecido subcutâneo; ○ Associada à doenças imunossupressoras; ○ Também denominada de celulite; ○ Ocorrência esporádica ao redor do mundo; ○ É uma doença do meio ambiente - não se propaga de ave para ave, a infecção ocorre em contato com o solo ou cama; ○ Sinais clínicos: depressão, ataxia, incoordenação motora, fraqueza das pernas; ○ Evolução clínica: 24h - às vezes com sinais clínicos inaparentes ★ COLIBACILOSE AVIÁRIA: ● Colibacilose = termo empregado para designar as infecções localizadas ou sistêmicas causadas por Escherichia coli patogênica nos animais; ● Em mamíferos: problema primariamente entérico ou urinário; ● Uma das doenças mais comuns em aves; ● ExPEC = E. coli patogênica extra-intestinal em qualquer espécie; ● APEC = E. coli patogênica para aves - a maioria são extra-intestinais (ExPEC); ● Importância econômica: ○ Doença bacteriana mais comum na avicultura; ○ Principal causa de condenação em abatedouros; ○ Responsável por grandes perdas econômicas; ○ Causa mais frequente de mortalidade em lote orgânico (devido ao ambiente) - animais com maior contato com fezes de outros animais! ● Etiologia: ○ Família: Enterobacteriaceae; ○ Espécie: Escherichia coli; ○ Escherichia coli patogênica para aves (APEC) são classificadas em patótipos de acordo com seus fatores de virulência, mecanismo de ação e patogenicidade - são de maioria extra-intestinais, entretanto algumas podem provocar infecções intestinais, incluindo as cepas: ■ Enteropatogênicas (EPEC); ■ Enterotoxigênicas (ETEC); ■ Enteroinvasivas (EIEC); ■ Enterohemorrágicas (EHEC) - principalmente; ■ Enteroagregativas (EAEC). ○ Uma vez que a E. coli é um microrganismo encontrado normalmente na microbiota de aves sadias, deve-se diferenciar as amostras patogênicas das não patogênicas que se instalam, multiplicam e desenvolvem a patologia; ○ Bacilo Gram negativo; ○ Não formador de esporos; ○ Formam biofilme (fator de virulência); ○ Oxidase negativa; ○ Maioria móvel - flagelado; ○ Anaeróbio facultativo; ○ Bom crescimento entre 18 - 44C; ○ Frequentemente produz gás; ○ Susceptibilidade: ■ Ácidos orgânicos reduz significativamente a contagem de coliformes na cama - ácidos cítrico, tartárico, salicílico; ■ Sal 8,5% previne o crescimento, mas não inativa; ■ Raios UV eliminam coliformes – luz solar; ■ Dessecação; ■ 60C por 30 minutos ou 70 C por 2 minutos; ■ Sobrevivem ao congelamento; ■ Sobrevive bem em pH variando de 4,5-9; ■ O157:H7 são ácido-tolerantes – sobrevivem ao pH estomacal. ○ Resistência: ■ Metais pesados: arsênico, cobre, mercúrio, prata, zinco; ■ Desinfetantes: clorexidina, formaldeído, peróxido de hidrogênio, amônia quaternária; ■ Antibióticos: tetraciclina, sulfa, ampicilina, estreptomicina; ○ Estrutura antigênica: ■ Classificação de Kauffmann: ● O = antígeno somático - presente na membrana externa das bactérias gram negativas; ● H = Antígeno flagelar; ● K = Antígeno capsular; ● F = Antígeno fimbrial – confere adesão nas células; ■ São reconhecidos 173 antígenos O, 80 antígenos K e 56 antígenos H, que podem gerar inúmeros sorotipos - normalmente é usado em estudos epidemiológicos os grupos O e K para sorotipagem; ■ No Brasil os sorogrupos mais prevalentes nas patologias das aves são: O2, O21, O36, O50, O78, O88, O119, O152. ○ Toxinas: ■ APEC são muito menos toxigênicas do que as E. coli patogênicas de mamíferos; ■ Geralmente não produzem enterotoxinas. ○ Tipificação molecular: permite identificação de fatores de virulência para diferenciar cepas patogênicas de cepas comensais; ○ Fatores de virulência: ■ Adesinas; ■ Protectinas: habilidade de resistir ao sistema complemento; ■ Sobrevivência no interior de macrófagos; ■ Produção de caspases – apoptose – efeito citotóxico; ■ Invasinas; ■ Resistência no interior de biofilmes com aquisição de genes de resistência; ■ Presença de plasmídeos de virulência. ● Epidemiologia: ○ Incidência e distribuição: ■ Cosmopolita; ■ Habitante comum do trato intestinal; ■ 10-15% dos coliformes intestinais dos frangos pertencem aos sorotipos patogênicos. ○ Transmissão: ■ Vertical: via oviduto e casca do ovo – mortalidade embrionária; ■ Horizontal: ● Cama contaminada; ● Poeira; ● Alimento e seus ingredientes; ● Água; ● Fezes de roedores; ● Cascudinho (Alphitobius diaperinus); ● Moscas. ○ Hospedeiros: ■ Possivelmente todas as aves são susceptíveis à colibacilose; ■ Doença clínica é mais relatada em frangos, perus e patos; ■ Considerada a doença bacteriana mais comum de frangos e perus; ○ Todas as idades são susceptíveis; ○ Os animais que são portadores de bactérias resistentes são considerados uma ameaça a saúde pública, devido a possibilidade dos genes que codificam a resistência podem ser transferidos de uma bactéria a outra através do plasmídeo, transposon e os integrons - E. coli tem predisposição para tais transferências devido a quantidade de cepas e sua capacidade de sobrevivência no trato gastrointestinal, tanto no homem quanto nos animais; ○ Doençaé mais severa em aves jovens e embriões; ○ Aves reprodutoras: causa comum de mortalidade por salpingite, peritonite e septicemia; ○ A infecção ocorre quando alguma barreira da pele ou mucosa que está comprometida - PORTAS DE ENTRADA: ■ Lesões de pele - arranhões (principal), umbigo de pintos recém nascidos; ■ Infecções intestinais por outros agentes (como por ex. a Eimeria); ■ Imunossupressão; ■ Fatores ambientais – amônia, ventilação inadequada, etc.; ■ Estresse. ○ Existe variação quanto a resistência à colibacilose nas diferentes linhagens de frangos e perus - linhagens selecionadas para crescimento rápido = menor resistência; ○ Período de incubação: 1-3 dias em infecções experimentais e 5-7 dias em infecções naturais; ○ Morbidade e mortalidade: ■ Altamente variáveis; ■ Mortalidades maiores durante o dia = surtos mais severos; ● Fatores predisponentes: ○ Processos infecciosos: ■ Doença de Newcastle e Bronquite Infecciosa, incluindo cepas vacinais - lesam o trato respiratório; ■ Doença de Gumboro - leva a queda de imunidade; ■ Micotoxinas: leva a queda de imunidade; ■ Bactérias: Mycoplasma gallisepticum e synoviae, Pasteurella multocida, Avibacterium paragallinarum; ■ Parasitoses intestinais - Coccidiose; ■ Metapneumovirus em perus; ○ Processos não-infecciosos: ■ Frio ou calor excessivos; ■ Excesso de amônia; ■ Desinfecção deficiente; ■ Deficiências nutricionais; ■ Umidade da cama; ■ Ventilação deficiente. ● Patogenia: ○ Principal porta de entrada: trato respiratório superior - onde se adere nas células ciliadas da traquéia (principalmente) e faringe e se multiplica com consequente invasão da corrente sanguínea e com posterior disseminação para membranas dos sacos aéreos e outros tecidos, como fígado, coração, pulmão, etc. (colisepticemia); ● Sinais clínicos: ○ Variam de inaparentes a completa ausência de reação; ○ Infecções localizadas – sinais mais leves que infecções sistêmicas; ○ Redução do crescimento; ○ Aglomeramento de aves no final do aviário ou próximo às paredes, comedouros e bebedouros; ○ Dificuldade de locomoção; ○ Fezes aderidas às penas próximas à cloaca; ○ Fezes esverdeadas; ○ Anorexia, desidratação (pele escura e ressecada); ○ Redução do consumo de água; ○ Letargia severa; ○ Olhos fechados, cabeças e asas caídas; ○ São facilmente apanhadas no lote; ○ Pintinhos: onfalite e dificuldade de locomoção. ● Lesões MACRO: ○ Localizadas: ■ Onfalite e inflamação no saco da gema; ■ Gema não absorvida; ■ Celulite (no tecido subcutâneo e muscular); ■ Síndrome da cabeça inchada; ■ Vaginite – mortalidade em perus; ■ Salpingite/peritonite – queda na postura; ■ Epididimite/orquite. ○ Sistêmicas: ■ Colisepticemia: ● Septicemia aguda: polisserosite – lesão granulomatosa; ● Atrofia de bursa – não deve ser interpretada como doença imunossupressora prévia; ● Pericardite fibrino-heterofílica seguida de caseosa; ● Fibrose hepática. ● Origem respiratória: ○ Forma septicêmica mais comum em frangos e perus; ○ Doença respiratória crônica (DCR); ○ Espessamento de saco aéreo com acúmulo de cáseo na superfície; ○ Pneumonia e pleuropneumonia; ○ Salpingite em ave jovem - pelo contato com saco aéreo; ○ Pode ocorrer ascite (devido à lesão pulmonar). ● Origem entérica: ○ Mais comuns em perus; ○ Fígado congesto e esverdeado; ○ Baço congesto e aumentado; ○ Músculos congestos; ● Septicemia hemorrágica: ○ Ocorre em perus; ○ Distúrbio circulatório generalizado; ○ Necrose do fígado e baço. ● Septicemia neonatal: ○ Ocorre até 48h após a eclosão; ○ Mortalidades permanecem por 2-3 semanas – 10-20% no total. ● Septicemia das poedeiras: ○ Ocorre no início da postura - esta infecção foi associada ao nível hormonal da ave de postura; ○ Súbita; ○ Poliserosite – perihepatite, pericardite, peritonite; ○ Gema livre na cavidade; ○ Ooforite; ○ Salpingite. ● Septicemia dos patos: ○ Pericardite, perihepatite e aerossaculite; ○ Fígado aumentado, escuro e corado com bile; ○ Baço aumentado e escuro. ● Meningite/meningoencefalite; ● Panoftalmite; ● Osteoartrite e sinovite; ● Complexo osteomielite dos perus (TOC): ○ Fígado esverdeado. ● Coligranulomas múltiplos (doença de Hjarre): ○ Fígado, ceco, duodeno e mesentério; ○ Forma pouco comum. ○ Lesões MICRO: ■ Infiltrado heterofílico multifocal a difuso; ■ Presença frequente de colônias bacterianas; ■ Exsudato caseoso; ■ Edema; ■ Necrose; ■ Granulomas. ○ Diagnóstico: ■ Isolamento e identificação do agente: ● Medula óssea e cérebro – locais de menor chance de contaminação fecal; ● Após a identificação bioquímica pode-se estabelecer os sorogrupos com anti-soros específicos (O1, O2, O36, O78 e outros). ■ PCR – distingue cepas patogênicas das comensais; ○ Diagnóstico diferencial: ■ Pasteurellae - causa perihepatite e septicemia; ■ Salmonellae - causa perihepatite e septicemia; ■ Streptococcus; ■ Mycoplasma - causa aerossaculite; ■ Chlamydia - causa aerossaculite e pericardite. ○ Estratégias para intervenção: ■ Normas de manejo, higiene e biossegurança: ● Reduzir níveis de amônia e poeira nos galpões; ● Uso de bebedouros tipo Nipple; ● Uso de sistemas de filtração de ar, processos de limpeza e desinfecção dos equipamentos em incubatório; ● Matrizeiros: intensificar o nº de coleta de ovos; ● Não incubar ovos postos em cama - contaminação do ovo com as fezes através dos poros da casca = comprometimento do saco vitelino ou morte embrionária; ● Desinfecção dos ovos destinados à reprodução; ● Nutrição adequada – ração peletizada; ● Qualidade da água (clorada) e da ração; ● Qualidade da cama - baixa umidade; ● Controle da temperatura e umidade nos criatórios; ● Controle de insetos, roedores, etc.; ● Exclusão competitiva: uso de probióticos - Bacillus subtilis; ■ Vacinação: ● Em caráter experimental vem sendo testadas: ○ Vacinas inativadas; ○ Vacinas vivas; ○ Recombinantes; ○ Moleculares. ● Nenhuma vacina demonstrou ser altamente eficaz na produção comercial e nenhuma vacina vem sendo amplamente usada, até o momento. ○ Tratamento: ■ Sempre fazer testes de resistência com antibiograma antes de escolher a droga para o tratamento! ■ O sucesso do tratamento é maior quando a administração do medicamento é feita na fase inicial da doença! ■ Apramicina (44,4%): 40-80mg/Kg na água de bebida por 5 dias – frangos, sem carência; ■ Neomicina (40%): 500g/100L de água de bebida por 5 dias – perus; Carência de 5 dias para carne e 21 dias para ovos; ■ Anticoccidianos: monensina (ação antimicrobiana) - resistência relatada à tetraciclina, sulfa, ampicilina, estreptomicina e quinolonas; resistência à múltiplas drogas é comum – plasmídeos; ★ SALMONELOSES AVIÁRIAS: ● Causadas por bactérias do gênero Salmonella; ● Todas as salmoneloses importantes para aves domésticas são provocadas por uma única espécie: Salmonella enterica; ● Existem 3 formas de salmoneloses que causam enfermidades nas aves: ○ Pulorose - Salmonella pullorum; ○ Tifo aviário - Salmonella gallinarum; ○ Paratifo aviário (também acomete humanos - sorotipos de controle obrigatório no Brasil!) - Salmonella enteritidis ou Salmonella typhimurium; ● Causa grandes prejuízos econômicos (tanto pelos gastos devido ao controle e monitoria quanto pela mortalidade): ○ Atualmente mais relacionada a programas de monitoria e controle; ○ Os plantéis devem ser obrigatoriamente livres de S. pullorum (pulorose) e S. gallinarum (tifo) e devem ser livres ou controlados quanto a S. enteritidis e S. typhimurium (paratifo); ○ Aves reprodutoras - para um estabelecimento avícola ser certificado: ■ Linhas puras e avós: devem ser obrigatoriamente livres de todos os sorovares ( S. gallinarum, S. pullorum, S. enteritidis e S. typhimurium; ■ Matrizes: devem ser obrigatoriamente livres de S. gallinarum e S. pullorum, e devem ser livres ou controladas de S. enteritidis e S. typhimurium; ● De grande importância para saúde pública: ○ As salmoneloses estão entre as principais doenças bacterianas transmitidas por alimentos em todo o mundo (foodborne diseases - “FBD”) - o principal alimento que causa salmonelose em humanosé o ovo (cru ou mal cozido); ○ As aves estão entre os reservatórios mais importantes de salmonelas transmitidas para humanos na cadeia alimentar; ● Por que controlar a Salmonella: ○ Saúde e performance das aves - alta mortalidade, diminuição da produção de ovos, perda de peso, aves portadoras contribuem para disseminação, descarte de animais positivos; ○ Saúde humana - toxinfecção; ○ Legislação brasileira - Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA): normas técnicas para controle e certificação de núcleos e estabelecimentos avícolas como livres em S. gallinarum e S. pullorum e livres e controlados para S. enteritidis S. typhimurium; ○ Mercado interno e externo - prejuízo econômico; ● Etiologia: ○ Família Enterobacteriaceae; ○ Gênero Salmonella - possui mais de 2.700 sorotipos (sorovares); ○ Espécie Salmonella enterica - é dividida em 6 subespécies, porém, a única que importa para as aves no momento é a subespécie enterica (S. enterica da subespécie enterica); ○ Causam manifestações clínicas distintas em aves domésticas: ■ Salmoneloses tíficas - PULOROSE e TIFO: ● Importante causa de doenças nas aves - galinhas e perus; ● Raramente provocam doenças em humanos; ■ Salmoneloses paratíficas - PARATIFO: ● Podem provocar doenças nas aves e em outras espécies; ● Importante causa de doença em humanos; ■ Arizonose - sem importância para saúde pública: ● Doença das aves - principalmente perus; ● Não relatada em humanos. ○ Principais fontes de infecção: ■ Muito resistente ao ambiente - fácil disseminação através das fezes contaminadas: ambiente, cama, água, alimento, equipamentos, roedores, abatedouro, transporte, incubatório, homem, aves de reposição, aves silvestres. ● PULOROSE E TIFO AVIÁRIO: ○ PULOROSE: causada pela Salmonella enterica da subespécie enterica do sorovar Pullorum - S. pullorum; ○ TIFO AVIÁRIO: causado pela Salmonella enterica da subespécie enterica do sorovar Gallinarum - S. gallinarum; ○ Literaturas mais recentes vem agrupando ambas no mesmo sorovar devido às similaridades nas provas bioquímicas e nas manifestações clínicas - sorovar Pullorum-Gallinarum; ○ Causam doenças septicêmicas que afetam primariamente galinhas e perus; ○ Outras espécies de aves também são suscetíveis, como: codornas, faisões, patos, pavões e galinhas d’Angola; ○ Raramente causam doença clínica em espécies não-aviárias - podem acometer humanos, mas raramente; ○ Ambas: ■ Bactérias gram negativas; ■ Imóveis; ■ Não formam esporos; ■ Anaeróbias facultativas; ■ Tem bom crescimento a 37 graus. ■ Estrutura antigênica: O1, O9 e O12; ■ Muito resistente ao ambiente - resiste muito mais quando associada a matéria orgânica; ■ São muito sensíveis a agentes físicos e químicos, como: ● Calor: 60 graus por 10 minutos eliminam o agente; ● Irradiação: raios UV - principalmente ovos; ● Formaldeído; ● Peróxido de hidrogênio; ● Ácido láctico, etc. ○ Fatores de virulência: ■ Endotoxina; ■ Toxina termoestável - principalmente S. Pullorum; ■ Hemolisina; ■ Plasmídeos; ■ Diversos genes responsáveis por virulência - ex.: ● Inv - invasão celular; ● SopA - causa enterite. ■ Mutações em genes responsáveis pela resistência a drogas; ○ Incidência e distribuição: ■ Distribuição mundial; ■ Descrito em países cuja avicultura industrial está em desenvolvimento - é considerada erradicada de aves de produção de muitos países desenvolvidos (EUA, Europa ocidental, Canadá, Austrália e Japão); ■ Comum em aves de fundo de quintal (aves sem controle e monitoramento); ■ Ocorrem em diversos países da América do Sul - iniciou no Brasil nos anos 80-90; ■ Mais comuns em poedeiras comerciais, embora ocorra também em aves reprodutoras - houve relatos de novos surtos de Tifo em matrizes pesadas a partir de 2012. ○ Hospedeiros: ■ Naturais: ● Pulorose e Tifo: frangos, perus, galinhas d’Angola, codornas, faisões, pardais e papagaios; ● Pulorose: passeriformes; ● Tifo: pombos, avestruzes e pavões. ■ Ocorre com maior frequência em fêmeas; ■ Ocorrência entre linhagens de frango: linhagens leves (Leghorn) têm maior resistência a Pulorose; ■ PATOS: são resistentes a ambas; ■ Idade do hospedeiro: ● Pulorose: mortalidade mais comum de ocorrer entre 2-3 semanas de vida (pintos e perus jovens) - sobreviventes com ou sem lesão tornam-se carreadores (se recuperam, porém tornam-se portadores para o resto da vida); ● Tifo aviário: mortalidade mais comum de ocorrer em adultos, mas também pode causar alta mortalidade em jovens; >> Ou seja: pintos e perus são altamente suscetíveis a Pulorose e ao Tifo, enquanto aves adultas são mais suscetíveis ao Tifo! ○ Transmissão: ■ Horizontal (principalmente para Tifo): contato físico direto ou indireto com aves infectadas (vivas ou mortas); ■ Vertical (principalmente para Pulorose): transovariana (principal); ■ Canibalismo; ■ Ingestão de ovos contaminados; ■ Alimento, água, cama contaminados; ■ Semen; ■ Ingestão da bactéria via material contaminado (principal via de infecção) - ingestão por via oral é mais importante do que por inalação! ○ Disseminação: ■ Homem (tratadores) e veículos - por isso a importância da biosseguridade! ■ Aves que passaram pela infecção se tornam disseminadoras; ■ Galinhas caipiras: reservatórios e fontes de disseminação; ■ Portadoras SÃS: ● Sorologicamente positivas, porém “saudáveis”; ● Produzem ovos contaminados (aproximadamente 30% da produção é contaminada) - aves portadoras devem ser descartadas. ○ Morbidade e mortalidade: ■ Muito variável em galinhas - varia de 0 a 100% de mortalidade; ■ Morbidade: geralmente maior que mortalidade. ○ Patogenia: ■ Pouco compreendida; ■ Infecção por via oral é a mais importante; ■ A bactéria sobrevive em células do sistema mononuclear fagocitário - resistentes a tentativa de eliminação pelo sistema imune; ■ Tifo: disseminação das bactérias a partir das lesões intestinais - dificilmente encontram-se lesões entéricas microscópicas na Pulorose; ○ Sinais clínicos: ■ Pulorose: ● Em aves adultas: podem tanto sintomáticas quanto assintomáticas; diarréia, refugos, falsas poedeiras, diminuição da produção, baixa eclodibilidade, baixo ganho de peso e ovoperitonite; ● Em aves jovens (maior ocorrência): mortalidade de 50-100%, septicemia, refugos, aumento da mortalidade após a segunda semana de vida, prostração, penas eriçadas, amontoamento (frio), empastamento cloacal, diarréia esbranquiçada, artrite, edema de coxim plantar. ■ Tifo aviário: ● Em aves jovens: semelhante a pulorose; ● Em aves adultas (maior ocorrência): mortalidade súbita (de 10-80%), anorexia, prostração, fezes esverdeadas, queda na produção; curso da doença: 5-7 dias. ■ Pulorose e Tifo: ● PERUS: podem ser assintomáticos ou sintomáticos; sede, inapetência, apatia, diarréia amarelo-esverdeada, aumento da temperatura corporal, pode ocorrer morte súbita (sem sinais clínicos). ○ Lesões MACRO: ■ Pulorose: ● Em aves adultas: ○ Ovoperitonite (ovo dentro do peritônio); ○ Ovário com folículos atrésicos e hemorrágicos; ○ Salpingite; ○ Fígado, aumentado (hepatomegalia) e amarelado, com aspecto marmóreo (pontos esbranquiçados distribuídos no parênquima e na cápsula - focos de necrose); ○ Nodulações - coração, moela, parede abdominal. ● Em aves jovens: ○ Verticalmente: onfalite e vísceras congestas; ○ Lesões de necrose e com aspecto nodular e ulceração - coração, fígado, moela, intestino; ○ Baço e fígado - hipertrofiados e marmorizados (esplenomegalia e hepatomegalia + focos de necrose); ○ Artrite - articulações com material seroso ou purulento (devido a septicemia); ○ Pulmão: focos de lesões inflamatórias; ○ Cecos distendidos e com retenção de material necrótico. ■ Tifo aviário: ● Casos superagudos: ○ Pode ser sem lesões (quando as aves morrem subitamente sem apresentar lesões); ○ Hepato e esplenomegalia. ● Casos agudos: ○ Hepato e esplenomegalia; ○ Fígado: focos de necrose; ○ Pericardite; ○ Peritonite; ○ Enterite - duodeno. ● Aves de postura: ○ Ruptura dos folículos e atresia folicular. ○ Lesões MICRO: ■ Pulorose: mais difícil de encontrar lesões microscópicas
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