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DEGENERAÇÃO GORDUROSA OU ESTEATOSE OU LIPIDOSE Acúmulo anormal de lipídeos, mono, di e triacilgliceróis em células parenquitomatosas do fígado – também pode ocorrer no coração. · CAUSAS: Toxinas, desequilíbrio nutricional, diabetes mellitus descompensado, etilismo (álcool, em humanos) crônico e Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). - Em animais domésticos, o desequilíbrio nutricional é um dos mais importantes, por conta do excesso de carboidratos na alimentação, principalmente em pequenos animais, que sofrem muito com obesidade, trazendo complicações na função hepática por meio da degeneração gordurosa. - O desequilíbrio nutricional também pode acabar levando ao estresse pancreático e consequentemente, a resistência à insulina (diabetes mellitus). - Em bovinos, quando ocorre um metabolismo energético negativo, em que a fêmea perde muita energia no pós parto e tem um deslocamento de cálcio muito grande devido à amamentação e não consegue entrar no balanço energético positivo, produzindo grande quantidade de corpos cetônicos, que acabam funcionando como toxinas hepáticas e acabam levando ao aparecimento de esteatose, comprometendo a função hepática. LIPOMATOSE = Infiltração de gordura nos órgãos/tecidos. Comum em órgãos abdominais (mesentério, perirenal, pericardíaca etc.). A SAGA DO ÁCIDO GRAXO NO HEPATÓCITO - Após a ingestão, os sais biliares iniciam o processo de clivagem das moléculas de AG; - No duodeno, essas moléculas sofrem ação das lipases pancreáticas e formam os monoglicerídios; - Monoglicerídios se juntam à outras estruturas (carboidratos, colesterol, vitaminas lipossolúveis) e formam as micelas digestivas; - Enterócitos facilitam a entrada das micelas pela membrana citoplasmática; - São desdobradas no REL e disponibilizadas para o sistema linfático; - Rede linfática esplâncnica da circulação entérica é agida por recolher as estruturas que estão sendo desdobradas ao longo do intestino delgado. - As estruturas que tomam o sistema circulatório linfático, adentram a microcirculação hepática e aos hepatócitos; - Nos hepatócitos, AG sofrem duas reações importantes: oxidação e esterificação; Oxidação = quebra da molécula de AG pela beta-oxidação de AG e é usada para produção de energia da célula, formando os corpos cetônicos. Esterificação = produção/síntese/liberação de uma série de estruturas relacionadas aos AG, importantes para o metabolismo hepático e para o metabolismo de outras células e para o armazenamento dessas estruturas nos adipócitos. - É feito pelo RER. - Há a síntese de proteínas, fosfolipídios, colesterol e ésteres. - Uma parte dessas estruturas fica armazenada no Golgi e acabam sendo exportadas pelo aparato de Golgi, mas a grande maioria é exportada via lipoproteína junto aos fosfolipídios. - Exportação ocorre pela forma de uma proteína de membrana chamada Apoproteína. - Produto metabólico das estruturas relacionadas aos AG e lipídios, acabam sendo utilizadas dentro da célula ou exportadas para os tecidos na forma de Apoproteína; - Todas as reações envolvidas são dependentes de ATP. - AG que estão livres na corrente circulatória após a digestão conseguem adentrar diretamente os adipócitos, compondo estoques de lipídeos dentro dos adipócitos; - Adipócitos funcionam como reservas energéticas (quando o organismo reduz a taxa de carboidratos, por exemplo); - AG livre está na corrente circulatória relacionado à albumina; - Parte dos AG livres na corrente circulatória sofrem ação do glicerol e acabam retornando ao fígado para sofrer o desdobramento já comentado. - Redução de ATP = prejuízos nas funções importantes. Desdobramento inicial deixa de acontecer e ocorre o acúmulo de lipídeos dentro das células. CAUSAS DA ESTEATOSE HEPÁTICA - Entrada excessiva de AG livres. Está muito relacionada à dieta; - Decréscimo na síntese proteica e obstáculos na liberação de lipoproteínas do hepatócito. Impossibilidade de desdobrar eficientemente o AG e as lipoproteínas acabam ficando retidas no hepatócito; - Desequilíbrio entre oxidação e esterificação de ácidos graxos. Muito relacionado à hipóxia dos hepatócitos. - É muito comum e pode ser encontrada em vários processos patológicos; - Não é necessariamente um diagnóstico, mas está mostrando que há algo de errado por trás, pois normalmente não há um acúmulo exagerado de AG nos hepatócitos; - Quando se encontra degeneração gordurosa, algum mecanismo por trás está conduzindo os hepatócitos a desenvolverem esteatose hepática. Entrada excessiva de AG livres - Desequilíbrio nutricional relacionado a mudanças nutricionais ou dietas muito ricas de carboidratos; - Carboidratos constituem fontes importantes que estimulam a síntese de AG no organismo, aumentando a mobilização de AG; - Dietas ricas em carboidratos sem que haja queima, há o acúmulo de AG no organismo, chegando ao excesso até a questão da degeneração gordurosa; - Lipase hormônio-sensível relacionada à função dos adipócitos; - Atividade adrenérgica importante para a queima dos adipócitos, inibida pela insulina e ativada pela adrenalina; - Níveis elevados de insulina estão relacionados ao nível elevado de carboidratos, ou seja, quanto mais carboidrato, mais insulina; - Diabetes tipo 2: exagero de carboidratos na dieta, fazendo com que haja grandes quantidades de insulina sendo liberadas quase que a todo momento. Insulina liberada a todo momento pode chegar a um estresse, causando resistência à insulina (insulina não é produzida adequadamente, causando níveis elevados de glicose na corrente circulatória). É uma diabetes adquirida e não genética. - Aumento da ingestão de alimentos: dietas hipercalóricas; - Síndrome metabólica, diabete tipo II; - Cetose em bovinos (em vacas de leite, cabras, ovelhas etc.). DECRÉSCIMO NA SÍNTESE PROTEICA - Intoxicações hepáticas (drogas, medicamentos, alimentação etc.) – sobrecarga mitocondrial (mitocôndria não consegue desdobrar por mecanismos normais e acaba entrando em estresse, reduzindo capacidade produtiva) tendo prejuízo na utilização do oxigênio; - Mitocôndria sem oxigênio = redução de ATP = acúmulo excessivo de AG no organismo; - Excesso na ingestão de álcool > humanos. Reduz síntese proteica dos hepatócitos com acúmulo excessivo de AG, levando a um processo lento e gradativo de insuficiência hepática; - Doenças hepáticas (infecciosas, necrosantes, neoplásicas). DIMINUIÇÃO NA OXIDAÇÃO DE AG - Déficit de O2 – hipóxia celular; - Redução de fluxo sanguíneo, hipotensão arterial; - Redução da esterificação de AG > acúmulo TG, pois não haverá exportação dessas estruturas para fora da célula, célula não tem energia suficiente; - Anemias prolongadas, reduzem pressão sanguínea e reduzem capacidade de oxigenação dos tecidos. Leva o fígado a reduzir sua capacidade metabólica e leva à estocagem de AG; - Insuficiência cardíaca e choque (hipóxia), pode iniciar uma degeneração hidrópica; - Álcool; - Baixa oxidação de AG. MORFOLOGIA HEPÁTICA macroscopia - Aumento de peso, volume (bordas arredondadas); - Consistência mole e friável. - Fígado escurecido; - Rim acaba ficando aumentado, mas não significa que tenha degeneração gordurosa no rim. Fica assim por conta do reflexo renal. - Fígado amarelado (gato) fígado esbranquiçado (cão); - Vesícula aumentada devido ao reflexo da obstrução hepática. MICROSCOPIA - Núcleo basofílico, citoplasma eosinofílico, ou seja, o núcleo ácido atrai o corante básico (hematoxilina) e o citoplasma neutro cora pelo corante ácido (eosina). Coloração H&E. - Núcleos dos hepatócitos ficam deslocados para a periferia. Núcleo com megacitose (muito grande), célula em crescimento, como está morrendo a cromatina fica afrouxada. - Citoplasma arredondado (vacúolos); - Núcleo periférico (geralmente diminuído). Não significa que não irá funcionar, funciona, pois, é uma alteração reversível, mas se permanece comprimido por muito tempo, é possível que haja alterações hepatonucleares, causando morte do hepatócito; - Geralmente apresenta outras alterações (processos inflamatórios, hepatite, necrose celular,deposição de tecido conjuntivo fibroso etc.). OBS: diferenciar de degeneração hidrópica e infiltração por glicogênio. Esquerda: degeneração gordurosa macrovesicular. Hepatócitos maiores, arredondados, núcleo empurrado para a periferia. Direita: degeneração hidrópica. Hepatócitos com formato poliédrico, núcleo centralizado na célula. Esteato hepatite = processo inflamatório. Infiltrado leucocitário com mudança da vasculatura hemática, que acontece junto à esteatose. Começa pequena e, após, há deposição aumentada de tecido conjuntivo fibroso. Cirrose hepática = substituição das células hepáticas por tecido conjuntivo fibroso com infiltrado mononuclear (células com apenas um núcleo). Fígado normal. 1 > 2 > 3. 1. Zona periportal. TP = Triadeportal (2 ou 3 dúctos). 2. Cordões de hepatócitos com sinusóides um pouco mais aumentados de tamanho para facilitar o escoamento sanguíneo/líquido. 3. Região pericentrolobular. VCL = Veia centrolobular, localizada no meio do lóbulo hepático, todo líquido acaba caindo pela VCL. Células Ito/Estrelares: armazenamento de Vitamina A sob a forma de ésteres de retinol. Células de Kupffer: macrófagos residentes do fígado. Responsáveis pela síntese de citocinas e estão extremamente envolvidas no processo de defesa e são muito ativadas no processo inflamatório hepático. Fígado de um humano etílico. Seta azul: Esteatose microvesicular. Está em processo de morte: fragmentação do núcleo e deposição de algumas estruturas dentro da célula (deposições hialinas/processo degenerativo hialinos). Corpúsculo de Mallory = depósito hialino citoplasmático intracelular, houve degeneração das organelas e proteínas da célula. Irreversível. Seta verde: Esteatose macrovesicular. Reversível. Fígado de gato em esteatose hepática. Quadro crônico por consumo de plantas tóxicas. Colestase = obstrução dos ductos biliares. Retenção biliar dentro dos hepatócitos. Coloração amarronzada é bilirrubina estocada, causando maior transtorno ao hepatócito. ESTEATOSE CARDÍACA - Situações menos comuns, achado em animais obesos. - Nódulos que se formam e “saem para fora do órgão”, pressionando o órgão de dentro para fora. Deposição de fibrose irreversível. Produto do metabolismo proteico do hepatócito Espaço de dice = drena o conteúdo metabólico das estruturas.