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Anestesia Geral Inalatória Tríade anestésica: - Hipnose; - Analgesia; - Relaxamento muscular. - Necessária para fazer uma boa anestesia, no entanto, não é o suficiente para fazer uma anestesia geral. Considerações gerais - Hipnose; - Miorrelaxamento; - Analgesia; - Utilização de equipamentos; - Utilização de fármacos; - Controle plano anestésico; - Monitoração. - Cirurgia = trauma; - Desencadeia a mesma resposta adaptativa. Resposta neuroendocrinometabólica ao trauma Ativação do sistema nervoso simpático: - Aumento da adrenalina e noradrenalina; - Taquicardia; - Hipertensão; - Hipercoagulabilidade; - Insuficiência renal. Ativação de sistemas hormonais: - Aumento de glucagon, HAD e cortisol; - Diminuição de insulina. Aumenta o metabolismo: - Perda de proteínas; - Pior cicatrização. Diminuição da imunidade: - Mais infecção; - Disseminação tumoral. Interface do estado de consciência entre a vigília, sedação, anestesia e coma - Paciente acordado > conforme diminui o nível de consciência, diminui o nível de analgesia > paciente sedado; - Sedação pode ser aprofundada até o paciente dormir > anestesia geral. História da anestesia - Primeira tentativa em 1845 nos EUA (óxido nitroso); - 1846 EUA: primeira anestesia (éter) > descoberta; - Em animais em 1847 (éter clorofórmio) sendo utilizado até 1930; - 1930: surgiu o ciclopropano; - 1940: surgiu o metoxiflurano; - 1915: halotano; - Hoje: isoflurano e sevoflurano. anestesia inalatória Vantagens - Tempo não é limitante (diferente da anestesia geral IV) > é pouco metabolizado pelo fígado; - Indução da anestesia para pacientes debilitados (ASA IV e ASA V); - Risco de sobredose é menor; - Melhor controle do plano de anestesia > coeficiente de solubilidade baixo, aprofundam muito rápido e acordam muito rápido; - Recuperação rápida da anestesia; - Emprego em animais com hepatopatia ou nefropatias > fármacos pouco metabolizados > via de eliminação respiratória; - A idade não é um fator limitante. Desvantagens - Equipamento apropriado; - Depressão cardiorrespiratória mais acentuada; - Monitorização constante; - Poluição do ambiente > principalmente quando se utiliza circuitos abertos; - Fundamental um profissional habilitado (anestesiologista); - Cuidado com a toxicidade cardiovascular. Anestésico inalatório ideal - Não inflamável; - Facilmente vaporizado sob condições ambientes; - Promover anestesia em baixa concentração inspirada; - Baixa solubilidade sanguínea para promover rápidas mudanças na profundidade anestésica; - Estável sem conservantes; - Compatível com os aparelhos anestésicos existentes; - Não ser irritante para as vias aéreas; - Ausência de alterações cardiopulmonares; - Fornece miorrelaxamento; - Não ser biotransformado; - Ausência de toxicidade renal e hepática. Planos de guedel Planos cirúrgicos I. Estágio ou Estado de Analgesia; II. Estágio de excitação; III. Estágio de anestesia cirúrgica; IV. Estágio de depressão medular; V. Morte. - Quanto mais anestésico se dá para o paciente, mais ele vai aprofundando na anestesia; - III é onde se quer deixar o paciente. - Oculopalpebrais (palpebral, corneal e pupilar); - Reflexo interdigital e digital; - Reflexo laringotraqueal; - Reflexo anal; - Alterações cardiopulmonares. Estágios anestésicos: - Estágio I – alerta à perda da consciência; - Estágio II – excitação e delírio > com MPA boa, pula o segundo estágio; - Estágio III – anestesia cirúrgica > planos: · 1º plano; · 2º plano (plano cirúrgico); · 3º plano (plano cirúrgico). Estágio I – Analgesia: - Plano 1 – memória e sensações normais; - Plano 2 – Amnésia e analgesia parcial; - Plano 3 – amnésia e analgesia. Estágio II – Excitação ou delírio: - Delirante, excitado, com hiper reação a estímulos; - Respiração irregular em volume e frequência; - Pode ocorrer vômito, pupilas muito dilatadas; - Movimentos sem finalidade. Estágio III – Anestesia cirúrgica: - Começa com o retorno à respiração regular e estende-se até a cessação da respiração espontânea; - Distinguem-se 4 planos ou fases no 3º estágio com base em: · Movimentos oculares; · Reflexos oculares; · Diâmetro pupilar. - Podem representar sinais de profundidade crescente da anestesia; - A anestesia cirúrgica é conseguida com a perda de reflexo palpebral e o retorno à respiração regular em frequência e profundidade. Plano 1 – sono: - Perda do reflexo palpebral, olhos imóveis; - Constrição máxima das pupilas. Plano 2 – perda da sensibilidade: - Paralisia dos músculos intercostais inferiores; - Desaparece o reflexo da córnea, há algum relaxamento esquelético. Plano 3 – perda de tônus muscular: - Relaxamento esquelético, incluindo começo da paralisia do diafragma; - Pupilar dilatadas; - Perda do reflexo laríngeo. Plano 4 – paralisia intercostal: - Paciente entre em apneia > para de respirar. Estágio IV – paralisia bulbar: - NÃO deve ser atingida! - Anestesia inalatória é depressora do sistema cardiovascular; - Quanto mais anestésico inalatório manda para o paciente, mais ele vai deprimir > diminui FC, débito cardíaco, contratilidade, pressão arterial, índice cardíaco etc.; - Planos de Guedel > pega o paciente acordado (plano 1) > conforme vai entrando a anestesia, vai aprofundando nos planos; - Respiração torácica > respiração toracoabdominal > respiração abdominal > apneia; - Quanto mais anestésico inalatório, mais anestesia profunda e mais o paciente entra nos estágios finais dos planos de Guedel; - Tudo que se faz na anestesia inalatória, tem que ter estratégias para diminuir a quantidade de anestésico inalatório que tem > bloqueio regional, infusão de opioide etc.; - Planos de Guedel também servem para anestésicos gerais IV; - Anestesia dissociativa não entra nos planos de Guedel. Propriedades físico-químicas dos anestésicos inalatórios CAM (Concentração Alveolar Mínima) - Concentração alveolar mínima de um anestésico a 1 atmosfera capaz de abolir os movimentos em resposta a um estímulo doloroso em 50% dos pacientes; - Cada anestésico tem uma CAM específica para cada espécie; - Exemplo: CAM do isoflurano no cão é 1,4% de volume de fração expirada; - O que sai do vaporizador é a porção inspirada do anestésico, CAM avalia a fração expirada (fração do anestésico dentro do alvéolo quando se tem o equilíbrio); - CAM é como se fosse a dose do anestésico; - Incisão cirúrgica; - Estímulo elétrico; - Inversamente proporcional à potência anestésica > quanto maior a CAM, menor a quantidade de fármaco absorvida pelo animal; - Exemplo: manda 1,4 de fração inspirada e sai 1 (fração expirada), que é a fração do alvéolo (não absorvida pelo animal). - Px = C/100 x Pbar: · Px = pressão parcial do anestésico no gás; · C = concentração V%; · Pbar = pressão barométrica. - Exemplo: · 11,6 = C/100 x 760 · 11,6 = 760C/100 ou 11,6 = 7,6 C · C = 1,52 %V - Pbar de 584mmHg na cidade do México > C = 1.98%V. CAM é avaliada: - Em animais saudáveis; - Ausência de outros fármacos; - Condições de laboratórios. Cam bar: - Intubação ou incisão; - Dose que bloqueia resposta autonômicas. Cam despertar: - 30 a 40% do valor de 1 CAM; - Resposta consciente durante a recuperação. Potência anestésica = CAM: CAM = analgesia: - CAM = DA50 = DE50 > 50% não se movimenta à incisão cirúrgica. CAM Bar = bloqueio de respostas adrenérgicas: - CAMexpandida = 1,2 a 1,5 x CAM. CAM despertar = hipnose: - 50% abrem os olhos a comandos = 0,15 a 0,5 x CAM. Fatores que interferem na CAM: Aumentam a CAM: - Hipertermia; - Hipertensão; - Hipernatremia; - Ingestão crônica de álcool. Diminuem a CAM: - Hipotermia, hiponatremia; - Altitude (baixa pressão atmosférica); - Aumento da idade; - Gestação; - Bloqueadores de Ca++, lítio; - Opioides de Ca++, alfa-2 agonista, N2O, lidocaína, barbitúricos, pancurônio, cetamina, neostigmina (10x dose clínica); - Acidose, hipóxia, hipotensão. Não alteram a CAM: - Função tireoidiana; - CO2 entre 15 – 95; - Duração da cirurgia; - Gênero; - Espécie. - 1 CAM – anestesia leve; - 1.5 CAM – moderada > anestesia cirúrgica; - 2 CAM – anestesia profunda. 1.6 de CAM ISO. Valoresda CAM: - Utiliza-se mais o isoflurano ou sevofluorano. Indução: Tempo de indução: - 2 a 3 minutos – isofluorano/sevofluorano; - + de 5 minutos – halotano Mecanismo de ação - Moléculas em movimento vão para o pulmão > passa para a circulação sanguínea para outros tecidos > vai para o SNC; - No SNC, atinge várias áreas do cérebro > diversidade estrutural = diversos locais de ação; - Atingem: · Sistema reticular de ativação; · Hipotálamo; · Córtex; · Medula espinhal. - Altera a produção, liberação e captação de neurotransmissores. - Anestesia obtida por meio da absorção de um princípio ativo pela via respiratória; - Passa para a corrente circulatória; - Atinge o SNC; - Produz anestesia geral. Farmacocinética - Restante que volta para os pulmões é a fração expirada; - O que entra é a fração inspirada > é o que está no vaporizador; - O que sai é a concentração dentro do alvéolo; - CAM é a fração expirada, concentração que está no alvéolo; - 1 CAM de sevoflurano no cão é 2,3 de fração expirada; - Para chegar a 2,3, a fração expirada tem que estar maior; - Vaporizador tem que estar maior, no 2,6 por exemplo. Coeficiente de solubilidade sangue/gás - É a relação entre as quantidades de um anestésico dissolvido em meios diferentes quando há equilíbrio entre eles; - Sangue/ar alveolar; - Relacionado com indução e recuperação da anestesia > quanto menor o coeficiente de solubilidade do fármaco, mais rápida é a indução e a recuperação da anestesia, ou seja, mais rápido as moléculas do anestésico saem do alvéolo e vão para o sangue > quanto mais rápido isso acontece, mais rápido se consegue induzir o paciente e mais rápido ele se recupera da anestesia; - Fármaco com menor coeficiente de solubilidade é o sevoflurano (0,78 de solubilidade); - Se o paciente faz apneia > anestésico chega, mas não “entra”; - Para a absorção é preciso: · Ventilação > ventilação alveolar, capacidade residual funcional, sistema respiratório; · Anestésico > baixo coeficiente solubilidade sangue/gás; · Circulação > débito cardíaco bom. - Fração inspirada vai para o alvéolo > fração alveolar (fração expirada) vai para a circulação sanguínea; - Se o paciente está com débito cardíaco baixo, não está ventilando bem (por bradipneia, volume corrente baixo, pneumonia, doença pulmonar) não há troca pois o gás não chega adequadamente. - Quanto menor o coeficiente de solubilidade sangue/gás > mais rápido as moléculas saem do alvéolo, indo para circulação sanguínea, para os tecidos e principalmente para o SNC onde irá conduzir a anestesia. - Halotano > fármaco de coeficiente de solubilidade muito alto > demora muito para anestesiar o paciente e o mesmo demora para se recuperar; - Enfurano > quase não é usado; - Isoflurano > bastante utilizado; - Sevoflurano > bastante utilizado; - Desflurano > fármaco muito bom, porém pouco usado > utilizado mais para pesquisa. Coeficiente partição S/G: Sevoflurano: - Baixo C S/G > rápida indução e recuperação; - Como o fármaco aprofunda muito rápido, paciente pode deprimir e ficar bradicárdico, hipotenso, apneia > pode vir a óbito. Halotano: - Alto C S/G > lenta indução e recuperação; - Se aprofunda muito a anestesia > paciente deprime e demora a recuperar > tem mais complicações que o sevoflurano. Pressão de vapor - Determinada pressão onde os anestésicos em dois compartimentos quando há equilíbrio entre eles; - Equilíbrio dessas moléculas; - Quanto maior a pressão de vapor, maior a capacidade de volatilização do anestésico > anestésico líquido passa para a forma gasosa. Peso molecular - Quanto maior o peso molecular, mais difícil de atravessar as barreiras naturais; - Em cesarianas, trabalha-se com CAM baixo, ou seja, pouco anestésico inflamatório. Propriedades fisicoquímicas Halotano - 2-bromo-2-cloro-1,1,1-trifluoretano; - Incolor, não inflamável, se decompõe em contato com a luz; - Baixo custo; - Solúvel em borracha; - Recuperação da anestesia de 5 a 15 minutos; - 20% de biotransformação hepática > anestésico inflamatório que mais faz biotransformação hepática; - Redução considerável da PAM (Pressão Arterial Média), DC (Débito Cardíaco); - Atravessa a barreira placentária, porém haverá depressão fetal em planos profundos > 2 CAM. Ex. no cão: 2 x 0,87 = 1,9 de fração expirada > começa a ter depressão fetal; - Vasodilatação cerebral, aumento do FSC (Fluxo Sanguíneo Cerebral) em 12% e aumento da PIC (Pressão Intracraniana) de 4 a 5 mmHg > não utilizado em pacientes com trauma cranioencefálico; - Efeito arritmogênico, causando BAV (Bloqueio Atrioventricular) de 2º grau e VPC (Complexo Ventricular Prematuro). Isoflurano - 2-cloro-2(difluorometoxi)-1,1,1-trifluoro-etano; - Odor pungente > irrita a mucosa de tão forte; - 0.2% biotransformação hepática > indicação em pacientes com hepatopatias > tudo via sistema respiratório; - Depressão cardiovascular menor do que halotano; - Aumento da FC em 20% do valor basal (frequência avaliada no paciente acordado); - Diminui o IS (Índice Sistólico), DC (Débito Cardíaco) e FE (Fração de Ejeção), RVSP (Índice de Resistência Vascular Sistêmica Periférica); - Indução rápida da anestesia e recuperação; - Breath holding > parada respiratória por conta do mau cheiro. Sevoflurano - 2,2,2-trifluoro-1[trifluorometil] fluorometil éster; - Alto custo; - Odor inexistente; - Tem como maior vantagem a rápida indução e recuperação; - 1 a 5% de biotransformação pelo fígado; - Efeitos hemodinâmicos semelhantes ao isoflurano; - Durante HNA (Hemodiluição Normovolêmica Aguda – hemodiluir o sangue, mantendo a volemia, rapidamente), parâmetros foram melhores do que isoflurano; - Durante o choque hemorrágico, possui melhor estabilidade hemodinâmica; - FC tende a aumentar com uma CAM baixa e a diminuir com o aumento da CAM; - Efeito depressor sobre a respiração (acima de 2 CAM); - O sevoflurano causa vasodilatação sistêmica e produz diminuições dependentes da dose, da PAM, da resistência periférica total, do DC, possivelmente e da força de contração miocárdica. Óxido nitroso - Protóxido de nitrogênio – N2O; - Gás do riso; - Não é mais utilizado; Xenônio - Gás inerte; - Se aproxima do conceito de gás ideal; - Coeficiente de partição do sangue/gás: 0,14; - CAM 71%; - Não pungente, inodoro; - Não produz depressão miocárdica; - Promove analgesia; - Muito caro. Efeitos nos sistemas Indução e recuperação - Isoflurano induz e recupera melhor. Fluxo sanguíneo cerebral - Todos aumentam o fluxo sanguíneo cerebral > aumenta a PIC; - Conforme aumenta a dose, aumenta a CAM, aumenta o fluxo sanguíneo cerebral; - Isoflurano mantém a autorregulação, halotano não (aumenta muito o fluxo sanguíneo cerebral). Índice apneico - Índice em que o paciente entra em apneia. PaCO2 - Respira o O2 > vai para o alvéolo > alvéolo para células sanguíneas > hemácia com hemoglobina > troca CO2 por O2 > forma carboxihemoglobina > circulação venosa > alvéolo > elimina CO2 > EtCO2 (CO2 expirado); - Pressão arterial parcial do CO2 no sangue venoso ou no sangue arterial > costuma-se a coletar do sangue arterial; - Conforme aprofunda a anestesia, FR diminui, VC diminui e retém CO2 > aumento de CO2 no sangue e aumento de EtCO2 no capnógrafo. Fatores que influenciam a ação dos A.I. no Sistema cardiovascular - Dose anestésica; - Ventilação Mecânica; - Estimulação nociceptiva; - Duração da anestesia; - Uso concomitante de outros agentes; - Volemia. Va = ventilação alveolar (normalmente 4 a 6 L/min.) e fluxo sanguíneo para o pulmão é igual ao débito cardíaco (5 L/min.) - Ventilação; - Perfusão: sangue que chega no alvéolo; - Shunt pulmonar: alvéolo pulmonar, não chega ventilação, mas tem perfusão; - Espaço morto: tem uma boa ventilação, mas não tem perfusão. Frequência cardíaca: - Aumenta no início, mas diminui conforme vai aprofundando. FC durante 1,2 e 2,0 CAM de isoflurano ou sevoflurano em cães. FC durante valores crescentes de CAM de isoflurano ou desflurano em cães. Pressão arterial - Ao aumentar a dose ou a CAM, todos tendem a causar uma reduçãoda pressão arterial média. Débito cardíaco Hemodinâmica: - Conforme aumenta a CAM, há a redução do DC. DC x A.I. DC em cães. Halotano x Isoflurano. Resistência vascular - Todos diminuem a resistência vascular. RV em cães submetidos a diferentes valores de CAM. Efeito dose-dependente - Quanto maior a CAM, maior os efeitos colaterais > diminui RV, DC, aumenta a FC. Resumo - Administrada por via aérea; - Manutenção das vias aéreas associada à administração de O2; - Propicia rápida indução e recuperação; - Maior autonomia na manutenção dos planos anestésicos; - Mínimo comprometimento de biotransformação; - Excreção basicamente pulmonar; - Economia em procedimentos prolongados; - Utilização de aparelhos específicos para o procedimento; - Profissional especializado.
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