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Definições e Histórico da Epidemiologia

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Epidemiologia definições e histórico
“A primeira medicina do coletivo é a Medicina Veterinária” 
– Michel Foucault (1926-1984)
- Foco da epidemiologia é entender populações e suas doenças;
- Epidemiologia: unidade de estudo é a população;
- Medicina clínica: unidade de estudo é o indivíduo;
- Epidemiologia clínica = medicina baseada em evidências;
- As reações de um indivíduo não necessariamente representam reações populacionais;
- Necessário evidências numéricas;
Variáveis epidemiológicas
- Tempo > momento;
- Espaço > local/região;
- População > seres humanos, animais;
- Risco > probabilidade de o evento acontecer;
- Quem? Quando? Onde?
- Frequência:
· Indicadores – morbidade/mortalidade;
· Quantidade.
- Distribuição > geografia;
- Planejamento:
· Ações de prevenção, controle, tratamento, prioridades.
- Fatores de risco (qualquer variável que contribua com a ocorrência ou prevenção da doença) e determinantes.
- Nem tudo é epidêmico/pandêmico, pode ser endêmico.
Escopo da epidemiologia
- Pessoa/(animal-humano/população);
- Tempo;
- Lugar.
Epidemiologia descritiva
- Quem? > fonte de infecção = indivíduos que tem capacidade de transmitir para novos, sempre é um indivíduo vertebrado, pode ser indivíduo doente ou portador, ou seja, é o reservatório;
- Onde? > lugar;
- O que? > agente etiológico, doença;
- Quando? > tempo;
- Como? > via e mecanismo de transmissão;
- Por quê? > caso índice? Mutação? Bioterrorismo? Casualidade? > ajuda a entender as doenças, planejar
Epidemiologia analítica
- Estudos epidemiológicos e testes de hipóteses;
- Primeiro descreve-se a doença e depois entende-se os fatores de risco;
- Cada estudo epidemiológico gera um teste de hipótese diferente;
- Usa-se ferramentas de estatísticas.
Saúde x doença
- Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS, 1946).
- Doenças transmissíveis são doenças que são capazes de serem transmitidas, por contato, por vetor etc.;
- Doenças não transmissíveis muitas vezes são crônicas;
- Transição epidemiológica > descoberta com o uso de antibióticos;
- Doenças ocupacionais também são relacionadas ao trabalho.
CID
- Classificação Internacional de Doenças (OMS);
- Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.
- Primatas não humanos são sentinelas da febre amarela, ou seja, indicam a circulação do vírus no lugar.
História da epidemiologia
- Bastão e serpente vem do Asclépio (deus romano da medicina), significam o poder de sabedoria e conhecimento para curar e tratar pessoas e animais;
- Asclépio teve duas filhas opostas, que deveriam trabalhar juntas:
· Panaceia: padroeira da medicina curativa, realizada por meio de manobras, encantamentos, preces e o uso de pharmakon;
· Higeia: apregoava a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, por ações preventivas e coletivas.
- Hipócrates é o pai da medicina. Seguia uma filosofia chamada Asclepíade, ou seja, seguia o mito de Asclépio na prática, sendo o médico da época;
- Hipócrates surgiu com a epidemia (doença em massa), sendo um dos primeiros precursores da epidemiologia.
De gregos para romanos
- Médicos ecléticos;
- Marco Aurélio > registro compulsório (“censo”);
- Higiene e saúde > aquedutos...
De romanos para “romanos Idade média”
- Catolicismo romano;
- Mágico-religioso;
- Boticários e alquimistas;
- Salvação da alma;
- Pecado – castigo.
definições
Endemia:
- Doença presente no ambiente, com frequência conhecida e/ou esperada (diagrama de controle).
Epidemia – evolução do conceito:
- Tempo e espaço;
- De “rápida transmissão e expansão de uma doença infecciosa em uma população”;
- Para “qualquer situação relacionada à saúde que ocorra em excesso em relação ao esperado”;
- Quando uma epidemia é pequena, ela é chamada de surto e tem focos.
Pandemia:
- Tempo e espaço: epidemia que expande para maiores áreas (países/continentes).
Século xix
John Snow:
- “Pai da epidemiologia”;
- Cólera na Inglaterra;
- Teoria miasmática x teoria microbiana;
- Dados epidemiológicos e mapeamento da doença;
- Informação geográfica;
- SIG.
- Descoberta dos micro-organismos > individual;
- Louis Pasteur;
- Robert Koch;
- Medicina organicista – Panaceia;
- Saneamento ambiental, vetores e reservatórios.
Século xx
- Indicadores e inquéritos estruturados;
- Estudos epidemiológicos;
· Coortes;
· Caso-controle.
- Avaliação de intervenções;
- Medicina baseada em evidências.
Unicasualidade > Multicasualidade:
- Entende-se que a causalidade da doença não é única;
- Biologia, sociologia, economia, psicologia;
- Correlação não significa causalidade > precisa-se de estudos robustos o suficiente para usar testes de hipótese;
- Exemplo: estudo do café x câncer e estudo do ovo x colesterol sérico > estudos com vieses graves;
- Medicina baseada em evidências.
Epidemiologia Clínica:
- “Aplicação da epidemiologia no diagnóstico clínico e no cuidado direto do paciente, com maior rigor científico na prática médica (“Panaceia”)”;
- Associa causa e efeito.
Epidemiologia Social:
- “Renascer do estudo da determinação social da doença, busca melhorar o atendimento à saúde da população, especialmente as mais subdesenvolvidas, de maneira multidisciplinar, procurando trabalhar na diminuição das desigualdades sociais e prevenção de doenças evitáveis (“Higeia”)”;
- Investigação.
Modelo Unicausal – Postulados de Henle-Koch:
- Associação constante do patógeno-hospedeiro: o patógeno deve ser encontrado associado em todas as plantas doentes examinadas;
- Isolamento do patógeno: o patógeno: o patógeno deve ser isolado e crescido em meio de cultura nutritivo e suas características descritivas (parasitas não-obrigatórios) e sua aparência e sintomas registrados;
- Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: o patógeno vindo de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias da mesma espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma doença nas plantas inoculadas;
- Reisolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado novamente em cultura pura e suas características devem ser exatamente as mesmas observadas anteriormente.
 Multicausalidade:
- Doença:
- Não ocorre por acaso;
- Não está distribuída de forma homogênea;
- Tem fatores associados que, para serem causais, cumprem os seguintes critérios:
· Temporalidade (toda causa precede a seu efeito, o chamado princípio do determinismo causal);
· Força de associação (estatística = testes de hipóteses!);
· Consistência da observação;
· Especificidade da causa;
· Gradiente biológico (efeito dose-resposta);
· Plausibilidade biológica (Hill, 1965).
- Resposta imune por anticorpos: já teve o contato com o antígeno.
Doença:
- Fenômeno dinâmico e sua propagação depende da interação entre a exposição e a suscetibilidade dos indivíduos e grupos constituintes da dita população aos fatores determinantes da presença da doença.
Processo-doença:
- Doença típica: casos que apresentam de forma clara os sinais que ocorrem como decorrência de uma infecção;
- Doença atípica: não apresentam de forma clara e definida os sinais da infecção pelo agente;
- Doenças simples x doenças complexas.
· Doença aguda: quadro de evolução rápida;
· Sub-aguda: quadro suave e menos leta;
· Super-aguda: quadro geralmente fatal de evolução extremamente rápida;
· Crônica: evolução lenta, normalmente consequência da (não) resolução de um processo aguda.
Tríade epidemiológica:
- Modelo tradicional de causalidade das doenças transmissíveis.
- Agente possui variáveis que podem determinar a doença;
- Virulência = capacidade de causar doença grave;
- Patogênico = capacidade de causar doença;
- As vezes o agente pode ser virulento e patogênico.
Modelo de componentes causais:
- Doença se produz por um conjunto mínimo de condições que agem em sintonia;
- Uma causa suficiente é um conjunto de causas componentes, nenhuma das quais é supérflua. Uma causa suficiente representa um mecanismo causal de doença: a doença inicia-se quando se completa uma causa suficiente.Evolução do conceito de saúde
- O conceito de saúde abrange as dimensões sociais, culturais, ecológicas, psicológicas, econômicas e religiosas;
- Não depende apenas do indivíduo, mas de sua relação com o meio ambiente, dos seus hábitos de vida, da sua cultura, das condições econômicas e sociais;
- Relação com o desenvolvimento e associação com qualidade de vida.
Mera ausência de doenças físicas ou mentais
- Dimensão puramente biológica da pessoa;
- Serviços da saúde com o foco apenas em dimensão curativa.
OMS, 1948
- “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”;
- Utópico.
Saúde única
- Todas as saúdes são influenciadas umas pelas outras.
Saúde no brasil
- “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.”;
- “O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.”.

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