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A-HISTÓRIA-DA-ÁFRICA-E-ALGUMAS-TEORIAS-APOSTILA

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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
 
 
A HISTÓRIA DA ÁFRICA E ALGUMAS TEORIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. A HISTÓRIA DA ÁFRICA E ALGUMAS TEORIAS .............................................................. 3 
 
2. CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA DA ÁFRICA: EUROCENTRISMO, AFROCENTRISMO ... 14 
 
3. A CRONOLOGIA PARA ESTUDAR A HISTÓRIA DA ÁFRICA ......................................... 23 
 
4. O QUADRIPARTISMO FRANCÊS ..................................................................................... 28 
 
5. UMA ABORDAGEM MULTI E INTERDISCIPLINAR: HISTÓRIA E ARQUEOLOGIA, 
HISTÓRIA E ETNOLOGIA, HISTÓRIA E ORALIDADE ......................................................... 30 
 
REFERÊNCIAS UTILIZADAS E CONSULTADAS: ................................................................ 36 
 
 
 
1. A HISTÓRIA DA ÁFRICA E ALGUMAS TEORIAS 
 
- Sobre teorias raciais: Nenhum trabalho sobre a África seria completo 
se não houvesse uma apresentação e mesmo discussão das teorias raciais. Nesse 
sentido a Fundação Mauricio Grabois traz um extrato do documento Introdução 
às Realidades Econômicas e Sociais do Daomé – NBE, Paris, e que apresentamos 
nesta apostila para pensar as questões raciais que influíram para o escravagismo 
e que de certa forma estão alicerçadas ainda, nas sociedades, no que diz respeito 
às práticas racistas que ainda perduram. 
Diz o documento: em sua célebre obra A Origem das Espécies por Meio da 
Seleção Natural, Darwin demonstrou que os animais e as plantas se modificam e 
se transformam sem cessar, que o aparecimento de formas novas, assim como o 
desaparecimento das antigas, não é devido a um ato criador de Deus, mas 
resultado de uma evolução natural e histórica. As pesquisas ulteriores efetuadas 
em animais e plantas fósseis confirmaram a teoria evolucionista de Darwin e 
comprovaram que os organismos antigos têm uma estrutura mais simples que a 
dos organismos recentes e que o homem evoluiu das formas menos complexas às 
formas mais complexas. 
Darwin explicou, em sua teoria, como a variabilidade e a hereditariedade 
são propriedades dos organismos. As modificações úteis à planta ou ao animal, 
em sua luta pela vida, fixam-se, acumulam-se e, transmitindo-se por 
hereditariedade, determinam o aparecimento de novas formas vegetais e animais. 
Como assinalou Marx, “Darwin assestou um golpe mortal à „teologia ‟nas ciências 
naturais”. Isto constituiu grande vitória da interpretação materialista dos 
fenômenos da natureza. Não obstante, Marx e Engels consideravam que a 
doutrina darwiniana continha erros essenciais, notadamente quando afirmava 
que a luta no seio de uma mesma espécie constituía fator decisivo do fenômeno 
biológico, dando razão assim à teoria reacionária de Malthus1, o malthusianismo. 
 
1 1 A Teoria Populacional Malthusiana foi desenvolvida por Thomas Malthus, economista, estatístico, 
demógrafo e estudioso das Ciências Sociais. Malthus observou que o crescimento populacional, entre 1650 e 1850, 
dobrou decorrente do aumento da produção de alimentos, das melhorias das condições de vida nas cidades, do 
aperfeiçoamento do combate às doenças, das melhorias no saneamento básico, e os benefícios obtidos com a 
Revolução Industrial, fizeram com que a taxa de mortalidade declinasse, ampliando assim o crescimento natural. 
Com efeito, se Darwin pôde demonstrar de maneira irrefutável a origem do 
homem a partir dos macacos antropoides, ele não soube sair do terreno 
puramente biológico para dar uma solução completa a este problema. Coube aos 
fundadores do marxismo resolver cabalmente o problema da origem do homem, 
ao demonstrar que foi o trabalho e o emprego de ferramentas o que mais 
contribuiu para separar o homem do animal irracional. (DOCUMENTO, apud 
FUNDAÇÃO MAURÍCIO GRABOIS, 1981, s/p) 
Em sua obra O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em 
Homem, Engels escreveu: “O trabalho, dizem os economistas, é a fonte de todas 
as riquezas. E o é efetivamente (...) em conjunto com a natureza que lhe fornece a 
matéria a ser convertida em riqueza. Mas o trabalho é infinitamente mais 
importante ainda. É a condição fundamental, primeira, de toda a vida humana e 
a tal ponto que, num certo sentido, se pode afirmar: o trabalho criou o homem”. 
“As raças humanas são o resultado do desenvolvimento histórico”. Assim, a teoria 
de Darwin e a ciência opõem o monogenismo ao poligenismo – teoria da origem 
do homem a partir de macacos diferentes. A teoria racista do poligenismo perdeu 
seus apoios principais, e a Declaração Sobre a Raça e os Preconceitos Raciais 
(UNESCO, Paris, 26.9.77) reconhece: 
a) todos os homens que vivem em nossos dias pertencem à mesma espécie 
e descendem da mesma fonte; 
b) a divisão da espécie humana em raças é, em parte, convencional e 
arbitrária, não implica em hierarquia de qualquer ordem que seja. Numerosos 
antropólogos acentuam a importância da variabilidade humana, mas creem que 
as divisões “raciais” têm interesse científico limitado e podem conduzir a uma 
abusiva generalização; 
c) no estágio atual dos conhecimentos biológicos, não se poderia atribuir as 
realizações culturais dos povos a diferenças de potencial genético. As diferenças 
 
Preocupado com o crescimento populacional acelerado, Malthus publica em 1798 uma série de ideias alertando a 
importância do controle da natalidade, afirmando que o bem estar populacional estaria intimamente relacionado 
com crescimento demográfico do planeta. 
Malthus alertava que o crescimento desordenado acarretaria na falta de recursos alimentícios para a 
população gerando como consequência a fome. Malthus foi, ainda mais além em suas pesquisas afirmando que o 
crescimento populacional funcionava conforme uma progressão geométrica, enquanto que a produção de 
alimentos, mesmo nas melhores condições de produção dos setores agrícolas só poderiam alcançar o crescimento 
em forma de uma progressão aritmética. 
 
entre tais realizações explicam-se plenamente por sua história cultural. Os povos 
do mundo de hoje mostram possuir potenciais biológicos iguais, o que lhes 
permite atingir qualquer nível de civilização. O racismo falsifica grosseiramente 
os conhecimentos relativos à biologia humana. 
Deste modo, a ciência marxista obtém nesse aspecto importante vitória. O 
trabalho e o uso de instrumentos de trabalho permitiram as modificações físicas 
no ser humano, o desenvolvimento de sua mão e de seu cérebro, o aparecimento 
da linguagem falada, que criaram uma distinção essencial entre o homem e os 
outros animais. (...) (DOCUMENTO, apud FUNDAÇÃO MAURICIO GRABOIS, 
1981, s/p) 
É preciso dizer que os agrupamentos raciais se caracterizam por uma forte 
variabilidade individual, e as demarcações entre as diferentes raças são 
geralmente intermediárias, assim como a unificação mais estreita do tipo corporal 
da humanidade e de suas raças. Hoje, pode-se afirmar que não existe em nenhuma 
parte do mundo “raças puras”. 
O monogenismo do homem, cientificamente provado, a criação do homem 
pelo trabalho e o seu desenvolvimento histórico, onde predominam os fatores 
sociais, reforçam a tese de Marx e Engels segundo a qual as diferenças rácicas 
serão eliminadas pela evolução histórica da humanidade. 
Daomé é um país de 112 mil quilômetros quadrados, na África negra, 
povoado essencialmente de negros, que se dividem geralmente em dois tipos: o 
sudanês e o guineense. Não é fácil distinguir estes dois tipos na atual população 
do país, pelas características que se lhes atribui, em consequência de seu 
desenvolvimento histórico (trocas comerciais e culturais, migrações, mestiçagens 
etc.). As dificuldades de delimitação desses dois tipos provêm igualmente do fato 
de as populações de Daomé manterem desde longo tempo trocas comerciaise 
culturais com outros tipos e outras raças (europóide, principalmente portuguesa). 
Segundo nossa opinião, e nosso conhecimento, as sub-raças na África não têm 
sido objeto de estudos sérios até agora. Sua classificação esquemática e sua 
localização comportam larga margem de incerteza. Pelas conclusões a que 
chegamos, podemos dizer que a população de Daomé é quase exclusivamente 
negróide. Uma coisa é certa: constitui parte da humanidade (três milhões de 
seres) vivendo num território que se desdobra ao longo do Atlântico até o rio 
Níger. 
Se a origem do povoamento de Daomé e de toda a África é ainda questão a 
ser aprofundada, desde já devemos rejeitar todas as teorias malthusianistas e 
social-darwinistas, racistas e reacionárias, tanto em antropologia como em 
sociologia. Para os defensores do social-darwinismo, a luta pela vida aplica-se 
igualmente às sociedades humanas, disto deduzindo que sobrevivem os 
indivíduos fortes e bem adaptados enquanto sucumbem os fracos. 
As teorias racistas, partindo de pretensa superioridade de certas raças em 
relação a outras, procuram legitimar a escravidão negra, a opressão colonial e a 
exploração imperialista dos povos das quais a população de Daomé continua a ser 
vítima. A raça negra, em geral, tem sofrido com o racismo, particularmente com 
o europeu. Mas as outras raças conheceram elas também, esse sofrimento. É 
bastante citar o exemplo do racismo hitlerista, do qual os povos europeus foram 
vítimas. O fenômeno racista, se bem que passe, atualmente, por um claro recuo, 
possui sobrevivências e sequelas sérias. Teorias confusas lhe servem de ponto de 
apoio. As noções de raça, de nação, de língua, de cultura são confundidas, assim 
como os fenômenos biológicos, com os fenômenos sociais. Esta barafunda é 
extremamente prejudicial, dado que concorrem para transportar as 
desigualdades no desenvolvimento social para o plano biológico. 
Se o racismo está ligado às diferenças biológicas objetivas, às diferenças 
raciais, devemos dizer que é, antes de tudo, o desenvolvimento desigual das 
sociedades que o tem engendrado. As teorias racistas são o reflexo deformado das 
desigualdades sociais no cérebro daqueles que as sustentam. Chega-se mesmo a 
ouvir de sábios burgueses declarações tais como: “Nós, homens de ciências exatas, 
somos uma raça à parte”. E afirmam tão mísero pensamento com a maior 
seriedade. 
Para nós, (...) o homem tem um ascendente comum e, biologicamente, 
atingiu elevado desenvolvimento. Mas a existência das raças é um dado objetivo. 
O racismo, gerado pelo desenvolvimento desigual das sociedades, das classes e da 
luta de classes, tornou-se uma chaga da humanidade. Fenômenos sociais como a 
opressão colonial, a exploração imperialista da qual nossos povos foram vítimas 
– e continuam a ser – não encontram absolutamente justificativa nas diferenças 
raciais. As teorias racistas foram inventadas para justificar e eternizar a 
dominação de alguns povos pelas potências estrangeiras. Estas teorias 
influenciaram negativamente os povos africanos em geral e os do Daomé, em 
particular, sendo a causa de alienações diversas do homem e cujos verdadeiros 
fundamentos precisam ser desvendados para que os possamos eliminar. 
(DOCUMENTO, apud FUNDAÇÃO MAURICIO GRABOIS, 1981, s/p) 
Já para o historiador Ki-Zerbo (2008, s/p) o conceito de raça é um dos mais 
difíceis de definir cientificamente. Se admitirmos, como a maioria dos 
especialistas posteriores a Darwin, que a espécie humana pertence a um único 
tronco, a teoria das “raças” só pode ser desenvolvida cientificamente dentro do 
contexto do evolucionismo. Com efeito, a raciação se inscreve no processo geral 
da evolução diversificadora. Como observa J. Ruffie, ela requer duas condições: 
em primeiro lugar, o isolamento sexual, frequentemente relativo, que provoca 
pouco a pouco uma paisagem genética e morfológica singular. A raciação, 
portanto, baseia-se num estoque gênico diferente, causado quer por oscilação 
genética (o acaso na transmissão dos genes faz com que um deles se transmita 
com mais frequência que outro, ou, ao contrário, que seu alelo seja o mais 
largamente difundido), quer por seleção natural. Esta conduz a uma 
diversificação adaptativa, graças à qual um grupo tende a conservar o 
equipamento genético que o adapte melhor a um certo meio. (KI-ZERBO, 2008, 
s/p) 
Continuando Ki-Zerbo (2008, s/p) explica que na África, ambos os 
processos devem ter ocorrido. De fato, a oscilação genética, que se exprime ao 
máximo em pequenos grupos, operou em etnias restritas, submetidas a um 
processo social de cissiparidade por ocasião das disputas de sucessão ou de terras 
e em virtude das grandes áreas virgens disponíveis. Esse processo marcou 
particularmente o patrimônio genético das etnias endógamas ou florestais. 
Quanto à seleção natural, ela teve a oportunidade de entrar em jogo em ecologias 
tão contrastantes como as do deserto e da floresta densa, dos altos planaltos e das 
costas recobertas de mangues. Em resumo, do ponto de vista biológico, os homens 
de uma “raça” têm em comum alguns fatores genéticos que num outro grupo 
“racial” são substituídos por seus alelos; entre os mestiços, coexistem os dois tipos 
de genes. 
Como era de esperar, a identificação das “raças” se fez em primeiro lugar a 
partir de critérios aparentes, para em seguida ir considerando, pouco a pouco, 
realidades mais profundas. Aliás, as características exteriores e os fenômenos 
internos não estão absolutamente separados. Se certos genes comandam os 
mecanismos hereditários que determinam a cor da pele, por exemplo, esta 
também está ligada ao meio ambiente. Observou-se uma correlação positiva entre 
estatura e temperatura mais elevada do mês mais quente e uma correlação 
negativa entre estatura e umidade. Da mesma forma, um nariz fino aquece melhor 
o ar num clima mais frio e umidifica o ar seco inspirado. É assim que o índice 
nasal aumenta consideravelmente nas populações subsaarianas, do deserto para 
a floresta, passando pela savana. Embora possuindo o mesmo número de 
glândulas sudoríparas que os brancos, os negros transpiram mais, o que mantém 
seu corpo e sua pele numa temperatura menos elevada. Existem, portanto, 
diversas etapas na investigação científica no que diz respeito às raças. (KI-
ZERBO, 2008, s/p) 
- A abordagem morfológica: 
Eickstedt, por exemplo, aponta Ki-Zerbo (1008, s/p) define as raças como 
“agrupamentos zoológicos naturais de formas pertencentes ao gênero dos 
hominídeos, cujos membros apresentam o mesmo conjunto típico de caracteres 
normais e hereditários no nível morfológico e no nível comportamental”. Desde a 
cor da pele e a forma dos cabelos ou do sistema piloso, até os caracteres métricos 
e não métricos, a curvatura femural anterior e as coroas e os sulcos dos molares, 
foi construído um verdadeiro arsenal de observações e mensurações. Deu-se 
atenção especial ao índice cefálico, por estar relacionado à parte da cabeça que 
abriga o cérebro. É assim que Dixon estabelece os diversos tipos em função de três 
índices combinados de vários modos: o índice cefálico horizontal, o índice cefálico 
vertical e o índice nasal. 
Contudo, das 27 combinações possíveis, apenas oito (as mais frequentes) 
foram aceitas como representativas dos tipos fundamentais, tendo sido as 19 
restantes consideradas misturas. No entanto, as características morfológicas são 
apenas um reflexo mais ou menos deformado do estoque gênico; sua conjugação 
num protótipo ideal raramente se realiza com perfeição. De fato, trata-se de 
detalhes evidentes situados na fronteira homem/meio ambiente, mas que, 
justamente por isso, são muito menos inatos que adquiridos. Reside aí uma das 
maiores fraquezas da abordagem morfológica e tipológica, na qual as exceções 
acabam por ser mais importantes e mais numerosas que a regra. 
Além disso, não se devem negligenciar as querelas acadêmicassobre as 
modalidades de mensuração (como, quando, etc.), que impedem as comparações 
úteis. As estatísticas de distância multivariada e os coeficientes de semelhanças 
raciais, as estatísticas de “formato” e de “forma”, a distância generalizada de 
Nahala Nobis requerem tratamento por computador. Ora, as raças são entidades 
biológicas reais que devem ser examinadas como um todo e não parte por parte. 
(KI-ZERBO, 2008, s/p) 
- A abordagem demográfica ou populacional: 
Segundo Ki-Zerbo (2008, s/p) este método vai insistir, de imediato, sobre 
fatos grupais (reservatório gênico ou genoma), mais estáveis que a estrutura 
genética conjuntural dos indivíduos. De fato, na identificação de uma raça, é mais 
importante a frequência das características que ela apresenta do que as próprias 
características. Como o método morfológico está praticamente abandonado, os 
elementos serológicos ou genéticos podem ser submetidos a regras de 
classificação mais objetivas. Para Landman, uma raça é “um grupo de seres 
humanos que (com raras exceções) apresentam entre si mais semelhanças 
genotípicas e frequentemente também fenotípicas do que com os membros de 
outros grupos”. Alekseiev desenvolve também uma concepção demográfica das 
raças com denominações puramente geográficas (norte-europeus, sul-africanos, 
etc). Schwidejzky e Boyd acentuaram a sistemática genética: distribuição dos 
grupos sanguíneos A, B e O, combinações do fator Rh, gene da secreção salivar, 
etc. 
O hemotipologista também leva em conta a anatomia, mas no nível da 
molécula. No que diz respeito à micromorfologia, descreve as células humanas 
cuja estrutura imunológica e cujo equipamento enzimático são diferenciados, 
sendo o tecido sanguíneo o material mais prático para isso. Os marcadores 
sanguíneos representam um salto histórico qualitativo na identificação científica 
dos grupos humanos. Suas vantagens em relação aos critérios morfológicos são 
decisivas. Primeiramente, eles são quase sempre monométricos, isto é, sua 
presença depende de um só gene, enquanto o índice cefálico, por exemplo, é o 
produto de um complexo de fatores dificilmente localizáveis (...) (KI-ZERBO, 
2008, s/p) 
Apesar de seus desempenhos excepcionais, contudo, o método 
hemotipológico e populacional encontra dificuldades. Primeiramente, porque 
seus parâmetros se multiplicam enormemente e já estão apresentando resultados 
estranhos a ponto de serem encarados por alguns como aberrantes. É assim que 
a árvore filogênica das populações elaborada por L. L. Cavalli-Sforza difere da 
árvore antropométrica. Esta coloca os Pigmeus e os San da África no mesmo ramo 
antropométrico que os negros da Nova Guiné e da Austrália; na árvore filogênica, 
esses mesmos Pigmeus e San aproximam-se mais dos franceses e ingleses e os 
negros australianos dos japoneses e chineses. Em outras palavras, os caracteres 
antropométricos são mais afetados pelo clima que os genes, de modo que as 
afinidades morfológicas são mais uma questão de meios similares que de 
hereditariedades similares. (KI-ZERBO, 2008, s/p) 
Os trabalhos segundo Ki-Zerbo (2008, s/p) de R. C. Lewontin, com base nas 
pesquisas dos hemotipologistas, mostram que, no mundo inteiro, mais de 85 % 
da variabilidade situa-se no interior das nações. Somente 7 % da variabilidade 
separa as nações que pertencem à mesma raça tradicional e também apenas 7% 
separam as raças tradicionais. Em resumo, os indivíduos do mesmo grupo “racial” 
diferem mais uns dos outros que as “raças”. É por isso que cada vez mais 
especialistas adotam a posição radical que consiste em negar a existência de 
qualquer raça. Segundo J. Ruffie, nas origens da humanidade pequenos grupos 
de indivíduos separados em zonas ecológicas diversificadas e afastadas, 
obedecendo a pressões seletivas muito fortes - enquanto os meios técnicos eram 
extremamente limitados -, puderam se diferenciar a ponto de dar origem às 
variantes Homo erectus, Homo neanderthalensis e o mais antigo Homo sapiens. 
O bloco facial, que é a parte do corpo mais exposta a meios ambientes 
específicos, evoluiu diferentemente; a riqueza de pigmentos melanínicos na pele 
desenvolveu-se em zona tropical, etc. Mas essa tendência especializante, 
rapidamente bloqueada, permaneceu embrionária. Em toda parte, o homem se 
adapta culturalmente (roupas, habitat, alimentos, etc.), e não mais 
morfologicamente, a seu meio. O homem nascido nos trópicos (clima quente) 
evoluiu por muito tempo como australopiteco, Homo habilis e até mesmo Homo 
erectus. “Foi apenas durante a segunda glaciação que, graças ao controle eficaz do 
fogo, o Homo erectus optou por viver em climas frios. 
A espécie humana transforma-se de politípica em monotípica e esse 
processo de desraciação parece irreversível. Hoje, a humanidade inteira deve ser 
considerada como um único reservatório de genes intercomunicantes”. (...) Hoje, 
embora não se possa traçar uma fronteira linear, dois grandes grupos “raciais” são 
identificáveis no continente africano dos dois lados do Saara: no norte, o grupo 
árabe-berbere, com patrimônio genético “mediterrâneo” (líbios, semitas, fenícios, 
assírios, gregos, romanos, turcos, etc.); no sul, o grupo negro. Convém notar que 
as mudanças climáticas, que às vezes anularam o deserto, provocaram durante 
milênios numerosas mesclas populacionais. 
A partir de várias dezenas de marcadores sanguíneos, Nei Masatoshi e A. R. 
Roy Coudhury estudaram as diferenças genéticas inter e intragrupos em 
caucasoides e mongoloides. Eles definiram coeficientes de correlação, a fim de 
estabelecer o período aproximado em que esses povos se separaram e 
constituíram grupos distintos. Ao que tudo indica, o grupo negróide tornou-se 
autônomo há 120 000 anos, enquanto os mongoloides e caucasoides 
individualizaram-se há apenas 55000 anos. Segundo J. Ruffie, “esse esquema 
ajusta-se à maior parte dos dados da hemotipologia fundamental”. A partir dessa 
época, muitas misturas se realizaram no continente africano. (KI-ZERBO, 2008, 
s/p) 
Além disso, aponta Ki-Zerbo (2008, s/p) a respeito do homem subsaariano, 
é preciso notar que seu nome original, atribuído por Lineu, era Homo ater 
(africano). Depois, eles foram chamados “negros” e, mais tarde, “pretos”. O termo 
“negróide”, mais abrangente, era usado às vezes para designar todas as pessoas 
que, às margens do continente ou em outros continentes, se pareciam com os 
pretos. Hoje, apesar de algumas notas dissonantes, a grande maioria dos 
especialistas reconhece a unidade genética fundamental dos povos subsaarianos. 
Segundo Boyd, autor da classificação genética das “raças” humanas, existe apenas 
um grupo negróide que compreende toda a parte do continente situada ao sul do 
Saara e também a Etiópia; esse grupo difere sensivelmente de todos os demais. 
Os trabalhos de J. Hiemaux estabeleceram essa tese com notável clareza. 
Sem negar as variantes locais aparentes, ele demonstra, pela análise de 5050 
distâncias entre 101 populações, a uniformidade dos povos no hiperespaço 
subsaariano, que engloba tanto os “Sudaneses” quanto os “Bantu”; tanto os 
habitantes das regiões costeiras quanto os Sahelianos; tanto os “Khoisan” quanto 
os Pigmeus, os Nilotas, os Peul e outros “Etiópidas”. Em compensação, ele mostra 
a grande distância genética que separa os “negros asiáticos” dos negros africanos. 
Mesmo no campo da linguística, que nada tem a ver com o fato “racial”, mas 
que foi utilizada em teorias racistas para inventar uma hierarquia das línguas que 
refletisse a pretensa hierarquia das “raças”, na qual os “verdadeiros negros” 
ocupavam o grau mais baixo da escala, as classificações evidenciam cada vez mais 
a unidade fundamental das línguas africanas. As variantes somáticas podem ser 
explicadas cientificamente pelas causas das mudanças discutidas acima, 
especialmente os biótipos que ora dão origem a agregados de populações mais 
compósitas (vale do Nilo), oraa grupos populacionais isolados, que desenvolvem 
características mais ou menos atípicas (montanhas, florestas, pântanos, etc.). 
Por fim, a história explica outras anomalias através das invasões e migrações, 
sobretudo nas zonas periféricas. A influência biológica da península Arábica no 
chamado “Chifre da África” também se evidencia nos povos dessa região, como os 
Somali, os Galla e os etíopes, mas também, com certeza, nos Tubu, Peul, Tukulor, 
Songhai, Haussa, etc. Já tivemos oportunidade de ver alguns Marka (Alto Volta) 
com um perfil tipicamente “semita”. 
Em suma, conclui Ki-Zerbo (2008, s/p) a admirável variedade dos fenótipos 
africanos é sinal de uma evolução particularmente longa desse continente. Os 
fósseis pré-históricos de que dispomos indicam uma implantação semelhante às 
encontradas no sul do Saara numa área muito vasta, que vai da África do Sul até 
o norte do Saara, tendo a região sudanesa representado, ao que parece, o papel de 
encruzilhada nessa difusão. Com certeza, a história da África não é uma história 
de “raças”. Contudo, para justificar uma certa história, abusou-se demais do mito 
pseudocientífico da superioridade de algumas “raças”. Ainda hoje, o mestiço é 
considerado branco no Brasil e Preto nos Estados Unidos da América. A ciência 
antropológica, que já demonstrou amplamente não haver nenhuma relação entre 
a raça e o grau de inteligência, constata que essa conexão as vezes existe entre raça 
e classe social. A preeminência história da cultura sobre a biologia é evidente 
desde a aparição do Homo no planeta. Quando irá tal evidência impor-se aos 
espíritos? (KI-ZERBO, 2008, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA DA ÁFRICA: EUROCENTRISMO, 
AFROCENTRISMO 
 
- Eurocentrismo: Para Praxedes (2008, s/p) realizar uma pesquisa para 
encontrar aspectos eurocêntricos e racistas nas obras dos mais reconhecidos 
pensadores considerados clássicos chega a ser uma tarefa simples. O problema é 
que geralmente esta não é uma preocupação dos estudiosos e dos professores 
universitários. Em consequência, nos cursos de licenciatura e de bacharelado para 
a formação de novos professores e pesquisadores, os acadêmicos passam anos 
estudando os autores para aprender a contribuição original de cada um para o 
conhecimento “universal”, atribuindo possíveis deslizes etnocêntricos como 
próprios do contexto intelectual de produção das obras. 
Muitas vezes relevamos o fato de filósofos, cientistas, sacerdotes, artistas, 
viajantes e colonizadores classificarem os grupos humanos que abordavam em 
seus trabalhos como pertencentes a raças e etnias misteriosas, donas de 
comportamentos selvagens, ideias atrasadas, costumes e religiões primitivas e 
bizarras, aparência horripilante e ideias irracionais. Como se o nosso mundo não 
europeu fosse habitado por seres aos quais era negado o reconhecimento como 
humanos. O homo sapiens foi dividido pela filosofia e pela ciência europeias em 
“uma hierarquia de raças que desumanizou e reduziu os subordinados tanto ao 
olhar científico como ao desejo dos superiores”. (SAID, 2004, p. 52, apud 
PRAXEDES, 2008, s/p) 
Em seu livro Rediscutindo a mestiçagem no Brasil, o professor Kabengele 
Munanga demonstra como inúmeros autores europeus considerados clássicos e 
inatacáveis em nossos currículos advogam as mais ensandecidas teorias racistas. 
Segundo Kabengele: “na vasta reflexão dos filósofos das luzes sobre a diferença 
racial e sobre o alheio, o mestiço é sempre tratado como um ser ambivalente visto 
ora como o “mesmo”, ora como o “outro”. Além do mais, a mestiçagem vai servir 
de pretexto para a discussão sobre a unidade da espécie humana. Para Voltaire, é 
uma anomalia, fruto da união escandalosa entre duas raças de homens totalmente 
distintas. 
A irredutibilidade das raças humanas não está apenas na aparência exterior: 
“não podemos duvidar que a estrutura interna de um negro não seja diferente da 
de um branco, porque a rede mucosa é branca entre uns e preta entre outros”. Os 
mulatos são uma raça bastarda oriunda de um negro e uma branca ou de um 
branco e uma negra”. (MUNANGA, 1999, p. 23, apud PRAXEDES, 2008, s/p) 
O filósofo Emmanuel Kant, por exemplo, presença obrigatória nos 
currículos dos cursos de filosofia em nosso país e no mundo a fora, na sua obra 
Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, de 1764, trata do que 
denomina como “diferenças entre os caracteres das nações”, segundo ele, na 
tentativa “apenas de esboçar traços que neles exprimem os sentimentos do 
sublime e do belo”, mas sem a intenção de “ofender a ninguém”. “Na minha 
opinião, escreve Kant, entre os povos do nosso continente, os italianos e os 
franceses são aqueles que se distinguem pelo sentimento do belo; já os alemães, 
os ingleses e espanhóis, pelo sentimento de sublime (...) O espanhol é sério, 
reservado e sincero (...) O francês possui um sentimento dominante para o belo 
moral. É cortês, atencioso e amável (...) No início de qualquer relação o inglês é 
frio, mantendo-se indiferente a todo estranho. Possui pouca inclinação a 
pequenas delicadezas; todavia, tão logo é um amigo, se dispõe a grandes favores 
(...) O alemão no amor, tanto quanto nas outras espécies de gosto, é assaz 
metódico, e, unindo o belo e o nobre, é suficientemente frio no sentimento de 
ambos para ocupar a mente com considerações acerca do decoro, do luxo ou 
daquilo que chama a atenção (...)” (KANT, 1993, p. 65-70, apud PRAXEDES, 
2008, s/p) 
Ainda para Praxedes (2008, s/p) depois de caracterizar os povos dos outros 
continentes, desta vez realçando aqueles aspectos que considera extravagantes, 
grosseiros e exagerados, Kant expõe as suas opiniões sobre os negros, suas 
manifestações culturais e formas de religiosidade, revelando toda a sua ignorância 
e arrogância. Para Kant: “os negros da África não possuem, por natureza, nenhum 
sentimento que se eleve acima do ridículo. 
O senhor Hume desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um 
Negro tenha mostrado talentos, e afirma: dentre os milhões de pretos que foram 
deportados de seus países, não obstante muitos deles terem sido postos em 
liberdade, não se encontrou um único sequer que apresentasse algo grandioso na 
arte ou na ciência, ou em qualquer outra aptidão; já entre os brancos, 
constantemente arrojam-se aqueles que, saídos da plebe mais baixa, adquirem no 
mundo certo prestígio, por força de dons excelentes. 
Tão essencial é a diferença entre essas duas raças humanas, que parece ser 
tão grande em relação às capacidades mentais quanto à diferença de cores. A 
religião do fetiche, tão difundida entre eles, talvez seja uma espécie de idolatria, 
que se aprofunda tanto no ridículo quanto parece possível à natureza humana. A 
pluma de um pássaro, o chifre de uma vaca, uma concha, ou qualquer outra coisa 
ordinária, tão logo seja consagrada por algumas palavras, tornam-se objeto de 
adoração e invocação nos esconjuros. Os negros são muito vaidosos, mas à sua 
própria maneira, e tão matraqueadores, que se deve dispersá-los a pauladas.” 
(KANT, 1993, p. 75-76, apud PRAXEDES, 2008, s/p) 
Um outro grande expoente do pensamento filosófico ocidental, Hegel, via 
nos nativos americanos “mansidão e indiferença, humildade e submissão perante 
um crioulo (branco nascido na colônia), e ainda mais perante um europeu”. 
Segundo o filósofo alemão “ainda custará muito até que europeus lá cheguem para 
incutir-lhes uma dignidade própria. A inferioridade desses indivíduos, sob todos 
os aspectos, até mesmo o da estatura, é fácil de reconhecer” (HEGEL, 1999, p. 74-
75). 
Sobre os negros, o grande filósofo alemão escreve que: “a principal 
característica dos negros é que sua consciência ainda não atingiu a intuição de 
qualquer objetividade fixa, como Deus, como leis, pelas quais o homem se 
encontraria com a própria vontade, e onde ele teria uma ideiageral de sua 
essência (...) o negro representa, como já foi dito o homem natural, selvagem e 
indomável. Devemos nos livrar de toda reverência, de toda moralidade e de tudo 
o que chamamos sentimento, para realmente compreendê-lo. Neles, nada evoca a 
ideia do caráter humano (...) a carência de valor dos homens chega a ser 
inacreditável. A tirania não é considerada uma injustiça e comer carne humana é 
considerado algo comum e permitido (...) entre os negros, os sentimentos morais 
são totalmente fracos – ou, para ser mais exato inexistentes”. (HEGEL, 1999, p. 
83-86, apud PRAXEDES, 2008, s/p) 
Depois de fazer tais considerações, o filósofo conclui esta parte de sua obra 
argumentando que não irá mais tratar da África, pois a mesma “não faz parte da 
história mundial; não tem nenhum movimento ou desenvolvimento para 
mostrar” (HEGEL, 1999, p. 88) e mesmo o Egito, embora situado no norte da 
África, Hegel o interpreta “como transição do espírito humano do Oriente para o 
Ocidente, mas ele não pertence ao espírito africano”. O continente africano é 
assim eliminado da “história universal”, enquanto é retirada dos povos que lá 
habitam a condição de seres humanos. Esta é uma das heranças eurocêntricas da 
filosofia de Hegel, o filósofo que mais influenciou na elaboração do pensamento 
dialético de Karl Marx. (PRAXEDES, 2008, s/p) 
Continuando Praxedes (2008, s/p) aponta que nos clássicos da sociologia 
as representações depreciativas sobre o “outro” não europeu também podem ser 
facilmente encontradas. O fundador e criador do nome da disciplina, Augusto 
Comte, no seu famoso Curso de Filosofia Positiva se pergunta, na Lição 52, “Por 
que a raça branca possui de modo tão pronunciado, o privilégio efetivo do 
principal desenvolvimento social e porque a Europa tem sido o lugar essencial 
dessa civilização preponderante?” Ele mesmo responde: “Sem dúvida já se 
percebe, quanto ao primeiro aspecto, na organização característica da raça 
branca, e, sobretudo quanto ao aparelho cerebral, alguns germes positivos de sua 
superioridade” (COMTE, citado por ARON, 1982, p. 121-122, apud PRAXEDES, 
2008, s/p). 
O também francês Alexis de Tocqueville, que viveu na mesma época de 
Comte, e é considerado um dos grandes clássicos da ciência política, realizou uma 
viagem para os Estados Unidos, nos anos de 1831 e 1832, da qual resultou o seu 
livro mais conhecido, A democracia na América. Na segunda parte da obra o 
autor discute sobre “o futuro provável das três raças que habitam o território dos 
Estados Unidos”. Segundo Tocqueville, ente os homens que compõem a jovem 
nação “o primeiro que atrai os olhares, o primeiro em saber, em força, em 
felicidade, é o homem branco, o europeu, o homem por excelência; abaixo dele 
surgem o negro e o índio. 
Essas duas raças infelizes não têm em comum nem o nascimento, nem a 
fisionomia, nem a língua, nem os costumes. Ocupam ambas uma posição 
igualmente inferior no país onde vivem (...)” (TOCQUEVILLE, 1977, p. 243-244). 
Tocqueville reconhece a opressão exercida pelos colonizadores europeus sobre os 
negros e índios, mas também não deixa de considerar os mesmos como selvagens 
e inferiores. 
Sobre os negros, o nobre francês não economiza adjetivos depreciativos em 
sua obra: “O escravo moderno não difere do senhor apenas pela liberdade. Mas 
ainda pela origem. Pode-se tornar livre o negro, mas não seria possível fazer com 
que não ficasse em posição de estrangeiro perante o europeu. E isso ainda não é 
tudo: naquele homem que nasceu na degradação, naquele estrangeiro introduzido 
entre nós pela servidão, apenas reconhecemos os traços gerais da condição 
humana. O seu rosto parece-nos horrível, a sua inteligência parece-nos limitada, 
os seus gostos são vis, pouco nos falta para que o tomemos por um ser 
intermediário entre o animal e o homem” (TOCQUEVILLE, 1977, p. 262, apud 
PRAXEDES, 2008, s/p). 
Nem mesmo na obra de um dos autores mais influentes sobre a sociologia 
contemporânea como Max Weber, deixamos de encontrar expressões grosseiras 
e racistas em referência aos negros. Weber é o autor do livro A Ética Protestante 
e o Espírito do Capitalismo, que foi considerado por alguns estudiosos brasileiros 
o melhor livro de não ficção do século XX (Folha de São Paulo 11/04/1999). Na 
segunda parte da obra em que Weber mais trabalhou em sua vida, Economia e 
sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva, o autor discute de 
passagem a ideia de “pertinência à raça”, e comenta que, “nos Estados Unidos, 
uma mínima gota de sangue negro desqualifica uma pessoa de modo absoluto, 
enquanto que isso não ocorre com pessoas com quantidade considerável de 
sangue índio” (WEBER, 1991, p. 268). 
Até este ponto o texto parece descritivo e é apresentado como uma 
constatação da situação existente naquele país. Mas, logo a seguir, o Weber 
sempre tão cuidadoso em tentar controlar os juízos de valor emitidos em sua obra 
afirma: “além da aparência dos negros puros, que do ponto de vista estético, é 
muito mais estranha do que a dos índios e certamente constitui um fator de 
aversão, sem dúvida contribui para esse fenômeno a lembrança de os negros, em 
oposição aos índios, terem sido um povo de escravos, isto é, um grupo está 
mentalmente desqualificado” (WEBER, 1991, p. 268, apud PRAXEDES, 2008, 
s/p). 
Como podemos ler acima, além da “aparência dos negros puros” (...), que 
“certamente constitui um fator de aversão” para o grande sociólogo alemão, ele 
também considera que entre as “maiores diferenças raciais (...)”, “como eu pude 
observar”, argumenta Weber, também deve constar o que ele denomina como “o 
propalado cheiro de negro” (WEBER, 1991, p. 272, apud PRAXEDES, 2008, s/p). 
O pensamento clássico europeu não difunde representações depreciativas 
apenas sobre negros e índios. Émile Durkheim, por exemplo, outro autor 
considerado um dos fundadores da sociologia na França, em seu livro Da Divisão 
do Trabalho Social, ao tratar das diferenças entre os gêneros masculino e 
feminino, se baseou nas pesquisas do cientista Lebon, para quem: “(...) o volume 
do crânio do homem e da mulher, mesmo quando se comparam pessoas de igual 
idade, estatura e peso iguais, apresenta diferenças consideráveis em favor do 
homem e esta desigualdade vai igualmente crescendo com a civilização, de 
maneira que, do ponto de vista da massa do cérebro e, por conseguinte, da 
inteligência, a mulher tende a diferenciar-se cada vez mais do homem. A diferença 
que existe, por exemplo, entre a média dos crânios dos parisienses é quase o dobro 
daquela observada entre os crânios masculinos e femininos do antigo Egito” 
(Lebon, citado por Durkheim, 1978, p. 28). 
Observemos que no raciocínio de Lebon, no qual Durkheim se baseia para 
elaborar a sua teoria sobre a divisão do trabalho nas sociedades modernas, 
conforme um povo vai crescendo em civilização maior o crânio e a quantidade de 
massa encefálica dos seus membros e, também, maior a diferença de inteligência 
entre o homem e a mulher, sempre em favor do homem. (...) (PRAXEDES, 2008, 
s/p) 
A partir destes exemplos retirados aleatoriamente de textos europeus 
considerados clássicos, podemos nos interrogar por que muitos autores e 
professores das disciplinas de ciências humanas estudam os seus pensadores 
favoritos colocando em último plano ou simplesmente deixando de abordar os 
conteúdos políticos colonialistas dos seus textos. Para usarmos as palavras de 
Edward Said, “os filósofos podem conduzir suas discussões sobre Locke, Hume e 
o empirismo sem jamais levar em consideração o fato de que há uma conexão 
explícita, nesses escritores clássicos, entre suas doutrinas “filosóficas” e a teoria 
racial, as justificações da escravidão e a defesa da exploração colonial” (SAID, 
1990, p. 25). Ainda, segundo o mesmo autor, “muitos humanistas de profissão 
são, em virtude disso, incapazes de estabelecer a conexão entre, de um lado, a 
longae sórdida crueldade de práticas como a escravidão, a opressão racial e 
colonialista, o domínio imperial e, de outro, a poesia, a ficção e a filosofia da 
sociedade que adota tais práticas” (SAID, 1995, p. 14, apud PRAXEDES, 2008, 
s/p). 
Todas as expressões ignorantes e depreciativas sobre os povos e culturas não 
europeias citadas acima, de autoria de alguns dos maiores expoentes das ciências 
sociais e da filosofia ocidentais, permitem concluirmos, acompanhando a reflexão 
de Boaventura de Sousa Santos, que “a experiência social em todo o mundo é 
muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica ou filosófica- 
ocidental conhece e considera importante (...), e que a compreensão do mundo 
excede em muito a compreensão ocidental do mundo” (SOUSA SANTOS, 2004, 
p. 778-779). 
Decorre desta argumentação a necessidade de abrirmos os centros de 
produção de conhecimento em todo o mundo, mas principalmente os situados nos 
países que sofrem com a hegemonia política, econômica e cultural dos centros 
dominantes do capitalismo, para a identificação e a construção de saberes mais 
apropriados sobre as diferenças entre as culturas e grupos humanos e sobre as 
suas diferentes necessidades materiais e simbólicas. (PRAXEDES, 2008, s/p) 
Concluindo Praxedes (2008, s/p) enfatiza que no lugar destas formas 
preconceituosas e discriminatórias de classificação dos seres humanos 
espalhados pelo Globo, podemos construir uma política de reconhecimento da 
heterogeneidade cultural da humanidade e da pluralidade das formas de 
existência material e relação com o ambiente. Com isso, podemos superar o 
pensamento eurocêntrico que acredita e difunde que há um padrão único para a 
beleza e para a inteligência, o europeu, e que nos leva a avaliarmos a nós mesmos 
e aos nossos alunos de acordo com tal padrão, esquecendo que é apenas um 
padrão próprio de culturas específicas de uma região do mundo. 
Quando utilizamos como critérios de beleza ou de verdade as formas de arte 
e de pensamento europeus, estamos sendo cúmplices com as instituições 
dominantes e legitimando a sua dominação. Como educadores, temos a dupla 
tarefa de aprender e ensinar a nos vermos através de critérios próprios, livres dos 
pontos de vista eurocêntricos. Evidentemente, essa superação do eurocentrismo 
não quer dizer que devemos ignorar os códigos culturais, experiências e 
linguagens de origem europeia, como as ciências, artes e religiões, mas quer dizer 
que devermos ter a capacidade de criticá-las, dimensionando-as como formas 
particulares de expressão cultural de populações e grupos particulares, sem 
dúvida relevantes, mas que não são superiores a nenhuma outra forma de 
expressão cultural dos grupos humanos espalhados pelo mundo. (PRAXEDES, 
2008, s/p) 
- Afrocentrismo: Segundo a Infopédia (s/d, s/p) basicamente, os 
afrocentristas discordam das teorias que relegam os africanos para a margem do 
pensamento e do conhecimento da Humanidade. Neste sentido, o afrocentrismo 
defende que se deve interpretar e estudar as culturas não europeias, 
nomeadamente a africana, e os seus povos do ponto de vista de sujeitos ou agentes 
e não como objetos ou destinatários. 
Segundo os afrocentristas, a noção ocidental ou europeia do conhecimento 
baseado no modelo grego não é tão antiga como os europeus creem ser, tendo sido 
adotada apenas a partir do período da Renascença na Europa. De qualquer forma, 
o modelo grego não pode ser considerado como “europeu” em rigor, dado que foi 
profundamente influenciado na sua origem e mitologia pela cultura egípcia, ou 
seja, por uma cultura de origem africana. 
A visão eurocêntrica, ou de pensamento centrado no modelo europeu, 
tornou-se numa visão etnocêntrica, ou seja, de valores relativos aos povos da 
Europa, que valoriza o modelo de pensamento e de experiência europeia em 
detrimento dos modelos de pensamento de outras culturas que são, por 
comparação, subavaliados e subvalorizados. Este conceito de afrocentrismo 
começou a ser defendido nos anos 80 por estudantes afro-americanos, afro-
brasileiros, das Caraíbas e africanos, que começaram por adotar uma perspectiva 
afrocêntrica nos seus trabalhos. 
O afrocentrismo não defende que o mundo seja interpretado sob uma única 
perspectiva cultural, como foi o caso do eurocentrismo, mas que seja reconhecida 
a existência de uma cultura e a sua avaliação em termos de pensamento e 
conhecimento através da sua própria perspectiva, neste caso, e mais 
concretamente, que a cultura africana seja analisada, de per si, enquanto sujeito 
e não através de modelos culturais que por vezes não só não a entendem como a 
desprezam e desvalorizam. (INFOPÉDIA, s/d, s/p) 
Ainda segundo a Infopédia (s/d, s/p) quando, por exemplo, se fala de arte, 
música, dança ou teatro, as referências são sempre europeias e assumem uma 
supremacia em termos intelectuais e artísticos. Os afrocentristas defendem que 
não deve haver uma única perspectiva ou uma visão que se sobreponha às outras, 
mas que devem coexistir diferentes visões filosóficas e de conhecimento sem que 
qualquer uma delas se sobreponha às restantes. 
Durante cerca de cinco séculos, os africanos estiveram afastados, enquanto 
protagonistas, da vida social, política, artística, intelectual e econômica tanto nas 
sociedades de pensamento ocidental, para onde foram deslocados, como nas suas 
nações africanas de origem pelo colonialismo europeu. Nesse sentido, a corrente 
afrocêntrica defende que o conhecimento e a experiência devem ser reavaliados 
do ponto de vista dos africanos, enquanto seres humanos ativos capazes de 
conceber molduras próprias de pensamento e de experiência. Os afrocentristas 
defendem que os seres humanos não podem nem devem abdicar da sua cultura, 
seja relativamente às suas próprias referências históricas seja às do grupo onde 
estão inseridos. Opõem-se à deslocação, ou seja, a serem marginalizados ou a 
serem considerados “o outro” e defendem a centralização, ou seja, que devem ser 
considerados o agente, o “e”. 
Algumas das questões que mais preocupam os afrocentristas dizem respeito 
a uma certa desorientação e desconhecimento dos próprios africanos que, 
identificando-se como europeus ou americanos, consideram esse estatuto 
incompatível com o fato de serem africanos, ou, mais grave ainda, o fato de 
considerarem incompatível o ser cumulativamente humano e africano. 
(INFOPÉDIA, s/d, s/p) 
 
3. A CRONOLOGIA PARA ESTUDAR A HISTÓRIA DA ÁFRICA 
 
Na visão de Cunha Jr (s/d, s/p) a História Africana apresenta uma 
possibilidade de divisão para estudo em seis grandes regiões que guardam em 
comum além dos aspectos geográficos, aspectos históricos e culturais. São 
unidades com características semelhantes, embora também abrangendo 
diversidade interna da região quantos aos povos e culturas, mas, quando 
comparadas ao conjunto africano apresentam distinções nítidas. 
1. A região de história mais antiga e mais conhecida é a das civilizações do 
Rio Nilo, onde se destacam o Sudão e o Egito, ambos com história política e 
econômica com mais de 5000 anos e constituindo impérios semelhantes. Um 
exemplo das semelhanças é a construção de pirâmides que Vão do Alto ao Baixo 
Nilo, em períodos diversos com diferentes magnitudes, representando uma forma 
cultural típica de região. Nesta região o Egito é bem mais conhecido, sendo que os 
Núbios, um dos povos do Sudão, tem apresentado surpresas esplendorosas aos 
arqueólogos nos últimos tempos. Destacam-se: nesta região os Impérios de 
Kerma, Kushes, Napata e Meroes. Fixados em regiões próximas tem importância 
históricas os Reinos da Etiópia. 
2. A costa Africana do Oceano Índico constitui uma região de grande 
influência comercial, de trocas intensas com os países árabes e com a Ásia. Esta 
região se notabiliza por um conjunto de pequenos Reinos e Cidades Estados que 
foram de grande esplendor arquitetônico e, devido a existência deuma língua 
comercial comum, o Suarile, podemos denominar de Região Suarile. 
3. A terceira região importante no Continente Africano é constituída pelo 
Conjunto Zimbábue e África do Sul. Embora diferente da região Suarile litorânea 
é uma zona de intenso contato com o litoral. Zimbábue, devido à importância e 
antiguidade das ruínas e da extensão da civilização aí construída no passado, 
constitui pôr si só uma região de importância na história africana. Na mesma 
região do Zimbábue entre 1400 e 1800 surge o Reino do Monomotapa. Na África 
do Sul, apenas reinos relativamente recentes têm destaques históricos, sobretudo 
pelo processo de resistência às invasões europeias, como é o caso dos Zulus. 
 
4. O quarto conjunto está ao Sul do Rio Congo, numa extensa região entre o 
Atlântico e os lagos Vitória e Tanganica. De influência cultural Bantu se 
desenvolveu entre os séculos 14 e 15 um conjunto de Reinos onde se destacam o 
Congo, Lunda e Luba. 
5. As civilizações africanas de grande riqueza econômica e cultural formam 
um conjunto que geograficamente se estendem do Atlântico atravessando o 
sistema fluvial do Rio Níger e cobrindo os afluentes do lago Chade. Esta quinta 
região do Vale do Niger, assim como a do Vale do Nilo, constituem as regiões de 
maior importância histórica no continente devido aos longos períodos de 
continuidade histórica e a quantidade de conhecimentos que se tem sobre elas. 
Fazem parte da história da região as civilizações Nok, os Impérios de Gana, Malé 
e Songai. 
6. A sexta região é de predominância de povos Berberes e se estende através 
do Deserto de Saara e bordas do Mediterrâneo. É, sobretudo, uma região marcada 
por invasões externas. A ligação entre estas diversas regiões e sua integração 
econômica pode ser trabalhada e compreendida a partir das rotas de caravanas 
milenares ou da história da expansão da tecnologia do ferro no continente 
africano. Tanto as caravanas comerciais como as rotas de expansão da tecnologia 
do ferro cobrem todo o território africano, indicando não apenas a presença de 
populações em estágios civilizatórios importantes em todo continente, como 
também, a existência de uma intensa integração econômica e cultural entre estes 
povos. (CUNHA JR, s/d, s/p) 
De acordo com CUNHA Jr (s/d, s/p) abaixo, uma possível cronologia dos 
principais fatos da História Africana anterior a presença nociva e desastrosa do 
europeu naquele continente. Nesta cronologia, destaco o fato de que os Europeus, 
através dos portugueses gastaram mais de um século para dominar algumas 
regiões na África e que a colonização europeia levou mais de 300 anos para se 
consolidar. Este período é marcado pela resistência, vitórias e derrotas dos 
diversos Estados Africanos, em diversas frentes de combate contra as diferentes 
invasões europeias. Estas dinâmicas de longa duração precisam ser 
compreendidas para não parecer que o predomínio europeu acontece num ato 
mágico e repentino, como geralmente e superficialmente é apresentado. 
A cronologia da História africana pode ter a seguinte composição: 
 Aparecimento do Homo Sapiens na África - 10.000 a. C; 
 Agricultura e criação no Vale do Nilo - 5.000 a. C; 
 Os Faraós unificam o Estado Egípcio - 3.100 a. C; 
 O Estado Kerma governa a Antiga Núbia no Sudão 2.250 a. C; 
 As dinastias Egípcias colonizam a Núbia - 1.570 a. C; 
 Os Estados Kushes e Napatos se estabelecem no Sudão - 1.100 a 500 a. C; 
 Fenícios fundaram a Capital em Cartago - 814 a. C; 
 Os Estados Kushes da Núbia governam o Egito - 760 a. C; 
 A tecnologia do Ferro é introduzida no Egito pelos invasores Assírios - 500 
a. C; 
 Reinos Núbios - 400 a. C; 
 Civilização Nok na África Ocidental - 450 a. C; 
 Os Gregos invadem o Egito - 332 a. C; 
 Os Romanos invadem o Egito 40 – a. C; 
 Início do esplendor dos Reinos Axum na África Oriental – 0; 
 Expansão Islâmica no Norte Africano – 639; 
 Data aproximada da construção do Zimbábue – 700; 
 Ocupação de Gana pelos Almoravides - 1.076; 
 Fundação do Império Monomotapa na África Austral. - 1.200; 
 Início do Império do Mali - 1.235; 
 Fundação do Reino do Congo - 1.240; 
 Início do Império Songai - 1.400; 
 Os Portugueses vencem os Mouros e tomam Ceuta no Norte Africano - 
1.415; 
 Fundação do Reino Luba na região do Rio Congo - 1.420; 
 A presença constante de mercantes portugueses no Rio Senegal - 1.445; 
 Estabelecimento do tratado comercial entre Reinos da África Ocidental e os 
Portugueses - 1.456; 
 Tratado de Alcáçovas entre Espanhóis e Portugueses que permitem aos 
Portugueses; 
 A introdução de escravizados Africanos na Espanha - 1.475; 
 Chegada dos Portugueses ao Congo - 1.484; 
 Conversão do Rei do Congo ao Catolicismo - 1.491 (o Catolicismo já havia 
penetrado na Etiópia 400 anos antes); 
 Destruição do Império Songai - 1.591; 
 Portugueses invadem Angola transformando o Reino em Colônia - 1.575; 
 O Reino do Congo é dominado pelos Portugueses - 1.630; 
 Chegada dos Ingleses como invasores e colonizadores na África do Sul - 
1.795; 
 Início das Campanhas Militares de Chaka-Zulu - 1.808; 
 Consolidação do Domínio Europeu na África - 1.884-1.885. (CUNHA JR, 
s/d, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O QUADRIPARTISMO FRANCÊS 
 
Para Montelatto, Cabrini (2009, s/p) a preocupação do professor de 
História em passar aos alunos, em sequência cronológica, todo o caminho da 
humanidade, das cavernas ao Brasil de hoje, acarreta, necessariamente, 
reducionismos e esquematizações. A História não só toma um sentido único e 
irreversível, como também relega o papel do aluno como agente histórico e sujeito 
da produção de seu próprio conhecimento. As diversas possibilidades e versões 
do fazer da história, que são a base da formação do pensamento histórico, são 
eliminadas. Apresentar uma proposta para o ensino da História sem discutir e 
analisar a permanência de práticas (felizmente, cada vez menos frequentes!) com 
teor europocêntrico – linear, evolutivo, etapista e finalista – parece-nos quase 
impossível. Cabe aos professores uma mudança na pergunta que ordinariamente 
fazemos: em vez de “por que isso ainda é feito?”, perguntaremos “Como isso pode 
ser feito de outra forma?” 
Apesar das discussões ocorridas desde a década de 1980, suscitadas pelas 
novas propostas curriculares e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, no fim 
do século XX ainda tínhamos práticas escolares fundamentadas na permanência 
de alguns estereótipos, mitos e preconceitos. Estes permaneceram desde a 
consolidação do estado nação no século XIX, valorizando uma história 
institucional e política, cujos personagens são os heróis de uma história oficial, 
apresentados como únicos responsáveis pelo fazer histórico da nação. 
(MONTELATTO, CABRINI, 2009, s/p) 
Ainda para Montelatto, Cabrini (2009, s/p) trabalhar o ensino de História 
a partir de eixos temáticos não significa negar o conhecimento produzido 
historicamente nem tornar inexistente a divisão tradicional da chamada História 
Geral em Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, conhecida como 
quadripartismo. Mas, como ressalta o historiador francês Jean Chesneaux, o 
quadripartismo privilegia o papel do Ocidente na história do mundo, ao mesmo 
tempo que reduz, quantitativa e qualitativamente, o lugar dos povos não europeus 
na evolução universal. Essa organização da história universal é, na verdade, um 
fato europeu. Em outros países, o passado pode ser organizado de modo diferente, 
já que são outros os pontos de referência. No ensino da História Temática, essa 
temporalidade linear, com sua visão europocêntrica colonialista do 
quadripartismo, deve ser problematizada e analisada como uma construção 
historicamente determinada. 
Para se falar em ética, cidadania, crítica à sociedade de consumo, 
sustentabilidade, revisãode valores e do conteúdo das ações, o professor deve 
assumir-se como sujeito/cidadão, explicitar seus referenciais e ter a clareza de sua 
não neutralidade diante do conhecimento. Para tanto, é importante que ele 
incorpore à sua prática a postura do professor-pesquisador, que busca construir 
o conhecimento. Ensino e pesquisa dessa forma são elementos indissociáveis 
também no Ensino Fundamental e Médio. Para o professor-pesquisador, 
programas e conteúdos pré-determinados, exteriores à sua interação com os 
alunos e ao meio que os cerca, são insuficientes. Os conteúdos e a organização dos 
mesmos em um programa devem ser estabelecidos com base em situações-
problema construídas na experiência conjunta entre professor e aluno. 
(MONTELATTO, CABRINI, 2009, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. UMA ABORDAGEM MULTI E INTERDISCIPLINAR: HISTÓRIA E 
ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E ETNOLOGIA, HISTÓRIA E 
ORALIDADE 
 
- O problema das fontes: De acordo com Obenga (2008, s/p) as regras gerais 
da crítica histórica, que fazem da história uma técnica do documento, e o espírito 
histórico, que pede o estudo da sociedade humana em sua caminhada através dos 
tempos, são aquisições fundamentais utilizáveis por todos os historiadores, em 
qualquer país. O esquecimento desse postulado manteve durante muito tempo os 
povos africanos fora do campo dos historiadores ocidentais, para quem a Europa 
era em si mesma, toda a história. Na realidade, o que estava subjacente e não se 
manifestava claramente, era a crença persistente na inexistência de uma história 
na África, dada a ausência de textos e de uma arqueologia monumental. 
Portanto, parece claro que o primeiro trabalho histórico se confunde com o 
estabelecimento de fontes. Essa tarefa está ligada a um problema teórico 
essencial, ou seja, o exame dos procedimentos técnicos do trabalho histórico. 
Sustentados por uma nova e profunda necessidade de conhecer e compreender 
ligada ao advento da era pós-colonial, os pesquisadores fundaram 
definitivamente a história africana, embora a construção de uma metodologia 
histórica ainda prossiga. Setores imensos de documentação foram revelados, 
permitindo aos pesquisadores formularem novas questões. Quanto mais os 
fundamentos da história africana se tornam conhecidos, mais essa história se 
diversifica e se constrói de diferentes formas, de modo inesperado. 
Há cerca de quinze anos produziu-se uma profunda transformação dos 
instrumentos de trabalho e hoje se admite de bom grado a existência de fontes 
utilizadas mais particularmente para a história africana: geologia e paleontologia, 
pré-história e arqueologia, paleobotânica, palinologia, medidas de radiatividade 
de isótopos capazes de fornecer dados cronológicos absolutos, geografia física, 
observação e análise etno-sociológicas, tradição oral, linguística histórica ou 
comparada, documentos escritos europeus, árabes, hindus e chineses, 
documentos econômicos ou demográficos que podem ser processados 
eletronicamente. (OBENGA, 2008, s/p) 
Para Obenga (2008, s/p) a variedade das fontes da história africana 
permanece extraordinária. Dessa forma, devem-se buscar de forma sistemática 
novas relações intelectuais que estabeleçam ligações imprevistas entre setores 
anteriormente distintos. A utilização cruzada de fontes aparece como uma 
inovação qualitativa. Uma certa profundidade temporal só pode ser assegurada 
pela intervenção simultânea de diversos tipos de fontes, pois um fato isolado 
permanece, por assim dizer, à margem do movimento de conjunto. A integração 
global dos métodos e o cruzamento das fontes constituem desde já uma eficaz 
contribuição da África à ciência e mesmo à consciência historiográfica 
contemporânea. 
A curiosidade do historiador deve seguir várias trajetórias ao mesmo tempo. 
Seu trabalho não se limita a estabelecer fontes. Trata-se de se apropriar, através 
de uma sólida cultura pluridimensional, do passado humano. Porque a história é 
uma visão do homem atual sobre a totalidade dos tempos. 
(...) Sem dúvida, o fato metodológico mais decisivo desses últimos anos foi 
a intervenção das ciências físicas modernas no estudo do passado humano, com 
as medidas de radioatividade dos isótopos, que asseguram a apreensão, 
cronológica do passado até os primeiros tempos do aparecimento do Homo 
sapiens (teste do carbono 14) e das épocas anteriores a 1 milhão de anos (método 
do potássio-argônio). Atualmente, esses métodos de datação absoluta abreviam 
de modo considerável as discussões no campo da paleontologia humana e da pré-
história. Na África, os hominídeos mais antigos datam de -5300000 anos pelo 
método K/ Ar. 
Essa é a idade de um fragmento de maxilar inferior com um molar intacto 
de um hominídeo encontrado pelo professor Bryan Patterson, em 1971, em 
Lothagam no Quênia. Por outro lado, os dentes de hominídeos encontrados nas 
camadas villafranchianas do vale do Omo, na Etiópia meridional, pelas equipes 
francesa (Camille Arambourg, Yves Coppens) e americana (F. Clark-Howell) têm 
2 a 4 milhões de anos. O nível do Zinjanthropus (nível I) do célebre depósito de 
Olduvai, na Tanzânia, data de 1750000 anos, sempre através do método do 
potássio-argônio. (OBENGA, 2008, s/p) 
Assim, graças ao isótopo potássio-argônio, a gênese humana do leste 
africano, a mais antiga de todas no estágio atual dos conhecimentos, constitui a 
gênese humana propriamente dita, tanto mais que o monofiletismo é uma tese 
cada vez mais amplamente admitida hoje na paleontologia geral. Em 
consequência, os restos fósseis africanos conhecidos atualmente fornecem 
elementos decisivos para responder a esta questão primordial das origens 
humanas, colocada de mil maneiras ao longo da história da humanidade: “Onde 
nasceu o homem? Há quanto tempo?” As velhas ideias estereotipadas, que 
colocavam a África praticamente à margem do Império de Clio, estão agora 
completamente modificadas. Os fatos, postos em evidência através de várias 
fontes e métodos - desde a paleontologia humana até a física nuclear - mostram 
claramente, ao contrário, toda a profundidade da história africana, cujas origens 
se confundem precisamente com as próprias origens da humanidade. (...) 
De acordo com Obenga (2008, s/p) o problema heurístico e epistemológico 
fundamental permanece sempre o mesmo na África, o historiador deve estar 
absolutamente atento a todos os tipos de procedimentos de análise, para articular 
seu próprio discurso, fundamentando-se num vasto conjunto de conhecimentos. 
Esta “abertura de espírito” é particularmente necessária quando se estudam 
períodos antigos, sobre os quais não se dispõe nem de documentos escritos nem 
mesmo de tradições orais diretas. Sabemos, por exemplo, que a base da 
agricultura para os homens do Neolítico era o trigo, a cevada e o milhete, na Ásia, 
na Europa e na África, e o milho, na América. 
Mas como identificar os sistemas agrícolas iniciais, que surgiram há tanto 
tempo? O que permitiria distinguir uma população de predadores sedentários de 
uma de agricultores? Como e quando a domesticação das plantas se difundiu nos 
diversos continentes? Quanto a isso, a tradição oral e a mitologia prestam apenas 
uma pequena ajuda. Unicamente a arqueologia e os métodos paleobotânicos 
podem dar uma resposta válida a tais questões importantes, relativas a essa 
inestimável herança neolítica que é a agricultura. (...) 
Tendo em vista tudo o que foi exposto, chega-se a uma conclusão que 
constitui um avanço metodológico decisivo: um vasto material documental, rico e 
variado, pode ser obtido a partir das fontes e técnicas baseadas nas ciências exatas 
e nas ciências naturais. O historiador se vê obrigado a desenvolver esforços de 
investigação por vezes audaciosos. Todos os caminhos que se abrem estão 
doravante entrelaçados. O conceito de “ciências auxiliares” perde cada vez mais 
terreno nesta nova metodologia, exceto se entendermospor “ciências auxiliares 
da história”, as técnicas fundamentais da pesquisa histórica, originárias de 
qualquer campo científico e que, de resto, não foram ainda totalmente 
descobertas. 
De agora em diante, as técnicas de investigação são parte da prática 
histórica e fazem com que a história se incline de forma concreta para o lado da 
ciência. Dessa forma, a história se beneficia das conquistas das ciências da Terra 
e das ciências da vida. Todavia, seu aparato de pesquisa e de crítica se enriquece, 
sobretudo com a contribuição das outras ciências humanas e sociais: egiptologia, 
linguística, tradição oral, ciências econômicas e políticas. 
Até hoje a egiptologia permanece uma fonte insuficientemente utilizada 
pela história da África. E conveniente, portanto, insistir no assunto. A egiptologia 
compreende a arqueologia histórica e a decifração dos textos. Nos dois casos, o 
conhecimento da língua egípcia é um pré-requisito indispensável. Esse idioma, 
que permaneceu vivo durante cerca de 5000 anos (se levarmos em consideração 
o copta), apresenta-se materialmente sob três escritas distintas; 
- Escrita hieroglífica: cujos signos se dividem em duas grandes classes: os 
ideogramas ou signos-palavras (por exemplo, o desenho de um cesto de vime para 
designar a palavra “cesto”, cujos principais componentes fonéticos são nb) e os 
fonogramas ou signos-sons (por exemplo, o desenho de um cesto, do qual só se 
retém o valor fonético nb e que serve para escrever outras palavras diferentes de 
“cesto”, mas que têm o mesmo valor fonético: nb, “senhor”; nb, “tudo”). Os 
fonogramas, por sua vez, classificam-se em: trilíteros, signos que combinam três 
consoantes; bilíteros, signos que combinam duas consoantes; unilíteros, signos 
que contêm uma só vogal ou consoante: trata-se nesse caso, do alfabeto fonético 
egípcio. - Escrita hierática: ou seja, a escrita cursiva dos hieróglifos, que apareceu 
em torno da III dinastia (-2778 a -2423); é sempre orientada da direita para a 
esquerda e traçada com um cálamo sobre folhas de papiro ou fragmentos de 
cerâmica e de calcário. Teve uma duração tão longa quanto à dos hieróglifos (o 
texto hieroglífico mais recente data de +394). 
- Escrita demótica: uma simplificação da escrita hierática surgiu em torno 
da XXV dinastia (-751 a -656), deixando de ser usada no século V. No plano estrito 
dos grafemas, reconhece-se uma origem comum entre a escrita demótica egípcia 
e a escrita meroítica núbia (que veicula uma língua ainda não decifrada). 
Considerando apenas esse nível do sistema gráfico egípcio, já se colocam 
interessantes questões metodológicas. Isso porque, através de uma tal convenção 
gráfica, dotada de fisionomia própria, o historiador - que se torna um pouco 
decifrador - capta por assim dizer a consciência e a vontade dos homens de 
outrora, já que o ato material de escrever traduz sempre um valor profundamente 
humano. (...) Ainda a linguística histórica é portanto uma fonte preciosa da 
história africana, assim como a tradição oral, que foi durante muito tempo 
desprezada. (...) (OBENGA, 2008, s/p) 
Ainda segundo Obenga (2008, s/p) no domínio das ciências humanas e 
sociais, a contribuição dos sociólogos e cientistas políticos permite redefinir o 
saber histórico e cultural. Com efeito, os conceitos de “reino”, “nação”, “Estado”, 
“império”, “democracia”, “feudalismo”, “partido político”, etc., utilizados em 
outros lugares certamente de maneira adequada, nem sempre são 
automaticamente aplicáveis à realidade africana. (...) Na África, as séries 
documentais são estabelecidas pelos mais diversos tipos de ciências - exatas, 
naturais, humanas e sociais. O “relato” histórico renovou-se completamente, na 
medida em que a metodologia consiste em empregar várias fontes e técnicas 
particulares ao mesmo tempo e de modo cruzado. Informações fornecidas pela 
tradição oral, os raros manuscritos árabes, as escavações arqueológicas e o 
método do carbono residual ou carbono 14 reintroduziram definitivamente o 
“legendário” povo Sao (Chade, Camarões, Nigéria) na história autêntica da África. 
(...) 
A prática da história na África torna-se um permanente diálogo 
interdisciplinar. Novos horizontes se esboçam graças a um esforço teórico inédito. 
A noção de “fontes cruzadas” exuma, por assim dizer, do subsolo da metodologia 
geral, uma nova maneira de escrever a história. A elaboração e a articulação da 
história da África podem, consequentemente, desempenhar um papel exemplar e 
pioneiro na associação de outras disciplinas à investigação histórica. (OBENGA, 
2008, s/p) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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