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2011 
Maringá-PR 
 
1
O USO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS PARA O SUCESSO DO SURDO NO 
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO1 
 
 
CARVALHO, Rosane de2 
 
 
RESUMO: Em um país considerado emergente o tema alfabetização já é polêmico quando 
falamos em crianças ouvintes, pois sofremos do mal do analfabetismo funcional em grande 
escala. Quando pensamos em crianças surdas isso aumenta, pois a falta de profissionais 
capacitados ainda é grande. Desta forma, essa pesquisa tem por objetivo identificar as 
possíveis respostas de como o surdo aprende e se alfabetiza, visto que não tem o som a 
seu favor. Para atender os objetivos da pesquisa foi realizada uma pesquisa bibliográfica 
tomando como ponto de partida os materiais já disponíveis para consulta. O fator ontológico 
que impulsionou a explanação deste artigo foi o desejo de ajudar o indivíduo surdo na 
caminhada da alfabetização ao letramento. Quando o indivíduo não é exposto a Língua 
nativa, o prejuízo no desenvolvimento é inevitável. O fator ouvir é extremamente importante 
para o indivíduo usuário de uma língua oral-auditiva, assim como, o fator visual para o 
indivíduo surdo que apreende o mundo através da Língua Brasileira de sinais (Libras) uma 
língua visual-espacial. Os resultados mostram que o surdo deve ser exposto, primeiramente 
a Língua de sinais e depois a língua portuguesa escrita para que ele seja atendido em todas 
as suas necessidades educacionais e seja um cidadão alfabetizado e letrado. 
 
PALAVRAS-CHAVE: surdos; alfabetização; Língua Brasileira de Sinais; educação bilíngue. 
 
ABSTRACT: In a country that is emerging as the issue of literacy is controversial when it 
comes to hearing children, suffer because of the evil of functional illiteracy on a large scale. 
When we think of deaf children it increases, because the lack of trained professionals is still 
great. Thus, this research aims to identify possible responses to the deaf learn and literacy, 
since it lacks the sound in his favor. To meet the objectives of the survey was conducted a 
literature search using as a starting point for materials already available for consultation. The 
factor that drove the ontological explanation of this article was the desire to help the deaf in 
the journey of literacy to literacy. When the individual is not exposed to native language, the 
damage development is inevitable. The hearing is extremely important factor for the 
individual user of an auditory-oral language, as well as the visual factor for the deaf individual 
who perceives the world through the Brazilian Language (Libras) a visual-spatial language. 
The results show that the deaf should be exposed, the first language of signs and then 
writing the English language so that it is satisfied in all their educational needs and a citizen 
is literate and educated. 
 
KEYWORDS: deaf literacy Brazilian Sign Language, bilingual education. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Em tempos de inclusão, vale a pena refletir sobre a importância da Libras na 
aprendizagem do aluno surdo, pois o maior entrave para este grupo de pessoas é a 
comunicação. Vivemos em um mundo preparado para o ouvinte. Espaços sociais, 
 
1 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Língua Brasileira 
de Sinais e Educação Especial, orientado pela professora Drda. Kelly Priscilla Lóddo Cezar – 
Faculdade Eficaz de Maringá/PR. 
2 Aluna do curso de Pós-Graduação em Língua Brasileira de Sinais e Educação Especial – Faculdade 
Eficaz de Maringá/PR. 
 
2011 
Maringá-PR 
 
2
afetivos e comunicativos, muitas vezes, são inatingíveis pelo surdo. Segundo 
Vygotsky (1993), a linguagem é a base do pensamento e é por meio dela que 
surgem todas as manifestações sociais. 
Pensando assim, é através da linguagem que conhecemos a nós mesmos e 
aos outros, pois o indivíduo é um ser social, que precisa das relações humanas para 
se desenvolver. 
A Libras (Língua Brasileira de Sinais) permite a expressão total do indivíduo, 
enquanto pessoa, que sente, pensa e age. Possibilita discutir os mais abstratos 
conteúdos, sentimentos, negócios, independentemente da área do conhecimento. 
Quando o surdo tem oportunidade de fazer uso da sua Língua materna, Libras, suas 
perspectivas são ampliadas. Ele passa a sentir-se como parte do todo, ou seja, parte 
da comunidade e não como um ouvinte com defeito. 
Além disso, a Libras é reconhecida como meio de comunicação e expressão. 
 
Parágrafo único: Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - 
Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema 
linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical 
própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e 
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil (LEI 
10436/2002). 
 
Há possibilidade de o aluno surdo ser incluído no universo ouvinte. Como 
sabemos primeiro ouvimos e depois falamos. E o surdo? Neste caso, é necessário 
que desde a tenra idade seja exposto a língua materna, Libras. Só então, sendo 
proficiente nesta língua estará apto a aprender a segunda língua, a Língua 
Portuguesa. Desta forma o surdo deixará de ser um estrangeiro em seu próprio país. 
Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo identificar os 
possíveis caminhos percorridos pelo indivíduo surdo para se alfabetizar, visto que 
não tem o som a seu favor. Esta pesquisa servirá de auxílio e fonte de consulta para 
professores que estão se esmerando no ofício de mestre aos alunos surdos. 
Para atender os objetivos da pesquisa foi realizada uma pesquisa 
bibliográfica, pois com intuito de ampliar partida os materiais já disponíveis para 
consulta. Segundo Lakatos e Marconi (1987), este tipo de pesquisa diz respeito a 
um arrolamento de todos os documentos acadêmicos já publicados. Desta forma, o 
pesquisador se depara com todo o conteúdo existente sobre o assunto a ser 
pesquisado. 
 
2011 
Maringá-PR 
 
3
 O estudo aqui apresentado foi constituído a partir de livros e artigos 
publicados em periódicos disponibilizados na Internet pela comunidade científica e 
acadêmica, Gil (2002) menciona que os livros de referência ou citação são os que 
permitirão a acelerada aquisição das informações necessárias. A pesquisa 
bibliográfica proporcionou dados importantes para a pesquisa e também nos 
permitiu entrar no mundo dos conhecimentos da nossa história. 
 
2. PAPEL DA FAMÍLIA NA ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
Quando pensamos em estabelecer relação entre família e inclusão surgem 
outras inquietações. É importante lembrar que primamos por uma visão de que 
somos diferentes e temos habilidades e limitações. 
Segundo Glat (2004), o ser humano é social por natureza, que precisa estar 
inserido na vida grupal para que haja uma saúde emocional e sobrevivência física. É 
nas relações humanas que ele desenvolve seus valores e capacidades intelectuais. 
Sendo assim, a família, que é o primeiro grupo social desempenha papel primordial 
para o desenvolvimento cognitivo-afetivo do indivíduo bem como este se relaciona 
com a sociedade. É na família que desenvolvemos atitudes vitais para a efetivação 
da socialização. 
Uma família durante a gestação de um filho nunca espera que este seja 
especial. Porém quando isso acontece, a estrutura familiar se rompe. O sonho 
idealizado é desfeito e uma situação de crise é provocada (GLAT, 2004). Sendo o 
plano “A” desfeito há a necessidade de um plano “B”, que muitas vezes é elaborado 
tardiamente, apenas depois de todos os sentimentos de rejeição. 
A educação neste cenário fica automaticamente comprometida, pois “Excluir é 
tanto a ação de afastar como a de não deixar entrar” (CURY, 2005). Como 
abordamos no início, somos diferentes, Cury (2005 apudBABBIO, 1992) trata o 
conceito de políticas inclusivas como especificação de direitos, ou seja, refere-se às 
diferenças como sendo étnicas, faixa etária, crenças ou deficiência. Se lugar de 
criança é na escola, fica difícil entender que mais de 1,4 milhão não têm sequer 
acesso à educação obrigatória. O Estado já chegou aqui e sem dúvida já foi um 
grande avanço. Agora é hora de repensarmos a inclusão não apenas de corpo e não 
de alma. 
Podemos dizer que estamos vivendo os melhores momentos das políticas 
inclusivas. Perlin e Strobel (2006) relatam que os surdos eram considerados seres 
 
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4
inferiores, portanto eram presos em asilos. Este é apenas um exemplo. Isto não 
significa que devemos nos conformar com as conquistas obtidas, mas tê-las como 
incentivo de continuar lutando por um mundo melhor. 
Dassen e Polonia (2007) explanam que as relações afetivas tanto no 
ambiente escolar quanto familiar possibilitam aos indivíduos experiências que os 
auxiliam nos momentos de resolução de problemas. As autoras explicitam que o 
sucesso do indivíduo está ligado ao repertório construído pelas adversidades 
experimentadas. 
Nossas sugestões para o processo de educação inclusiva estão em 
consonância com as de Tavares Filho (2003). Em primeiro lugar pontuamos o 
envolvimento da família na inclusão, estabelecendo comunicação com a escola, 
participando do desenvolvimento do filho, colocando-se como parceira dos docentes. 
Em segundo lugar está o educador, que é o responsável pela motivação em sala de 
aula. Este deve respeitar o potencial do aluno sendo o facilitador e mediador do 
conhecimento, acreditando que todos podem aprender. Por fim a escola inclusiva 
representada pela equipe gestora precisa ter visão acolhedora, que pensa em 
estratégias para a inclusão dos portadores de necessidades especiais e 
investimento nas necessidades individuais e coletivas. 
Voltamos a destacar somos diferentes e temos habilidades e limitações. Para 
que a política de educação inclusiva prospere é necessário refletir sobre os 
caminhos da inclusão já percorridos, nos apoiar nas vitórias obtidas e utilizá-las 
como alavanca para seguir avante no propósito de efetivação e cumprimento do que 
diz a lei no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 "A educação, direito de todos 
e dever do Estado e da família. 
 
2.1 ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA DE SINAIS ESCRITA 
Segundo Quadros (2000), ao pensarmos em alfabetização, surge em nossas 
mentes a falsa ideia de decifração do código escrito, talvez por analogia e derivação 
da palavra alfabetização vinda de “alfabeto”, mas é necessário refletirmos sobre este 
assunto com mais cautela quando nos referimos a alfabetização de surdos, pois este 
é um processo que resulta da interação com a língua e com o meio. 
De acordo com Quadros (2000), a alfabetização de criança surda só tem 
significado se for em Libras. E para tanto é necessário saber qual é o nível de 
proficiência na LSB para que o processo de alfabetização se concretize. Para 
 
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5
identificar o nível da Libras é interessante que o professor proporcione momentos de 
relatos ou hora da história em LSB e registro através do sistema de signwriting 
(SW), pois nesta interação o processo de alfabetização fluirá. É necessário que 
consideremos os aspectos da LSB: 
 
A LSB é uma língua espacial-visual e existem muitas formas criativas 
de explorá-la. Configurações de mão, movimentos, expressões 
faciais gramaticais, localizações, movimento do corpo, espaço de 
sinalização, classificadores são alguns dos recursos discursivos que 
tal língua oferece para serem explorados durante o desenvolvimento 
da criança surda e que devem ser explorados para um processo de 
alfabetização com êxito (QUADROS, 2000, p. 25). 
 
Ao explorarmos os aspectos mencionados pela autora possibilitamos 
momentos para que a criança explore toda a capacidade criativa, lógica e cognitiva, 
sendo esta última uma das relações fundamentais para o desenvolvimento escolar, 
pois por meio dela e da relação social é que conseguimos organizar as ideias e 
pensamentos. 
 O processo ideal não é tão fácil de concretizar na prática, pois quase não 
existem literaturas e impressões em escrita de sinais. A criança que já tem contato 
com a Libras em uso precisa também da escrita em sinais (SW), pois através do 
mecanismo de escrita adequado a alfabetização será bem mais sucedida. Enquanto 
que quando optamos apenas pelas letras a criança tem dificuldade em expressar 
com elas no papel o que foi organizado mentalmente em sinais, diz Quadros (2000). 
 
2.2 ALFABETIZAÇÃO, DO GESTUAL AO LINGUÍSTICO 
 Santana (2007) diz que para se ausentar da carceragem social resultante da 
falta da língua, a criança surda utiliza gestos icônicos com a intenção de estabelecer 
a comunicação com os ouvintes. É interessante que as crianças ouvintes também se 
utilizam dos gestos durante o período de desenvolvimento. 
 Assim, Santana (apud MORI,1994, 24) relata que: 
 
 
No seu trabalho sobre o desenvolvimento gestual em crianças 
ouvintes, afirmam que, a partir do momento em que o interlocutor 
reconhece seus movimentos como gestos culturalmente 
determinados, eles são interpretados pelo outro e ganham significado 
e reconhecimento social. Do ponto de vista da autora, o gesto se 
solidifica como elemento do enunciado à medida que esclarece, ao 
adulto, o significado atribuído à vocalização. Assim no início da 
aquisição da linguagem, um período de aproximadamente dez 
 
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6
meses, o gesto compõe o enunciado, esclarecendo seu significado. 
Isso quando a criança ainda não demonstra a eleição da oralidade 
como sua modalidade comunicativa privilegiada. Os gestos 
constituem um dos primeiros processos simbólicos da criança. 
 
Do ponto de vista de Santana (apud MCNEIL, 1992) gestos e fala são 
preceitos unitários produzidos em uma mesma matriz de significado, que são 
desenvolvidos conjuntamente nas crianças. A princípio palpáveis depois icônicos e 
só então simbólicos e abstratos. De acordo com a autora fala e gestos seguem um 
desenvolvimento similar, porém com diferenças tais como: a fala é linear e 
fragmentada, e vai das partes para o todo. Enquanto que o gesto é global e sintético 
indo do todo para as partes. Cada gesto é por si uma declaração completa de 
sentido. 
 Quando se trata de escolhas linguísticas, sabemos que o indivíduo tem o livre 
arbítrio para escolher. Na teoria Saussuriana temos a teoria que explica Sintagma e 
Paradigma, em que sintagama é o que está explícito no enunciado e paradigma são 
as infinitas opções de vocábulos dentro de uma determinada classe gramatical que 
podem ser escolhidas pelo falante da língua oral. Santana (2007) afirma que as 
escolhas dos gestos são subjetivas, assim como na língua oral, havendo uma gama 
de predicados para o objeto, porém escolhe-se aquele gesto que lhe chama mais a 
atenção. 
 Santana (apud GOLDIN-MEADOW, 2007) escreve que mesmo as mães 
ouvintes produzindo gestos simples, os filhos surdos produzem gestos bem mais 
elaborados, ou seja, diante da surdez a criança se vê forçada a criar símbolos, 
sendo isso inerente a ela. A partir do momento que a criança utiliza um gesto com a 
mãe e este passa a ter um significado que seja compreendido por ambos a 
comunicação é estabelecida. Mesmo sem o input linguístico a linguagem é 
proporcionada pela relação social em que um signo tem o sentido compartilhado. 
 Quando o indivíduo surdo chega à fase da aquisição da língua escrita vale 
lembrar que a língua de sinais não se relaciona diretamente com a língua escrita, 
como é o caso dos ouvintes, imagem acústica versus som. Santana (2007) cita 
Vigotsky para explicar que a Libras é a língua do pensamento, que estrutura a 
cognição, que faz o surdo perpassar pela escrita por caminhos diferentes do ouvinte. 
Os surdos não têm a fala como base da aquisição da escrita.Santana (apud 
GUARINELLO, 2007) salienta que a capacidade do surdo em deixar sua escrita 
 
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próxima à norma culta depende dos estímulos proporcionados por meio de 
atividades significativas e interação com o outro. Todavia é importante entender que 
a escrita do surdo não pode ser comparada com a do ouvinte. 
 
2.3 BILINGUISMO, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 Rocha (2010) enfatiza que o bilinguismo proporciona a inclusão do deficiente 
auditivo nas salas regulares de ensino, pois oferece e tem por objetivo primeiro o 
reconhecimento e a aceitação social. De forma que a aquisição da linguagem 
acontece nos momentos em que nos relacionamos com nosso círculo social. O 
bilinguismo não privilegia a fala. Esta filosofia tem sido alvo estudos, pois divulga e 
estimula o uso da língua de sinais, pois esta lhes é natural. A autora (apud 
GOLDFELD, 1997) diz que depois da exposição a língua de sinais é que o surdo 
consegue desenvolver-se linguisticamente e cognitivamente sem maiores entraves. 
Quadros (1997) explica que esta proposta de ensino pretende expor o 
indivíduo surdo a duas línguas dentro do contexto escolar, respeitando a Libras 
estruturando o planejamento escolar sem interferir no desenvolvimento linguístico e 
psicossocial do surdo. Então dentro da sala de aula as matérias devem ser 
explanadas em Libras e o português deve ser enfatizado apenas na escrita, dando 
espaço para recursos visuais, pois o letramento acontecerá através destes recursos. 
Souza et al (1999) explana que a proposta de educação bilíngue oferece 
oportunidade ao surdo de ser educado através da língua de sinais. É necessário, 
conquanto que seja disponibilizado e ensinado a função social da libras, enquanto 
língua mãe (L1), bem como do português escrito como segunda língua (L2). De 
forma que esta só pode ser desenvolvida depois que aquela já tenha sido 
apropriada. A L1 é um meio eficaz de produção de conhecimento, pois facilita a 
aquisição da L2. 
Para tanto, o professor bilíngue deve ter em mente que existem várias 
diferenças entre a língua de sinais e a língua portuguesa, como exemplo, podemos 
citar as conjunções e preposições que na língua de sinais não existem, mas que na 
portuguesa exercem papel importante para a significação e compreensão das frases. 
Rocha (apud PERRENOUD, 2000) declara que “ensinar é também estimular o 
desejo de saber”. Desta forma cabe ao professor utilizar meios para que o aluno 
surdo sinta-se estimulado a sair da zona de conforto e aventurar-se pelo mundo do 
conhecimento, conteúdo a ser ensinado. 
 
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8
 
3. DISCUSSÃO 
 Durante muito tempo acreditou-se na inutilidade do surdo, pois eram 
desprovidos até das bênçãos de Deus, visto que não eram considerados incapazes 
por não possuírem linguagem. Passaram-se os anos e este indivíduo presenciou a 
filosofia Oralista em que só teriam algum privilégio se falassem. Sinalizar era quase 
um crime. Depois veio a filosofia da Comunicação Total, em que tudo era válido para 
se comunicar, falar ou sinalizar. Hoje depois de muitas contribuições da comunidade 
científica chegamos ao Bilinguismo, que acreditamos ser a mais adequada para a 
alfabetização do surdo, pois a cultura surda é respeitada, bem como a liberdade de 
expressão. 
Salles et al (2004) acrescenta que para uma alfabetização eficaz é importante 
valorizar duas pérolas: a literatura infantil sinalizada e o relato de histórias. Neste 
cenário a presença do surdo adulto é terminantemente essencial. O SW pode ser 
usado para sedimentar na escrita o que foi estudado na língua gestual. 
 Para que a alfabetização se concretize de forma plausível, Souza et al (1999) 
aponta que é preciso ampliar o vocabulário e o diálogo em língua de sinais. Para 
tanto a L1 deve ser valorizada nas aulas por meio de brincadeiras, jogos 
dramatizados e literatura dramatizada. E só depois, explorar a língua portuguesa 
escrita. 
Destacamos que o caminho que o surdo deve percorrer para alcançar a 
alfabetização passa por um mínimo de cinco degraus: 1) A relação familiar, por meio 
da comunicação gestual e afetiva; 2) Relação do surdo com escola e a família, pois 
o indivíduo se desenvolve nas relações sociais; 3) Professor bilíngue, que enfoque a 
língua mãe (L1) e língua escrita (SW); 4) Utilização da Língua de sinais como 
mediadora para aquisição da Língua Portuguesa escrita (L2); 5) Letramento por 
meio de imagens. 
Desta forma uma alfabetização ideal seria garantir ao surdo que ele tivesse o 
direito de estar na escola regular, com a presença do interlocutor de libras e ainda 
em horário contrário, aulas com um professor surdo. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
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Maringá-PR 
 
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 Com base nos resultados e observações durante a pesquisa, percebemos 
que a Libras permite a expressão total do indivíduo surdo, pois permite comunicar 
qualquer conteúdo inclusive os sentimentos. 
 O surdo apreende o mundo pelo visual e a Libras permite a eficácia da 
comunicação, pois é uma língua que lhe é natural. Embora minoritária, é ela que 
permite o desenvolvimento do surdo enquanto ser que pensa e age. 
 A concepção que temos de alfabetização do ouvinte, não pode ser usada 
como base da alfabetização de surdos. Este processo é bem mais complexo. 
Portanto, família, escola e professor precisam utilizar a Língua de sinais em 
harmonia para o sucesso intelectual do surdo. 
 
5. REFERÊNCIAS 
CURY, Carlos Alberto Jamil. Políticas inclusivas e compensatórias na educação 
básica. Cadernos de Pesquisa, 2005 - SciELO Brasil. 
 
DASSEN, Maria Auxiliadora e POLONIA, Ana da Costa. A Família e a Escola como 
contextos de desenvolvimento humano, 2007. Disponível em 
www.scielo.br/paideia. 
 
FILHO, Thomé Eliziário Tavares . Fundamentos da Educação Inclusiva. 
Disponível : http://www.professorthometavares.com.br/downloads/Disciplina%20-
%20Educacao%20Inclusiva.pdf. 
 
GLAT, Rosana. Uma família presente e participativa: o papel da família no 
desenvolvimento e inclusão social da pessoa com necessidades especiais. Anais do 
9º Congresso Estadual das APAEs de Minas Gerais, disponível em CDRom, Belo 
Horizonte/MG, 2004. 
 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: 
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e 
trabalhos científicos. 2 ed. São Paulo: Atlas, 198 p., 1987. 
 
 
2011 
Maringá-PR 
 
10
Lei nº 10.436/02 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras 
providências. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm Acesso em 05/08/2010. 
 
PERLIN, Gladis e STROBEL, Karin. Fundamentos da educação de surdos, 
Florianópolis 2006 disponível em 
(http://www.libras.ufsc.br/hiperlab/avalibras/moodle/prelogin/adl/fb/logs/Arquivos/text
os/fundamentos/Fundamentos%20da%20Educa%E7%E3o%20de%20Surdos_Texto
-Base.pdf acesso em 06/07/2010 
 
QUADROS, Ronice Muller. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Textura, 
Canoas, 2000. 
 
ROCHA, GRASIELLY RABELO. A Alfabetização/ Letramento de Crianças 
Surdas: A Importância do Professor Bilíngue. Disponível em 
http://www.unifan.edu.br/files/pesquisa/A%20ALFABETIZA%C3%87%C3%83O%20
E%20O%20LETRAMENTO%20DE%20CRIAN%C3%87AS%20SURDAS%20A%20I
MPORT%C3%82NCIA%20DO%20PROFESSOR%20BIL%C3%8DNGUE%20GRASI
ELLY%20ROCHA.pdf Acesso em 22/04/2011. 
 
SALES, Heloísa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia 
e RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para surdos. 2004 
 
SANTANA, Ana Paula. Surdez e Linguagem. São Paulo. Plexus. 2007 
 
SOUZA ,Edna Márcia de, HAUTRIVE, Giovana Medianeira Fracari; LORENSI,Vanise 
Mello. Experiência de alfabetização de surdos numa proposta bilíngue. Revista da 
FENEIS. Ano 1, n. 1. Rio de Janeiro. FENEIS, jan/mar 1999 
 
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

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