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Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Orientadores: Doralício Siqueira Filho e Solange S. de Oliveira A Comunicação Não-Violenta no foco do conflito: uma visão na dinâmica dos grupos Eliane de Lourdes Duarte1 Daniel Bertschinger2 Daniela Besouchet3 Michele Grudsinske Smiderle4 Rodrigo Azambuja5 Resumo: Este artigo aborda a Comunicação Não-Violenta (CNV) na dinâmica dos grupos, discutindo sua aplicabilidade na transformação dos conflitos a partir do estabelecimento da confiança e empatia entre seus membros. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de revisão bibliográfica da obra de Rosenberg (2006) relacionando-a às correntes sistêmica e humanista do desenvolvimento e leitura dos processos grupais. Pode-se concluir que a utilização dessa abordagem propicia espaço favorável ao desenvolvimento grupal, cujo conflito deixa de ser elemento negativo para se tornar uma potencialidade no estabelecimento relações de empatia, escuta e aprendizagem no grupo. Também, inferiu-se a importância do papel do facilitador em criar um clima seguro para o grupo estabelecer a confiança entre seus pares. Palavras-chave: Comunicação Não-Violenta; Conflito; Dinâmica dos Grupos; Facilitação. Introdução Este artigo é fruto do trabalho de conclusão da pós-graduação em Dinâmica dos Grupos pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos (SBDG), e tem o principal objetivo de analisar como a Comunicação Não-Violenta (CNV) contribui para a transformação de conflitos, fortalecendo o processo de confiança e empatia na dinâmica dos grupos. Baseada em uma metodologia de revisão bibliográfica, exploraremos a obra de Marshall Rosenberg, desenvolvedor do conceito de Comunicação Não-Violenta. Relacionar-se-á aos estudos de Rosenberg (2006) às correntes sistêmica e humanista com 1 Formada em Psicologia CRP 07/24379 pela URI/RS. elianedelourdesduarte@gmail.com. 2 Formado em Engenharia de Produção pela PUC/RS. dberts@gmail.com. 3 Formada em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC/RS. daniela.dfc@gmail.com. 4 Formada em Engenharia de Controle e Automação pela PUC/RS, com Especialização em Marketing pela UFRGS. mi_smiderle@hotmail.com. 5 Formado em Ciências Sociais pela UFRGS, atuou como pesquisador do Núcleo de Antropologia e Cidadania. mr.azambuja@gmail.com. mailto:elianedelourdesduarte@gmail.com mailto:dberts@gmail.com mailto:daniela.dfc@gmail.com mailto:mi_smiderle@hotmail.com mailto:mr.azambuja@gmail.com os trabalhos de Rogers (1983, 2002, 2009a, 2009b), Corey (1983), Moscovivi (1997) e Dietrich (2014). Apresentaremos o conceito de CNV e os quatro componentes principais da técnica, bem como o significado de não-violência. Desejamos, com isso, corroborar que a aplicação da CNV, através do papel do facilitador de grupo, contribui para o desenvolvimento do diálogo em situações conflituosas. À luz das teorias sistêmicas e humanistas, apontamos para a importância de estabelecer um clima de confiança entre os componentes de um grupo a fim de buscar o aprendizado da experiência vivencial grupal. Finalizamos com algumas considerações finais para utilizar da CNV em tal circunstância, buscando a profundidade de sentidos e a pluralidade de visões dos atores em questão conflituosa, através do estabelecimento de um movimento empático. Comunicação Não-Violenta A Comunicação Não-Violenta (CNV), termo criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg nos anos 1960, é um processo conhecido por sua capacidade de inspirar ação compassiva e solidária, aumentando as chances de conexão entre as pessoas. Segundo Rosenberg (2006), a CNV atua como um norteador na transformação de conflitos e propõe a reformulação da linguagem e visão de mundo do ser humano, substituindo os condicionamentos comuns de ataque e defesa, julgamento e crítica, por uma observação consciente dos fatos específicos, expressando como nos sentimos com relação a estes fatos e do que estamos necessitando com relação àquilo que observamos. Em outras palavras, o motivo dos conflitos, nas relações humanas, deriva da forma como nos comunicamos, falamos e ouvimos os outros, e como somos ouvidos pelos outros. É importante observar que a CNV atua em três níveis: o intrapessoal, o interpessoal e o sistêmico – possibilitando o diálogo e a empatia, mesmo em situações desafiadoras e de conflito. Neste trabalho, o foco será as relações interpessoais para a transformação de conflitos em grupo. A CNV promove maior profundidade no escutar, fomenta o respeito e a empatia e provoca o desejo mútuo de nos entregarmos de coração. Algumas pessoas usam a CNV para responder compassivamente a si mesmas; outras para estabelecer maior profundidade em suas relações pessoais; e outras, ainda, para gerar relacionamentos eficazes no trabalho ou na política. No mundo inteiro, utiliza-se a CNV para mediar disputas e conflitos em todos os níveis. (ROSENBERG, 2006, p.32) Pode-se afirmar que conflitos sempre existirão em todos os grupos. Mesmo nos espaços em que não se permite o conflito emergir, ainda assim, os seus efeitos indiretos e insidiosos serão sentidos. Segundo Lederach (2012), a transformação de conflitos não trata apenas de “como terminar algo que não desejamos”, mas também de “como terminar algo destrutivo e construir algo desejado”. Nesse contexto, a CNV oferece uma abordagem para transformar conflitos em oportunidades, ajudando a compreender o mundo através de um paradigma humanizado, promovendo maior profundidade no escutar, fomentando o respeito e a empatia, despertando uma compreensão e expressão com base na ideia de humanidade compartilhada. Este aprendizado, aos poucos, traz consciência emocional e humanidade à pessoa que se expressa. A CNV nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos expressamos e ouvimos os outros. Nossas palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando. Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos ao outros uma atenção respeitosa e empática. Em toda troca, acabamos escutando nossas necessidades mais profundas e as dos outros. A CNV nos ensina a observarmos cuidadosamente (e sermos capazes de identificar) os comportamentos e as condições que estão nos afetando. Aprendemos a identificar e articular claramente o que de fato desejamos em determinada situação. A forma é simples, mas profundamente transformadora. (ROSENBERG, 2006, p. 21) Embora se refira à CNV como “processo de comunicação” ou “linguagem da compaixão”, Rosenberg (2016) destaca que se trata mais do que um processo ou linguagem. Ele enfatiza que, através da prática da escuta profunda - de nós mesmos e dos outros -, essa abordagem promove o respeito, a atenção e a empatia, gerando o mútuo desejo de se entregar de coração. Para tanto, é necessário ter consciência de quatro áreas às quais ele se refere como os quatro componentes do modelo da CNV: observação, sentimento, necessidades e pedido. A observação, primeiro componente, implica em utilizarmos nossos sentidos, evitando os julgamentos de valor, observando o que de fato está acontecendo, identificando a diferença entre observação e avaliação. Quando julgamos a ação do outro, a tendência é que ele receba isso como uma crítica e, em vez de refletir sobre o que dissemos, sua tendência será agir defensivamente. A CNV desestimula generalizações estáticas e incentiva que as observações sejam feitas de modo específico, para um tempo e um contexto determinado. Por exemplo, segundo Rosenberg (2016), “Nas últimas três vezes em que comecei alguma atividade, você disse que não queria fazê-la” ao invés de“Você raramente faz o que eu quero” (p.57). A observação, então, nos ajuda a focar no que foi realmente dito ou feito, e isso evita discussões desnecessárias que servem para encobrir a questão principal. O segundo componente é o sentimento e sua expressão. As pessoas, de um modo geral, têm dificuldades para identificar, nomear e descrever seus estados emocionais. Rosenberg (2006) aponta que “desenvolver um vocabulário de sentimentos que nos permita nomear ou identificar de forma clara e específica as nossas emoções nos conecta mais facilmente uns com os outros” (p.76). Nesse contexto, é importante discernir a expressão de sentimentos de palavras que evidenciam pensamentos, interpretações e avaliações. Muitas vezes o verbo “sentir” é utilizado sem que qualquer sentimento seja expressado, como em “sinto que meu colega não gosta de mim”. Esse verbo, nesse exemplo, poderia ser substituído por “penso” ou “imagino”. No entanto, se for dito “sinto frustração por manter uma relação superficial com meu colega”, o estado emocional foi devidamente identificado e nomeado. Por outro lado, se for dito “sinto-me atacado quando cumprimento meu colega e ele não me responde”, não está se identificando e nomeando o estado emocional, senão o que se pensa sobre como o colega reage ou se comporta a meu respeito. Embora a estrutura de educação vigente incentive a não manifestação de sentimentos, para que não se aparente vulnerável perante o outro, sabe- se que sentimentos não reconhecidos ou menosprezados tendem a se intensificar. “Expressar nossa vulnerabilidade pode ajudar a resolver conflitos” (ROSENBERG, 2016, p. 67). O reconhecimento das necessidades que estão ligadas aos sentimentos que identificamos é o terceiro componente. Ao compreender que os nossos comportamentos - e o comportamento dos outros - são uma tentativa de satisfazer as nossas necessidades, podemos nos tornar mais hábeis em escolher os comportamentos que nos ajudarão a ter sucesso. Nesse contexto, é fundamental que cada indivíduo seja capaz de expressar as suas necessidades, sem críticas, cobranças, julgamentos, análises, sugestão ou culpabilização, evitando empenhar energia na autodefesa ou no contra-ataque. “Quanto mais diretamente pudermos conectar nossos sentimentos a nossas necessidades, mais fácil será para os outros reagir compassivamente”. (ROSENBERG, 2006, p. 95) O quarto e último componente é o pedido. Segundo Rosenberg (2016), “quanto mais claros formos a respeito do que desejamos obter em retorno, mais provável será que o consigamos” (p.113). Também é importante que os pedidos não sejam interpretados ou percebidos como exigências. Um pedido é percebido como exigência quando o indivíduo que escuta acredita que será punido ou culpado se não o atender. A CNV recomenda, portanto, fazer a solicitação, ajudando o outro a confiar que o seu desejo não é uma ordem, uma ameaça ou uma coação, deixando o outro à vontade para atendê-lo somente se for de sua livre vontade. O objetivo da CNV não é mudar as pessoas e seu comportamento, para conseguir o que queremos, mas, sim, estabelecer relacionamentos baseados em honestidade e empatia, que acabarão atendendo às necessidades de todos. (ROSEMBERG, 2006, p. 127) A abordagem de Rosenberg, por assim dizer, opera a partir de uma dialética da empatia. Ou seja, na intercorrência de um diálogo é fundamental que as partes – inclusive considerando a prática da CNV no nível intrapessoal - se coloquem em um posicionamento empático. Segundo Krazinaric (2015) empatia trata-se da (...) arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações. Portanto, a empatia é distinta de expressões de compaixão - como piedade ou sentimentos de pesar por alguém -, pois estas não envolvem a tentativa de compreender as emoções ou o ponto de vista da outra pessoa. (KRAZINARIC, 2015) Rosenberg (2006), quando se referiu a não-violência, utilizava-a com uma acepção semelhante à que Gandhi (apud Lopéz-Martínez, 2016) atribuía - satyagraha. Esta palavra deriva de dois termos em sânscrito (sat - verdade e agraha - firmeza), significando busca pela verdade ou verdade permanente. Gandhi, com isso, referia-se a uma forma de resistência não-violenta, que não deve ser confundida como uma adesão à passividade, implicando em um ativismo que muitas vezes resulta à desobediência civil. Para Gandhi satyagraha representava muito mais que desobediência civil, mas uma força espiritual humanística. Segundo o historiador Lopéz-Martínez, em um contexto colonial- imperialista, para Gandhi, Satyagraha, é muito mais do que resistência civil de massa ou de campanha estratégica de não-violência. Para Gandhi, Satyagraha significa resistência civil com espiritualidade ou "força da alma". Gandhi tinha um grande conhecimento da luta em termos técnicos, entretanto não renunciava as implicações espirituais que existem por trás do compromisso e da preparação para a luta em prol dos valores e ideais humanos. Junto a Gandhi, não há apenas estratégia, mas uma concepção humana, uma visão da história e de como abordar a emancipação sociopolítica. Como indica Pontara (1983, 2004 e 2006), não se pode compreender o Satyagraha, sem se entender os outros conceitos de Gandhi como Swaraj (independência), Swadeshi (auto- suficiência), Sarvodaya (bem-estar de todos), Tapasya (sacrifício) ou Ahimsa (não-violência). Em conjunto, estas peças ou conceitos são como alicerces com o qual se forma o edifício do Satyagraha, pois não apenas é uma luta desarmada mas um projeto alternativo às formas sociais e de produção capitalista, de desenvolvimento pessoal e espiritual, além de formas de convivência com outros seres vivos. (LOPEZ-MARTINEZ, 2016, p.49)6 Rosenberg (2006), então, metodologicamente, apropriando-se deste contexto, associa a comunicação a uma ação empática de resistência em busca da verdade do outro. Este exercício preconiza as conexões entre as pessoas. Em um contexto de coordenação de grupo, os facilitadores, no desenvolvimento das suas funções, podem criar condições para que os participantes do grupo identifiquem e expressem suas necessidades, que estão gerando sentimentos - como, por exemplo, raiva, medo, insegurança, tristeza, etc. Quanto mais o ambiente propiciado pelo coordenador conseguir levar as pessoas à conexão com os seus sentimentos e necessidades, mais fácil será para elas conseguirem reagir umas às outras de forma respeitosa, generosa e empática. Quando as pessoas expressam uns aos outros seus sentimentos e suas necessidades, pode surgir concomitante a essas expressões um conflito entre eles. Fator que permeia a vida em grupo. Assim, para melhor entendimento, o tema será esclarecido a seguir. Conflito “O conflito é normal nos relacionamentos humanos e ele é o motor de mudanças”, de acordo com Lederach (2012, p. 16). Ao longo do tempo, várias definições de conflito emergiram durante a observação do desenvolvimento de grupos e, na literatura das ciências humanas, nota-se que existem duas abordagens antagônicas sobre a natureza do conflito, uma abordagem tradicional e outra contemporânea. A primeira, trata o conflito como nocivo, pois, para Deutsch (1973), tradicionalmente, o conflito é considerado um fenômeno prejudicial ao funcionamento dos grupos, desencadeando algumas consequências negativas, como a redução da coesão e a queda dos índices de produtividade. Por outro lado, abordagens mais recentes, discorrem de que o conflito pode estimular a criatividade grupal, consequentemente, melhorar o seu desempenho, nesse 6 Tradução livre. sentido, ele pode ser estimulado dentro das equipes (DIMAS; LOURENÇO; MIGUEZ, 2007). Essa última, contribui à afirmação de Moscovici emque: O conflito em si, não é patológico nem destrutivo. Pode ter consequências funcionais e disfuncionais, a depender de sua intensidade, estágio de evolução, contexto e forma como é tratado. De um ponto de vista amplo, o conflito tem muitas funções positivas, previne a estagnação, estimula o interesse e a curiosidade pelo desafio, descobre os problemas e demanda sua resolução. Funciona, verdadeiramente, como a raiz de mudanças pessoais, grupais e sociais. (MOSCOVICI, 1997, p. 145) Para Chrispino (2004), conflito é toda opinião divergente ou maneira diferente de ver ou interpretar algum acontecimento. Assim, todas as pessoas que vivem em sociedade passam por conflitos. Para o autor, só percebemos o conflito quando manifestado de forma violenta. Assim, concluir-se-ia que os conflitos podem ser dificuldade de comunicação, de assertividade das pessoas, de condições para estabelecer o diálogo. Também, se manifestados de forma violenta é porque já existiam, antes na forma de divergência ou antagonismo, e não foram identificados. Neste caso, de acordo com Ciampone e Kurcgant (2005), problemas mal resolvidos se repetem, envolvendo frequentemente a dimensão emocional. Na vigência de um conflito, na maioria das vezes, afloram-se sentimentos negativos relacionados aos valores, crenças e percepções dos indivíduos na sua relação com o outro; decorrem também de experiências anteriores e trajetórias de vidas distintas. A postura do facilitador pode permear a busca da transformação do conflito, na medida em que age com aceitação, respeita a liberdade de pensamento e de sentimento, sem opressão. Segundo Dietrich (2014), um conflito deve ser visto por múltiplos aspectos, em suma, ele nunca resulta, apenas, uma tensão interpessoal. A complexa teoria da Paz transracional aborda o conflito a partir da famosa pirâmide de conflito de John Paul Lederach, segundo Dietrich (2014, p. 1), “entendimento sistêmico mais amplo do conflito como um fenômeno relacional. Além disso, oferece uma ferramenta para a análise desses processos complexos que ocorrem nas ‘fronteiras de contato e movimento’ humanas - o modelo de pirâmide ampliada com temas, níveis e camadas”. Essa vertente humanista o equilíbrio dinâmico e combinado entre quatro conceitos de paz (energética, moral, moderna e pós-moderna) e outro, mais amplo, holístico chamado transracional. Transracional porque avalia com precisão e aplica a racionalidade da ciência moderna, embora transgrida seus limites e abarque holisticamente todos os aspectos da natureza humana para sua interpretação da paz. É racional e muito mais; é, por exemplo, emocional, mental e espiritual (Dietrich, 2008, p. 319- 405). A pesquisa sobre a paz transracional como um empreendimento acadêmico diz respeito ao encontro, relações, estilos de comunicação e comportamentos humanos, entendidos como as chamadas fronteiras de contato em movimento da terapia Gestalt (Quitmann, 1996, p. 109-111). (DIETRICH, 2014, p.1-2) Assim, em referência a esse trabalho, cabe-nos ressaltar a concepção de conflito, sobretudo, a partir desta linha humanista como o perturbar desse encontro nas fronteiras de contato. Quando isso acontece, segundo Dietrich (2014), os episódios caracterizam-se como conflitos e todos os autores de um conflito integram vários estratos sociais dos níveis básicos às altas camadas. Como o autor aponta, “todos esses níveis são relevantes para o processo de transformação que segue a experiência da violência” (p. 2). Assim, dialogando com Lederach, conclui que (...) os atores precisam ser abordados de maneira contextual, empregando-se formas adequadas de intervenção. O seu mérito mais importante, como sendo o fator chave do trabalho do conflito. Ao fazê-lo, seu modelo tornou-se um impulsionador pioneiro da transição do pensamento mecanicista pelo sistêmico nos estudos de paz e conflito, que é crucial para o desenvolvimento da pesquisa sobre paz transracional. (DIETRICH, 2014, p. 3) De acordo com Rogers (2009b), a experiência com grupos de encontro demonstra que a ambiência de um clima de aceitação proporciona nas pessoas a modificação dos seus pontos de vistas, inclusive os autoconceitos, em virtude da expressão de seus próprios pensamentos, conscientizando-as dos sentimentos vinculados a determinados episódios. Sendo assim, o facilitador pode adotar os conhecimentos da CNV, desconstruindo posturas dominadoras dentro da relação dos pares, proporcionando o ambiente psicológico favorável para o desenvolvimento do diálogo. Para Rogers (1983), a implantação de um clima psicológico favorável auxilia as pessoas a se reconhecerem em toda sua completude, independente de quem sejam. Nesta linha de comunicação, segundo Muller (2005), o principal objetivo do facilitador na mediação do conflito está em desenvolver aos pares a competência para gerar suas próprias soluções do mesmo. Assim, além de resgatar a autonomia dos envolvidos também restaura o tecido social. Dessa forma, o facilitador atua no restabelecimento do diálogo, incidindo mais no canal da comunicação e menos no fato em si. Este movimento faz com que surja dos pares ou grupo as possibilidades de entendimento e desfecho do conflito. Para a autora, apesar do conflito ser mal visto em nossa sociedade, ele faz parte integral de nossas vidas, podendo ser potencialmente construtivo ou transformativo quando oferece ao ser humano oportunidades de desenvolver e integrar sua capacidade de força empática. O facilitador acaba sendo um agente pelo qual se aprende tal potencial. A responsabilidade ética do facilitador passa a ser ímpar neste processo. Woisky e Vitta (2012) revelam que a construção da relação de confiança entre facilitador e os pares em conflito é importante para que se transite por novas possibilidades no processo de solução do conflito. Todo esse processo de construção de relação evidencia a importância do cuidado profissional, a responsabilidade relacional, a predisposição para estar em conversas sinceras e abertas, a autorreflexão e a atenção aos jogos do poder. A pessoa do facilitador vs. O clima de confiança Para além da teoria e da prática, segundo Marin e Oliveira (2012), destaca-se que a experiência de vida do profissional que trabalha com grupos e sua vivência terapêutica individual, além da supervisão clínica, implica na possibilidade desse profissional sentir diversamente cada um de seus grupos, assim como eles podem se relacionar de diferentes modos com o profissional que trabalha com grupos. Criar um ambiente em que os membros de um grupo se sintam seguros e, assim, possam trabalhar seus elementos não-saudáveis, desenvolvendo as suas próprias potencialidades e a de seus membros, é um desafio para os profissionais que trabalham com grupos. A busca por entender a melhor forma para facilitar o processo de grupo passa por diferentes questionamentos. Como relata Corey (1983), frequentemente esses profissionais estão em busca de técnicas, “por instrumentos técnicos ‘certos’ para empregar num momento ‘certo’, como se houvesse um procedimento científico preciso para toda e qualquer situação” (p. 22). O autor pressupõe que as técnicas são meios e não fins e que os profissionais que trabalham com grupos poderiam correr o risco de tentar e espontaneamente inventar técnicas. É impossível prever, salvo de modo genérico, qual será a natureza de um grupo. Assim, a abordagem da terapia e das técnicas ao estilo ‘livro de receitas’, conquanto forneça oportunidades para que se experimentem coisas diferentes, sem dúvida, não substitui a função principal de um líder de grupo. A analogia com as receitas e a culinária é útil. Muitos cozinheiros excelentes - e esta seria a nossa recomendação para o terapeuta - criam um prato diferente a cada vez: ainda que o indivíduo trabalhe a partir de uma receita básica, tem que seguir seupróprio paladar, usar os alimentos disponíveis no mercado naquele dia e confiar em sua própria sensibilidade. (COREY, 1983, p. 23) O ponto levantado por Corey (1983) traz à tona o envolvimento do líder, ou facilitador, no processo de levar um grupo adiante: “Nesse aspecto, o caráter, as qualidades pessoais e a filosofia de vida do líder são mais importantes do que quaisquer técnicas para facilitar o processo de grupo” (p. 30). Para o autor, quando as pessoas que lideram grupos confiam excessivamente nas técnicas seja para tirá-las das situações difíceis, seja para levar o grupo adiante ou mantê-lo em movimento, elas se transformam em “facilitadores mecânicos”, ignorando os seus próprios recursos para atingir os membros do grupo: suas reações, seus valores e o seu comportamento. Esperamos que você adquira um conhecimento sobre como os grupos funcionam, que aprenda as habilidades e técnicas necessárias para implementar seus conhecimentos no trabalho real com o grupo, mas que, apesar disso, faça- o de tal modo que suas técnicas se tornem uma expressão de seu estilo pessoal e uma extensão da pessoa singular que você é. (COREY, 1983, p. 31) Para ajudar as pessoas que lideram grupos a adquirir as técnicas e o estilo adequados à sua personalidade, Corey (1983) faz algumas sugestões: prestar atenção a si próprio, aprender a confiar em si mesmo(a) e usar a modelagem. Sobre este último, ele sugere que a pessoa se conscientize de seus pensamentos e sentimentos à medida que emergem nelas quando em grupo e se disponha a verbalizá-los. “Ao agir deste modo, você transmite a seu grupo que é aceitável ter e expressar sentimentos. Abre caminho para que os membros se expressem através de sua própria modelagem” (p. 32). Para o autor, o comportamento do líder poderá ser um catalisador, “assistindo esses membros na exploração de seus sentimentos, em vez de eliminá-los” (p. 32). E isto está diretamente relacionado a criação de um clima de confiança no grupo. Corey (1983) considera que a pessoa, como líder, é a sua técnica mais importante. “O tipo de pessoa que você é e a capacidade que tem de estabelecer contato direto com os outros tendem a ser os determinantes principais do nível de confiança em seus grupos” (p. 101). O uso das técnicas, sem que se estabeleça um bom relacionamento com os membros do grupo, tende a resultar em suspeita e retenção de informações por parte dos membros. Tal relacionamento tem melhor possibilidade de estabelecer-se quando você presta atenção às necessidades dos membros individuais, reage a eles de maneira respeitosa, é adequadamente auto- revelador(a), dispõe-se a declarar abertamente suas expectativas, os membros a falarem diretamente uns com os outros e faz isso incentiva você próprio, é sensível aos medos e ansiedades dos membros e dá às pessoas a oportunidade de dizerem abertamente o que quer que estejam sentindo ou pensando. (COREY, 1983, p. 101) Para o autor, é fundamental dar muitas oportunidades às pessoas de falarem sobre seus sentimentos desde o início do grupo, facilitando assim a criação de um clima de confiança. Mesmo que a questão da confiança não seja resolvida em termos definitivos, pois continua a se manifestar de diferentes formas por todo o tempo em que o grupo permanece junto, como cita Corey (1983), “ela é especialmente premente durante o estágio inicial do grupo” (p. 102). Se falta de confiança não for inicialmente reconhecida e trabalhada em grupo, uma agenda oculta se desenvolverá e o grupo caminhará para um estancamento. Você reconhece quando o clima de confiança foi criado, pois os membros expressam suas reações sem medo de censura e de serem julgados, empenham- se ativamente nas atividades do grupo, dão-se a conhecer aos outros de maneira pessoal, correm riscos no grupo e na vida cotidiana, concentram-se em si mesmos e não nos outros, trabalham ativamente no grupo nas questões pessoais significativas, revelam sentimentos persistentes de falta de confiança e falam sobre o que os impede de confiarem tão integralmente quanto poderiam, e apoiam e questionam os outros elementos do grupo. (COREY, 1983, p. 102) Outro autor que segue esta linha de raciocínio é Rogers (2002), que também vê nas atitudes do facilitador a chave para abrir as portas da confiança no grupo. A importância do esforço para ser facilitador num grupo aparece no modo como Rogers tenta empenhar-se na “honesta arte das relações interpessoais” (p. 51). O autor sustenta que a maneira como serve de facilitador é importante na vida do grupo, não mais que o processo do grupo em si, e, por isso, se sente responsável para com os participantes e não por eles. Em certa medida, em qualquer grupo, mas especialmente no chamado curso acadêmico que conduzo à maneira do grupo de encontro, desejo que a pessoa esteja totalmente presente, nos aspectos afetivo e cognitivo. Não tenho achado isso fácil de conseguir, já que a maior parte de nós parece optar, a cada instante, por um aspecto ou pelo outro. Contudo, isso constitui ainda uma maneira de ser que tem muito valor para mim. Tentei realizar progressos em mim e nos grupos que facilito, no sentido de permitir à pessoa total, tanto com as ideias como com os sentimentos – com sentimentos impregnados por ideias e ideias impregnadas por sentimentos –, estar plenamente presente. (ROGERS, 2002, p. 54) Ao citar a função da criação de ambiente, Rogers (2002) afirma que escuta cada indivíduo que fala de si tão cuidadosa, exata e sensivelmente quanto é capaz. “Quer a expressão seja superficial ou significativa, eu escuto. Para mim, o indivíduo que fala é importante, merece compreensão; consequentemente, ele é importante por ter exprimido qualquer coisa” (p. 55). E, assim, ele cria um clima seguro para os membros do grupo. Desejo muito criar um clima psicologicamente seguro para o indivíduo. Quero que sinta, desde o princípio, que, se ele se arrisca a dizer qualquer coisa muito pessoal, absurda, hostil ou cínica, haverá pelo menos uma pessoa no círculo que o respeita o bastante para ouvi-lo com clareza e escutar essa afirmação como uma expressão autêntica de si próprio. [...] Contudo, gostaria que o indivíduo sentisse que, o que quer que lhe aconteça a ele ou nele, estarei muito com ele, psicologicamente, nos momentos de sofrimento ou alegria, ou na combinação dos dois, que é sinal frequente de crescimento. (ROGERS, 2002, p. 56) O ato de escutar, além de criar um clima favorável para confiança, lhe permite também tentar compreender o significado exato daquilo que a pessoa está comunicando, o que para Rogers (2002) é o mais importante e pode ser entendido como compreensão empática: “acredito que isso facilita, visto que clarifica a mensagem para quem fala e ajuda os membros do grupo a compreender e não perder tempo perguntando ou respondendo aos pormenores complicados que ele apresentou” (p. 60). A relevância dessa forma de agir fica evidente quando o autor afirma que este é o mais frequente dos seus comportamentos em grupo. Desejo muito que a minha compreensão se alargue aos dois campos de uma divergência de opiniões que se exprime. Assim, num grupo que discutia o casamento, duas pessoas defendiam pontos de vista muito diferentes. Eu respondi: “Há uma diferença real entre vocês dois, porque Jerry diz: ‘Gosto de suavidade numa relação. Gosto que ela seja delicada e tranquila’, e Winnie diz: ‘Bolas para tudo isso! Gosto da comunicação!’. Isto ajuda a salientar e a clarificar o significado das diferenças”. (ROGERS, 2002, p. 61) Se por um lado Rogers (1983, 2002, 2009a, 2009b) busca clarificar o significado das diferenças em seu processo como facilitador de grupos, por outro diz que tem tendência para confrontar indivíduos em pontos específicos do seu comportamento e que gosta de confrontar uma pessoa apenas com sentimentos que está disposto a considerarcomo seus. Ou seja, clarificar o significado também da sua diferença, do seu desconforto como líder em relação a algo que possa ter sido manifestado por um ou mais membros do grupo. Atacar as defesas de uma pessoa parece-me condenável. Se se diz: “Está ocultando uma grande hostilidade” ou “Está sendo muito intelectual, provavelmente porque tem receio dos seus próprios sentimentos”, acho que tais afirmações e diagnósticos são o contrário de qualquer ajuda. Contudo, se o que sinto como frieza da pessoa que me frustra, se sua racionalização me irrita ou se sua brutalidade para com outra pessoa me encoleriza, então gostaria de enfrentá-la com a frustração, irritação ou cólera que existem em mim. Para mim, isto é o mais importante”. (ROGERS, 2002, p. 64) Como participante do grupo, o facilitador tem um papel diferenciado. Segundo Castilho (2010), “poderíamos dizer que o seu papel é de espelho, cujo objetivo será, de um lado, refletir a cada passo a forma e andamento do grupo e, do outro, procurar ser emergenciador de novos momentos, situações e gestalt” (p. 46). Este papel, no entanto, requer que o facilitador tenha uma boa compreensão sobre os seus próprios sentimentos. E a CNV oferece uma ferramenta para melhorar a comunicação interior, aumentando a capacidade do indivíduo de distinguir os seus próprios sentimentos e necessidades e entrar em empatia com eles. Os facilitadores podem utilizar a CNV para criar relacionamentos mútuos, abertos e autênticos, reforçando o clima de confiança no grupo. Ao mostrar como nos concentramos naquilo que realmente desejamos, em vez de naquilo que há de errado com os outros ou com nós mesmos, a CNV nos dá as ferramentas e a compreensão de que precisamos para criar um estado mental mais pacífico. (ROSENBERG, 2006, p. 246) Considerações finais A Comunicação Não-Violenta apresenta-nos componentes à prática de uma escuta empática capaz de transformar as relações conflituosas e acessar o que há de essencial e humano em nossos pares. A utilização dessa abordagem, por facilitadores de grupos, pode construir um espaço favorável de troca, relacionamento e desenvolvimento dos grupos. Entende-se que o investimento no conflito não é algo ruim, uma vez que é a partir dos conflitos que se observam as dinâmicas sociais e as fronteiras de contato entre seus membros. São reais oportunidades de aprendizado e escuta empática. Publicações com as de Moscovici (1983), Dimas, Lourenço e Migues (2007) e Dietrich (2016) reforçam o aspecto não patológico dos conflitos e permitem-nos uma abordagem sistêmica e humanista. Utilizamos do termo transformação do conflito, ao invés de resolução de conflitos, por defendermos a sua importância como catalizador dos processos de compreensão grupal. Ao revisar as obras de autores como Rogers (1983, 2002, 2009a, 2009b) e Corey (1983), igualmente, fica claro a importância do facilitador em criar um clima seguro - por meio da sua autenticidade e manejo utilizados - para o grupo. Desta forma, a confiança se estabelece e o grupo tem melhores condições de reconhecer seus processos não-saudáveis, focar neles, filtrá-los ou eliminá-los, e seguir seu caminho de desenvolvimento. Ademais, acrescentamos a necessidade de maiores investimentos em pesquisas com grupos, utilizando das ferramentas disponíveis na CNV. Em suma, este trabalho pode apontar caminhos possíveis para a investigação empírica futura, não obstante podemos constar indícios teóricos que embasem a qualidade da abordagem para o trabalho em dinâmicas grupais. Referências CASTILHO, Áurea. Dinâmica do trabalho de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. 216p. CIAMPONE, M. S.; KURCGANT, P. Gerenciamento de conflito e negociação. In: KURCGANT, P. (Org). Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 54-65. CHRISPINO, A. Mediaçaõ de conflitos: cabe à escola tornar-se competente para promover transformações. Revista do Professor, Porto Alegre, ano 20, n. 79, p. 45-48, jul./set. 2004. COREY, G. et al. Técnicas de Grupo. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1983, 254p. DEUTSCH, M. The Resolution of Conflict. New Haven, CT: Yale University Press, 1973, 420p. DIETRICH, W. A Brief Introduction to Transrational Peace Research and Elicitive Conflict Transformation. Trad. de Neuza Vollet). 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