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Estudos de linguagem visual e imagética

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DEFINIÇÃO
Conceitos básicos e tipos de signos. Matrizes da linguagem: visual, verbal e sonora.
Linguagem imagética e tecnologias. Educação bilíngue de surdos e pedagogia visual. 
PROPÓSITO
Compreender os conceitos relacionados à linguagem visual com vistas a sua ampliação nos
processos de ensino e aprendizagem.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos de linguagem e da semiótica
MÓDULO 2
Identificar a relação entre a linguagem visual e as tecnologias visuais com base nos principais
elementos dessa linguagem
MÓDULO 3
Justificar a importância do uso das imagens na educação de surdos
INTRODUÇÃO
 
Fonte: freepik
As linguagens são caminhos expressivos disponíveis em diferentes vias, por exemplo, visual
ou verbal e sonora. A partir delas, são formadas as mais diferentes combinações. A fim de
tratar da linguagem visual, de extrema importância na educação de surdos, apresentaremos
alguns conceitos sobre a imagem, como o signo, além da própria concepção de linguagem.
Além disso, analisaremos algumas possibilidades de uso de imagem na educação de maneira
geral, e na de surdos especificamente, considerando ainda as facilidades de fotografar, gravar
e editar.
Estudaremos, ainda, a arte-tecnologia, algumas de suas possibilidades e como estas refletem
em nossa percepção estética, para pensarmos em propostas educativas relacionadas a mídias
e tecnologias.
 
Fonte:freepik
Novas práticas didáticas incluem dialogar com as novas realidades. E na educação de surdos,
elas podem ser fundamentais.
MÓDULO 1
 Descrever conceitos de linguagem e da semiótica
LINGUAGEM X LÍNGUA
LINGUAGEM PODE SER DEFINIDA COMO UM SISTEMA
ORGANIZADO DE SINAIS, COMPLEXOS OU NÃO, A
SERVIÇO DA COMUNICAÇÃO.
Ela é uma das capacidades humanas mais importantes. Temos um sistema de produção e
processamento de linguagem extremamente complexo. Portanto, linguagem é a capacidade
humana para produzir, desenvolver e compreender, além de uma língua, várias outras
manifestações, como os gestos, a pintura, a música, a dança, e assim por diante.
Além de humana, a linguagem também pode ser artificial, específica de sistemas complexos,
como a linguagem de programação. Esta pode ser definida como um método padronizado de
implementação de um código-fonte, com base em um conjunto de regras sintáticas e
semânticas.
No que diz respeito aos seres humanos, a ciência que se dedica a estudar a linguagem é a
Linguística.
Devemos, portanto, fazer uma distinção importante entre língua e linguagem.
LINGUAGEM
O conceito de linguagem é amplo, englobando linguagens artísticas, mímica e outra.

LÍNGUA
A língua é um conjunto organizado de elementos que possibilitam a comunicação que surge
naturalmente nas sociedades e nos grupos humanos.
Para nosso propósito de estudo, podemos organizar a linguagem em: verbal e não verbal.
VERBAL
NÃO VERBAL
LINGUAGEM VERBAL
A linguagem verbal é expressa por meio do código escrito ou da fala e se caracteriza pela
linearidade, sequencialidade entre os signos e sons da fala.
LINGUAGEM NÃO VERBAL
A linguagem não verbal é expressa por meio de signos visuais, imagens e gestos e se
caracteriza pela possibilidade de simultaneidade entre os signos expressos.
Exemplificando, as letras da linguagem verbal também são visuais e são signos, mas dispostos
linearmente. Placas de trânsito e figuras na porta de um banheiro são bons exemplos de
linguagem não verbal
Já as línguas podem ter diferentes modalidades, como a oral-auditiva, no caso das línguas
orais, ou a visuoespacial, no caso das línguas de sinais. Ao tratar de línguas de sinais, como
a Língua Brasileira de Sinais (Libras) , é fundamental entendê-las desta maneira, como
línguas naturais, com estrutura própria e complexidade.
No passado, havia uma compreensão errônea de que se tratava de uma linguagem, isto é, um
modo de expressão sem organização formal.
SEMIÓTICA
Para compreendermos as matrizes da linguagem e, em seguida, analisarmos as noções de
linguagem visual e imagética, passaremos brevemente pelos conceitos de semiótica (estudos
dos signos) de Charles Sanders Peirce.
javascript:void(0)
 
Fonte: Wikipédia
CHARLES SANDERS PEIRCE (1839-1914)
Filósofo americano, considerado um gênio multifacetado, pois se dedicou a Matemática,
Física, Astronomia, Química, Linguística, Psicologia, História, Lógica e Filosofia. Formado
em Ciências e doutor em Química, pesquisou e elaborou teorias muito mais relacionadas
aos estudos de lógica e linguagem. Também fez importantes contribuições à Pedagogia e
à Matemática.
O filósofo se dedicou a analisar as relações entre os objetos e o pensamento. Apesar de não
ter publicado um tratado sobre a semiótica, seus escritos foram recolhidos em vários artigos,
manuscritos, anotações em cadernos e cartas. Peirce se beneficiou dos conhecimentos de
diversas áreas para formular seus estudos sobre os signos. Ele pensava que não seria
possível compreender objetos externos aos sujeitos de forma clara e uniforme.
A semiótica tem como unidade de estudo o signo, que pode ser definido como o estímulo
portador da mensagem ou de fragmento desta e que representa algo para alguém sob
determinado ponto de vista.
O signo pode se apresentar das mais variadas formas. Trata-se de algo de qualquer espécie
que representa outro elemento. Aquilo que é representado pelo signo é chamado de objeto.
Assim, quando posto no lugar do objeto, o signo produz um efeito interpretativo em uma mente
real ou potencial – efeito este que é chamado por Pierce de interpretante. Peirce (1990) listou
três tipos de signos ou modos de o signo mediar os significados. São eles:
ÍCONE
Neste caso, existe uma relação de semelhança entre o signo (que é a representação do objeto)
e o objeto em si, ou seja, uma relação icônica entre o signo e seu significado. Como exemplos,
destacam-se fotos, onomatopeias, desenhos etc. De alguma forma, os ícones dependem de
questões culturais. Para se conectar com a ideia que representam, usam formas, cores,
texturas, sons, e assim por diante.
ÍNDICE
Parte que representa um todo adquirido anteriormente pela experiência subjetiva ou herança
cultural. Nesta categoria de signo, existe uma relação de causalidade sensorial indicando seu
significado. Por exemplo, biquíni e óculos de sol podem ser índices de praia. Como o próprio
nome já diz (indício), o índice nos leva a alguma associação de ideias.
SÍMBOLO
Nesta caso, não existe uma forte relação de semelhança entre o signo e o significado. O
símbolo é abstrato, e a relação do signo com o significado é fruto de uma convenção. Como na
relação grafo-fonêmica das línguas, a escrita mapeia a fala, e a escrita é puramente
convencionada. No entanto, os símbolos não necessariamente são referentes a línguas, por
exemplo, o símbolo de um time de futebol ou a hóstia como um símbolo cristão.
Portanto, para Pierce (1990), signo é uma representação parcial do objeto e comunica algo
externo, informa parte do objeto que representa, sem ser idêntico ao ele.
O SIGNO É UMA ABSTRAÇÃO DOS ASPECTOS DO
OBJETO.
Pode até mesmo ser fictício e ter mais de um significado. Nenhum signo é completo, porque
está sempre referenciado a algo.
CATEGORIAS DE PERCEPÇÃO DA
EXPERIÊNCIA
 
Fonte: Freepik
PEIRCE AINDA TRATA DA TRÍADE SUJEITO - OBJETO -
INTERPRETANTE
O signo é um representante que transmite a ideia do objeto, e esse objeto tem relação com um
interpretante, que não é necessariamente uma pessoa, mas o conjunto de pressupostos e
percepções do receptor.
Peirce era especialmente interessado na compreensão da realidade. No artigo Sobre uma
nova lista de categorias (PEIRCE, 1867), ele propôs três categorias básicas universais de
toda experiência e de todo pensamento, inicialmente denominadas qualidade, relação e
representação, mas renomeadas posteriormente, para fins científicos, como primeiridade,
secundidade e terceiridade.
A ideia é que tudo o que aparece à consciência acontece em uma gradação dessas três
propriedades, que correspondem aostrês elementos formais de toda e qualquer experiência.
Vamos entender melhor essas categorias:
PRIMEIRIDADE
Trata-se da formação do novo. O signo é notado pelo sistema perceptivo e desperta sensações
e sentimentos por meio de cores, formas e texturas. Nesse estado, percebemos somente as
qualidades dos elementos, sem questionamentos sobre a qual objeto essas qualidades se
referem, se elas são reais ou se existem de fato.
SECUNDIDADE
Trata-se de uma compreensão mais profunda do conteúdo do objeto. Para que exista a
qualidade percebida na primeiridade, é preciso que esta esteja vinculada a uma matéria.
Portanto, a secundidade se trata do reagir: o signo é percebido como uma mensagem gerando
força, que permite compreendê-lo e associá-lo a outras experiências vivenciadas.
TERCEIRIDADE
Trata-se de uma generalização, uma compreensão simbólica cheia de significações. Pode ser
conceituada como uma experiência de síntese, que dá sentido e aprendizado de novos
conceitos trazidos para a consciência.
 RESUMINDO
Primeiridade – trata-se de uma primeira impressão, rápida e abstrata;
Secundidade – faz relações e compreensões mais profundas;
Terceiridade – traz o pensamento generalizado e o contexto do signo.
O professor Nataniel Gomes relembra os pontos mais importantes para se entender os
signos na semiótica.
REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
No fim do século XIX, depois da Revolução Industrial, com a criação das indústrias e das
máquinas e, mais recentemente, com a revolução tecnológica, surgiram novos interesses e
modos de comunicação e interação social, uns influenciando os outros.
O contato face a face não é mais necessário para interagirmos e nos comunicarmos. Cada vez
mais, as relações podem ser mediadas por máquinas, o que acarreta mudanças significativas
nos processos de comunicação.
 
Fonte:freepik
 Com o avanço tecnológico, temos nossas necessidades atendidas sem a necessidade de
contato humano.
Com o aparecimento de uma cultura urbana e de massas e com a popularização dos meios de
comunicação, como rádio, televisão, cinema e internet, temos contato com uma diversidade de
signos a cada dia.
A disseminação de múltiplas ferramentas comunicacionais permitiu, a diversos profissionais, o
acesso a recursos capazes de reproduzir, gravar, editar, manipular e divulgar mensagens de
uma forma economicamente barata, de fácil acesso e de distribuição rápida.
Essa comunicação massiva iniciou um processo que estava destinado a se tornar cada vez
mais absorvente: o envolvimento dos signos que constituem a linguagem com novos veículos
de divulgação, invadindo ambientes anteriormente não destinados a eles.
Para analisar esses processos, vamos nos debruçar sobre os estudos de Santaella (2005).
MATRIZES DA LINGUAGEM
Santaella apresenta a teoria de três matrizes que guiam a linguagem e o pensamento,
fundamentada na teoria do signo de Peirce. Ela se baseia nas categorias universais
peircianas e na taxonomia dos signos sob uma perspectiva semiótica.
De acordo com a autora, a princípio, todas as formas e variantes da linguagem estão
sustentadas em três matrizes de linguagem-pensamento:
SONORA OU ORAL
VISUAL OU IMAGÉTICA
VERBAL OU TEXTUAL
Resultante da audição, esta matriz compreende todo tipo de sons e suas variações (como
altura e duração) combinados, formando elementos mais complexos, como ritmo, melodia e
harmonia. A linguagem oral está nesta categoria.
Resultante da visão, esta matriz está ligada à imagem, especialmente à produção de sentido e
à compreensão por meio dela. Disso resulta seu vínculo com a secundidade, pois ela se
refere a uma singularidade, tendo como propriedade a forma e um forte apelo estético. Afinal,
por meio de uma imagem, temos a possibilidade de inúmeras representações.
As modalidades visuais, portanto, são tratadas aqui como formas visuais estruturadas como
linguagem. Os signos visuais podem existir de forma estática (pinturas e fotografias) ou de
forma dinâmica (vídeos e animações).
Resultante da verbalização, esta matriz se concretiza no símbolo. Portanto, traz elementos das
matrizes sonoras e visuais. Seu alicerce é a palavra – uma convenção feita entre emissor e
receptor, portanto, arbitrária.
 ATENÇÃO
A partir dessas três matrizes, infinitas combinações são possíveis. As matrizes não são
independentes uma da outra. Pelo contrário: na maioria das vezes, são complementares.
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO
 
Fonte: Freepik
Como já sabemos, o mundo contemporâneo nos aproximou das Tecnologias de Informação e
Comunicação, que utilizam grande quantidade de materiais visuais para representar o mundo.
 
Fonte: Freepik
Diariamente, somos bombardeados pela imprensa, pela TV, por vídeos, anúncios etc. As
imagens presentes em entretenimentos e propagandas influenciam nossas decisões e
emoções e, muitas vezes, modulam nosso pensamento e a forma de nos comportar.
 
Fonte: Freepik
A escola também reflete as transformações sociais. Logo, os processos educacionais sofreram
igualmente o impacto do desenvolvimento tecnológico. O computador e a internet possibilitam
outras abordagens educacionais
 
Fonte: Freepik
O material usado na educação, impresso ou digital, conta com grande quantidade de conteúdo
visual, que auxilia a aprendizagem e enriquece a produção de conhecimento. As imagens
podem ser utilizadas nos processos de ensino e aprendizagem de várias formas.
A potencialização desses processos por meio da evolução tecnológica é evidente, em especial
na área da Educação a Distância (EAD). A tecnologia pode ser uma grande aliada, motivando
novos métodos educacionais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS OS CONCEITOS DE PEIRCE SOBRE SIGNOS. DE
ACORDO COM O AUTOR, QUAL DAS AFIRMAÇÕES A SEGUIR É
VERDADEIRA?
A) Signo é uma representação que remete ao objeto do mundo externo em sua completude.
B) Signo é tudo aquilo que, de certa forma, representa algo para alguém.
C) Signo pode definir a característica de seres humanos por meio das dicotomias linguísticas
saussurianas.
D) Signo pode ser definido como uma mensagem que não é compreendida por causa de sua
incongruência com o mundo real.
2. SANTAELLA (2005) PROPÕE TRÊS MATRIZES QUE GUIAM A
LINGUAGEM E O PENSAMENTO, COM BASE NA TEORIA DO SIGNO DE
PEIRCE. NO QUE SE REFERE À MATRIZ VISUAL OU IMAGÉTICA, É
INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) Uma imagem pode oferecer ao receptor múltiplos conceitos.
B) Imagens podem ter grande apelo sensório por meio de formas, cores e tons.
C) Com o avanço tecnológico, as imagens se tornaram uma ferramenta importante para a
publicidade.
D) Imagens possuem elementos apresentados de forma linear.
GABARITO
1. Estudamos os conceitos de Peirce sobre signos. De acordo com o autor, qual das
afirmações a seguir é verdadeira?
A alternativa "B " está correta.
 
Para Peirce, a definição de signo é geral e admite signos das mais diversas naturezas, de
todos os tipos de linguagens.
2. Santaella (2005) propõe três matrizes que guiam a linguagem e o pensamento, com
base na teoria do signo de Peirce. No que se refere à matriz visual ou imagética, é
incorreto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
Diferentemente dos sons, que são lineares e consecutivos, a imagem possui simultaneidade de
seus elementos: todos são percebidos ao mesmo tempo.
MÓDULO 2
 Identificar a relação entre a linguagem visual e as tecnologias visuais com base nos
principais elementos dessa linguagem
LINGUAGEM VISUAL
Como sabemos, a linguagem não é apenas verbal ou escrita. Como meio de comunicação, a
fala não pode ser rigorosamente separada de toda atividade comunicativa humana, que
também inclui o visual. Por exemplo, gesticulamos e produzimos expressões faciais enquanto
falamos. Esses elementos comunicacionais fazem parte da linguagem não verbal.
A linguagem visual se caracteriza pelo uso de imagens para comunicar alguma ideia. O
pensamento humano pode ser tanto verbalizado quanto visualizado. A capacidade visual
permite a formação de imagens mentais. Uma figura,uma pintura, uma fotografia, diagramas e
mapas são exemplos de usos da linguagem visual.
Conforme destaca Kahane (2015), a palavra “imaginação” sugere que também podemos
pensar por meio de imagens.
 
Fonte:freepik
 Mapas, fotografias, placas são exemplos da linguagem visual.
Portanto, a linguagem visual é definida como um sistema de comunicação que usa elementos
visuais e envolve a percepção, a compreensão e a produção de sinais visíveis.
OS ELEMENTOS DE UMA IMAGEM REPRESENTAM
CONCEITOS EM UM CONTEXTO ESPACIAL E
SIMULTÂNEO, DIFERENTE DA LINEARIDADE E
CONSECUTIVIDADE DO TEMPO, PRESENTES NA FALA
E NA LEITURA.
A fala e a comunicação visual são meios paralelos e, frequentemente, interdependentes, pelos
quais os seres humanos trocam informações.
ELEMENTOS DA MATRIZ VISUAL
 
Fonte: Freepik
Dondis (1997) chama atenção para não confundirmos a substância de uma obra com seu
material ou meio de expressão: a madeira ou a argila, a tinta ou o filme. Ao se projetar,
esboçar, pintar, rabiscar, construir, esculpir ou gesticular, a substância da obra é composta a
partir de uma lista básica de elementos.
Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos: as unidades
estruturais da linguagem visual incluem ponto, linha, forma, direção, tom, cor, textura, escala,
direção e movimento. A seguir, descrevemos os elementos estruturais da linguagem visual de
acordo com Dondis (1997):
PONTO
É a unidade básica de representação visual e a mais comum encontrada na natureza. A partir
do ponto, originam-se todas as outras formas. O ponto é a primeira imagem de toda expressão
visual.
LINHA
É definida como a união de pontos, ou, ainda, como o ponto posto em movimento. 
 
Kandinsky (1997) classifica as linhas em:
 
Retas – que variam em dimensões horizontal, vertical, diagonal e quebrada;
Curvas – que variam de simples a ondulada;
Combinadas – que correspondem ao conjunto das retas e curvas.
 
O autor relaciona as linhas quebradas com as formas básicas (triângulo, círculo e quadrado) e
com as cores primárias. Nesse caso, sua descrição ajuda a pensar na linguagem visual, porém
é mais artística e poética do que teórica.
FORMA
É descrita pela linha, que articula a complexidade da forma. O quadrado, o círculo e o triângulo
equilátero são formas básicas. A cada uma se atribuiu uma quantidade de significados, alguns
por associação, outros por vinculação arbitrária, outros por meio de nossas próprias
percepções psicológicas e fisiológicas. 
 
Por exemplo, há as seguintes associações comuns:
 
Quadrado – honestidade, retidão e esmero;
Triângulo – conflito e tensão;
Círculo – infinitude e proteção.
 
A partir de combinações e variações infinitas dessas três formas básicas, derivam-se todas as
formas físicas da natureza e da imaginação humana.
DIREÇÃO
É inerente às formas. Todas as formas básicas expressam três direções visuais básicas e
significativas:
 
Quadrado – direção horizontal e vertical;
Triângulo – diagonal;
Círculo – curva.
 
Cada uma das direções visuais tem um forte significado associado e é um valioso instrumento
para a criação de mensagens visuais. A direção horizontal-vertical é a referência primária do
homem em termos de bem-estar. A direção diagonal tem referência direta com a ideia de
estabilidade.
TOM
Está relacionado diretamente com a intensidade da obscuridade ou claridade de qualquer
objeto visto. Podemos ver graças à presença de luz, e sua ausência pode dificultar a
percepção. Pelas variações de luz ou de tom, distinguimos oticamente a complexidade da
informação visual do ambiente. A sensibilidade tonal é básica para a sobrevivência: graças a
ela, percebemos movimento súbito, profundidade, distância, entre outras referências.
CORES
Têm muita afinidade com as emoções. As cores estão impregnadas de informação e são uma
das experiências visuais mais penetrantes. Elas são fontes de valor inestimável para
comunicadores visuais. Abundantes no meio ambiente, possuem uma vasta categoria de
significados simbólicos. Por exemplo, o vermelho pode significar perigo, amor, calor e vida.
TEXTURA
É um elemento visual que, geralmente, representa as propriedades perceptuais do tato. Mas é
possível que uma textura tenha apenas qualidades óticas.
ESCALA
Refere-se à capacidade que os elementos visuais têm de se modificar e definir uns aos outros.
O grande não pode existir sem o pequeno. A escala pode ser alterada pela introdução de outra
modificação visual. Os resultados visuais são fluidos, e não absolutos, pois estão sujeitos a
muitas variáveis modificadoras.
DIMENSÃO
Está ligada à forma como o espaço se apresenta. A representação bidimensional depende da
ilusão e também existe no mundo real. No entanto, em nenhuma das representações
bidimensionais – seja na pintura, seja na fotografia ou no cinema –, existe uma dimensão real.
Em outras palavras, ela é apenas implícita. O principal artifício para simulá-la é a técnica da
perspectiva.
MOVIMENTO
É uma das forças visuais mais dominantes da experiência humana. No movimento, bem como
na dimensão, o elemento visual é mais implícito do que explícito. Como sabemos, o cinema é
uma série de imagens imóveis com ligeiras modificações. Um quadro ou uma foto podem ser
estáticos, mas sua composição pode implicar movimento.
A melhor maneira de analisarmos a linguagem visual é decompô-la em seus constituintes
básicos. Assim, compreenderemos melhor o conjunto. Para tanto, os elementos básicos da
comunicação visual foram descritos aqui.
Percebemos que os elementos que constituem as imagens podem ser carregados de
significados relacionados ao universo que nos cerca. Esses elementos estão presentes nas
imagens veiculadas por meio das novas tecnologias digitais de comunicação e informação.
ALFABETISMO VISUAL
Mesmo no fim do século XX, Dondis (1997) já constatava que a invenção da câmera geraria
desenvolvimentos da linguagem visual comparáveis à invenção do livro e seus
desdobramentos em relação à alfabetização. A partir dessa compreensão, a autora pensou no
imperativo do alfabetismo visual universal, que diz respeito à sintaxe visual.
O cinema, a televisão e os computadores são extensões modernas de um desenhar e de um
fazer que, historicamente, têm sido uma capacidade natural de todo ser humano.
javascript:void(0)
Ainda sobre o alfabetismo visual, podemos considerar as afirmações de Kahane (2015) sobre o
pensamento visual. Para o autor, os seres humanos têm a capacidade inata de modelagem
cognitiva. Sua expressão por meio do desenho, da construção, da atuação etc. é fundamental
para o pensamento humano.
 
Fonte: PxHere
 A invenção da câmera foi uma percursora para o desenvolvimento da linguagem visual.
ALFABETISMO 
“O alfabetismo significa que um grupo compartilha o significado atribuído a um corpo
comum de informações.”
Fonte: DONDIS, 1997, p. 4.
A apropriação de um sistema de palavras escritas (literacia ou alfabetização) e de
informações por meio de números (numeracia) é uma conquista bem desenvolvida da
espécie humana.
O desenvolvimento do aspecto visual das comunicações humanas como uma disciplina
paralela à alfabetização e à numeracia tem sido referido como graficacia (graphicacy) – um
termo ainda longe de ser familiar.
A capacidade de pensar e de se comunicar em termos visuais, tanto sob a perspectiva de
compreensão quanto de concepção do visual, torna-se cada vez mais importante.
IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
 
Fonte: Freepik
A revolução tecnológica, principalmente nos meios de comunicação, traz consequências para
as relações humanas. Se ela nos aproxima, também nos distancia.
Um dos possíveis resultados das novas tecnologias é a diminuição de interações presenciais,
forçando relações mais dinâmicas e instantâneas, porém menos próximas fisicamente.
ENQUANTO AS TECNOLOGIAS NOS CONECTAM E
PERMITEM UMA COMUNICAÇÃO CONTÍNUA E QUASE
IRRESTRITA, ELAS TAMBÉM NOS IMPULSIONAM A UM
DECORRENTE AFASTAMENTO FÍSICO, UMA VEZ QUE
O CONTATO FÍSICO NÃO ÉMAIS NECESSÁRIO PARA
QUE OS MOMENTOS DE INTERAÇÃO OCORRAM.
Essa nova realidade, pautada na agilidade, tem reflexos em nosso entendimento sobre o que é
comunicação eficaz e, principalmente, sobre o que exigimos de nossos comunicadores. Por
isso, a sociedade tem presenciado a produção e utilização de imagem sem precedentes.
Em suas considerações sobre as tecnologias digitais e os impactos dela decorrentes, Campos
ressalta:
MAIS RECENTEMENTE, AS TECNOLOGIAS DIGITAIS
AFIRMAM-SE COMO PROTAGONISTAS
INQUESTIONÁVEIS DE NOVAS DINÂMICAS SOCIAIS E
CULTURAIS QUE MARCAM DECISIVAMENTE OS
CONTORNOS DA VISUALIDADE CONTEMPORÂNEA. O
USO CRESCENTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS
DIGITAIS TEM INCENTIVADO A PRODUÇÃO
INDIVIDUAL DE BENS DE NATUREZA VISUAL E
AUDIOVISUAL A UMA ESCALA ATÉ AQUI
DESCONHECIDA.
Campos 2012, p. 554.
Certamente, as inovações tecnológicas moldaram nosso entendimento de mundo e da
realidade. Por exemplo, não é raro ficarmos impacientes quando aguardamos mais de 15
minutos por uma resposta ou confirmação. Naturalizamos a velocidade da informação e sua
difusão em grande escala. 
Recursos visuais passaram a ser parte fundamental de uma boa apresentação de produtos,
endereços e modelos. Tudo isso está diretamente relacionado à ampla disponibilização das
ferramentas tecnológicas. Mesmo empresas pequenas, localizadas em bairros com
consumidores de baixo poder aquisitivo, se preocupam com a comunicação visual. 
 
Fonte:freepik
 Empresas tem investido cada vez mais em novas tecnologias e em bons recursos visuais.
Aliado ao custo mais baixo, em relação ao passado, o uso constante do computador faz com
que pessoas das camadas socioeconômicas mais baixas tenham acesso ao que antes era
exclusivo das camadas mais altas.
Não nos contentamos apenas com a informação fundamental. Queremos uma apresentação do
produto esteticamente agradável.
No sentido do fazer artístico mais geral e da arte-tecnologia – ramo ainda novo, mas que vem
ganhando força nos últimos anos –, a arte é fundamental para o desenvolvimento humano e
pode ter papel importante na educação tanto em sentido estrito como mais amplo.
Se as tecnologias se aliam, cada vez mais, ao processo de aprendizagem, vale refletir sobre o
papel que a educação artística contemporânea possui em nosso currículo.
Como afirmam Miglioli e Barros:
A PROPÓSITO DE TECNOLOGIA E ARTE, É
IMPORTANTE LEMBRAR QUE NÃO SÃO
EXCLUDENTES, NÃO DEIXAM COMPLETAMENTE DE
EXISTIR OU SÃO SUBSTITUÍDAS POR OUTRAS
INTEIRAMENTE NOVAS. NA VERDADE, O
CONTEMPORÂNEO É, EM ESSÊNCIA, MAIS UMA
REORGANIZAÇÃO DO QUE ALGO PROPRIAMENTE
NOVO.
Miglioli e Barros 2013, p. 69.
Assim, é fundamental o diálogo com novas expressões e pelos meios de comunicação
disponíveis.
ARTE-TECNOLOGIA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL
 
Fonte: Billetto Editorial/ Unsplash
Muitos ainda não enxergam a conexão entre arte e tecnologias, pois acreditam que as
produções feitas por meio das ferramentas digitais são meras reproduções.
O trabalho de arte usando tecnologia é recebido com ceticismo por alguns, aqueles que
associam a arte às artes plásticas, como escultura, pintura e gravura – formas mais tradicionais
de expressão.
 EXEMPLO
Uma possibilidade, por exemplo, é o envio de tarefas de casa no modelo de ensino híbrido,
pelo celular, em uma comunidade onde todos tenham um aparelho smartphone (comum entre
os adolescentes). O recurso torna as aulas mais atrativas para os alunos.
Esse é apenas um dos possíveis caminhos que as escolas devem cada vez mais utilizar,
trazendo a tecnologia digital como uma ferramenta educacional para promover bons resultados
no processo de ensino e aprendizagem. 
Entenda a importância da matriz visual para a comunicação nos dias de hoje, nas
palavras do professor Anderson Lopes.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A LINGUAGEM VISUAL É A CRIAÇÃO DE IMAGENS PARA COMUNICAR
ALGUMA IDEIA. SOBRE O ASSUNTO, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) A linguagem humana é somente verbal.
B) O pensamento humano pode ser verbal ou visual.
C) A fala e a comunicação visual são meios paralelos e independentes pelos quais os seres
humanos trocam informações.
D) Gesticulações não fazem parte da linguagem humana.
2. A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA AFETOU OS PROCESSOS DE
COMUNICAÇÃO E AS RELAÇÕES HUMANAS. SOBRE O ASSUNTO, É
INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) A velocidade da informação e sua grande escala de produção atualmente são percebidas
como naturais.
B) A imagem tem um caráter fundamental, e esperamos uma boa exposição dos produtos,
endereços e modelos de apresentação.
C) A escola não precisa dialogar com as novas expressões e meios de comunicação, uma vez
que o conteúdo a ser ensinado não se altera.
D) Graficacia se refere ao desenvolvimento do aspecto visual das comunicações humanas.
GABARITO
1. A linguagem visual é a criação de imagens para comunicar alguma ideia. Sobre o
assunto, é correto afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
A linguagem humana é composta por elementos verbais e não verbais, inclusive a
comunicação não visual. Além disso, nossos pensamentos também são imagéticos, isto é,
constituídos de imagens.
2. A revolução tecnológica afetou os processos de comunicação e as relações humanas.
Sobre o assunto, é incorreto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
 
A escola não pode ficar alheia às novas tecnologias e deve utilizar essas ferramentas a seu
favor, de forma didática e estruturada.
MÓDULO 3
 Justificar a importância do uso das imagens na educação de surdos
CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DA IMAGEM
COMO SIGNO CONCEITUAL
De diversas maneiras, os signos fazem parte da comunicação e das possibilidades de ensino.
Por isso, é importante contemplá-los ao pensar nas ferramentas pedagógicas. Afinal, eles são
os responsáveis por nossa possibilidade de comunicação e transmissão de saberes, uma vez
que a própria linguagem é composta por signos.
Os signos têm um papel muito importante em nossa atividade mental, e sua internalização
torna nosso pensamento mais sofisticado.
Como explica Rego (1995), todo signo representante de um conceito transforma-se em
imagem, e esta passa a integrar nossa memória. Essa imagem na memória serve de facilitador
sempre que for preciso invocar o signo e o conceito referido.
Também podemos utilizar determinado signo quando pretendemos explicar um novo conceito.
Isso facilita a compreensão daquilo que desejamos ensinar. A ilustração de uma abstração e
mesmo a utilização direta de recursos visuais auxiliam na aprendizagem, permitindo maior
compreensão e fixação do conteúdo.
Na educação de surdos, usuários de uma língua visuoespacial, o recurso visual é ainda mais
necessário. Consequentemente, importa que o educador compreenda e use todos os recursos
possíveis na tarefa educacional.
As pistas visuais, por exemplo, podem ajudar a organizar a agenda do dia ou rememorar
atividades já realizadas e que remetem a determinado assunto. É possível reforçar com elas
um valor emocional, além do educativo, proporcionando um aprendizado lúdico, mais
prazeroso.
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Fonte:freepik
PISTAS VISUAIS
Representação gráfica com ilustração ou fotografia de tarefas e atividades. Pode ser feita
em cartões ou em um mural, por exemplo.
Ainda que poucos profissionais questionem a eficácia de recursos visuais para a melhor
aprendizagem, sabemos que seu uso não é tão frequente.
Muitos professores alegam não dispor de recursos de multimídia para criar aulas mais
interessantes e interativas, pois as escolas em que atuam possuem, no máximo, um laboratório
de informática.
NO ENTANTO, EXISTEM RECURSOS IMAGÉTICOS
BARATOS E AMPLAMENTE DISPONÍVEIS NAS
ESCOLAS: OS LIVROS!
A não utilização de livros ainda é uma realidade no Brasil e pelos motivos mais variados: desde
a falta de adequação do conteúdo à realidade escolar até o medo de extravio ou dano causado
por parte dos alunos.
 
Fonte: freepik
 A utilização das ilustrações dos livros atuam como facilitadores.
Ainda assim, é importante pensar que uma visita à bibliotecapode trazer grande benefício às
aulas, tendo em vista a possibilidade de enriquecimento na explicação dos conteúdos.
Por exemplo, em uma aula de Geografia, é possível apresentar fotos dos locais mencionados,
ou uma imagem que remeta à explicação do conteúdo em algum estudo crítico. Na Biologia, o
uso de figuras que representem os conceitos, muito abstratos para boa parte dos alunos,
certamente facilita a compreensão.
MENSAGEM SIMULTÂNEA
Para retomarmos a discussão sobre a compreensão das imagens, podemos pensar em marcas
ou rótulos nas embalagens de produtos como símbolos do cotidiano que são internalizados por
todos.
 
Fonte: PxHere
De crianças a idosos, e até mesmo pessoas não alfabetizadas, conseguem reconhecer o
produto por suas logomarcas. Obviamente, ao ver “Coca-Cola”, as pessoas não estão fazendo
a junção das letras e sílabas pelo reconhecimento delas, mas utilizam a capacidade cognitiva
de reconhecer as formas, os contornos e as cores que representam o produto.
 
Fonte: PxHere
A criação publicitária, com suas estratégias, é um bom exemplo de que nem sempre é
necessário decodificar sequências de grafemas.
Como pontua Lev Vygotsky, a linguagem escrita é constituída de diversos signos, que já são
representações de sequências de fonemas, aos quais foram atribuídos por convenção social.
Cada signo é internalizado com determinado significado e torna-se parte de nossa vida.
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Fonte: Wikipédia
LEV VIGOTSKY (1896-1934)
Psicólogo bielo-russo, bacharel em Direito, estudou Literatura, Arte e Psicologia, e foi no
cruzamento desses saberes que se notabilizou, sobretudo ao teorizar sobre a Psicologia
vinculada à linguagem e à aprendizagem. Foi um dos primeiros estudiosos a se
interessar pelo desenvolvimento intelectual das crianças e de como este ocorre em
função das interações sociais e das condições de vida.
Sua corrente pedagógica é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo,
divergindo do que propunha o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), mesmo que o
admirasse. Para muitos teóricos, é possível conciliar ambas as visões.
Aliás, reconhecendo essa capacidade de apreensão visual prévia à alfabetização, muitos
alfabetizadores incentivam o uso de rótulos de embalagens, a fim de facilitar o processo de
aprendizagem, pois as crianças sabem o nome dos produtos e das marcas antes de serem
alfabetizadas.
O uso de signos (não verbais, no caso da educação de surdos) é amplamente estudado e
recomendado em todas as classes especiais, visto que a maioria dos conceitos utilizados em
sala de aula pertence ao mundo das pessoas sem qualquer deficiência.
Na educação de alunos cegos, os conceitos de signo como mediadores, que servem de
suporte a eles, são apresentados por Nunes:
ESTES SIGNOS MENCIONADOS, QUE, PARA O ALUNO
CEGO, DEVEM SER ADAPTADOS EM RELEVO, ATUAM
COMO ELEMENTOS DE MEDIAÇÃO, ESTABELECENDO
CONEXÕES COM O TEXTO ESTUDADO,
CONTRIBUINDO PARA QUE O ALUNO AMPLIE SEU
CONHECIMENTO PARA OUTRAS ÁREAS DO SABER,
AJUDANDO-O A COMPREENDER MELHOR O
CONTEÚDO TRABALHADO PELO PROFESSOR NAS
DIVERSAS DISCIPLINAS DO CURRÍCULO.
Nunes 2012, não paginado.
Na criança, os processos e a capacidade de abstração estão em desenvolvimento. Para
Vygotsky, estes são concluídos aos 14 anos, quando a criança já será capaz de operar
plenamente suas funções psíquicas, estabelecendo as ações lógicas básicas e complexas.
Esses processos podem possuir características diferentes em alguns dos alunos, em virtude de
suas experiências e idiossincrasias, o que justifica um tratamento mais voltado à realidade
local dos aprendizes.
IDIOSSINCRASIAS
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“Traço peculiar do comportamento, do temperamento ou da sensibilidade de uma pessoa,
um grupo etc.”
Fonte:Dicionário Aulete Digital.
Em vista disso, os processos de ensino e aprendizagem utilizam um fluxo contínuo que é
interpessoal e intrapessoal.
INTERPESSOAL
INTRAPESSOAL
INTERPESSOAL
O processo é interpessoal ou social porque envolve o aprendiz-criança e outras pessoas,
muitas vezes adultos, mas também outras crianças com quem ele interage.
INTRAPESSOAL
O processo é intrapessoal porque a criança também precisa internalizar (acomodar) o que
aprendeu e ser capaz de agir por meio disso, para que a aprendizagem seja eficaz.
QUANDO O PAPEL DE MEDIADOR É COMPREENDIDO
JUNTAMENTE COM OS PROCESSOS DE
ASSIMILAÇÃO, PASSAMOS A REFLETIR SOBRE A
EDUCAÇÃO E DESEJAMOS QUE AS ATIVIDADES NÃO
SEJAM MERAS PRÁTICAS DIÁRIAS DE TRANSMISSÃO
DE CONTEÚDO, PORÉM ATIVIDADES RELEVANTES. 
NISSO ENTRA A QUESTÃO DE BUSCAR DESCOBRIR
EM QUE ESTÁGIO ESTÁ O ALUNO, COMO O USO DE
ORGANIZADORES PRÉVIOS, QUE VÃO SERVIR DE
PONTES COGNITIVAS, FACILITANDO A
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.
Lemos; Rodrigues; Heckler, 2012, p. 10.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Em sua pesquisa sobre a historicidade das imagens na educação de surdos, Sofiato (2016)
nos apresenta uma gravura retratando um dos precursores da educação de surdos em ação
pedagógica: o frei Pedro Ponce de Leon.
 
Fonte: Wikipédia
PEDRO PONCE DE LEON
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Monge beneditino precursor da educação de surdos em uma época em que se acreditava
que isso não era possível. Ele criou uma escola de surdos em seu mosteiro na Espanha.
A autora destaca que, apesar de não haver relatos detalhados da época, essa gravura
demonstra como se percebia a importância do uso de imagens já no século XVI.
Outro relato trazido por Sofiato (2016) é do educador Juan Pablo Bonet, que afirmava o
seguinte: para os surdos, o processo de alfabetização é mais fácil com o uso de um
alfabeto visual manual.
A pesquisadora também menciona um médico inglês de nome John Bulwer, que defendia a
língua manual como a única língua natural para os surdos.
Infelizmente, há poucos registros dos procedimentos do passado.
 
Fonte: Wikipédia
JUAN PABLO BONET
Padre espanhol, educador e pioneiro na educação de surdos. Bonet publicou o primeiro
livro sobre a educação dos surdos em 1620, em Madrid, com o título Redução das Letras
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e Arte de Ensinar a Falar os Mudos.
 
Fonte: Wikipédia
JOHN BULWER
Médico britânico, famoso pelos seus estudos sobre surdez. Foi o primeiro inglês a
desenvolver um método de comunicação entre ouvintes e surdos.
Se os recursos visuais são usados há séculos na educação dos surdos, resta-nos perguntar:
POR QUE AINDA NÃO TEMOS MATERIAL VISUAL
DESENVOLVIDO ESPECIFICAMENTE PARA ESSA
EDUCAÇÃO?
Parte da resposta está nas perdas causadas pela proibição das línguas de sinais e da atuação
de professores surdos educados conforme a educação trabalhada até o Congresso de Milão.
Como já mencionado, não há muitos indícios do que era feito ou como. Mas sabe-se que antes
do período oralista, toda as relações e ensinamentos eram repassados de maneira
“oral/sinalizada” de surdo para surdo. As narrativas e momentos de interação oportunizavam
que o conhecimento fosse mantido vivo, visto que, diferentemente do que acontece hoje, o
registro não era tão fácil ou disponível. O custo de produção de livros, fotografias e outros
materiais era bem mais alto
Hoje, a educação bilíngue é o parâmetro base, porém o oralismo e a chamada ditadura
ouvintista buscaram destruir aquilo que havia sido construído pelos primeiros professores de
surdos. 
Além disso, é um grave problema muitos professores que atuam hoje na educação de surdos
não reconhecerem a necessidade de adaptação de suas metodologias ouvintes para aquelas
que levam em conta a especificidade visual, como veremos a seguir. Mesmo em escolas de
surdos, há professores que utilizam uma metodologia expositiva, baseada na língua oral, ou
seja, os professores apenas escrevem conceitos no quadro e esperam que os alunos os
compreendam.
 
Fonte:freepik
USO DE IMAGEM NA EDUCAÇÃO DE
SURDOS
 
Fonte: Freepik
Muitas das práticas pedagógicas ainda comuns não levam em conta a diversidade existente e
abrem pouco espaço para dialogar com as realidades a seu redor. Há poucas exceções,principalmente quanto às avaliações feitas para todos, da mesma maneira e ao mesmo tempo.
Os espaços para avaliações menos generalistas ainda são poucos. Quando ocorrem, são
carregados de preconceitos, rotulando os alunos como aqueles que não aprendem como os
demais. A “diferença” muitas vezes é considerada negativa.
PARA ALÉM DA QUESTÃO DA LÍNGUA, PORTANTO, O
BILINGUISMO NA EDUCAÇÃO DE SURDOS
REPRESENTA QUESTÕES POLÍTICAS, SOCIAIS E
CULTURAIS. NESSE SENTIDO, A EDUCAÇÃO DE
SURDOS EM UMA PERSPECTIVA BILÍNGUE DEVE TER
UM CURRÍCULO ORGANIZADO EM UMA PERSPECTIVA
VISUAL ESPACIAL PARA GARANTIR O ACESSO A
TODOS OS CONTEÚDOS ESCOLARES NA PRÓPRIA
LÍNGUA DA CRIANÇA, A LÍNGUA DE SINAIS
BRASILEIRA.
Quadros, 2005, p. 34-35.
De maneira geral, os surdos utilizam uma linguagem ou uma língua visuoespacial para sua
comunicação. Por meio dela expressam seus sentimentos, suas opiniões e suas vontades,
como também dialogam com seus pares.
Toda comunicação que pretenda levar em conta quem são os sujeitos que utilizam a língua de
sinais deve ter em mente que a visão é o meio pelo qual ela deve passar. Só será possível
contemplarmos efetivamente o público surdo quando pensarmos na matriz visual e
deixarmos um pouco de lado nossa própria experiência ouvinte.
Se a forma como os surdos organizam seu pensamento é visual, dentro de sua própria
realidade, os professores ouvintes devem se lembrar disso ao preparar suas aulas.
LINGUAGEM
Neste caso, referimo-nos à linguagem para contemplar crianças surdas que chegam à
escola sem terem sido devidamente expostas a uma língua de sinais, apresentando
lacunas em sua aquisição da primeira língua.
TENDO EM VISTA O CARÁTER ESPACIAL-VISUAL DA
LÍNGUA DE SINAIS E, NATURALMENTE, O MAIOR
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES
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RELACIONADAS À MEMÓRIA E AO RACIOCÍNIO
VISUAIS, AS ATIVIDADES QUE ENVOLVERAM
IMAGENS E O CONTATO COM OBJETOS DE
SIGNIFICADO HISTÓRICO FORAM AS QUE
OBTIVERAM MELHORES RESULTADOS E QUE
GERARAM MAIOR INTERESSE E PARTICIPAÇÃO DA
TURMA.
Neves, 2009, p. 7907.
Apesar de muito frequentemente se tratar das necessidades educacionais dos surdos, poucos
professores usam material visual (não voltado para a escrita alfabética) em suas aulas,
conforme relatam muitos alunos ao relembrarem sua trajetória escolar.
Esse fato se deve, muitas vezes, à trajetória docente ouvinte, que sempre contou com alunos
ouvintes, posto que a maioria das aulas ministradas em escolas regulares e em classes
regulares é expositiva, nas quais somente são passados conceitos escritos na lousa. Há,
ainda, um fator importante: a formação desses docentes.
Saiba mais sobre a importância das imagens na educação de surdos e sobre alguns
problema de inadequação em seu uso.
EDUCAÇÃO BILÍNGUE NÃO SE ESGOTA EM
TRADUÇÃO
 
Fonte: Freepik
As aulas puramente orais ou mesmo traduzidas tornam-se pesadas e carregadas de conteúdo
para os alunos surdos, que necessitam de outras didáticas com recursos imagéticos, capazes
de beneficiar, ao mesmo tempo, os alunos ouvintes.
A utilização de suporte visual complementa e enriquece a educação regular nas salas de aula
para todos os presentes, e não apenas para surdos. Mas, para esses alunos, o suporte visual é
essencial. Por exemplo, muitos conceitos não possuem um sinal, ou há sinais não conhecidos
por todos. Quando se trabalha com palavras na educação bilíngue, é importante
apresentar palavra, sinal e imagem.
 EXEMPLO
Imagine uma aula sobre o Uruguai: país da América Latina que talvez seja desconhecido por
alguns alunos. Para que todos tenham acesso a esse conteúdo, o professor pode apresentar o
sinal, seguido do nome do país, que pode ser soletrado manualmente, e, por último, um mapa.
Assim, haverá diferentes caminhos para se ter acesso ao conteúdo.
Na literatura de educação bilíngue, alguns professores contam trabalhar com linhas do tempo
em História, a fim de explicar visualmente a contagem de tempo. Outra possibilidade é
apresentada no relato de Neves:
UM GRANDE CARTAZ DE PAPEL PARDO FOI DIVIDIDO
EM CINCO PARTES, E, EM CADA UMA DELAS, FORAM
COLADAS IMAGENS QUE REPRESENTAVAM AS
CARACTERÍSTICAS DA EUROPA, DA ÁSIA, DA ÁFRICA
E DA AMÉRICA NO SÉCULO XVI.
Neves 2009, p. 7908.
Como já vimos, todos os aprendizes são beneficiados por uma aula que utilize diversos
recursos. No caso de imagens, especificamente, o professor proporciona uma dinâmica
diferenciada, com uma quebra da linearidade de uso de apenas uma forma de comunicação.
Muitos livros de linguagens trazem figuras divertidas exatamente para que a comunicação
ocorra por diferentes vias.
Como já exposto, diversos termos utilizados em sala de aula não têm um sinal
oficial (dicionarizado) . Por isso, muitos professores sinalizantes de Libras ou com ajuda de
um intérprete apenas escrevem a palavra com o alfabeto manual.
 
Fonte:freepik
 A utilização de imagens auxiliam no aprendizado e comunicação.
Como no exemplo da aula sobre o Uruguai, é necessário que qualquer conceito seja
apresentado de maneira a gerar significado para o aluno. O mero digitalizar ou o soletrar de
uma palavra (e isso também serve para o aluno ouvinte), mesmo que decorada pelo estudante,
não significa compreensão, mas apenas reprodução. Cabe ao educador ajudar na construção
desse significado a ser apropriado pelo aluno.
As dúvidas quanto ao significado de palavras e se existe ou não seu sinal em Libras servem de
momento de construção pedagógica e podem ser aproveitadas para um aprendizado
significativo. 
A compreensão visual deve ser aliada da compreensão verbal para a leitura de mundo por
parte dos surdos. Privá-los desse recurso atrapalha seu processo de aprendizagem. Não à toa,
mesmo livros adultos utilizam ilustrações. 
OBSERVAMOS QUE A IMAGEM PARECE SER A
PRIMEIRA ESTRATÉGIA DESSES SUJEITOS PARA A
LEITURA DO CONTEÚDO VERBAL E, QUANDO NÃO
HÁ PISTAS SUFICIENTES NA IMAGEM, AS
INFERÊNCIAS DIMINUEM. NO ENTANTO, QUANDO HÁ
MAIS QUADRINHOS COM IMAGENS, FORTALECEM-SE
AS PISTAS QUE ESSES SUJEITOS NECESSITAM PARA
COMPREENDER O TEXTO.
Vieira; Araújo, 2012, p. 226.
RESULTADOS DA INADEQUAÇÃO
PEDAGÓGICA
 
Fonte: freepik
Relatos de professores em salas inclusivas com alunos majoritariamente ouvintes, muitas
vezes, trazem avaliações reducionistas quanto à capacidade de aprendizado desses surdos,
que não conseguem acompanhar o ritmo dos demais.
Quando o aluno não aprende, mesmo com o acompanhamento em tempo integral de um
profissional que sabe Libras, professores, supervisores e direção acabam relacionando as
dificuldades a uma baixa cognição do estudante.
Muitos dos problemas de baixo rendimento escolar vivenciados por alunos surdos, porém,
poderiam ser superados por uma experiência educacional que privilegiasse a visualidade.
Infelizmente, ainda são poucos os exemplos positivos na escolarização de surdos, em grande
parte, pela falta de preparo e pelo contexto em que esses alunos estão inseridos. 
Muitos professores trabalham com surdos sem qualquer preparo ou suporte teórico. Prefeituras
e governos estaduais abrem vagas, mas a inclusão sem capacitação de profissionais não é
sinônimo de integração e pode mesmo levar a visões equivocadas.
A MOTIVAÇÃO PARA ESSA COMPLEXA SITUAÇÃO
TEM UMA ALEGAÇÃO ANTIDISCRIMINATÓRIA, EM
FAVOR DA INTERAÇÃO SOCIAL DE SURDOS. NO
ENTANTO, OS BENEFÍCIOS EDUCACIONAIS DA
INTEGRAÇÃO DE APRENDIZES SURDOS EM CLASSES
SERIADAS, SEM QUE TENHAM DESENVOLVIDO
CAPACIDADE DE USO DO PB [PORTUGUÊS
BRASILEIRO] E, EM MUITOS CASOS, DA LIBRAS,
EQUIVALEM À SUBMERSÃO EM UM AMBIENTE SEM
FERRAMENTAS ESPECÍFICAS PARA UM TRABALHO
ESPECIALIZADO.
Soares, 2020, p. 70.
Felizmente, a Libras tem mais visibilidade atualmente. A cada dia, mais pessoas abraçam o
bilinguismo e incorporam práticas surdas na educação bilíngue. Nas palavras da importante
pesquisadora da área e primeira doutora surda do Brasil:
NÃO NOS IMPORTA QUE NOS MARQUEM COMO
REFUGOS, COMO EXCLUÍDOS, COMO ANORMAIS.
IMPORTA-NOS QUEM SOMOS, O QUE SOMOS E COMO
SOMOS. A DIFERENÇA SERÁ SEMPREDIFERENÇA.
NÃO TENTEM COLOCAR TODOS OS CAPITAIS DO
MUNDO PARA DECLARAR-NOS DIVERSOS, PORQUE
NÃO É ISSO QUE ESTAMOS SIGNIFICANDO.
Perlin, 2007, p. 10.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO PROCESSO EDUCACIONAL DE ALUNOS SURDOS OU OUVINTES, A
RELAÇÃO DO SIGNO COM O APRENDIZADO É:
A) Fundamental, pois pensamos por meio de signos.
B) Dispensável, já que é desnecessário sinalizar para pensar e aprender.
C) Arbitrária e necessária à metodologia de ensino.
D) Inescapável, pois é preciso decorar para aprender.
2. IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO: 
 
O PROFESSOR ESTÁ MINISTRANDO SUA AULA E SE DEPARA COM A
DÚVIDA DE UM ALUNO SURDO QUANTO A UMA PALAVRA DA LÍNGUA
PORTUGUESA DESCONHECIDA POR ELE. PARA SANAR A DÚVIDA DO
ESTUDANTE, O EDUCADOR DIGITALIZA ESSA PALAVRA COM O
ALFABETO MANUAL. SABEMOS QUE A ESTRATÉGIA DO DOCENTE NÃO
DEVE SER A ÚNICA ABORDAGEM DE ENSINO EM SALA DE AULA
DIANTE DESSA SITUAÇÃO, PORQUE:
A) A palavra pode ter um sinal correspondente, e é importante que o aluno surdo o conheça.
B) Não traz significação para o aluno surdo; logo, não produz conhecimento ou aprendizagem
real.
C) Muitas palavras demandam tempo para serem soletradas, interrompendo a dinâmica da
aula.
D) É importante que o aluno surdo pesquise por conta própria o que não conhece.
GABARITO
1. No processo educacional de alunos surdos ou ouvintes, a relação do signo com o
aprendizado é:
A alternativa "A " está correta.
 
O signo não apenas facilita a compreensão de um conceito e sua assimilação na memória,
mas representa um conceito, que pode integrar a memória como uma imagem. Por isso,
podemos afirmar que pensamos por signos, assim como pensamos por imagens. Disso resulta
a importância da relação entre signo e aprendizado.
2. Imagine a seguinte situação: 
 
O professor está ministrando sua aula e se depara com a dúvida de um aluno surdo
quanto a uma palavra da língua portuguesa desconhecida por ele. Para sanar a dúvida
do estudante, o educador digitaliza essa palavra com o alfabeto manual. Sabemos que a
estratégia do docente não deve ser a única abordagem de ensino em sala de aula diante
dessa situação, porque:
A alternativa "B " está correta.
 
A compreensão e a apreensão – ou seja, a assimilação de um conhecimento – dependem de
significação. Se um dado não tiver significado para o aluno surdo, este pode até memorizá-lo,
mas isso será apenas um processo de reprodução.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diariamente, somos bombardeados por imagens. No entanto, pouco pensamos sobre como
somos afetados e como nossa percepção estética é alterada em relação àquela do passado.
Partindo das compreensões da semiótica, pensamos no uso dos signos e tornamos nosso
entendimento mais significativo a respeito da utilização massiva de imagens ao nosso redor.
Ao estudarmos as matrizes da linguagem e do pensamento (sonora, visual e verbal),
fundamentamos nossa compreensão sobre a importância da linguagem visual na educação de
surdos.
Mesmo com as potencialidades das novas tecnologias, que também reforçam a matriz visual
no mundo contemporâneo, é importante compreender que há várias possibilidades a serem
exploradas quando se ajustam as práticas educadoras às novas realidades.
A educação precisa de dinamismo, pois os alunos estão inseridos na sociedade, que está em
constante transformação. O medo do novo ou a falta de percepção sobre a grandeza das
mudanças que ocorrem no mundo é um problema que impede a transformação da escola em
ambiente realmente inclusivo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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contemporânea. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, v.19, n. 2, p.
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KAHANE, J. The form of design: deciphering the language of mass produced objects.
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surdos na perspectiva de Kress e van Leewen. Revista Virtual de Estudos da Linguagem, v.
10, n. 19, p. 213-232, 2012.
EXPLORE+
Para compreender melhor as políticas linguísticas e o modelo educacional destinado a
estudantes surdos, pesquise na internet e leia o artigo:
LODI, A. C. B. Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a Política Nacional de
Educação Especial e o Decreto nº 5.626/05. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n.
1, p. 49-63, jan./mar. 2013
Também sugerimos que pesquise e acesse, na íntegra, as legislações a respeito do
assunto:
Lei nº 10.436/2002 – que dispõe sobre a Libras;
Decreto nº 5.626/2005 – que regulamenta essa lei.
CONTEUDISTA
Antonielle Cantarelli Martins
 CURRÍCULO LATTES
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