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ASSEPSIA E ANTI-SEPSIA

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ESTERILIZAÇÃO, DESINFECÇÃO, ANTI-SEPSIA 
Marcos históricos 
1683 – Leeuwenhoek descobre os micróbios. 
1857 – Pasteur descobre a pasteurização e a esterilização. 
1819-1865 – Ignatz instituiu a técnica de lavagem das mãos 
e do material cirúrgico + 1827-1912: instituiu a lavagem de 
feridas com fenol e operações sob aerossóis de fenol → 
Introdução da cirurgia asséptica. 
HOSPITAL DO SÉCULO XIX 
Construções miseráveis com os doentes amontoados em 
esteiras no chão ou em pequenas macas, às vezes vários em 
uma cama só. As mesas de operações eram também as de 
autopsia. A infecção alastrava impunemente. “Doenças dos 
hospitais” – podridão hospitalar. 
Imagem de um médico em um hospital de primeira em 
1870: usava casaca preta, bisturi sobressaindo do seu bolso 
e frequentemente era amolado na sola do sapato. No botão: 
fios de linho para suturas. Costumava limpar as mãos no 
peito da casaca, pois nessa época, os mais sujos eram os que 
mais trabalhavam. Exames seguidos pela enfermaria, sala de 
cirurgia, necropsia e enfermaria: raramente lavando as 
mãos. 
ASSEPSIA 
É um conjunto de medidas que permite manter um ser vivo 
ou um meio inerte isento de bactérias (o doente, a equipe 
cirúrgica e o ambiente). 
ESTERILIZAÇÃO 
É o processo que promove completa eliminação ou 
destruição de todas as formas de microrganismos presentes: 
vírus, bactérias, fungos, protozoários, esporos, para um nível 
aceitável de segurança. O processo de esterilização pode ser 
físico, químico, físico-químico. 
DESINFECÇÃO 
Método capaz de eliminar muitos ou todos os 
microrganismos patogênicos, com exceção dos esporos. 
ANTI-SEPSIA 
Refere à desinfecção de tecidos vivos com anti-sépticos. 
MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO 
 
MÉTODOS FÍSICOS: Calor – úmido ou seco. Radiação – raios 
gama ou cobalto. 
MÉTODOS QUÍMICOS – Glutaraldeído, formaldeído, ácido 
peracético, peróxido de hidrogênio, álcool, hipoclorito de 
sódio. 
MÉTODOS FÍSICO-QUÍMICOS – Esterilizadora a óxido de 
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, plasma de gases 
(vapor de ácido peracético e peróxido de hidrogênio), vapor 
de formaldeído. 
Plasma: estado físico da matéria definido como uma nuvem 
de íons, elétrons e nêutrons, altamente reativas. Produzido 
por aceleração de moléculas em campo eletromagnético. 
ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR ÚMIDO 
O calor úmido age por difusão do vapor d’água para dentro 
da membrana celular (osmose), hidratando o protoplasma 
da célula, produzindo alterações químicas (hidrólise) e 
coagulando mais facilmente o protoplasma (parte viva da 
célula), sob ação do calor. 
AUTOCLAVE 
É um aparelho utilizado para esterilizar artigos através do 
calor úmido sob pressão. 750mmHg (pressão), 121C, 30min. 
“Todo artigo resistente ao calor e compatível com umidade 
deve ser esterilizado pela autoclave”. 
Esteriliza: panos, borrachas, meios de cultura, solução salina, 
instrumental, vidraria sem precisão. 
Para evitar estragos em panos e borrachas usar 1150mmHg, 
128ºC por 6min. 
Emergência: 1400mmHg, 132ºC por 2min. 
Indicadores: químicos, biológicos e fita adesiva (fita 
impregnada com tinta termo sensível que muda de 
coloração quando exposta à determinada temperatura). 
 
FERVURA 
Temperatura de ebulição varia com a altitude. Eficiente 
para a forma vegetativa a 100ºC, por 30min. Esporos e vírus 
da hepatite resiste até 45h de fervura. 
Cuidados com o método: eliminar bolhas, gorduras e 
proteínas do instrumental, a água fervente tem ação 
corrosiva (oxidante). 
ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR SECO 
Mecanismo de ação: os microrganismos são carbonizados 
ou consumidos pelo calor (oxidação). A estufa é o aparelho 
mais comum. Podemos usar a chama (flambagem) ou a 
eletricidade (fulguração). 
Esteriliza materiais secos: vidraria, seringas, agulhas, pós, 
instrumentos cortantes, gases, vaselinadas e furacinadas, 
óleos, vaselina, etc. 
ESTUFA 
Parâmetros para esterilização: 160°C a 170°C por 2h (não 
abrir a estufa neste período). 
Flambagem e Fulguração 
Flambagem é a colocação do material sobre o fogo até que 
o metal fique vermelho. Vantagem: fácil execução. 
Desvantagem: não é seguro, pode não esterilizar alguns 
tipos de bactérias pelo baixo tempo de exposição, estraga o 
material. 
Fulguração: eletrocauterização (bisturi elétrico) – uso 
corrente em dermatologia. 
RADIAÇÕES – RAIOS GAMA/COBALTO 
Esteriliza materiais termossensíveis por atuar em baixas 
temperaturas: seringas, agulhas hipodérmicas, luvas, fios 
cirúrgicos, alimentos e resíduos e medicamentos. Elevado 
custo de implantação e controle. 
 
DESINFECÇÃO 
Características de um desinfetante ideal: amplo espectro, 
ação rápida, não ser afetado por fatores ambientais (luz). 
Ativo na presença de matéria orgânica. Compatíveis com 
sabões, detergentes e outros produtos químicos. Atóxico. 
Compatível com diversos tipos de material. Efeito residual. 
Fácil manuseio. Inodoro ou cheiro agradável. 
GLUTARALDEÍDO 
Efeito: germicida, esporocida, fungicida, virucida. 
Ação: desnaturação proteica. 
Produtos: cidex, glutacide, glutalabor. 
Materiais: instrumental óptico, metálico e plástico. 
FORMALDEIDO 
Espectro de ação: bactericida, fungicida e virucida. 
Efeitos adversos: corrosivo, toxico e irritante das vias aéreas, 
pele e olhos. 
Formas de uso: líquida e vapor. 
Indicações: conservação de peças anatômicas e de tecidos, 
preparo de vacinas virais, forma de pastilha (formalina) para 
esterilização de instrumentais, forma de pomadas (furacin) 
para curativos. 
ÁCIDO PERACÉTICO 
Ação: esporocida. 
Efeito: oxidação, desnaturação proteica, perda da 
permeabilidade da membrana celular. 
Formas de uso: líquida e vapor. 
Características: volátil, odor pungente, riscos de explosão e 
incêndio. Inativado na presença de sangue. 
Aplicação: material termossensíveis e passíveis de imersão 
em meio líquido. Hemodiálise. 
Decompõe em produtos não tóxicos a saber: ácido acético, 
água, oxigênio e peroxido de hidrogênio. 
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO 
Efeito: bactericida, virucida, fungicida, inativa bacilos da 
tuberculose e esporos. 
Ação: produção de radicais hidroxila livres que atacam as 
membranas lipídicas de DNA do micróbio. 
Características: esterilizante em formas líquida, gasosa e 
plasma. A forma de plasma tem perspectiva de substituir o 
óxido de etileno. É altamente oxidante, ativo na presença de 
matéria orgânica, tóxico e irritante para pele e olhos. 
STERRAD NX – Plasma de peróxido de hidrogênio: é um 
equipamento que utiliza peróxido de hidrogênio (água 
oxigenada a 58%) em estado especial, plasma, em baixa 
temperatura, o que possibilita a esterilização em apenas 
28min. Ideal para esterilizar: materiais de videocirurgia e 
materiais endoscópios. 
ÁLCOOL 
Efeito: germicida para forma vegetativa, detergente. 
Ação: precipitação ou desnaturação proteica. 
Etílico: solução instável, barato, pouco tóxico, hidroscópico, 
evapora rapidamente, não é esporocida. Por evaporar 
rapidamente o efeito residual é muito ruim, não sendo tão 
utilizado. 
Indicação: superfície externa dos materiais e superfícies de 
vidro. 
HIPOCLORITO DE SÓDIO 
É o desinfetante mais amplamente utilizado. Ação rápida e 
de baixo custo. Espectro de ação: amplo, agindo até em 
esporos. É mais conhecido como agente alvejante. 
ÓXIDO DE ETILENO 
É um gás inodoro, sem cor, inflamável e explosivo. 
Efeito: bactericida, esporocida, virucida. 
Vantagens: esteriliza materiais sem danificar. 
Desvantagens: alto custo, toxicidade, tempo longo do ciclo. 
No Brasil há uma legislação especifica sobre o 
funcionamento das centrais de esterilização por óxido de 
etileno. 
 
ANTI-SEPSIA 
Requisitos de um anti-séptico: amplo espectro de ação 
antimicrobiana, alto poder germicida, ação rápida e 
prolongada (efeito residual). Ação preservada na presença 
de líquidos orgânicos. Pouco efeito colateral. Outras 
características: solúvel, estável, não corrosivo, odoragradável ou ausente e baixo custo. 
IODO 
Efeito: o mais germicida dos halogêneos. 
Ação: por meio da oxidação, interrompe a síntese de 
proteínas e ácidos nucleicos. 
Características: tóxico e alergênico, alta tensão superficial 
(em solução aquosa). 
DERIVADOS DO IODO – IODÓFOROS: 
Iodo + Polivinilpirrolidona (PVPI) – Preservação das 
propriedades germicidas do iodo. Vantagens: não queima, 
não mancha os tecidos, raras reações alérgica, não interfere 
no metabolismo, mantém ação residual. Ex: Povidine – 
efeito bactericida, virucida, fungicida. Age diretamente na 
proteína, desnaturando-a. 
Apresentações: 
Degermante – lavagens das mãos e degermação do sítio 
operatório. 
Solução aquosa – feridas abertas ou mucosas. 
Solução alcoólica – anti-sepsia da pele integra. 
CLOROHEXIDINA 
Efeito: contra bactérias gram negativas e gram positivas, 
fungos, leveduras e vírus. 
Características: baixa toxicidade, insolúvel em água. 
Indicação: pele, mucosas, feridas. 
Apresentações: 
Degermante – lavagens das mãos e do sítio operatório. 
Aquosa – mucosas e ferida aberta. 
Alcoólica – antissepsia da pele integra. 
 
ÁLCOOL – USO COMO ANTI-SÉPTICO 
Técnica para higiene com álcool gel: 
1 – Antes, durante e após examinar ou prestar alguns 
cuidados em topografias diferentes no mesmo paciente e 
entre diferentes pacientes. 
2 – Antes e após administrar medicamentos. 
3 – Antes, durante e após verificar sinais vitais. 
4 – Antes, durante e após prestar cuidados aos pacientes 
portadores de germes multirresistentes. 
ASSEPSIA E TÉCNICA CIRÚRGICA 
Utilizar técnicas assépticas com paramentação completa 
antes do procedimento cirúrgico. Abrir equipamentos e 
soluções estéreis imediatamente antes do uso e utilizar 
técnica asséptica na administração de drogas. 
Degermação do sítio operatório com o mesmo degermante 
utilizado no banho e retirada o excesso com compressa 
estéril com soro fisiológico. 
Anti-sepsia do campo operatório em sentido centrífugo em 
campo ampliado, em sentido unidirecional, com antisséptico 
na formulação alcoólica, que contenha o mesmo princípio 
ativo que o degermante. 
Manusear tecidos delicadamente, realizar hemostasia 
eficiente, minimizar a desvitalização dos tecidos e corpos 
estranhos e erradicar o espaço morto no sítio cirúrgico. 
Utilizar fechamento primário retardado ou deixar a incisão 
aberta se o cirurgião considerar que o sítio cirúrgico está 
grosseiramente contaminado. Fechamento primário = 
sutura. 
Se uma drenagem se fizer necessário, utilizar drenos 
fechados à vácuo. Colocar dreno por uma incisão separada e 
distante da incisão cirúrgica. Retire o dreno mais precoce 
possível. 
LIMPEZA DA SALA CIRÚRGICA 
Água + Detergente: limpeza para remoção da sujidade. 
Álcool: desinfecção das superfícies. 
Tratamento do ar circulante na sala cirúrgica 
 
Sistema de pressão positivo, se abrir a porta o ar deve ser 
empurrado para fora, jamais entrar. 
O fluxo de ar é impulsionado por sistema de ar condicionado. 
O ar é tratado por filtros antes de entrar na sala.

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