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1 ASCP CIRURGIA 1 ASSEPSIA E ANTISSEPSIA Marcos Históricos: Em 1683, o Leeuwenhoek descobre os micróbios, dando a largada para as técnicas cirúrgicas moderna. Em 1857, Pasteur descobre a pasteurização e o processo de esterilização passa a ser possível. Assim, o Ignatz Semmelweis (1816-1865) instituiu a técnica de lavar as mãos e a lavagem do material cirúrgico, introduzindo técnicas de diminuição de infecções. E, o Joseph Lister (1827-1912) instituiu a lavagem de feridas com fenol e operações sob aerossóis de fenol. Dando início à Introdução da cirurgia asséptica. Antigamente, no século XIX, os hospitais eram construídos de forma bem precária, com doentes amontoados em esteiras no chão ou em pequenas macas. As mesas de operação costumavam ser as mesmas de uso de autopsias. E as infecções se alastravam amplamente. Os médicos desse período, em 1870, usavam casacas pretas, o bisturi ficava no bolso e era frequentemente amolado na sola do sapato e usava-se fios de linho para suturas. Não se lavava mãos e acreditava-se que os mais sujos eram os que mais trabalhavam. “Grandes cirurgiões, grandes incisões” - pensamento de antigamente, hoje procura-se o menor corte Conceitos: ASSEPSIA É um conjunto de medidas que permite manter um ser vivo ou um meio inerte isento de bactérias (o doente, a equipe cirúrgica e o ambiente). Então, quando se diz em ‘Técnica Asséptica’ se trata de prevenir o contato com os microrganismos. ESTERILIZAÇÃO É o processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes: vírus, bactérias, fungos, protozoários, esporos, para um nível aceitável de segurança. O processo de esterilização pode ser físico, químico, físico-químico. DESINFECÇÃO É o método capaz de eliminar muitos ou todos os microrganismos patogênicos, com exceção dos esporos. ANTISSEPSIA Refere-se à desinfecção de tecidos vivos com antissépticos. Então, a antissepsia é uma desinfecção dos organismos vivos. Métodos de Esterilização e Desinfecção: Fatores que influenciam o crescimento bacteriano: Temperatura Tipo de microrganismo Fase de crescimento Ambiente Existem os métodos físicos e químicos de esterilização e desinfecção: Métodos Físicos: • Calor: úmido/ seco • Radiação: raios Gama/ Cobalto Métodos Químicos: • Glutaraldeído • Farmaldeído • Ácido peracético • Peróxido de hidrogênio • Álcool • Hipoclorito de sódio Métodos Físico-químicos: • Esterilizadora a óxido de etileno • Plasma de peróxido de hidrogênio • Plasma de gases (vapor de ácido peracético e peróxido de hidrogênio) • Vapor de formaldeído PLASMA: Estado físico da matéria definido como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras, altamente reativas. Produzido por aceleração de moléculas por campo eletromagnético (micro-ondas ou radiofrequência). ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR ÚMIDO: O calor úmido age por difusão do vapor d’água para dentro da membrana celular (osmose), hidratando o protoplasma da célula, produzindo alterações químicas 2 ASCP (hidrólise) e coagulando mais facilmente o protoplasma**, sob a ação do calor. Objetiva-se lesar/matar a célula a partir do processo de calor úmido. **protoplasma = parte viva da célula FERVURA: Primeiramente, lembrar que a temperatura de ebulição varia com a altitude. E que a temperatura eficiente para a forma vegetativa a 100°C, por 30 minutos. Como ter um kit de primeiros socorros em casa? Eu compro um fio de sutura na farmácia, clorexidine (antisséptico), mas não tenho uma autoclave para fazer o processo de esterilização. O que fazer? Eu posso ferver o meu material, a 100° C por 30 minutos. Deve lembrar que os esporos e o vírus da hepatite resistem até 45 HORAS de fervura. Então, usar de fervura para esterilizar seria apenas em situação de caráter de exceção. Quais cuidados devemos ter na fervura? • Eliminar as bolhas • Eliminar gorduras e proteínas do instrumental • A água fervente tem ação corrosiva (oxidante), podendo estragar o material CÂMARA À VAPOR (AUTOCLAVE): É o aparelho mais utilizado para esterilizar artigos através do calor úmido sob pressão. É uma câmara de vapor que vai usar alta pressão (750 mmHg), a 121°C por 30 minutos. Quais cuidados devemos ter na autoclave? Todo artigo resistente ao calor e compatível com umidade deve ser esterilizado pela autoclave • Esteriliza: panos, borracha, meios de cultura, solução salina, instrumental, vidraria sem precisão. Para evitar estragos em panos e borrachas, usar 1150mmHg, 128°C por 6 minutos. (Aumenta pressão, temperatura e diminui tempo). Em emergência, 1400mmHg, 132°C por 2 minutos. Em todo processo, nós temos indicadores: químicos, biológicos e fita adesiva (fita impregnada com tinta termo sensível que muda de coloração quando exposta à determinada temperatura). Indicador e fita indicadora – mudam de cor, indicando que o material está esterilizado. A fita por fora e o indicador por dentro. ESTERILIZAÇÃO PELO CALOR SECO: Os microrganismos são carbonizados ou consumidos pelo calor (oxidação). A estufa é o aparelho mais comum de esterilização por calor seco. Podemos usar a chama (flambagem) ou a eletricidade (fulguração). Esteriliza materiais secos: vidraria, seringas, agulhas, pó, instrumentos cortantes, gases vaselinadas e furacinadas, óleos, vaselina, etc. O parâmetro para esterilização: 160°C a 170°C por 2 horas. E não se deve abrir a estufa neste período. FLAMBAGEM E FULGURAÇÃO: A flambagem é colocar o material sobre o fogo até que o metal fique vermelho. A vantagem é que é de fácil execução. Porém, a desvantagem é que não é um método seguro, pois pode não esterilizar alguns tipos de bactérias pelo baixo tempo de exposição. Estraga o material. A fulguração é a eletrocauterização (bisturi-elétrico) e tem uso recorrente em dermatologia. RADIAÇÕES – RAIOS GAMA/COBALTO: Esteriliza materiais termossensíveis por atuar em baixas temperaturas: agulhas hipodérmicas, luvas, fios cirúrgicos, alimentos e resíduos e medicamentos. A desvantagem é que possui elevados custos de implantação e controle. Características de um desinfetante ideal: • Amplo espectro • Ação rápida • Não ser afetado por fatores ambientais, por exemplo, a luz • Deve ser ativo na presença de matéria orgânica • Deve ser compatível com sabões, detergentes e outros produtos químicos • Atóxico • Compatível com diversos tipos de materiais • Efeito residual, ou seja, com uma ação mais prolongada • De fácil manuseio • Inodoro ou cheiro agradável Desinfetantes: GLUTARALDEÍDO: Tem efeito germicida, esporocida, fungicida, virucida. Tem ação por meio de desnaturação proteica. Nomes comerciais: CIDEX, GLUTACIDE, GLUTALABOR (disse que não precisa decorar). Os materiais esterilizados por ele: instrumental óptico, metálico e plástico. FORMALDEIDO: Espectro de ação: bactericida, fungicida e virucida. Efeitos adversos: corrosivo, tóxico e irritante das vias aéreas, pele e olhos. Por isso não é usado para antissepsia em microrganismos vivos, não deve ficar em contato com estruturas orgânicas. 3 ASCP Formas de uso: líquida e vapor. Indicações: conservação de peças anatômicas e de tecidos, preparo de vacinas virais, forma de pastilhas (FORMALINA) para esterilização de instrumentais, forma de pomadas (FURACIN) para curativos (menos tóxico ou corrosivo). ÁCIDO PERACÉTICO: Tem ação esporocida. Seu efeito é por meio de oxidação, desnaturação proteica, perda da permeabilidade da membrana celular. Formas de uso: líquida e vapor. Características: volátil, odor pungente, riscos de explosão e incêndio. Inativado na presença de sangue. Indicações: material termossensíveis e passíveis de imersão em meio líquido. Hemodiálise. Decompõeem produtos não tóxicos, como ácido acético, água, oxigênio e peróxido de hidrogênio. PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO: Efeito bactericida, fungicida, inativa bacilos da tuberculose e esporos. Ação: produção de radicais hidroxila livres que atacam as membranas lipídicas de DNA do micróbio. Características: esterilizante em formas líquida, gasosa e plasma. A forma de plasma tem perspectivas de substituir o óxido de etileno. É altamente oxidante, ativo na presença de matéria orgânica, tóxico, irritante para pele e olhos. PLASMA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO – STERRAD NX: É um equipamento que utiliza peróxido de hidrogênio (água oxigenada a 58%) em estado especial, o plasma, em baixa temperatura, o que possibilita a esterilização em apenas 28 minutos. Assim, pode-se utilizar em materiais que são termossensíveis e que não dariam certo na autoclave. Ideal para esterilizar: materiais de vídeocirurgia e materiais endoscópicos. ÁLCOOL: Efeito germicida para forma vegetativa, detergente. Ação: precipitação ou desnaturação proteica. Etílico: solução instável, barato, pouco tóxico, higroscópico, evapora rapidamente. Não é esporocida. Desvantagem, como evapora muito rápido, seu efeito residual é muito ruim e por isso não é usado em cirurgias. Indicação: superfície externa dos materiais, superfícies de vidro. Concentração em peso: entre 60% a 90%. Características da ação: ação limitada – evaporação muito rápida. HIPOCLORITO DE SÓDIO: É o desinfetante mais amplamente utilizado. Tem ação rápida e baixo custo. Seu espectro de ação é amplo, agindo até em esporos. ÓXIDO DE ETILENO: É um gás inodoro, sem cor, inflamável e explosivo. Seu efeito é bactericida, esporocida e virucida. As vantagens de seu uso é por esterilizar materiais sem danificar. As desvantagens são pelo alto custo, toxicidade e tempo longo de ciclo. Requisitos de um antisséptico: • Ele deve ter amplo espectro de ação antimicrobiana • Alto poder germicida • Ação rápida e prolongada (efeito residual) • Ação preservada na presença de líquidos orgânicos • Pouco efeito colateral • Outras características – solúvel, estável, não corrosivo, odor agradável ou ausente e baixo custo IODO: Efeito germicida. Ação se dá pela oxidação, ao interromper a síntese de proteínas e ácidos nucleicos. Tem características de ser tóxico e alergênico, alta tensão superficial (em solução aquosa). DERIVADOS DO IODO – IODÓFOROS: PVPI: É o que está impregnado na escovinha usada para a lavagem das mãos, é o que fica amarelo. O mais utilizado é o PVPI – que é o iodo + a polivinilpirrolidona (PVP), por preservar as propriedades germicidas do iodo -> POVIDINE Tem as vantagens de não queimar, não manchar tecidos, ter raras reações alérgicas, não interferir no metabolismo, manter ação residual. Tem efeito bactericida, virucida e fungicida. Ação diretamente na proteína, desnaturando-a. Apresentações: Degermante: lavagens das mãos e degermação do sítio operatório Solução aquosa: feridas abertas ou mucosas Solução alcóolica: antissepsia da pele íntegra CLOREXIDINA: É o que está impregnado na escovinha usada para a lavagem das mãos, é o que fica transparente. 4 ASCP Efeito contra bactérias gram negativas e gram positivas, fungos, leveduras e vírus. Características: baixa toxicidade e é insolúvel em água. Indicado para pele, mucosas e feridas. Apresentações: Degermante: lavagens das mãos e do sítio operatório. Aquosa: mucosas e ferida aberta Alcoólica: antissepsia da pele integra (Situação 1 - eu tenho uma ferida aberta e preciso fazer uma sutura, devo primeiro usar a solução degermante (sabão) para limpar sujidades presentes. Para a antissepsia, eu utilizo a solução aquosa para limpar a ferida aberta) (Situação 2 – vou realizar a retirada de uma pinta. Para isso, vou usar a solução alcoólica para a antissepsia, pois a pele é integra) ÁLCOOL – uso como antisséptico Como deve ser feito? Antes, durante e após examinar ou prestar alguns cuidados em topografias diferentes no mesmo paciente e entre diferentes pacientes. Antes e após administrar medicamentos. Antes, durante e após verificar controles (PA, P, T). Antes, durante e após prestar cuidados aos pacientes. Limpeza da sala cirúrgica: Água + detergente: limpeza para remoção da sujidade Álcool: desinfecção das superfícies Tratamento do ar circulante na sala cirúrgica: Existe uma sistematização do fluxo do ar dentro da sala cirúrgica. Geralmente o ar entra por um mecanismo de ar condicionado e filtrado pela região superior da sala. E, esse ar sai da sala pela porta ou por um mecanismo de drenagem, localizado na parte inferior da sala. Esse é o sistema de pressão positiva, pois ao abrir a porta de uma sala cirúrgica, o ar deve sair da sala e jamais ser jogado para dentro. Assepsia e técnica cirúrgica: Utilizar técnicas assépticas com paramentação completa antes do procedimento cirúrgico. Abrir equipamentos e soluções estéreis imediatamente antes do uso e utilizar técnica asséptica na administração de drogas. Não devemos abrir os materiais e deixa-los lá no tempo. Devemos sempre abrir imediatamente antes da cirurgia. A degermação do sítio operatório deve sempre ser o mesmo utilizado no banho e retirada o excesso com compressa estéril com soro fisiológico. Antes da cirurgia, o mesmo degermante (o da buchinha) que usamos para a lavagem das mãos é usado para fazer a limpeza do sítio cirúrgico, e como o degermante gera bolhas, por ser um sabão, eu devo retirar o excesso que fica no centro cirúrgico com uma compressa estéril com soro fisiológico antes de fazer a antissepsia com o antisséptico alcoólico. IMPORTANTE! A antissepsia do campo operatório é realizada em sentido centrífugo em campo ampliado (começa pelo local onde será a incisão e abre para as partes laterais), em sentido unidirecional, com antisséptico na formulação alcoólica, que contenha o mesmo princípio ativo que o degermante utilizado para degermar. Manusear tecidos delicadamente (o mais não- traumático possível), realizar hemostasia eficiente (para que aquele sangue não sirva como meio de cultura), minimizar a desvitalização dos tecidos e corpos estranhos e erradicar o espaço morto no sítio cirúrgico (são espaços com líquidos e secreções. Inclusive no momento da sutura, evitar que se forme lojas ‘buracos’ que possam acumular secreções e resíduos). Isso são técnicas para minimizar os riscos de infecções de feridas operatórias. Utilizar fechamento primário retardado ou deixar a incisão aberta se o cirurgião considerar que o sítio cirúrgico está grosseiramente contaminado. - Fechamento primário: é quando eu faço a sutura, o fechamento da ferida. - Quando o campo está nitidamente contaminado na cirurgia, eu não faço a sutura, porque é certo de que existe bactérias lá que não conseguirei acabar com elas, e fechando a ferida eu criaria um espaço morto para a proliferação bacteriana e criação de um abcesso. - Por exemplo, a drenagem de um abcesso: é uma região infectada que eu abro para a saída do pus. Nunca se deve re-suturar essa região, porque por mais que se faça uma limpeza, aquela região está contaminada e eu estaria refazendo o 5 ASCP abcesso. Então, em regiões de abcesso, o local deve ficar aberto. Se uma drenagem se fizer necessário, deve-se utilizar drenos fechados à vácuo. Como deve ser feito? Colocando o dreno por uma incisão separada e distante da incisão cirúrgica e retirar o dreno o mais precoce possível (lembrando que o tempo depende de cada cirurgia). Preparo da equipe cirúrgica: • Lavagem das mãos • Paramentação • Colocação das luvas Braços cruzados, acima da linha da cintura, considerada a região mais limpa do nosso sítio cirúrgico. Preparo da equipe cirúrgica:• Uso de solução alcoólica de clorexidine (ou a solução alcoólica de PVPI, que fica manchado de amarelo) – fazendo uma antissepsia ampla, sempre centrífuga e unidirecional • Posicionamento dos campos operatórios no paciente
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