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0907 - Legislação Orçamentária Lei da Responsabilidade Fiscal

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Núcleo de Educação a Distância
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Legislação Orçamentária: Lei da Responsabilidade Fiscal
SEMESTRE 3
	
Créditos e Copyright.
MARCONDES, Luciana Nogueirol Lobo.
Legislação Orçamentária: Lei da Responsabilidade Fiscal. Luciana Nogueirol Lobo Marcondes. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. 159p. (Material didático. Curso de Tecnologia em Gestão Pública).
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Ensino a distância. 2. Tecnologia em Gestão Pública. 3. Legislação Orçamentária: Lei da Responsabilidade Fiscal.
CDD 350					ID 907
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, COMERCIAIS, CONTÁBEIS E ECONÔMICAS
PLANO DE ENSINO
CURSO: Tecnologia em Gestão Pública
COMPONENTE CURRICULAR:  Legislação Orçamentária: Lei de Responsabilidade Fiscal
SEMESTRE:  3º
CARGA HORÁRIA TOTAL:  80 horas
 
EMENTA
Fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Planejamento, execução orçamentária e cumprimento de metas fiscais. A gestão tributária responsável, a renúncia da receita e o mecanismo de compensação. Receita Corrente Líquida. Regras para a geração de despesa: os conceitos de despesa autorizada e despesa obrigatória de caráter continuado. Regras para destinação de recursos públicos para o setor privado. Despesas com Pessoal: limites e regras. Dívida e endividamento: limites, vedações e limites. Transparência, controle e fiscalização.
 
OBJETIVO GERAL:
Analisar os principais pontos presentes na Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como suas bases constitucionais.
  
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
Unidade 1 –  Conceito e iniciação na LRF
Conhecer os fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente no tocante a planejamento, execução orçamentária e cumprimento de metas fiscais.
Unidade 2 –  Gestão Responsável - Receita
Compreender e contextualizar a gestão tributária responsável, a renúncia da receita e o mecanismo de compensação, bem como da Receita Corrente Líquida.
Unidade 3 – Gestão Responsável – Despesa
Entender as regras para a geração de despesa: os conceitos de despesa autorizada e despesa obrigatória de caráter continuado.
Unidade 4 – Destinação dos recursos Públicos
Compreender as regras para destinação de recursos públicos para o setor privado e despesas com pessoal: limites e regras.
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
· Entendendo o contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal;
· Introdução ao Estudo da Lei de Responsabilidade Fiscal;
· Entes obrigados pela LRF e Receita Corrente Líquida;
· Planejamento;
· Lei Orçamentária Anual - LOA;
· Banco Central e cumprimento de metas;
· Receita Pública;
· Renúncia de Receitas - Continuação;
· Despesa Pública;
· Despesa com o pessoal;
· Repartição dos Limites Globais de Despesa com Pessoal e Controle da Despesa Total;
· Verificação do Cumprimento dos Limites e Prazos e Medidas para Eliminação dos Excessos;
· Despesas com Seguridade Social e Transferências Voluntárias;
· Destinação de Recursos Públicos para o Setor Privado;
· Dívida e Endividamento;
· Dívida e Endividamento;
· Mais pontos relativos a Operações de Crédito;
· Garantia, contragarantia e restos a pagar;
· Gestão Patrimonial (introdução);
· Empresas controladas pelo Setor Público e a Transparência da Gestão Fiscal;
· Transparência e Escrituração;
· Consolidação das Contas;
· Outros pontos relativos aos Relatórios;
· Relatórios da Gestão Fiscal;
· Prestação de contas;
· Fiscalização da Gestão Fiscal;
· Disposições Finais da LRF;
· Assistência Técnica e Cooperação Financeira;
· Conselho de Gestão Fiscal;
· Disposições Finais e Transitórias;
· Excesso de Despesas e Penalidades;
· Revogação e Publicação.
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Comentários à Lei de responsabilidade fiscal. São Paulo: Saraiva, 2014. Livro. ISBN 9788502230484. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502230484>. Acesso em: 19 fev. 2019.
MUSSOLINI JÚNIOR, Luiz Fernando. Processo Administrativo Tributário. Barueri, SP: Manole, 2004. (Pearson-19-02-19)
SANTOS, Marcos Roberto dos. Administração Financeira e Orçamentária: estudos sobre Lei de Responsabilidade Fiscal. 2ed. São Paulo: Rideel, 2015. (Pearson-19-02-19)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:   
ABRAHAM, Marcus. Lei de Responsabilidade Fiscal comentada. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Livro. ISBN 9788530975098. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788530975098>. Acesso em: 19 fev. 2019.
ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão municipal. 6. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. Livro. ISBN 9788597010077. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597010077>. Acesso em: 19 fev. 2019. – 
MADEIRA, José Maria Pinheiro. Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2014. (Pearson-19-02-19)
RAMOS FILHO, Carlos Alberto de Moraes. Direito financeiro esquematizado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Livro. ISBN 9788547219475. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788547219475>. Acesso em: 19 fev. 2019.
SILVA, Moacir Marques da. Leei de responsabilidade fiscal: enfoque jurídico e contábil para os municipios. São Paulo: Atlas, 2014. ISBN 9788522488902. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522488902>. Acesso em: 19 fev. 2019. 
METODOLOGIA:
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
 
AVALIAÇÃO:
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
Sumário
Aula 01_Entendendo o contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal	10
Aula 02_Introdução ao Estudo da Lei de Responsabilidade Fiscal	14
Aula 03_Entes obrigados pela LRF e Receita Corrente Líquida	19
Aula 04_Planejamento	25
Aula 05_Lei Orçamentária Anual – LOA	31
Aula 06_Banco Central e Cumprimento de Metas	36
Aula 07_Receita Pública	41
Aula 08_Renúncia de Receitas - Continuação	46
Aula 09_Despesa Pública	50
Aula 10_Despesa com o pessoal	57
Aula 11_Repartição dos Limites Globais de Despesa com Pessoal e Controle da Despesa Total	61
Aula 12_Verificação do Cumprimento dos Limites e Prazos e Medidas para Eliminação dos Excessos	66
Aula 13_Despesas com Seguridade Social e Transferências Voluntárias	70
Aula 14_Destinação de Recursos Públicos para o Setor Privado	74
Aula 15_Dívida e Endividamento	78
Aula 16_Dívida e Endividamento – continuação	84
Aula 17_Mais pontos relativos a Operações de Crédito	89
Aula 18_Garantia, contragarantia e restos a pagar	94
Aula 19_Gestão Patrimonial (Introdução)	99
Aula 20_Empresas Controladas pelo Setor Público e a Transparência da Gestão Fiscal	104
Aula 21_Transparência e Escrituração	109
Aula 22_Consolidação das Contas	114
Aula 23_Outros pontos relativos aos Relatórios	118
Aula 24_Relatórios da Gestão Fiscal	123
Aula 25_Prestação de contas	126
Aula 26_Fiscalização da Gestão Fiscal	131
Aula 27_Disposições Finais da LRF	135
Aula 28_Assistência Técnica e Cooperação Financeira	140
Aula 29_Conselho de Gestão Fiscal	145
Aula 30_Disposições Finais e Transitórias	150
Aula 32_Revogação e Publicação	154
Aula 01_Entendendo o contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal
 Olá caros alunos, estamos iniciando este semestre e espero que todos estejam com muita vontade de aprender. A nossa matéria vai explicar em detalhes a Lei de Responsabilidade Fiscal, conhecida comoLRF. 
Para a nossa primeira aula peço que vocês voltem alguns anos atrás, mais precisamente para o ano 2000. 
O que se lembram dessa época? 
 Vamos fazer um breve histórico para que todos entendam o cenário jurídico e político que existia naquela época. 
O tema finanças públicas foi abordado pela Constituição Federal de 1988, nos artigos 163 até 169, atendendo ao clamor de doutrinadores que atrelavam o insucesso das políticas ficais ao mau uso das receitas públicas.
A falta de fiscalização das receitas gerou déficit público, e em decorrência deste vários investimentos foram deixados de lado investimentos, tais como nas áreas da saúde, da educação, da moradia, da segurança, do transporte, etc.
A Carta Magna de 1988, no que tange as finanças públicas, foi muito aplaudida, porém com o tempo tais dispositivos constitucionais passaram a ser interpretados de acordo com a conveniência de cada gestor. Tais gestores justificavam suas atitudes erronias diante da falta de regulação infraconstitucional sobre o tema. Assim, aconteciam obras "superfaturadas", desvios de verbas para a implementação de projetos impossíveis, contratações de pessoal sem a realização de concursos públicos, dentre outros escândalos.
Como intuito de preparar os governos estaduais e municipais para a LRF foram adotadas algumas medidas que antecederam a Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme a Cartilha do Tesouro Nacional: 
· Controle e redução da despesa de pessoal, nos termos da Lei Complementar nº 82 de 1995 – a chamada Lei Camata I;
· Privatização, concessão de serviços públicos, reforma patrimonial e controle de estatais estaduais; 
· Aumento da receita, modernização e melhoria de sistemas de arrecadação, de controle do gasto e de geração de informações fiscais, buscando explorar plenamente a base tributária e desenvolver esforços para incrementar a arrecadação tributária própria; 
· Compromisso de resultado fiscal mínimo, traduzidos neste caso, em metas de resultado primário trimestral; 
· Redução e controle do endividamento estadual;
· Edição da lei 9.496, de 11 de setembro de 1997, que autoriza a União a assumir a dívida pública mobiliária dos Estados e DF, além de outras dívidas autorizadas pelo Senado;
· Visitas técnicas da Secretaria do Tesouro Nacional nos Estados brasileiros (exceto Amapá e Tocantins) para avaliar os resultados fiscais do exercício anterior. 
Neste contexto histórico, o Brasil passava por transformações. Primeiramente houve um aumento absurdo da carga tributária, seguido da deterioração dos serviços públicos, escândalos e abusos políticos. Teoricamente, depois da fase Collor houve uma conscientização democrática da população. E foi nesse contexto que o Congresso Nacional promulgou a Lei complementar nº 101/2000, ou seja, a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A primeira meta da Lei de Responsabilidade era a administração pública burocrática pela gerencial e, desta forma, aumentar a eficiência na prestação dos serviços pelo Estado.
Embora a nossa LRF seja única no mundo, foram utilizados diversos modelos de outros países como paradigma na sua construção, incorporando princípios e normas internacionais.
A Grã-Bretanha adotou o modelo gerencial desde a década de 70, passando por três fases. Inicialmente, passou pelo modelo gerencial puro, com características financeiras muito fortes, como por exemplo, controle dos gastos públicos e redução do quadro de pessoal. Nas seguintes fases, mesmo com rigor financeiro, foram incorporados conceitos direcionados para a satisfação do cidadão. 
Os países que adotaram este caminho obtiveram o apoio da comunidade internacional, em especial do Fundo Monetário Internacional – FMI. Salienta-se que o FMI sempre prezou pela transparência dos atos de gestão.
A Nova Zelândia e a Comunidade Econômica Europeia também serviram de modelo para a legislação brasileira. A primeira adotou o Fiscal Responsibility Act[footnoteRef:1], em 1994, a segunda serviu de modelo a partir do Tratado de Maastricht[footnoteRef:2]. [1: Fiscal Responsibility Act: Lei de responsabilidade da Nova Zelândia que fixa princípios fiscais rígidos e exige forte transparência do Executivo, que tem permissão para orçar e gastar desde que cumpra as metas. Ex.: Reduzir a dívida pública.] [2: O Tratado de Maastricht é um pacto de estabilidade e crescimento de 1997, onde cada estado membro é responsável por sua política orçamentária, subordinada ás disposições do Tratado, que contem metas e punições.] 
Além disso, outros países auxiliaram na elaboração da nossa lei, tais como, Argentina, Estados Unidos, cujas normas de disciplina e controle de gastos do governo levaram a edição do Budget Enforcement Act[footnoteRef:3]. [3: Budget Enforcement Act: Lei de responsabilidade dos Estados Unidos que contempla apenas o governo federal. Fixa metas de superátiv, mecanismos de controle de gastos e compensação orçamentária, onde todo ato que provoca aumento das despesas deve ser compensado através de redução de outras despesas ou aumento de receita. ] 
Lembre-se que estes exemplos, embora tomados como referência para a elaboração da LRF, não foram os únicos parâmetros utilizados, já que não existe um manual perfeito de finanças públicas que possa ser utilizado integralmente por qualquer nação. 
Observação: 
A LRF não substitui nem revogou a Lei nº 4.320/64. 
REFERÊNCIAS:
NASCIMENTO, E.R.; DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em: 
<http://www3.tesouro.gov.br/hp/downloads/EntendendoLRF.pdf> Acesso em: 5 out. 2014
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014 
Aula 02_Introdução ao Estudo da Lei de Responsabilidade Fiscal
Agora que você já relembrou os acontecimentos anteriores a LRF e que justificaram seu surgimento, vamos fazer uma breve introdução. Você sabe o que essa Lei significa? Quais são seus objetivos e metas? Qual o conceito de responsabilidade? Não sabe? Então vamos começar...
Como já vimos, a LRF visa regulamentar a Constituição Federal, na parte do orçamento e da tributação que estabelece as normas gerais de finanças Públicas. Vejamos o artigo 163:
	
Art.163: Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;  
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.”
O autor José Mathias Pereira apresentou observação pertinente na época da aprovação da LRF, que ainda hoje ecoa como se tivesse sido feita nos dias de hoje: 
Busca o governo brasileiro, com a aprovação da lei de responsabilidade fiscal, introduzir na administração pública conceitos novos, entre os quais os de responsabilidade e transparência, e consolidar normas e regras de austeridade nas finanças públicas já contidas em dispositivos constitucionais, leis e resoluções do Senado Federal. O Projeto de Lei define conceitos e critérios para o atendimento de limites a serem observados para as principais variáveis fiscais e cria mecanismos que oferecem as condições para o cumprimento dos objetivos e metas ficais, assim como formas de correção de eventuais desvios. As principais variáveis são o endividamento público, o aumento dos gastos com seguridade e com as demais ações de duração continuada e os gastos de pessoal[footnoteRef:4] [4: Controle de gastos públicos, crise econômica e governabilidade no Brasil, Revista de Informação Legislativa, Brasília: Senado Federal, 144:41, out/dez.1999.] 
A Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei complementar nº 101/2000, é um código de conduta para osadministradores públicos de todo o país. Mas o que isso significa? Significa que os administradores dentro dos três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) devem obedecer essa lei, a saber que esta vale nas três esferas do governo (federal, estadual e municipal). 
Conceitos importantes para o bom entendimento da LRF
· Responsabilidade: “é formada do vocábulo responsável, de responder, do latim respondere, tomado da significação de responsabilizar-se, vir garantido, assegurar, assumir o pagamento do que se obrigou ou do ato que se praticou”[footnoteRef:5]. A responsabilidade está ligada ao dever jurídico, cujo descumprimento implica numa reação coercitiva (como sanção)[footnoteRef:6]. [5: De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, 13.ed.,Rio de Janeiro: Forense, 1997.p.124.] [6: Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito, 4.ed., Coimbra: Arménio Amado, 1976, p.177.] 
· Finanças públicas: são operações destinadas à obtenção, distribuição e aplicação dos recursos financeiros imprescindíveis à consecução das metas perseguidas pelo Estado na satisfação das necessidades coletivas[footnoteRef:7]. [7: José Matias Pereira, Finanças Públicas: a política orçamentária no Brasil, São Paulo: Atlas, 1999, p.31] 
· Política fiscal: correspondendo à ação do Estado quanto aos gastos públicos e a obtenção da receita pública[footnoteRef:8]. [8: Paulo Sandroni, Dicionário de economia, cit., p. 140] 
Metas e Objetivos
A Lei de Responsabilidade Fiscal mudou a administração pública no Brasil, posto que seu objetivo primário funda-se na melhora das contas públicas no Brasil, buscando coibir o mau uso dos recursos estatais, delineando regra de planejamento, caracterizada pela atividade financeira, orçamentária e creditícia, com a formulação de instrumentos de controle do endividamento e despesas públicas, principalmente das despesas obrigatórias de caráter continuado[footnoteRef:9]. [9: Senador Jefferson Peres, Pauta da 13ª Reunião da Comissão de Estudos Econômicos, Brasília: Senado Federal, 1999, p.37. ] 
O principal propósito da Lei de Responsabilidade Fiscal está no caput do artigo 1°: estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade da gestão fiscal. Mas o que é responsabilidade na gestão fiscal? A resposta está no art. 1º, §1º, da LRF:
· Ação planejada e transparente, baseada em planos previamente traçados e aprovados;
· Prevenção de riscos e correções de desvio que afetem o equilíbrio das contas públicas;
· Garantia de equilíbrio nas contas;
· Cumprimento de metas relativas às receitas e despesas;
· Apresentação de limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com o pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessões de garantia e inscrição em restos a pagar.
Princípios Básicos:
Principio é à base de qualquer espécie legislativa. Nesse sentido, no que tange a lei em tela, são instrumentos essenciais à administração dos recursos financeiros colocados à disposição do Poder Público.
	Prevenção de déficit fiscal.
	Estabelece o equilíbrio entre as aspirações sociais e os gastos desembolsados no sentido de satisfazer tais expectativas. Coíbe o endividamento público irresponsável.
	Desequilíbrio Fiscal.
	Analisar os fatores que comprometem a eficácia de qualquer ajuste fiscal. 
	Segurança.
	Objetiva afastar os efeitos danosos de eventos imprevistos.
	Transparência.
	Oferece efetividade ao Princípio Administrativo da Publicidade.
Para relembrar: 
Principais pontos da LRF:
· Fixar limites para despesas com o pessoal;
· Fixar limites para a dívida pública;
· Criar metas para controlar receitas e despesas;
· Controlar novas despesas continuadas, sem fonte de receita e sem redução de gastos.
REFERÊNCIAS:
NASCIMENTO, E.R.; DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em:
 <http://www3.tesouro.gov.br/hp/downloads/EntendendoLRF.pdf> Acesso em: 5 out. 2014.
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 5 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 5 out. 2014 
Aula 03_Entes obrigados pela LRF e Receita Corrente Líquida
Vamos começar a nossa terceira aula explicando quem são os Entes Públicos obrigados a obedecer o disposto na LRF. Você já deve estar com a Lei nº 101/00 em mãos.
Entes obrigados a cumprir a LRF (art. 1º, §2º e §3º da LRF)
 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ou seja, a Administração Pública Direta, em todas as esferas de poder, isto é, Poder Legislativo, Executivo e Judiciário. Ademias, deve também respeito à lei em tela: o Tribunal de Contas (da União, do Estado, do DF e do Município – quando houver) e o Ministério Público.
 Quanto a Administração Pública indireta, também devem obediência e LRF as autarquias, fundações públicas e empresas estatais dependentes.
O artigo seguinte da lei explica detalhadamente quem são os entes descritos acima, por exemplo, você sabe o que significa empresa estatal dependente?
Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
Veja que a LRF é bem minuciosa, a fim de minimizar brechas.
Tipo de receitas
Como é de conhecimento geral, a administração pública precisa de dinheiro para agir em favor da sociedade. Esse dinheiro é chamado de receitas públicas. Essas receitas são classificadas como derivadas ou originárias. As receitas originárias são obtidas através do conjunto de bens públicos e através das empresas mantidas pelo governo, sejam elas industriais, comerciais ou agrícolas. 
Um meio de aquisição de receita originária: terrenos de marinha. As receitas derivadas são aquelas que vocês conhecem bem, que são retiradas compulsoriamente do patrimônio particular através dos tributos.Fonte: Tribunal de Contas de Santa Catarina.
O inciso IV do artigo 2º trata da receita corrente líquida, que é a soma de todas as receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes. 
Nesse sentido, vale a pena ressaltar que na apuração da receita corrente da União serão deduzidas: 
1) As parcelas entregues aos Estados e Municípios por determinação constitucional;Fórmula para Apuração da RCL - União
+ Receitas Tributárias;
+ Receitas Patrimoniais;
+ Receitas Agropecuárias;
+ Receitas Industriais;
+ Receitas de Serviços;
+ Receitas de Contribuições;
+ Receitas de Transferências Correntes;
+ Receitas de Outras Transferências;
+ LC nº 86/97 (Lei Kandir);
+ Valores recebidos do FUNDEF;
(-) Valores destinados ao FUNDEF;
(-) Transferências Constitucionais aos Estados e Municípios;
(-) Contribuições para o financiamento da seguridade social;
(-) Contribuições para o financiamento do seguro-desemprego e PIS;
(-) Contribuições dos servidores para o custeio do sistema previdenciário e assistencial;
(-) Compensação entre sistema de previdência;
(-) valores em duplicidade de um mesmo recurso;
2) As contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social (alínea a do inciso I e no inciso II do artigo 195 da CF/88);
3) As contribuições destinadas ao financiamento do Seguro- Desemprego e do PIS (artigo 239 da CF/88);
4) As contribuições dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social;5) Os valores decorrentes da compensação financeira entre regimes de previdência (§9º do artigo 201 da CF/88);
6) As duplicidades na contabilização de um mesmo recurso (por exemplo transferências intragovernamentais). 
Na apuração da Receita Corrente dos Estados serão deduzidas:
1) As parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional (Ex.: ICMS e IPVA);
2) As contribuições dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social;
3) Os valores decorrentes da compensação financeira entre regimes de previdência (§9º do artigo 201 da CF/88);
4) As duplicidades na contabilização de um mesmo recurso (por exemplo transferências intragovernamentais)
Na apuração da Receita Corrente dos Municípios serão excluídas:
1) As contribuições dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social;Fonte: Tribunal de Contas de Santa Catarina.
Fórmula para Apuração da RCL - Estado
+ Receitas Tributárias;
+ Receitas Patrimoniais;
+ Receitas Agropecuárias;
+ Receitas Industriais;
+ Receitas de Serviços;
+ Receitas de Contribuições;
+ Receitas de Transferências Correntes;
+ Receitas de Outras Transferências;
+ LC nº 86/97 (Lei Kandir);
+ Valores recebidos do FUNDEF;
(-) Valores destinados ao FUNDEF;
(-) Transferências Constitucionais aos Municípios;
(-) Contribuições dos servidores para o custeio do sistema previdenciário e assistencial;
(-) Compensação entre sistema de previdência;
(-) valores em duplicidade de um mesmo recurso;
2) Os valores decorrentes da compensação financeira entre regimes de previdência (§9º do artigo 201 da CF/88);
3) As duplicidades na contabilização de um mesmo recurso (por exemplo transferências intragovernamentais).
O objetivo da fórmula de cálculo da Receita Corrente Líquida é encontrar as receitas disponíveis dos entes para arcar com as despesas com pessoal e pagamento de dívidas, por isso são excluídas as receitas vinculadas a destinações específicas. Entretanto, as receitas decorrentes de transferências voluntárias (Ex.: Programa de Saúde da Família) integram a base de cálculo.Fórmula para Apuração da RCL - União
+ Receitas Tributárias;
+ Receitas Patrimoniais;
+ Receitas Agropecuárias;
+ Receitas Industriais;
+ Receitas de Serviços;
+ Receitas de Contribuições;
+ Receitas de Transferências Correntes;
+ Receitas de Outras Transferências;
+ LC nº 86/97 (Lei Kandir);
+ Valores recebidos do FUNDEF;
(-) Valores destinados ao FUNDEF;
 (-) Contribuições dos servidores para o custeio do sistema previdenciário e assistencial;
(-) Compensação entre sistema de previdência;
(-) valores em duplicidade de um mesmo recurso;
A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, isso significa:
Receita Corrente Líquida = RMR + R1ºMA = R2ºMA+ ... + R11ºMA, onde:
RMR = Receita mês de referência;
R1ºMA = Receita primeiro mês anterior;Fonte: Tribunal de Contas de Santa Catarina.
R2ºMA = Receita segundo mês anterior;
R11ºMA = Receita décimo primeiro mês anterior 
 
Fonte: Cartilha do Tesouro Nacional
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 5 out. 2014.
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 5 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 5 out. 2014 
Aula 04_Planejamento 
Depois da promulgação da LRF, o planejamento tornou-se elemento primordial para a efetivação da gestão fiscal responsável, através da transparência dos resultados e o controle de limites e prazos. 
Por imposição da LRF, as informações, metas, limites e condições para renúncia de receitas, geração de despesas, assunção de dívidas, realização de operações de crédito e concessão de garantias devem ser apreciadas nos seguintes instrumentos: 
· Plano Plurianual; 
· Lei de Diretrizes Orçamentárias; 
· Lei Orçamentária Anual. 
Esses três instrumentos são mecanismos de planejamento e acompanhamento da gestão orçamentária, ocasionando, ainda, a possível intervenção social na gestão de prioridades administrativas.
Plano Plurianual
O artigo 3º da LRF previa prazos para a elaboração do projeto de lei do Plano Plurianual, mas em razão do reduzido período estipulado em tal dispositivo para a elaboração de um documento tão importante, esse artigo foi vetado. 
Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO
O artigo 4º trata sobre a lei de diretrizes orçamentárias, segundo o disposto no artigo 165, inciso II e §2º da Constituição Federal:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
(...)
II - as diretrizes orçamentárias;
A LDO, na sua concepção original, tinha como função básica orientar a elaboração dos orçamentos anuais, além de estabelecer as prioridades e metas da administração, no exercício financeiro subsequente. Entretanto, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO recebe novas e importantes funções, sendo as mais importantes: 
1. Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas; 
2. Estabelecer critérios e formas de limitação de empenho (limitar a realização de novas despesas), na ocorrência de arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as metas de resultado primário e nominal previstas para o exercício; 
3. Dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento; 
4. Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas;
5. Fixar metas e prioridades da Administração Pública Federal, com a inclusão das despesas de capital (aplicação do recurso em obras) para o exercício financeiro subsequente; 
6. Estabelecer no seu texto os parâmetros indispensáveis à elaboração da Lei Orçamentária Anual;
7. Disciplinar como deverão ser efetivadas as alterações da legislação tributária no sentido da concessão ou ampliação de incentivo, isenção ou benefício, de natureza tributária ou financeira, bem como suas implicações na estimativa das receitas do projeto de Lei Orçamentária Anual;
8. Dispor sobre a política de aplicação dos recursos das agências financeiras oficiais de fomente, observada as especialidades de cada uma. 
9. É de se consignar que o principal objetivo da LDO é o controle do déficit público, permitindo o equilíbrio entre receitas e despesas, visando coibir o endividamento desordenado do setor público. 
10. Trata-se de um instrumento que funciona como elo entre o Plano Plurianual e os orçamentos anuais, compatibilizando as diretrizes do plano com as disponibilidades financeiras para determinado exercício. 
11. Falando em exercício, uma das características da LDO é a sua transitoriedade, pois seus efeitos cessam no momento em que cumpre a sua função anual.
12. De acordo com o artigo 35, §2º, inciso II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT da Constituição Federal, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (final de junho).
Anexo de Metas
O Anexo de Metas Fiscais, determinado pela LRF, deverá fazer parte integrante do projeto de LDO, onde serão estabelecidas metas para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes (planejamento de dimensão trienal), em valores correntes e constantes, relativa a:
· Receitas;
· Despesas;
· Resultado Nominal (diferença entre todas as receitas arrecadas e as despesas totais);
· Resultado Primário (receita menos despesas, excluídos encargos – principal e juros da dívida ativa); 
· Montante da DívidaPública.
 
O Anexo de Metas Fiscais deverá conter obrigatoriamente:
- avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior (comparativo);
- demonstrativo das metas anuais;
- evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
- avaliação da situação financeira e atuarial dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; 
- demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita (ex.: Anistia, Isenção);
- demonstrativo da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado, 
- previsão de receitas disponíveis para o crescimento de despesas de caráter continuado considerando as expectativas de arrecadação, incluindo a perspectiva de crescimento da economia nacional e local.
Anexo de Risco Fiscal
A LDO também conterá um Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
De um modo geral, os riscos e eventos fiscais e passivos contingentes são as despesas decorrentes de situações que extrapolam as previsões iniciais, 
 Despesas com decisões judiciais; despesas com casos de emergência...
Anexo Específico
A Lei de Diretrizes Orçamentarias deverá ter um anexo onde apresentará:
- os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial;
- os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis;
- as metas de inflação, para o exercício subsequente.
O objetivo deste anexo é uniformizar os procedimentos entre as instituições oficiais de crédito da União e as entidades que cuidam do desenvolvimento regional. 
Curiosidade!!:
Você sabe do que é formado o orçamento anual?
O orçamento anual é a soma do orçamento fiscal + orçamento de investimentos + o orçamento da seguridade social, formando um orçamento unificado.
	Orçamento Fiscal
	Contempla os Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta, inclusive fundações mantidas pelo Poder Público.
	Orçamento de Investimento
	Contempla as Empresas que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.
	Orçamento da Seguridade Social
	Abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da Administração direta ou indireta, bem como os fundos e as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 6 out. 2014.
NASCIMENTO, E.R.; DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em: 
<http://www3.tesouro.gov.br/hp/downloads/EntendendoLRF.pdf> Acesso em: 6 out. 2014
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 6 out. 2014 
Aula 05_Lei Orçamentária Anual – LOA
Caro aluno, vamos aproveitar essa oportunidade para analisar a LOA. Conto com você!
A Lei Maior, no artigo 165, §5º da CF/88 prevê a Lei orçamentária Anual. É este um importante instrumento de gerenciamento orçamentário e financeiro da Administração Pública, cuja principal finalidade é administrar o equilíbrio entre receitas e despesas públicas. 
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
(...)
III - os orçamentos anuais.
(...)
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. (grifo nosso)
§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Nesse sentido, a LOA deverá ser elaborada de forma compatível com o Plano Plurianual e com a LDO e, sem prejuízo dos demonstrativos estatuídos pela Lei nº 4.320/64.
Conforme o artigo 35 do ADCT, o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado ao Legislativo até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (final de agosto) e devolvido para a sanção até o encerramento da sessão legislativa (até dezembro). 
O Projeto de LOA deverá conter:
- demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes no Anexo de Metas Fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentária;
- o demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (documento do artigo 165, §6º CF/88);
- a medida de compensação da renúncia de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
- reserva de contingência[footnoteRef:10], cuja forma de utilização será estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, destinadas ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; [10: As reservas de contingência têm a finalidade de atender perdas decorrentes de situações emergenciais, seja para o atendimento do eventual ou imprevisto, seja para cobrir projeções de receitas equivocadas.] 
- todas as despesas relativas à dívida pública (somatório dos débitos do Poder Público), mobiliária[footnoteRef:11] ou contratual, e as receitas que as atenderão; [11: São valores mobiliários: as ações, partes beneficiárias e debêntures, os cupons desses títulos e os bônus de subscrição; os certificados de depósito de valores mobiliários; outros títulos criados ou emitidos pelas Sociedades Anônimas, a critério do Conselho Monetário Nacional. ] 
- o refinanciamento[footnoteRef:12] da dívida pública; [12: O refinanciamento é o pagamento do principal, acrescido da atualização monetária da dívida pública federal, realizado com receita proveniente da emissão de títulos.] 
- as despesas da União com o Banco Central do Brasil, relativas à pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos;
- Autorização para que os Municípios contribuam para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação (art. 62, I, LRF).
Limitações:
A LRF também estabeleceu algumas limitações durante a elaboração da LOA:
1) A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica;
2) É vedado consignar nalei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada;
3) A lei orçamentária não consignará dotação[footnoteRef:13] para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão; [13: Dotação é o valor devidamente quantificado que o Poder Público insere no orçamento para a satisfação de seus gastos, no caso, com essa espécie de despesa de capital. ] 
4)  A lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. (Artigo 45 da LRF).
Despesas com o Banco Central
A Lei Orçamentária Anual deve conter as despesas com o quadro funcional do Banco Central e com os encargos sociais, que também caracterizam uma condição onerosa. 
As despesas de custeio administrativo estão previstas no orçamento que a administração faz para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação. 
Já as despesas com investimentos são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresa que não sejam de caráter comercial ou financeiro[footnoteRef:14]. [14: Lei nº 4.320, de 17-3-1964, art. 12, §4º.] 
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 6 out. 2014.
NASCIMENTO, E.R.; DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em <http://www3.tesouro.gov.br/hp/downloads/EntendendoLRF.pdf> Acesso em: 6 out. 2014
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Aula 06_Banco Central e Cumprimento de Metas
Olá Alunos, espero que vocês estejam gostando das nossas aulas, a matéria é bem extensa e detalhista, por esse motivo é muito importante ter sempre a LRF em mãos. Em caso de dúvidas, lembre-se que você pode sempre questionar os professores da disciplina. 
O Banco Central do Brasil é um dos tópicos que vamos falar nesta aula. O BCB é uma autarquia da Administração Pública federal direta, vinculada ao Ministério da Fazenda com personalidade jurídica de direito público e patrimônio próprio. Foi criado pela Lei nº 4.595/64 e iniciou as suas atividades em 31 de março de 1965, em substituição à antiga SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) 
São atribuições do Banco Central:
· Confecção do nosso dinheiro e do material utilizado;
· Elaborar balanços monetários;
· Controlar o crédito;
· Realizar operações com o Tesouro, dentre outras;
· Estabelecer o equilíbrio monetário externo e interno (principal função), regulando o Sistema Financeiro Nacional. 
O artigo 7º da LRF trata dos resultados do Banco Central. Se os resultados forem positivos (se o BC tiver lucro) ele deverá transferir esse resultado para o Tesouro Nacional até o décimo dia útil subsequente à aprovação dos balanços semestrais. Contudo, se o BC tiver prejuízo, o Tesouro Nacional fica obrigado a cobrir esse resultado negativo e esse valor será consignado em dotação específica do orçamento.
Salienta-se que trimestralmente o BC deve demostrar o impacto e o custo fiscal das operações que realiza, assim como os balanços que deverão conter:
· Notas explicativas sobre os custos da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional[footnoteRef:15]; [15: A soma de bens que o BC pode dispor, sem qualquer ofensa à normalidade dos seus negócios. ] 
· Dos custos da manutenção das reservas cambiais[footnoteRef:16] e a rentabilidade de sua carteira de títulos[footnoteRef:17], destacando os de emissão da União. [16: A compra e venda de dólares.] [17: Aquisição e Venda de títulos da Letra do Tesouro Nacional e obrigações do governo com os demais bancos e o público em geral.] 
Execução Orçamentária e Cumprimento das Metas.
	Consoante preceito contido no art. 8º da LRF, o Poder Executivo tem até 30 dias, após a publicação dos orçamentos para estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal e desembolso. 
· Orçamento – planejamento: este instrumento objetiva a aproximação dos valores orçados com o efetivo fluxo financeiro, permitindo a avaliação bimestral das metas fiscais e o acompanhamento da execução orçamentária. 
 Cabe ressaltar que os recursos legalmente vinculados à finalidade específica deverão ser utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele que ocorrer o ingresso. 
Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão prevista no § 1º do artigo 166 da CF/88 (Comissão mista permanente de Senadores e Deputados) ou equivalente nas Casas Legislativas Estaduais e Municipais.
Mecanismos de controle da execução orçamentária e cumprimento de metas
· Programação Financeira e cronológica de desembolso – até 30 dias após publicação do orçamento (art. 8º LRF)
· Relatório resumido da execução orçamentária – 30 dias após o encerramento de cada bimestre (art. 165, § 3º CF/88).
· Demonstrativo do Poder Executivo, perante o Poder Legislativo, do cumprimento das metas fiscais – fevereiro, maios e setembro (art. 9º, §4º LRF).
	 
Todos esses demonstrativos e relatórios apresentados tem por objetivo demostrar se a receita poderá ou não comportar o cumprimento das metas. Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, nos trinta dias subsequentes do resultado negativo, limitação de empenho e movimentação financeira, segundos os critérios fixados pela LDO. 
 	Caso os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promovam a limitação no prazo acima consignado, é o Poder executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados na LDO.	
Saiba Mais!
Quando ocorre a limitação de empenho, o governo que foi “limitado” deixa de executar parte do orçamento, e fixa um montante que se tornará indisponível, comunicando os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público da União
Ressalta-se, por fim, que não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela LDO.
Caso a receita volte a cumprimento as metas, mesmo que parcialmente, haverá a recomposição, de forma proporcional, das dotações cujo empenho foi limitado.
Quanto à política monetária, creditícia e cambial, sob responsabilidade do Banco Central do Brasil, também será objeto de avaliação no tocante ao cumprimento de suas metas e objetivos. Esse procedimento será realizado no prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, numa reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, onde o BC apresentará o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.
Pagamentos dos Precatórios.
 Uma das despesas que deve estar prevista no orçamento é o pagamento dos precatórios.A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, a fim de observar a ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
Regra: é a Ordem Cronológica, ou seja, quem possui uma sentença transitada em julgado mais antiga recebe primeiro;
Exceções: 
· 1º) Primeiro devem ser pagos os débitos de natureza alimentícia com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei (precatório de pequeno valor), admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório (até 3x o valor pago com preferência, o valor a mais será pago na ordem cronológica): 
· cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório;
· ou portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos .
2º) Em segundo lugar, serão pagos os débitos de natureza alimentícia decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 
	
REFERÊNCIAS
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 6 out. 2014 
Aula 07_Receita Pública
Vamos agora analisar as receitas públicas, ponto este indispensável para o bom andamento da máquina administrativa. Conto com seu empenho!
O que são Receitas Públicas?
São as entradas de recursos definitivos, de todo e qualquer dinheiro nos cofres públicos, ou seja, é o “total de valores, representado em dinheiro, recebido pelo erário público”[footnoteRef:18], provenientes de várias espécies de rendas: ordinárias, extraordinárias e especiais. [18: De Plácido e Silva, Vocabulário jurídico, cit, p.677.] 
Lembrando! 
As receitas derivadas vocês já sabem que são compostas pelos tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria e contribuições especiais. 
Já as receitas extraordinárias são compostas pela reserva legal que a Constituição Federal prevê em determinada situações (calamidade pública, guerra externa ou iminente). Nessas hipóteses a União poderá instituir impostos extraordinários (art. 154, II, CF/88) e empréstimos compulsórios (art. 148, I, CF/88). 
Por fim, as receitas originárias são obtidas através do acervo de bens públicos e das empresas mantidas pelo governo, sejam elas industriais, comerciais ou agrícolas.
	
Previsão e Arrecadação
A instituição[footnoteRef:19], previsão e a efetiva arrecadação[footnoteRef:20] de todos os tributos é requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal. O descumprimento dessa norma terá como consequência a imediata suspensão das transferências voluntárias[footnoteRef:21], de impostos, ao ente público que se mostrar negligente nessa questão, exceto aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social. (artigo 25, §3º LRF). [19: A competência para instituir tributos está descrita no texto constitucional.] [20: O sistema de arrecadação acompanha e controla as diversas fases do recolhimento do tributo. A efetiva arrecadação é o verdadeiro ingresso do dinheiro nos cofres públicos.] [21: Transferência voluntária é o montante que a União reparte com os Estados, Distrito Federal e Municípios. ] 
A LRF prevê ainda, que o Poder Executivo deverá informar aos demais Poderes e ao Ministério Público os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, pelo menos trinta dias antes de esgotar-se o prazo de envio das respectivas propostas orçamentárias.
Essa estimativa será acompanhada do demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
	Ressalta-se que o montante previsto para as receitas de operação de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.
No prazo de trinta dias após a publicação dos orçamentos (art. 8º LRF), as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabíveis, das medidas:
· de combate à evasão e a sonegação;
· da quantidade e dos valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa[footnoteRef:22]; [22: São prestações decorrentes de crédito tributário não pago e que está sendo cobrado judicialmente.] 
· de evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa (inscritos ou não em dívida ativa).
Tanto a evasão como a sonegação são formas do contribuinte fugir do dever de pagar determinado tributo, portando ambas inserem-se no contexto do ilícito tributário. 
Na evasão o contribuinte tenta, de maneira dolosa, obstar a satisfação do tributo. Já na sonegação o contribuinte, burla as regras de tributação visando não cumprir o dever de pagar tributo (Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965).
Renúncia de Receitas
A renúncia de receitas significa a desistência, pelo sujeito passivo, do direito sobre determinado tributo, isso implica em perda de arrecadação. Neste caso, a renúncia decorre da concessão de incentivos fiscais.
“Os incentivos fiscais visam, principalmente, ao desenvolvimento econômico social. Consiste em dedução, do quantum devido ao Estado, tendo como base de cálculo o tributo que seria exigido normalmente do contribuinte beneficiário. Revestem geralmente, a forma de isenção parcial ou total do imposto devido.[footnoteRef:23]” [23: Igor Tenório e José Motta Maia, Dicionário de direito tributário: direito financeiro, direito fiscal, ciência das finanças economia financeira, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1996, p.139.] 
Com o intuito de garantir o equilíbrio das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que toda concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária que caracterize renúncia de receita, deve: 
· Estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes; e
· Atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias.
· Deve, ainda, atender a, pelo menos, uma das seguintes condições:
· O proponente deve demonstrar que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária (art. 5º II LRF), na forma do art. 12, e 
· de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias (art. 4º, §2º, V);
· Estar acompanhada de medidas de compensação, para o exercício em que iniciar sua vigência e nos dois seguintes, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
 Fonte: Tribunal de Contas do Estado – SC
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < 
http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 6 out. 2014.
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo:Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 6 out. 2014 
Aula 08_Renúncia de Receitas - Continuação
Vamos continuar analisando as possíveis formas de renúncia de receita. Não deixe de ter em mãos o texto legal, pois isso, certamente, irá auxiliar no seu aprendizado.
 A renúncia de receitas contempla diversos institutos listados no artigo 14, §1º da LRF. São elas:
· Anistia: é o perdão das penalidades por infrações (multas), podendo ser total ou parcial. É concedida sem qualquer exigência, e atinge a todos os contribuintes em situações idênticas.
· Remissão: é o perdão da dívida, extinguindo o crédito tributário. 
· Subsídios: é um auxílio econômico que pode ser concedido a pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de melhorar a renda dessas pessoas, estimular as exportações ou abaixar o preço de determinado produto. 
· Crédito Presumido: é uma espécie de isenção parcial para impostos sobre o consumo[footnoteRef:24]; [24: Figueiredo, Carlos Maurício Cabral et al. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. Recife: Nossa Livraria, 2001.] 
· Isenção em caráter não geral: nesta o lançamento não é materializado. Cada caso deve ser analisado em separado, posto que o interessado deve comprovar que ostenta os requisitos previstos em lei para a sua concessão;
· Alteração da alíquota ou modificação de base de cálculo: é a redução discriminada de tributos;
· A Prorrogação de benefícios concedidos antes da LRF: são considerados novos benefício;
· Benefício referente a tratamento diferenciado: é a previsão constitucional de tratamento diferenciado, conforme artigo 146, III, alínea c da CF/88:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
(...)
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
Exceção
O §2º, do artigo 14 da LRF traz uma exceção à regra geral discriminada nos tópicos acima. 
 Assim, se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício decorrer da condição contida no inciso II (estar acompanhada de medidas de compensação...), o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso, ou seja, a renúncia só poderá ser aplicada depois de realizadas as medidas de compensação.
Primeiro aumenta as alíquotas, amplia a base de cálculo, majora ou cria um tributo para apenas depois conceder ou amplia o incentivo ou benefício. 
Não aplicação do artigo 14 LRF	
A renúncia que trata o artigo 14 não se aplica em determinadas situações. São elas:
· É facultado ao Poder Executivo Federal, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos seguintes impostos (art. 153, §1º CF/88):
· Importação de produtos estrangeiros;
· Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
· Produtos industrializados;
· Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários.
· A renúncia não se aplica ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. 
Observação importante
· Não são considerados renúncia:
· Prorrogação de prazos para pagamento de tributos;
· Parcelamento de débitos fiscais; 
· Concessão de isenções gerais; 
· O benefício tributário concedido antes da LRF (estes permanecem em vigor até que outra lei venha revogá-los ou que se expire o prazo de concessão). 
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 6 out. 2014.
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 6 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 6 out. 2014 
Aula 09_Despesa Pública
Anteriormente analisamos as receitas. Sendo assim, o tema agora não poderia ser outro senão as despesas. 
Primeiramente, ao se iniciar os estudos sobre as despesas, é de se consignar que todo e qualquer aumento destas se não estiver acompanhado de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos três primeiros exercícios de sua vigência, da sua adequação orçamentária e financeira com a LOA, o PPA e a LDO e, no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas compensatórias, será tida como não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio público.
Passado esse entendimento devemos entender o que vem a ser despesa pública. Assim, esta consiste no somatório dos créditos orçamentários e adicionais que o Poder Público lança mão para fazer em face de débitos contraídos.
 Na percepção de Pedro Soares, a principal causa do aumento das despesas públicas é a depreciação monetária, mas também podemos colocar como causa a absorção de atividades privadas, as modificações nas regras contábeis 
Categorias de despesas públicas
1. De pessoal: contemplando remuneração dos civis, militares da ativa e inativos, pensões, indenizações e outras;
2. De material: voltada para aquisição de bens permanentes, de consumo, bibliográficos e semoventes;
3. De capital: com inversões financeiras, investimentos e com serviços da dívida pública interna e externa, de enorme proporção, cujo 
4. pagamento de juros e amortizações absorve parte expressiva do orçamento público 
Geração de despesas
Os atos voltados para a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental[footnoteRef:25] que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: [25: Ação governamental ou de governo compreende o complexo de regras em que se assenta a atividade do Poder Público.
] 
· Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes, acompanhadas das premissas e da metodologia de cálculo utilizadas;
· Declaração de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual, com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
As normas previstas acima constituem condição prévia para:
· Empenho[footnoteRef:26] e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; [26: Serve o empenho como instrumento autorizador da realização da despesa constante de dotação orçamentária.] 
· Desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.
Para os fins da LRF, considera-se:
· Adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;
· Compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstas nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
Gastos Irrelevantes
Fica afastada da exigência constante do art. 16 a despesa considerada irrelevante, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentária nº 9.995, de 25-7-2000, artigo 73, inciso II:
Art. 73. Para os efeitos do art. 16 da Lei Complementar no 101, de 2000:
(...)
II – entende-se como despesas irrelevantes, para fins do § 3o, aquelas cujo valor não ultrapasse, para bens e serviços, os limites dos incisos I e II do art. 24 da Lei n o 8.666, de 1993. 
Para gastos irrelevantes, a LDO determinou a modalidade de licitação convite, pois sãodespesas com valor econômico de pouca expressão. 
Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
Será considerada obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. O ato que criar ou aumentar despesas[footnoteRef:27] dessa espécie deverá ser: [27: Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado
] 
· Instruídos com a estimativa prevista do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes e com a demonstração da origem dos recursos para seu custeio;
· Acompanhado de comprovação, apresentada pelo proponente, de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.
Como já ressaltado em aulas anteriores, caso a realização dessa despesa implique em aumento permanente de receita, ela não será executada antes da implementação das medidas que visem alcançar esse objetivo e integrarão o instrumento que criar ou aumentar. 
A LRF considera aumento permanente da receita o oriundo de:
· Elevação da alíquota;
· Ampliação da base de cálculo;
· Majoração ou criação de tributo ou contribuição.
Classificação das despesas obrigatórias
No anexo à Mensagem n.8, de 5-1-2001, foram elencadas as despesas obrigatórias de caráter continuado: 
1. Alimentação Escolar (Medida Provisória nº 1.784, de 14/12/1998); 
2. Assistência Pré-Escolar aos Dependentes dos Servidores e Empregados;
3. Atendimento Ambulatorial, Emergencial e Hospitalar em Regime de Gestão Plena do Sistema Único de Saúde – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
4. Atendimento Ambulatorial, Emergencial e Hospitalar Prestado pela Rede Cadastrada no Sistema Único de Saúde – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
5. Atendimento Assistencial Básico com o Piso de Atenção Básica – PAB, Referente 
à Parte Fixa nos Municípios em Gestão Plena da Atenção Básica – SUS (lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
6. Auxílio Alimentação aos Servidores e Empregados; 
7. Auxílio Transporte aos Servidores e Empregados; 
8. Benefícios Previdenciários; 
9. Concessão de Subvenção Econômica aos Produtores de Borracha Natural (Lei nº79.479, de 12/8/1997); 
10. Contribuição à Previdência Privada; 
11. Cota-Parte dos Estados e DF Exportadores na Arrecadação do IPI (Lei Complementar n º 61/89); 
12. Dinheiro Direto na Escola – FUNDESCOLA – (Medida Provisória n º 1.784, de 14/12/1998); 
13. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de valorização do Magistério – FUNDEF Complementação (Art. 212 da Constituição Federal); 
14. Garantia de Padrão Mínimo de Qualidade – Complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério (Emenda Constitucional nº 14, de 1996); 
15. Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB, para a Saúde da Família – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
16. Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB, para Assistência Farmacêutica Básica – Farmácia Básica – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
17. Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB para as Ações de Vigilância Sanitária – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
18. Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB, para Ações de Prevenção e Controle das Doenças Transmissíveis – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
19. Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica – PAB, para Ações de Combate às Carências Nutricionais – SUS (Lei nº 8.142, de 28/12/1990); 
20. Indenizações e Restituições relativas ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária – PROAGRO, incidentes a partir da Vigência da Lei nº 8.171/91; 
21. Pagamento de Benefício de Prestação Continuada à Pessoa Idosa; 
22. Pagamento de Benefício de Prestação Continuada à Pessoa Portadora de Deficiência; 
23. Pagamento do Benefício Abono Salarial; 
24. Pagamento do Seguro-Desemprego; 
25. Pagamento do Seguro-Desemprego ao Pescador Artesanal; 
26. Pagamento do Seguro-Desemprego ao Trabalhador Doméstico; 
27. Pagamento de Pensões - Servidores Civis; 
28. Pessoal e Encargos Sociais;
29. Produção, Aquisição e Distribuição de Medicamentos para Tratamento dos Portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS e das Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST (Lei nº 9.313, de 13/11/1996); 
30. Ressarcimento das Contribuições aos Pensionistas do Extinto IPC (Lei nº 9.506, art. 1º, § 5º); 
31. Ressarcimento a Empregadores não Optantes pelo Benefício Fiscal previsto nas Leis nº 6.3271/76 e 6.542/78; 
32. Transferência a Estados, Distrito Federal e Municípios para Compensação da Isenção do ICMS aos Estados Exportadores (Lei Complementar nº 87/96).
Sabe-se que não são consideradas despesas obrigatórias de caráter continuado, as despesas destinadas ao serviço da dívida, nem ao reajuste da remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
REFERÊNCIAS:
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 7 out. 2014.
GUEDES, José R. M.. Comentários a Lei de Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. Disponível em:
<http://www.gestaopublicaemfoco.com.br/files/comentarios_a_lei_de_responsabilidade_fiscal.pdf> Acesso em: 6 out. 2014
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 7 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 7 out. 2014 
 
Aula 10_Despesa com o pessoal
O que acontece quando um ente público despende 70% de suas receitas líquidas com a folha de pagamento? Significa que restam apenas 30% para a realização dos serviços públicos básicos, como educação, saneamento, saúde e segurança, sem considerar a manutenção de estradas e vias urbanas, a preservação do patrimônio público, etc. Além disso, cabe lembrar que o crescimento populacional demanda um programa de investimentos crescente por parte dos governos. 
A fixação de limites com despesas tem como finalidade principal possibilitar ao administrador o cumprimento do seu papel perante a sociedade, ou seja, proporcionar bem-estar da coletividade a partir dos recursos que lhe são entregues.
A preocupação maior da lei é com as despesas e não com as receitas, posto que a elevada carga tributária dificulta a geração de novas receitas, razão por que torna-se imprescindível o controle das despesas.
Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do ente da federação com os: ativos, inativos e os pensionistas, relativos aos mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder. 
São considerados gastos todas as espécies remuneratórias, tais como:
· Vencimentos: retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei; 
· Vantagens fixas e variáveis; 
· Subsídios: forma de retribuição pecuniária, instituída pela Emenda Constitucional nº 19/98, para determinadas categorias de agentes públicos;
· Proventos da aposentadoria, reformas e pensões;
· Adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza.
· Encargos sociais (ex.: FGTS) e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência;· Contratos de terceirização de mão-de-obra, a fim de substituir servidores e empregados públicos.
 
Curiosidade!!
Esse último tópico merece um estudo mais apurado. Certamente os propositores da lei e os legisladores pretendiam considerar como despesa de pessoal determinados gastos ou dispêndios com a contratação indireta de pessoal para atuação nas repartições públicas. Isto para evitar a burla ao concurso público e a fuga dos limites impostos pela LRF, através da contratação de terceiros. 
O período de apuração da despesa total com pessoal é o lapso de um ano, somando o mês de referência com os onze imediatamente anteriores, adotando-se, assim, o regime de competência.
Na verificação do atendimento dos limites definidos no artigo 18 da LRF, não serão computadas as despesas:
a) oriundas de indenização por demissão de servidores ou empregados;
b) referentes a incentivos à demissão voluntária;
c) advindas de decisão judicial;
d) com o pessoal do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no19, ou seja, ambos os artigos atribuem a manutenção do pessoal para a União, sendo computadas no limite de despesa do citado ente;
 e) com os inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
· da arrecadação de contribuições dos segurados;
· da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
· das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
Curiosidade!
O artigo 21 da CF determina que compete a União organizar e manter:
· Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; 
· Polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal; 
· Prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. 
	               
Cabe colocar que a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, isso significa dizer que há um limite de despesa com o pessoal. Esse limite é fixado em alíquotas da seguinte forma: 
I - União: 50% (cinquenta por cento);
II – Estados e Distrito Federal: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
REFERÊNCIAS:	
Santa Catarina. Tribunal de Contas. Guia da Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar nº 101/200 – 2. Ed. Ver. E ampl. – Florianópolis: Tribunal de Contas, 2002. Disponível em < http://www.tce.sc.gov.br/sites/default/files/guia_lrf_2ed.pdf> Acesso em: 15 out. 2014.
GUEDES, José R. M.. Comentários a Lei de Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. Disponível em:
<http://www.gestaopublicaemfoco.com.br/files/comentarios_a_lei_de_responsabilidade_fiscal.pdf> Acesso em: 15 out. 2014
NASCIMENTO, E.R.; DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em:
 <http://www3.tesouro.gov.br/hp/downloads/EntendendoLRF.pdf> Acesso em: 15 out. 2014.
MARTINS, Ives G.S.; NASCIMENTO, Carlos V.. Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2014.
Constituição Federal. Brasília: Planalto. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 15 out. 2014
Lei Complementar nº 101. Brasília: Planalto. 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: 15 out. 2014
Aula 11_Repartição dos Limites Globais de Despesa com Pessoal e Controle da Despesa Total
Introdução	
Após termos aprendido a porcentagem que cada Ente da Federação pode gastar com pessoal, vamos descobrir como a receita corrente líquida, disponível para essa despesa, será repartida entre todos os Poderes e o Ministério Público.
Cabe lembrar que o MP está separado dos demais poderes, pois constitui um órgão autônomo (art. 127, §§ 2º e 3º CF). 
Na Esfera Federal o limite será de 50% da RCL (receita corrente líquida), assim dividido:
· 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
· 6% para o Judiciário;
· 40,9% para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19 (ver aula 10;      
· 0,6% para o Ministério Público da União.
Na esfera estadual o limite de 60% será repartido da seguinte forma:
· 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
· 6% para o Judiciário;
· 49% para o Executivo;
· 2% para o Ministério Público dos Estados.
Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, o percentual definido para o Legislativo será acrescido em 0,4% e o percentual do Executivo será reduzido em 0,4%, respectivamente. A exceção justifica-se tendo em vista que alguns Estados têm dois Tribunais de Contas Estaduais: um que exerce as funções de fiscalização em relação ao Estado e o outro em relação aos Municípios,Goiás, Bahia. 
Na esfera municipal o limite de 60% será assim repartido:
· 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver, lembrando que esse limite só será válido enquanto não contrariar a norma contida no art. 29-A da CF/88[footnoteRef:28]; [28: Art. 29-A CF, § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. ] 
· 54% para o Executivo.
O Tribunal de Contas foi incluído no limite fixado para o Poder Legislativo, já que exerce funções auxiliares deste em matéria de fiscalização contábil, financeira e orçamentária.       
Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, na proporção das despesas que vinham sendo realizadas em exercícios anteriores.
A fim de melhor esclarecer o tema, nesse momento torna-se oportuno colocar quais são os órgãos que integram os Poderes: 
· Legislativo federal: Casas + Tribunal de Contas da União; 
· Legislativo estadual: Assembleia Legislativa + Tribunais de Contas; 
· Legislativo do Distrito Federal: Câmara Legislativa + Tribunal de Contas do Distrito Federal; 
· Legislativo municipal: Câmara de Vereadores + Tribunal de Contas do Município, quando houver.
Integram o Poder Judiciário:
a) Federal: os tribunais referidos no art. 92 da Constituição.
Saiba mais!
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
  b) Estadual: Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
 O §5º do art. 20 da LRF permite que para os poderes Legislativo e Judiciário, bem como para o Ministério Público o percentual seja diferente do estabelecido na LRF.	
Para controlar as despesas acima, a LRF determinou que os atos que gerassem um aumento de despesa com pessoal e não atendesse aos requisitos da lei seriam considerados nulos. 
Essa nulidade é absoluta e não precisa ser provocada, cabendo à autoridade competente apenas a declarar.
Desta forma, são nulas de pleno direito as seguintes despesas:
1. ato que provoque aumento

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