Buscar

03 - (PENAL) - O fato típico e seus elementos - Crime consumado e tentado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
1 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal 
Agente Federal de Execução Penal – Aula 
02 
Prof. Bernardo Bustani 
Atualizada conforme o edital de 2020 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
2 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Sumário 
SUMÁRIO 2 
APRESENTAÇÃO 3 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 4 
TEORIA DO CRIME 6 
1) O CRIME 9 
1.1)Conceito de crime 9 
2) FATO TÍPICO 11 
2.1)Resultado e nexo causal 11 
2.2)Conduta 15 
2.3)Tipicidade 23 
2.4)Erro de tipo 24 
2.5)Iter criminis 29 
2.6)Crime Impossível ou Tentativa inidônea 40 
3) ILICITUDE 43 
4) CULPABILIDADE 51 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 60 
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 68 
GABARITO 72 
RESUMO DIRECIONADO 73 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
3 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Apresentação 
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto 
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região. 
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico 
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de 
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017). 
Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM. 
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os 
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB. 
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha 
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e 
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”, 
“frustração” e “pressão”. 
Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é 
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar. 
E é com muito prazer que, junto com o Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de 
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai. 
Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas: 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
4 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Conteúdo Programático 
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma: 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL: 1 Aplicação da lei penal. 1.1 Princípios. 1.2 A lei penal no tempo e no espaço. 1.3 
Tempo e lugar do crime. 1.4 Lei penal excepcional, especial e temporária. 1.5 Territorialidade e 
extraterritorialidade da lei penal. 1.6 Pena cumprida no estrangeiro. 1.7 Eficácia da sentença estrangeira. 1.8 
Contagem de prazo. 1.9 Frações não computáveis da pena. 1.10 Interpretação da lei penal. 1.11 Analogia. 1.12 
Irretroatividade da lei penal. 1.13 Conflito aparente de normas penais. 2 O fato típico e seus elementos. 2.1 Crime 
consumado e tentado. 2.2 Ilicitude e causas de exclusão. 2.3 Excesso punível. 3 Crimes contra a pessoa. 4 Crimes 
contra o patrimônio. 5 Crimes contra a fé pública. 6 Crimes contra a administração pública. 7 Disposições 
constitucionais aplicáveis ao direito penal. 
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 2 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 3 Inquérito policial. 4 Ação penal. 5 Prisões, 
liberdade provisória e fianças. 6 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos. 7 O habeas corpus e seu processo. 8 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. 
 
Portanto, o nosso curso foi dividido assim: 
Número 
da Aula 
Data de 
Disponibilização 
Assunto 
00 15/05/2020 (PENAL) 1 Aplicação da lei penal. 1.1 Princípios. 1.2 A lei penal no 
tempo. 1.3 Tempo do crime. 1.4 Lei penal excepcional, especial e 
temporária. 11.10 Interpretação da lei penal. 1.11 Analogia. 1.12 
Irretroatividade da lei penal. 7 Disposições constitucionais aplicáveis ao 
direito penal. 
01 20/05/2020 (PENAL) 1 Aplicação da lei penal. 1.2 A lei penal no no espaço. 1.3 
lugar do crime. 1.5 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 1.6 
Pena cumprida no estrangeiro. 1.7 Eficácia da sentença estrangeira. 1.8 
Contagem de prazo. 1.9 Frações não computáveis da pena. 1.13 Conflito 
aparente de normas penais. 
02 25/05/2020 (PENAL) 2 O fato típico e seus elementos. 2.1 Crime consumado e 
tentado. 2.2 Ilicitude e causas de exclusão. 2.3 Excesso punível. 
 30/05/2020 Teste de Direção 
00 05/06/2020 (PROCESSUAL PENAL) 1 Aplicação da lei processual no tempo, no 
espaço e em relação às pessoas. 2 Disposições preliminares do Código de 
Processo Penal. 8 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
5 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
processual penal. 
01 10/06/2020 (PROCESSUAL PENAL) 3 Inquérito policial. 4 Ação penal. 
 15/06/2020 Teste de Direção 
02 20/06/2020 (PROCESSUAL PENAL) 5 Prisões, liberdade provisória e fianças. 
03 25/06/2020 (PROCESSUAL PENAL) 6 Processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade dos funcionários públicos. 
04 30/06/2020 (PROCESSUAL PENAL) 7 O habeas corpus e seu processo. 
 05/07/2020 Teste de Direção 
03 10/07/2020 (PENAL) 3 Crimes contra a pessoa. 
04 15/07/2020 (PENAL) 4 Crimes contra o patrimônio. 
 20/07/2020 Teste de Direção 
05 25/07/2020 (PENAL) 5 Crimes contra a fé pública. 
06 30/07/2020 (PENAL) 6 Crimes contra a administração pública. 
 05/08/2020 Teste de Direção 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
6 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Teoria do Crime 
Trata-se de um assunto frequentemente cobrado em prova. É muito difícil uma prova que tenha Direito 
Penal em seu conteúdo programático não cobrar algum assunto de Teoria do Crime. 
Preciso dizer que é um tema que desperta dúvidas, pois há muitos detalhes e teorias. Por isso, peço muita 
atenção e me coloco novamente à disposição para responder às perguntas. 
Vou explicar cada ponto da matéria de forma detalhada, ok? 
A Teoria do Crime é a responsável por explicar a infração penal em si, englobando crime, delito e 
contravenção penal. Vocês verão a importância dessa parte da matéria ao longo dessa aula. 
Professor, qual a diferença entre crime, delito e contravenção? 
Primeiramente, o aluno deve saber que, no Brasil, crime é sinônimo de delito. 
Infração penal é gênero das espécies crime (delito) e contravenção penal. Ou seja, a infração penal se 
subdivide em crime e contravenção. 
Por isso, é correto dizer que o Direito Penal brasileiro adotou o sistema binário de infração penal (teoria 
dicotômica/dualista). 
Portanto: 
Infração Penal → Crime (= delito) + contravenção penal → Teoria dualista/dicotômica/sistema binário 
 
 
 
Mas qual a diferença entre crime e contravenção? 
Veremos daqui a pouco que não há diferença no conceito (ontológica). 
As diferenças estão nas consequências de cada infração penal e estão previstas na Lei de Introdução ao 
Código Penal (LICP - Decreto-Lei 3.914/41) e na Lei de Contravenções Penais (LCP - Decreto-Lei 3.688/41). 
Veja: 
 
Infração Penal Sistema binário
Crime (delito)
Contravenção Penal
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
7 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federalde Execução Penal 
 
Art 1º da LICP - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; 
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, 
ou ambas, alternativa ou cumulativamente. 
 
Art. 2º da LCP - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. 
 
Art. 4º da LCP - Não é punível a tentativa de contravenção. 
Crime: 
→ infração penal com pena de reclusão ou detenção; 
→ a pena privativa de liberdade pode ser isolada ou vir acompanhada de multa, seja alternativamente 
ou cumulativamente; 
 → em regra, a tentativa é punível; 
→é possível a aplicação da extraterritorialidade; 
→a ação penal pode ser pública (incondicionada e condicionada) ou privada. 
 
Contravenção Penal: 
→ também chamada de crime-anão; 
→ infração penal com pena de prisão simples; 
→ a pena pode ser isolada ou vir acompanhada de multa, seja alternativamente ou cumulativamente; 
→ a tentativa nunca será punível; 
→ não é possível a aplicação da extraterritorialidade; 
→a ação penal é sempre pública incondicionada. 
 
Vamos simplificar? 
Crime Contravenção (crime-anão) 
Pena de Reclusão ou Detenção (máximo de 40 anos) Pena de Prisão Simples (máximo de 05 anos) 
Em regra, a tentativa é punível A tentativa nunca será punível 
É possível a aplicação da extraterritorialidade Não é possível a aplicação da extraterritorialidade. 
A ação penal pode ser pública (incondicionada e 
condicionada) ou privada 
A ação penal é sempre pública incondicionada. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
8 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
Professor, o que quer dizer isoladamente, alternativamente e cumulativamente? 
Vamos exemplificar? 
Pena: 01 a 05 anos de Reclusão → isoladamente (só a pena privativa de liberdade). 
 
Pena: 01 a 05 anos de Reclusão ou multa → alternativamente (pena privativa de liberdade ou multa). 
 
Pena: 01 a 05 anos de Reclusão e multa → cumulativamente (pena privativa de liberdade e multa). 
 
OBS: Como falamos, apesar de haver diferença nas consequências, não há diferença ontológica. 
Mas o que isso quer dizer? 
Isso quer dizer que não há uma diferença no conceito. A lei diferencia as duas espécies de acordo com as 
consequências delas (reclusão/detenção e prisão simples) (punibilidade da tentativa). 
Isso é uma questão de política criminal. O Estado que decide o que vai ser crime e o que vai ser 
contravenção, de acordo com a proteção que ele quer dar aos bens jurídicos tutelados, até porque uma conduta 
que era contravenção pode virar crime. 
Exemplo: O artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/41) previa o crime de importunação 
ofensiva ao pudor. 
No entanto, o legislador entendeu que não se estava protegendo o bem jurídico de forma eficiente e decidiu 
criminalizar a conduta. 
Agora, o fato é previsto como crime no artigo 215-A do Código Penal. 
Portanto: 
1º Momento → antes de a conduta ser prevista como infração penal → Não há diferença entre crime e 
contravenção, pois não há diferença ontológica (no conceito). 
2º Momento → O Estado resolve que uma conduta é crime ou é contravenção → Agora, há diferença nas 
consequências da conduta. 
 
Feita essa introdução, vamos passar para o estudo do crime? 
 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
9 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
1) O Crime 
Como vimos, crime é uma espécie de infração penal. Até agora, só falamos de sua diferença (em relação às 
consequências) para a contravenção penal. 
 Precisamos, portanto, analisar o conceito de crime. 
 
1.1)Conceito de crime 
O crime pode ser explicado de diversas formas, dependendo do conceito adotado. 
Como assim, professor? 
Podemos explicar o delito de acordo com os conceitos legal, formal, material e analítico. 
Veja: 
❖ Conceito legal → É o conceito que está na lei. É aquele do artigo 1º da Lei de Introdução ao Código 
Penal: 
Art 1º da LICP - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, 
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração 
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou 
cumulativamente. 
 
❖ Conceito formal →Pelo conceito formal, crime é a violação da norma penal. Em resumo, a norma 
penal traz condutas vedadas. Se houver a prática de alguma dessas condutas, restará configurado o 
crime sob o aspecto formal. 
 
 
❖ Conceito material → Por esse conceito, crime é a conduta que ofende (crime de dano) ou expõe a 
perigo (crime de perigo) bens jurídicos tutelados (protegidos) pela norma penal. 
 
 
❖ Conceito analítico → O conceito analítico analisa o crime sob uma ótica dogmática, ou seja, sob 
uma ótica acadêmica. Basicamente, é o conceito mais importante para nosso estudo. 
 
Primeiramente, é necessário dizer que o conceito analítico de crime varia conforme a teoria adotada. 
Vamos vê-las? 
Teoria tripartite/tripartido → crime é fato típico + ilícito (antijurídico) + culpável. 
 
Teoria bipartite/bipartido → crime é fato típico + ilícito (antijurídico). 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
10 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
Teoria quadripartite/quadripartida → crime é fato típico + ilícito (antijurídico) + culpável + punível 
(punibilidade). 
 
O Código Penal adotou a teoria tripartite, sendo também a teoria majoritária na doutrina. Ou seja, para fins 
de prova, você precisa saber que crime é fato típico, ilícito e culpável. 
 
 
Não me recordo de nenhuma questão de concurso (pertinente ao cargo para o qual você está estudando) 
que tenha cobrado os demais conceitos. 
Preciso dizer também que não é suficiente o simples conhecimento do conceito analítico de crime. O 
candidato deve saber enfrentar questões sobre cada um dos elementos dele. 
Passaremos, agora, para a análise de tais elementos. Colocarei tópicos autônomos para cada um deles, de 
modo a facilitar seu estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crime
Fato Típico
Ilícito
Culpável
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
11 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
2) Fato Típico 
Como acabamos de ver, para uma conduta ser considerada como crime, é necessário que o fato seja típico. 
Nota-se que não estamos falando puramente da tipicidade (elemento já estudado), estamos falando de um 
fato típico. 
Mas o que é um fato típico? 
O fato típico é composto por uma conduta humana, ligada a um resultado por um nexo causal, devendo 
tal conduta ter tipicidade. 
Vamos exemplificar? 
Exemplo: Crime de furto (art. 155 do CP) → “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. 
✓ A conduta é “subtrair”, ou seja, qualquer ato capaz de subtrair o bem móvel. 
✓ O resultado é a efetiva subtração. 
✓ O nexo causal é o que liga a conduta ao resultado, ou seja, o que liga o ato de subtrair à 
efetiva subtração. 
✓ A tipicidade (formal) é a adequação da conduta ao artigo 155 do CP. A tipicidade (material) 
é o desvalor da conduta. 
Presentes estes elementos, fala-se em fato típico. 
Portanto: 
Fato Típico → Conduta + Resultado + Nexo causal + Tipicidade 
Ah, professor, então em qualquer crime, para o fato ser típico, é necessária a presença desses 04 
elementos? 
Não é bem assim. Precisamos fazer uma consideração em relação ao elemento “resultado”. Por questões 
didáticas, vamos começar por ele. 
 
2.1)Resultado e nexo causal 
O resultado, de acordo com a teoria adotada, pode ser naturalístico ou jurídico. 
O resultado jurídico (teoria jurídica/normativa) é simplesmente a violação da lei penal e está presenteem todos 
os crimes. 
Ou seja, sempre que o sujeito cometer um crime, haverá resultado jurídico, pois a lei penal foi violada. 
 
Já o resultado naturalístico (teoria naturalística) nada mais é do que o resultado previsto em lei. É a modificação 
que a conduta causa no mundo exterior. 
Vamos exemplificar? 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
12 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo: No crime de homicídio (matar alguém), o resultado naturalístico é a morte. O resultado jurídico é a 
simples violação da norma penal. 
 
Entretanto, preciso dizer que nem sempre haverá resultado naturalístico. 
Professor, por que isso é importante? 
Porque há crimes que não precisam do resultado naturalístico para se consumar. Fique tranquilo, veremos 
o que é “se consumar” ainda nesta aula. 
Veja: 
 
Os crimes podem ser classificados quanto ao resultado naturalístico em 
• Materiais 
• Formais 
• De mera conduta 
Explica aí, professor... 
Nos crimes materiais, para haver a consumação do delito, deverá haver a concretização do resultado 
naturalístico. 
Exemplo: Homicídio (art. 121 do CP). 
A conduta é “matar alguém”. 
Ou seja, para o crime se consumar, a vítima deve morrer. Se não ocorrer esse resultado, não há que se falar 
em crime consumado. 
 
Nos crimes formais, a consumação independe do resultado naturalístico. Ou seja, há consumação mesmo sem o 
resultado naturalístico. Este até é previsto em lei, mas tal resultado é mero exaurimento do crime. 
Exemplo: No crime de Corrupção passiva (art. 317 do CP), há a conduta de solicitar vantagem indevida. 
Para a consumação, basta que o agente público solicite tal vantagem. 
O crime se consuma com a prática do verbo “solicitar”, independentemente se houve efetivo recebimento 
da vantagem. Ou seja, o recebimento dela é mero exaurimento do crime, pois a consumação se deu quando o 
agente solicitou. 
Concluímos que, para a consumação, pouco importa se houve recebimento da vantagem ou não. 
Em resumo: Crime formal é o que descreve o resultado naturalístico, mas não o exige para a consumação. 
Por isso, a doutrina chama os crimes formais de crimes de consumação antecipada. 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
13 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Nos crimes de mera conduta (simples atividade), a consumação também independe do resultado naturalístico. 
A diferença para os formais é que aqui o resultado naturalístico sequer é previsto em lei. 
Ou seja, nos crimes de mera conduta, sequer há resultado naturalístico a ser atingido, bastando a prática da 
conduta (“mera conduta”) para a consumação. 
Exemplo: No crime de violação de domicílio, o verbo é entrar ou permanecer em domicílio alheio. 
O simples ingresso já consuma o delito. O artigo sequer prevê um resultado a ser atingido. 
 
Portanto, nos crimes materiais: 
Fato Típico → Conduta + Resultado + Nexo causal + Tipicidade 
 
E nos crimes formais e de mera conduta? 
Essa é fácil, professor, é só retirar o elemento “resultado”, certo? 
Parcialmente certo. 
Na verdade, retira-se o “resultado” (pois ele não é necessário para a consumação) e o “nexo causal”, 
pois este elemento é que liga a conduta ao resultado. Se não há resultado, não precisa de uma ligação entre ele e 
a conduta. 
Portanto, nos crimes formais e de mera conduta: 
Fato Típico → Conduta + Tipicidade 
 
O nexo causal 
Como vimos, o nexo causal “liga” a conduta ao resultado. 
Causa, segundo artigo 13 do CP, é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Veja: 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Exemplo: Caio atira em Mévio. 
Se Mévio falecer, o ato de Caio ter atirado nele será a causa do resultado. 
Temos, portanto, a teoria dos equivalentes causais (conditio sine qua non). 
 
Professor, e se vier uma questão um pouco mais difícil? Como eu saberei se a ação foi causa para o 
resultado? 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
14 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Primeiramente, o operador do direito deve olhar para as condutas e fazer a seguinte pergunta: “Se eu retirar essa 
conduta, o resultado ainda ocorrerá?”. 
Se a resposta for positiva, não temos uma “causa”. Se a resposta for negativa, temos uma “causa”. 
Trata-se do método de eliminação hipotética de Thyrén. 
 
Exemplo: Caio atira em Mévio, que vem a falecer. 
Se retirarmos a conduta de “atirar”, Mévio ainda morrerá? 
Não! 
Então, a conduta de Caio é causa para o resultado. 
 
Exemplo 2: Caio atira em Mévio, que vem a falecer. 
Se a mãe de Caio não tivesse ficado grávida, o resultado ainda ocorreria? 
Não. Quem matou foi Caio e quem teve Caio foi a mãe dele. 
Portanto, para a teoria dos equivalentes causais, a conduta da Mãe também foi causa. 
Esse é o grande problema desta teoria, pois permite o chamado “regresso infinito”. 
Sendo assim, para limitar esse regresso, existem alguns meios: 
➢ Imputação subjetiva (dolo e culpa) → O dolo e a culpa serão estudados em instantes. 
 
➢ Teoria da imputação objetiva → Pela teoria da imputação objetiva, para ser imputado um 
resultado, é necessário que haja: 
▪ Criação ou incremento de um risco não permitido no caso concreto → Em síntese, a 
conduta do agente deve criar ou aumentar um risco que a lei não permite. 
▪ Realização do risco no resultado →Não basta que o risco tenha sido criado. Ele deve 
gerar o resultado. 
▪ Resultado dentro do tipo (tipicidade formal) → O resultado (dano ou perigo) deve estar 
previsto no tipo penal. 
 
➢ Superveniência de causa relativamente independente → O artigo 13, parágrafo 1º nos diz que 
uma causa posterior (superveniente) que não guarde relação de previsibilidade (relativamente 
independente) com o caso concreto não pode ser imputada ao autor da conduta. 
Exemplo: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que é socorrido e não corre risco de morrer. 
No entanto, ao fazer exames no hospital, encontra um antigo desafeto que o mata. 
Note que Mévio não corria risco de morrer em decorrência do tiro dado por Caio. No entanto, estava no 
hospital por causa de Caio. 
Sendo assim, Caio responde pelo homicídio? 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
15 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Não. Note que não era previsível que Mévio morresse por encontrar um antigo desafeto. Tal situação não 
está no desdobramento normal dos fatos. 
Sendo assim, temos uma causa superveniente relativamente independente. 
Veja como CP traz o assunto: 
Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
É necessário falar do final do artigo. Por “fatos anteriores” entende-se a conduta de Caio ter atirado. Dessa 
forma, ele responde por aquilo que praticou, ou seja, tentativa de homicídio. 
Em outras palavras, o homicídio consumado não é imputado a Caio. 
 
Exemplo 2: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que morre em cirurgia. 
Nesse caso, a morte foi um desdobramento normal da conduta de Caio. Portanto, ele responde por 
homicídio consumado. 
 
Exemplo 3: Caio, com intenção de matar, atira em Mévio, que morre em decorrência de infecção hospitalar. 
Nesse caso, de acordo com a jurisprudência, a morte por infecção foi um desdobramento normal da 
conduta de Caio. Portanto, ele responde por homicídio consumado. 
 
2.2)Conduta 
Já vimos que o resultado se divide em jurídico e naturalístico. O primeiro sempre irá ocorrer, pois deriva de 
uma violação da norma jurídica. 
Em relação ao segundo, vimos também que ele precisa estar presente nos crimes materiaispara que haja a 
consumação. Em relação aos crimes formais, não há tal necessidade, pois o resultado naturalístico é mero 
exaurimento do delito, que se consuma com a prática do verbo do tipo penal. (fique tranquilo que falaremos de 
“consumação” daqui a pouco). 
 Por fim, nos crimes de mera conduta, sequer há resultado naturalístico a ser atingido, sendo o crime 
consumado também com a prática do verbo, ou seja, com a “mera conduta”. 
Também já falamos que o nexo causal é o que liga a conduta ao resultado. 
Mas o que é conduta? 
A conduta é explicada por diversas teorias. Para nosso estudo, precisamos entender a teoria causalista 
(naturalística) e a teoria finalista. 
Vamos vê-las? 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
16 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Teoria Causalista/Naturalística 
Para esta teoria, conduta é um comportamento humano e voluntário que modifica o mundo exterior. 
Para os causalistas, os elementos “dolo” e “culpa” estão na culpabilidade. (Veremos o que é “dolo” e o que 
é “culpa” em instantes). 
 
Teoria Finalista 
Hans Welzel é o “pai” da teoria finalista, sendo a teoria adotada pelo Código Penal. 
Aqui, conceitua-se como um comportamento humano, voluntário e consciente, dirigido a uma 
determinada finalidade. Por isso chama-se teoria “finalista”. 
 
 
OBS: Para a Teoria Finalista de Hans Welzel, dolo e culpa estão no “fato típico” (tipo). Muitas questões 
falam que o dolo e a culpa estão na culpabilidade e isso está errado (para os finalistas). 
 
Retomando o conceito de conduta, podemos apontar alguns elementos centrais: comportamento 
humano; voluntário; consciente; dirigido a uma finalidade. 
 
 
 
O que isso quer dizer? 
Pelos elementos centrais da conduta, chegamos a algumas conclusões: 
✓ Se o comportamento não for humano, não haverá conduta. 
✓ Se o comportamento não for voluntário nem consciente, também não haverá conduta. 
✓ No mesmo sentido, se o comportamento não for dirigido a uma finalidade, não haverá conduta. 
Professor, então o que acontece se não houver conduta? 
Não havendo conduta, não haverá fato típico e, portanto, não haverá crime. Isso porque o crime pressupõe 
a existência do fato típico e o fato típico pressupõe a existência de conduta. 
Viram a importância do estudo da Teoria do Crime? 
É interessante citar algumas situações em que não há conduta (e, portanto, não há crime): 
Caso fortuito/força maior → tais eventos são imprevisíveis e inevitáveis. Eles não derivam de um 
comportamento humano. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
17 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo: Uma pessoa dirigindo um barco de forma diligente e, em virtude de uma onda que bate na 
embarcação, os tripulantes são arremessados ao mar, vindo a falecer. 
O motorista não responde por nenhum crime, pois estava dirigindo de forma correta. Os tripulantes caíram no 
mar em virtude de uma força da natureza. 
Não houve “conduta humana”. 
 
Estados de inconsciência (sonambulismo, hipnose, etc.) → como o nome já diz, tais estados são derivados de 
situações nas quais a pessoa não está consciente. 
Exemplo: Um sonâmbulo acha que sua casa está sendo invadida e, em estado de inconsciência, desfere facadas 
no suposto invasor. 
Acontece que, na verdade, era sua faxineira que havia chegado cedo para limpar o local. 
Nesse caso, falta o elemento “consciência”. 
 
Coação Física irresistível → na coação física irresistível, não há conduta voluntária. Ou seja, o agente não pratica 
o fato de forma voluntária. 
Exemplo: Um sujeito pega de forma forçada a mão de uma pessoa, coloca em uma arma, e desfere um tiro na 
vítima, sem que o coagido pudesse resistir. 
A pessoa que teve a mão colocada na arma (“coação física”), como não pôde resistir (“irresistível”), não responde 
pelo crime. 
Exclui-se aqui a “voluntariedade”. 
OBS: Há a diferença entre coação física e coação moral. Isso será visto ainda nesta aula, quando falarmos 
de culpabilidade. 
 
Feita uma introdução sobre o elemento “conduta”, temos que avançar no estudo. 
Agora me parece o melhor momento para falar de dolo e culpa, pois são elementos que estão dentro da 
conduta, segundo a Teoria Finalista. Eles são chamados de elementos subjetivos da conduta. 
 
Dolo 
O Dolo, assim como quase tudo nessa parte da matéria, possui algumas teorias para explicá-lo. É 
importante você saber a Teoria da Vontade e a Teoria do Assentimento. 
Teoria da Vontade → Para ter dolo, o agente deve querer efetivamente produzir o resultado ou praticar a 
conduta. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
18 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo: Y quer matar X e desfere uma facada nele. X morre. Portanto, há dolo de Y. 
É chamada de teoria da vontade, pois há vontade de produzir o resultado. 
Temos aqui o dolo direto. 
 
Teoria do Assentimento/Consentimento → O agente não quer necessariamente produzir o resultado, mas não 
se importa se ele ocorrer. Tal teoria é manifestada pela indiferença do autor no caso concreto. 
O autor prevê que o resultado pode ocorrer e não se importa com isso. É o “tanto faz”. 
Exemplo: X quer desferir uma facada em Y. X não quer necessariamente matar Y, mas se Y morrer, pouco 
importa. 
X é indiferente em relação a essa circunstância (morte). 
É chamada de teoria do consentimento, pois o agente consente com o resultado, aceitando-o como possível. 
Temos aqui o dolo eventual. 
O CP adotou ambas as teorias. Veja: 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Querer o resultado é o dolo direto (teoria da vontade). Assumir o risco de produzir o resultado é o dolo 
eventual (teoria do assentimento/consentimento). 
O dolo direto é dividido em dolo de primeiro grau e dolo de segundo grau. 
No primeiro grau, o agente quer efetivamente o resultado. O segundo grau, por sua vez, é uma 
consequência necessária do meio utilizado para atingir o resultado. 
Exemplo: Tício quer matar Caio. Para isso, coloca veneno na caixa de água do prédio em que ele mora. 
Caio e alguns moradores do prédio acabam falecendo. 
Em relação a Caio, houve dolo direto de primeiro grau (Tício quis o resultado). 
Em relação aos moradores, houve dolo direto de segundo grau (foi uma consequência do meio utilizado). 
 
O dolo eventual, por sua vez, é espécie de dolo indireto. O dolo indireto engloba o eventual e o 
alternativo. 
O eventual, como visto, é o ato de assumir o risco de produzir o resultado. No dolo alternativo, por sua 
vez, a conduta tem o objetivo de atingir um ou outro resultado, não importando qual. 
Exemplo: Tício quer lesionar ou matar Caio. Para isso, dispara sua arma de fogo. 
Note que Tício quer uma coisa (lesionar) ou outra (matar). 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
19 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
Culpa 
Falar em “culpa” é falar nos elementos imprudência, negligência ou imperícia, que são chamadas de 
“modalidades de culpa”. 
Veja como o CP trata do assunto: 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Mas o que isso quer dizer? 
Imprudência → É o excesso na conduta. Na prática, o agente age de forma afoita, ou seja, precipitada. 
Exemplo: O motorista de um veículo que dirige em velocidade alta por estar com pressa e acaba lesionando 
alguém. A vontade (dolo) do motorista foi de dirigir rápido. 
O resultado (lesão corporal) não foi intencional nem foi assumido pelo motorista. Nesse caso, falamos em culpa 
por imprudência. 
Aqui, fala-se em fazer com excesso. 
 
Negligência → É a omissão na conduta. Na prática, o agente deveria agir de uma forma e não agiu. Aqui, 
falamos em omissão do agente.Exemplo: Z, dono de um carro potente, empresta seu veículo para um amigo viajar. Acontece que Z não faz 
manutenção no veículo. 
Apesar disso, nem imagina que isso poderá causar problemas, pois acha que um piloto diligente evitará qualquer 
problema. Acontece que seu amigo se acidenta e vem a falecer. 
A vontade de Z foi a de não fazer manutenção. O resultado (morte) não foi intencional e nem foi aceito. 
Aqui, fala-se no não fazer. 
 
Imperícia → É a inobservância das regras técnicas de determinada profissão. Ou seja, o profissional deve realizar 
algum procedimento de acordo com normas técnicas, mas deixa de utilizá-las. 
Exemplo: Erro médico. O médico, para operar, precisa seguir normas técnicas. Se elas não forem observadas e 
ocorrer uma lesão corporal, haverá imperícia. 
Aqui, fala-se em culpa profissional. 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
20 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
 
 
OBS: Os crimes só podem ser punidos a título de culpa se houver previsão na lei. Trata-se do princípio da 
excepcionalidade/tipicidade, previsto no artigo 18, parágrafo único do CP: 
 Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Regra → punição por dolo → Corrupção passiva e concussão, por exemplo. 
Exceção → punição por dolo e culpa, se esta for prevista em lei → homicídio e lesão corporal, por exemplo. 
 
COMO CAI: CESPE/2018 – STJ - Considerando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. 
Crime doloso é aquele em que o sujeito passivo age com imprudência, negligência ou imperícia. 
GABARITO: ERRADO. 
COMENTÁRIOS: A questão está errada por dois motivos. 
Primeiro, pois traz os elementos do crime culposo, não doloso. Veja: 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia 
Segundo porque é o sujeito ativo que age com culpa, não o sujeito passivo. Sujeito ativo é o autor do crime 
e sujeito passivo é a vítima do crime. 
 
Para se falar em crime culposo, é necessário haver alguns elementos: 
▪ Conduta inicial voluntária → O agente pratica uma conduta de forma voluntária. 
▪ Violação do dever objetivo de cuidado → O agente, no caso concreto, não tomou o cuidado que 
deveria tomar. 
▪ Resultado involuntário → O resultado não deve ser o objetivo do agente. Se for, teremos o dolo, 
não a culpa. 
▪ Nexo causal → Vimos que o nexo causal é o que “liga” a conduta ao resultado. 
▪ Previsibilidade objetiva → O resultado deve ser previsível. Em outras palavras, o “homem médio” 
deve ser capaz de prever o resultado como possível. 
▪ Ausência de previsão →No caso concreto, o agente não prevê o resultado que era previsível. 
▪ Tipicidade →A conduta deve ser adequada ao tipo penal (deve ser previsto como crime na 
modalidade culposa). 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
21 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Precisamos falar, ainda, das espécies de culpa (inconsciente, consciente, própria e imprópria). 
Na culpa inconsciente, o autor sequer prevê o resultado. 
Exemplo: Uma pessoa decide colocar uma planta na janela e nem imagina que ela pode cair e machucar uma 
pessoa. 
Há ausência de previsão por parte do autor. 
 
Na culpa consciente, o agente prevê o resultado. No entanto, ele acredita que será capaz de evitá-lo. Além 
disso, não há uma indiferença. O autor não quer que o resultado ocorra. 
Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. O agente acredita 
que, por ser exímio atirador, não acertará ninguém. 
Ele tem a certeza de que é muito bom e que não acertará ninguém. 
 
Culpa própria é aquela em que o agente não quer o resultado e não assume o risco de produzi-lo. Trata-se da 
imperícia, negligência e imprudência. 
Exemplo: O motorista de um veículo que dirige em velocidade alta por estar com pressa e acaba lesionando 
alguém. A vontade (dolo) do motorista foi de dirigir rápido. 
O resultado (lesão corporal) não foi intencional nem foi assumido pelo motorista. Nesse caso, falamos em culpa 
por imprudência. 
 
Culpa imprópria é a que decorre do erro inescusável (artigo 20, parágrafo 1º do CP – será estudado 
posteriormente). 
 
Dolo eventual X Culpa Consciente X Culpa inconsciente 
 
MUITA ATENÇÃO AGORA. Isso cai em prova. 
 
 
 
Vimos que o dolo eventual é a indiferença do autor, é o “tanto faz como tanto fez”. O sujeito sabe (prevê) que o 
resultado criminoso pode ocorrer e não se importa com isso. Trata-se do descaso. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
22 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. Se acertar alguém, 
o agente não “está nem aí”. 
Ele assume o risco de acontecer o resultado danoso. 
 
Na culpa consciente, o agente também prevê o resultado. No entanto, ele acredita que será capaz de evitá-lo. 
Além disso, não há uma indiferença. O autor não quer que o resultado ocorra. 
Exemplo: Uma pessoa pega sua arma e fica brincando de tiro ao alvo no meio da via pública. O agente acredita 
que, por ser exímio atirador, não acertará ninguém. 
Ele tem a certeza de que é muito bom e que não acertará ninguém. 
 
Na culpa inconsciente, o autor sequer prevê o resultado. 
Exemplo: Uma pessoa decide colocar uma planta na janela e nem imagina que ela pode cair e machucar uma 
pessoa. 
Há ausência de previsão por parte do autor. 
 
Crime praeterdoloso/preterdoloso/preterintencional 
O crime preterdoloso nada mais é do que dolo na conduta e culpa no resultado (dolo no antecedente + 
culpa no resultado consequente). 
Vamos exemplificar? 
Exemplo (caso concreto): Há alguns anos, em Ipanema/RJ, um grupo de argentinos foi agredido por um grupo 
de brasileiros. O caso ficou famoso porque, após receber um soco, o cidadão argentino caiu e bateu a cabeça no 
chão, vindo a falecer. 
Na época, falaram em homicídio doloso, ou seja, disseram que o brasileiro teve intenção de matar o argentino ou 
assumiu o risco de matá-lo. 
No entanto, apesar de eu não ter lido os autos do inquérito/processo, essa conclusão não me parece a mais 
adequada. (Lembrando que eu não tive acesso aos autos). 
Mas o que seria então, professor? 
O brasileiro, claramente, quis agredir o argentino com um soco. Isso está cristalino pelas imagens que foram 
veiculadas na mídia. Portanto, houve dolo na conduta de desferir um soco (dolo no antecedente). Até aqui, 
houve uma lesão corporal. 
No entanto, a morte do argentino, na minha opinião, não foi o resultado que o agente quis. Em regra, quem 
desfere um soco em uma festa não quer matar a vítima, quer lesioná-la. O que ocorreu foi um resultado que o 
brasileiro não queria e nem assumiu o risco de produzir. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
23 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Dessa forma, em um primeiro momento, achei que houve culpa em relação ao resultado (culpa no 
consequente). 
O brasileiro deveria ter respondido (se não respondeu – não acompanhei o desfecho do caso) por lesão 
corporal seguida de morte, veja: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu 
o risco de produzí-lo: 
Portanto, há dolo no antecedente (conduta) e culpa na consequência (morte). 
Infelizmente, como o caso apareceu na mídia, quiseram imputar um homicídio doloso ao agente. Nota-se 
que ele realmente deverá ser punido de forma rigorosa pela lei, mas pelo crime que foi cometido. 
O que não pode étentar enquadrar a conduta em outro artigo por causa do clamor social. Clamor social 
não deve ser usado como jus puniendi (poder punitivo do estado), afinal, o Direito Penal é do fato, não do autor. 
 
2.3)Tipicidade 
Já vimos que a Tipicidade é dividia em Tipicidade Formal e Tipicidade Material. 
Formal → conduta humana prevista em lei como crime 
Material → verificação se a conduta ofende de forma relevante o bem jurídico → “desvalor da conduta”. 
 
Na Tipicidade Formal, basta vermos se a conduta é prevista em Lei como crime. 
Exemplo: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” → conduta prevista como Crime de Furto no 
artigo 155 do CP → Há Tipicidade Formal. 
 
Exemplo 2: “Correr com fone de ouvido” → conduta não prevista como Crime no CP → Não há Tipicidade 
Formal. 
 
Já na Tipicidade Material, fazemos a seguinte pergunta: “Há uma ofensa grave o suficiente para 
justificar a incidência do gravoso Direito Penal?”. 
Exemplo: Roubo de um avião → Há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) → Há Tipicidade Material. 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
24 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo 2: Furto de uma bala de quinze centavos → Não há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) → 
Não há Tipicidade Material. 
Portanto, para haver Tipicidade, é necessário que haja Tipicidade Formal e Tipicidade Material. Se uma 
delas faltar, não haverá fato típico e, portanto, não haverá crime. 
 
 
 
2.4)Erro de tipo 
O erro de tipo é estudado na tipicidade. Ele é diferente do erro de proibição, que é estudado no elemento 
“culpabilidade”. 
O erro de tipo é o erro sobre algum elemento do tipo legal. Trata-se de uma falha na percepção do caso 
concreto. Na prática, o agente não sabe o que está fazendo. 
Veja: 
 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. 
 
Tal erro pode ser essencial, se incidir sobre algum elemento essencial do tipo penal, ou pode ser 
acidental, se incidir sobre algum elemento acessório do tipo penal. 
 
Fato Típico
Conduta
Comportamento 
Humano
Voluntário e 
consciente
Finalidade
Dolo/Culpa
Resultado 
(crimes 
materiais)
Nexo causal 
(crimes 
materiais)
Tipicidade
Formal
Material
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
25 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo: Mévio está caçando ursos com seu amigo. 
Ambos decidem se separar para cobrir mais território. 
Em certo momento, Mévio vê uma movimentação no arbusto e atira. 
Ao chegar perto, vê que atingiu seu amigo, que vem a falecer. 
Nesse caso, Mévio achou que estava matando um urso. Em outras palavras, ele não sabia que estava 
matando “alguém”. 
É importante dizer que o “alguém” é uma elementar (elemento essencial) do tipo penal do homicídio (a 
conduta é “matar alguém”). 
Portanto, temos o erro de tipo essencial. 
 
Exemplo 2: Mévio decide matar seu amigo. 
Certo dia, estrangula a vítima e, por fim, a joga de um barranco. 
Acontece que, dias depois, a perícia conclui que a morte se deu pela queda, não pelo estrangulamento. 
Nesse caso, Mévio achou que havia matado por estrangulamento, mas na verdade matou pela queda. 
Nota-se que Mévio errou não quanto a um elemento essencial, mas sim quanto a um elemento acidental. 
Portanto, temos o erro de tipo acidental (já iremos falar dos tipos de erro acidental). 
 
No erro de tipo acidental, nunca haverá exclusão do crime. 
No erro de tipo essencial, poderá haver exclusão do crime. Este se divide em erro de tipo 
escusável/inevitável e erro de tipo inescusável/evitável. 
Vamos estudar cada um deles? 
 
Erro de tipo essencial 
No escusável/inevitável/desculpável/invencível, o agente não sabia o que estava fazendo e não poderia 
saber, pois a situação fática é tão “real” que o levou ao erro. Trata-se do erro que qualquer pessoa poderia 
cometer. 
Nesse caso, o agente fica isento de pena. 
Exemplo: Mévio está caçando ursos com seu amigo. 
Ambos decidem se separar para cobrir mais território. 
Em certo momento, Mévio vê uma movimentação no arbusto e atira. 
Ao chegar perto, vê que atingiu seu amigo, que vem a falecer. 
Se for concluído que Mévio não poderia saber que se tratava do amigo, haverá isenção de pena. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
26 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
No inescusável/evitável/vencível, o agente não sabia o que estava fazendo, mas poderia saber. Em outras 
palavras, a situação fática permitia que o agente percebesse o que estava fazendo. Trata-se do erro que o 
“homem médio” não cometeria. 
Exemplo: Mévio está caçando ursos com seu amigo. 
Ambos decidem se separar para cobrir mais território. 
Em certo momento, Mévio vê uma movimentação no arbusto e atira. 
Ao chegar perto, vê que atingiu seu amigo, que vem a falecer. 
Se for concluído que Mévio poderia saber que se tratava do amigo, haverá apenas exclusão do dolo. 
No entanto, se a conduta for prevista na modalidade culposa, haverá punição a título de culpa. 
 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Essa punição a título de culpa é exatamente o que chamamos de culpa imprópria. Na prática, a conduta é 
dolosa, mas é punida de forma culposa, em virtude do erro do agente. Por isso “imprópria”. 
Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro 
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Lembrando que se o crime não admitir forma culposa, não haverá punição, mesmo se se tratar de erro 
evitável. 
 
Tipos de erro de tipo acidental 
O erro acidental, como já dito, é o erro que incide sobre elementos não essenciais do tipo penal e não 
isenta o agente de pena. 
Eles se dividem em: erro sobre o objeto, erro sobre o nexo causal, erro sobre a pessoa, erro na execução 
e resultado diverso do pretendido. 
➢ Erro sobre o objeto → O sujeito acha que a conduta recai sobre uma determinada coisa, mas, na 
verdade, recai sobre outra coisa. 
Exemplo: Mévio quer subtrair um celular. Ao consumar a conduta, percebe que subtraiu uma réplica usada para 
a vitrine. 
Sendo assim, ele responderá pelo crime cometido. 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
27 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
➢ Erro sobre o nexo causal/aberratio causae → O sujeito acha produziu o resultado de uma forma, 
mas, na verdade, produziu de outra. 
Exemplo: Mévio decide matar seu amigo. 
Certo dia, estrangula a vítima e, por fim, a joga de um barranco. 
Acontece que, dias depois, a perícia conclui que a morte se deu pela queda, não pelo estrangulamento. 
 
➢ Erro sobre a pessoa → O sujeito, sem errar na execução, quer atingir uma pessoa, mas atinge 
outra. 
Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente 
queria praticar o crime. 
Exemplo: Mévio decide matar seu amigo. 
Certo dia, vê uma pessoa parecida com ele na rua e consuma o delito. 
No entanto, após virar o corpo, vê que matou pessoa errada. 
Nesse caso, de acordo com o artigo 20, parágrafo 3º, considera-se a pessoa que o agente queria atingir. 
Na prática, Mévio responde como se tivesse matado o amigo. 
 
➢ Erro na execução/aberratio ictus→ O sujeito, aqui, erra o modo de execução. Ou seja, por “falha”, 
atinge pessoa que não queria atingir. 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a 
pessoa que pretendia ofender,atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime 
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a 
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
Exemplo: Mévio decide matar seu amigo. 
Certo dia, o vê na rua e dispara o revolver. 
No entanto, por não saber atirar, acaba matando pessoa diversa. 
Nesse caso, de acordo com o artigo 73, considera-se a pessoa que o agente queria atingir. 
Na prática, Mévio responde como se tivesse matado o amigo. 
Se houver morte dos dois, Mévio responde pelos dois crimes em concurso formal (matéria do tema 
concurso de crimes). 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
28 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
➢ Resultado diverso do pretendido/aberratio criminis/aberratio delicti → O sujeito quer praticar 
uma conduta, mas acaba praticando outra. Em outras palavras, ele quer atingir uma coisa e acaba 
atingindo uma pessoa e vice-versa. O autor, portanto, atinge bem jurídico diverso do pretendido. 
Nesse caso, o agente responde por culpa, se for previsto crime culposo. 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém 
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; 
se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
Exemplo: Tício joga uma cadeira em Mévio, com a finalidade de lesioná-lo. 
Acontece que Tício erra e atinge um carro. Nesse caso, poder-se-ia falar em crime de dano. 
No entanto, o dano não é previsto na modalidade culposa. 
Sendo assim, Tício não responde por nada. 
 
 
 
 
 
Erro de tipo
Acidental
Erro sobre o 
objeto
Erro sobre o 
nexo causal
Erro sobre a 
pessoa
Erro na 
execução
Resultado 
diverso do 
pretendido
Essencial
Inescusável
Escusável
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
29 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
2.5)Iter criminis 
Agora é uma boa oportunidade para falar do famoso iter criminis. 
O iter criminis é o caminho do crime (o itinerário do crime), ou seja, as fases pelas quais o crime passa. 
De acordo com a posição amplamente majoritária, temos 04 fases: 
1ª fase (interna): Cogitação → É a fase em que o autor pensa mais ou menos assim: “hmmm, quero fazer isso”. 
 Não há punição nessa fase (ninguém pode ser punido pelo que pensa). 
 
2ª fase (externa): Atos preparatórios (preparação) →O autor, pensando em cometer a infração, faz os 
preparativos (monta o plano, adquire coisas, etc.). 
Em regra, não há punição nesta fase. 
 
3ª fase (externa): Atos executórios (execução) → Quando o autor ingressa na execução do delito. 
Em regra, a partir daqui é que haverá efetiva punição. 
Exemplo: No crime de homicídio, quando o autor efetuar os disparos de arma de fogo. 
 
4ª fase (externa): Consumação →É o momento em que se consuma a infração penal. Vimos que, dependendo 
do crime (Material, Formal ou de Mera Conduta), o momento da consumação varia. 
No crime material, há a consumação com o resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta, 
a simples prática do verbo presente no artigo já consuma o crime. 
 
Vamos entender melhor? 
 
Exemplo 1: Uma pessoa resolve furtar objetos de uma casa. Para isso, vai em uma loja e compra luvas, botas, 
etc. 
Nesse caso, ele está se preparando para cometer o delito. Acontece que comprar tais materiais não é crime e, 
sendo assim, o sujeito não pode ser punido. 
Apenas haverá a incidência do Direito Penal quando houver o começo dos atos executórios, ou seja, quando o 
agente começar a praticar algum ato suscetível de caracterizar o verbo “subtrair”. 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
30 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Exemplo 2: Uma pessoa resolve roubar um pedestre. Para isso, adquire ilegalmente uma arma de fogo e passa a 
andar com ela (porte). 
Nesse caso, a aquisição da arma de fogo é um ato preparatório ao crime de roubo. No entanto, o simples porte 
ilegal de arma de fogo já constitui crime autônomo (artigo 14 do Estatuto do Desarmamento). 
Dessa forma, pune-se o ato preparatório não por ser ato preparatório, mas sim por constituir crime autônomo. 
 
Exemplo 3: O delito do artigo 291 do Código Penal (Petrecho para falsificação de moeda) 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: 
Sabemos que há o crime de moeda falsa. No entanto, o próprio legislador escolheu criminalizar, por 
exemplo, a mera posse de aparelho destinado à falsificação de moeda. Ou seja, o próprio legislador resolveu que 
o Direito Penal deve incidir em um momento anterior, punindo quem tivesse objetos destinados à falsificação. 
Não há necessidade de começar a falsificação. 
Dessa forma: 
Regra → Atos preparatórios não são puníveis. 
Exceção → São puníveis os atos preparatórios se eles constituírem crimes autônomos (por si só). 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS: Alguns doutrinadores incluem a fase de exaurimento como 5ª fase. Não é a posição majoritária. 
Iter Criminis
Cogitação Preparação Execução Consumação
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
31 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Em resumo, o exaurimento é a fase em que o crime esgota seu potencial lesivo (potencial de causar dano). 
Exemplo: Como vimos, nos crimes formais, a consumação se dá independente do resultado naturalístico. Ele até 
pode ocorrer, mas não é necessário para o crime se consumar. 
No crime de corrupção passiva, a mera solicitação de vantagem indevida já é suficiente para que haja a 
consumação. Em outras palavras, não é necessária a obtenção de tal vantagem. 
No entanto, se o agente conseguir a vantagem almejada, haverá o exaurimento do delito. 
 
 
 
 
Consumação 
Professor, quando se consuma a infração penal? 
A infração penal se consuma quando no fato estão presentes todos os elementos de sua definição legal. 
Explica aí, professor... 
Exemplo: O crime de lesão corporal (art. 129 do CP) assim prevê 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Para haver a consumação do crime, deve haver uma conduta que realmente ofenda a integridade corporal 
ou a saúde de outra pessoa. Ou seja, não basta que haja uma conduta humana, pois ela deve gerar o resultado 
esperado pelo artigo (ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem). 
O crime de lesão corporal é material e, como já vimos, para ser consumado, precisa haver o resultado 
naturalístico (verdadeira ofensa à integridade ou à saúde). 
 
E nos crimes formais e de mera conduta? 
Os crimes formais e de mera conduta, como vimos, não precisam do resultado naturalístico para a 
consumação, pois a prática do verbo já consuma o crime. 
Exemplo: O crime de corrupção passiva (art. 317do CP) assim prevê 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
32 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Em relação ao verbo solicitar, a mera solicitação já consuma o crime. O agente não precisa efetivamente 
receber a vantagem indevida. Tal recebimento é mero exaurimento do crime formal. 
Portanto, tanto nos crimes materiais, quanto nos formais e nos de mera conduta, para que haja a 
consumação, é necessária a presença de todos os elementos de sua definição legal. 
A diferença é que nos materiais essa definição legal traz o resultado naturalístico como essenciale nos 
formais/de mera conduta não. 
Veja como CP traz o assunto: 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
 
Portanto: 
✓ Os crimes materiais se consumam com a produção do resultado naturalístico (modificação do 
mundo exterior). 
Exemplo: No homicídio, é a morte. 
 
✓ Os crimes formais se consumam com a prática do verbo do tipo (conduta). 
Exemplo: No crime de concussão, é a exigência de vantagem indevida. 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
 
✓ Os crimes de mera conduta se consumam com a prática do verbo do tipo (conduta). 
Exemplo: Artigo 150 do CP (violação de domicílio): 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de 
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
 
✓ Os crimes omissivos próprios se consumam com a não prática do comportamento devido. São 
aqueles crimes que a lei já traz a omissão (“deixar de”). 
Exemplo: Artigo 135 do CP (omissão de socorro): 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada 
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, 
nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
33 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
✓ Os crimes omissivos impróprios (comissivo por omissão) se consumam com a produção do 
resultado naturalístico, pois são crimes materiais. São os crimes que têm a figura da pessoa que 
tem o dever jurídico de evitar o resultado. Temos a figura do “garantidor”. 
Professor, mas quem tem o “dever jurídico de evitar o resultado”? 
Isso está no artigo 13 do CP, veja: 
Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
Exemplo: É o caso do Policial, que, por lei, tem o dever de intervir quando houver cometimento de algum crime. 
 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
Exemplo: Caio pede para Tício vigiar seu filho enquanto ele vai à padaria. Tício concorda e por isso “assumiu a 
responsabilidade” de impedir resultado danoso. 
 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado 
Exemplo: Caio, com intuito de brincar, joga Tício na piscina. 
Acontece que Tício não sabe nadar e começa a se afogar. 
Se Caio se recusar a ajudar Tício, ele não responderá por crime omissivo próprio (omissão de socorro). Como ele 
“criou” a ocorrência, ele responderá pelo resultado (homicídio). 
 
✓ Os crimes culposos se consumam com a produção do resultado naturalístico, pois são crimes 
materiais. 
 
Professor, e se o crime não se consumar? 
Se o crime não se consumar, haverá a chamada tentativa (conatus). 
 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
34 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Tentativa (conatus) 
Veja como CP trata da tentativa: 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
No entanto, não é toda falta de consumação que irá gerar a tentativa. 
Quer ver? 
Exemplo 1: Caio desfere 3 tiros em um amigo. No entanto, o autor fica com pena e resolve levar o amigo ao 
hospital, vindo este a sobreviver. 
 
Exemplo 2: Caio desfere 3 tiros em um amigo. No entanto, o amigo é socorrido por terceiros e sobrevive. 
Há tentativa nos dois casos? 
Não. Apenas há tentativa no segundo caso, pois o crime de homicídio não se consumou por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. No primeiro caso, o crime de homicídio não se consumou pela própria vontade de 
Caio. 
Veja: 
No exemplo 1, Caio não queria mais consumar o delito → não há tentativa. Veremos essa hipótese ainda 
nesta aula. 
No exemplo 2, Caio queria consumar o delito, mas não conseguiu → há tentativa. 
 
Dessa forma, concluímos que para haver a tentativa, são necessários alguns requisitos, de acordo com o 
artigo 14, II do CP: 
❖ Início da execução → artigo fala em “iniciada a execução”. Em regra, só há punição na fase 
executória do iter criminis. 
 
❖ Não consumação do crime → Obviamente, o crime não deve ser consumado. 
 
❖ Circunstâncias alheias à vontade do agente → O agente não consuma a infração porque não 
pode ou não consegue mais prosseguir na empreitada criminosa. 
 
 
❖ Dolo do agente → O agente quer prosseguir (dolo), mas não consegue (por circunstâncias alheias 
a sua vontade). 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
35 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Nota-se pelo artigo 14, parágrafo único que, em regra, a tentativa é punida com a pena correspondente ao 
crime consumado, mas diminuída de 1/3 a 2/3. Falei “em regra” porque daqui a pouco vou mostrar uma exceção. 
Art. 14, Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços 
 
É importante dizer que a tentativa possui algumas classificações. Vamos vê-las? 
➢ Imperfeita/inacabada → Aqui, o agente não chega ao final dos atos executórios. Em outras 
palavras, ele quer prosseguir na conduta, mas não consegue. 
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere 04 
tiros e, mesmo querendo desferir os ouros 02, é impedido por terceiros. 
 
➢ Perfeita/acabada/crime falho → Aqui, o agente chega ao final dos atos executórios. Em outras 
palavras, ele termina sua conduta. 
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere os 06 
tiros, mas Mévio sobrevive em virtude de ter sido socorrido. 
 
▪ Branca/incruenta → Aqui, o bem jurídico protegido não é atingido. 
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor desfere tiros 
que não atingem a vítima. 
 
▪ Vermelha/cruenta → Aqui, o bem jurídico é atingido. 
Exemplo: Caio quer matar Mévio e, para isso, saca seu revolver com 06 projéteis (“balas”). O autor acerta os 
tiros, mas a vítima sobrevive. 
 
OBS: já vi questões que afirmaram que “cruenta” é a que é cometida com crueldade. Isso está errado!! 
 
Professor, toda e qualquer infração penal pode ser punida na forma tentada? 
A resposta é “não”. Há situações em que a tentativa será inviável ou não será punida. Já vimos o caso das 
contravenções penais. 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
36 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Infrações penais que não admitem tentativa (ou que não são puníveis como tentativa) 
O chá é pouco → CHAPOCU 
Que isso, professor?!?!! 
 
Contravenções Penais 
Habituais 
Atentado 
Preterdolosos 
Omissivos Próprios 
Culposos 
Unissubsistentes 
 
1) Em relação às contravenções penais, o artigo 4º da LCP já foi visto. Nota-se que ela não é punível. 
Possível ela é. 
Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41 - Não é punível a tentativa de contravenção. 
 
2) Nos crimes culposos, como vimos, o resultado é involuntário. E como acabamos de ver, a tentativa 
pressupõe o dolo (“alheias à vontade do agente”). 
 
3) Nos crimes preterdolosos, não cabe tentativa pelo mesmo motivo. O resultado é involuntário. Há 
dolo na conduta e culpa no resultado. 
Veja: 
Art. 14, II do CP - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente 
 
4) Em relação aos crimes unissubsistentes, vamos primeiro definir o conceito. 
Crimes unissubsistentes sãoaqueles em que os atos executórios só podem ser cometidos mediante um 
único ato, ou seja, não é possível o fracionamento da execução. Nesses casos, ou o agente consuma a infração 
(pratica o verbo) ou não faz nada. É o “oito ou oitenta”. 
Exemplo: No caso do Desacato cometido de forma verbal, ou a pessoa profere as palavras ou não. Ou consuma 
ou não. Nesse caso, não é possível que os atos executórios sejam fracionados. 
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
37 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
5) Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes, ou seja, ou há a omissão (consumação) ou não 
há conduta. Não é possível o fracionamento. Veja o crime de abandono intelectual: 
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar: 
Ou a pessoa deixa de prover à instrução primária ou não. 
 
6) No caso dos crimes habituais, para haver a consumação, é necessário, como o nome já diz, a 
habitualidade. Habitualidade nada mais é do que o conjunto de condutas reiteradas (repetidas) 
capazes do consumar o crime. Ou seja, se houver uma única conduta, ela será atípica. Também é 
“oito ou oitenta”. 
Uma conduta → atípica 
Condutas reiteradas → crime consumado. 
Não há espaço para a tentativa. 
 
7) Os crimes de atentado (empreendimento), por si só, já são consumados. Crimes de atentado são 
aqueles em que o legislador decidiu que a mera tentativa já configura o crime consumado. 
Exemplo: O crime de evasão mediante violência contra a pessoa. Veja que a conduta é evadir-se ou tentar 
evadir-se. 
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, 
usando de violência contra a pessoa: 
Eu acabei de falar que “em regra” os crimes tentados possuem uma causa de diminuição de pena e falei 
também que há exceções, certo? Esta é uma delas. Nos crimes de atentado, a mera tentativa já consuma o 
crime. Portanto, o crime é punido como consumado, não como tentado. 
 
COMO CAI: CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o próximo item, relativo ao instituto da tentativa. 
Crime culposo não admite tentativa. 
GABARITO: CERTO. 
COMENTÁRIOS: De fato, os crimes culposos não admitem tentativa, como acabamos de ver. 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
38 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
 
Tentativa abandonada 
A tentativa abandonada é gênero das espécies desistência voluntária e arrependimento eficaz. Vou 
explicar: 
Como o próprio nome já diz, na tentativa abandonada, não há a consumação do crime. Essa é a primeira 
informação que você tem que entender. 
Sabendo que o crime não se consumou, há duas situações: 
1ª Situação → O agente inicia a execução e desiste de prosseguir nela. Ou seja, o agente, no meio da 
execução, decide que não quer dar prosseguimento à conduta. Isso é chamado de desistência voluntária. 
Conclui-se que só é possível se o agente ainda não finalizou os atos executórios. Trata-se de um 
comportamento omissivo (“deixar” de prosseguir). 
Exemplo: Caio, querendo matar Tício, porta uma arma com 06 munições e dispara 03 vezes contra a vítima. 
Vendo Tício caído no chão, Caio fica com pena e, mesmo podendo atirar mais 03 vezes, decide se evadir do local 
A vítima sobrevive. 
 
Infrações que não admitem tentativa
Contravenções
Habituais
Atentado
Preterdolosos
Omissivo 
Própios
Culposos
Unissubsistentes
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
39 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
2ª Situação → O agente inicia e termina a execução. No entanto, após finalizar os atos executórios, ele se 
arrepende e toma as providências para que o resultado não ocorra. Isso é chamado de arrependimento eficaz 
Trata-se de um comportamento positivo (“impedir o resultado”). 
Exemplo: Caio, querendo matar Tício, porta uma arma com 06 munições e dispara 06 vezes contra a vítima. 
Vendo Tício caído no chão, Caio fica com pena e resolve levá-lo para o hospital. A vítima sobrevive. 
 
Viram que na primeira situação o agente, no meio dos atos executórios, mesmo podendo prosseguir neles, 
desiste? E que na segunda situação o agente, após finalizar os atos executórios, toma as providências para que o 
resultado (morte) não ocorra? 
Em síntese → Só posso me arrepender do que eu já fiz. E só posso desistir do que estou fazendo. 
 
Os dois institutos estão no artigo 15 do CP, olhe: 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado 
se produza, só responde pelos atos já praticados 
A primeira parte traz a desistência voluntária e a segunda parte trata do arrependimento eficaz. 
Em ambos os casos, o resultado (morte, no exemplo) não poderá ocorrer. Se ocorrer, haverá crime 
consumado. 
E qual a consequência dos dois institutos? 
O agente só responde pelos atos já praticados (que podem configurar crime ou não). Nas duas 
situações, responde por lesão corporal, pois a morte não ocorreu. 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados 
 
Por isso, os institutos são chamados de “Ponte de Ouro”, pois é uma ponte que permite “sair” do crime 
mais grave (homicídio, no exemplo) e ir para o crime menos grave (lesão corporal, no exemplo). 
 
 
Tentativa 
abandonada
Desistência 
voluntária
Arrependimento 
eficaz
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
40 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
Arrependimento Posterior 
O Arrependimento Posterior é chamado de “Ponte de Prata”. Isso porque, ao contrário da ponte de ouro, 
ele não permite “sair” de um crime e ir para outro menos grave. 
Trata-se de uma causa de diminuição de pena, que é aplicada quando o agente pratica crimes sem violência 
ou grave ameaça à pessoa e restitui/repara o dano até o recebimento da denúncia. 
Veja o artigo 16 do CP: 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída 
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será 
reduzida de um a dois terços. 
 
2.6)Crime Impossível ou Tentativa inidônea 
O Crime impossível ou tentativa inidônea (cuidado com o nome) consiste na situação na qual a tentativa 
não é punível pela impossibilidade de o crime se consumar. 
Como assim, professor? 
Há situações nas quais o meio escolhido pelo agente para consumar o crime é incapaz de ferir o bem 
jurídico tutelado. No mesmo sentido, há situações nas quais o meio é capaz de ferir o objeto material, mas este 
não existe, não podendo sofrer qualquer tipo de dano. 
Nesses casos, temos uma exclusão de Tipicidade. Ou seja, o fato nem chega a ser típico. 
Dê uma olhada no artigo 17 do CP. Em seguida, explicarei cada hipótese e darei exemplos. 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
Ineficácia absoluta do meio de execução 
O modo/meio de execução escolhido pelo agente não tem qualquer possibilidade de ferir o bem jurídico 
tutelado. 
Exemplo: Caio quer matar Tício e para isso vai em uma farmácia e compra um saco de algodão. Em seguida, com 
muita força, joga uma unidade na cabeça da vítima. 
A conduta de jogar um algodão na cabeça de Tício é capaz de consumar o homicídio? Um algodão na cabeça é 
capaz de matar uma pessoa? 
Não. Portanto, o meio escolhido (jogar um algodão) é ineficaz para consumar o crime. 
Temos a primeira hipótese do crime impossível. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
41 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
DireitoPenal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
Absoluta impropriedade do objeto 
O objeto material é a pessoa ou o objetivo sobre o qual a conduta criminosa incide. No caso do homicídio, é 
a vítima. No caso do furto, é o bem móvel. 
Aqui, o modo/meio de execução escolhido pelo agente tem possibilidade de lesionar o objeto material. No 
entanto, esse objeto não existe, ou seja, é impróprio. 
Exemplo: Caio, vendo uma pessoa desmaiada, resolve estuprá-la. Após a conjunção carnal, percebe que a 
pessoa, na verdade, estava morta. Nesse caso, o meio utilizado (conjunção) poderia consumar o estupro. 
No entanto, o objeto material (pessoa) não existe, pois a suposta vítima já estava morta. 
Por isso fala-se em “impropriedade” do objeto. 
 
OBS: Nota-se que tanto a impropriedade do objeto quanto a ineficácia do meio devem ser absolutas!!! 
 
Flagrante Provocado/Preparado/Crime Putativo por obra do agente provocador 
Essa hipótese consiste na impossibilidade de se consumar o delito quando a polícia ou qualquer pessoa 
tomam as providências necessárias para evitar a consumação. 
Vamos exemplificar? 
Exemplo: Semprônio, Agente de Polícia infiltrado, em um trabalho sensacional de investigação, consegue se 
inserir em uma organização criminosa que rouba carros de concessionárias. 
Sem provas para efetuar a prisão, Semprônio resolve dar a ideia de roubar uma concessionária no endereço X. 
Acontece que o Agente de Polícia informa sua Delegacia, que coloca diversos policiais no local para impedir a 
consumação. 
Quando a organização criminosa chega no local, a Polícia intervém e efetua a prisão. 
Nota-se que a Polícia tomou todas as precauções para que o crime não se consumasse. Além disso, 
houve o comportamento do Agente de Polícia infiltrado foi de colocar uma “isca” para a prisão ser efetuada. 
Nesse caso, temos o crime impossível por obra do agente provocador, pois o roubo não teria possibilidade 
de se consumar, diante das circunstâncias fáticas. 
Parte da doutrina chama isso de Crime de Ensaio ou Crime de Teatro, exatamente pelo fato de ser criada 
uma situação armada que impede a consumação do crime. 
Veja a Súmula 145 do STF: 
Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação. 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
42 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Professor, quer dizer que se uma pessoa for em uma loja com câmeras, tentar furtar algo e for pego 
pelo segurança, haverá crime impossível? 
Não!!!! A simples existência de sistema de vigilância não torna impossível a consumação do furto. O agente 
ainda consegue furtar, mas consumar o delito fica mais difícil. 
Veja o que diz a Súmula 567 do STJ: 
Súmula 567 do STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de 
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do 
crime de furto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crime Impossível
Absoluta ineficácia do 
meio
Absoluta 
impropriedade do 
objeto
Flagrante 
preparado/provocado
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
43 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
3) Ilicitude 
Finalizado o estudo do Fato Típico, precisamos ingressar no conceito de ilicitude, que também é chamada 
de antijurisdicidade. 
Lembrando que Crime é Fato Típico, Ilícito e Culpável. 
Em síntese, um ato ilícito é aquele que viola a norma jurídica. Trata-se de um conceito bem simples. 
Mas o que é ilícito para o Direito Penal? 
Primeiramente, para um fato ser ilícito, é necessário que ele seja típico. Se não houver tipicidade, sequer 
avaliaremos a ilicitude. 
Feita essa introdução, o próprio Código Penal elenca hipóteses em que a ilicitude é excluída (justificada), 
quer ver? 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito 
Temos o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício 
regular de direito. Vamos ver cada um deles? 
 
COMO CAI: CESPE/2018 – STJ - A respeito da culpabilidade, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item 
que se segue. 
Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de antijuridicidade, também denominada de causa de 
justificação, exclui o próprio crime. 
GABARITO: CERTO. 
COMENTÁRIOS: Perfeito. As causas de exclusão de ilicitude (antijurisdicidade) excluem o próprio crime, 
pois crime é fato típico, ilícito e culpável. Se não há ilicitude, não há que se falar em figura criminosa. 
Veja o artigo 23 do CP: 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
 II - em legítima defesa; 
 III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
44 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
Estado de necessidade 
O estado de necessidade é a colisão de bens jurídicos no caso concreto. Em outras palavras, é a situação na 
qual há dois bens jurídicos e um deles deve ser sacrificado para que o outro “sobreviva”. Em resumo, é o conflito 
de interesses entre dois bens jurídicos. 
Exemplo: Um navio naufraga e duas pessoas (A e B) ficam boiando na água. Há apenas um pedaço de madeira 
em que apenas uma pessoa pode ficar para sobreviver. A e B, lutando pela vida, brigam e B acaba matando A 
para ficar com o pedaço de madeira. 
Nesse caso, B não responde pelo crime de homicídio, pois estava em Estado de Necessidade, caracterizado 
pela vontade de salvar sua vida do perigo atual (naufrágio), não causado por sua vontade (ele não afundou o 
navio), que não podia de outro modo evitar (o único meio de sobreviver era ficando na madeira). 
Quer ver como CP define o estado de necessidade? 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 I - em estado de necessidade; 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que 
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 
Do artigo, é possível ver os requisitos para que o estado de necessidade seja caracterizado: 
• Perigo atual (“salvar de perigo atual”) → O perigo deve ser atual. Pelo CP, não existe estado de 
necessidade de perigo que não está ocorrendo. Nota-se que o perigo pode ser derivado da 
natureza, de ato humano ou de ato de animal. 
Exemplo: Uma pessoa não pode matar um cachorro sob o argumento de que um dia ele poderá vir a atacá-la. 
 
• Ameaça a “direito próprio ou alheio” → Deve haver uma ameaça concreta a um direito. No 
exemplo dado anteriormente, há uma ameaça à vida de B. 
Outro exemplo: Uma pessoa não pode dar um tiro na cabeça de um cachorro feroz que está amarrado e com 
focinheira, pois não existe ameaça concreta. 
 
• Perigo não provocado pela própria pessoa, de forma dolosa (“não provocou por sua vontade”) 
→ Se o perigo for originado pela própria pessoa (voluntariamente, dolosamente), não se fala em 
estado de necessidade. 
Exemplo: Se no exemplo dado, B tivesse afundado dolosamente o navio, ele não poderia se valer do estado de 
necessidade para matar A. 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 02 
 
45 de 78| www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente Federal de Execução Penal 
 
 
• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (artigo 24, parágrafo 1º do CP) → Se a pessoa 
tem o dever legal de enfrentar a situação de perigo, ela não pode deixar de enfrentá-la. 
Art. 24, § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

Continue navegando