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Direito Econômico e Empresarial Introdução ao direito econômico Dentre as diversas classificações existentes, uma delas se mostrou extremamente útil ainda nos dias atuais: a que divide o Direito em Público e Privado. Tal classificação foi apresentada pela primeira vez pelo catedrático romano Ulpiano, ou seja, o direito econômico está inserido na primeira hipótese, no PÚBLICO e o econômico no PRIVADO. Seria de Direito Privado a questão (norma, matéria, disciplina) que tratasse somente de interesses particulares do cidadão romano e por sua vez, seriam de Direito Público as questões (normas, matérias e disciplinas) que tratassem, além do interesse particular, o interesse do estado Romano. As normas de direito econômico são transindividuais, influenciam e refletem a vida de todos os seres humanos. O direito econômico faz um corte transversal em todos os ramos do direito pois está presente em todos eles. A importância do direito econômico vem do seu próprio objeto que será estudado mais a frente e esse objeto implica em afirmarmos que as normas do direito econômico são capazes de MUDAR UMA NAÇÃO. O conjunto de normas do direito econômico pode influenciar se um país será próspero ou não. As normas são transindividuais, ou seja, refletem na totalidade de todos os cidadãos de determinada nação. Esta característica (transindividuais), aliás, nos deixa afirmar que o Direito Econômico é naturalmente multidisciplinar, uma vez que, normas nascidas em ambientes disciplinares diversos (ex.: Direito Penal, Direito do Trabalho etc), se INFLUENCIAREM INTERESSES ECONÔMICOS, serão, do mesmo modo de direito econômico. Direito Econômico e Empresarial Prof: Guilherme Bohac/Resumo: Larissa Tiveron https://meet.google.com/inp-pdpd-iin Objeto do direito econômico O objeto do direito econômico é o estudo das normas jurídicas que interferem nas normas econômicas Relação do direito com a economia A economia pode ser definida como “a ciência que trata dos fenômenos relativos a produção, distribuição e consumo dos bens” O direito e a economia são disciplinas que tem em comum a ação humana e são ciências prognósticas voltadas ao futuro. Houve um tempo em que o direito era uma ciência apartada, que só ele mesmo se bastava, porém esse tempo ficou para trás e hoje em dia o direito é entendido como uma associação entre as demais matérias de conhecimento da humanidade, a partir desse ponto nascem uma infinidade de disciplinas. Nos EUA nasce uma disciplina que mescla o direito com a economia: a análise econômica do direito. Resumidamente, a análise econômica do direito é a leitura dos fenômenos jurídicos sob a ótica das teorias econômicas. É possível afirmar que o direito econômico se trata de uma disciplina autônoma, isso pq tal característica está presente sempre que houver uma porção do Direito em que possua: Princípios próprios e institutos próprios. Tais características são flagrantes no Direito Econômico, seja porque ele é um ramo altamente principiológico (art. 170, CF), e recheado de institutos específicos (ex.: privatização, empresas públicas, condutas anticompetitivas etc). Sistemas econômicos: Os sistemas econômicos são destinados a dar organização às questões econômicas. Capitalismo: É um sistema de trocas voluntárias. Socialismo: É o sistema oposto, não tem trocas voluntárias e sim uma autoridade maior que decide o rumo das questões econômicas. Ordem econômica: Existem 3 noções principais do que significada ordem econômica, o primeiro seria com base no título VII da CF, ordem significaria seção que será tratada pelo constituinte, o segundo fala que a ordem econômica seria tratada como conjunto de princípios/regras destinados a tratar questões econômicas e o terceiro seria que ordem está no sentido de ordenação de parâmetros envolvendo questões econômicas, ou seja, todos são significados complementares. Portanto, ordem econômica pode estar no sentido de conjunto de normas das questões econômicas. Posicionamento econômico estatal: Diante de um fenômeno econômico o estado pode ter 3 posturas: total liberdade pra agir (raro), absorver as atividades ou atuar no meio (permitir que a atividade atue mas sob fiscalização), diante disso é possível estudarmos as posturas estatais. Neste momento, não cabia ao Estado e ao texto constitucional tratar de questões econômicas. As constituições estavam em sua primeira geração (conteúdo: separação dos poderes, organização do estado e definição de alguns direitos fundamentais), e estampavam um estado que não precisava implementar direitos e serviços e só agia quando eles fossem violados. Com o passar o tempo, percebeu-se que não bastava a mera previsão dos direitos no texto constitucional, mas sim, a verdadeira implementação material destes direitos. Surgem ai as Constituições Sociais que estampavam um Estado proativo que almejava a previsão abstrata do direito e necessitava de uma verdadeira estrutura para implementá- lo. Mais modernamente, percebendo que muitos destes serviços poderiam ser devolvidos à iniciativa privada, em especial, com inspiração na experiência americana, surge o Estado Regulador. Tal formatação é a de um Estado em que há permissão para que a iniciativa privada atue, conjuntamente ou não, sobre alguns serviços que lhes eram exclusivos (ex. telefonia, gás natural, energia elétrica etc). O Estado, nesta concepção, permite que a iniciativa privada atue, mas sob um regime de regulação, em especial, criando Agências Reguladoras para a ordenação deste respectivo mercado (exs.: ANEEL, ANATEL, ANA, ANSS, ANP, ANCIME, ANVISA etc.) Formas de intervenção do estado na ordem econômica: Nesse sentido, considerando o mercado (o conjunto de transações negociais) um ambiente natural, o estado, quando assim participa, o faz interferindo neste ambiente natural. Por esta razão, o constituinte e a doutrina, em geral, usam a expressão intervenção nas hipóteses em que o Estado se insere nas questões econômicas. Em geral, a intervenção pode ser direta ou indireta. A intervenção direta se dá nas hipóteses em que encontramos o Estado atuando diretamente na atividade econômica, ou seja, vendendo um produto ou prestando um serviço econômico. Já a intervenção indireta se dá por meio da fixação de normas regulamentares. Praticamente toda e qualquer atividade econômica terá, ao menos reflexamente, uma norma estatal regrando a situação. Sendo assim, é possível afirmar, que a intervenção direta é uma exceção, e a indireta é a regra. Ordem econômica na Constituição Federal Brasileira (art. 170 CF): Ordem econômica pode ser entendida como um conjunto de disposições constitucionais que têm como função regular a intervenção estatal. Conforme já foi dito: pode ser direta ou indireta. A CF brasileira passa a tratar da Ordem Econômica no título VII. Antes de adentrar um texto constitucional, é bom “definir” certas coisas para falar da Teoria Geral do Direito, como já dito, direito é norma, e norma, é direito. Sendo assim, as Teorias do Direito são verdadeiras Teorias da Norma. Conforme já foi citado: Norma e texto são coisas diferentes Texto: É o conjunto concatenado de palavras, em certa língua, com certo sentido. Norma: É resultado da exegese, ou seja, resulta da interpretação do mencionado texto, norma é gênero, do qual são espécies os princípios e as regras. Então, regras e princípios são normas com conteúdos e dinâmicas diferentes, as regras são normas mais concretas, estão próximas ao mundo fenomênico, são normas descritivas, uma vez que descrevem condutas, descrevem um fazer, um não fazer ou deixar de fazer. As regras, que podem ser gerais ou específicas, são servidas pelos princípios, os quais funcionam comonormas guias. Também observamos que os princípios são normas mais abstratas, uma vez que se encontram mais distantes do mundo fenomênico. São normas, por assim dizer, não descritivas, mas sim prospectivas, pois estabelecem um ESTADO IDEAL A SER ATINGIDO, por serem normas mais abstratas, os princípios são densificados por meio das regras. No mesmo modo que as regras, existem os princípios gerais e os princípios específicos. Aliás, segundo a doutrina, existem os princípios generalíssimo do direito, que são: neminem laedere; suum cuique tribuere e honeste vivere. Valorização do trabalho humano: Como consta no texto constitucional, a ordem econômica possui 2 pilares: A força do trabalho e a força do capital – art. 170 CF A força do trabalho é representada pela expressão “valorização do trabalho humano”, como apresentado pelo constituinte, o tratamento foi de paridade ou complementariedade, ou seja, tais forças não são vistas como opostas e sim como complementares, uma dependendo da outra e ambas são o fundamento da ordem econômica. Livre iniciativa: A livre iniciativa foi tratada como pilar da ordem econômica, é a capacidade de que qualquer um possui de iniciar a exploração de uma atividade econômica sem indevidas ingerências estatais. Sabemos que essa liberdade não é plena, uma vez que existem (mesmo indiretamente) normas estatais aplicáveis a praticamente toda atividade econômica, o que cabe pra agora é que a afirmação do constituinte diz que o Brasil adota um sistema capitalista. Existência digna: O conceito de dignidade pode ter uma compreensão extremamente ampla, por essa razão, é mais conhecer o que é pelo o que não é, ou seja, conhece-se o que é dignidade analisando o que não é, a doutrina reconhece que há um mínimo existencial. Viver com fome, situações de extrema pobreza, violência contínua e outras situações parecidas são situações de sobrevivência e não de existência digna. A dignidade da existência, a qual deve ser o FIM da ordem econômica, é no mínimo, assegurar condições mínimas de direitos fundamentais sendo respeitados. Princípios da ordem econômica: Soberania nacional: A soberania aqui mencionada é a mesma mencionada no art. 1 da CF, embora lá se refira a uma soberania de jurisdição, aqui essa soberania é aplicada ao campo econômico. Ou seja, por soberania nacional econômica devemos entender que é a capacidade de um país de tomar suas decisões econômicas sem ingerências externas. Isso é atingido por diversas práticas, a mais conhecida é a politica de pulverização de compradores. Propriedade privada: Nesse ponto, o constituinte está reafirmando o caráter capitalista da ordem constitucional, a prop. privada é um elemento fundamental e básico pra que qualquer país capitalista se desenvolva, não há regime capitalista sem propriedade privada. A propriedade privada é direito fundamental do cidadão consistente em dar o destino que quiser naquilo que ele adquiriu sem que outros possam coletivizar esse bem, a ordem econômica possui como principio a defesa da propriedade privada. Princípio da função social da propriedade A propriedade é um direito que deve ser exercido em consonância a interesses de uma coletividade: é o que se chama de FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. A função social da propriedade está atrelada a concepção coletivistas que é objeto de aplicação por meio de normas ambientais, urbanísticas, registrais, de vizinhança e etc. Princípio da livre concorrência O principio da livre concorrência é ligado ao principio da livre iniciativa. Não basta a liberdade de se iniciar uma atividade (livre iniciativa) é necessário que se garanta a permanência nesse ambiente (livre concorrência), tais princípios são ligados, é quase impossível compreender a existência de um sem o outro. A concorrência é natural do mercado, ou melhor, é natural do próprio ser humano. Princípio da defesa do consumidor É natural que a ordem econômica tenha como princípio a defesa do consumidor, isso porque é o principal agente econômico. Todos somos consumidores, mas nem todos somos trabalhadores, empregadores, agentes do estado e etc, sendo assim, o consumidor se apresenta como o combustível da própria ordem econômica. Com o objetivo de materializar este comando constitucional o legislador ordinário positivou o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), estabelecendo uma infinidade de direitos e proteções ao consumidor. Princípio da defesa do meio ambiente Também é natural que a ordem econômica tenha como princípio a proteção do meio ambiente. Ora, é de onde são retirados todos os insumos para esta mesma ordem econômica. Nosso país possui vasta legislação ambiental, como o Código Florestal, a Lei de Águas, a Lei de Crimes Ambientais etc. Princípio da redução das desigualdades regionais Este princípio autoriza a existência de políticas públicas e econômicas focadas em determinadas regiões, visando a redução das desigualdades regionais e sociais. Princípio do pleno emprego Por este princípio a ordem econômica deve ser formatada para que haja o maior número de postos de trabalho possível. Alguns doutrinadores entendem que o país está em situação de pleno emprego quando há, no máximo, 6% da população economicamente ativa a procura de emprego. Princípio do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte Tal princípio somente foi concretizado em 2006, com o advento da Lei Complementar 123 do mesmo ano. tal, que passou a ser chamada de Lei do SIMPLES Nacional (sistema de tributação simplificado nacional) veio ao mundo jurídico com dois escopos: desoneração da carga tributária (pagamento de tributos reduzidos) e desburocratização das obrigações tributárias (simplificação do recolhimento). Trouxe 3 novos conceitos, com suas respectivas faixas de faturamento: 1- o MEI (microempreendedor individual) com faturamento de até 81 ano por anor; 2- ME (micro empresa) com faturamento de até 360 mil por ano. 3- EPP (empresa de pequeno porte) com faturamento de até 4.8 milhões por ano. Tal princípio veio concretizar um ambiente competitivo em favor dos pequenos palyers diante dos grandes grupos econômicos. Intervenção direta do estado na Ordem Econômica Como já visto, o Estado deve interferir apenas nas atividades econômicas. Isso se dá porque não é um ambiente natural ao Estado o mercado. O Estado, portanto, quando atua (interfere) nas atividades econômicas, o faz (ou deveria fazê-lo) de maneira excepcional. Por atividades econômicas devemos entender toda e qualquer prestação da qual há um potencial lucrativo, ou, em palavras mais simples: tudo aquilo quanto podemos fazer para gerar riquezas. Convém restringir a dicção da expressão "atividades econômicas" em atividades econômicas "lícitas", isso porque existe uma vasta gama de prestações, as quais, em tese, são lucrativas, mas que estão proibidas em nosso sistema (Ex: tráfico). É possível que existam dois níveis de intervenção do Estado nas atividades econômicas. Um, mais severo, que chamamos de intervenção DIRETA; outro, mais "suave", que é a intervenção INDIRETA. A intervenção será direta quando o Estado pratica, realiza, a própria atividade econômica (Ex.: Petrobrás, na venda de petróleo e o Banco do Brasil, na concessão de crédito). Por sua vez, a intervenção será indireta quando o ser praticar a atividade econômica, o Estado a influencia, seja positivamente ou não (Ex.: exigir air bags de motorista e passageiros ou liberar o extintor) Podemos observar que a intervenção indireta se dá por meio de posturas normativas ou, conforme conhecemos, por meio de regulação. Praticamente em todas as atividades econômicas conhecidas, uma em menor grau, outras em maior grau, há uma hipótese de intervenção INDIRETA (regulação). Dentre as atividadeseconômicas possíveis, existem algumas que, por razões históricas e de política constitucional passaram a ser tratadas em outro regime. Tais atividades passaram a ser denominadas de serviços públicos, os quais, em razão de diversos dispositivos constitucionais, pertencem ao Estado. Assim como as atividades econômicas, em regra, pertencem à iniciativa privada (mercado), os serviços públicos, em regra, pertencem ao Estado. É da natureza do Estado prestar serviços públicos. Conforme a dicção do próprio texto constitucional (art. 173, CF), a atuação DIRETA do Estado em uma atividade econômica é excepcional, e só será permitida se estiver presente uma das hipóteses abaixo: 1- Imperativos de segurança nacional; 2- relevante interesse coletivo. Conforme é possível notar, os conceitos acima são extremamente amplos (o que chamados de cláusulas abertas). Sendo assim, existe uma infinidade de interpretações decorrentes dos verbetes constitucionais (em especial porque a lei mencionada no final do dispositivo não existe ainda). Por esta razão, convém explicarmos por exemplos, A Petrobrás e os Correios seriam exemplos de empresas destinadas e servir os imperativos de segurança nacional, uma vez que a primeira trabalha com insumo essencial ao desenvolvimento econômico o qual já gerou diversos conflitos no mundo; e a segunda trata com o principal meio de comunicação por escritor do nosso país. Por sua, a doutrina afirma que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal seriam bons exemplos de empresas que cumprem o requisito de relevante interesse coletivo. Entidades empresariais estatais Como visto, a atuação DIRETA do Estado em uma atividade econômica é excepcionalíssima (mais excepcional, aliás, que a própria atuação INDIRETA). Para tanto, é necessária a presença de um dos seguintes pressupostos: imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo (art. 173, CF). É interessante notar que, quando essa situação (de intervenção direta do Estado em uma atividade econômica) se materializa, ela ocorre por meio do que chamamos de EMPRESAS ESTATAIS. As empresas estatais podem ser de duas espécies: Empresas públicas e sociedades de economia mista. Nas empresas públicas, a totalidade do capital social é do respectivo ente federado (União, Estados-mebros, Distrito Federal ou Municípios). Já nas sociedades de economia mista, apenas pelo menos metade do capital votante é de titularidade do ente federado, podendo pertencer o restante à iniciativa privada. Monopólio: Monopólio é uma situação em que há apenas um agente econômico explorando determinada fatia do mercado. Ou seja, é uma situação de exclusividade, na qual este agente econômico poderá explorar o conjunto de consumidores em determinado momento, sem concorrência relevante. Este ambiente - monopolista - pode ser atingido de maneira natural o artificial. O monopólio natural não é um ilícito no nosso sistema, pelo contrário, é até incentivado, já o monopólio artificial poderá ou não ser um ilícito. O monopólio artificial convencional é proibido, uma vez que decorre da combinação dos agentes econômicos para lesar o consumidor (CARTEL). Entretanto, o monopólio artificial decorrente da constituição não é um ilícito (natural, aliás) e está regulado no art. 177, da CF/1988. Tal dispositivo trata de atividades econômicas, as quais, em tese, seriam da iniciativa privada, mas foram totalmente cooptadas pelo ente estatal, não permitindo a atuação concorrencial, uma vez que o ente estatal possui o monopólio. Conforme consta no texto constitucional (art. 177, CF), a União detém o monopólio da exploração de atividades econômicas como extração de petróleo, gás natural e energia nuclear. Entretanto, conforme parágrafo primeiro do mesmo dispositivo, no tocante a petróleo e gás natural, é possível que a União realize contratos com a iniciativa privada para esta exploração, lembrando que, mesmo nestas situações, o monopólio pertence que a União. A Constituição estabelece que pertence ao Estado, naturalmente, a prestação de serviços públicos. No entanto, o mesmo dispositivo constitucional que assim exara, também permite que a iniciativa privada atue prestando serviços públicos (art. 175, CF/1988). Entretanto, uma vez que não é natural à iniciativa privada a prestação desta espécie de serviço, o texto constitucional estabeleceu critérios para esta realização. Sendo assim, para que a inciativa privada possa atuar prestando um serviço público, como regra geral, as empresas privadas deverão participar de um procedimento de licitação. Os procedimentos licitatórios, em geral, são procedimentos de tomada de preços pelos entes federados (administração direta e indireta), conforme critérios de economicidade, para fins de aquisição de produtos ou serviços. Ao final de um procedimento de licitação é natural resultar em favor do vencedor um de 3 espécies contratuais: contrato de concessão, contrato de permissão ou autorização. Diante da relevância do fenômeno (uma vez que as autorizações são mais simples e efêmeras) o constituinte elegeu como contratos possíveis o que de CONCESSÃO e PERMISSÃO (que são contratos mais longos, podendo chegar a 50 anos, e mais complexos). Desse modo, como regra geral, para que a iniciativa privada preste um serviço público, deverá participar de licitação e obter um contrato de concessão ou permissão, assim é para os serviços de transporte público, distribuição de energia elétrica, tratamento de água e esgoto, radiodifusão, radiodifusão de sons e imagens, manutenção de estradas de rodagens, telefonia fixa e móvel, etc. No entanto, existem dois serviços públicos que o constituinte deu regulação diversa, permitindo a ampla exploração deles pela iniciativa privada, independentemente de licitação. São eles: a educação e a saúde (arts. 209 e 199, CF, respectivamente). Em outras palavras, com relação a estes dois serviços, não será necessária licitação para que a iniciativa privada atue. Isso se deve a intenção do constituinte em dar maior amplitude à prestação destes dois tipos de serviços diante de sua importância. Intervenção indireta do estado na economia Podemos observar que o Estado intervém em todas as atividades econômicas, algumas mais, outras menos. A intervenção indireta se dá, basicamente, pela legiferação, ou seja, pela expedição de produtos normativos referentes às mais diversas atividades. A regulação pode vir, desde o texto constitucional até a mais inferior espécie normativas (ofício, decreto, portaria, circular, instrução normativa etc). Não existe atividade econômica em nosso país que não, ao menos, uma norma regulamentar. Ou seja, a intervenção indireta do Estado na economia se dá por meio de REGULAÇÃO. Direito empresarial – Introdução Nomenclatura, conceito e evolução histórica: O Direito Empresarial é contato por meio de duas teorias historicamente bem vincadas: a TEORIA DOS ATOS DO COMÉRCIO e a TEORIA DA EMPRESA. Surge na França a teoria dos Atos do Comércio, tal teoria foi positivada em dois documentos importantes jurídicos franceses: O Código Civil de 1804 e o Código Comercial de 1808. Essa teoria influenciou o Direito Comercial por mais de um século, vigorando em diversos países europeus e colonizados. Tal teoria descrevia objetivamente quilo que ela entendia por ATOS DO COMÉRCIO, a descrição era taxativa até mesmo pq na época tinha um certo controle pelas corporações de ofício. De outra forma mesmo que havendo um certo conteúdo negocial ou mercantil, se um ato não estivesse descrito na legislação, não seria tratado como um ato de comércio e seu titular não seria taxado como comerciante. Para a época isso serviu muito bem, uma vez que o número de variedade das atividades eram bem mais diminuto que o atual. Entretanto, com o passar dasdécadas, essa teoria começou a ficar defasada, sendo, aos poucos, abandonada pelos países, isso se deu, em especial, pelo crescente surgimento de novas atividades comercial, que não estavam descritas no texto normativo. É certo que o texto normativo poderia se atualizar, no entanto, é certo, que a atualização legislativa possui velocidade diversa da atualização comercial, desse modo, a texto legislativo passou a não acompanhar a realidade fática: e esse fato é a estaca de prata de qualquer teoria do Direito. Assim, em 1942, surge o Código Civil Italiano, com uma nova teoria. Tal teoria foi chama da Teoria da Empresa. As figuras do comércio e do comerciante são substituídas pelas figuras da empresa e do empresário. Diferentemente da anterior, que trazia um rol taxativo das CONDUTAS (ato do comércio), a nova teoria passou a descrever o SUJEITO (exercente da atividade), deixa a teoria de ser objetiva e passa a ser subjetiva, não importava mais o que era feito, mas sim QUEM o fazia. A teoria italiana passou a influenciar o mundo todo, iniciando sua aplicação em nosso país também, na década de 40, tal teoria só veio a ser definitivamente adotada em nosso país, em 2003, com o início da vigência do Código Civil de 2002. Tanto que, o Livro II do mencionado Código adota expressamente a Teoria da Empresa, a partir do art. 966 e seguintes. Pode-se dizer, então, que abandonamos a Teoria Francesa (que estava presente no nosso Código Comercial) e passamos a adotar a Teoria Italiana (presente no Código Civil). Por esta razão em especial, que houve uma atualização na nomenclatura da disciplina, deixando de chamar-se Direito Comercial, passando a chamar-se Direito Empresarial. Autonomia e fontes do direito empresarial Assim como em qualquer ramo do Direito, para que o Direito Empresarial tenha a autonomia reconhecida, são necessários dois elementos: existência de princípios próprios e existência de institutos específicos. Isso está bem claro nesta disciplina, seja por que há uma infinidade de institutos próprios (empresa, empresário, trespasse, título de crédito, marca, patente etc.), seja, porque há dezenas de princípios espalhados, desde a Constituição Federal (princípio da livre iniciativa, da livre concorrência etc), até a legislação esparsa (princípio da anterioridade, princípio da boa-fé, princípio da preservação da empresa etc). Com relação às fontes do Direito Empresarial, a lição é a mesma que nas demais disciplinas: existem as fontes formais e a fontes materiais. As fontes formais são aquelas que possuem a FORMA de Direito, ou seja, se que apresentam com força normativa. Por sua vez, as fontes materiais, são os fenômenos práticos da vida em sociedade e, para o Direito Empresarial, seriam as próprias práticas comerciais/empresariais.. Empresa e Empresário: Teoria Geral do Direito Empresarial Assim como em diversos pontos da Ciência do Direito, o Direito Empresarial vinca várias conotações específicas, as quais, diversas vezes, não espelham a noção coloquial (comum). Isso ocorre, por exemplo, na noção básica de EMPRESA. Empresa, portanto, para o Direito Empresarial é, nada mais, nada menos, que ATIVIDADE. EMPRESA = ATIVIDADE. Se empresa é atividade, empresa é algo que se faz, algo que se EXERCE. Empresa é, portanto, um fazer. Sendo assim, não é possível ir até uma empresa, nem mesmo comprar uma empresa. Se vai até o PONTO COMERCIAL e se compra o FUNDO DE COMÉRCIO, mas nunca a empresa. Isso porque, empresa é algo abstrato, um objeto que é exercido pelo empresário. Desse modo, as Casas Bahia não são umas empresas, são sim, sociedades empresárias que EXERCEM uma empresa. As Casas Bahia exercem a empresa de venda de produtos no varejo. Em outras palavras, as Casas Bahia exercem a atividade de venda de produtos no vareja. Observem que, para cada fenômeno que, coloquialmente, descrevemos como empresa, há um conceito técnico do Direito Empresarial: ponto, título de empresa, pessoa jurídica, sociedade empresária, fundo de comércio, aviamento, estabelecimento empresarial etc. Institutos que estudaremos no correr do ano. Empresa (que é a atividade) é, normalmente, designada por um verbo no infinitivo: vender, comprar, consignar, trocar, consertar, emprestar, criar, produzir, construir, realizar, divulgar, cortar, prender etc. Empresa é, portanto, a atividade exercida pelo empresário. Conceito de empresário, considera-se empresário: 1-Alguém; 2- Que exerce profissionalmente; 3- Atividade econômica organizada; 4- Para produção ou circulação de bens ou serviços. Assim como diversos fenômenos jurídicos, o exercício de uma atividade empresarial pode ser realizado solitariamente ou coletivamente. De modo solitário, possuímos as seguintes opções:, Empresário individual (e o MEI, que é uma espécie de empresário individual), A EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada), SLU (sociedade limitada unipessoal): atentando-se para este caso, que poderá se transformar em um exercício coletivo. Por sua, de modo coletivo, exerce-se atividade empresarial das seguintes maneiras: - Sociedade Limitada; - Sociedade Anônima ou Companhia; - Sociedade em Nome Coletivo; - Sociedade em Comandita Simples; - Sociedade em Comandita por Ações; - Sociedade Cooperativas. O raciocínio acima, pode ser aplicado na classificação de modo de se exercer, por meio de pessoa física ou por meio de pessoa jurídica. O empresário individual (e o MEI, por consequência) é a única forma de se exercer atividade empresarial por meio de pessoa física, as demais formas, independentemente do número de titulares, serão por pessoa jurídica. Sociedade simples Assim como o exercício de uma atividade empresarial pode se dar de maneira individual e coletiva, do mesmo modo, podem os profissionais intelectuais se reunirem em sociedade. A legislação dá o nome de sociedade SIMPLES ao exercício coletivo de uma atividade intelectual. As sociedades simples são sociedade de profissionais intelectuais da mesma profissão ou afins. Por esta razão, parte da doutrina as chama de sociedades UNIPROFISSIONAIS. As sociedades simples são a evolução das sociedades civis do passado (CC/1916). As siglas devem ser, portanto, modificadas: de S/C para S/S. As sociedades simples não são empresariais. Às sociedades simples se aplicam o regime civil, comum. Importante registrar que o legislador do Código Civil deu especial importância à regulamentação são sociedades simples, tanto que, dedicou várias seções a ela, inclusive, tratando os como Teoria Geral do Direito Societário. Sociedade de advogados Merece registro especial a sociedade de advogados, pois TODAS as sociedades simples podem se tornar empresárias, MENOS a sociedade de advogados. Isso se dá pela especial regulamentação da profissão, no tocante à publicidade, capitação de clientela, descritas no Estatuto da Ordem e no Código de Ética. Produtor rural A legislação deu especial deferência ao produtor rural empresário, permitindo-o que, facultativamente, venha a se registrar na Junta Comercial. Veja-se, o exercício de atividade empresarial rural sem registro na Junta não torna isso irregular, uma vez que o respectivo registro é faculdade do produtor. Entretanto, uma vez inscrito passará a ser considerado um empresário para todos os fins. Sociedades cooperativas O Código Civil trata as cooperativas como sociedades simples, não empresariais. Aliás, o legislador é claro em dizer que "independentemente do seu objeto" as cooperativas serão sociedades simples. No entanto, sabemos a vultuosidade destes empreendimentos, aliás, muitas cooperativas são de natureza bancário, algo essencialmente empresarial. Por fim, convém registrar que as cooperativas possuem inscrição na JUNTACOMERCIAL, diversamente do que ocorre com as demais sociedades simples, as quais possuem registro nos Cartórios de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (+ no respectivo conselho de classe). EIRELI: EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA A EIRELI é uma forma de se exercer uma atividade empresarial, de maneira solitária, com a criação de pessoa jurídica. Além disso, nota-se que a pessoa jurídica traz consigo a limitação da responsabilidade do titular. Desse modo, o que se está em risco é o patrimônio investido na atividade, sendo resguardado o patrimônio particular do titular (salvo casos de responsabilização pessoal, como na desconsideração da personalidade jurídica). Uma crítica muito severa à EIRELI foi feita pela doutrina com o seu surgimento, isso porque a expressão "empresa" foi utilizada de forma atécnica. Ora, se sabe que empresa é atividade, é algo que se exerce, ou seja, típico objeto do direito. Os objetos do direito são exercidos pelos sujeitos de direitos, que são os empresários. Sendo assim, deveria se chamar de Empresário Individual de Responsabilidade Limitada, até mesmo para se contrapor ao empresário individual comum, o qual possui responsabilidade ILIMITADA. Eireli – Continuação Importante deixar muito bem vincada a seguinte lição: a pessoa do titular é diversa da própria pessoa jurídica. O titular da pessoa jurídica é, aliás, um elemento móvel e substituível, permanecendo intacta a pessoa jurídica caso isso ocorre. Possuem, titular e pessoa jurídica, obrigações e responsabilidade próprias. Possuem, inclusive, capital apartado. É claro que, no momento da constituição da EIRELI, o capital destinado pelo titular fazia parte de seu patrimônio próprio. Ao transferir esse patrimônio em favor da atividade (EIRELI) o titular deixa de ser proprietário dele, mas recebe em troca o que chamamos de PARTICIPAÇÃO. Nas sociedades, essa participação significa uma porcentagem de quotas ou ações. Na EIRELI, considerando que há titular único, significa a titularidade da totalidade da participação. O titular NÃO É empresário. Quem é empresária é a própria EIRELI. E ela quem contra, despede, alena, empresta, etc. Para a constituição da EIRELI exige-se um capital mínimo integralizado de 100 salário mínimos. Somente este tipo empresarial exige um capital mínimo. Como já anotado, a EIRELI não é sociedade empresária, mas sim típica pessoa jurídica empresária. O titular único é titular de uma pessoa jurídica pura em simplesmente, não de uma sociedade. Conforme normativa ainda vigente, a pessoa natural só pode ser titular de uma EIRELI. Entretanto, hoje (após a revogação da IN 117 do antigo DNRC, atual DREI) é possível que pessoa jurídica seja titular de EIRELI e, neste caso, não há esta limitação. OBS.: EIRELI (pessoa jurídica), portanto, pode ser titular de outra EIRELI (outra pessoa jurídica). Empresário individual O empresário individual é pessoa física empresarial. Embora possua CNPJ (que é o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas) o empresário individual é uma pessoa física empresária, aliás, a única pessoa física empresário em nosso sistema. A própria pejotização (que vem de PJ, ou seja, pessoa jurídica) é um fenômeno que atrapalha esta compreensão. No entanto, é extremamente importante saber que não há criação de pessoa jurídica, sendo assim, para o alcance do patrimônio particular do titular não é necessária desconsideração da personalidade jurídica (diversamente do que ocorrer nos tipos empresariais em que há criação da pessoa jurídica). Lembrete: o MEI (micro empreendedor individual) é uma ESPÉCIE de empresário individual e segue a mesma regra acima, com algumas condições a mais. O MEI foi criado pela legislação tributária para retirar uma infinidade de pessoa da informalidade, mediante o recolhimento mínimo de algumas exações tributárias. Impedimentos Legais para o Exercício de atividade por meio de Empresário Individual: Empresário (e o sócio da sociedade) é figura diversa da do administrador. É certo, que é possível que tais figuras se somem na mesma pessoa. Entretanto, o oposto também pode acontecer. Isso significa que certa regra de impedimento para ser administrador, nem sempre impedirá, também a figura do titular do empresário individual ou ainda do sócio. Os impedimentos legais para ser empresário individual estão espalhados por todo o ordenamento jurídico. Em verdade, praticamente todos os cargos públicos possuem alguns tipos de vedação, uma vez que é muito difícil a separação patrimonial do servidor e do empresário individual. De outra forma é a vedação para ser sócio. Quando muito, em alguns casos, o estatuto respectivo proíbe que o servidor seja sócio com poder de administração, mas é muito rara a vedação geral para ser sócio. Em cada caso, recomenda-se verificar o respectivo estatuto para consultar o nível de impedimento. Incapacidade do empresário individual O incapaz não pode INICIAR uma atividade empresarial como empresário individual, mas poderá CONTINUAR essa mesma atividade, desde seja representado ou assistido. As hipóteses de continuidade são as seguintes: - continuar a sua própria atividade que iniciou exercendo em plena capacidade; - continuar a atividade de outrem, que assumiu por herança. Interessante notar que o parágrafo terceiro, do art. 974, do CC, trata do SÓCIO incapaz e não do empresário incapaz. Sendo assim, não existe a vedação do caput aqui, pois não foi mencionada. Em outras palavras, o sócio incapaz poderá INICIAR UMA ATIVIDADE. O Código trouxe 3 requisitos para que o sócio incapaz possa assim exercer sua posição jurídica. Pode o empresário casado alienar imóveis da empresa sem outorga conjugal? A questão envolve a análise dos arts. 1647 e 978, ambos do Código Civil. Há uma aparente incompatibilidade uma vez que um dispositivo exige a outorga, outro a dispensa. Ocorre que, a incompatibilidade é realmente aparente, uma vez que cada dispositivo trata de situação diversa. O 1.647 trata da alienação do imóvel para terceiros. E, por terceiros, devemos entender, inclusive, a transferência do imóvel para a atividade do empresário individual. Ocorre que, a incompatibilidade é realmente aparente, uma vez que cada dispositivo trata de situação diversa. O 1.647 trata da alienação do imóvel para terceiros. E, por terceiros, devemos entender, inclusive, a transferência do imóvel para a atividade do empresário individual. 2- Após transferido, terá liberdade plena na alienação a terceiros, não necessitando de nova outorga conjugal, uma vez que esta já foi concedida no ato inicial de transferência. Registro do empresário e escrituração A primeira obrigação de todo empresário é se registrar na junta Comercial. Por todo empresário, entenda-se: o empresário individual, a EIRELI, as sociedades empresárias e as cooperativas. Somente o MEI (que é uma espécie de empresário individual) não precisa se inscrever diretamente na Junata, podendo se inscrever no portal da Receita Federal, a qual, por sua vez, que comunicará a Junta Comercial respectiva. Importante mencionar que o registro na Junta Comercial confere legalidade (ou regularidade) ao exercício da atividade, mas não é requisito da caracterização do empresário. A constituição de estabelecimento secundário deve ser informada a Junta Comercial. No casos em que o estabelecimento secundário (sucursal, filial ou agência) se situarem em Junta Comercial diversa da sede (em outro estado da federação), deverá haver o registro nesta mencionada Junta, informando, após, a Junta Comercial da sede. O SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis) é formado pelo DREI (Departamento Nacional de Registro de Empresas e Integração, vinculado ao Ministério da Economia) e pelas Juntas Comerciaisde cada estado da federação. O Drei possui competência normativa e consultiva, enquanto as Juntas possuem competências executiva ou operacional. Funções da junta comercial Basicamente as Juntas Comerciais realizam 3 tipos de funções: a) matrícula de algumas profissões; b) autenticação de livros de documentos empresariais; c) arquivamento de atos empresariais. Escrituração do empresário Os empresários, a depender da atividades, são obrigados a escriturarem diversos livros. Por exemplo, uma sociedade que emita duplicata, é obrigada a escriturar o livro de registro de duplicatas. Uma sociedade anônima é obrigada a escriturar o livro de registro de ações, livro de registro de debêntures, livro de registro de atas de assembleia, e assim por diante. No entanto, existe um livre que é de obrigatória escrituração para todos os empresários (salvo para o MEI), que é o LIvro Diário, no qual se registram todas as operações de valor diariamente ocorridas na atividade. Como terceira obrigação básica (a primeira é o registro, a segunda é a escrituração de livros), o empresário tem o dever de, anualmente, realizar dois balanços (salvo para inscritos no SIMPLES NACIONAL, cujos balanços podem ser substituídos): o patrimonial e o de resultados. O balanço patrimonial consiste na apuração do ativo e a respectiva subtração do passivo, alcançando como resultado o patrimônio líquido (que pode ser positivo ou negativo). Por sua vez, o balanço de resultado visa apurar se, em determinado exercício, houve lucro ou prejuízo. Por exercício, entenda-se o período de tempo eleito em um ato constitutivo para fins de contabilidade fiscal. É extremamente comum que o exercício contábil corresponde ao ano civil (01 de janeiro a 31 de dezembro). Nome empresarial: O nome empresarial é o verdadeiro nome do empresário, da EIRELI e da sociedade empresária. É este nome que encontramos nas notas e cupons fiscais, contratos, processos, carteira de trabalho, documentos oficias etc. O nome empresarial não deve ser confundido com o título do estabelecimento, que é o nome que se encontra na fachada do prédio. O nome empresarial identifica do empresário, enquanto o título do estabelecimento identifica o ponto empresarial. O título do estabelecimento é chamado por muitos de nome fantasia. O nome empresarial é registrado na Junta Comercial e a partir dai ganha proteção. Diferentemente é o título do estabelecimento, que não pode ser registrado na junta comercial (embora ganhe proteção reflexa como veremos a seguir). Também não devemos confundir nenhum dos elementos acima com a Marca. A marca é o elemento de identificação de um produto ou serviço e tem seu registro realizado no INPI, adquirindo proteção nacional após este. Também não devemos confundir o nome empresarial com o nome de domínio, que é o endereço virtual. Espécies de nome empresarial São duas as espécies de nome empresarial: a) razão social ou firma; b) denominação. Existem dois tipos empresariais nos quais os seus titulares podem escolher entre razão social e denominação, são eles: EIRELI e sociedade limitada. Vimos que existem dois conteúdos possíveis nos nomes empresariais: o nome de sócios ou de uma atividade desempenhada. Na razão social é obrigatória da menção de um ou mais nome de sócios, sendo facultativa a menção à atividade exercida. Por sua vez, na denominação é o oposto: é obrigatória a menção à uma atividade exercida, e é facultativa a menção a alguma nome de sócio. Por fim, importante lembrar que somente o nome empresarial da modalidade denominação é permitido utilizar um ELEMENTO FANTASIA: que é uma expressão de cunho mercadológico utilizado para fins publicitários. Princípios do nome empresarial: a) Novidade b) Veracidade Pelo princípio da novidade, não pode haver nenhum nome empresarial igual ou semelhante no mesmo estado da federação (Junta Comercial). Pelo principio da veracidade o conteúdo do nome empresarial deve refletir a verdade: sendo assim, os nomes ali constantes devem ser nomes de sócios efetivos e por sua vez os nomes das atividades, devem ser aquelas de fato desempenhadas pela sociedade.
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