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Direito econômico e empresarial III

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Direito Econômico e Empresarial 
 
Introdução ao direito econômico 
Dentre as diversas classificações 
existentes, uma delas se mostrou 
extremamente útil ainda nos dias 
atuais: a que divide o Direito em 
Público e Privado. 
Tal classificação foi apresentada pela 
primeira vez pelo catedrático romano 
Ulpiano, ou seja, o direito econômico 
está inserido na primeira hipótese, no 
PÚBLICO e o econômico no 
PRIVADO. 
Seria de Direito Privado a questão 
(norma, matéria, disciplina) que 
tratasse somente de interesses 
particulares do cidadão romano e por 
sua vez, seriam de Direito Público as 
questões (normas, matérias e 
disciplinas) que tratassem, além do 
interesse particular, o interesse do 
estado Romano. 
As normas de direito econômico são 
transindividuais, influenciam e refletem 
a vida de todos os seres humanos. 
O direito econômico faz um corte 
transversal em todos os ramos do 
direito pois está presente em todos 
eles. 
 
 
A importância do direito econômico 
vem do seu próprio objeto que será 
estudado mais a frente e esse objeto 
implica em afirmarmos que as normas 
do direito econômico são capazes de 
MUDAR UMA NAÇÃO. 
O conjunto de normas do direito 
econômico pode influenciar se um 
país será próspero ou não. As 
normas são transindividuais, ou seja, 
refletem na totalidade de todos os 
cidadãos de determinada nação. 
Esta característica (transindividuais), 
aliás, nos deixa afirmar que o Direito 
Econômico é naturalmente 
multidisciplinar, uma vez que, normas 
nascidas em ambientes disciplinares 
diversos (ex.: Direito Penal, Direito do 
Trabalho etc), se INFLUENCIAREM 
INTERESSES ECONÔMICOS, serão, 
do mesmo modo de direito 
econômico. 
 
Direito Econômico e Empresarial 
Prof: Guilherme Bohac/Resumo: Larissa Tiveron 
https://meet.google.com/inp-pdpd-iin 
Objeto do direito econômico 
O objeto do direito econômico é o 
estudo das normas jurídicas que 
interferem nas normas econômicas 
Relação do direito com a economia 
 A economia pode ser definida como 
“a ciência que trata dos fenômenos 
relativos a produção, distribuição e 
consumo dos bens” 
O direito e a economia são disciplinas 
que tem em comum a ação humana 
e são ciências prognósticas voltadas 
ao futuro. 
Houve um tempo em que o direito 
era uma ciência apartada, que só ele 
mesmo se bastava, porém esse 
tempo ficou para trás e hoje em dia 
o direito é entendido como uma 
associação entre as demais matérias 
de conhecimento da humanidade, a 
partir desse ponto nascem uma 
infinidade de disciplinas. 
Nos EUA nasce uma disciplina que 
mescla o direito com a economia: a 
análise econômica do direito. 
Resumidamente, a análise econômica 
do direito é a leitura dos fenômenos 
jurídicos sob a ótica das teorias 
econômicas. 
É possível afirmar que o direito 
econômico se trata de uma disciplina 
autônoma, isso pq tal característica 
está presente sempre que houver 
uma porção do Direito em que 
possua: Princípios próprios e institutos 
próprios. 
Tais características são flagrantes no 
Direito Econômico, seja porque ele é 
um ramo altamente principiológico 
(art. 170, CF), e recheado de institutos 
específicos (ex.: privatização, 
empresas públicas, condutas 
anticompetitivas etc). 
Sistemas econômicos: Os sistemas 
econômicos são destinados a dar 
organização às questões econômicas. 
Capitalismo: É um sistema de trocas 
voluntárias. 
Socialismo: É o sistema oposto, não 
tem trocas voluntárias e sim uma 
autoridade maior que decide o rumo 
das questões econômicas. 
Ordem econômica: Existem 3 noções 
principais do que significada ordem 
econômica, o primeiro seria com base 
no título VII da CF, ordem significaria 
seção que será tratada pelo 
constituinte, o segundo fala que a 
ordem econômica seria tratada como 
conjunto de princípios/regras 
destinados a tratar questões 
econômicas e o terceiro seria que 
ordem está no sentido de ordenação 
de parâmetros envolvendo questões 
econômicas, ou seja, todos são 
significados complementares. 
Portanto, ordem econômica pode 
estar no sentido de conjunto de 
normas das questões econômicas. 
Posicionamento econômico estatal: 
Diante de um fenômeno econômico o 
estado pode ter 3 posturas: total 
liberdade pra agir (raro), absorver as 
atividades ou atuar no meio (permitir 
que a atividade atue mas sob 
fiscalização), diante disso é possível 
estudarmos as posturas estatais. 
Neste momento, não cabia ao Estado 
e ao texto constitucional tratar de 
questões econômicas. As constituições 
estavam em sua primeira geração 
(conteúdo: separação dos poderes, 
organização do estado e definição de 
alguns direitos fundamentais), e 
estampavam um estado que não 
precisava implementar direitos e 
serviços e só agia quando eles fossem 
violados. 
Com o passar o tempo, percebeu-se 
que não bastava a mera previsão dos 
direitos no texto constitucional, mas 
sim, a verdadeira implementação 
material destes direitos. 
Surgem ai as Constituições Sociais 
que estampavam um Estado proativo 
que almejava a previsão abstrata do 
direito e necessitava de uma 
verdadeira estrutura para implementá-
lo. 
Mais modernamente, percebendo que 
muitos destes serviços poderiam ser 
devolvidos à iniciativa privada, em 
especial, com inspiração na 
experiência americana, surge o Estado 
Regulador. 
Tal formatação é a de um Estado em 
que há permissão para que a iniciativa 
privada atue, conjuntamente ou não, 
sobre alguns serviços que lhes eram 
exclusivos (ex. telefonia, gás natural, 
energia elétrica etc). 
O Estado, nesta concepção, permite 
que a iniciativa privada atue, mas sob 
um regime de regulação, em especial, 
criando Agências Reguladoras para a 
ordenação deste respectivo mercado 
(exs.: ANEEL, ANATEL, ANA, ANSS, 
ANP, ANCIME, ANVISA etc.) 
Formas de intervenção do estado na 
ordem econômica: Nesse sentido, 
considerando o mercado (o conjunto 
de transações negociais) um ambiente 
natural, o estado, quando assim 
participa, o faz interferindo neste 
ambiente natural. 
Por esta razão, o constituinte e a 
doutrina, em geral, usam a expressão 
intervenção nas hipóteses em que o 
Estado se insere nas questões 
econômicas. 
Em geral, a intervenção pode ser 
direta ou indireta. 
A intervenção direta se dá nas 
hipóteses em que encontramos o 
Estado atuando diretamente na 
atividade econômica, ou seja, 
vendendo um produto ou prestando 
um serviço econômico. Já a 
intervenção indireta se dá por meio 
da fixação de normas regulamentares. 
Praticamente toda e qualquer atividade 
econômica terá, ao menos 
reflexamente, uma norma estatal 
regrando a situação. Sendo assim, é 
possível afirmar, que a intervenção 
direta é uma exceção, e a indireta é a 
regra. 
 
Ordem econômica na Constituição 
Federal Brasileira (art. 170 CF): Ordem 
econômica pode ser entendida como 
um conjunto de disposições 
constitucionais que têm como função 
regular a intervenção estatal. 
Conforme já foi dito: pode ser direta 
ou indireta. 
A CF brasileira passa a tratar da 
Ordem Econômica no título VII. 
Antes de adentrar um texto 
constitucional, é bom “definir” certas 
coisas para falar da Teoria Geral do 
Direito, como já dito, direito é norma, 
e norma, é direito. 
Sendo assim, as Teorias do Direito 
são verdadeiras Teorias da Norma. 
Conforme já foi citado: Norma e 
texto são coisas diferentes 
Texto: É o conjunto concatenado de 
palavras, em certa língua, com certo 
sentido. 
Norma: É resultado da exegese, ou 
seja, resulta da interpretação do 
mencionado texto, norma é gênero, 
do qual são espécies os princípios e 
as regras. 
Então, regras e princípios são normas 
com conteúdos e dinâmicas 
diferentes, as regras são normas mais 
concretas, estão próximas ao mundo 
fenomênico, são normas descritivas, 
uma vez que descrevem condutas, 
descrevem um fazer, um não fazer 
ou deixar de fazer. 
As regras, que podem ser gerais ou 
específicas, são servidas pelos 
princípios, os quais funcionam comonormas guias. 
Também observamos que os 
princípios são normas mais abstratas, 
uma vez que se encontram mais 
distantes do mundo fenomênico. São 
normas, por assim dizer, não 
descritivas, mas sim prospectivas, pois 
estabelecem um ESTADO IDEAL A 
SER ATINGIDO, por serem normas 
mais abstratas, os princípios são 
densificados por meio das regras. 
No mesmo modo que as regras, 
existem os princípios gerais e os 
princípios específicos. 
Aliás, segundo a doutrina, existem os 
princípios generalíssimo do direito, 
que são: neminem laedere; suum 
cuique tribuere e honeste vivere. 
 
Valorização do trabalho humano: 
Como consta no texto constitucional, 
a ordem econômica possui 2 pilares: 
A força do trabalho e a força do 
capital – art. 170 CF 
A força do trabalho é representada 
pela expressão “valorização do 
trabalho humano”, como apresentado 
pelo constituinte, o tratamento foi de 
paridade ou complementariedade, ou 
seja, tais forças não são vistas como 
opostas e sim como complementares, 
uma dependendo da outra e ambas 
são o fundamento da ordem 
econômica. 
 
Livre iniciativa: A livre iniciativa foi 
tratada como pilar da ordem 
econômica, é a capacidade de que 
qualquer um possui de iniciar a 
exploração de uma atividade 
econômica sem indevidas ingerências 
estatais. 
 Sabemos que essa liberdade não é 
plena, uma vez que existem (mesmo 
indiretamente) normas estatais 
aplicáveis a praticamente toda 
atividade econômica, o que cabe pra 
agora é que a afirmação do 
constituinte diz que o Brasil adota um 
sistema capitalista. 
 
Existência digna: O conceito de 
dignidade pode ter uma compreensão 
extremamente ampla, por essa razão, 
é mais conhecer o que é pelo o que 
não é, ou seja, conhece-se o que é 
dignidade analisando o que não é, a 
doutrina reconhece que há um 
mínimo existencial. 
Viver com fome, situações de 
extrema pobreza, violência contínua e 
outras situações parecidas são 
situações de sobrevivência e não de 
existência digna. 
A dignidade da existência, a qual deve 
ser o FIM da ordem econômica, é no 
mínimo, assegurar condições mínimas 
de direitos fundamentais sendo 
respeitados. 
 
Princípios da ordem econômica: 
 
Soberania nacional: A soberania aqui 
mencionada é a mesma mencionada 
no art. 1 da CF, embora lá se refira a 
uma soberania de jurisdição, aqui essa 
soberania é aplicada ao campo 
econômico. 
Ou seja, por soberania nacional 
econômica devemos entender 
que é a capacidade de um país de 
tomar suas decisões econômicas 
sem ingerências externas. Isso é 
atingido por diversas práticas, a 
mais conhecida é a politica de 
pulverização de compradores. 
 
Propriedade privada: Nesse ponto, o 
constituinte está reafirmando o 
caráter capitalista da ordem 
constitucional, a prop. privada é um 
elemento fundamental e básico pra 
que qualquer país capitalista se 
desenvolva, não há regime capitalista 
sem propriedade privada. 
A propriedade privada é direito 
fundamental do cidadão 
consistente em dar o destino que 
quiser naquilo que ele adquiriu sem 
que outros possam coletivizar 
esse bem, a ordem econômica 
possui como principio a defesa da 
propriedade privada. 
 
Princípio da função social da 
propriedade 
 
A propriedade é um direito que deve 
ser exercido em consonância a 
interesses de uma coletividade: é o 
que se chama de FUNÇÃO SOCIAL 
DA PROPRIEDADE. 
A função social da propriedade está 
atrelada a concepção coletivistas que 
é objeto de aplicação por meio de 
normas ambientais, urbanísticas, 
registrais, de vizinhança e etc. 
 
Princípio da livre concorrência 
 
O principio da livre concorrência é 
ligado ao principio da livre iniciativa. 
Não basta a liberdade de se iniciar 
uma atividade (livre iniciativa) é 
necessário que se garanta a 
permanência nesse ambiente (livre 
concorrência), tais princípios são 
ligados, é quase impossível 
compreender a existência de um sem 
o outro. 
A concorrência é natural do mercado, 
ou melhor, é natural do próprio ser 
humano. 
 
Princípio da defesa do consumidor 
 
É natural que a ordem econômica 
tenha como princípio a defesa do 
consumidor, isso porque é o principal 
agente econômico. 
Todos somos consumidores, mas 
nem todos somos trabalhadores, 
empregadores, agentes do estado e 
etc, sendo assim, o consumidor se 
apresenta como o combustível da 
própria ordem econômica. 
Com o objetivo de materializar este 
comando constitucional o legislador 
ordinário positivou o Código de 
Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), 
estabelecendo uma infinidade de 
direitos e proteções ao consumidor. 
 
Princípio da defesa do meio ambiente 
Também é natural que a ordem 
econômica tenha como princípio a 
proteção do meio ambiente. 
Ora, é de onde são retirados todos os 
insumos para esta mesma ordem 
econômica. 
Nosso país possui vasta legislação 
ambiental, como o Código Florestal, a 
Lei de Águas, a Lei de Crimes 
Ambientais etc. 
 
Princípio da redução das 
desigualdades regionais 
 
Este princípio autoriza a existência de 
políticas públicas e econômicas 
focadas em determinadas regiões, 
visando a redução das desigualdades 
regionais e sociais. 
 
Princípio do pleno emprego 
Por este princípio a ordem econômica 
deve ser formatada para que haja o 
maior número de postos de trabalho 
possível. 
Alguns doutrinadores entendem que 
o país está em situação de pleno 
emprego quando há, no máximo, 6% 
da população economicamente ativa a 
procura de emprego. 
 
Princípio do tratamento favorecido 
para as empresas de pequeno porte 
 
Tal princípio somente foi concretizado 
em 2006, com o advento da Lei 
Complementar 123 do mesmo ano. 
tal, que passou a ser chamada de Lei 
do SIMPLES Nacional (sistema de 
tributação simplificado nacional) veio 
ao mundo jurídico com dois escopos: 
desoneração da carga tributária 
(pagamento de tributos reduzidos) e 
desburocratização das obrigações 
tributárias (simplificação do 
recolhimento). 
Trouxe 3 novos conceitos, com suas 
respectivas faixas de faturamento: 
1- o MEI (microempreendedor 
individual) com faturamento de até 81 
ano por anor; 
2- ME (micro empresa) com 
faturamento de até 360 mil por ano. 
3- EPP (empresa de pequeno porte) 
com faturamento de até 4.8 milhões 
por ano. 
Tal princípio veio concretizar um 
ambiente competitivo em favor dos 
pequenos palyers diante dos grandes 
grupos econômicos. 
 
 
Intervenção direta do estado na Ordem 
Econômica 
 
Como já visto, o Estado deve 
interferir apenas nas atividades 
econômicas. 
Isso se dá porque não é um ambiente 
natural ao Estado o mercado. 
O Estado, portanto, quando atua 
(interfere) nas atividades econômicas, 
o faz (ou deveria fazê-lo) de maneira 
excepcional. 
 
Por atividades econômicas devemos 
entender toda e qualquer prestação 
da qual há um potencial lucrativo, ou, 
em palavras mais simples: tudo aquilo 
quanto podemos fazer para gerar 
riquezas. 
Convém restringir a dicção da 
expressão "atividades econômicas" em 
atividades econômicas "lícitas", isso 
porque existe uma vasta gama de 
prestações, as quais, em tese, são 
lucrativas, mas que estão proibidas em 
nosso sistema (Ex: tráfico). 
 
É possível que existam dois níveis de 
intervenção do Estado nas atividades 
econômicas. 
Um, mais severo, que chamamos de 
intervenção DIRETA; outro, mais 
"suave", que é a intervenção 
INDIRETA. 
A intervenção será direta quando o 
Estado pratica, realiza, a própria 
atividade econômica (Ex.: Petrobrás, 
na venda de petróleo e o Banco do 
Brasil, na concessão de crédito). 
Por sua vez, a intervenção será 
indireta quando o ser praticar a 
atividade econômica, o Estado a 
influencia, seja positivamente ou não 
(Ex.: exigir air bags de motorista e 
passageiros ou liberar o extintor) 
Podemos observar que a intervenção 
indireta se dá por meio de posturas 
normativas ou, conforme 
conhecemos, por meio de regulação. 
Praticamente em todas as atividades 
econômicas conhecidas, uma em 
menor grau, outras em maior grau, 
há uma hipótese de intervenção 
INDIRETA (regulação). 
 
Dentre as atividadeseconômicas 
possíveis, existem algumas que, por 
razões históricas e de política 
constitucional passaram a ser tratadas 
em outro regime. 
Tais atividades passaram a ser 
denominadas de serviços públicos, os 
quais, em razão de diversos 
dispositivos constitucionais, pertencem 
ao Estado. 
Assim como as atividades econômicas, 
em regra, pertencem à iniciativa 
privada (mercado), os serviços 
públicos, em regra, pertencem ao 
Estado. É da natureza do Estado 
prestar serviços públicos. 
 
Conforme a dicção do próprio texto 
constitucional (art. 173, CF), a atuação 
DIRETA do Estado em uma atividade 
econômica é excepcional, e só será 
permitida se estiver presente uma das 
hipóteses abaixo: 1- Imperativos de 
segurança nacional; 2- relevante 
interesse coletivo. 
Conforme é possível notar, os 
conceitos acima são extremamente 
amplos (o que chamados de cláusulas 
abertas). Sendo assim, existe uma 
infinidade de interpretações 
decorrentes dos verbetes 
constitucionais (em especial porque a 
lei mencionada no final do dispositivo 
não existe ainda). 
Por esta razão, convém explicarmos 
por exemplos, A Petrobrás e os 
Correios seriam exemplos de 
empresas destinadas e servir os 
imperativos de segurança nacional, 
uma vez que a primeira trabalha com 
insumo essencial ao desenvolvimento 
econômico o qual já gerou diversos 
conflitos no mundo; e a segunda trata 
com o principal meio de comunicação 
por escritor do nosso país. 
Por sua, a doutrina afirma que o 
Banco do Brasil e a Caixa Econômica 
Federal seriam bons exemplos de 
empresas que cumprem o requisito 
de relevante interesse coletivo. 
 
Entidades empresariais estatais 
 
Como visto, a atuação DIRETA do 
Estado em uma atividade econômica 
é excepcionalíssima (mais excepcional, 
aliás, que a própria atuação INDIRETA). 
Para tanto, é necessária a presença 
de um dos seguintes pressupostos: 
imperativos da segurança nacional ou 
relevante interesse coletivo (art. 173, 
CF). 
É interessante notar que, quando essa 
situação (de intervenção direta do 
Estado em uma atividade econômica) 
se materializa, ela ocorre por meio do 
que chamamos de EMPRESAS 
ESTATAIS. 
As empresas estatais podem ser de 
duas espécies: Empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
Nas empresas públicas, a totalidade do 
capital social é do respectivo ente 
federado (União, Estados-mebros, 
Distrito Federal ou Municípios). 
Já nas sociedades de economia mista, 
apenas pelo menos metade do capital 
votante é de titularidade do ente 
federado, podendo pertencer o 
restante à iniciativa privada. 
 
Monopólio: 
 Monopólio é uma situação em que 
há apenas um agente econômico 
explorando determinada fatia do 
mercado. 
Ou seja, é uma situação de 
exclusividade, na qual este agente 
econômico poderá explorar o 
conjunto de consumidores em 
determinado momento, sem 
concorrência relevante. 
Este ambiente - monopolista - pode 
ser atingido de maneira natural o 
artificial. 
O monopólio natural não é um ilícito 
no nosso sistema, pelo contrário, é 
até incentivado, já o monopólio 
artificial poderá ou não ser um ilícito. 
O monopólio artificial convencional é 
proibido, uma vez que decorre da 
combinação dos agentes econômicos 
para lesar o consumidor (CARTEL). 
 
Entretanto, o monopólio artificial 
decorrente da constituição não é um 
ilícito (natural, aliás) e está regulado no 
art. 177, da CF/1988. 
Tal dispositivo trata de atividades 
econômicas, as quais, em tese, seriam 
da iniciativa privada, mas foram 
totalmente cooptadas pelo ente 
estatal, não permitindo a atuação 
concorrencial, uma vez que o ente 
estatal possui o monopólio. 
 
Conforme consta no texto 
constitucional (art. 177, CF), a União 
detém o monopólio da exploração de 
atividades econômicas como extração 
de petróleo, gás natural e energia 
nuclear. 
Entretanto, conforme parágrafo 
primeiro do mesmo dispositivo, no 
tocante a petróleo e gás natural, é 
possível que a União realize contratos 
com a iniciativa privada para esta 
exploração, lembrando que, mesmo 
nestas situações, o monopólio 
pertence que a União. 
 
A Constituição estabelece que 
pertence ao Estado, naturalmente, a 
prestação de serviços públicos. 
No entanto, o mesmo dispositivo 
constitucional que assim exara, 
também permite que a iniciativa 
privada atue prestando serviços 
públicos (art. 175, CF/1988). 
Entretanto, uma vez que não é 
natural à iniciativa privada a prestação 
desta espécie de serviço, o texto 
constitucional estabeleceu critérios 
para esta realização. 
 
Sendo assim, para que a inciativa 
privada possa atuar prestando um 
serviço público, como regra geral, as 
empresas privadas deverão participar 
de um procedimento de licitação. 
Os procedimentos licitatórios, em 
geral, são procedimentos de tomada 
de preços pelos entes federados 
(administração direta e indireta), 
conforme critérios de economicidade, 
para fins de aquisição de produtos ou 
serviços. 
Ao final de um procedimento de 
licitação é natural resultar em favor do 
vencedor um de 3 espécies 
contratuais: contrato de concessão, 
contrato de permissão ou autorização. 
 
Diante da relevância do fenômeno 
(uma vez que as autorizações são 
mais simples e efêmeras) o 
constituinte elegeu como contratos 
possíveis o que de CONCESSÃO e 
PERMISSÃO (que são contratos mais 
longos, podendo chegar a 50 anos, e 
mais complexos). 
Desse modo, como regra geral, para 
que a iniciativa privada preste um 
serviço público, deverá participar de 
licitação e obter um contrato de 
concessão ou permissão, assim é 
para os serviços de transporte 
público, distribuição de energia 
elétrica, tratamento de água e esgoto, 
radiodifusão, radiodifusão de sons e 
imagens, manutenção de estradas de 
rodagens, telefonia fixa e móvel, etc. 
 
No entanto, existem dois serviços 
públicos que o constituinte deu 
regulação diversa, permitindo a ampla 
exploração deles pela iniciativa privada, 
independentemente de licitação. 
São eles: a educação e a saúde (arts. 
209 e 199, CF, respectivamente). 
Em outras palavras, com relação a 
estes dois serviços, não será 
necessária licitação para que a 
iniciativa privada atue. 
Isso se deve a intenção do 
constituinte em dar maior amplitude à 
prestação destes dois tipos de 
serviços diante de sua importância. 
 
Intervenção indireta do estado na 
economia 
 
Podemos observar que o Estado 
intervém em todas as atividades 
econômicas, algumas mais, outras 
menos. 
A intervenção indireta se dá, 
basicamente, pela legiferação, ou seja, 
pela expedição de produtos 
normativos referentes às mais 
diversas atividades. 
 
A regulação pode vir, desde o texto 
constitucional até a mais inferior 
espécie normativas (ofício, decreto, 
portaria, circular, instrução normativa 
etc). 
Não existe atividade econômica em 
nosso país que não, ao menos, uma 
norma regulamentar. 
Ou seja, a intervenção indireta do 
Estado na economia se dá por meio 
de REGULAÇÃO. 
 
Direito empresarial – Introdução 
 
Nomenclatura, conceito e evolução 
histórica: 
O Direito Empresarial é contato por 
meio de duas teorias historicamente 
bem vincadas: a TEORIA DOS ATOS 
DO COMÉRCIO e a TEORIA DA 
EMPRESA. 
 
Surge na França a teoria dos Atos do 
Comércio, tal teoria foi positivada em 
dois documentos importantes jurídicos 
franceses: O Código Civil de 1804 e o 
Código Comercial de 1808. 
Essa teoria influenciou o Direito 
Comercial por mais de um século, 
vigorando em diversos países 
europeus e colonizados. 
Tal teoria descrevia objetivamente 
quilo que ela entendia por ATOS DO 
COMÉRCIO, a descrição era taxativa 
até mesmo pq na época tinha um 
certo controle pelas corporações de 
ofício. 
De outra forma mesmo que 
havendo um certo conteúdo negocial 
ou mercantil, se um ato não estivesse 
descrito na legislação, não seria 
tratado como um ato de comércio e 
seu titular não seria taxado como 
comerciante. 
Para a época isso serviu muito bem, 
uma vez que o número de variedade 
das atividades eram bem mais 
diminuto que o atual. 
Entretanto, com o passar dasdécadas, essa teoria começou a ficar 
defasada, sendo, aos poucos, 
abandonada pelos países, isso se deu, 
em especial, pelo crescente 
surgimento de novas atividades 
comercial, que não estavam descritas 
no texto normativo. 
 
É certo que o texto normativo 
poderia se atualizar, no entanto, é 
certo, que a atualização legislativa 
possui velocidade diversa da 
atualização comercial, desse modo, a 
texto legislativo passou a não 
acompanhar a realidade fática: e esse 
fato é a estaca de prata de qualquer 
teoria do Direito. 
 
Assim, em 1942, surge o Código Civil 
Italiano, com uma nova teoria. 
Tal teoria foi chama da Teoria da 
Empresa. 
As figuras do comércio e do 
comerciante são substituídas pelas 
figuras da empresa e do empresário. 
Diferentemente da anterior, que trazia 
um rol taxativo das CONDUTAS (ato 
do comércio), a nova teoria passou a 
descrever o SUJEITO (exercente da 
atividade), deixa a teoria de ser 
objetiva e passa a ser subjetiva, não 
importava mais o que era feito, mas 
sim QUEM o fazia. 
A teoria italiana passou a influenciar o 
mundo todo, iniciando sua aplicação 
em nosso país também, na década de 
40, tal teoria só veio a ser 
definitivamente adotada em nosso 
país, em 2003, com o início da 
vigência do Código Civil de 2002. 
Tanto que, o Livro II do mencionado 
Código adota expressamente a Teoria 
da Empresa, a partir do art. 966 e 
seguintes. 
 
Pode-se dizer, então, que 
abandonamos a Teoria Francesa (que 
estava presente no nosso Código 
Comercial) e passamos a adotar a 
Teoria Italiana (presente no Código 
Civil). 
Por esta razão em especial, que 
houve uma atualização na 
nomenclatura da disciplina, deixando 
de chamar-se Direito Comercial, 
passando a chamar-se Direito 
Empresarial. 
 
Autonomia e fontes do direito 
empresarial 
 
Assim como em qualquer ramo do 
Direito, para que o Direito Empresarial 
tenha a autonomia reconhecida, são 
necessários dois elementos: existência 
de princípios próprios e existência de 
institutos específicos. 
 
Isso está bem claro nesta disciplina, 
seja por que há uma infinidade de 
institutos próprios (empresa, 
empresário, trespasse, título de 
crédito, marca, patente etc.), seja, 
porque há dezenas de princípios 
espalhados, desde a Constituição 
Federal (princípio da livre iniciativa, da 
livre concorrência etc), até a legislação 
esparsa (princípio da anterioridade, 
princípio da boa-fé, princípio da 
preservação da empresa etc). 
 
Com relação às fontes do Direito 
Empresarial, a lição é a mesma que 
nas demais disciplinas: existem as 
fontes formais e a fontes materiais. 
As fontes formais são aquelas que 
possuem a FORMA de Direito, ou 
seja, se que apresentam com força 
normativa. 
Por sua vez, as fontes materiais, são 
os fenômenos práticos da vida em 
sociedade e, para o Direito 
Empresarial, seriam as próprias 
práticas comerciais/empresariais.. 
 
 
Empresa e Empresário: Teoria Geral 
do Direito Empresarial 
 
Assim como em diversos pontos da 
Ciência do Direito, o Direito 
Empresarial vinca várias conotações 
específicas, as quais, diversas vezes, 
não espelham a noção coloquial 
(comum). 
 
Isso ocorre, por exemplo, na noção 
básica de EMPRESA. 
Empresa, portanto, para o Direito 
Empresarial é, nada mais, nada menos, 
que ATIVIDADE. 
EMPRESA = ATIVIDADE. 
Se empresa é atividade, empresa é 
algo que se faz, algo que se EXERCE. 
Empresa é, portanto, um fazer. 
 
Sendo assim, não é possível ir até 
uma empresa, nem mesmo comprar 
uma empresa. 
Se vai até o PONTO COMERCIAL e 
se compra o FUNDO DE COMÉRCIO, 
mas nunca a empresa. 
Isso porque, empresa é algo abstrato, 
um objeto que é exercido pelo 
empresário. 
 
Desse modo, as Casas Bahia não são 
umas empresas, são sim, sociedades 
empresárias que EXERCEM uma 
empresa. 
As Casas Bahia exercem a empresa 
de venda de produtos no varejo. 
Em outras palavras, as Casas Bahia 
exercem a atividade de venda de 
produtos no vareja. 
 
Observem que, para cada fenômeno 
que, coloquialmente, descrevemos 
como empresa, há um conceito 
técnico do Direito Empresarial: ponto, 
título de empresa, pessoa jurídica, 
sociedade empresária, fundo de 
comércio, aviamento, estabelecimento 
empresarial etc. Institutos que 
estudaremos no correr do ano. 
 
Empresa (que é a atividade) é, 
normalmente, designada por um 
verbo no infinitivo: vender, comprar, 
consignar, trocar, consertar, 
emprestar, criar, produzir, construir, 
realizar, divulgar, cortar, prender etc. 
 
Empresa é, portanto, a atividade 
exercida pelo empresário. 
 
Conceito de empresário, considera-se 
empresário: 
 1-Alguém; 
2- Que exerce profissionalmente; 
3- Atividade econômica 
organizada; 
4- Para produção ou circulação 
de bens ou serviços. 
 
Assim como diversos fenômenos 
jurídicos, o exercício de uma 
atividade empresarial pode ser 
realizado solitariamente ou 
coletivamente. 
 
De modo solitário, possuímos as 
seguintes opções:, Empresário 
individual (e o MEI, que é uma 
espécie de empresário individual), 
A EIRELI (empresa individual de 
responsabilidade limitada), SLU 
(sociedade limitada unipessoal): 
atentando-se para este caso, que 
poderá se transformar em um 
exercício coletivo. 
 
Por sua, de modo coletivo, 
exerce-se atividade empresarial 
das seguintes maneiras: - 
Sociedade Limitada; - Sociedade 
Anônima ou Companhia; - 
Sociedade em Nome Coletivo; - 
Sociedade em Comandita 
Simples; - Sociedade em 
Comandita por Ações; - 
Sociedade Cooperativas. 
 
O raciocínio acima, pode ser 
aplicado na classificação de modo 
de se exercer, por meio de 
pessoa física ou por meio de 
pessoa jurídica. 
 
O empresário individual (e o MEI, 
por consequência) é a única 
forma de se exercer atividade 
empresarial por meio de pessoa 
física, as demais formas, 
independentemente do número 
de titulares, serão por pessoa 
jurídica. 
 
Sociedade simples 
 
Assim como o exercício de uma 
atividade empresarial pode se dar de 
maneira individual e coletiva, do 
mesmo modo, podem os profissionais 
intelectuais se reunirem em sociedade. 
 
A legislação dá o nome de sociedade 
SIMPLES ao exercício coletivo de 
uma atividade intelectual. 
 
As sociedades simples são sociedade 
de profissionais intelectuais da mesma 
profissão ou afins. 
Por esta razão, parte da doutrina as 
chama de sociedades 
UNIPROFISSIONAIS. 
 
As sociedades simples são a evolução 
das sociedades civis do passado 
(CC/1916). 
As siglas devem ser, portanto, 
modificadas: de S/C para S/S. 
As sociedades simples não são 
empresariais. 
Às sociedades simples se aplicam o 
regime civil, comum. 
 
Importante registrar que o legislador 
do Código Civil deu especial 
importância à regulamentação são 
sociedades simples, tanto que, dedicou 
várias seções a ela, inclusive, tratando 
os como Teoria Geral do Direito 
Societário. 
 
Sociedade de advogados 
 
Merece registro especial a sociedade 
de advogados, pois TODAS as 
sociedades simples podem se tornar 
empresárias, MENOS a sociedade de 
advogados. 
Isso se dá pela especial 
regulamentação da profissão, no 
tocante à publicidade, capitação de 
clientela, descritas no Estatuto da 
Ordem e no Código de Ética. 
 
Produtor rural 
 
A legislação deu especial deferência 
ao produtor rural empresário, 
permitindo-o que, facultativamente, 
venha a se registrar na Junta 
Comercial. 
 
Veja-se, o exercício de atividade 
empresarial rural sem registro na 
Junta não torna isso irregular, uma 
vez que o respectivo registro é 
faculdade do produtor. 
 
Entretanto, uma vez inscrito passará a 
ser considerado um empresário para 
todos os fins. 
 
Sociedades cooperativas 
 
O Código Civil trata as cooperativas 
como sociedades simples, não 
empresariais. 
Aliás, o legislador é claro em dizer que 
"independentemente do seu objeto" 
as cooperativas serão sociedades 
simples. 
 
No entanto, sabemos a vultuosidade 
destes empreendimentos, aliás, muitas 
cooperativas são de natureza 
bancário, algo essencialmente 
empresarial. 
Por fim, convém registrar que as 
cooperativas possuem inscrição na 
JUNTACOMERCIAL, diversamente 
do que ocorre com as demais 
sociedades simples, as quais possuem 
registro nos Cartórios de Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas (+ no 
respectivo conselho de classe). 
 
EIRELI: EMPRESA INDIVIDUAL DE 
RESPONSABILIDADE LIMITADA 
A EIRELI é uma forma de se exercer 
uma atividade empresarial, de maneira 
solitária, com a criação de pessoa 
jurídica. 
Além disso, nota-se que a pessoa 
jurídica traz consigo a limitação da 
responsabilidade do titular. 
 
Desse modo, o que se está em risco 
é o patrimônio investido na atividade, 
sendo resguardado o patrimônio 
particular do titular (salvo casos de 
responsabilização pessoal, como na 
desconsideração da personalidade 
jurídica). 
 
Uma crítica muito severa à EIRELI foi 
feita pela doutrina com o seu 
surgimento, isso porque a expressão 
"empresa" foi utilizada de forma 
atécnica. 
Ora, se sabe que empresa é atividade, 
é algo que se exerce, ou seja, típico 
objeto do direito. 
Os objetos do direito são exercidos 
pelos sujeitos de direitos, que são os 
empresários. 
 
Sendo assim, deveria se chamar de 
Empresário Individual de 
Responsabilidade Limitada, até mesmo 
para se contrapor ao empresário 
individual comum, o qual possui 
responsabilidade ILIMITADA. 
 
Eireli – Continuação 
 
Importante deixar muito bem vincada 
a seguinte lição: a pessoa do titular é 
diversa da própria pessoa jurídica. 
O titular da pessoa jurídica é, aliás, um 
elemento móvel e substituível, 
permanecendo intacta a pessoa 
jurídica caso isso ocorre. 
Possuem, titular e pessoa jurídica, 
obrigações e responsabilidade próprias. 
Possuem, inclusive, capital apartado. 
 
É claro que, no momento da 
constituição da EIRELI, o capital 
destinado pelo titular fazia parte de 
seu patrimônio próprio. 
Ao transferir esse patrimônio em 
favor da atividade (EIRELI) o titular 
deixa de ser proprietário dele, mas 
recebe em troca o que chamamos de 
PARTICIPAÇÃO. 
Nas sociedades, essa participação 
significa uma porcentagem de quotas 
ou ações. 
 
Na EIRELI, considerando que há titular 
único, significa a titularidade da 
totalidade da participação. 
O titular NÃO É empresário. Quem é 
empresária é a própria EIRELI. E ela 
quem contra, despede, alena, 
empresta, etc. 
 
Para a constituição da EIRELI exige-se 
um capital mínimo integralizado de 100 
salário mínimos. 
Somente este tipo empresarial exige 
um capital mínimo. 
 
Como já anotado, a EIRELI não é 
sociedade empresária, mas sim típica 
pessoa jurídica empresária. 
O titular único é titular de uma pessoa 
jurídica pura em simplesmente, não 
de uma sociedade. 
 
Conforme normativa ainda vigente, a 
pessoa natural só pode ser titular de 
uma EIRELI. 
Entretanto, hoje (após a revogação 
da IN 117 do antigo DNRC, atual DREI) é 
possível que pessoa jurídica seja 
titular de EIRELI e, neste caso, não há 
esta limitação. 
 
OBS.: EIRELI (pessoa jurídica), 
portanto, pode ser titular de outra 
EIRELI (outra pessoa jurídica). 
 
Empresário individual 
 
O empresário individual é pessoa física 
empresarial. 
 
Embora possua CNPJ (que é o 
Cadastro Nacional das Pessoas 
Jurídicas) o empresário individual é 
uma pessoa física empresária, aliás, a 
única pessoa física empresário em 
nosso sistema. 
A própria pejotização (que vem de 
PJ, ou seja, pessoa jurídica) é um 
fenômeno que atrapalha esta 
compreensão. 
 
No entanto, é extremamente 
importante saber que não há criação 
de pessoa jurídica, sendo assim, para 
o alcance do patrimônio particular do 
titular não é necessária 
desconsideração da personalidade 
jurídica (diversamente do que ocorrer 
nos tipos empresariais em que há 
criação da pessoa jurídica). 
Lembrete: o MEI (micro 
empreendedor individual) é uma 
ESPÉCIE de empresário individual e 
segue a mesma regra acima, com 
algumas condições a mais. 
 
O MEI foi criado pela legislação 
tributária para retirar uma infinidade 
de pessoa da informalidade, mediante 
o recolhimento mínimo de algumas 
exações tributárias. 
 
Impedimentos Legais para o Exercício 
de atividade por meio de Empresário 
Individual: 
 
Empresário (e o sócio da sociedade) 
é figura diversa da do administrador. 
É certo, que é possível que tais 
figuras se somem na mesma pessoa. 
Entretanto, o oposto também pode 
acontecer. 
Isso significa que certa regra de 
impedimento para ser administrador, 
nem sempre impedirá, também a 
figura do titular do empresário 
individual ou ainda do sócio. 
 
Os impedimentos legais para ser 
empresário individual estão espalhados 
por todo o ordenamento jurídico. 
Em verdade, praticamente todos os 
cargos públicos possuem alguns tipos 
de vedação, uma vez que é muito 
difícil a separação patrimonial do 
servidor e do empresário individual. 
 
De outra forma é a vedação para ser 
sócio. 
Quando muito, em alguns casos, o 
estatuto respectivo proíbe que o 
servidor seja sócio com poder de 
administração, mas é muito rara a 
vedação geral para ser sócio. 
Em cada caso, recomenda-se verificar 
o respectivo estatuto para consultar o 
nível de impedimento. 
 
Incapacidade do empresário 
individual 
 
O incapaz não pode INICIAR uma 
atividade empresarial como 
empresário individual, mas poderá 
CONTINUAR essa mesma atividade, 
desde seja representado ou assistido. 
As hipóteses de continuidade são as 
seguintes: - continuar a sua própria 
atividade que iniciou exercendo em 
plena capacidade; - continuar a 
atividade de outrem, que assumiu por 
herança. 
 
Interessante notar que o parágrafo 
terceiro, do art. 974, do CC, trata do 
SÓCIO incapaz e não do empresário 
incapaz. 
Sendo assim, não existe a vedação 
do caput aqui, pois não foi 
mencionada. 
Em outras palavras, o sócio incapaz 
poderá INICIAR UMA ATIVIDADE. 
 
O Código trouxe 3 requisitos para que 
o sócio incapaz possa assim exercer 
sua posição jurídica. 
 
Pode o empresário casado alienar imóveis 
da empresa sem outorga conjugal? 
A questão envolve a análise dos arts. 
1647 e 978, ambos do Código Civil. 
Há uma aparente incompatibilidade 
uma vez que um dispositivo exige a 
outorga, outro a dispensa. 
Ocorre que, a incompatibilidade é 
realmente aparente, uma vez que 
cada dispositivo trata de situação 
diversa. 
O 1.647 trata da alienação do imóvel 
para terceiros. E, por terceiros, 
devemos entender, inclusive, a 
transferência do imóvel para a 
atividade do empresário individual. 
 
Ocorre que, a incompatibilidade é 
realmente aparente, uma vez que 
cada dispositivo trata de situação 
diversa. 
O 1.647 trata da alienação do imóvel 
para terceiros. E, por terceiros, 
devemos entender, inclusive, a 
transferência do imóvel para a 
atividade do empresário individual. 
 
2- Após transferido, terá liberdade 
plena na alienação a terceiros, não 
necessitando de nova outorga 
conjugal, uma vez que esta já foi 
concedida no ato inicial de 
transferência. 
 
Registro do empresário e escrituração 
 
A primeira obrigação de todo 
empresário é se registrar na junta 
Comercial. 
Por todo empresário, entenda-se: o 
empresário individual, a EIRELI, as 
sociedades empresárias e as 
cooperativas. 
 
Somente o MEI (que é uma espécie 
de empresário individual) não precisa 
se inscrever diretamente na Junata, 
podendo se inscrever no portal da 
Receita Federal, a qual, por sua vez, 
que comunicará a Junta Comercial 
respectiva. 
 
Importante mencionar que o registro 
na Junta Comercial confere legalidade 
(ou regularidade) ao exercício da 
atividade, mas não é requisito da 
caracterização do empresário. 
 
A constituição de estabelecimento 
secundário deve ser informada a 
Junta Comercial. No casos em que o 
estabelecimento secundário (sucursal, 
filial ou agência) se situarem em Junta 
Comercial diversa da sede (em outro 
estado da federação), deverá haver o 
registro nesta mencionada Junta, 
informando, após, a Junta Comercial 
da sede. 
 
O SINREM (Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis) é 
formado pelo DREI (Departamento 
Nacional de Registro de Empresas e 
Integração, vinculado ao Ministério da 
Economia) e pelas Juntas Comerciaisde cada estado da federação. 
O Drei possui competência normativa 
e consultiva, enquanto as Juntas 
possuem competências executiva ou 
operacional. 
 
Funções da junta comercial 
 
Basicamente as Juntas Comerciais 
realizam 3 tipos de funções: a) 
matrícula de algumas profissões; b) 
autenticação de livros de documentos 
empresariais; c) arquivamento de atos 
empresariais. 
 
Escrituração do empresário 
 
Os empresários, a depender da 
atividades, são obrigados a 
escriturarem diversos livros. 
Por exemplo, uma sociedade que 
emita duplicata, é obrigada a escriturar 
o livro de registro de duplicatas. 
 
Uma sociedade anônima é obrigada a 
escriturar o livro de registro de ações, 
livro de registro de debêntures, livro 
de registro de atas de assembleia, e 
assim por diante. 
No entanto, existe um livre que é de 
obrigatória escrituração para todos os 
empresários (salvo para o MEI), que é 
o LIvro Diário, no qual se registram 
todas as operações de valor 
diariamente ocorridas na atividade. 
 
Como terceira obrigação básica (a 
primeira é o registro, a segunda é a 
escrituração de livros), o empresário 
tem o dever de, anualmente, realizar 
dois balanços (salvo para inscritos no 
SIMPLES NACIONAL, cujos balanços 
podem ser substituídos): o patrimonial 
e o de resultados. 
 
O balanço patrimonial consiste na 
apuração do ativo e a respectiva 
subtração do passivo, alcançando 
como resultado o patrimônio líquido 
(que pode ser positivo ou negativo). 
 
Por sua vez, o balanço de resultado 
visa apurar se, em determinado 
exercício, houve lucro ou prejuízo. 
Por exercício, entenda-se o período 
de tempo eleito em um ato 
constitutivo para fins de contabilidade 
fiscal. 
É extremamente comum que o 
exercício contábil corresponde ao ano 
civil (01 de janeiro a 31 de dezembro). 
 
Nome empresarial: 
 
O nome empresarial é o verdadeiro 
nome do empresário, da EIRELI e da 
sociedade empresária. 
É este nome que encontramos nas 
notas e cupons fiscais, contratos, 
processos, carteira de trabalho, 
documentos oficias etc. 
 
O nome empresarial não deve ser 
confundido com o título do 
estabelecimento, que é o nome que 
se encontra na fachada do prédio. 
O nome empresarial identifica do 
empresário, enquanto o título do 
estabelecimento identifica o ponto 
empresarial. 
 
O título do estabelecimento é 
chamado por muitos de nome 
fantasia. 
O nome empresarial é registrado na 
Junta Comercial e a partir dai ganha 
proteção. 
 
Diferentemente é o título do 
estabelecimento, que não pode ser 
registrado na junta comercial (embora 
ganhe proteção reflexa como 
veremos a seguir). 
 
Também não devemos confundir 
nenhum dos elementos acima com a 
Marca. 
A marca é o elemento de 
identificação de um produto ou 
serviço e tem seu registro realizado 
no INPI, adquirindo proteção nacional 
após este. 
Também não devemos confundir o 
nome empresarial com o nome de 
domínio, que é o endereço virtual. 
 
Espécies de nome empresarial 
 
São duas as espécies de nome 
empresarial: a) razão social ou firma; 
b) denominação. 
 
Existem dois tipos empresariais nos 
quais os seus titulares podem escolher 
entre razão social e denominação, 
são eles: EIRELI e sociedade limitada. 
 
Vimos que existem dois conteúdos 
possíveis nos nomes empresariais: o 
nome de sócios ou de uma atividade 
desempenhada. 
Na razão social é obrigatória da 
menção de um ou mais nome de 
sócios, sendo facultativa a menção à 
atividade exercida. 
Por sua vez, na denominação é o 
oposto: é obrigatória a menção à 
uma atividade exercida, e é facultativa 
a menção a alguma nome de sócio. 
 
Por fim, importante lembrar que 
somente o nome empresarial da 
modalidade denominação é permitido 
utilizar um ELEMENTO FANTASIA: 
que é uma expressão de cunho 
mercadológico utilizado para fins 
publicitários. 
 
Princípios do nome empresarial: 
 
a) Novidade 
b) Veracidade 
 
Pelo princípio da novidade, não pode 
haver nenhum nome empresarial igual 
ou semelhante no mesmo estado da 
federação (Junta Comercial). 
 
Pelo principio da veracidade o 
conteúdo do nome empresarial deve 
refletir a verdade: sendo assim, os 
nomes ali constantes devem ser 
nomes de sócios efetivos e por sua 
vez os nomes das atividades, devem 
ser aquelas de fato desempenhadas 
pela sociedade.

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