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AULA IV COMPLETA- PROCESSO PENAL- TRANSCRICAO CPIURIS

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Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
MÓDULOS REGULARES 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Professora: Lorena Ocampos 
Aula IV 
Parte 1/4 
 Olá, pessoal. Tudo bem? 
Estamos na nossa aula IV dos cursos regulares, na parte de Processo Penal. 
Vamos dar sequência aos temas com atenção ao PACOTE ANTICRIME 
sancionada em 24 dezembro de 2019 e em vigor desde 02 de janeiro de 2020. 
Terminamos a parte de investigação criminal e outros temas importantes. 
Com o cuidado de sempre, tentarei fazer um paralelo com o instituto do JUIZ DAS 
GARANTIAS. 
Hoje vamos tratar da AÇÃO PENAL (art. 24 CPP). 
Antes disso, dentro do capítulo de AÇÃO PENAL, precisamos conversar 
sobre o ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL-ANPP. Analisar todas as suas 
características, a sua forma de realização da justiça criminal negocial (semelhante 
à transação penal, que também ocorre na fase pré processual). 
Desse modo, antes do oferecimento da Denúncia, o titular da ação penal 
deverá analisar a incidência do art. 28-A do CPP e da possibilidade de realização 
do ANPP. 
O ANPP é um instituto novo que merece toda atenção pela potencialidade 
de questionamentos nas provas a partir de 2020. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Ademais, apesar de ser um Instituto novo no CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL, já tinha sido previsto na resolução do CNNP. Seu objetivo é a realização 
de um acordo para evitar a deflagração de uma ação penal. 
Temos um único artigo, cheio de parágrafos e incisos. 
 É um tema novo (que apesar de já subsistir anteriormente em Resolução 
do CNNP, não era efetivamente aplicado, nem possuía análise prática para que 
nesse momento fosse possível dimensionar a sua aplicabilidade no Processo 
Penal). 
Diante disso, ainda temos muitas dúvidas sobre as disposições legais e a 
aplicabilidade do instituto. É algo que ocorre na fase pré-processual, ou seja, 
quando ainda não há processo. 
Se constitui em mais uma ferramenta disponibilizada ao titular da ação 
penal para realização da Justiça criminal negocial. 
Possui semelhança ao disposto no art. 76 da Lei 9.099/95, que já é um 
instituto que é bastante explorado em provas de concurso e de toda a 
jurisprudência correlata, que pode também ser aplicada aqui para o ANPP, por 
analogia. 
Desse modo, vale ressaltar que temos, ainda, o instituto da suspensão 
condicional do processo, que ocorre durante a tramitação do processo e diante 
de certas imposições legais específicas. No mesmo sentido, subsiste a colaboração 
premiada, que está disciplinada em lei especifica. 
Todos esses institutos são formas de mitigação do princípio da 
obrigatoriedade da ação pública. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Assim, o ANPP é, então, mais uma alternativa visando impedir a 
deflagração de um processo, em razão de sua inadequação a certos crimes, 
resguardando a atuação estatal para crimes de maior relevância, com penas mais 
graves para casos de reincidência, criminosos habituais que necessitam de maior 
reprimenda do Estado. 
Ademais, já tínhamos a Resolução do CNNP nº 181, que foi alterada pela 
Resolução nº 183 de 2018. Ambas foram objeto de análise de vários 
doutrinadores, precipuamente questionando a sua constitucionalidade. 
Nesse sentido, tivemos, então, duas ações perante o STF, ADI Nº 5790, 
5793, suscitando a análise da constitucionalidade da Resolução do CNMP quanto 
à segurança jurídica, ao princípio da legalidade, da reserva legal, bem como 
suscitando se o CNNP poderia dispor desse instituto de justiça criminal negocial, 
por meio de uma Resolução, e não por lei de iniciativa do Congresso Nacional. 
Atualmente, com a vigência da Lei nº 13. 964/19, perdeu totalmente o 
objeto das referidas ações de inconstitucionalidade, visto que o instituto fora 
incluído no CPP. Restando, portanto, superada a discussão. 
Temos, então, algumas diferenças entre o ANPP da Resolução do CNNP e do 
pacote anticrime. 
 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
O acordo de não persecução penal (ANPP) foi criado pela Resolução 181 do 
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e alterado pela Resolução n° 
183, de 24 de janeiro de 2018. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Teve a Constitucionalidade questionada pela Associação dos Magistrados 
Brasileiros – AMB (ADI 5790) e pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB (ADI 
5793). 
O projeto anticrime (Lei 13.964/19), portanto, abraça o acordo de não 
persecução penal. Instituto de justiça criminal negocial (transação penal; 
suspensão condicional do processo; colaboração premiada). 
Mitigação do princípio da obrigatoriedade do art. 24 do CPP – o Ministério 
Público deve agir buscando a solução mais promissora para o nosso sistema de 
justiça criminal, a depender da política criminal adotada. 
Pré-processual; Evita a deflagração da ação penal; Incidência ampla: pena 
mínima inferior a 4 anos, tais como: receptação, estelionato, apropriação 
indébita, furto simples e qualificado, corrupção passiva e ativa, peculato. A 
pena máxima cominada é irrelevante. 
Quando cabível a transação penal, o acordo não é aplicável (art. 28-A, § 2º, I) – 
infrações de menor potencial ofensivo - juizado especial criminal. 
 
 
 
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RESOLUÇÃO 181/17 ALTERADA PELA RESOLUÇÃO 183/17 - CNMP ACORDO DE 
NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
 
Art. 18. § 1º. Não se admitirá a proposta nos casos em que: V – o delito for 
hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei. 11.340/2006. § 2º. A 
confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos 
meios ou recursos de gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade 
das informações, e o investigado deve estar sempre acompanhado de seu 
defensor. § 7º. O acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma 
oportunidade da audiência de custódia. § 8º. É dever do investigado comunicar 
ao Ministério Público eventual mudança de endereço, número de telefone ou 
e-mail, e comprovar mensalmente o cumprimento das condições, 
independentemente de notificação ou aviso prévio, devendo ele, quando for o 
caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente e de forma 
documentada eventual justificativa para o não cumprimento do acordo. § 12. 
As disposições deste capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por 
militares que afetem a hierarquia e a disciplina. 
 
 
 
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ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
DEPOIS DA LEI 13.964/19 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput 
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis 
ao caso concreto. 
§ 2º O disposto no caput deste artigo NÃO SE APLICA nas seguintes hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da 
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor 
do agressor. 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu 
defensor. 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada 
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da 
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições 
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao MinistérioMaterial elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do 
investigado e seu defensor. 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante 
o juízo de execução penal. 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos 
requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 
5º deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público 
para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o 
oferecimento da denúncia. 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução 
penal e de seu descumprimento. 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não 
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de 
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o 
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos 
no inciso III do § 2o deste artigo. 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo 
competente decretará a extinção de punibilidade. 
 
 
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§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo 
de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos 
a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
• Recomendo atenção ao inciso V da Resolução do CNMP, que trata da 
hipótese em que o delito for hediondo ou equiparado, e nos casos de 
incidência da Lei. 11.340/2006. Sem correlação com a disciplina do Pacote 
Anticrime. 
• Do mesmo modo, o § 2º da Resolução do CNMP - A confissão detalhada 
dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos meios ou 
recursos de gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das 
informações, e o investigado deve estar sempre acompanhado de seu 
defensor. Esse parágrafo não foi reproduzido no Pacote Anticrime. 
• A realização do ANPP em audiência de custódia disciplinado no § 7º da 
Resolução do CNMP - O acordo de não persecução poderá ser celebrado 
na mesma oportunidade da audiência de custódia - não foi reproduzido na 
alteração do CPP. Nesse ponto, tenho dúvidas sobre a liberdade de 
negociação e da autonomia de vontade, merecendo análise cuidadosa. A 
dúvida persiste em saber se alguém que está preso teria interesse 
emergente em negociar. Haveria de fato essa autonomia? Item a ser 
analisado em outro momento da aula, quando tratarmos especificamente 
desse tema. 
• § 8º da Resolução do CNMP, disciplinando a necessidade de o investigado 
manter dados atualizados, não subsiste na alteração do CPP. (§ 8º. É dever 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
do investigado comunicar ao Ministério Público eventual mudança de 
endereço, número de telefone ou e-mail, e comprovar mensalmente o 
cumprimento das condições, independentemente de notificação ou aviso 
prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar 
imediatamente e de forma documentada eventual justificativa para o não 
cumprimento do acordo.) 
• § 12 da Resolução do CNMP veda o ANPP aos crimes militares e que afetem 
a hierarquia e disciplina - não fora contemplado na alteração do CPP. (§ 12. 
As disposições deste capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por 
militares que afetem a hierarquia e a disciplina). Aqui, apresentamos o 
questionamento sobre a possibilidade de realização do ANPP em sede de 
JUSTIÇA MILITAR OU ATÉ NA JUSTIÇA ELEITORAL. Em momento oportuno, 
retornaremos a esse tema. 
Assim, diante das principais diferenças entre a RESOLUÇÃO DO CNMP e o CPP, 
iremos analisar se subsiste razoabilidade na manutenção do entendimento sobre 
a aplicação do ANPP e a reprodução da disciplina do CNMP no CPP. 
 
NOVAS OBSERVAÇÕES SOBRE O TEMA 
 
Quando estudamos a AÇÃO PENAL, apresentamos a divisão entre ação 
penal pública e ação penal privada. 
A ação penal será pública quando o titular do direito da ação for o próprio 
Estado, visando a tutela dos interesses sociais e a manutenção da ordem pública. 
Nesse caso, cabe ao Ministério Público promover a ação independentemente da 
vontade de outrem (ação penal exclusivamente pública). 
 
 
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Contudo, de acordo com o art. 100, do Código Penal: "A ação penal é 
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido". Desse 
modo, haverá hipóteses em que o Ministério Público dependerá da manifestação 
da vontade do ofendido ou de seu representante legal para exercer a sua 
atividade jurisdicional. 
Então, nesse caso, a ação penal será pública condicionada, conforme 
disposição do art. 100, §1º do CP: "A ação pública é promovida pelo Ministério 
Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de 
requisição do Ministro da Justiça". 
Há, ainda, a ação penal privada, que será promovida apenas pelo ofendido 
ou por seu representante legal, de acordo com a oportunidade e conveniência 
(que entenderem cabíveis), já que a infração atinge imediata e profundamente o 
interesse da vítima, que poderá optar em preservar a sua intimidade e não propor 
a ação. 
Entretanto, na ação penal pública incondicionada, a infração atinge 
imediatamente a ordem social, cabendo exclusivamente ao Ministério Público 
promover a ação. Ao passo que quando a ação penal pública for condicionada, o 
órgão jurisdicional dependerá da manifestação da vontade do ofendido que foi 
atingido imediatamente pela infração, para propor a ação. 
Ademais, dentro de cada espécie de ação penal, teremos princípios 
próprios aplicáveis. Na Ação Penal Pública (Legalidade, Indisponibilidade, 
Intranscendência; Divisibilidade e Oficialidade) e na Ação Penal Privada 
(Conveniência; Disponibilidade; Intranscendência; Indivisibilidade) 
Em síntese, na AÇÃO PENAL PÚBLICA, temos os princípios da 
obrigatoriedade e da indisponibilidade, que podem ser extraídos do art. 24 do 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
CPP , que disciplina que a ação será promovida pelo MP, que possui legitimidade 
ordinária disciplinada na constituição Federal. Temos uma ação clássica 
tradicional. 
Contudo, o princípio da obrigatoriedade sofreu uma releitura, uma revisão 
moderna pelo PROCESSO PENAL. 
Vale ressaltar que o MP irá atuar sempre de acordo com as opções 
legislativas que possui, pois não pode, por favorecimento, deixar de oferecer 
denúncia. Ele tem o dever de agir. 
Contudo, a visão mais moderna do princípio, traz uma visão da nova 
política criminal. Neste aspecto, o ANPP é uma escolha do Estado para diminuir 
a instauração de processos, que em certos casos não está surtindo o efeito 
esperado com o cumprimento de pena. É uma forma de utilização da ação 
consensual. 
Desse modo, o MP tem o dever de agir, não será apenas com a opção do 
oferecimento da Denúncia, deverá, então, escolher a melhor estratégia legal para 
o caso, até mesmo durante a fase processual. 
Com isso, o ANPP se apresenta em uma fase pré-processual, o art. 28 do 
CPP destaca esse momento como no caso de não ser de arquivamento, poderá 
ser proposto o acordo. 
Está muito clara a opção do legislador pela fase pré-processual. Nesse 
caso, o MP poderia deflagrar a ação, mas verificando que a situação se subsumi 
à disciplina legal do art. 28 CPP, deverá, então, propor a tratativa com o 
investigado, com o advogado, para iniciar um acordo. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula OliveiraEntão, teremos um momento pré-processual muito semelhante à 
transação penal. 
Já em relação à suspensão condicional do processo, no que tange os 
princípios, estamos mitigando o princípio da indisponibilidade, visto que, em tese, 
no curso do processo, o MP não poderia abrir mão daquele procedimento, 
desistir, desde a fase de conhecimento até a fase recursal. Essa é a disciplina dos 
arts. 42 e 576. 
Porém, verificando que a situação do acusado preenche os requisitos do 
art. 89 da Lei 9.099/95, o MP pode, portanto, oferecer a suspensão condicional 
do processo em mitigação ao princípio da indisponibilidade da ação penal. 
De outro modo, a transação penal e o ANNP, por se apresentarem em fases 
pré-processuais, haverá uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade. 
Ademais, a proposta apresentada no art. 28 do CPP terá incidência bem 
ampla nas infrações penais que não forem praticadas com violência ou grave 
ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos. 
Como exemplo, temos os principais crimes contra o patrimônio, que se 
amoldam à nova legislação do art. 28 do CPP. 
Difere da transação penal (dos juizados), que leva em consideração a pena 
máxima não superior a 2 anos, ou para a contravenção penal. 
 
ATENÇÃO: 
 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Para a suspensão do processo, disciplinado no art. 89 da Lei nº 9.099/95, a 
pena mínima deverá ser igual ou inferior a 1 ano. 
Já para o ANPP a pena deverá ser inferior a 4 anos. 
 
 
Desse modo, o legislador poderia ter facilitado a nossa vida e ter incluído 
o termo igual ou inferior a 4 anos, mas não o fez. Ele disciplinou a pena somente 
se inferior a 4 anos. MUITO CUIDADO COM ISSO! 
Ademais, a legislação prevê também que quando for cabível a transação 
penal, o MP não deverá cogitar sobre a proposição do ANPP. 
 Lei nº 9.099/95. 
(...) 
Art. 89 Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o 
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que 
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos 
que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
 
 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá 
suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
 
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 
 II - proibição de frequentar determinados lugares; 
 
 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 
 
 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
 
 § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato 
e à situação pessoal do acusado. 
 
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não 
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
 
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou 
descumprir qualquer outra condição imposta. 
 
 § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 
 
 § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
 
 § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. 
 
 
 
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Porém, por que isso? 
Como a transação penal se refere apenas aos juizados especiais, sejam 
federais, sejam estaduais (art., 76 da Lei nº 9.099/95), o MP, verificado que a 
pena é mínima (menor potencial ofensivo), privilegia a transação penal, porque 
é específica para infrações de menor potencial ofensivo. Em caso contrário, será, 
então, utilizado o ANNP na fase pré-processual. 
Na comparação entre os dois institutos, qual teria mais benéfico? A 
transação penal ou o ANPP? 
Sem dúvida, o ANPP, que seria aplicado na fase pré-processual. 
A suspensão do processo ocorre no curso da ação penal e está atrelada ao 
período de prova de suspensão de 2 a 4 anos. O processo vai ficar parado e 
cumprindo determinadas condições, e em caso de descumprimento, será 
direcionado à audiência de julgamento para ser ou não condenado. 
No ANPP, não existe período mínimo para o cumprimento da pena, pode 
ocorrer em menos de 2 anos, no caso de o indiciado já ter reparado o dano, 
prestado serviço em tempo menor. Terá sua extinção da punibilidade sem 
necessitar aguardar a suspensão de 2 a 4 anos. 
Entre todos esses institutos de negociação processual, tanto na transação 
penal, quando cumpridas as condições extingue a punibilidade, sem condenação, 
sem reincidência, sem maus antecedentes. 
Na suspensão condicional do processo, após o cumprimento dos 
requisitos, e ao fim do período de prova, com todas as obrigações satisfeitas, será 
extinta a punibilidade. 
Ademais, no ANPP, o resultado também será a extinção da punibilidade. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Vale ressaltar que nas 3 modalidades, haverá anotações na folha de 
antecedentes, mas não para considerar como desfavorável, e sim para impedir 
nova concessão em período anterior a 5 anos, do mesmo modo que a transação 
penal. Foi estendido esse entendimento pelo STJ, por analogia. Essa regra já está 
na própria disciplina legal do ANPP. 
 Aqui encerramos o primeiro bloco, voltaremos com análise do art. 28- A 
do CPP. 
Parte 2/4 
 Pessoal, voltando agora para o bloco nº 2, continuamos falando do ANPP. 
 Vale destacar que há uma comparação substancial ente o ANPP e a 
suspensão condicional do processo. 
No ANPP, é exigida a confissão formal, e de acordo com a correção da 
nomenclatura pela doutrina, o termo seria na verdade uma confissão 
circunstanciada, apresentando detalhes do fato, demonstrando de forma 
circunstanciada a prática do ato, com descrição de dia, local, etc. o que não é 
exigido em sede de suspensão condicional do processo. 
Esse é um ponto crucial para análise estratégica da defesa, se entender 
pela continuidade do processo ou não. 
O critério da confissão é bastante criticado pela doutrina, em razão de que 
o descumprimento do ANPP pode acarretar em dificuldade de reversão da defesa 
durante o processo. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Aqui, como nos demais benefícios (art. 76, 89), sempre se fala do 
Ministério Público, como se esses acordos e benéficos só fossem possíveis na 
ação penal pública. 
Diante disso, subsiste a indagação: os acordos só são possíveis em ação 
penal pública? A resposta é negativa, pois, sendo uma benesse legal, temos que 
estender à ação penal privada e a vítima precisará do advogado com capacidade 
postulatória, para informar da possibilidade de acordo. 
Esse entendimento, já fora estendido aos outros benefícios da transação 
penal e da suspensão do processo pela jurisprudência. 
Temos julgados anteriores determinando essa possibilidade, como no 
AgRg no REsp 1356229/PR. 
Ação penal privada: 
Por ser um benefício legal, não resta dúvida quanto à sua extensão ao crime de 
ação penal privada, cabendo ao querelante propor o ANPP. Contudo, não há 
óbice na oferta pelo MP, a título de custos legis (art. 257, II do CPP), diante da 
recusa do particular. 
Pela aplicação de transação penal e suspensão condicional do processo em 
infrações penais de ação penal privada (STJ, AgRg no REsp 1356229/PR). 
Enunciado de número 112 do FONAJE: na ação penal de iniciativa privada, 
cabem transação penal e a suspensão condicional do processo, mediante 
proposta do Ministério Público. 
 
 
 
 
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Sendo possível o acordosem a manifestação expressa da defesa, pode o 
MP, como custus legis, ou seja, como fiscal da lei, apresentar a proposta, Que 
deverá ser adotado para o ANPP de forma analógica. 
Nesse ponto, temos também o Enunciado de número 112 do FONAJE, que 
é muito cobrado em concursos, dependendo do cargo e da banca. 
Temos outra questão sobre o direito intertemporal em relação ao ANPP, 
precisamente sobre o art. 2º do CPP, do qual já fizemos a análise das disposições 
gerais do código, em havendo caráter híbrido com o direito material. 
Apesar de alterar o processo penal brasileiro, trata também de extinção de 
punibilidade, direito material penal. Ele tem caráter material com ampliação da 
pena mínima, que, em outros casos, não receberam benefícios algum, devendo 
ser estendido esse direito. 
A lei fala em investigados, mesmo que o fato seja praticado antes da 
vigência. Mesmo os casos em curso, de processo com pena mínima inferior a 4 
anos que não recebeu transação ou suspensão do processo, deverá fazer jus ao 
ANPP, se preenchidas demais condições que iremos analisar posteriormente. 
Entendemos pela possibilidade da a aplicação para os processos 
sentenciados. Em verdade, temos a Súmula nº 337 do STJ, que é analogicamente 
aplicável na transação penal e na suspensão condicional do processo, inclusive 
com condenação transitada em julgado (art. 66, I da LEP e Súmula 611 do STF), 
competindo ao Juízo de execução, abrir vista ao órgão do MP, com atribuição para 
a proposição, devendo ser estendido também para o ANPP. 
 
Em síntese - Direito intertemporal: 
 
 
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Natureza híbrida ou mista do ANPP, considerando seu eventual cumprimento 
como causa extintiva de punibilidade (§ 13º), prevalecendo sua característica 
penal (STF, RHC 115.563/MT) com a obrigatória retroatividade (5º, XL da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
O ANPP abarca as investigações e os processos em curso até o recebimento 
da denúncia, porque a lei usa a expressão “investigado”. 
Deve alcançar também processos nos quais haja desclassificação ao seu cabo, 
por ex., de roubo para furto simples (incide súmula n. 337 do STJ, 
analogicamente – aplicável na transação penal e suspensão condicional do 
processo), inclusive com condenação transitada em julgado (art. 66, I da LEP e 
súmula 611 do STF), competindo ao Juízo de execução abrir vista ao órgão do 
MP com atribuição para o propor. 
 
Verificando também que houve uma desclassificação de furto para roubo, 
com os demais requisitos legais, poderá ocorrer o oferecimento do benefício do 
ANPP. 
Do mesmo modo, há quem defenda a aplicação também na fase de 
execução penal, devendo remeter ao MP da execução penal, para análise. Por se 
tratar de um instituto mais benéfico, devendo retroagir para atingir fatos 
praticados anteriormente, mesmo que esses fatos já tenham sido julgados. 
 
PRESCRIÇÃO 
 
 
 
 
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Além da alteração no CPP, tivemos alteração das causas suspensivas e 
impeditivas da prescrição do art. 116 do Código Penal, com a inclusão de uma 
causa: quando da vigência do ANPP, suspende a prescrição e no momento da 
rescisão do ANPP, a prescrição volta a correr. 
✓ Prescrição: 
A prescrição não corre enquanto o acordo não for cumprido ou rescindido (CP, 
art. 116, III). Trata-se de nova causa suspensiva ou impeditiva da prescrição 
trazida pela Lei nº. 13.964/2019. 
 
 
Também tivemos alteração na legislação especial da Lei n° 8.038/90, que 
trata das investigações relativas a ações penais originárias, de competência dos 
tribunais. 
O ANPP não é aplicável somente para autoridades da primeira instância, mas 
também para autoridade com foro por prerrogativa de função. 
✓ Ações penais originárias: 
O ANPP é também aplicável às investigações relativas a ações penais originárias, 
de competência dos tribunais, conforme inclusão pela Lei nº. 13.964/2019 (art. 
1°, §3°, da Lei n° 8.038/90). 
 
 
REQUISITOS PARA O OFERECIMENTO DO ANPP previsto no caput do art. 28-
A: 
❖ a) que não seja caso de arquivamento da investigação; 
 
 
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❖ b) crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa; 
❖ c) crime punido com pena mínima inferior a 4 anos; 
❖ d) confissão formal e circunstanciada; 
❖ e) necessidade e suficiência do acordo para a reprovação e prevenção do 
crime. 
 
 ANÁLISE DOS REQUISITOS: 
 
 
 a) que não seja caso de arquivamento da investigação (justa causa, casos de 
denúncia, não de arquivamento): 
Trata da justa causa no processo penal. 
Nesse ponto, temos a investigação, que é um gênero em que temos várias 
espécies, dentre elas, o inquérito policial, que recebe tratamento próprio no 
processo penal, com suas especificidades, até chegar ao MP, no caso de ação 
pública. 
Vale relembrar que com a implementação do Juiz de Garantia, tramitará 
diretamente entre Delegado e MP sem a intermediação do Juiz, no caso de 
arquivamento ou não. 
Assim, quando o MP recebe o inquérito, ele pode pedir diligência (art. 16), 
oferecer a denúncia (art. 41CPP) ou ARQUIVAR. 
Agora temos o arquivamento na própria estrutura do MP, EM CONSONÂNCIA 
COM UMA ESTRUTURA ACUSATÓRIA, COM O SISTEMA ACUSATÓRIO DO 3º A 
(temos que estudar o sistema anterior e o sistema do Pacote Anticrime, porque, 
por ora, o sistema do ART. 28 do pacote anticrime está suspenso por decisão do 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Ministro Luiz FUX, no dia 20 de janeiro de 2020, mas nós sabemos que o MP 
possui essas opções). 
 Do mesmo modo, entendendo pela falta de justa causa (suporte probatório 
mínimo) para a denúncia, faltará justa causa para o acordo. 
O ANPP é uma alternativa ao oferecimento da denúncia, não uma alternativa 
ao arquivamento. 
O acordo não será possível se incidir excludentes de tipicidade, de ilicitude, de 
culpabilidade ou de punibilidade. 
 b) crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa: 
A finalidade da norma é a não existência de grave ameaça ou violência à 
pessoa. Não se aplicando aos casos de roubo, de estupro e de homicídio doloso. 
Já os delitos cometidos com violência à coisa (furto qualificado com 
rompimento de obstáculo ou destruição da coisa) são passíveis do acordo. 
Também temos uma discussão sobre a possibilidade de acordo nos crimes 
culposos. 
A doutrina entende ser cabível em crimes culposos, mesmo se ocorrendo 
violência ou grave ameaça no resultado. O importante é analisar se nesses crimes 
culposos, não apresentaram violência ou grave ameaça no momento da conduta, 
no momento da intenção, no momento do dolo do agente. 
 c) crime punido com pena mínima inferior a 4 anos: 
Aqui, valem as observações feitas em comparação com o art. 89 da Lei 
9.099/99: “Inferior a quatro anos” e não “igual ou inferior a quatro anos”. 
Devem ser consideradas as causas de aumento e de diminuição de pena. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
No caso de aumento, deverá acrescentar o mínimo previsto. 
No caso de diminuição, deverá diminuir o máximo legal. 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput 
deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis 
ao caso concreto. 
 
 
APLICAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO E CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA 
MÍNIMA 
 
1º. Se tenho um apena mínima e tenho que aplicar uma causa de aumento. 
Devo aumentar o máximo ou devo aumentar o mínimo? 
 R- Aumento o mínimo 
Ex.: Tenho determinado delito e existe uma causa de aumento de 1/3 a 2/3. 
Quando for aumentar a pena mínima desse delito, tenho que aumentar, pelo 
mínimo, nesse exemplo, 1/3, para verificar a pena mínima. 
2º. Quando trato de causa de diminuição, ex. causa de diminuição de 1/3 a 
2/3, no momento de diminuir da pena mínima, devo diminuir pelo máximo para 
análise da pena mínima. 
• ATENÇÃO: 
Tratandode crime de tráfico de drogas, em regra, é impossível aplicar o 
ANPP, porque na forma simples (art. 33 da Lei 11.343/2006) é incompatível com 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
o instituto, por cominar pena mínima de 5 anos de reclusão; mas é cabível no caso 
de tráfico privilegiado (art. 33, §4°) com aplicação de causa de diminuição. 
 
CONCURSO FOMAL E CONTINUIDADE DELITIVA 
 
Temos, também, aqui no ANPP, de levar em consideração as causas de 
exasperação da pena. 
Na suspensão condicional do processo, temos dois entendimentos 
sumulados importantes: 
Súmula 723 do STF, analogicamente não se admite a suspensão condicional do 
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave 
com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. 
 
Súmula 243 do STJ Também por analogia, o benefício da suspensão do processo 
não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, 
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja 
pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) 
ano. 
 
 
Muita atenção! 
Não é correto afirmar que crime continuado é causa de aumento, porque 
é uma fase de unificação de pena, ou seja, não é terceira fase da dosimetria, 
apesar de ser uma fração de aumento. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Como é uma fração de aumento, seguindo a lógica anterior, devo aumentar 
pela fração mínima, que é 1/6 no crime continuado. É por esse motivo que a 
Súmula 723 do STF afirma isso. Ainda, sendo aplicável na Suspensão condicional 
do processo, deverá também ser aplicado de forma analógica no ANPP, do mesmo 
modo que a disciplina a Súmula 243 do STJ. 
Seja em concurso material (devemos somar as penas dos delitos do 
concurso material), seja em concurso formal impróprio (somar as penas mínimas 
dos delitos do concurso formal impróprio), seja em concurso formal próprio 
(exasperar a pena mínima do delito que está em concurso formal próprio), na 
continuidade delitiva (exasperar a pena mínima do delito que está em 
continuidade delitiva). Se desse resultado, a pena ultrapassar o limite legal, isto 
é, não for mais inferior a 4 anos, o ANPP não vai ser mais possível. 
Do mesmo modo, se mesmo após os cálculos anteriores, a pena continuar 
inferior a 4 anos, será possível o ANPP. 
Já falamos também da Súmula 337 do STJ. Analogicamente é cabível a 
suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência 
parcial da pretensão punitiva. 
Esse entendimento também deve ser aplicado para o ANPP. Nesse caso, o 
juiz deve demonstrar ao MP que houve a desclassificação, para que o MP possa 
efetuar análise da aplicação do ANPP. 
O mesmo ocorre com a procedência parcial da pretensão punitiva. 
Temos, ainda, como requisito do ANPP, a confissão formal e 
circunstanciada. 
 
 d) confissão formal e circunstanciada: 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Confissão é a admissão, no todo ou em parte, da imputação penal. 
Circunstanciada é a apresentação dos elementos da confissão, já falamos 
sobre eles na aula de hoje. 
Temos, na doutrina, aquela classificação da confissão simples e qualificada. 
No ANPP, a doutrina entende que basta a confissão simples. 
Na confissão qualificada, o indiciado assume o delito, mas apresenta 
argumentos para retirar a sua responsabilidade, então, ele não estaria assumindo 
a responsabilidade e, desse modo, não serve para fins de acordo. 
E se ele ficar em silêncio? Não serve para a confissão, ele precisa expor os 
elementos da confissão. 
 A principal crítica é de que a obrigação de confessar imposta pela lei fere 
o princípio da presunção da inocência. O indiciado terá apresentado detalhes 
valiosos ao MP, o que dificultaria a sua defesa em uma fase processual. 
Outro questionamento importante que subsistiu em razão da comparação 
entre a Resolução do CNMP e o pacote anticrime foi sobre a possibilidade de 
aplicação do ANPP em crimes hediondos e equiparados. 
Não há vedação legal para crimes hediondos ou afins, desde que se 
adequem aos requisitos diversamente do que dispunha a Resolução 181/2017 do 
CNMP, alterada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018, daquele 
Conselho. Contudo, deverá o MP analisar se para a reprimenda e prevenção dos 
crimes hediondos é suficiente a utilização do ANPP ou se também entende pela 
vedação em razão da parte final da Resolução. 
 Encerramos, aqui, o segundo bloco. Voltamos, em seguida, para continuar 
falando do ANPP. 
Parte 3/4 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
 Bom, pessoal, voltamos para o bloco nº 3, em que continuaremos a falar 
sobre ANPP. 
Antes de continuar o tema e passar a estudar as obrigações que podem ser 
impostas no benefício, acordos disciplinados nos incisos do artigo 28-A, vamos 
analisar a disposição que constava na Resolução 181 do CNMP, mas que não foi 
reproduzida no 28-A do CPP: 
Registrados pelos meios ou recursos de gravação audiovisual: 
A Resolução do CNMP determina que a confissão detalhada dos fatos e as 
tratativas do acordo devem ser registrados pelos meios e recursos de gravação 
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 
A Lei nº. 13.964/2019 não exigiu tais formalidades, mas que merecem ser 
observadas, na medida do possível. 
 
 
Apesar de não estar prevista na alteração do CPP, é uma conduta que deve 
ser adotada, até mesmo para o procedimento de confissão formal e 
circunstanciada, podendo constar no sistema áudio visual como forma de 
demonstrar que não houve uma imposição para o acordo, que subsistiram 
conversa, negociações e que o investigado não foi pressionada para celebração 
do acordo, e também para comprovar a regularidade das tratativas como forma 
de análise da voluntariedade no momento da homologação pelo juiz, para fins de 
validade daquilo que está sendo homologado por decisão judicial. 
O ideal é que realmente seja efetuada a gravação de todos os atos. 
A próxima questão se refere às obrigações/condições a serem cumpridas 
no ANPP e que estão dispostas nos incisos de I a V do art. 28-A: 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
 
Obrigações/condições (art. 28-A, incisos): 
I- Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de 
fazê-lo: 
II-Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; 
III-prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois 
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV- pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade 
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, 
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes 
aos aparentemente lesados pelo delito. 
V-cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
 
 
Vale ressaltar que esse rol de obrigações é meramente exemplificativo, 
dependendo do crime, das condições habituais do investigado, podendo o MP 
apresentar outras proposições, tendo, portanto, discricionariedade na 
formulação dessas obrigações para serem ajustadas entre o investigado e sua 
defesa técnica. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Apenas será necessário ter cuidado com o disposto no inciso V, que, 
segundo a doutrina, serve como limite da discricionariedade do MP, que poderá 
apresentar outras condições, desde que compatíveis com o prazo estabelecido 
no inciso V, não podendo ser superior ao prazo estabelecido pelolegislador, 
como condição a ser cumprida no ANPP. 
1- Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de 
fazê-lo: 
O autor pode não dispor de recursos financeiros para tanto ou a coisa pode 
ter sido destruída, perdida ou transferida a outrem. 
A reparação/restituição poderá ser feita pelo autor do crime ou por 
terceiro em seu favor (pais, parentes) ou por quem retenha a coisa objeto do 
crime, de boa ou má-fé, visto que não se trata de pena. 
É possível a fixação de dano moral? A resposta deve ser positiva, em razão 
da mesma problemática já ter sido solucionada com relação à fixação do 
quantum mínimo na sentença penal condenatória. 
Temos, então, alguns parâmetros na jurisprudência para fixação do valor 
devido pelo dano moral e, tratando de acordo, pode ser conversado entre o 
investigado e sua defesa técnica. 
 
2- Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime: 
É o Confisco aquiescido, ou seja, voluntariamente aceito pelo investigado: 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
• de objetos utilizados para executar a infração penal (instrumentos 
do crime); 
• de objetos conseguidos diretamente com a atividade criminosa 
(produto do crime); 
• de bens conseguidos com a utilização do produto criminoso 
(proveito do crime). 
3- Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, 
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); 
Esse tema lembra a disciplina do art. 44 e seguintes do CP, tratando de 
penas alternativas, penas restritivas de direito que substituem a pena privativa 
de liberdade. 
Vale ressaltar que o fato de incluir a prestação de serviços à comunidade 
no ANPP não deve ser estendido à vara de execuções penais, o acordo não 
representa uma pena. É um momento pré-processual. Nesse ponto, o legislador 
foi atécnico e esse problema deverá ser solucionado em sede jurisprudencial 
4- Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública 
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, 
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes 
aos aparentemente lesados pelo delito. 
 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
A jurisprudência possui entendimento firmado de que não há óbice a que se 
estabeleçam em acordo (como no caso da suspensão condicional do processo), 
no prudente uso da faculdade judicial disposta no art. 89, § 2º, da Lei n. 
9.099/1995, obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções penais 
(tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação pecuniária), mas 
que, para os fins do benefício, se apresentam tão somente como condições para 
sua incidência. 
(Tese julgada pelo STJ sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - TEMA 930 - AgRg no 
RHC 085835/PR; AgRg no RHC 083810/PR; RHC 084350/MG; RHC 064083/RS; HC 
386626/SP; RHC 067813/RS; REsp 1498034/RS). 
 
 
Contradição ao dizer que será executado pelo juiz da execução penal: 
 
Condições e não sanção penal. 
 
Equívoco do legislador ao prever que o acordo deverá ser executado no juízo 
da execução penal. 
A sua execução deve ficar a cargo do Ministério Público ou do juízo de 
conhecimento. 
 
 
V- Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
O rol não é taxativo, mas exemplificativo, já que o MP poderá propor 
outras condições não previstas expressamente em lei, desde que proporcionais 
e compatíveis com a infração penal. 
O acordo está vedado para os seguintes casos (§2º): 
a) se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei; 
b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios 
que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; 
c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal 
ou suspensão condicional do processo; 
d) os crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor 
do agressor. 
a) se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei; 
Tratando-se de infração de menor potencial ofensivo (art. 61, Lei 
9099/95): 
 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, 
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine 
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas; 
Reincidente em crime doloso e culposo? 
“Conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas”. 
São questões subjetivas que precisam ser analisadas na prática. 
Certamente teremos grandes problemas de interpretação. 
c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal 
ou suspensão condicional do processo; 
Anotação na folha de antecedentes penais: não há reincidência nem maus 
antecedentes. 
Art. 76, § 4º, Lei 9.099/95: 
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da 
infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará 
em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
d) os crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do 
agressor. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
Se aplicam aos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar (pouco importa, portanto, o sexo da vítima), como também aos crimes 
praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar contra a mulher. 
Quanto às infrações penais no contexto de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, há vedação de outros benefícios/acordos em razão da 
inaplicabilidade da Lei nº 9.099/95 a casos da Lei nº 11.343/06 (Lei Maria da 
Penha) (art. 41, Lei nº 11.343/06, STJ, Súmula 536; STF, ADI 4424 e ADC 19), razão 
pela qual a vedação se justifica. 
A vedação aos casos da Lei Maria da Penha para vedação de institutos 
despenalizadores é plenamente justificável face ao seu objetivo de reprimenda. 
Do mesmo modo, é incompatível a realização do ANPP. Ademais, a vítima não 
participa de nenhuma tratativa. 
Justiça Especializada (Militar e Eleitoral): 
A Resolução 181 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), 
alterada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro de 2018, vedava o ANPP nos 
crimes militares que afetassem a hierarquia e a disciplina. Nos demais, o 
autorizava. 
A Lei nº. 13.964/19 não trata do assunto. 
Procedimento (§ § 3º e 4º): 
O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor, 
cuja homologação será realizada em audiência na qual o juiz deverá verificar a 
sua legalidade e voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença 
do seu defensor. 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
O advogado é indispensávelà formalização do acordo (ampla defesa no 
processo penal – autodefesa e defesa técnica). 
Haverá, então, uma dupla aceitação defensiva. Primeiro, nas tratativas 
com o MP, e, em seguida, na audiência de homologação com o Juiz. 
Outro ponto polêmico é a possibilidade de o juiz recusar a homologação, 
ou se o MP se recusar a propor o ANPP, o juiz aplicará o art. 28, CPP (§ 14). Sugere 
a doutrina que se utilize, por analogia, o artigo 28, CPP. 
Vamos encerrar o bloco 3 e daqui a pouco voltamos para continuar falando 
sobre o ANPP. 
Parte 4/4 
 Bom, pessoal, voltamos, então, para o bloco 4. 
Antes, vimos como era a proposta, vimos a necessidade de uma 
homologação judicial, quando haverá uma audiência para verificação da 
voluntariedade, com a presença ou não do MP, pois a lei não a exige. 
Na prática, é feita com todos presentes, com a verificação dos requisitos 
legais subsistindo, então, a homologação pelo Juiz. 
Quando o juiz recebe essa formalização escrita do acordo, terá a opção de 
homologação, mas essa não é a única opção que a legislação estabelece, 
Veremos nos parágrafos seguintes: 
Ao analisar o ANPP, o juiz pode: 
a) Homologar o ANPP, devolvendo para início da execução no juiz da 
execução (§6º); 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
b) Se considerar inadequadas, insuficientes e abusivas as condições 
dispostas no ANPP, devolver os autos ao MP para que seja formulada a proposta 
do acordo, com concordância do investigado e seu defensor (§ 5º), ou o MP 
reabre as negociações ou oferece a denúncia-crime. 
c) Se entender que não é o caso de acordo, devolverá os autos ao MP 
para análise da necessidade de complementação das investigações ou o 
oferecimento da denúncia (§ 8º). Porém, se o MP discordar do juiz e insistir no 
ANPP, ele não quer oferecer denúncia. A Lei nº. 13.964/19 escolheu um caminho 
inconstitucional ao prever que recusando o juiz a homologação (§ 7º) as partes 
poderão interpor recurso em sentido estrito (art. 581, XXV, CPP). Viola o sistema 
acusatório (art. 3º-A, CPP) e a independência do MP (art. 129, CF). 
Essa previsão recursal é criticada pela doutrina, como por Rogério Sanches, 
alguns artigos do Conjur. Migalhas, Paulo Queiroz, etc. Eles criticam essa 
possibilidade de o juiz recusar efetivar a homologação por não concordar com o 
acordo no caso concreto. 
No sistema acusatório o Juiz poderá se imiscuir nesse mérito e dizer que não 
é o caso de acordo e quere obrigar que o MP ofereça Denúncia? 
No caso de recusa, o juiz deveria aplicar o caso do art. 28 e encaminhar 
para a própria Instituição MP decidir internamente, e não em fase judicial. 
Redação semelhante temos a do § 14. A qual, teria a mesma aplicação. 
Nesse caso, seria em sentido contrário, ou seja, o MP recusando efetivar o ANPP. 
Sabemos que a homologação se dá em audiência, mas o § 4º disciplina de 
forma genérica. Então, temos a seguinte indagação: 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
 É admissível que o ANPP seja negociado e homologado na audiência de 
custódia (do art. 287 e art. 310 do CPP)? 
 Temos, então, o § 7º do art. 18 da Resolução 181 do Conselho Nacional 
do Ministério Público (CNMP), alterada pela Resolução n° 183, de 24 de janeiro 
de 2018, daquele Conselho, que previa expressamente a possibilidade de o 
acordo de não persecução penal, a ser celebrado na mesma oportunidade da 
audiência de custódia. 
 Contudo, na atual redação do art. 28-A da Lei nº. 13.964/2019 não 
consta tal previsão. 
 Alguns doutrinadores entendem que sim, visto que o Pacote Anticrime 
disciplinou genericamente o termo de audiência, sendo, então, possível na 
audiência de custódia. 
 Nesse ponto, questionamos se de fato haveria a liberdade de negociar e 
autonomia da vontade no momento de euforia da prisão? Poderia negociar? 
 Outro questionamento é se o acordo será feito ao longo da investigação, 
será que não seria necessário um tempo para negociação, e não no momento de 
até 24h da prisão? (ADPF 347, Res.213 CNJ, inserção do art. 310 pelo Pacote 
Anticrime). 
 Ainda devemos aguardar a realização na prática. 
CONCURSO DE AGENTES: 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
 Quando houver concurso de agentes (CP, art. 29), o acordo poderá ser 
firmado com todos os coautores e partícipes do crime ou somente com alguns 
deles. 
 O ANPP poderá, portanto, tramitar simultaneamente com a ação penal. 
Comunicação do ato à vítima: 
 § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não 
persecução penal e de seu descumprimento. 
 A vítima não participa das tratativas e da audiência de homologação, 
mas pode ser que, na prática, seja convocada para participar no caso de 
reparação, por exemplo, ou para analisar as condições do acordo, que será 
analisado caso a caso, para também evitar a revitimização. 
 Será informada, do mesmo modo, quando houver arquivamento pelo 
MP, quando, nesse caso, poderá apresentar razões contra o arquivamento. 
O acordo não gera reincidência nem antecedentes criminais ao investigado e só 
será anotada para impedir a realização de novo acordo em 05 anos. 
 A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no 
art. 28-A, §2º, III: 
 III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal 
ou suspensão condicional do processo; e 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
 § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo 
competente decretará a extinção de punibilidade. 
 Assim como ocorre na transação penal e na suspensão condicional do 
processo. 
 Art. 28-A § 10 e 11 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não 
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de 
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o 
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. 
 
 Vale ressaltar que o termo “poderá” do § 11 denota uma faculdade do 
MP, que dependerá do caso concreto para ser efetivado. 
 Como a validade do acordo exige decisão judicial, a sua rescisão 
também exigirá decisão que assegure o contraditório. 
 Desse modo, havendo descumprimento, deverá ser comunicado ao Juiz 
para que esse promova a rescisão do acordo. 
 Além disso, será observado, nesse caso, os princípios do contraditório e 
da ampla defesa constitucionalmente determinados. A análise da rescisão 
Descumprimento e rescisão: 
 
 
 
Material elaborado por Andréa Paula Oliveira 
pressupõe a oitiva do investigado e da defesa técnica, e o acordo poderá 
continuar ou não, dependendo das justificativas apresentadas no caso concreto. 
 Com a rescisão, volta a correr a prescrição. 
 A rescisão poderá ser utilizada como justificativa para o eventual não 
oferecimento de suspensão condicional do processo pelo MP. 
Há possibilidade de Rescisão após decisão declaratória de extinção de 
punibilidade? 
 
 Havendo a descoberta superveniente do descumprimento de alguma 
condição, após a decisão declaratória da extinção de punibilidade (§ 13º), pode 
haver rescisão? Sim, a decisão apenas reconhece um fato gerador que inexistiu. 
 Situação parecida na suspensão condicional do processo do art. 89, § 5º 
da Lei 9.099/95 (STF, HC 95.683/GO; STJ, RHC 95.804/DF). 
 Após a rescisão do acordo, o tempo de cumprimento das condições pode 
servir de detração penal? 
 Não, visto que as condições do ANPP não possuem natureza de sanção 
penal. Ademais, a perda do referido tempo é consequência natural da desídia do 
investigado. 
 Tratamos na aula de hoje de Acordo de Não Persecução Penal-ANPP, na 
próxima aula continuaremos conversando.Muito obrigada. Bons estudos a todos.

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