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Práticas de Comércio Exterior 
 
 
 
Unidade I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Edmir Kuazaqui
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
KUAZAQUI, Edmir 
 
 Práticas de Comércio Exterior (livro-texto I) / Edmir Kuazaqui. 
São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 
 37 p. : il. 
 
 1. Mercado internacional. 2. Comércio exterior. 3. Comércio 
exterior brasileiro. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. 
 
 
 
SOBRE O AUTOR 
 
Doutor e mestre em Administração. Pós-graduado em Marketing e bacharel em 
Administração com habilitação em Comércio Exterior. Coordenador e professor de 
MBA’s em Administração Geral, Marketing Internacional e Formação de Traders, 
Pedagogia Empresarial, Compras, Marketing, Startups: Marketing e Negócios, 
Comunicação e Jornalismo Digital e Comércio Exterior. Consultor-Presidente da 
Academia de Talentos, empresa especializada em marketing, consultoria e 
treinamentos. Coordenador do Grupo de Excelência em Relações Internacionais e 
Comércio Exterior do Conselho Regional de Administração (CRA/SP). Autor de livros. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO: UM POUCO DE HISTÓRIA .......................................................................... 5 
1. DISCUSSÕES INICIAIS ............................................................................................. 6 
1.1 Políticas e investimentos públicos .............................................................................. 6 
1.2 Competências centrais ............................................................................................... 6 
1.3 Capacidade produtiva ................................................................................................. 6 
1.4 Recursos e insumos ................................................................................................... 7 
1.5 Comércio exterior brasileiro ........................................................................................ 7 
1.6 Comércio internacional ............................................................................................... 7 
2. IMPORTÂNCIA DO MERCADO INTERNACIONAL .................................................... 8 
2.1 Importância do comércio internacional para as nações desenvolvidas ....................... 8 
2.2 Importância do comércio internacional para as nações em desenvolvimento ............. 8 
2.3 Importância do comércio internacional para todas as nações ..................................... 8 
2.4 Tipos de estruturas industriais .................................................................................... 9 
3. A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS INTERNACIONAIS ................................................ 12 
3.1 A criação do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) ................................ 13 
3.2 A criação de organismos internacionais para a doutrinação econômica e comercial 
internacional ........................................................................................................................ 15 
4. CONTEXTO ATUAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ............................. 18 
4.1. Política brasileira de importação ............................................................................... 18 
4.1.1. O que são quotas de importação? ............................................................................ 19 
4.1.2. Similaridade.............................................................................................................. 19 
4.1.3 Desembaraço e nacionalização ................................................................................ 19 
4.2 Política brasileira de exportação ............................................................................... 20 
5. SISTEMA DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO .............................................. 22 
6. SISTEMA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SISCOMEX) .............................................. 32 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 35 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 36 
 
5 
 
Bem-vindo(a) à disciplina Práticas de Comércio Exterior 
 
INTRODUÇÃO: UM POUCO DE HISTÓRIA 
 
As transações internacionais não são fenômenos recentes. As grandes 
descobertas, como das Américas e do Brasil, evidenciam que sempre existiram trocas, 
sejam regionais ou mesmo entre continentes. Se antes eram baseadas nos recursos 
encontrados disponíveis – como o pau-brasil – e, simplesmente, retirados, 
embarcados e comercializados, com o passar do tempo o volume e a frequência 
dessas movimentações resultaram em operações cada vez maiores e, 
consequentemente, mais complexas. 
Com esse cenário, o comércio internacional começou a despontar não somente 
como uma forma de os países obterem os recursos necessários para a manutenção, 
mas também como forma de obter recursos externos pela comercialização de bens, 
serviços e consequente riqueza. 
Esta disciplina tem por objetivos apresentar e discutir as práticas de comércio 
exterior contextualizadas com o ambiente globalizado e dentro de uma visão 
brasileira. Em um primeiro momento, uma contextualização histórica e conceitual 
necessária para que o aluno entenda as razões dos fundamentos essenciais que 
regem tais práticas e, em um segundo momento – livro-texto II, aspectos operacionais 
e técnicos do comércio exterior brasileiro, evidenciando as exportações. 
 
Quadro I – Estrutura dos livros-texto de Práticas de Comércio Exterior 
Livro-texto I Livro-texto II 
 Apresentar e discutir a evolução dos 
conceitos e práticas, desde Bretton 
Woods, que vigoram até a atualidade. 
 Discutir a importância do mercado 
internacional para as economias de seus 
países. 
 Discutir a política brasileira de 
importação. 
 Discutir a política brasileira de 
exportação. 
 Breve discussão sobre a 
possibilidade de internacionalizar a 
empresa e os negócios. 
 Procedimentos operacionais e 
formais da exportação – NCM, Incoterms 
e transporte e logística internacional. 
 Formação de preços. 
 Documentos. 
 Garantias e carta de crédito. 
 Importação. 
 
 
 
6 
 
1. DISCUSSÕES INICIAIS 
 
Nenhum país é capaz de suprir as necessidades básicas de sua população 
nem tampouco suas necessidades de infraestrutura e desenvolvimento 
econômico. Conforme a economia, países podem gerar riquezas a partir do 
que podem produzir em abundância (competências centrais) e gerar 
excedentes (estoques) comercializáveis (KUAZAQUI, 2018). 
 
Figura 1 – A lógica da produção, da compra e da venda 
 
PAÍS PAÍS 
 
 
O desenvolvimento econômico de um país depende da análise dos fatores a 
seguir: 
 
1.1 Políticas e investimentos públicos 
 
As políticas e investimentos públicos dependem de bases ideológicas e teorias 
de desenvolvimento econômico. Essas políticas visam aproveitar os recursos 
produtivos – aqueles que o país pode oferecer – e transformá-los em ações que visem 
a geração de atividades industriais e as consequências sociais. A determinação dos 
objetivos e metas nacionais fazem parte do planejamento de um país. De forma 
análoga a uma empresa, isso corresponde ao seu planejamento estratégico, com 
objetivos e metas definidas. 
 
1.2 Competências centrais 
 
As competências centrais se referem ao que o país produz com abundância e 
refletem no seu sistema econômico. O Brasil, pelas suas dimensões continentais e 
distribuição demográfica, apresenta variáveis que influenciam em uma economia 
eminentemente agrícola e de pecuária. Daí derivam produtos que exigem menos 
esforços comparativamente aos bens industrializados, baixo retorno financeiro e 
influenciam no perfil econômico de um país. 
 
1.3 Capacidade produtiva 
 
A capacidade produtiva está relacionada aos volumes e limites que um país 
pode produzir em determinado período de tempo,geralmente um ano, e muitas vezes 
é influenciada pela tecnologia e produtividade alcançadas. Quanto mais bem 
delineadas as metas e prioridades nacionais, melhor o desenvolvimento econômico 
do país. 
Estoques 
 
7 
 
 
1.4 Recursos e insumos 
 
Recursos e insumos, se bem empregados, geram produtos de qualidade e com 
atratividade comercial. Eles envolvem os recursos econômicos disponíveis do país, 
distribuídos pelas empresas e pela iniciativa privada de forma a gerar trabalho, 
emprego e impostos. 
 
1.5 Comércio exterior brasileiro 
 
Comércio exterior brasileiro é a negociação entre países, ressaltando a 
exportação e a importação de bens e serviços. O termo “brasileiro” significa que a 
análise sempre será relacionada do país de origem (Brasil) para o país do destino 
(China, por exemplo), levando em consideração a estrutura administrativa de 
comércio exterior, que será vista posteriormente. Esse processo, tanto de exportação 
quanto de importação, está diretamente relacionado às necessidades das empresas 
(geralmente privadas) e é de responsabilidade do governo estabelecer critérios, 
normas e padrões para que essas operações ocorram dentro dos parâmetros pré-
estabelecidos na política de comércio exterior brasileiro. 
 
1.6 Comércio internacional 
 
Comércio internacional é todo o conjunto de operações realizadas no sentido 
de concretizar uma exportação e importação devidamente fundamentadas em práticas 
e acordos internacionais, constituindo operações mais estruturadas. Como exemplo, 
temos uma empresa que importa grãos de milho da Argentina: ela obtém empréstimos 
e financiamentos de bancos estrangeiros para custear as suas operações e realiza a 
exportação de óleo para outros países. A empresa tem a capacidade de realizar 
operações envolvendo um maior número de atores internacionais de forma a viabilizar 
o negócio, nem sempre possível se utilizasse somente o comércio exterior. 
 
 
 
8 
 
2. IMPORTÂNCIA DO MERCADO INTERNACIONAL 
 
Este capítulo visa introduzir os conceitos de estruturas industriais, nacionais e 
internacionais e sua relação com as políticas de importação e exportação; visa 
também contextualizar a importância do Comércio Internacional dentro da realidade 
da economia globalizada. 
 
2.1 Importância do comércio internacional para as nações desenvolvidas 
 
O comércio internacional é uma forma de garantir o abastecimento, 
principalmente de bens de consumo, produtos intermediários e matérias-primas 
necessárias à sustentação de produção de bens e serviços de alto valor agregado 
e/ou de especial interesse para o país. Nações desenvolvidas possuem uma grande 
parcela da população na classe média, justificando as trocas de bens de maior valor 
agregado. O comércio internacional é uma garantia de permanência no mercado, pois 
é capaz de gerar escala (produções cada vez mais crescentes) e viabilizar pesquisas 
que gerem novas tecnologias e fluxo de capitais e investimentos. 
 
2.2 Importância do comércio internacional para as nações em 
desenvolvimento 
 
Para as nações em desenvolvimento, o comércio internacional é um importante 
instrumento de crescimento econômico, procurando assegurar a colocação dos seus 
produtos em nível de preços competitivos e que gerem melhor lucratividade, de modo 
a garantir receitas cambiais capazes de atender as necessidades de bens, capital, 
tecnologia e serviços diversos. Neste sentido, são importantes as trocas de bens que 
possam ajudar no desenvolvimento da produção, como bens de capital, aqui 
exemplificados como máquinas e equipamentos. 
 
2.3 Importância do comércio internacional para todas as nações 
 
• Mecanismo de apoio à produção em escala, ou seja, que tenha a tecnologia 
e recursos necessários para a produção em massa, com qualidade e custos cada vez 
mais competitivos. 
• Mecanismo estimulador de investimentos, principalmente derivados da 
comunidade internacional, favorecendo a entrada de capital novo e que gere 
desenvolvimento e riquezas. 
• Mecanismo estimulador de desenvolvimento no sentido econômico, 
financeiro e social. 
• Mecanismo de colaboração para o equilíbrio do balanço de pagamentos por 
meio de operações estruturadas e que gerem a estabilidade de risco ao país. 
 
 
 
 
9 
 
2.4 Tipos de estruturas industriais 
 
As políticas governamentais influenciam na estrutura industrial do país, que, 
por sua vez, molda as necessidades por produtos, serviços, mão de obra e renda da 
população e o excedente a ser exportado. A partir de sua base de produção e de suas 
competências centrais, os países podem ser classificados conforme o quadro a seguir: 
 
Quadro II – Tipos de economias e oportunidades de negócios 
Tipos de estruturas 
industriais 
Descrição Oportunidades 
Subsistência 1. Essas economias têm sua 
estrutura econômica voltada 
para bens básicos, como a 
agricultura e a pecuária. Boa 
parte da produção é 
direcionada para o consumo 
interno. Se houver excedente, 
pode ser exportado.2. 
Possuem pouca atratividade 
de negócios, pois possuem 
limitações de recursos.3. 
Geralmente possuem recursos 
de produção como terras.4. 
Mão de obra não qualificada. 
Oportunidade: 
 
Possibilidade de geração de 
desenvolvimento econômico 
a partir da entrada de 
investimento estrangeiro, no 
sentido de captação de 
recursos financeiros e 
tecnológicos, de forma a 
aproveitar esses bens de 
produção e gerar um 
excedente exportável. 
Exportadoras de 
matéria-prima 
São estruturas cuja orientação 
é decorrente de recursos 
naturais em abundância, cuja 
comercialização consegue 
suprir parte das deficiências de 
outros recursos. A partir da 
exportação, os recursos 
financeiros devem ser 
redirecionados de forma a 
suprir o desenvolvimento de 
outros setores econômicos, 
fortalecendo a economia do 
país. 
Oportunidades: 
Relacionadas à 
comercialização de 
maquinários, peças e 
equipamentos que visem à 
manutenção e 
sustentabilidade das 
atividades exportadoras 
Semi-industrializadas 
Essas economias “em 
desenvolvimento” ou 
emergentes possuem uma 
estrutura com crescente 
participação industrial, 
suficiente para atender o 
público interno, constituído por 
Oportunidade: 
 
Possui capacidade de 
produção e excedentes 
exportáveis. Tem relevante 
participação na corrente de 
comércio internacional, 
 
10 
 
uma classe média em 
crescimento. 
constituída por exportações 
e importações. 
Industrializadas e 
exportadoras de 
capital 
Finalmente, a partir de boas 
políticas industriais, de 
comércio exterior e 
internacional, aliadas a uma 
excelente gestão pública e 
privada, estão as estruturas 
desenvolvidas, orientadas 
para bens industriais e de 
capital. Essas estruturas 
oferecem inúmeras 
oportunidades de mercado 
tanto para exportação como 
para a importação de serviços, 
podendo também ser 
orientadas para a oferta de 
capital intelectual e serviços. 
Oportunidade: 
Envolve a prestação de 
serviços diversos, desde a 
formação acadêmica formal 
até treinamentos, 
capacitação e troca de 
tecnologia e meio de 
produção e mecanização. 
 
Como exemplos de estruturas industriais, temos o investimento europeu na 
Índia, onde foram produzidos softwares e tecnologia de informação a custos menores. 
Outro é o investimento chinês no continente africano, obtendo recursos – alimentos, 
por exemplo –, em condições mais competitivas do que de outros países. 
Um dos pontos principais a serem discutidos é que cada tipo de economia 
proporciona uma série de oportunidades de mercado, em que não se deve impedir, a 
partir dos fundamentos estabelecidos em Bretton Woods, que economias menos 
favorecidas não tenham direito às mesmas oportunidades de negócios que economias 
mais favorecidas. 
A internacionalização envolve melhorias em todos os sentidos, com destaque 
para a produção. A concentração da base produtiva proporciona mais poder de 
barganha junto aos stakeholders, à economia de escala e à produtividade. Dicken 
(2010, p.169-170) destacacritérios que justificam a localização da produção de forma 
concentrada em determinada localidade: 
 
tamanho e sofisticação do mercado refletidos nos níveis de renda, estrutura 
de demanda e gostos do consumidor, vantagens relacionadas ao custo de 
localizar diretamente no mercado; barreiras impostas pelo governo à entrada 
no mercado. 
 
A produção em massa, em tese, consolida a posição competitiva da empresa, 
aumentando as barreiras a novas empresas, bem como solidificando a 
comercialização a preços competitivos. O governo, a partir da identificação de 
oportunidades, deve incentivar programas e políticas no intuto de instrumentalizar e 
capacitar os profissionais dessas empresas. Como exemplo, as cápsulas de Jintan 
são produzidas no Japão e redistribuídas por exportação em diferentes países, tendo 
economia de escala e produtividade. 
McDaniel e Gitman (2011, p. 11) afirmam que os principais sistemas 
econômicos internacionais se dividem em livre mercado ou capitalismo e economias 
 
11 
 
planejadas, como o comunismo e o socialismo. Essa realidade se refere aos países 
de onde se originam as operações, porém, devido à diversidade mundial, é 
conveniente a adoção de um mercado múltiplo consumidor. 
Em outras palavras, o tipo de economia de um país ou região indica as 
características relacionadas à produção e comercialização; entretanto, a postura 
comercial deve envolver a possibilidade de relacionamentos múltiplos por parte das 
empresas. 
 
 
12 
 
3. A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS INTERNACIONAIS 
 
O mundo passou por grandes desequilíbrios econômicos e financeiros e a cada 
crise, foi se adaptando e evoluindo de forma a superar os desafios, manter a igualdade 
e a continuidade das relações humanas e comerciais. Mais do que isso, o mundo foi 
criando mecanismos de adaptabilidade para as crises e formas de monitorá-las. 
A 2.ª Guerra Mundial se configurou como um grande conflito militar que 
envolveu as grades potências mundiais entre 1939 e 1945. Neste período, houve um 
desequilíbrio econômico que resultou em uma redução drástica das transações entre 
países, que mobilizaram boa parte de seus recursos econômicos e financeiros para o 
esforço bélico em detrimento da infraestrutura e investimentos na iniciativa privada. 
Em agosto de 1941 foi firmada a Carta do Atlântico com os líderes da Grã-
Bretanha e dos Estados Unidos. Com os impactos da economia de guerra e os 
possíveis cenários negativos no período futuro pós-guerra, preconizaram-se acordos 
e ações para evitar os possíveis desequilíbrios econômicos e financeiros do mundo. 
 
Figura 2 – Convenção de Bretton Woods 
 
Fonte: Valor Econômico (2019a). 
 
Em 1944 foi realizada a Conferência de Bretton Woods, que gerou um acordo 
entre os representantes dos 45 países mais ricos na época com o objetivo de se 
estabelecer uma nova ordem global, econômica e financeira em decorrência da 
possibilidade do final da 2.ª Guerra Mundial com a derrota da Alemanha e do Japão. 
Essa situação ocasionaria o fenômeno denominado efeito dominó, uma vez que as 
nações estão interligadas por meio de práticas econômicas e comerciais, fluxos 
financeiros, entre outros. Esse evento foi um marco para o comércio internacional 
entre os países, pois se configurou como uma reflexão e mudança de rota nunca antes 
prevista ou discutida sobre o comportamento das nações frente ao comércio 
internacional. 
 
 
13 
 
3.1 A criação do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) 
 
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio foi um acordo internacional 
estabelecido em 1947 com o intuito de recrudescer as economias combalidas dos 
países que participaram o esforço da guerra e de promover o seu comércio 
internacional, tornando-o mais liberal e mais democrático por meio da criação de 
normas, práticas e organismos internacionais. A partir dessa conferência foram 
criadas as principais normas – princípios elementares de comércio internacional – que 
vigoram até hoje, com as devidas adaptações para cada situação e tempo (seguem 
as premissas comentadas): 
 Um dos grandes problemas mundiais é a existência de países com 
estruturas econômicas diferentes. Com esta realidade, dependendo da capacidade de 
produção, estabilidade e poder econômico, alguns países podem perder o poder de 
barganha. Sendo assim, deve haver a redução das restrições governamentais ao 
comércio exterior, eliminando, de certa forma, as diferenças estruturais dos países de 
acordo com sua condição econômica, ou seja, todos os países devem ser iguais 
perante a comunidade internacional. 
 Empresas ou grupos econômicos podem ter o poder econômico e o controle 
sobre matérias-primas, como no caso do petróleo. Preconizou-se o controle das 
restrições impostas pelos monopólios privados, descentralizando o poder econômico 
e democratizando os recursos em uma base mais competitiva entre as nações. 
 Com a liberação do comércio internacional, a intenção era a democratização 
e a igualdade de oportunidades, diminuindo os impactos nas áreas de produção e 
emprego, estabilizando as relações internacionais entre os países, equilibrando 
economicamente e modernizando sua base produtiva e, consequentemente, 
econômica e social. 
 
Então, a partir das rodadas de negociação do GATT, foram discutidos e 
formulados os principais princípios elementares do comércio internacional para 
atender as premissas anteriores. Esses princípios, salvo as devidas atualizações e 
complementos, estão em vigor até os dias de hoje. Resumidamente, são esses: 
 Nação mais favorecida: as partes intervenientes – considerando 
empresas exportadoras e importadoras, mas sempre sob a ótica do governo –, devem 
outorgar-se, reciprocamente, isonomia (igualdade de condições) ao melhor 
tratamento outorgado a um parceiro comercial. 
 Mercados abertos: estão proibidas todas as formas de protecionismo, com 
exceção das barreiras tarifárias. Conforme Barreiras Comerciais, do Ministério da 
Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (2019), protecionismo são medidas 
econômicas do governo que visam aumentar, diminuir e/ou proibir o fluxo de 
importações. É consenso que essa política é contrária ao que deve ser praticado em 
comércio internacional entre as nações. Dentro desde princípio, destacam-se: 
a) Tratamento nacional, em que não pode haver espécie alguma de 
discriminação entre o produto nacional e o estrangeiro depois de seu processo de 
nacionalização. Se houver isenção ou redução de impostos de importação de um 
automóvel, por exemplo, este deverá contemplar todas as peças e acessórios 
obrigatórios, independentemente de sua origem; 
 
14 
 
b) Transparência, em que o GATT (atual OMC) deve ser notificado sobre as 
normas que possam afetar o fluxo do comércio, como, por exemplo, o incentivo e a 
abertura de consórcios de exportação; 
c) Procedimentos à importação, com o impedimento de que a burocracia à 
importação se torne uma barreira comercial, ou seja, uma barreira não tarifária; 
d) As restrições quantitativas, que limitam o volume de operações de 
importação, são estritamente proibidas; 
e) As práticas consideradas desleais, em senso comum, de comércio, são 
proibidas. 
 
O comércio equitativo (fair trade) é a proibição de subsídios aos produtores 
nacionais, como incentivos em financiamentos diretos e indiretos aos produtores e 
todos aqueles que fazem parte do sistema de valor do ambiente de negócios em que 
a empresa está inserida. 
Então, em Bretton Woods, estabeleceu-se os alicerces e parâmetros para uma 
nova estrutura econômica mundial que prevalece até os dias de hoje, com as devidas 
adaptações. 
Esse processo exigiu mais de meio século de consolidação e resultou na 
criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) (World Trade Organization) na 
Rodada Uruguai do GATT. Esse organismo internacional é importante no sentido de 
garantir um equilíbrio comercial igualitário entre os países. Posteriormente, o FMI 
concretizou a ordenação de fluxos de capitais por intermédiodo Banco Mundial. 
 
Figura 3 – Atual OMC (antigo GATT) 
 
Fonte: O Globo (2019a). 
 
Mostrou-se então um rápido panorama histórico e conceitual das relações 
comerciais e sua inserção no âmbito das mudanças e transformações do sistema 
internacional, que afetam tanto as relações multilaterais quanto as bilaterais dos 
componentes do sistema nacional e internacional (comércio exterior), em que as 
 
15 
 
empresas devem procurar sua perfeita adaptação para atender aos preceitos e 
normatizações do sistema internacional. 
 
3.2 A criação de organismos internacionais para a doutrinação 
econômica e comercial internacional 
 
Para o recrudescimento do comércio internacional, foi necessária a criação de 
organismos internacionais e institucionais, para assessorar, monitorar, acompanhar 
até recomendar ações para as nações. Segue os principais organismos internacionais 
criados a partir da Convenção de Bretton Woods: 
 O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) ou 
Banco Mundial, criado no sentido de conceder empréstimos de longo prazo para 
projetos de base, com a finalidade inicial de possibilitar a reconstrução e o 
desenvolvimento dos países no cenário de pós-guerra. Tais empréstimos seriam 
concedidos, conforme critérios técnicos, aos chamados na época de países 
subdesenvolvidos. 
 
Figura – FMI 
 
Fonte: O Globo (2019c). 
 
O BIRD teve, assim, participação importante na década de 1950, financiando a 
reconstrução de parte da Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial; em 1960, 
ajudando o Terceiro Mundo nas áreas de transportes, energia e telecomunicações; 
em 1970, concedendo empréstimos para projetos sociais ligados principalmente a 
educação e agricultura; em 1980, envolvendo as dívidas externas e estimulando a 
modernização de países. 
 Decidiu-se pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o 
objetivo de conceder créditos de curto prazo para equilibrar dificuldades conjunturais 
mais urgentes dos países associados. As instituições citadas tornaram-se 
operacionais em 1946, a partir de um número significativo de países participantes. 
Conforme observa Maia (2003, p.99), o FMI foi criado para: 
 
16 
 
a) Estabelecer paridades monetárias rígidas, no sentido de eliminar ou reduzir 
os riscos econômicos e financeiros de países; 
b) Eliminar os controles cambiais, que podem se constituir como barreiras 
não-tarifárias; 
c) Dar assistência aos países com problemas no Balanços de Pagamentos 
(BP), por meios de empréstimos que visem equilibrar as contas do referido; e 
d) Fornecer recursos monetários aos países-membros, quando justificáveis, 
quando solicitados e devidamente avaliados. 
Assim, as bases políticas e econômicas de Bretton Woods surgem a partir da 
possibilidade de um colapso econômico mundial, a concentração de poder em 
algumas nações mais favorecidas e na crença de um capitalismo externo mais 
intervencionista, deixando de lado a ideia de uma política voltada à intervenção do 
Estado, como a França defendia na época. Esse organismo internacional é importante 
no sentido de garantir um equilíbrio econômico e financeiro entre países. 
 A Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o 
Desenvolvimento (UNCTAD) foi criada em 1964, como uma entidade 
intergovernamental permanente, sendo o principal órgão da Assembleia da 
Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pelo tratamento integrado do 
desenvolvimento econômico, por intermédio do comércio, finanças, investimento, 
tecnologia, desenvolvimento empresarial e práticas de desenvolvimento sustentável. 
Seus principais objetivos são: 
a) Apoiar os países em desenvolvimento para melhor se beneficiarem das 
oportunidades oriundas do comércio e do investimento internacional, a fim de 
atingirem suas metas de desenvolvimento, e 
b) Auxiliá-los a integrarem-se de maneira equitativa, com direitos e deveres 
equânimes na economia mundial. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) (2019) é uma instituição 
internacional formada por 193 nações, fundada após a 2ª Guerra Mundial para: 
a) Manter a paz e a segurança no mundo; 
b) Fomentar relações cordiais entre as nações; 
c) Promover progresso social; 
d) Promover melhores padrões de vida e direitos humanos. 
 
Os países membros são unidos em torno da Carta da ONU, que é um tratado 
que enuncia os direitos e deveres dos membros da comunidade internacional. As 
Organização das Nações Unidas (ONU) foram constituídas por seis órgãos principais: 
a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o 
Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado. Todos eles 
estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do Tribunal, que fica 
em Haia, na Holanda. 
Ligados à ONU há organismos especializados que trabalham em áreas tão 
diversas – porém convergentes - como Saúde, Agricultura, Aviação Civil, Meteorologia 
e Trabalho –, como por exemplo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Mundial e Fundo Monetário 
Internacional (FMI). 
 
17 
 
Esses organismos especializados, juntamente com a Organização das Nações 
Unidas (ONU) e outros programas e fundos (tais como o Fundo das Nações Unidas 
para a Infância (UNICEF), compõem o Sistema das Nações Unidas. 
Os propósitos iniciais e essenciais da ONU no período do pós-guerra, são: 
a) Manter a paz e a segurança internacionais; 
b) Desenvolver relações amistosas entre as nações; 
c) Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas 
mundiais de caráter econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito 
aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; e 
d) Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a 
consecução desses objetivos comuns. 
Esse organismo internacional é importante no sentido de garantir um equilíbrio 
social e mais humanizado entre os países. Depois dessa visão mais ampla do 
ambiente institucional internacional, foi possível entender a evolução histórica e 
conceitual, não tem somente contextualizar o que foi realizado no passado e suas 
consequências para o presente e futuro. O próximo capítulo tratará do Comércio 
Exterior Brasileiro. 
 
 
 
18 
 
4. CONTEXTO ATUAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 
 
No período de 1985 a 1997 ocorreram ajustes ao ambiente competitivo, após 
cenário recessivo e abertura global. Esses ajustes envolveram, inicialmente, o caráter 
organizacional, com contenção de despesas e racionalização dos métodos produtivos, 
objetivando mais produtividade, mais qualidade de produtos e menos necessidade de 
capitais e terceiros. 
Um divisor de águas na evolução do comércio exterior brasileiro foi o governo 
do presidente Fernado Collor de Melo, também conhecido como “Era Collor”. Antes, 
havia um protecionismo nacional, em que se acreditava que as importaçães não eram 
benéficas ao país e a criação de barreiras faria com que o parque industrial nacional 
se desenvolvesse. Foi durante a sua gestão, que iniciou em 1990 e encerrou com o 
impeachment em 29 de dezembro de 1992, que houve a abertura econômica do país 
para o mercado internacional. Esse processo, embora obrigatório para o 
desenvolvimento econômico do país, foi realizado de forma muito abrupta, o que 
ocasionou a quebra de setores econômicos, como a indústria têxtil. Entretanto, foi 
neste período que o Brasil entrou no mercado seleto de comércio exterior, o que 
significa dizer que nossa inserção no cenário internacional é relativamente recente. 
No cenário nacional existe a necessidade de: 
a) Redução gradativa do papel do estado na produção, com mais participação 
da livre iniciativa e de acordo com as demandas e ofertas de mercado. 
b) Necessidade de novas políticas de comércio exterior, a serem melhor 
detalhadas nos capítulos de “política brasileira de importação” e “política brasileira de 
exportação”. 
c) Necessidade de mudanças na política industrial, de forma que o país deixe 
de ser, emgrande parte, exportador de commodities, ou seja, bens de baixo valor 
agregado. 
d) Programa de privatizações, desonerando o Estado e diminuindo os custos e 
as despesas da área pública. 
 
4.1. Política brasileira de importação 
 
Importação é um processo que envolve a entrada de mercadorias e serviços 
necessários à um país, gerando um fluxo contrário de pagamentos. Portanto, afeta 
a economia interna do país sob dois aspectos básicos: 
 Mercadorias e serviços importados competem diretamente e influenciam 
todo o sistema de negócios de um país. Ao importador combustível, a empresa não 
estará atendendo somente a sua necessidade de energia, mas deixando de adquirir 
similares de seu país. 
 O processo de importação requer que o país tenha divisas em moeda 
estrangeira para poder honrar os seus compromissos. 
 
De forma em geral, importar não se trata de um processo negativo, desde que 
hajam razões para a decisão. Importar um bem de capital, por exemplo, significa dizer 
que a sua utilização terá um resultado econômico. Como exemplo, uma empresa pode 
 
19 
 
optar pela atualização de seu maquinário, que gerará mais produtividade e economia 
de escala, ou seja, mais competitividade. O problema reside em situações em que a 
empresa opta por importar bens manufaturados para simples revenda, por exemplo, 
em detrimento de produzi-lo internamente no país. 
 
4.1.1. O que são quotas de importação? 
 
São barreiras não alfandegárias que afetam países em desenvolvimento e que 
visam preservar seus resultados na balança comercial e proteger sua indústria 
nacional. Na década de 1990, o Brasil impôs quotas de importação para automóveis 
e produtos eletrônicos, por exemplo. A Organização Mundial do Comércio (OMC) 
condena o uso de quotas, devendo o país justificar sua aplicação, embora alguns 
considerem que o país tenha soberania neste assunto. Na verdade, na convenção de 
Bretton Woods estabeleceram-se critérios que visaam equilibrar as operações entre 
países e probir qualquer barreira para as transações – sejam exportações e 
importações. 
 
4.1.2. Similaridade 
 
Produto nacional em condições de substituir o importado, observadas normas 
básicas como quantidade equivalente e especificações adequadas, preço não 
superior ao custo de importação e prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo 
tipo de mercadoria. A similaridade influencia na decisão do governo de isentar ou 
reduzir o valor do imposto de mportação caso se comprove que não existe similar na 
indústria nacional. 
 
4.1.3 Desembaraço e nacionalização 
 
Depois destes esclarecimentos, foi possível discutir o que é política brasileira 
de importação. Antigamente, o conceito era que a importação geraria desemprego e 
a produção, emprego. Curiosamente, muitos países têm crescido em exportação, mas 
com o desemprego em crescimento. Então, por que importar? 
Como visto nos “Tipos de economia”, nem todas as economias são 
autossuficientes. Em decorrência de suas características, alguns países podem 
produzir matéria-prima mais barata e com excedente. Desta forma, cada país deve 
estabelecer normas e critérios para que as importações das empresas estejam em 
conformidade com o desenvolvimento e planejamento do país. 
Segundo a portaria Decex 8/91, as importações podem ser livremente 
efetuadas, estarem proibidas ou temporariamente suspensas ou contratadas. O 
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2017) apresenta os 
procedimentos para o desembaraço (apresentação pelo importador dos documentos 
de compra) e a nacionalização (pagamento de impostos) de mercadorias. 
 
 
20 
 
4.2 Política brasileira de exportação 
 
Existe uma relação direta entre desenvolvimento econômico e social e a 
qualidade do que é exportado. No geral, países que exportam maior quantidade de 
bens manufaturados e valor agregado estão inseridos dentro de economias 
desenvolvidas e com potencial de maior crescimento e desenvolvimento de negócios. 
Neste aspecto, existem diferentes razões para o Brasil exportar: 
 
• Aumento das riquezas e possibilidades de crescimento, pois gera a entrada 
de divisas e diminui o risco-país; 
• Troca e aprimoramento de tecnologia com as exportações e importações; 
• Imagem institucional do Brasil no mercado exterior; 
• Desenvolvimento e ampliação da integração regional, tendo uma postura de 
efetiva cooperação. 
 
Para tanto, são necessárias ações: 
 
• Negociar acordos com os países industrializados, aumentando a cooperação 
tecnológica; 
• Inserir a política de comércio exterior no contexto da política econômica, 
agrícola, industrial, educacional; 
• Incentivar a exportação de manufaturados com alto valor agregado; 
• Qualificar o exportador e o produto; 
• Exportar como uma exigência de política econômica nacional. 
 
Consequências: 
 
• Lucro nas vendas externas motivam o empresário a atuar nessa área; 
• Exportação como defesa de imprevisíveis alterações no mercado interno; 
• Redutor de riscos; 
• A exportação atenderá a uma necessidade do país importador. 
 
Existem razões para variações das operações de exportação das empresas. 
Essas razões podem ser agrupadas em duas causas: 
 
• Causa conjuntural: é aquela que ocorre eventualmente e não se repete. Na 
agricultura, poderia ser uma seca. São fatos que representam situações provisórias e 
não frequentes. 
• Causa estrutural: são situações permanentes, em que a oferta de 
mercadorias pode se manter constante se os outros fatores que influenciam o 
resultado também se mantiverem sem grandes flutuações. Como exemplo, temos 
situações em que a empresa está devidamente ajustada aos fatores econômicos 
externos. 
 
 
21 
 
Cuidados que devem ser tomados na exportação: 
 
• Verificar se o produto atende às necessidades do mercado internacional; 
• Verificar se o produto atende às necessidades específicas do cliente; 
• Verificar se o produto apresenta vantagens para o mercado-alvo; 
• Verificar se o produto é compatível com o clima, se não fere sentimentos 
religiosos e não contraria hábitos locais; 
• Verificar se o sistema de pesos e medidas utilizado no produto atendem às 
exigências do mercado a ser atingido; 
• Confirmar se o idioma utilizado na embalagem do produto é o do mercado 
local ou se o produto poderá ser comercializado com rótulo em português; 
• Checar se a embalagem é apropriada para o trânsito até a fronteira do país 
e no seu interior até a chegada no destino. 
 
Para quem devemos exportar? 
 
• Quem são nossos concorrentes no mercado-alvo? São mais fortes ou 
fracos em relação à nossa empresa? Têm tradição no mercado onde a empresa 
pretende atuar? São agressivos ou amigáveis como concorrentes? Nossos produtos 
são melhores que os da concorrência? 
• Como funciona o sistema cambial? Existem possibilidades de flutuações 
cambiais ou mesmo econômicas não planejadas no sistema que podem afetar nosso 
resultado comercial? 
• A economia é fechada e o mercado é fortemente protegido? Existem 
barreiras tarifárias e não tarifárias a serem ultrapassadas? 
 Existe estabilidade política aceitável? Existe a possibilidade de mudanças 
políticas e ideológicas que influenciem de forma negativa as operações das 
empresas? 
 
 
 
22 
 
5. SISTEMA DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 
 
Para que as políticas de comércio exterior brasileiro, além das de importação e 
exportação, sejam concretizadas, o país possui uma estrutura administrativa de 
comércio exterior brasileiro que está organizado de acordo com o que cada governo 
entende ser importante para que as metas, objetivos e promessas de governo sejam 
cumpridos. 
Esta estrutura faz parte de uma maior, que está diretamente ligada à 
Presidência da República no sentido de atender às demandas da sociedade brasileira. 
Como referências, fazem parte desta estrutura o Ministério da Educação e Cultura etc. 
Uma das principais alterações que o governo federal providenciou a partir de 
2019 foi uma reestruturação do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior (MDIC) para o Ministério da Economia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio 
Exterior Serviços, permanecendo inalteradas as secretarias anteriormente 
subordinadas, bem como a presença da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) 
(2019). Muitas fontes aqui referenciadas ainda estão apresentadas com os endereços 
eletrônicos originais, que não sofreram alterações. 
Todos aqueles que desejam ingressar no mercado internacional devem 
conhecer essa estrutura, pois se tratam de fontes originais de dados e informações, 
com a credibilidade e atualizações necessárias, de forma a: 
 Conhecer como as normas e como as decisões relativas às políticas de 
comércio exterior brasileiro são deliberadas e processadas e as responsabilidades e 
influências de cada parte interveniente. A normatização é bastante extensa e 
específica, dependendo de cada situação. O profissional de comércio exterior deve, 
em um primeiro momento, entender a dinâmica, e depois como sua empresa e 
operações se contextualizam no processo. 
 Conhecer como as operações de comércio exterior e internacional devem 
ser realizadas. As operações são divididas por etapas e processos, que devem ser 
atendidas em razão de todas as organizações nacionais e internacionais estarem de 
acordo com tais procedimentos. 
 Conhecer as razões, ou seja, por que tais etapas e processos devem ser 
atendidos dentro das normatizações e fundamentações técnicas. Neste caso, vale o 
conhecimento técnico, que envolve o conhecimento operacional, dentro das leis e 
normas, contextualizadas com o mercado de negócios internacionais. 
 Conhecer e aplicar a gestão de comércio exterior de forma a ter o controle e 
monitoramento das operações ou conforme prática do mercado, que geralmente 
reside nas responsabilidades do gerente de comércio exterior ou gerente de 
exportação. 
 
 
 
23 
 
Figura 5 – Resumo dos objetivos do comércio exterior brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Empresa (Exportador) Empresa (Importador) 
 
Controle e Monitoramento 
 
Em suma, as empresas que desempenham operações de comércio exterior 
podem ser consideradas uma extensão natural das normas e práticas vigentes das 
diretrizes e políticas governamentais. Ou, pelo menos, deveriam. Esses objetivos, se 
atendidos, resultam: 
 
 Por parte da empresa (exportador): adequação e otimização dos 
processos e recursos econômicos, financeiros e humanos de forma a tornar as 
operações mais estruturadas e passíveis de uma gestão eficiente, eficaz e efetiva. 
 Por parte dos prestadores de serviços: participação e contribuição dos 
colaboradores externos, sejam os fornecedores de matéria-prima e serviços e os 
bancos, bem como das transportadoras, agenciadores, consultores, mão de obra e 
congêneres. 
 Por parte da empresa (importador): recebimento da forma como foi 
solicitada a mercadoria, com a qualidade, condições e prazos acordados. Com isso, 
haverá possibilidades de manutenção do relacionamento comercial entre as partes. 
 
 
Conhecimento 
operacional 
(como fazer) 
Conhecimento 
técnico 
(razões) 
Conhecimento 
comercial 
(vendas) 
 
24 
 
Figura 6 – Estrutura administrativa do comércio exterior brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Percebe-se, então, que a dinâmicas das operações de Comércio Exterior 
Brasileiro seguem aspectos formatados de forma rígida, no sentido de a empresa 
realizar a sua gestão de negócios e passível de controle e monitoramento, inclusive 
por parte das entidades governamentais e dos envolvidos. 
Esses procedimentos serão melhor detalhados na Unidade II desta disciplina. 
Recomenda-se também a interação com a disciplina Transporte e Logística 
Internacional deste curso de MBA em Comércio Exterior. 
 
Departamento de 
Operações de 
Comércio 
Exterior (Derex) 
Departamento de 
Defesa Comercial 
(Decom) 
Departamento de 
Estatística e 
Apoio à 
Exportação 
(Deaex) 
Departamento de 
Negociações 
Internacionais 
(Deint) 
Secretaria de 
Comércio 
Exterior (Secex) 
Controle Comercial 
Banco Central 
do Brasil 
(Bacen) 
Controle Cambial 
Secretaria da 
Receita Federal 
(SRF) 
Controle Aduaneiro 
Ministério das 
Relações 
Exteriores 
(MRE) 
Ministério da 
Economia, 
Indústria, 
Comércio 
Exterior e 
Serviços 
Câmara de 
Comércio 
Exterior 
(Camex) 
Presidência da 
República 
Departamento de 
Competitividade 
no Comércio 
Exterior (Decoe) 
 
25 
 
Para melhor entendimento da dinâmica de operações, segue a Figura 4 – 
estrutura administrativa de comércio exterior brasileiro, devidamente atualizada a 
partir de 2019. 
A Presidência da República tem caráter institucional, sendo um dos principais 
norteadores dos caminhos que o país deverá seguir sob o ponto de vista econômico, 
social e político. Derivam daí as políticas industriais que sustentam as anteriormente 
citadas. 
Um ministério é definido como um departamento superior, em que são 
discutidas e articuladas as formas como a Administração Pública irá contribuir para as 
metas e objetivos nacionais e dar suporte ao poder Executivo dentro de suas 
responsabilidades. 
O Presidente da República pode criar, extinguir e/ou modificar a estrutura de 
cada ministério. Os ministros são indicados pelo presidente, estando subordinado a 
este. Entretanto, cada ministério tem autonomia financeira, técnica e administrativa no 
que concerne às decisões, estando logicamente alinhados com as políticas já 
mencionadas e dentro das linhas ideológicas do Presidente. 
Analogamente ao organograma de uma empresa, em que cada área tem uma 
diretoria (recursos humanos, marketing, contabilidade etc.), a estrutura é constituída 
por órgãos conforme a sua área de atuação, como o Ministério da Justiça. 
 
Ministério da Economia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e 
Serviços 
 
Considerando os preceitos básicos da economia, o Ministério mais importante 
do país é o Ministério da Economia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e 
Serviços, pois congrega áreas relativas a fatores econômicos, produção, comércio 
exterior e serviços. 
Conforme o próprio site (BRASIL, 2019a), é possível acessar dados e 
informações sobre comércio e serviços, comércio exterior, competitividade industrial, 
inovação, zonas de processamento de exportação (DPZ), Camex, micro e pequena 
empresa, balança comercial, comex vis e siscomex. 
O Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) foi criado em 22 de julho 
de 1960 no governo de Juscelino Kubitschek por meio da Lei n.º 3.782. Ela foi 
anunciada em 30 de outubro de 2018, após as eleições presidenciais do MDIC com o 
Ministério da Economia, Fazenda Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Tem as 
seguintes responsabilidades: 
 
 Determinar as políticas de desenvolvimento da indústria, comércio e 
serviços. Essas políticas podem envolver mudanças econômicas, incentivos e até a 
priorização de áreas consideradas como essenciais para o desenvolvimento 
econômico; 
 Responsabilidade por discutir diretrizes sobre a propriedade intelectual e 
tecnologia, temas que influenciam significativamente o desenvolvimento do país; 
 
26 
 
 Normalização sobre questões relativas à produção e qualidade industrial, 
como, por exemplo, o que se deve esperar da Indústria 4.0; 
 Políticas de comércio exterior, incluindo as de exportação e importação; 
 Regulamentação das atividades relativas ao comércio exterior brasileiro, 
inclusive a aplicação de defesa comercial; 
 Organização e participação de negociações, eventos e feiras internacionais; 
 Política e apoio à microempresa e empresas de pequeno porte. 
 
Percebe-se a complexidade dos objetivos, sendo necessária a organização em 
secretarias que, em termos de comparação empresarial, se assemelham aos 
departamentos. Conforme o site do Governo do Brasil (2019), o governo possui 
secretarias em áreas estratégicas, como a Secretaria Geral e Segurança Institucionale Direitos humanos. Considerando a Constituição de 1988, as secretarias servem 
como espaços capazes de cuidar de interesses públicos atendendo aos anseios da 
sociedade por meio de pautas. O Presidente da República também tem o poder de 
criar, extinguir e modificar as secretarias por meio de lei especial. 
 
Secretaria de Comércio Exterior (Secex) 
 
A Secretaria tem como objetivo a criação de melhores condições de atuação 
do país frente ao mercado internacional. Desta forma, está em sintonia com as 
diretrizes do Governo Federal com o contínuo aprimoramento e simplificação dos 
mecanismos relacionados às operações de comércio exterior, a implementação de 
iniciativas para engajar novas empresas na atividade exportadora, bem como com o 
desenvolvimento de ações para melhorar o desempenho das que já atuam. Esse 
conjunto de medidas tem como objetivo aumentar a presença dos produtos brasileiros 
no mercado internacional. 
A Secretaria está estruturada em: 
 Departamento de Negociações Internacionais (Deint); 
 Departamento de Operações de Comércio Exterior (Derex); 
 Departamento de Defesa Comercial (Decom); 
 Departamento de Estatística e Apoio à Exportação (Deaex); 
 Departamento de Competitividade do Comércio Exterior (Decoe). 
 
O Ministério da Economia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e 
Serviços disponibiliza, no seu endereço eletrônico, dados e informações sobre a 
estrutura do comércio exterior brasileiro, atividades, programas, normas e 
procedimentos administrativos, publicações, contatos na Secretaria de Comércio 
Exterior, dentre outros. 
 
 
27 
 
Programa Defesa Comercial 
 
O Programa, conduzido pela Secex, tem por objetivo consolidar a utilização dos 
instrumentos contra práticas desleais de comércio exterior e aperfeiçoar os 
mecanismos de defesa comercial. 
Essas práticas desleais são todas aquelas que visam ações fora dos 
parâmetros e critérios da legislação e do mercado e que podem também ser 
consideradas prejudiciais ao mercado, ao governo e as empresas. Nesse sentido, 
promove ações efetivas atuando em três vertentes: 
a) Na defesa da indústria brasileira contra práticas predatórias de comércio 
exterior, conduzindo investigações no Brasil contra essas práticas, que podem estar 
relacionadas à pressão externa internacional, bem como de grupos econômicos; 
b) No apoio ao exportador brasileiro submetido a investigações no exterior, com 
a transmissão de informações que possibilitem sua defesa em processos contra as 
práticas desleais abertos por outros países; 
c) Nas negociações internacionais sobre defesa comercial, com a elaboração 
de estudos com o objetivo de subsidiar a posição brasileira em fóruns internacionais 
sobre o tema. 
 
Ministério das Relações Exteriores (MRE) 
 
Conforme site do ministério (2019), ele é responsável por executar, no plano 
externo, a política de comércio exterior do governo brasileiro. 
Tem por objetivos a organização, direção e implementação de políticas de 
promoção das exportações brasileiras e a captação de investimentos estrangeiros; 
realiza eventos que promovam o país e a sua capacidade produtiva e tecnológica e 
estimula atividades que incentivem o fluxo de turismo para Brasil. 
Tem como subordinados o Departamento de Promoção Comercial e 
Investimentos (DPR) e a Divisão de Feiras e Turismo (DFT). Os principais produtos e 
serviços do DPR são: 
 Missões empresariais: serviços destinados ao exportador brasileiro 
interessado em participar das missões empresariais promovidas pelo Itamaraty; 
envolve desde a divulgação, participação e outras formas de tornar visível o 
exportador brasileiro; 
 Serviço de localização de potenciais importadores estrangeiros 
interessados em participar de feiras de negócios no Brasil. 
 
 
 
28 
 
Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex-
Brasil). 
 
Trabalha com o objetivo de estimular as exportações brasileiras, 
desenvolvendo projetos com entidades de classe representativas de 48 setores da 
economia. A agência de promoção de exportações e investimentos do Brasil (2019) 
vem contribuindo para os resultados da balança comercial por meio da/do: 
 Diversificação da pauta exportadora, pois possibilita a capacitação de micro 
e pequenas empresas; 
 Abertura de novos mercados, como a participação em feiras e eventos 
internacionais; 
 Consolidação e ampliação dos mercados tradicionais; 
 Crescimento nas vendas de itens com maior valor agregado. 
 
Figura 7 – Logo da ApexBrasil 
 
Fonte: Portal Apex-Brasil (2019). 
 
Com base em um planejamento estratégico e em ações realizadas em parceria 
com os setores público e privado, a agência trabalha com a seguintes diretrizes: 
 Identificar vocações produtivas regionais de forma a democratizar as 
oportunidades que gerem crescimento econômico e social; 
 Fortalecer entidades de classe por meio do recrudescimento de atividades 
comerciais de seus associados; 
 Treinar técnicos em comércio exterior, capacitando mão de obra qualificada 
sob os pontos de vista operacional, técnico e comercial; 
 Realizar estudos e prospecções de mercado, no sentido de recomendar e 
assessorar oportunidades no mercado internacional; 
 Desenvolver produtos e serviços de acordo com essas oportunidades de 
mercado; 
 Firmar acordos de cooperação com redes internacionais, favorecendo as 
trocas entre empresas; 
 Realizar feiras e eventos, tendo o Brasil como tema e consolidando a marca 
do país; 
 
29 
 
 Inserir novas empresas no mercado internacional por meio de programas 
de capacitação específicos; 
 Promover encontros e rodadas de negócios com importadores no Brasil e 
no exterior; 
 Executar/coordenar eventos internacionais como missões comerciais, 
feiras e encontros de negócios; 
 Gerar empregos, na cadeia produtiva, que envolvam desde fornecedores 
de matéria-prima e serviços, passando pela produção, distribuição e venda; 
 Promover a imagem do Brasil. 
 
Os beneficiados com as ações da Apex-Brasil são o governo e os empresários. 
O foco, entretanto, está nas pequenas e médias empresas, que se qualificam para 
disputar um espaço maior no mercado interno. 
 
Estrutura da APEX-BRASIL 
 
Conforme a APEX-Brasil (2019), o conselho deliberativo é constituído por: 
 Ministério das Relações Exteriores (MRE) 
 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
 Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços 
 Secretaria-executiva do Programa de Parcerias de Investimentos – PPI 
 Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES 
 Confederação Nacional da Indústria – CNI 
 Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA 
 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae 
 Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB 
 Secretaria-executiva da Câmara de Comércio Exterior – CAMEX (sem direito 
a voto) 
 
Percebe-se a atuação da entidade tanto na esfera pública como na privada no 
sentido de equilibrar as políticas, metas e objetivos de comércio exterior, bem como a 
realidade das empresas. 
Conforme o jornal O Globo e o site da Apex-Brasil (2019b), a agência é dividida 
em: 
 Unidade de projeto, que tem por objetivo a coordenação, o 
acompanhamento e o monitoramento de projeto de exportações; 
 Unidade de inteligência comercial, em que se procura identificar mercados e 
clientes potenciais para empresas brasileiras, barreiras tarifarias e não tarifárias; 
 Unidade de investimento, que tem por objetivo a captação de investimentos 
estrangeiros diretos com os mecanismos de promoção comercial, prioritariamente 
dirigidos a indústrias de vocação exportadora e com as quais a Apex-Brasil mantém 
parceria. 
 
30 
 
 Unidade de eventos internacionais, que trabalha para a geração de negócios 
e a promoção da imagem brasileira no mercado internacional por intermédio de 
eventos especiais, rodadas, feiras e missões de negócios; 
 Unidade de centros de distribuição, quecoordena a instalação, adesão e 
funcionamento de centros de distribuição de produtos brasileiros no exterior, com o 
objetivo de facilitar o acesso a mercados regionais e internacionais com custos mais 
baixos de armazenagem. 
 
Existem vários setores que têm o apoio da Apex-Brasil como agronegócios, 
candles, máquinas e equipamentos, moda e serviços. 
 
O “quero exportar” da APEX-BRASIL 
 
Como forma de indicar a importância da entidade, reproduzimos o “quero 
exportar”, que traduz os principais norteadores para o desenvolvimento de operações 
em comércio exterior, conforme Apex-Brasil (2019): 
A primeira parte refere-se às empresas que desejam ingressar no mercado 
externo: 
 Qualifique a sua empresa; 
 Torne seu negócio mais competitivo; 
 Aproxime-se das tradings; 
 Confira como participar das ações de promoção comercial; 
 Participe dos nossos projetos com as entidades setoriais; 
 Acesse os estudos exclusivos. 
 
A segunda parte refere-se às empresas que já atuam no mercado externo: 
 Participe dos nossos projetos com as entidades setoriais; 
 Confira como participar das ações de promoção comercial; 
 Conecte-se com os compradores; 
 Internacionalize a sua empresa; 
 Acesse os estudos exclusivos; 
 Entenda o ambiente político e regulatório internacional; 
 Conte conosco nos principais mercados mundiais; 
 Inove para se diferenciar; 
 Torne sua empresa sustentável para ser mais competitiva. 
 
 
 
 
31 
 
Figura 8 – Logo da Peiex-Brasil 
 
Fonte: Portal Apex-Brasil (2019). 
 
O Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) busca a qualificação dos 
profissionais para inserir as empresas de forma mais estruturada, formalizada e 
competitiva em mercados globais. De forma em geral, envolve: 
 Realização de diagnóstico empresarial no sentido de entender como a 
empresa é estruturada e como deve estar no sentido de atender às normas e 
exigências internacionais; 
 Recomendações que pode envolver adaptações de produtos, embalagens e 
até processos/procedimentos de exportação com o intuito de melhorar a gestão de 
negócios; 
 Auxílio nos processos de divulgação e comercialização (venda) em 
mercados internacionais. 
 
Na unidade II, trabalharemos de maneira mais focada junto aos processos de 
exportação. 
 
 
 
32 
 
6. SISTEMA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SISCOMEX) 
 
É um instrumento que integra as atividades de registro, acompanhamento e 
controle das operações de comércio exterior, por meio de um fluxo único de 
informações cujo processamento é efetuado exclusiva e obrigatoriamente pelo 
sistema. 
É administrado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), pela Secretaria 
da Receita Federal (SRF) e pelo Banco Central do Brasil (Bacen), órgãos gestores no 
comércio exterior. A informatização das operações de exportação e de importação, no 
sistema, foi implantada, respectivamente, em 1993 e em 1997. Desde então, para 
todos os fins e efeitos legais, as guias de exportação e de importação e outros 
documentos pertinentes foram substituídos por registros eletrônicos. 
 
Figura 9 – Siscomex 
 
Fonte: Portal Siscomex (2019). 
 
A empresa deve solicitar formalmente para a Receita Federal (2019) do Brasil 
o download do programa, indicando um responsável para a autorização das 
informações e dados das operações a partir do aceite do importador. A cada fase 
cumprida, as páginas são atualizadas pela empresa até a liquidação da operação. 
 
 
 
33 
 
Figura 10 – Ilustração simplificada do Siscomex 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes da implantação do sistema, o controle era realizado de forma manual, 
onerando em tempo e esforços as estatísticas de comércio exterior e 
consequentemente a análise e fechamento das operações. 
Após a implantação do sistema, todas as partes intervenientes têm acesso à 
situação e em que fase as operações de exportação e importação estão inseridas. O 
controle da empresa e do governo se tornaram mais rápidos, ágeis e confiáveis. 
Conforme a figura 10, o gestor responsável pela inserção e acompanhamento 
de dados é a própria empresa. Sob o ponto de vista dos órgãos governamentais, os 
principais gestores são: 
 Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que tem por 
responsabilidades as áreas tributária e aduaneira. Representa a fase a aduaneira do 
processo; 
 Secretária de Comércio Exterior (SECEX), responsável pela administração, 
bem como das estatísticas de comércio exterior, inclusive da balança comercial 
brasileira. Representa a fase comercial do processo; 
 Banco Central do Brasil (BACEN), responsável principal pelas áreas 
financeira e cambial. Representa a fase cambial; 
 Os responsáveis pela administração, manutenção e aprimoramento do 
sistema operacional; 
 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 
 Ministério da Saúde; 
 IBAMA; 
 Instituições financeiras, aqui representadas pelos bancos autorizados a 
operar em câmbio, também com acesso ao sistema de informações do Banco Central 
(Sisbacen), que é um sistema próprio interligado entre as instituições financeiras; 
 Instituições financeiras autorizadas pela Secretaria de Comércio Exterior a 
conceder licença de importação para pessoas físicas e jurídicas que atuam na área 
de comércio exterior tais como exportadores, importadores depositários, 
transportadores e seus representantes legais; 
 Servidores aduaneiros, transportadores e seus representantes legais, entre 
outros. 
EMPRESA EMPRESA 
Brasil EUA 
Secretaria da 
Receita Federal 
Secretaria de 
Comércio Exterior 
Federal 
Banco 
Central 
Exportação e importação 
 
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As principais vantagens na utilização do sistema, que é obrigatório para as 
empresas que participam do comércio exterior brasileiro, são: 
 Harmonização de conceitos utilizados pelos órgãos governamentais que 
atuam na área de comércio exterior; 
 Descentralização e ampliação dos pontos de atendimento no país, por meio 
eletrônico, na própria empresa; 
 Eliminação de controles paralelos, que nem sempre eram necessários em 
relação à realidade do que era realizado; 
 Acesso mais rápido às estatísticas, dados e informações das operações de 
comércio exterior; 
 Facilitação do planejamento e agenda de atividades e responsabilidades 
entre as partes envolvidas pela padronização e simplificação dos processos e 
operações de comércio exterior; 
 Diminuição e até eliminação significativa do volume de documentos. 
 
O Siscomex voltará a ser abordado no próximo livro-texto de forma mais 
contextualizada e prática. 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As operações de compra e venda internacional envolvem 
processos/procedimentos que visam salvaguardar direitos e deveres entre as partes 
– governo, exportadores e importadores. Daí a necessidade das empresas em 
conhecer e principalmente atender os trâmites operacionais, técnicos e comerciais da 
estrutura administrativa de comércio exterior brasileiro. 
Dentro desta realidade, empresas e negócios estão inseridos dentro de um 
sistema e de uma estrutura mais amplas, regidas também pelo comércio internacional, 
comércio exterior e de relações internacionais. 
Essa realidade conduz à necessidade maior dos profissionais da área: a de 
conhecimentos mais amplos e, ao mesmo tempo, profundos de como realizar com 
sucesso as operações em mercados internacionais. 
A evolução dos conceitos foi gradativa e crescente, de forma que os 
fundamentos, conceitos e práticas foram se incorporando no cotidiano das empresas 
que realizam operações em mercados internacionais. 
 
 
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