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Duda Luizeto AVA Diagnósticos Diferenciais dos Distúrbios Respiratórios do RN • Causas de internação em UTI neonatal − Dificuldade respiratória pode ser causada por problemas: Mecânicas Cirúrgicas: hérnia diafragmática, atresia de esôfago com fístula Cardiovasculares: Neuromusculares: hipotonia Metabólicas: hipoglicemia Pulmonares: síndrome da membrana hialina, aspiração de mecônio Infecciosas: sepse • Dados importantes da anamnese: idade gestacional, infecção materna, sofrimento fetal, corticoide antenatal e manuseio do paciente • História gestacional e perinatal: − História neonatal anterior História de natimorto: comum na presença de colonização por strepto B − História infecciosa − Medicamentos: anti inflamatórios (causa fechamento do ducto arterioso) − Corticoterapia antenatal: diminui a gravidade dos quadros respiratórios nos quadros prematuros − Ultrassonografias: identificação de patologias (ex: hérnia diafragmática) − Idade gestacional: síndrome do desconforto respiratório mais comum no RN − Polidramnia: pensar em patologias obstrutivas do tubo digestivo (ex: atresia de esôfago com fístula para traqueia) − Oligodramnia: secundário a patologias renais (ex: patologia renal bilateral grave e agenesia renal) − Trabalho de parto: Trabalho de parto prematuro sem causa definida sempre pensar em mulheres colonizadas por estrepto do grupo beta hemolítico do grupo B (sepse e pneumonia neonatal) − Tipo de parto − Apgar x asfixia Asfixia por liberação de mecônio Ventilada em sala de parto: pensar em pneumotórax e pneumomediastino (excesso de pressão durante a ventilação) − Pressão + sala de parto • Características do RN − Idade gestacional: priorizar data da última menstruação − Peso − Padrão respiratória: respiração periódica Observar se a criança faz apneia (pausa prolongada ou com associação de bradicardia e diminuição da saturação) − Esforço respiratório − Presença de mecônio: 1-2% faz aspiração para traqueia e pulmão Pensar em pneumotórax e hipertensão pulmonar − Alterações cromossômicas: cardiopatias e alterações respiratórias − Alterações esqueléticas: diminuição do diâmetro para caixa torácica − Obstrução alta (estridor): ruído inspiratório alto fala a favor de obstrução extra torácica − Ausculta cardíaca e pulmonar com estertor e gemência: ruído expiratório comum nas patologias com diminuição da complacência pulmonar − Pulsos: coarctação da aorta • Avaliação respiratória do RN − Padrão respiratório Apneia: pausas respiratórias >20 segundos ou entre 10-15segundos, levando a cianose, queda de saturação e bradicardia Respiração periódica: períodos de 10-15 segundos de movimentos respiratórios, com pausas de 5-10 segundos (ausente após 6 meses) − Cor − Frequência respiratória: >60irpm = taquipneia no RN − Esforço respiratório: retração subcostal Estridor: pólipos, laringomalácia, estenose glótica Gemencia: mantém um resíduo respiratório para evitar que o pulmão colabe Cianose: aumento de hemoglobina não satura com oxigênio gerando manifestações azuladas de mucosas, mais facilmente vistas na língua e mucosa oral 。 Quando presente só nas extremidades (cianose periférica), fala a favor de uma “criança fria” que faz vasoconstricção 。 Se a criança estiver anêmica, ela tem hipóxia mas não tem mais de 5g de hemoglobina não saturada podendo não apresentar manifestação de cianose − Boletim de Silverman Andresen Somatório das notas: 。 <5 = leve 。 5-10 = grave 。 Igual a 10 = grave • Sistema respiratório do RN − Menor o calibre da via área = maior a resistência da entrada do ar − Menor a criança = menor área de troca = facilidade de comprometimento com manifestação clínica − Poucas estruturas de ventilação colateral, principalmente canais de Lambert (comunicação entre bronquíolos terminais e alvéolos) e poros de Kohn (comunicação inter alveolar), prejudicando a distribuição de ar no pulmão = facilidade de atelectasias − Caixa torácica mais cilíndrica com diafragma mais horizontalizado e respiração abdominal − Menor quantidade de fibra 1 = mais chance de fadiga • Tipos de distúrbios respiratórios: − Por imaturidade pulmonar: Síndrome do desconforto respiratório (SDR/DMH): formação de uma membrana proteica dentro do alvéolo por deficiência na produção de surfactante promovendo o colabamento do alvéolo − Intercorrências no processo de nascimento: Síndrome de aspiração do mecônio (AS): hipóxia e aspiração Taquipnéia transitória do RN (TTRN): gravidez interrompida antes do trabalho de parto fazendo com que o RN não tenha absorvido plenamente o líquido intra pulmonar Síndrome da hipertensão pulmonar persistente neonatal (HPPN): hipóxia e não aspirou o meconio Pneumonias: infecção intra uterino, no canal de parto ou dentro da unidade hospitalar/em casa Pneumotórax: espontâneo, pós reanimação, pós aspiração de mecônios − Alteração no desenvolvimento e crescimento pulmonar antenatal Malformações pulmonares: alterações do lobo, hernia diafragmática (compressão do pulmão pelos órgãos abdominais causando uma hipoplasia importante), enfisema lobar, esôfago com fístulas para pulmão e traqueia 1. Imagens no Diagnóstico por Imagem a. Doença da membrana hialina/ SDR • A deficiência de surfactante favorece o aparecimento de atelectasias e microatelectasias (quanto mais atelectasias, menor ar tem no pulmão = imagem mais branca) • Pulmão com pouco volume, hipotransparente com broncogramas aéreos b. Taquipneia transitória • Pulmão congesto, borrramento da área cardíaca c. Pneumonia por Estreptococo B • Prematuro de mãe com história de rota longa prolongada, sinais de infecção intra amniótico, febre, corrimento fétido d. Síndrome de Aspiração Meconial • Mais comum a direita e. Displasia broncopulmonar • Processo inflamatório crônico nas crianças que já foram ventiladas causando áreas de fibrose que alteraram a estrutura pulmonar • Aspecto heterogêneo no raio x f. Pneumotorax hipertensivo g. Iatrogênica h. Hérnia diafragmática i. Malformação Adenomatóide Cística 2. Considerações sobre algumas causas de distúrbio respiratório do RN a. Síndrome de membrana hialina / Síndrome do Desconforto Respiratório do RN • Começa a ser produzido com 24-25 semanas tendo um pico de produção em torno de 34-35 semanas − Abaixo dessa idade gestacional, existe uma possibilidade da criança nascer com deficiência de surfactante − Pneumócito tipo 1: células finas que compõem 93% da superfície alveolar tendo como função permitir a troca entre vasos e alvéolos − Pneumócito tipo 2: células arredondadas que compõem 7% da superfície alveolar tendo como função a produção e armazenamento de surfactante • O surfactente é composto por lipídeos (90%) e proteínas (10%) − Proteína A e D (ação anti inflamatória) // B e C (redução da tensão da superfície alveolar) − Os lipídeos e as proteínas B e C são responsáveis por manter os alvéolos abertos − Fosfatidilcolina é o principal componente tenso ativo − Deficiência = aumento da tensão superficial = instabilidade alveolar • Microatelectasias difusas: raio x com padrão em vidro fosco ou padrão reticulo granular − Quanto mais atelectasia, menor é a complacência do pulmão levando a fadiga • Principal causa: deficiência quantitativa e qualitativa do surfactante alveolar • 50-80% em < de 28 semanas de IG (quanto mais imatura a criança, maior a possibilidade de SDR) • Sexo masculino • Filhos de mãe diabética (maior tendência a imaturidade) • Asfixia ao nascimento (piora a hipóxia) • Parto cesáreo sem trabalho de parto • É a causa de 20% dos óbitos neonatais • Como prevenir? − Diminuiçãode partos prematuros − Uso de corticoide materno antenatal IG entre 24-34 sem risco de prematuridade Mães com necessidade de tocólise Duas doses de betametasona IM de 12mg a cada 24h ou 4 doses de dexametasona, IM 12/12h 。 Não passar de 2 ciclos Os efeitos benéficos duram por 7 dias • Como tratar? − Estabilização inicial: Cuidados na reanimação CPAP na sala de parto (neo puff): maior recrutamento de alvéolos que tem mais chance de produzir surfactante = evita intubação, ventilação prolongada 。 Quando intubada, a criança deve receber surfactante Aquecimento: UCR x incubadora Acesso (venoso e arterial): veia umbilical e depois PICCline (?) Oferta de líquidos x balanço hídrico Suporte hemodinâmico Suporte ventilatório Nutrição: aminoácido parenteral Infecção − Surfactante: Melhora: oxigenação, capacidade residual, complacência pulmonar e achados radiológicos b. Taquipneia Transitória do RN • Assistência com ou sem pressão positiva de oxigênio e a crianca vai absorvendo gradativamente o liquido pulmonar • Causa básica: acúmulo de líquido pulmonar • Inicio nas primeiras horas de vida e dura até 2-5 dias • Mais comum: − Em RN limítrofe PT/termo − Parto cesáreo sem trabalho de parto − Sexo masculino − Filhos de mãe diabética − Asfixia ao nascimento − Sedação materna − Mae muito sedada no pré parto − Policitemia • Diagnóstico diferencial com infecção iniciando-se ATB − Acompanhar por 2 dias para ver se há melhora ou não do quadro para para o antibiótico c. Síndrome de aspiração meconial • Nem toda criança que nasce banhada em mecônio faz síndrome de aspiração meconial • 10-20% das gestações: líquido amniótico meconial • Apenas 1-2% desses conceptos apresentam SAM • É a criança que aspirou o mecônio e fez mecanismos de obstrução e pneumonia química • O mecônio é formado por água (72-80%), bile, ácidos biliares, suco pancreático, muco, sangue, lanugo e vernix caseoso − Estéril e com alto pode de aderência • Cadeia de evolução da eliminação do meconio • Principais complicações: pneumonia química, pneumotórax, hipertensão pulmonar • Tratamento − Estabilização inicial e monitorização contínua Cuidados na reanimação 。 Passos iniciais e se em 30 segundos ainda estiver deprimida = ventilar com pressão positiva e mascar. Se dentro de 30 segundos (final do minuto de outro) não houver melhora, deve intubar e aspirar traqueia Aquecimento: UCR x incubadora Acesso (venoso e arterial) Oferta de líquidos x balanço hídrico Suporte hemodinâmico Suporte ventilatório Nutrição parenteral Infecção: avaliar necessidade de antibiótico d. Síndrome de escape de ar • Pneumotorax − Hipertensivo: tem que ser puncionado e drenado Deterioração clínica abrupta Desconforto respiratório Cianose Sinais de colapso cardiovascular: bradicardia, má perfusão periférica, hipotensão e choque Quando unilateral: assimetria torácica com diminuição da expansibilidade do lado afetado − Não hipertensivo: ofertar altas concentrações de oxigênio Assintomático ou com manifestações respiratórias leves Há diminuição do murmúrio vesicular e tórax hiper timpânico • Pneumomediastino − Hipertensivo: Pulmão hipertransparente Silhueta cardíaca bem nítida Assimetria torácica Hipertransparencia ao redor da silhueta Sinal da vela/asa do morcego − Não hipertensivo: Aspectos pouco evidentes Hipertransparencia ao redor do coração Ar na borda inferior − Na maioria das vezes drena espontaneamente • Toracocentese − Linha hemiclavicular média no segundo espaço intercostal OU na linha axilar média no quarto/quinto espaço intercostal (um pouco abaixo da linha dos mamilos) e. Pneumonia • Etiologia: quimica, fungos, vírus ou bactérias • Associação com: prematuridade, natimorto, asfixia • Pode se contaminar por via canal de parto, por agentes que colonizam o canal do parto • Associação ou não com estrepto B • Antes do nascimento: − Mortalidade: 20-50% − 15-30% com sequelas neurológicas − Incidência: 1,8/1000 nascidos vivos − Infecção precoce: 80% das infecções pelo GBS (group B streptococus) Mulheres com estrepto B positivo devem receber ampicilina quando ela entra em trabalho de parto − Taxa de colonização em gestantes: 10-30% • Fatores de risco: febre materna, bolsa rota prolongada (>18h), amniorrexe prematura (rompeu a bolsa antes de 37 semanas de gestação), ITU na gestação e parto prematuro sem causa aparente • Sinais inespecíficos e sistêmicos − Instabilidade térmica − Distúrbio respiratórios: apneia, bradipneia, gemencia, taquidispneia, BAN − Alterações cutâneas: palidez, cianose, pele marmórea, enchimento capilar lentificado, icterícia idiopática, pústulas, celulites, abscessos, petéquias − Alterações neurológicas: irritabilidade, letargia, hipotonia, convulsões − Alterações cardiovasculares: instabilidade cardiovascular, taquicardia, arritmia, alteração da perfusão periférica e choque − Alterações gastrintestinais: vômitos, distensão abdominal, resíduos gástricos a alimentação, diarreia − Sinais de sangramento (CIVD) • Como identificar? − 2 hemoculturas ou aspirado traqueal (se estiver intubada) − PCR de forma evolutiva (repetir após 24 horas) • DMH x Pneumonia − Avaliar idade gestacional − Efeito do surfactante − Necessidade de drogas vasoativas − História confusa − Necessidade de ventilação mecânica − A pneumonia por estrepto B pode ser difusa com os 2 pulmões alterados que lembra uma membrana hialina difícil diagnostico diferencial f. Hipertensão pulmonar • Causas − São crianças que tiveram hipóxia que gerou uma vasoconstrição gerando hipertensão pulmonar − A hipóxia crônica também gera espessamento da parede dos capilares pulmonares (mau desenvolvimento) − Hérnia diafragmática causa a hipoplasia pulmonar • Diagnóstico − Ecocardiograma Método de eleição Faz diagnóstico e acompanhamento Avalia contratilidade e estruturas − Na vida intra útero, a pressão dos vasos pulmonares é em torno de 40-50. Quando nasce, respira a pressão vai caindo e chegando em torno de 18-15 Quando a criança possui alguma alteração, a pressão dos vasos pulmonares vai continuar alta levando a mistura de sangue arterial e venoso Se tiver uma diferença de 10-20 % entre a saturação do membro superior direito (pré ductal) para os outros membros é muito indicativo de hipertensão pulmonar • Tratamento − Metas iniciais: ventilar e oxigenar Reverter hipóxia Restaurar oxigenação Restaura equilíbrio ácido-básico − Importante: Otimizar função miocárdica: associar droga inotrópica Reduzir resistência vascular pulmonar Otimizar PA sistêmica − Óxido nítrico: diminuir a pressão pulmonar Tratamento padrão Leva ao relaxamento da musculatura lisa vascular − Outras drogas: Sildenafil Milrinona: utilizada quando há disfunção cardíaca com pressão aumentada e pressão arterial boa Vasopressina Bosentam: crianças com hipertensão pulmonar crônica
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