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Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 1 💞 Anatomia do Coração e dos Vasos da Base Bárbara Aguiar dos Santos Medicina UFMG 158 Referências teóricas e imagens: Anatomia Orientada para Clínica, 8ª edição - Moore Coração Dois sons cardíacos (bulhas cardíacas) são auscultados com um estetoscópio: um som "tum" (primeiro) quando o sangue é transferido dos átrios para os ventrículos e um som "tá" (segundo) quando os ventrículos ejetam o sangue do coração. Os sons do coração são produzidos pelo estalido de fechamento das valvas unidirecionais que normalmente impedem o refluxo do sangue durante as contrações do coração; A parede de cada câmara cardíaca tem três camadas: Endocárdio: uma fina camada interna de endotélio e tecido conjuntivo subendotelial; Miocárdio: uma camada intermediária helicoidal e espessa formada por músculo cardíaco; Epicárdio: uma camada externa fina, também denominada mesotélio, formada pela lâmina visceral do pericárdio seroso. As fibras musculares cardíacas estão fixadas ao esqueleto fibroso do coração. Essa é uma estrutura complexa de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos que circundam os óstios das valvas, um trígono fibroso direito e outro esquerdo, e as partes membranáceas dos septos interatrial e interventricular. Entre as funções do esqueleto fibroso estão: Manter os óstios das valvas permeáveis; Impedir que as valvas sejam excessivamente distendidas por um aumento do volume de sangue bombeado através delas; Oferecer inserção para o miocárdio; Formar um isolante elétrico, separando os impulsos conduzidos dos átrios e ventrículos. O ápice do coração é formado pela parte inferolateral do ventrículo esquerdo, e situa-se posteriormente ao quinto espaço intercostal esquerdo em adultos; A base do coração é a face posterior do coração, e é formada principalmente pelo átrio esquerdo, com menor contribuição do átrio direito. Está voltada posteriormente em direção aos corpos das vértebras T6-T9; As quatro faces do coração são: Face esternocostal (anterior): formada principalmente pelo ventrículo direito; Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 2 Face diafragmática (inferior): formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e em parte pelo ventrículo direito; Face pulmonar direita: formada principalmente pelo átrio direito; Face pulmonar esquerda: formada principalmente pelo ventrículo esquerdo; As margens do coração são: Margem direita: formada pelo átrio direito e estende-se entre VCS e VCI; Margem inferior: formada principalmente pelo ventrículo direito e pequena parte pela aurícula esquerda; Margem esquerda: formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e pequena parte pela aurícula esquerda; Margem superior: formada pelos átrios e aurículas direitos e esquerdos em vista anterior. Átrio Direito A aurícula direita é uma bolsa muscular que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, aumentando a capacidade do átrio; O interior do átrio direito apresenta uma parte posterior lisa e de paredes finas, onde se abrem as veias cavas e o seio coronário. Apresenta também uma parede anterior muscular, rugosa, formada pelos músculos pectíneos; O septo interatrial que separa os átrios tem uma depressão oval denominada fossa oval, que é remanescente do forame oval no feto; Ventrículo Direito A valva AV direita, ou tricúspide, protege o óstio AV direito. As bases das válvulas estão fixadas ao anel fibroso ao redor do óstio; Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 3 As cordas tendíneas fixam-se às margens livres e às faces ventriculares das válvulas anterior, posterior e septal. As cordas tendíneas originam-se dos ápices dos músculos papilares, que são projeções musculares cônicas com bases fixadas à parede ventricular; Os músculos papilares começam a se contrair antes da contração do ventrículo direito, tensionando as cordas tendíneas e aproximando as válvulas. Logo, as cordas tendíneas e os músculos papilares impedem o prolapso das válvulas da valva AV direita quando a pressão ventricular aumenta; O músculo papilar anterior é o maior e mais proeminente, origina-se na parede anterior do ventrículo direito, e suas cordas se fixam nas válvulas anterior e posterior da valva AV direita; O músculo papilar posterior origina-se na parede inferior do ventrículo direito, e suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas posterior e septal da valva AV direita; O músculo papilar septal origina-se no septo interventricular, e suas cordas se fixam às válvulas anterior e septal da valva AV direita; O septo interventricular é composto de uma parte muscular e uma membranácea, e corresponde à divisória entre os ventrículos esquerdo e direito, também formando parte da parede de cada um; Dentro do ventrículo direito, o sangue faz um trajeto em formato de "U", mudando de direção em cerca de 140º. Essa mudança é acomodada pela cristal supraventricular, que direciona o fluxo da entrada e o fluxo da saída. Átrio Esquerdo A aurícula esquerda apresenta parede trabeculada com músculos pectíneos e forma a parte superior da margem esquerda do coração; O átrio esquerdo apresenta quatro veias pulmonares que entram em sua parede posterior. Além disso, apresenta uma parede ligeiramente mais espessa do que a do átrio direito; Ventrículo Esquerdo O interior do ventrículo esquerdo apresenta paredes mais espessas do que as do ventrículo direito; Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 4 O ventrículo esquerdo possui uma cavidade cônica mais longa do que a do ventrículo direito, e os músculos papilares anteriores e posteriores também são maiores do que os do ventrículo direito; A valva AV esquerda, ou valva mitral, tem duas válvulas, a anterior e a posterior. As cordas tendíneas ligadas às válvulas tornam-se tensas logo antes e durante a sístole, impedindo o prolapso das válvulas; A corrente sanguínea no ventrículo esquerdo sofre duas mudanças perpendiculares que, somadas, resultam em mudança de direção de 180º. Valvas do Tronco Pulmonar e da Aorta As valvas apresentam três válvulas, as quais são côncavas quando observadas de cima. As válvulas não apresentam cordas tendíneas para sustentá-las; As válvulas apresentam área menor do que as válvulas das AV, e a força exercida contra elas é menor que a metade da força exercida contra as AV. As válvulas projetam-se para a artéria; Após a diástole ventricular, a retração elástica da parede do tronco pulmonar ou da aorta força o sangue de volta para o coração. No entanto, as válvulas se fecham quando há inversão do fluxo sanguíneo, sustentando umas às outras quando suas bases se tocam e evitando o retorno de qualquer quantidade significativa de sangue para o ventrículo; A margem de cada válvula é mais espessa na região de contato, formando a lúnula, e o ápice da margem livre e angulada no centro é ainda mais espesso, formando o nódulo; Imediatamente superior a cada válvula semilunar, as paredes das origens do tronco pulmonar e da aorta são ligeiramente dilatadas, formando um seio. Os seios da aorta e do tronco pulmonar são os espaços na origem do tronco pulmonar e da parte ascendente da aorta entre a parede dilatada do vaso e cada válvula semilunar; A abertura da artéria coronária direita se localiza no seio direito da aorta e a abertura da artéria coronária esquerda no seio esquerdo da aorta. Vascularização do Coração Os vasos sanguíneos do coração compreendem as artérias coronárias e as veias cardíacas, que conduzem o sangue que entra e sai da maior parte do miocárdio; O endocárdio e parte do tecido subendocárdico imediatamente externo ao endocárdio recebem oxigênio e nutrientes por difusão ou por microvascularização diretamente das câmaras do coração; Os vasos sanguíneos do coração atravessam a superfície do coração logo abaixo do epicárdio. Alguns vasos podem estar entranhados no miocárdio; Os vasos sanguíneos cardíacos recebem inervação simpática e parassimpática; As artérias coronárias, os primeiros ramos da aorta, irrigam omiocárdio e o epicárdio, suprindo os átrios e os ventrículos. Entretanto, os ramos atriais costumam ser pequenos e não são facilmente observados, e a distribuição ventricular de cada artéria não é bem delimitada; O coração é drenado principalmente por veias que se abrem no seio coronário - principal veia do coração - e em parte por pequenas veias que drenam para o átrio direito; Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 5 Artéria Coronária Direita A artéria coronária direita origina-se no seio direito da aorta e passa para o lado direito do tronco pulmonar, seguindo no sulco coronário. Próximo à origem, a artéria coronária direita emite um ramo do nó sinoatrial, que é ascendente e irriga essa estrutura; A artéria coronária direita então desce no sulco coronário e emite o ramo marginal direito, que irriga a margem direita do coração enquanto segue em direção ao ápice , porém sem alcançá-lo; Após emitir o ramo marginal direito, a artéria coronária direita continua no sulco coronário até a face posterior do coração. Na face posterior, no ponto da cruz do coração - local de junção dos septos interatrial e interventricular entre as quatro câmaras do coração - a artéria coronária direita emite o ramo do nó atrioventricular, o qual irriga esta estrutura; Em aproximadamente 67% das pessoas, a artéria coronária direita, na face posterior do coração, emite o ramo interventricular posterior, que desce em direção ao ápice do coração. Geralmente, a artéria coronária direita supre: O átrio direito; A maior parte do ventrículo direito; Face diafragmática do ventrículo esquerdo; O nó SA e o nó AV. Artéria Coronária Esquerda Origina-se no seio esquerdo da aorta, passa entre a aurícula esquerda e do lado esquerdo do tronco pulmonar, e segue no sulco coronário; Em algumas pessoas, o ramo do nó SA pode ter origem no ramo circunflexo da artéria coronária esquerda, o qual ascende na face posterior do átrio esquerdo até o nó SA; Quando entra no sulco coronário, a artéria coronária esquerda divide-se em dois ramos, o ramo interventricular anterior e o ramo circunflexo; Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 6 O ramo interventricular anterior segue até o ápice do coração, onde faz a volta ao redor da margem inferior e geralmente faz uma anastomose com o ramo interventricular posterior da artéria coronária direita; O ramo interventricular anterior dá origem, em muitas pessoas, ao ramo lateral (ou artéria diagonal), que desce sobre a face anterior do coração; O ramo circunflexo da artéria coronária esquerda acompanha o sulco coronário ao redor da margem esquerda do coração até a face posterior do órgão. O ramo marginal esquerdo do ramo circunflexo acompanha a margem esquerda do coração e supre o ventrículo esquerdo; Na maioria dos casos, o ramo circunflexo da artéria coronária esquerda termina no sulco coronário na face posterior do coração antes de chegar à cruz do coração. No entanto, em um terço das pessoas, ele continua como um ramo que segue dentro do sulco interventricular posterior ou adjacente a ele; Geralmente, a artéria coronária esquerda supre: O átrio esquerdo; A maior parte do ventrículo esquerdo; Parte do ventrículo direito; A maior parte do septo interventricular, inclusive o feixe AV através dos seus ramos septais perfurantes; O nó SA (em 40% das pessoas). Seio Coronário O seio coronário é um canal venoso largo que segue da esquerda para a direita na parte posterior do sulco coronário; Recebe a veia cardíaca magna em sua extremidade esquerda e a veia interventricular posterior e a veia cardíaca parva em sua extremidade direita. Além disso, a veia ventricular esquerda posterior e a veia marginal esquerda também se abrem no seio coronário; A veia cardíaca magna apresenta uma tributária importante, a veia interventricular anterior, que começa no ápice do coração e ascende com o ramo interventricular da artéria coronária esquerda. No sulco, a veia cardíaca magna segue com o ramo circunflexo da artéria coronária esquerda para chegar ao seio coronário. A veia cardíaca magna drena as áreas do coração supridas pela artéria coronária esquerda; A veia interventricular posterior acompanha o ramo interventricular posterior da artéria coronária direita; A veia cardíaca parva acompanha o ramo marginal direito da artéria coronária direita; Algumas veias cardíacas não drenam para o seio coronário, ou porque entram direto no átrio direito, ou porque entram na veia cardíaca parva. Anatomia do Coração e dos Vasos da Base 7 Importante Estenose é a incapacidade de abertura completa da valva, tornando mais lento o fluxo sanguíneo que sai de uma câmara; Insuficiência ou regurgitação é a ausência de fechamento completo da valva, o que permite o refluxo de um volume variável de sangue para a câmara da qual foi ejetado; A estenose e a regurgitação produzem turbulência, o que causa pequenos redemoinhos que produzem vibrações audíveis como sopros.
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