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Fiel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE, como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili- dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren- tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e massificação dos computadores pessoais. Comprometida com a formação de professores em todos os níveis e a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado, os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pelos normativos legais do Governo Fede- ral e se articulam com as demandas de desenvolvi- mento das regiões do Ceará. M or fo lo gi a e An at om ia d e Es pe rm at ófi ta s Ciências Biológicas Ciências Biológicas Eliseu Marlônio Pereira de Lucena Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros Roselita Maria de Souza Mendes Morfologia e Anatomia de Espermatófitas U ni ve rs id ad e Es ta du al d o Ce ar á - U ni ve rs id ad e Ab er ta d o Br as il ComputaçãoQuímica Física Matemática PedagogiaArtes Plásticas Ciências Biológicas Geografia Educação Física História 9 12 3 Eliseu Marlônio Pereira de Lucena Jeanne Barros Leal de Pontes Medeiros Roselita Maria de Souza Mendes Morfologia e Anatomia de Espermatófitas Ciências Biológicas 1ª edição Reimpressão Fortaleza - Ceará 2015 ComputaçãoQuímica Física MatemáticaArtes Plásticas Ciências Biológicas Geografia Educação Física História 9 12 3 Pedagogia Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECE Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – Ceará CEP: 60714-903 – Fone: (85) 3101-9893 Internet: www.uece.br – E-mail: eduece@uece.br Secretaria de Apoio às Tecnologias Educacionais Fone: (85) 3101-9962 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados desta edição à UAB/UECE. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autori- zação, por escrito, dos autores. Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro Presidente da CAPES Carlos Afonso Nobre Diretor de Educação a Distância da CAPES Jean Marc Georges Mutzig Governador do Estado do Ceará Camilo Sobreira de Santana Reitor da Universidade Estadual do Ceará José Jackson Coelho Sampaio Vice-Reitor Hidelbrando dos Santos Soares Pró-Reitora de Graduação Marcília Chagas Barreto Coordenador da SATE e UAB/UECE Francisco Fábio Castelo Branco Coordenadora Adjunta UAB/UECE Eloísa Maia Vidal Direção do CCS/UECE Glaúcia Posso Lima Coordenadora da Licenciatura em Ciências Biológicas Germana Costa Paixão Coordenadora de Tutoria e Docência em Ciências Biológicas Roselita Maria de Souza Mendes Editor da EdUECE Erasmo Miessa Ruiz Coordenadora Editorial Rocylânia Isidio de Oliveira Projeto Gráfico e Capa Roberto Santos Diagramador Marcus Lafaiete da Silva Melo Revisora Ortográfica Ana Cristina Callado Magno Conselho Editorial Antônio Luciano Pontes Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes Emanuel Ângelo da Rocha Fragoso Francisco Horácio da Silva Frota Francisco Josênio Camelo Parente Gisafran Nazareno Mota Jucá José Ferreira Nunes Liduina Farias Almeida da Costa Lucili Grangeiro Cortez Luiz Cruz Lima Manfredo Ramos Marcelo Gurgel Carlos da Silva Marcony Silva Cunha Maria do Socorro Ferreira Osterne Maria Salete Bessa Jorge Silvia Maria Nóbrega-Therrien Conselho Consultivo Antônio Torres Montenegro (UFPE) Eliane P. Zamith Brito (FGV) Homero Santiago (USP) Ieda Maria Alves (USP) Manuel Domingos Neto (UFF) Maria do Socorro Silva Aragão (UFC) Maria Lírida Callou de Araújo e Mendonça (UNIFOR) Pierre Salama (Universidade de Paris VIII) Romeu Gomes (FIOCRUZ) Túlio Batista Franco (UFF) Editora Filiada à L935m Lucena, Eliseu Marlônio Pereira de. Morfologia e anatomia de espermatófitas / Lucena, Eliseu Marlônio Pereira, Medeiros, Jeanne Barros Leal de Pontes, Mendes, Roselita Maria de Souza. 1. ed. Reimpressão – Fortaleza : EdUECE, 2015. 175 p. ; il. ISBN: 978-85-7826-358-4 1. Morfologia. 2. Anatomia de espermatófitas. I. Me- deiros, Jeanne Barros Leal de Pontes. II. Mendes, Roselita Maria de Souza. III. Título. CDD: 410 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Thelma Marylanda Silva de Melo – CRB-3 / 623 Bibliotecária Sumário Apresentação ..................................................................................................... 5 Parte 1 – Caracterização Geral das Fanerógamas ....................................... 9 Capítulo 1 – Gimnospermas .......................................................................... 11 1. Histórico evolutivo ............................................................................... 11 2. Dependência da água na fecundação ................................................15 3. Gimnospermas atuais .........................................................................17 Capítulo 2 – Angiospermas ............................................................................23 1. Filo Anthophyta ...................................................................................23 2. Diversidade das angiospermas ...........................................................23 3. Classes das angiospermas .................................................................24 4. Diferenciação das angiospermas ........................................................26 5. Evolução das plantas ..........................................................................27 6. Relações filogenéticas das embriófitas ...............................................28 Parte 2 – Morfologia Vegetativa .....................................................................35 Capítulo 3 – Morfologia da raiz ......................................................................37 1. Generalidades .....................................................................................37 2. Morfologia ............................................................................................38 3. Origem .................................................................................................39 4. Habitat .................................................................................................39 5. Adaptações .........................................................................................42 Capítulo 4 – Morfologia do caule ..................................................................43 1. Generalidades .....................................................................................43 2. Morfologia ............................................................................................43 3. Classificação .......................................................................................44 4. Adaptações .........................................................................................50 Capítulo 5 – Morfologia da folha ...................................................................51 1. Generalidades .....................................................................................51 2. Morfologia ............................................................................................51 3. Nomenclatura geral .............................................................................52 4. Faces dos limbos ................................................................................53 5. Nervação .............................................................................................53 6. Consistência .......................................................................................54 7. Superfície ............................................................................................558. Forma do limbo ...................................................................................55 9. Bordo do limbo ....................................................................................57 10. Base do limbo ....................................................................................59 11. Divisão do limbo ................................................................................61 12. Filotaxia .............................................................................................62 13. Folhas reduzidas ...............................................................................63 14. Folhas modificadas ...........................................................................65 Parte 3 – Morfologia Reprodutiva .................................................................73 Capítulo 6 – Morfologia da flor ......................................................................75 1. Generalidades .....................................................................................75 2. Morfologia ............................................................................................75 3. Nomenclatura floral .............................................................................76 4. Brácteas ..............................................................................................80 5. Cálice ..................................................................................................81 6. Corola ..................................................................................................83 7. Androceu .............................................................................................87 8. Estames ..............................................................................................90 9. Antera ..................................................................................................91 10. Pólen .................................................................................................93 11. Gineceu .............................................................................................94 12. Estilete ...............................................................................................96 13. Estigma .............................................................................................96 14. Ovário ................................................................................................97 15. Óvulo .................................................................................................98 16. Placentação ....................................................................................100 17. Inflorescência ..................................................................................101 18. Prefloração ou estivação ................................................................106 19. Diagrama e fórmula floral ................................................................107 Capítulo 7 – Morfologia da semente ...........................................................108 1. Introdução .........................................................................................108 2. Formação ..........................................................................................108 3. Estrutura e funções ........................................................................... 112 4. Tipos de germinação ......................................................................... 116 Capítulo 8 – Morfologia do fruto .................................................................118 1. Aspectos fisiológicos do desenvolvimento do fruto ........................... 119 2. Frutos ................................................................................................124 3. Pseudofrutos .....................................................................................126 4. Frutos sem sementes ........................................................................126 5. Importância econômica .....................................................................127 Parte 4 – Ciclo de Vida e Reprodução das Fanerógamas ......................139 Capítulo 9 – Ciclo de vida das fanerógamas ............................................141 1. Generalidades ...................................................................................141 2. Gimnospermas ..................................................................................141 3. Angiospermas ....................................................................................144 Capítulo 10 – Reprodução das fanerógamas ...........................................146 1. Generalidades ...................................................................................146 2. Reprodução sexuada ........................................................................146 3. Reprodução assexuada ....................................................................149 4. Técnicas de reprodução assexuada .................................................150 Parte 5 – Fundamentos de Anatomia .........................................................157 Capítulo 11 – Meristemas e tecidos ............................................................159 1. Meristemas ........................................................................................159 2. Tecidos ..............................................................................................161 Capítulo 12 – Anatomia dos órgãos vegetais ...........................................164 1. Folha .................................................................................................165 2. Caule .................................................................................................166 3. Raiz ...................................................................................................167 Dados dos autores ........................................................................................175 Apresentação A educação à distância apesar de já existir a muitos anos, apenas agora che- ga num certo grau de maturidade no Brasil, pois, é reconhecida e incentivada pelo Governo Federal, ampliando o leque de oportunidades e inclusão social neste país. O presente livro faz parte do material didático da disciplina Morfologia e Anatomia de Espermatófitas, no qual de forma sintética e objetiva tentamos abordar os assuntos trazendo o alunado para a sua realidade regional. Na primeira unidade, o discente vai estudar a caracterização geral das fanerógamas, onde o surgimento da semente foi um divisor de águas, pois possibilitou que o homem deixasse de ser nômade para ser agricultor, bem como, a eliminação da necessidade de água para a fecundação. Já na segunda unidade, serão apresentadas a morfologia das raízes, caules e folhas, os sistemas de classificação para estes órgãos vegetativos e suas adaptações ao ambiente. A terceira unidade está composta da identificação das partes das flores, sementes e frutos, assim como, da diferenciação dos seus diversos tipos, a cro- nologia de formação das sementes e dos frutos e sua importância econômica. Para a quarta unidade será demonstrado os ciclos de vida das faneró- gamas e os métodos de reprodução sexuados e assexuados, além de estu- darmos as técnicas de reprodução assexuada. Finalmente, na quinta unidade o aluno irá aprender como identificar os meristemas e os tecidos vegetais, compreender a organização interna da fo- lha, do caule e da raiz e correlacionar as diferenças anatômicas entre os ór- gãos e espécies com as adaptações das plantas ao seu habitat. Os autores Caracterização Geral das Fanerógamas Capítulo 1Capítulo 1Parte 1 1Capítulo Gimnospermas Objetivos l Caracterizar as gimnospermas e observar as diferenças entre os seus di- versos filos. l Realizar a diferenciação morfológica e anatômica das duas classes que compõem as angiospermas, Monocotyledonae e Eudicotyledonae. 1. Histórico evolutivoO surgimento da semente foi um divisor de águas, pois possibilitou que o homem deixasse de ser nômade para ser agricultor. Todas as plantas com sementes possuem macrófilos e para a formação das sementes necessitam atender os seguintes pré-requisitos: heterosporia, retenção do único megás- poro, desenvolvimento do embrião ou do esporófito jovem dentro do megaga- metófito e tegumentos. Todas as sementes consistem de embrião, alimento armazenado e um envoltório derivado do tegumento. Nas gimnospermas, a reserva armazenada é o próprio gametófito feminino haploide. As estruturas semelhantes a sementes mais antigas ocorreram em es- tratos do final do período Devoniano, cerca de 365 milhões de anos atrás (Fi- gura 1.1 e Tabela 1.1). Os prováveis ancestrais das gimnospermas e das an- giospermas são as progimnospermas, um grupo extinto de plantas vasculares sem sementes do Paleozoico. Entre os principais grupos extintos de gimnos- permas estão as Pteridospemales (Figura 1.2), um grupo diverso e artificial, e as Bennettitales ou cicacoídeas, que possuem folhas semelhantes às das cicadófitas, mas estruturas reprodutivas muito diferentes. 12 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. A B C Figura 1.1. (a) Reconstrução de um ramo fértil de Archaeosperma arnoldii, do De- voniano Superior, mostrando quatro óvulos. As cúpulas, que envolvem parcialmente os óvulos, são arranjados aos pares, cada uma contendo dois óvulos com a forma de frascos, com cerca de 4 milímetros de comprimento. O ápice de cada tegumento era lobado. (b) Diagrama do óvulo, mostrando a posição de uma tétrade de megásporos. Os três megásporos abortados encontram-se no topo do megásporo funcional. Os lobos do tegumento formam uma micrópila rudimentar. Os pontos de interrogação indicam a suposta posição da nucela. (c) Um megásporo. Este fóssil, da Pensilvânia, é a mais antiga estrutura semelhante a uma semente - cerca de 365 milhões de anos de idade (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001). 13Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Tabela 1 Eras geológicas Era* Período* Época* Formas de Vida Clima e maiores Eventos Físicos CENOZOICO (65) Quaternário (2) Recente (0,01) Pleistoceno (2) Era dos seres humanos. Extinção de muitos dos grandes mamíferose aves. Flutuação de frio suave. Mais de duas dúzias de glaciações avan- çam e retraem; soerguimento final de muitas cadeias de montanhas. Terciário (65) Plioceno (5,1) Aridez, formação de deser- tos; diversificação climáti- ca. Primeira ocorrência de humanoides. Mais frio. Muito soerguimento e constituição de montanhas; grande expansão de glaciação no Hemisfério Norte. Soerguimento do Panamá, unindo as Américas do Norte e do Sul. Miloceno (24,6) Expansão dos campos à medida que as florestas se contraem. Animais pastado- res, macacos. Moderado. Glaciação extensiva começa novamente no Hemisfério Sul. Oligoceno (38) Mamíferos pastadores, primatas parecidos com macacos; muitos gêneros modernos de plantas evoluem. Surgimento dos Alpes e Himalaia. A América do Sul se separa da Antártica. Vulcões nas montanhas rochosas. Eoceno (54,9) Radiação extensiva de ma- míferos e aves; formação inicial dos campos. Suave a muito tropical. A Austrália se separa da Antártida; a Índia colide com a Ásia. Paleoceno (65) Primeiros mamíferos insetívoros e primatas. Ameno a frio. Em grande parte, mares continentais largos e rasos desaparecem. MESOZOICO (248) Cretáceo (144) As angiospermas e muitos grupos de insetos apare- cem e tornam-se domi- nantes. Era dos répteis. Extinção dos dinossauros no final do período. Clima tropical a subtropical em toda a parte. A África e a América do Sul se separam. Jurássico (213) Gimnospermas, especial- mente Cycadales. Aparecimento dos pás- saros. Suave. Continentes baixos com grandes áreas cobertas por mares. Triássico (248) Florestas, gimnospermas e pteridófitas. Primeiros dinossauros e mamíferos. Continentes montanhosos, ligados em um supercontinente. Grandes áreas áridas. 14 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Era* Período* Época Formas de vida Clima e maiores Eventos Físicos PALEOZOICO (590) Permiano (286) Origem das coníferas, Cycadales e ginkgos; primeiros tipos de florestas desapareceram. Diversifi- cação dos répteis. Glaciação extensiva no Hemisfério Sul. Surgimento dos Apalaches. Aridez por todo o globo. Carbonífero (360) Pensilvaniano (320) Missipiano (360) Anfíbios aparecem na terra, florestas aparecem e tornam-se dominantes. Origem dos insetos e dos répteis. Era dos anfíbios. Quente, com pouca variação sazonal; terras baixas, pantano- sas, com formação de depósitos de carvão. Devoniano (408) Era dos peixes. Surgimento das plantas terrestres; extinção das plantas vasculares primitivas. Mar cobrindo a maioria da terra, com montanhas locais. Siluriano (438) O período se inicia com um importante evento de extinção. Primeiros fósseis vegetais. Primeiros peixes mandibulados Suave. Continentes geralmente planos. Ordoviciano (505) O período se inicia com o primeiro grande evento de extinção. Fósseis mais antigos de crustáceos. Diversificação dos moluscos. Possível época de invasão da terra pelas plantas. Primeiros fungos. Suave. Mares rasos, continentes geralmente planos; os mares cobrem boa parte do atual territó- rio dos Estados Unidos. Cambriano (590) Evolução do exoesqueleto em animais. Evolução ex- plosiva de filos e divisões. Evolução dos cordados. Suave. Extensos mares cobrindo os continentes atuais. PRÉ-CAMBRIANO (4500) Origem da vida (pelo menos 3,5 bilhõesde anos atrás). Origem dos eucariontes, pelo menos 1,5 bilhão de anos atrás. Animais multicelulares há mais ou menos 700 milhões de anos. Formação da crosta terrestre e começo do movimento dos continentes. *Um número seguido o nome da divisão do tempo geológico indica a era (em milhões de anos atrás) na qual ela se iniciou. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). 15Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Figura 1.2. Pteridospermales do carbonífero, Medullosa noei. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). 2. Dependência da água na fecundação Os óvulos (megasporângio mais tegumento) são expostos sobre a superfí- cie de megasporófilos ou estruturas análogas. Na maturidade, o gametófito feminino da maioria das gimnospermas é uma estrutura multicelular com vá- rios arquegônios. Os gametófitos masculinos desenvolvem-se no interior dos grãos de pólen. Os anterídios estão ausentes em todas as plantas com se- mentes. Nas gimnospermas, os gametas masculinos aparecem diretamente das células espermatógenas. Exceto nas cicadáceas (Figura 1.3) e Ginkgo (Figura 1.4), que apresentam gametas flagelados (anterozoides), os gametas das plantas com sementes são imóveis. Figura 1.3. Fecundação das Cycas. Fonte: Silva Júnior e Sasson (1995). 16 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. (a) (b) Figura 1.4. Desenvolvimento do gametófito de Ginkgo biloba. (a) No início de seu desenvolvimneto, o tubo polínico cresce em seu ápice e começa a formar o que se tornará uma estrutura haustorial altamente ramificada. O tubo polínico em G. biloba cresce intercelularmente no nucelo. (b) No final do desenvolvimento, a extremidade basal do tubo polínico dilata-se, formando uma estrutura saculiforme que contém os dois gametas masculinos multiflagelados. Subsequentemente, a extremidade basal do tubo polínico rompe-se, liberando os dois gametas masculinos (anterozoides), que então nadam em direção às oosferas contidas nos arquegônios do gametófito femini- no. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). Nas plantas com sementes, a água não é mais necessária para for- necer condições aos gametas de alcançarem a oosfera; ao invés disso, os gametas são conduzidos para as oosferas por uma combinação de poliniza- ção e formação do tubo polínico (Figura1.5). A polinização nas plantas com sementes é a transferência do pólen do microsporângio para o megasporân- gio. Subsequentemente, um gameta do gametófito masculino (grão de pó- len germinado) se une com a oosfera, que na maioria das gimnospermas é localizada no arquegônio. O segundo gameta aparentemente não é funcional (exceto talvez em Ephedra) e desintegra. Após a fecundação nas plantas com sementes, cada óvulo se desenvolve em uma semente. Figura 1.5. Fecundação em Pinus. Fonte: Silva Júnior e Sasson (1995). 17Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 3. Gimnospermas atuais Embora existam apenas cerca de 840 espécies de gimnospermas atuais, comparadas a pelo menos 300.000 espécies de angiospermas, determinadas espécies de gimnospermas são frequentemente dominantes em áreas muito amplas, tais como, as taigas, extensas florestas temperadas do hemisfério norte ou a mata das araucárias na Região Sul do país, onde predomina o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). O nome gimnosperma (do grego, gymnos, nu; sperma, semente), literal- mente, significa ‘semente nua’, se referindo à presença de óvulos e sementes expostos na superfície dos esporófilos ou de estruturas análogas. São plantas que não dependem da água para reprodução, no entanto, as gimnospermas inferiores (Cycadophyta e Ginkgophyta) necessitam de um líquido secretado pelo óvulo para que os dois gametas masculinos (anterozoides) nadem em direção às oosferas contidas nos arquegônios do gametófito feminino. Há quatro filos de gimnospermas com representantes atuais: Cycado- phyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta (Tabela 1.2.). Tabela 2 Principais características dos filos das gimnospermas Filo Gênero ou Gêneros Representativos Tipos de elementos traqueias Produz game- tas masculinos móveis? O tubo polínico é um real transportador de gametas masculinos? Tipo de folhas produzidas Outras características Cycadophyta (cicadófitas) Cycas e Zamia Traqueídes Sim Não Semelhantes às palmeiras Estróbilos ovulados e microsporangia- dos simples em plantas distintas Ginkgophyta (ginkgo) Ginkgo Traqueídes Sim Não Semelhante a uma ventarola Óvulos e microsporângios em plantas distinatas; sementes com envoltório carnoso Coniferophyta (coníferas) Abies, Araucaria, Picea, Pinus e Tsuga Traqueídes Não Sim Em sua maioria, escamiformes ou se- melhantes a agulhas (aciculares) Estróbilos ovulados e microsporân- giados na mesma planta; estróbilos ovulados compostos; acículas de Pinus em fascículos Gnetophyta (gnetófitas) Ephedra, Gnetum e Welwitschia Traqueídes e elementos de vasos Não Sim Ephedra: folhas pequenas e escami- formes; Gnetum: folhas relativamente largas, coriáceas e arranja- das aos pares; Welwitschia: duas folhas enormes, em forma de fitas Estróbilos ovulados e microsporangia- dos compostos; dispostos em plantas distintas, exceto em algumas espécies de Ephedra; apresentam várias características semelhantes às de angiospermas; folhas com distribuição oposta,aos pares Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). 18 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. 2.1. Filo Cycadophyta Constitui-se de plantas semelhantes a palmeiras e são encontradas princi- palmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Consistem em 11 gêneros e 140 espécies. São ditos fósseis vivos devido à pequena diferença morfoanatômica existente entre os fósseis deste filo e as cicadáceas atuais. A maior parte das cicadáceas possui um porte mediano e algumas che- gam a atingir 18 m de altura. Muitas possuem um tronco bem constituído, que é densamente coberto por bases persistentes de antigas folhas caídas. As folhas funcionais agregam-se na ponta do caule, dando à planta um aspecto semelhante ao das palmeiras. Essas plantas apresentam crescimento secundário verdadeiro, embora lento, originado a partir de um câmbio vascular (Figura 1.6.). Figura 1.6. Crescimento secundário em Cycadaceae feminina. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). As estruturas reprodutivas aqui são folhas reduzidas com esporângios, os quais se agregam formando um estróbilo junto ao ápice e têm sementes expos- tas em estruturas semelhantes a pinhas, que se formam no ápice (Figura 1.7.). (a) (b) Figura 1.7. Cycadaceae com estróbilo masculino (a) e feminino (b). Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Gametófito é um organismo ou parte de um organismo de uma planta, que tem por função produzir células sexuadas reprodutivas. 19Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 2.2. Filo Ginkgophyta Ginkgo biloba é o único sobrevivente atual dessa linha evolutiva. É uma espé- cie quase extinta na natureza, entretanto, como é bastante resistente à polui- ção do ar, é comum seu cultivo em cidades (Figura 1.8). Figura 1.8. Ginkgo biloba. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). A folha do G. biloba é facilmente identificada por ter forma de leque (fla- belada), possuindo um padrão de nervura que se ramifica dicotomicamente, além de ser decídua (Figura 1.9). Figura 1.9. Folha flabelada de Ginkgo biloba. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Essa espécie tem óvulos e microsporângios em diferentes indivíduos. Os óvulos apresentam-se em pares na extremidade de pequenos pedúnculos e amadurecem somente no outono. Os microsporângios são unidos em estru- turas estrobiliformes, cada um dos quais conduz dois microsporângios. 2.3. Filo Coniferophyta Constitui o maior e mais significativo filo das gimnospermas atuais, com cerca de 70 gêneros e 630 espécies. A esse filo pertence, por exemplo, a mais alta Originárias da Ásia, as árvores de Ginkgo biloba apresentam folhas caducas e atingem de 20 a 35 metros de altura (alguns exemplares na China, chegam a atingir de 40 a 50 m), sendo que seu tronco pode medir 4 metros de diâmetro. As folhas se assemelham a um pequeno leque cheio de nervuras, lembrando um pouco as folhas do trevo. No Brasil é conhecida popularmente como nogueira-do-japão. 20 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. das plantas vasculares, a Sequoia sempervirens, a Araucaria angustifolia, o pinheiro brasileiro e os pinheiros do gênero Pinus (Figura 1.10). (a) (b) (c) Figura 1.10. Sequoia sempervirens (a), Araucaria angustifolia (b) e Pinus palus- tris (c). Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007) e Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Os pinheiros, representantes mais conhecidos desse filo, se caracte- rizam por uma disposição das folhas que é exclusiva em coníferas, sendo conspícuas e aciculares, ajustadas para a sobrevivência em condições ári- das, pois possuem uma epiderme revestida de uma cutícula grossa, debaixo da qual se encontram uma ou mais camadas de células espessas, a hipoder- me. Os estômatos, por sua vez, estão mergulhados abaixo da superfície da folha. O mesófilo é compacto e atravessado por grandes canais de resina e há uma ou duas nervuras no centro da folha. Os megasporângios e microsporângios nas coníferas apresentam-se em cones separados na mesma planta, sendo os cones femininos (megas- tróbilos) maiores e mais complexos que os masculinos (microstróbilos). As pinhas ou cones femininos são estruturas especializadas portadoras de se- mentes, exclusivas das coníferas, como abetos, cedros, pinheiros, ciprestes e píceas. As sementes são formadas dentro das pinhas. No pinheiro, o desen- volvimento pode durar até três anos. Pouco depois da maturação, as escamas protetoras abrem-se e liberam as sementes, as quais quando comestíveis são conhecidas por pinhão (Figura 1.11). (a) (b) (c) Figura 1.11. Cone feminino: (a) fechado; (b) aberto; (c) aberto e fechado. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Estróbilo ou cone é a estrutura reprodutiva das gimnospermas, tal como o pinheiro do Paraná, sendo composta de brácteas ou escamas e óvulos, ambos inseridos em torno de um eixo central. 21Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 2.4. Filo Gnetophyta Esse filo é composto por cerca de 70 espécies que consistem de 3 gêneros:Gnetum, Ephedra e Welwitschia. Estes gêneros são os mais relacionados às angiospermas (filo Anthophyta), com as quais partilham muitas características. O gênero Gnetum, com cerca de 30 espécies, constitui-se de trepadei- ras e árvores tropicais dotadas de grandes folhas coriáceas. Pode ser encon- trado ao longo dos trópicos úmidos (Figura 1.12). (a) (b) (c) Figura 1.12. Inflorescências megasporangiadas (a), microsporangiadas (b), sementes carnosas e folhas (c) de Gnetum. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). O gênero Ephedra, com cerca de 35 espécies, é representado por ar- bustos bastante ramificados, com pequenas folhas escamiformes e possuin- do caules aparentemente articulados, o que o assemelha superficialmente ao Equisetum (Figura 1.13). Figura 1.13. Ephedra. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). 22 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. O gênero Welwitschia é constituído por plantas que se conservam en- terradas no solo arenoso, permanecendo exposto um disco côncavo, maciço e lenhoso, o qual conduz folhas em forma de longas faixas, cujo crescimento é contínuo. Ocorre em áreas desertas do sudoeste da África (Figuras 1.14 e 1.15). (a) (b) Figura 1.14. Uma grande planta (a) e uma pequena planta (b) com estróbilos microsc- porangiados de Welwitschia mirabilis. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). (a) (b) Figura 1.15 Estróbilo masculino (a) e feminino (b) de Welwitschia mirabilis. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). Angiospermas 1. Filo Anthophyta Nas angiospermas surge uma estrutura própria para reprodução, a flor e uma estrutura que garante proteção e dispersão à semente, o fruto. As angiospermas representam a maior parte das plantas atuais do mun- do visível, as quais constituem o filo Anthophyta, o qual inclui pelo menos 290.000 espécies e possivelmente cerca de 450.000 espécies, sendo assim, de longe, o maior filo de organismos fotossintetizantes. As plantas com flores lembram as gimnospermas em seus aspectos reprodutivos essenciais, mas diferem em vários aspectos fundamentais. Nas sementes das angiospermas, por exemplo, o alimento armazenado é prove- niente de um tecido triploide exclusivo, chamado endosperma. Os óvulos são envolvidos pelos megasporófilos (carpelos). A característica reprodutiva dis- tintiva das angiospermas, a flor, é caracterizada pela presença dos carpelos. Há, nesse grupo, os três sistemas de tecidos (dérmico, vascular e pa- renquimatoso) presente em todos os órgãos da planta. Observamos também crescimento primário e secundário de caules e raízes. Os tecidos vasculares primários (xilema e floema primários), o rastro fo- liar e a medula, se presentes, constituem o chamado cilindro central ou estelo, seja na raiz ou no caule. Três tipos básicos de estelo podem ser reconhecidos: protostelo, no qual observamos uma coluna central sólida de tecido xilemáti- co, circundado pelo floema e sem medula; sifonostelo, no qual há uma colu- na central de tecido parenquimatoso, a medula, onde os tecidos vasculares arrumam-se de maneira aleatória em torno da medula; e eustelo, constituído por um sistema de feixes isolados em torno de uma medula. 2. Diversidade das angiospermas As características vegetativas das angiopermas são muito diversas. Elas va- riam em tamanho desde espécies de Eucalyptus com mais de 100 m de altura e 20 de circunferência (Figura 2.1), até algumas monocotiledôneas flutuantes 2Capítulo 24 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. e simples, a Wolffia que medem até 1 mm de comprimento (Figura 2.2). Figura 2.1. Um eucalipto gigante (Eucalyptus jacksonii) crescendo no Vale dos Gi- gantes, no sudoeste da Austrália. Note o homem em pé na base queimada dessa enorme angiosperma. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). (a) (b) (c) Figura 2.2. As plantas da família Lemnaceae são as menores plantas com flores. (a) Uma abelha pousada sobre uma camada flutuante formada por três espécies de Lemnaceae. As plantas maiores são Lemna gibba, tem cerca de 2 a 3 mm de com- primento; as menores são duas espécies de Wolffia, de até 1 mm de comprimento. (b) Uma planta de Wolffia borealis com um estigma (parecendo uma pequena “ros- quinha”) e uma antera minúscula logo acima dele. Ambas as estruturas emergindo de uma cavidade central. A planta inteira tem menos de 1 mm. (c) Planta florida de L. gibba; dois estames e um estilete saindo de uma cavidade na superfície superior da folha. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). 3. Classes das angiospermas O filo Anthophyta inclui duas classes: Monocotyledonae (Arecaceae (Palmae), Musaceae, Poaceae (Gramineae), Liliaceae, Bromeliaceae, Agavaceae, Or- chidaceae e outras), com cerca de 90.000 espécies (Figuras 2.3 e 2.4), e Eudicotyledonae (Anacardiaceae, Cactaceae, Fabaceae (Leguminosae), Big- noniaceae, Brassicaceae (Cruciferae), Rosaceae, Rutaceae, Malvaceae, Myr- taceae e outras), com cerca de 200.000 espécies (Figura 2.5 e 2.6). 25Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas (a) (b) (c) Figura 2.3. Monocotiledôneas. (a) Um membro da família das palmeiras, o coquei- ro (Cocos nucifera), crescendo em Tehuantepec, Oaxaca, México. Um coco é uma drupa, não uma noz. (b) Flores e frutos de uma bananeira (Musa paradisia- ca). A flor da banana tem ovário ínfero e o ápice de fruto tem cicatrizes deixadas pela queda das partes florais. (c) O arroz (Oryza sativa) é um membro da família das gramíneas. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). (a) (b) Figura 2.4. (a) Uma flor de lírio (Lilium longiflorum) ilustra a separação física entre o estigma e as anteras, que é característica de muitas plantas. (b) Uma flor de Orquídea (Orchidaceae). Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). Figura 2.5 Cajueiro (Anacardium occidentale L.). 26 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. (a) (b) (c) Figura 2.6. Eudicotiledôneas. (a) Nenúfar (Nymphaea odorata). A flor bastante odo- rífera desta espécie possui numerosas pétalas e estames, sendo regular, isto é, com simetria actinomorfa. O gênero Nymphaea é amplamente distribuído nas regiões tro- picais e temperadas de todo o mundo. (b) Cacto saguaro (Carnegiea gigantea). Os cactos, com cerda de 2.000 espécies, são encontrados quase que exclusivamente no Novo Mundo. Os caules suculentos, que armazenam água e possuem cloroplastos, assumiram a função fotossintética das folhas. (c) Hepatica americana (Ranuncula- ceae), que floresce em florestas deciduas (nos EUA) no começo da primavera. As flores não têm pétalas, mas possuem de 6 a 10 sépalas e numerosos estames e carpelos dispostos espiraladamente. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2007). 4. Diferenciação das angiospermas Sendo as angiospermas o grupo com maior número de espécies, é impor- tante a diferenciação morfológica e anatômica de suas duas classes, Mono- cotyledonae e Eudicotyledonae, a fim de identificarmos as espécies que os compõem. As semelhanças entre estes dois grupos são bem maiores que as di- ferenças; apesar disto, as duas classes são claramente reconhecíveis. As monocotiledôneas incluem plantas familiares como as gramíneas, lírios, iris, antúrios e palmeiras. As eudicotiledôneas incluem quase todas as árvores e arbustos conhecidos (exceto as gimnospermas) e a maioria das ervas (plan- tas não lenhosas). Existem diferenças marcantes entre a morfologia e anatomia das Mono- cotyledonae (monocotiledôneas) e Eudicotyledonae (eudicotiledôneas) com relação às nervuras foliares, à quantidade de cotilédones na semente, à quan- tidade de pétalas na flor, à formação da raiz, à disposição do sistema vascu- lar, morfologia do pólen, crescimento secundário, tipos de frutos e caule. As características principais das monocotiledôneas e das eudicotiledôneas estão indicadas no Quadro 2.1. 27Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Quadro 1 Principais diferenças entre monocotiledôneas e eudicotiledôneas (dicotiledôneas) Fonte: Lopes (1994). 5. Evolução das plantas Durante a evolução das plantas houve uma redução na geraçãogametofítica e no tamanho do gametófito, bem como, aumento na geração esporofítica e no tamanho do esporófito, conforme está ilustrado na Figura 2.7. 28 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Figura 2.7. Evolução das plantas. Fonte: Lopes (1994). 6. Relações filogenéticas das embriófitas Evidências acumuladas durante décadas sugerem que as plantas com se- mentes desenvolveram-se a partir de progimnospermas, indicando ter sido estas o ancestral comum a todas as plantas com sementes (Figura 2.8). No entanto, muitos problemas ainda permanecem para serem resolvidos no de- senvolvimento de um entendimento mais detalhado do início da evolução das plantas com sementes. Figura 2.8. Relações filogenéticas entre os principais grupos de embriófitas (organis- mos com embriões multicelulares). As embriófitas, as plantas vasculares, as plantas com sementes e as angiospermas são grupos monofiléticos, enquanto as briófitas, as pteridófitas (plantas vasculares sem sementes), as progimnospermas e as gimnosper- mas são grupos parafiléticos. Fonte: Raven; Evert; Eichhorn (2001). Grupo Monofilético refere- se a um conjunto de espécies que compartilham um ancestral comum. Também é usado para denominar um grupo que contém todos os descendentes de um ancestral comum. Grupo Parafilético é o termo utilizado para caracterizar um grupo cujo ancestral comum mais próximo não é só do grupo, mas também de outros. 29Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Síntese da Parte As fanerógamas compreendem as gimnospermas e angiospermas. As gim- nospermas possuem quatro filos: Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta. A semente desenvolve-se a partir de um óvulo. As plantas com sementes muito provavelmente originaram-se das progimnospermas. A poli- nização e a formação do tubo polínico eliminam a necessidade de água para o gameta masculino alcançar a oosfera nas gimnospermas superiores (Coni- ferophyta e Gnetophyta). Por outro lado, as angiospermas possuem apenas um filo, Anthophyta, o qual é composto de duas classes: Monocotyledonae (com pelo menos 90.000 espécies) e Eudicotyledonae (com cerca de 200.000 espécies). Existem diferenças marcantes entre a morfologia e anatomia das Monocotyledonae (monocotiledôneas) e Eudicotyledonae (eudicotiledôneas). Durante a evolução das plantas (briófitas, pteridófitas, gimnospermas e an- giospermas) há uma redução na geração gametofítica e aumento na geração esporofítica. As embriófitas, as plantas vasculares, as plantas com sementes e as angiospermas são grupos monofiléticos, enquanto as briófitas, as pteridó- fitas, as progimnospermas e as gimnospermas são grupos parafiléticos. Atividades de avaliação 1. O que significa o termo ‘semente nua’? 2. O que promoveu a total independência da água nas gimnospermas? 3. Descreva a formação do tubo polínico nas diferentes gimnospermas. 4. Descreva as adaptações das coníferas à seca e cite o tipo de seca a que se referem essas adaptações. 5. Porque a Araucaria angustifolia tem uma disposição morfológica da copa diferente das demais coníferas? 6. Denomine a figura apresentada abaixo, bem como, o nome e a função da estrutura indicada com a seta. 30 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 7. O que explica o grande sucesso adaptativo das angiospermas durante a evolução? 8. Uma espécie de angiosperma apresenta flores pentâmeras e folhas com nervuras do tipo reticulada. Identifique o grupo que apresenta as caracterís- ticas acima e indique as demais características típicas desta espécie. 9. Um grupo de vegetais tem como características a produção de flores com 12 pétalas, 12 sépalas e 12 estames. Porque, através desses dados, não é possível determinar se esse grupo de vegetais pertence à classe Mono- cotyledonae ou Eudicotyledonae? Indique as demais características que poderiam ajudar a sua identificação? Texto complementar Wollemia nobilis: uma araucária com uma longa historia Foi uma descoberta que deixou os botânicos boquiabertos. Uma planta que se julgava há muita extinta, pertencente a uma família botânica Araucariaceae com mais de 200 milhões de anos, foi descoberta em 1994 a pouco mais de 200 Km a oeste de Sydney, no Wollemi National Park. A espécie em causa é a Wollemia nobilis, uma árvore assim batizada por ter sido des- coberta no Wollemi National Park (Wollemia) por David Noble (nobilis), um funcionário do Serviço de Parques australiano (The National Parks and Wildlife Service - NPWS). Esta árvore, como referi anteriormente, é uma conífera da família das araucárias (Araucariaceae), como a nossa bem conhecida araucária-de-norfolk (Araucaria hete- rophylla (Salisb.) Franco), existindo apenas aproximadamente 100 exemplares no seu habitat natural. Os fósseis mais antigos desta espécie terão uma idade aproximada de 90 milhões de anos. Mas o motivo que me leva a escrever este texto foi a (re) descoberta de um artigo do jornal Público de 14 de Março de 2007. Nesse artigo é mencionado que o único exem- plar desta espécie na Península Ibérica se encontra no Museu Botânico da Escola Su- 31Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas perior Agrária de Beja, tendo sido adquirido, com o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, num leilão em Outubro de 2005 em Sydney. Wollemia nobilis, Museu Botânico da Escola Superior Agrária de Beja. Fonte: Vera Ferreira (2007). Este artigo do Público estava esquecido num dos meus livros de árvores e dele só me re- cordei por culpa da leitora Vera Ferreira, que teve a amabilidade de me enviar um relato e umas fotografias da sua visita ao Museu Botânico da Escola Superior Agrária de Beja. Com a sua autorização, publico as fotografias da “nossa” Wollemia, um bom motivo para os amantes de árvores e da botânica, em geral, visitarem este museu da cidade de Beja. Wollemia no seu habitat natural (Wollemi National Park - Blue Mountains, Austrália). Fonte: http://www. wollemipine.com/photo_gal.php. Fonte: http://sombra-verde.blogspot.com/2007/10/wollemia-nobilis-uma-araucaria-com-uma.html. Febre do feno A febre do feno (rinite alérgica) envolve uma reação alérgica ao pólen. Uma reação virtualmente idêntica ocorre na alergia a mofo, a caspa animal, poeira e alérgenos similares inalados. Os pólens que provocam a febre do feno variam de pessoa para pessoa e de região para região. Os pólens carregados pelas abelhas de uma planta para outra raramente são responsáveis por essa febre, pois os grãos são grandes e possuem um revestimento seroso. Os pólens carregados pelo vento são menores e 32 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. quase sempre causam a doença. Os exemplos de plantas geralmente responsáveis pela febre do feno são: • árvores (decadentes ou sempre-vivas); • pastagens; • a maioria das flores; • a erva-de-Santiago. Além da sensibilidade individual e da prevalência de plantas regionais, a quantidade de pólen no ar pode ser um fator nos casos de manifestação da febre do feno. Os dias quentes, secos e com muito vento têm mais probabilidade de concentrar pólens no ar que os dias frios, úmidos e chuvosos, quando o pólen vai para o solo. Quando um alérgeno, como o pólen, entra no organismo de uma pessoa com sistema imune sensibilizado, ele desencadeia a produção de anticorpos. Os tecidos corpo- rais liberam histamina e outras substâncias químicas, como parte da resposta imune, e isso provoca coceira, inchaço dos tecidos afetados, produção de muco, espasmos musculares e outros sintomas. As alergias estão associadas a muitos distúrbios como o eczema, a asma e muitos outros, podendo desencadear ou mesmo piorar essas doenças. As alergias são muito comuns. Hereditariedade, condições ambientais, número e tipo de exposições, fatores emocionais (o estresse e os distúrbios emocionais podem au- mentar a sensibilidade do sistema imune), e vários outros fatores podem indicar uma predisposição às alergias. Fonte: http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/000813.htm.@ Leituras Gimnospermas e angiospermas RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p. Sites Ginkgo biloba http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A43ginkgo.htm. 33Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Referências LOPES, S. G. B. C. Bio volume único. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. 560 p. LUCENA, E. M. P.; LUCENA, F. L.; SAMPAIO, V. S. Manual prático de mor- fologia e anatomia de espermatófitas. Fortaleza: UECE, 2008. 102 p. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane Elizabeth Kraus et al. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 906 p. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Tradução Jane Elizabeth Kraus et al. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 830 p. SILVA JÚNIOR, C. SASSON, S. Biologia 2. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 448 p. Parte 2 Morfologia Vegetativa 3Capítulo Morfologia da raiz Objetivos l Reconhecer as partes de um sistema radicular e classificar os diferentes sistemas radiculares quanto à origem, ao habitat e adaptações. l Identificar as partes de um caule e classificar os diferentes tipos de caule quan- to ao habitat, ramificação, desenvolvimento, consistência, forma e adaptações. l Observar as partes constituintes da folha; identificar as características morfológi- cas das folhas simples, compostas e recompostas; classificar as folhas quanto à nomenclatura geral, face do limbo, nervação, consistência, superfície, forma, borda e base, ápice do limbo, bem como, a filotaxia dos ramos e adaptações. 1. Generalidades A primeira estrutura a emergir da semente em germinação é a radícula, possi- bilitando à plântula fixar-se no solo e absorver água. Raiz é um órgão, geralmente subterrâneo e com geotropismo positivo, que fixa a planta ao substrato, absorvendo daí a água e os minerais necessá- rios à vida. Além disso, pode ter ainda a função de condução de substância xilemática e floemática, de reserva nutritiva, e de aeração. Morfologicamente a raiz apresenta corpo não segmentado em nós e en- trenós; ausência de folhas e gemas; ausência de clorofila (geralmente), com exceção das orquídeas e aráceas; presença de caliptra, coifa e pelos radicu- lares; e apresenta crescimento subterminal. É relevante perceber que o sistema radicular de uma planta oferece importantes informações acerca do ambiente no qual ela se encontra, e da estratégia fisiológica utilizada por ela para obter água e nutrientes essenciais à sua sobrevivência. Essas informações são valiosas tanto economicamente para agricultura, quanto biologicamente, no campo das pesquisas. 2. Morfologia As porções da raiz são: coifa, uma região que reveste o cone vegetativo; zona lisa, com tecido meristemático; zona pilífera, com pelos absorventes; zona suberosa, região onde são formadas as raízes secundárias; e o colo, região Estatólitos são grãos de amido da coifa que indicariam a direção da gravidade. 38 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. de transição entre raiz e caule (Figura 3.1). Figura 3.1. Morfologia da raiz (Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio, 2008). A raiz principal tem origem a partir da radícula do embrião (Figura 3.2),que se distende por divisões e alongamentos celulares após a germina- ção. Enquanto que raízes secundárias têm origem endógena, a partir de te- cidos profundos, e as raízes laterais surgem a partir do periciclo, um tecido presente em plantas com crescimento secundário. Figura 3.2. Uma plântula de rabanete (Fonte: Raven; Evert; Eichhorn, 2007). Esse órgão apresenta uma ampla diversidade de adaptações relaciona- das às necessidades impostas pelo meio a que estão submetidas. 3. Origem As raízes quanto à origem podem ser normais ou adventícias. As normais são aquelas que se desenvolvem a partir da radícula, enquanto as adventícias não se originam da radícula do embrião ou da raiz principal por ela formada. 39Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 4. Habitat Quanto ao habitat, são classificadas como: aéreas, aquáticas e subterrâneas. 4.1. Aéreas Com relação às aéreas, todas são raízes adventícias e se classificam em: • Cinturas ou estranguladoras - abraçam outro vegetal estrangulando-o (Figura 3.3); • Grampiformes - tem a forma de grampo, fixando a planta a um suporte (Figura 3.4); • Respiratórias ou pneumatóforos - possuem aerênquima bastante desenvol- vido, além de pneumatódios em toda sua extensão (Figura 3.5); • Sugadoras - com órgãos de contato, apressórios, de cujo interior surgem haustórios, que servem para penetração no corpo da hospedeira (Figura 3.6); • Suportes - crescem em direção ao solo na busca de fornecer maior susten- tação ao vegetal (Figura 3.7); • Tabulares - com aspecto de tábuas perpendiculares ao solo (Figura 3.8). Figura 3.3. Raiz cintura. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 3.4. Raiz grampiforme em hera. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 3.5. Pneumatóforos. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 3.6. Raiz sugadora com haustório. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). As raízes sugadoras ocorrem em plantas parasitas. Por outro lado, os cipós são plantas que vivem sobre outras, apenas com a finalidade de utilizá-la como suporte, no entanto, alguns cipós podem estrangular as plantas em que vivem, neste caso são chamados de mata-paus (raízes estranguladoras). Raízes respiratórias são adaptadas a realização de trocas gasosas com o ambiente. Esse tipo de raiz é encontrado em plantas como a Avicena tomentosa, que vive no solo encharcado e pobre em gás oxigênio nos manguezais. As raízes principais dessa planta crescem rente à superfície do solo e, de espaço em espaço, apresentam pneumatóforos, que crescem para cima, perpendicularmente ao solo. Durante a maré vazante os pneumatóforos ficam expostos e pode realizar trocas de gases com o ar. 40 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Figura 3.7. Raiz suporte. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 3.8. Raiz tabular. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 4.2. Aquáticas Com relação às raízes aquáticas, são às que se desenvolvem na água (Figura 3.9). Figura 3.9. Raiz aquática. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 4.3. Subterrâneas Com relação às raízes subterrâneas, são classificadas como: • Fasciculada - está constituída por um feixe de raízes (Figura 3.10); • Axial ou pivotante - raiz principal bem desenvolvida (Figura 3.11); • Ramificada - a raiz principal logo se ramifica em secundárias (Figura 3.12); • Tuberosa - com acúmulo de reserva nutritiva (Figura 3.13). 41Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas Figura 3.10. Raiz fasciculada. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 3.11. Raiz pivotante. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 1.12. Raiz ramificada. Fonte:Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 1.13. Raiz tuberosa. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 5. Adaptações São modificações das raízes normais, muitas vezes como consequência das funções que exercem ou por causa da influência do meio físico. Como exemplo, podemos citar as raízes tuberosas e as raízes aéreas, já vistas neste capítulo. Tabular é a raiz que tem formato de chapa ou tábua. Adsorver é aderir à superfície. O aguapé é uma planta aquática flutuante que se desenvolve muito bem nas regiões de clima quente, no entanto, seu desenvolvimento é acelerado quando não existem limitações nutricionais, como é o caso das águas das lagoas e represas que são poluídas por esgoto urbano e alguns tipos de efluentes industriais. O sistema radicular do aguapé funciona como um filtro mecânico e retém (adsorve) material particulado (orgânico e mineral) existentes na água, e cria um ambiente rico em atividades de fungos e bactérias,passando a ser um agente de despoluição. 42 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Morfologia do caule 1. Generalidades O reconhecimento dos diversos tipos de caules é de notável importância para entendermos a arquitetu- ra da planta, visto que é o órgão de sustentação do vegetal que suporta folhas, flores e frutos em uma disposição tal qual que torne a fotossíntese mais eficiente, incremente a polinização e a formação de frutos, a fim de assegurar a perpetuação da espécie. Também é importante na classificação das es- pécies e no discernimento das funções que exercem ou do meio físico onde se encontram inserido, isto é, o ecossistema. O caule é o órgão que fornece sustentação as folhas, flores e frutos, sendo responsável pela dispo- sição funcional adequada desses; proporciona tam- bém a condução de seiva bruta e elaborada, além de poder armazenar água e nutrientes. 2. Morfologia Esse órgão tem sua origem endógena na gêmula do caulículo do embrião da semente e exógena a partir das gemas caulinares, sendo composto de: • Nó – região caulinar, em geral dilatada, donde saem as folhas; • Entre-nó ou meritalo – região caulinar entre dois nós consecutivos; • Gema terminal – situada no ápice, constituída por escamas, ponto vegetativo (região meristemática, 4Capítulo 44 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. de forma cônica) e primórdios foliares que o recobrem. Pode produzir ramo folhoso ou flor e promove o crescimento. Há gemas nuas, isto é, sem es- camas; • Gema lateral – de constituição semelhante à anterior e que pode produzir ramo folhoso ou flor. Situada na axila de folhas, chama-se também gema axilar. Mui- tas vezes, permanece dormente, isto é, não se desenvolve (Figura 4.1). 3. Classificação O caule pode ser classificado de diversas formas: quanto ao habitat, ramifica- ção, desenvolvimento, consistência, forma e adaptações. 3.1. Habitat Quanto ao habitat, são classificados como: aéreos, subterrâneos e aquáticos. 3.1.1. Aéreos Com relação aos aéreos classificam-se em: • Tronco: caule de consistência robusta, lenhoso, ramificado a partir de certa distância da base. Observado nas gimnospermas e dicotiledôneas (Figura 4.2); • Haste: caule pequeno, tenro, clorofilado, pouco resistente e geralmente ra- mificado desde a base. Exemplos: caules do cravo, do tomate, da berinjela, do fumo, da begônia, do agrião e do feijão. Característico das dicotiledône- as (Figura 4.3); • Estipe: caule que apesar de apresentar um grande desenvolvimento e certa resistência, é desprovido de ramificações. Em seu ápice, observa-se um capitel de folhas. O caule tipo estipe é encontrado nas palmeiras em geral (palmito, carnaubeira, babaçu e coqueiro). Característico das monocotile- dôneas (Figura 4.4); • Colmo: caule cilíndrico, que apresenta uma nítida divisão entre os nós e os entrenós (gomos), sendo desprovido de ramificações. O colmo pode ser oco (bambu) ou cheio (cana-de-açúcar). Característico das monocotiledô- neas (Figura 4.5); • Escapo: caule que se desenvolve a partir do rizoma ou bulbo. É não rami- ficado, afilo e sustenta flores na extremidade. Ocorre em plantas acaules como margaridas e falsa tiririca (Figura 4.6); • Rastejantes: são apoiados e paralelos ao solo, com ou sem raízes, de tre- chos em trechos. Exemplo: abóbora (Figura 4.7); • Estolão: broto lateral, em geral longo, apoiado no solo ou abaixo dele, que, A poda de árvores serve para corrigir um mau desenvolvimento da planta ou para dar à árvore uma determinada forma, pode ser feita de inverno ou de verão, também designada poda em verde. A poda de inverno nas árvores de folha caduca deve ser feita após a queda das folhas e antes da rebentação, uma vez que, os nutrientes existentes nas folhas migram para as raízes, portanto, essas reservas fazem com que a rebentação seja mais vigorosa. A poda em verde faz-se com a planta em desenvolvimento, e tem por objetivo, corrigir ramos mal inseridos, ou reduzir o volume da copa. 45Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas de espaço a espaço, forma gemas com raízes e folhas rosuladas, assegu- rando a propagação vegetativa. Exemplos: violeta e morango (Figura 4.8); • Trepadores: podem ser sarmentosos ou volúveis. Os sarmentosos são caules trepadores que apresentam elementos de fixação representados pelas gavinhas (chuchu e maracujá) ou por raízes grampiformes (heras). Os volúveis (madressilva, feijão e lúpulo), ao contrário dos sarmentosos, são desprovidos de órgãos de fixação e se enrolam em espiral quando en- contram um suporte (Figura 4.9). Figura 4.2. Tronco. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 4.3. Haste.Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 4.4. Estipe. Fonte: Lucena; Luce- na; Sampaio (2008). Figura 4.5. Colmo Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 46 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. Figura 4.6. Escapo (Amaryllidaceae). Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 4.7. Rastejante. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 4.8. Estolão. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Figura 4.9. Trepadores: sarmentosos e volúveis. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 3.1.2. Subterrâneos Com relação aos subterrâneos classificam-se em: • Rizoma: caules mais ou menos cilíndricos, que crescem horizontalmente no interior do solo. Exemplos: bananeira e gengibre (Figura 4.10a); • Tubérculo: caules bastante dilatados pelas reservas nutritivas que contêm como amido e inulina. Exemplos: batatinha (batata-inglesa) e cará-do-ar (Figura 4.10b); 47Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas • Bulbo: formado por um eixo cônico que constitui o prato, dotado de gema, e rodeado por catafilos, em geral contendo acúmulo de reservas e raízes fasciculadas (Figura 4.10c); • Pseudobulbo: dilatação bulbosa das bases caulinares e foliares adjacen- tes. Exemplo: orquídeas (Figura 4.10d). (a) (b) (c) (d) Figura 4.10. Caules subterrâneos: (a) Rizoma; (b) Tubérculo; (c) Bulbo tunicado; (d) Pseudobulbo. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 3.1.3. Aquáticos Aqueles que se desenvolvem em meio líquido (Figura 4.11). Figura 4.11 Caule aquático (aguapé-Eichhornia crassipes). Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Caulobulbo é sinônimo de pseudobulbo. 48 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. 3.2. Ramificação Quanto à ramificação classificam-se em: • Indivisos: não ramificados, ex.: estipe (Figura 4.12a); • Ramificados: com ramos laterais. • Monopodial: gema terminal persistente, havendo, então, predomínio do eixo principal sobre os ramos laterais (Figura 4.12b); • Simpodial: gema terminal de curta duração, substituída por uma lateral que passa a ser a principal (Figura 4.12c); • Em dicásio: duas gemas laterais se desenvolvem mais que a gema ter- minal, formando ramos; depois duas gemas em cada um desses ramos, e assim por diante (Figura 4.12d). (a) (b) (c) (d) Figura 4.12. Ramificação do caule: (a) Indiviso; (b) Monopodial; (c) Simpodial; (d) Em dicásio. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 3.3. Desenvolvimento Quanto ao desenvolvimento classificam-se em: • Erva: pouca ou nenhuma lenhificação, ex.: haste; • Subarbusto: arbusto de até 1 metro de altura, com base lenhosa e o res- tante herbáceo, ex.: haste; • Arbusto: altura inferior a 5 metros, resistente e lenhoso inferiormente, e tenro e suculento superiormente, ex.: tronco; • Árvore: altura superior a 5 metros, com tronco nítido e despido de ramos na parte inferior, ex.: tronco; • Liana: cipó trepador sarmentoso. 49Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 3.4. Consistência Quanto à consistência classificam-se em: • Herbáceo: não lenhificado, aspecto de erva; • Sublenhoso: lenhificado na base e tenro no ápice. São os subarbusto e arbustos; • Lenhoso: caule consistente e resistente, bastantelenhificado em todo o seu comprimento. É o caule de árvores. 3.5. Forma Quanto à forma classificam-se em: • Cilíndrico, ex.: palmeira (Figura 4.13a); • Cônico, ex.: árvores (Figura 4.13b); • Comprimido ou achatado, ex.: cipó e cactos (Figura 4.13c); • Anguloso, ex.: tiririca (Figura 4.13d); • Sulcado, ex.: cipó-do-rego (Figura 4.13e); • Estriado, ex.: cactos (Figura 4.13f); • Bojudo ou barrigudo, ex.: palmeira imperial e boabá (Figura 4.13g). (a) (b) (c) (d) (e) As bromélias não são parasitas como muitas pessoas pensam. Na natureza, aparecem como epífitas (simplesmente apoiando-se em outro vegetal para obter mais luz e mais ventilação), terrestres ou rupícolas (espécies que crescem sobre as pedras) e compõem uma das mais adaptáveis famílias de plantas do mundo. Apresentam uma grande resistência para sobreviver e ainda infinitas e curiosas variedades de formas e combinações de cores. 50 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. ( f ) (g) Figura 4.13. Formas de caule: (a) Cilíndrico; (b) Cônico; (c) Comprimido; (d) Anguloso; (e) Sulcado; ( f ) Estriado; (g) Bojudo. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 4. Adaptações Os caules apresentam algumas adaptações que, muitas vezes, decorrem das funções que exercem ou em razão da influência do meio físico, tais como: • Cladódios: caules suculentos, achatados e verdes (com clorofila), com au- sência de folhas. Ex.: cacto (Figura 4.14a); • Espinhos: órgãos caulinares, endurecidos e pontiagudos (Figura 4.14b); • Gavinhas: ramos filamentosos aptos a enroscar-se em suportes. Presente em trepadeiras. Ex.: maracujá (Figura 4.14c); • Acúleos: tricomas rígidos e pontudos presentes no eixo caulinar. Ex.: rosei- ras (Figura 4.14d). (a) (b) (c) (d) Figura 4.14. Adaptações do caule: (a) Cladódios; (b) Espinhos; (c) Gavinhas; (d) Acú- leos. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). Morfologia da folha 1. Generalidades As variações na estrutura das folhas são em grande parte relacionadas com o habitat. Neste sentido, a disponibilidade de água é um fator especialmente importante que afeta sua forma e estrutura. A folha do ponto de vista fisiológico é o principal órgão da planta, pois é responsável pela fotossíntese, respiração, transpiração, condução e distribui- ção da seiva. Por outro lado, do ponto de vista taxonômico, a folha juntamente com a flor são os principais descritores nas chaves analíticas de identificação das plantas. Portanto, para que possamos identificar sistematicamente as plantas é necessário conhecer a sua morfologia foliar. As folhas são os principais órgãos fotossintetizantes das plantas. São expansões laterais e laminares do caule, possuem simetria bilateral e cresci- mento limitado. Sua estrutura achatada e fina permite que o tecido clorofiliano, responsável pela fotossíntese, fique próximo à superfície. Elas possuem origem endógena a partir da gêmula do embrião da se- mente ou exógena através da superfície do meristema apical, como agrupa- mentos localizados, chamados de primórdios foliares. 2. Morfologia Embora apresentem grande variedade de formas e tamanhos, as folhas com- pletas são constituídas basicamente de (Figura 5.1): • Limbo - laminar e verde, comumente muito delgado, possibilitando uma maior área possível para captação de luz solar; • Pecíolo – a parte mais estreita e alongada da folha e serve para unir o limbo ao caule através da base; • Bainha - também chamada de base foliar, fica situada na parte inferior do pecíolo e serve para conectar a folha ao caule; ou A fotossíntese é um importante mecanismo fisiológico/metabólico do vegetal. Através dele é que ocorre a produção de fotoassimilados que irão compor as substâncias orgânicas. Através da fotossíntese, a planta absorve o CO2 atmosférico e libera O2, logo há uma purificação do ar. Existem alguns fatores, tais como a forma, a posição (o ângulo foliar; distribuição horizontal e vertical das folhas no dossel, etc.) e o tamanho das folhas que influenciam para uma eficiente captação da luz e absorção do CO2 durante a fotossíntese. Processo contrário a fotossíntese é a respiração, pela qual a planta absorve O2 e libera CO2. Pode ocorrer além da forma em vapor, a liberação de água na forma líquida pela folha, e a esse processo chama-se gutação. 5Capítulo 52 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. • Estípula – pequenos apêndices, geralmente laminares e em número de dois, que se localizam na base foliar. (a) (b) Figura 5.1. Folha completa. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 3. Nomenclatura geral Quando falta uma das três partes constituintes diz-se que a folha é incomple- ta, portanto, podemos classificá-la quanto à nomenclatura geral como: • Peciolada: possuem limbo e pecíolo. Ex. folha de abóbora (Figura 5.2a). • Invaginante: com limbo e bainha que envolve o caule em grande extensão. Ex.: Gramineae (Figura 5.2b). • Séssil: possuem apenas limbo. O limbo insere-se diretamente no caule. As folhas sésseis dividem-se em: • Amplexicaule: folha cuja base do limbo abraça o caule. Ex.: serralha (Figura 5.2c); • Perfolhada: quando as duas metades da base do limbo desenvolvem- -se, circundando o caule, de modo que este parece atravessar o limbo, ex: Specularia (Figura 5.2d); • Adunada: são folhas opostas, sésseis, soldadas por suas bases, apa- rentando ser perfurada pelo caule, ex: barbasco (Figura 5.2e). (a) (b) (c) A folha de um vegetal pode absorver nutriente através da pulverização de adubos sobre mesma, prática esta que chamamos de adubação foliar. Ela é mais efetiva quando a solução de nutrientes permanece sobre a folha na forma de uma fina película. A produção de uma lâmina fina exige que as soluções de nutrientes sejam suplementadas com produtos químicos surfactantes, como o detergente Tween 80, que reduz a tensão superficial. Na ervilha, Pisum sativum e na acácia, Cassia latistipula (ambas da família Fabaceae), as estípulas são grandes. Diversamente, em muitas outras plantas elas são pequenas e caducas, caindo antes do desenvolvimento das folhas. No café, Coffea arabica (Rubiaceae), elas são permanentes e interpeciolares (esta última caracteriza as espécies dessa família), pois essas plantas, as rubiáceas, têm folhas opostas. 53Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas (d) (e) Figura 5.2. Folha incompleta: (a) peciolada; (b) invaginante; (c) amplexicaule; (d) per- folhada; (e) adunada. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 4. Faces dos limbos Quanto às faces os limbos são classificados como: a) Face inferior, abaxial ou dorsal (Figura 5.3a). b) Face superior, adaxial ou ventral (Figura 5.3b). (a) (b) Figura 5.3. Face do limbo: (a) inferior; (b) superior. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 5. Nervação Quanto à nervação as folhas são classificadas como: a) Ninérveas: com uma única nervura, ex.: cravo (Dianthus caryophyllus – Caryophillaceae) e sagu-de-jardim (Cycas revoluta Thunb., Cycadaceae) (Figura 5.4a). b) Folhas paralelinérveas: com nervuras secundárias paralelas a principal, quando esta existe, ex: capim-pé-de-galinha (E. indica (L.) Gareth) e milho (Zea mays L.), ambos da família Poaceae (Figura 5.4b). c) Folhas peninérveas: com nervuras secundárias ao longo da principal, como na laranjeira (Citrus sp., Rutaceae) e vinca (Catharanthus roseus, Apocynaceae) (Figura 5.4c). d) Folhas palminérveas ou digitinérveas: com nervuras que saem todas do mesmo ponto e divergindo em várias direções, ex.: mamoeiro (Carica papaya, Caricaceae) (Figura 5.4d). e) Folhas curvinérveas: com nervuras secundárias curvas, em relação a principal, ex.: língua-de-vaca (Plantago hirtella H.B.K., Plantaginaceae) (Fi- gura 5.4e). Heterofilia é o polimorfismo das folhas normais. Como exemplo, podemos citar o eucalipto, o qual possui folhas inferioreselípticas e superiores falciformes. A heterofilia pode ser um caráter ligado ao genótipo, e, portanto, hereditária, e insensível a influência do meio, como nas espécies que possuem a forma juvenil distinta da adulta; como pode, também, depender do meio. 54 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. f) Folhas peltinérveas: típico de folhas peltadas com nervuras irradiando do pecíolo que se insere no centro ou próximo na face dorsal do limbo, ex.: chagas (Tropaeolum majus L., Tropaeolaceae) (Figura 5.4f). (a) (b) (c) (d) (e) ( f ) Figura 5.4. Nervação da folha: (a) uninérveas; (b) paralelinérveas; (c) peninérveas; (d) palminérveas; (e) curvinérveas; ( f ) peltinérveas. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 6. Consistência Quanto à consistência as folhas são classificadas como: a) Carnosa ou suculenta: abundante em sucos, em geral, com reservas d’água, ex.: Família Crassulaceae (Figura 5.5a). b) Coriácea: quando a consistência do limbo lembra o couro, ex.: abacateiro (Persea americana, Lauraceae) (Figura 5.5b). c) Herbácea: com consistência de erva, sem lenhosidade, sem lignificação (Figura 5.5c). d) Membranácea: quando o limbo exibe uma consistência de membrana, su- til e flexível (Figura 5.5d). (a) (b) (c) (d) Figura 5.5. Consistência da folha: (a) carnosa; (b) coriácea; (c) herbácea; (d) membra- nácea. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). No que concerne as folhas peltinérveas, uma curiosidade: as folhas de vitória-régia (Victoria amazonica) podem sustentar um peso de vários Kg, havendo menção de até 35 Kg. 55Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas 7. Superfície à superfície as folhas são classificadas como: a) Glabra: quando é desprovida de pelos (Figura 5.6a). b) Lisa: quando não possui acidentes de superfície (Figura 5.6b). c) Pilosa: quando é revestida de pelos (Figura 5.6c). d) Rugosa: quando é enrugada (Figura 5.6d). (a) e (b) (c) e (d) Figura 5.6. Superfície da folha: (a) glabra; (b) lisa; (c) pilosa; (d) rugosa. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 8. Forma do limbo Quanto à forma do limbo as folhas são classificadas como: a) Acicular: possui a forma de agulha longa, fina e pontiaguda. É, na forma mais característica, cilíndrica. Ex.: Araucaria angustifolia, Araucariaceae (Figura 5.7a). b) Cordiforme: tem a forma de coração, com base mais larga, reentrante e com lobos arredondados, ex.: caapeba (Pothomorphe peltata, Piperaceae) (Figura 5.7b). c) Deltoide: tem a forma de delta, triangular, em que o ápice do triângulo corresponde ao ápice do limbo, ex.: cardeal (Salvia splendens, Lamiaceae) (Figura 5.7c). d) Elíptica: tem a forma de elipse, mais larga no meio com comprimento mais ou menos duas vezes a largura, ex.: Ficus (Ficus microcarpa) (Figura 5.7d). e) Ensiforme: possui forma de espada, os bordos são mais ou menos parale- los, o limbo tem uma grande extensão e é afilado no ápice. Ex.: espada-de- são-jorge (Sansevieria thyrsiflora, Ruscaceae) (Figura 5.7e). f) Escamiforme: com forma e aspecto de escamas. Ex.: cipreste (Cupressus sp., Cupressaceae) (Figura 5.7f). Em algum grau, muitas plantas apresentam toxicidade, mas a denominação plantas tóxicas se aplica aquelas cuja ingestão ou contato provoca sintomas de intoxicação. Os princípios ativos são os que determinam a ação tóxica da planta. O milho e a mandioca podem ter efeitos cianogênicos relacionados a ingestão de suas folhas. O que seria cianogênese? O processo denominado cianogênese é a capacidade da planta de produzir ácido cianídrico ou íon de cianeto (HCN), sob circunstâncias particulares e, é observada em várias espécies vegetais. Substâncias cianogênicas presentes, principalmente, na folha da mandioca dão origem à formação de ácido cianídrico, que ao ser ingerido em grandes quantidades provoca envenenamento e freqüentemente mortes, e em doses reduzidas provocam diminuição da produtividade, transtornos gastrintestinais ou diminuição do crescimento. As substâncias tóxicas da parte aérea da mandioca podem ser parcialmente eliminadas pela secagem ou ensilagem (armazenagem). Para a utilização dessa parte aérea deve-se triturar e fornecer aos animais após o emurchecimento. 56 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. g) Espatulada: com forma de espátula – o comprimento é duas vezes maior que a largura e o ápice do limbo é mais largo que a base. Ex.: escama-de-sapo (Gnaphalium purpureum L., Asteraceae) (Figura 5.7g). h) Falciforme: em forma de foice, plana e encurvada, ex.: eucalipto (Eucalyp- tus sp, Myrtaceae) (Figura 5.6h). i) Hastada ou alabardina: em forma de seta, semelhante a sagitada, porém com lobos basilares voltados para os lados. Ex.: Mikania salviaefolia, Aste- raceae (Figura 5.7i). j) Lanceolada: em forma de lança, mais larga perto da base e com compri- mento maior que três vezes a largura. Ex.: Espirradeira (Nerium oleander L., Apocynaceae) (Figura 5.7j). k) Linear: tem a forma estreita e comprida com bordos paralelos ou quase, e o comprimento é acima de quatro vezes a largura, como no capim-pé-de-galinha (E. indica L., Poaceae) (Figura 5.7k). l) Oblonga: possui forma mais longa que larga com bordos aproximadamen- te paralelos, e o comprimento é três a quatro vezes maior que a largura. É, portanto, uma linear larga. Ex.: vinca (C. roseus, Apocynaceae) (Figura 5.7l). m) Obovada: forma ovada com a parte mais larga no ápice do limbo do que na sua base. É uma ovada invertida. Ex.: buxo (Buxus sempervirens L., Buxaceae) (Figura 5.7m). n) Orbicular: forma mais ou menos circular. Ex.: Maranta orbiculata, Maranta- ceae (Figura 5.7n). o) Ovada: tem forma de ovo, é mais larga perto da base e com comprimento uma a duas vezes maior que a largura. Ex.: vassoura (Sida micrantha, Mal- vaceae) (Figura 5.7o). p) Peltada: com forma de escudo, com o pecíolo inserido no meio, ou próximo dele, na face dorsal do limbo, a maneira de um cabo. Ex.: chagas (T. majus L., Tropaeolaceae) e vitória-régia (V. amazonica, Nymphaeaceae) (Figura 5.7p). q) Reniforme: com forma de rim, mais largo que longo. Ex.: Centella asiatica, Apiaceae (Figura 5.7q). r) Sagitada: possui forma de seta, base reentrante, com lobos pontiagudos e voltados para baixo, ex.: família Araceae (Figura 5.7r). s) Subulada: cilíndrica, estreitando-se para o ápice pontiagudo. Ex.: cebola (Allium cepa L., Alliaceae) (Figura 5.7s). 57Morfologia e Anatomia de Espermatóf itas (a) (b) (c) (d) (e) ( f ) (g) (h) (i) (j) (k) (l) (m) (n) (o) (p) (q) (r) (s) Figura 5.7. Forma do limbo da folha: (a) acicular; (b) cordiforme; (c) deltóide; (d) elítica; (e) ensiforme; ( f ) escamiforme; (g) espatulada; (h) falciforme; (i) hastada; (j) lanceola- da; (k) linear; (l) oblonga; (m) obovada; (n) orbicular; (o) ovada; (p) peltada; (q) renifor- me; (r) sagitada; (s) subulada. Fonte: Lucena; Lucena; Sampaio (2008). 9. Bordo do limbo Quanto ao bordo do limbo as folhas são classificadas como: a) Aculeado: com pontas agudas e rígidas na margem do limbo, ex.: abacaxi (Ananas comosus (L.) Merr., Bromeliaceae) (Figura 5.8a). b) Crenado: com dentes obtusos ou arredondados, como na folha-da-fortuna (Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers., Crassulaceae) (Figura 5.8b). Apículo: termo usado para designar uma ponta curta, rígida, e aguda de uma folha ou qualquer outro órgão. 58 LUCENA, E. M. P., MEDEIROS, J. B. L. P., MENDES, R. M. c) Dentado: com dentes regulares e não-inclinados, ex.: roseira (Rosa spp., Rosaceae), hibisco (H. rosa-sinensis L., Malvaceae) (Figura 5.8c). d) Inteiro: liso, uniforme, sem deformação ou reentrância, ex.: buxo (B. sem- pervirens L., Buxaceae) (Figura 5.8d). e) Ondulado: com ligeiras ondulações, ex.: magnólia (Michelia champaca Linn., Magnoliaceae) (Figura 5.8e). f) Serrado: com dentes como os da serra, inclinados para o ápice, ex.: beijo- -de-frade (Impatiens balsamina Linn., Balsaminaceae) (Figura 5.8f). g) Serrilhado: serrado,
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