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Antropologia do Desporto (1)

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Prévia do material em texto

Manual do Curso de Licenciatura em EF e Desporto 
 Antropologia do desporto 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino à Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto i 
 
Direitos de autor 
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância 
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no 
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros) sem permissão expressa da entidade editora (Universidade Católica de 
Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a 
processos judiciais. 
 
 
 
 
 
dr.Dominigos Ernesto Dina 
Colaborador do Curso de Ed. Fisica - CED 
 
Docente: Mestre. Bridgette Simone Bruce 
Univesidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino à Distância 
82-5018440 
23-311718 
82-4382930 
Moçambique 
 
Fax: 
E-mail: eddistsofala@teledata.mz 
Website: www. ucm.mz 
mailto:eddistsofala@teledata.mz
 
 Antropologia do desporto ii 
 
Agradecimentos 
Agradeço a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino à Distância. 
Pelo meu envolvimento nas equipas do CED 
como Colaborador, na área de Educação 
Física e Desporto . 
À Coordenação do Curso de Educação Física 
e Desporto . 
Pela contribuição e enriquecimentos ao 
conteúdo 
A coordenadora: Mestre Bridgette Simone 
Bruce . 
Pela facilitação, orientação e prontidão 
durante a concepção do presente manual. 
 
 
 
 Antropologia do desporto iii 
 
Visão geral 5 
Bem vindo à Antropologia do desporto 4º Ano ............................................................... 5 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 5 
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 6 
Ícones de actividade .......................................................................................................... 6 
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 7 
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 7 
Avaliação .......................................................................................................................... 8 
Unidade nº 1 9 
Generalidades .................................................................................................................... 9 
Sumário ........................................................................................................................... 15 
Exercícios 1 ..................................................................................................................... 15 
Unidade nº 2 17 
Antropológico (teorias/correntes antropológicos) .......................................................... 17 
Sumário ........................................................................................................................... 31 
Exercício 2 ...................................................................................................................... 32 
Unidade nº 3 34 
A Cultura ......................................................................................................................... 34 
Sumário ........................................................................................................................... 57 
Exercício 3 ...................................................................................................................... 58 
Unidade nº 4 61 
Cultura material .............................................................................................................. 61 
Sumário ........................................................................................................................... 68 
Exercício 4 ...................................................................................................................... 68 
Unidade nº 5 70 
O parentesco ................................................................................................................... 70 
Sumário ........................................................................................................................... 87 
Exercício 5 ...................................................................................................................... 88 
Unidade nº 6 90 
Cultura do simbólico, ideologias e o papel da religião tradicional em Africa e em 
Mocambique ................................................................................................................... 90 
Sumário ......................................................................................................................... 102 
Exercício 6 .................................................................................................................... 102 
 
 Antropologia do desporto 5 
 
Visão geral 
Bem vindo à Antropologia do 
desporto 4º Ano 
 
Pretendemos que este módulo seja um contributo para que os 
aprendentes adquiram um conhecimento aprofundado da Antropologia 
do Desporto. 
 
Quando terminares o estudo da Antropologia do Desporto 4º Ano, o 
formando será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 Saber o que é Antropologia Cultural, 
 Conhecer os pressupostos da emergência da Antropologia 
Cultural 
 Reconhecer o parentesco como um dos fundamentos da 
organização social entre os homens e, 
 Conhecer as especificidades da Antropologia cultural em 
relação as outras Ciências 
 
 
Quem deveria estudar este 
módulo 
 Este Módulo foi concebido para os estudantes do 4º ano do curso 
de Licenciatura em Educação Física e Desporto. 
A Cadeira Antropologia do desporto foi introduzida para os Formandos, que, na sua 
maioria, são já Professores do EP e/ou do ESG. Começa nestas Presenciais, para, segundo o 
seu propósito, desenvolver uma forma inovadora de estar e ser, conhecer e aplicar a mesma. 
Nesta cadeira vamos falar de uma forma geral da Antropologia do desporto , as carterísticas 
e princípios básicos da antropologia do desporto , objecto do estudo, sua importância na 
área do desporto 
 
 Antropologia do desporto 6 
 
Como está estruturado este 
módulo 
Todos os módulos dos cursos produzidos por CED - UCM encontram-
se estruturados da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os 
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. 
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de 
começar o seu estudo. 
 
Conteúdo do curso / módulo 
 O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma 
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo 
actividades de aprendizagem, e uma ou mais actividades para auto-
avaliação. 
 
Outros recursos 
 Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma 
lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem 
incluir livros, artigos ou sites na internet. 
 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
 Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada 
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para 
desenvolver as tarefas, assim como instruções para completá-las. Estes 
elementos encontram-se no final do módulo. 
 
Comentários e sugestões 
 Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestõese fazer comentários 
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários 
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens 
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do 
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de 
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
 
 Antropologia do desporto 7 
 
Habilidades de estudo 
Caro Estudante, antes de mais o ensino à distância requer de ti 
uma grande responsabilidade, ou seja, é necessário que tenhas 
interesse em estudar, porque o teu estudo é ‘auto-didáctico’. 
Entretanto, vezes há em que te acharás possuidor de muito 
tempo, enquanto, na verdade, é preciso saber gerí-lo de modo 
que tenhas em tempo útil as fichas informactivas lidas e os 
exercícios do módulo resolvidos, evitando que os entregues fora 
de tempo exigido. 
Precisa de apoio? 
 
Há exercícios que o caro estudante não poderá resolver sozinho, neste 
caso contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a 
situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente. 
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o 
estudante terá a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, 
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. 
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de 
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa 
fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de 
natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, 
tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar questões administractivas, 
entre outras. 
O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, 
busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-se 
mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de 
forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas 
competências. 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
 O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes 
do período presencial. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. 
 
 Antropologia do desporto 8 
 
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser 
dirigidos aos tutores/docentes da cadeira em questão. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo 
os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os 
direitos do autor. 
O plágio deve ser evitado. A avaliação da cadeira será controlada da 
seguinte maneira: 
 
 
 
Avaliação 
Os exames são realizados no final da cadeira e os trabalhos marcados 
em cada sessão têm peso de uma avaliação, o que adicionado os dois 
pode-se determinar a nota final com a qual o estudante conclui a 
cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois) 
testes e 1 (um) exame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 9 
 
Unidade nº 1 
Generalidades 
 
 
A disciplina de Antropologia do desporto terás noções 
fundamentais da mesma que te ajudarão a compreender a 
natureza da referida disciplina, em relação as outras ciências, 
isto é, peculiaridade, do seu objecto de estudo, os seus métodos 
fundamentais e a relação com as outras Ciências. 
 
 
Ao completares esta unidade / lição será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Saber o que é Antropologia Cultural, 
 Conhecer os pressupostos da emergência da Antropologia 
Cultural 
 Reconhecer o parentesco como um dos fundamentos da 
organização social entre os homens e, 
 Conhecer as especificidades da Antropologia cultural em 
relação as outras Ciências 
 
 
 
 
Terminologia 
 
A terminologia que vai usar nesta unidade é a seguinte: 
 EF - Educação Física 
 
 
 
 
Antropologia 
Representa uma nova e última etapa da síntese e comparação. 
Ela apoia se nas investigações da Etnologia e da Etnografia. 
A Antropologia oriunda de um reconhecimento da diversidade 
das sociedades, dos grupos e das culturas, aspira com a 
Antropologia ao nível da generalização. 
 
Objectivo da Antropologia Cultural e Social: A disciplina 
visa atingir um conhecimento global do homem. 
 
 Antropologia do desporto 10 
 
 
Objecto de estudo: Ela aborda toda a extensão biológica, social, 
histórica e geográfica do homem, aspirando a um conhecimento 
aplicável ao conjunto do desenvolvimento humano. Sobre o 
objecto de estudo, ainda há vários equívocos, o que é típico de 
uma Ciência social nova. 
 
P. Armando Ribeiro (1998,p. 8), ` Ele diz que é a Ciência do 
homem como ser cultural, entendendo como Cultura o conjunto 
das tradições. 
Bernardo Bernardi (1978, p. 19), ´Antropologia é o significado 
e a estrutura da vida do homem como expressão da sua 
actividade mental.´ 
 
 
 
 
 
A ciência vem de um período muito recente da evolução do 
conhecimento humano, remontando ao período moderno 
Europeu. A Antropologia, só veio a emergir no séc. XIX até 
princípios do séc. XX, o termo Antropologia servia para 
designar a Ciência que actualmente se chama Antropologia 
Física, porém a definição vem mais adiante. Recentemente ela 
tende a significar o reconhecimento das propriedades gerais da 
vida social e das diversas sociedades humanas. Para isso, cobre 
um grande número das ciências que estudam o homem, tais 
como: Antropologia Política, Psicanalítica, Económica, 
Aplicada, a Etnografia, a Etnologia, certos aspectos da 
Linguística, a Arqueologia, Pré- história, etc. 
 
Cada um destes ramos tem tarefas específicas mais que 
concorrem para explicar o homem na sua complexidade. 
Antropologia Física: Tem por objecto o estudo de certas 
características biológicas do homem, as questões da raça, da 
hereditariedade, da nutrição, da diferenciação de sexos, etc. 
Compreende, entre outras a Anatomia Comparada, fisiologia 
Comparada e a patologia Comparada. 
 
Antropologia Social: Ocupa-se mais particularmente em 
estabelecer leis gerais da vida em sociedade que sejam válidas 
tanto nas sociedades tradicionais como nas industrializadas 
modernas. Procura aprender sobre as sociedades quanto ao seu 
funcionamento e aos seus actos. 
 
 
 Antropologia do desporto 11 
 
Antropologia Cultural: Dedica se a problemas de relativismo 
cultural (Investigação da originalidade de cada cultura), do 
estudo das relações que se estabelecem entre os diferentes níveis 
numa dada sociedade e do fenómeno da transmissão da cultura. 
Antropologia Cultural apenas aprenderia a sociedade nas suas 
obras e não nos seus actos e no seu funcionamento. 
 
Antropologia Política: Fala sobre os problemas do poder da 
autoridade, chefia do governo, etc; Assuntos que deram lugar a 
numerosas especulações filosóficas (Sobre a origem e a natureza 
do estado, o aparecimento do direito). 
 
Antropologia Aplicada: Faz a utilização prática das teorias e 
dos resultados do inquérito etnográfico, tendo em vista 
manipular as sociedades com o objectivo, quer de as administrar 
( Como é o caso da política colonial, da assimilação, aculturação 
´Forçada´), quer de as ajudar a a daptar se a sociedade etnológica 
moderna(Como é o caso da aculturação ´Planificada´, política de 
integração), ou o desenvolvimento de uma originalidade 
cultural(Procura de um sincretismo). 
 
Antropologia Psicanalítica: Refere o estudo de sonhos, mitos, 
contos, na análise de jogos, cerimónias, das práticas mágicas,de 
certos aspectos da vida quotidiana, das técnicas de educar. 
 
Antropologia Económica: Interessa se pelas condições da 
produção material, as trocas, os direitos sobre os objectos, as 
formas de utilização dos produtos, englobando os aspectos da 
ecologia e tecnológica. 
 
 
A Antropologia já definiu o seu objectivo ao procurar atingir um 
conhecimento global do homem, abarcando as dimensões físicas, 
culturais, históricas e geográficas. Aspira ainda a um 
conhecimento aplicável a um conjunto de conhecimentos 
aplicável ao conjunto de desenvolvimento humano, desde a 
grande cidade moderna á mais pequena tribo. 
A Antropologia para desenvolver o seu objecto de estudo, 
necessita de um apoio de outras Ciências. De facto nenhuma 
Ciência é capaz de se prover sozinha. É daí que surgem as 
relações entre Antropologia e as outras Ciências do homem. 
Assim, a Antropologia tem uma relação privilegiada com a 
Sociologia, a História, a Economia, a Geografia, a Psicanálise. 
 
 
 
 Antropologia do desporto 12 
 
 
Antropologia= Discurso sobre a (Ciência) do homem. 
 
Sociologia= Discurso sobre a (Ciência) da Sociedade. 
Antropologia procura a explicação dos fenómenos sociais e 
culturais na lógica do observador (Ciência do observado), a 
Sociologia, procura a análise do ponto de vista da própria 
sociedade á qual pertence o cientista (Ciência do observador). 
O Antropólogo distancia se da realidade institucional para 
construir progressivamente a sua problemática analítica á 
medida que vai descobrindo o princípio de organização da 
sociedade estudada. O Sociólogo parte de hipóteses já 
elaboradas e fundadas, geralmente sobre pré- construções 
analíticas ou instituições, procurando, em seguida, aferí-las por 
inquéritos no terreno. Contudo, elas cruzam se, quer no uso de 
métodos, como nos próprios objectos. Por acaso há homens que 
vivem sem sociedades e há sociedades sem os homens entanto 
que indivíduos? 
 
 
O historiador distancia se do seu objecto de estudo pelo tempo. 
Distancia se assim dos valores e categorias da sua própria 
sociedade para melhor compreender, interpretar o `Passado.´ 
Pelo seu lado o Antropólogo `acantona´ o discurso de uma 
comunidade sobre ela mesma para melhor a compreender. 
O olhar da história e da Antropologia leva a ver o outro como ele 
se vê, e, através deste olhar, procura ver e compreender essa 
sociedade global. Como pode observar, há uma convergência, na 
medida em que as duas disciplinas ocupam se da alteridade, isto 
é, do outro ponto para que Antropologia consiga obter a 
dimensão temporal dos acontecimentos, logicamente a história 
prestar-se-á na primeira linha. 
 
Relação entre Antropologia e a Psicanálise 
Quer Antropologia quer a Psicanálise insistem entre o conteúdo 
latente, o implícito e o explicito, e na necessidade de ultrapassar 
o `Sintoma, descodificando–o e dando lhe forma. As duas 
ciências são marcadas pela alteridade. O Antropólogo tenta 
reconhecer e analisar o `Pensamento `, do outro para se situar o 
seu próprio pensamento. O Psicanalista tenta descodificar o 
 
 Antropologia do desporto 13 
 
discurso do outro em se mesmo`Super Ego`, o outro na sua 
origem e em relação ao qual se determina. 
 
 
 
Um método, em ciência, pode ser entendido como o caminho ou 
estratégias usadas para atingir um determinado objectivo. Todas 
as Ciências, quer Sociais, Humanas ou Naturais, possuem um 
método que as caracteriza e as distingue das outras. 
 
A Antropologia tem seus métodos privilegiados tais como: O 
histórico, o Estatístico, o Etnográfico, o Comparativo ou 
Etnográfico, o Monográfico, o Genealógico, entre outros. 
O método histórico é usado na pesquisa dos eventos através do 
tempo, para compreender as diversas transformações ocorridas 
numa determinada cultura. 
 
O método estatístico é empregue para apresentar a variabilidade 
dos aspectos estudados antropologicamente, tanto biológico, 
cultural e que possibilitem a aferência da diversidade biológica 
ou cultural como por ex. a variação das dimensões do corpo ou 
das regiões. 
 
O método Etnográfico é usado na análise descritiva das 
sociedades humanas, ao passo que o método Etnológico ou 
comparativo visa aferir as diferenças e as semelhanças 
apresentadas por um material de referência de diferentes meios 
culturais ou de diferentes tempos culturais. 
O método monográfico, ou estudo de caso, é usado para estudar, 
em profundidade, um determinado grupo humano em todas suas 
dimensões. 
O método genealógico é usado fundamentalmente no estudo do 
parentesco e todas as suas implicações sociais, políticas, 
culturais, como por ex. o impacto do parentesco no ordenamento 
territorial, residencial ou político dos membros de um grupo 
social. 
A sua principal técnica é a observação participante, pois que é 
acompanhada por outras técnicas como a entrevista (Dirigida e 
não dirigida), os formulários e os questionários. Pelo lugar 
central da observação participante, passa a descrever se com 
alguma profundidade. 
 
 
 Antropologia do desporto 14 
 
A observação participante: 
Tal como você viu na definição do objecto de estudo, a 
Antropologia visa conhecer pequenas realidades. A observação 
participante visa conhecer estas pequenas unidades sociais, pelas 
quais se tenta elaborar uma síntese mais geral, apreendendo a 
partir de um certo ponto de vista a totalidade da sociedade. Nas 
unidades sociais mais pequenas ou comunidades, em geral, as 
relações sociais, que tem uma certa coerência interna nos 
aspectos cultural, económico, social, religioso, etc. São 
directamente observáveis pelo investigador. 
Você já imaginou, entre procurar uma resposta numa multidão e 
numa pessoa, onde você teria um interlocutor válido, mais 
objectivo? É o mesmo que ocorre na pesquisa Antropológica. 
Dado que é impraticável estudar grandes superfícies para 
apreender o essencial, o Antropólogo para observar a sociedade 
global parte destes grupos restritos. 
Com a observação participante o Antropólogo aprende as 
unidades sociais restritas simultaneamente de dentro e de fora 
nas suas especificidades e nos seus elementos comuns em 
relação a sociedade global. Assim, a observação participante 
permite extrapolar o global a partir do local. As relações internas 
postas em evidência são feitas no quadro do sócio- cultural e 
económica global. 
 
Contudo, esta técnica, a observação participante tem 
especificidade de considerar, pois ela tem um carácter: (1) 
Interdisciplinar (Na medida em que, Antropologia para explicar 
seu objecto de estudo procura o apoio de outras ciências sociais 
e das técnicas das mesmas); (2) Comparativo (Só se estabelecem 
regularidade, depois de comparadas a realidade estudada com 
outras realidades conhecidas); (3) Histórico (Que provém do 
facto na apreensão da realidade social ser necessário cruzar os 
acontecimentos transversais ou sincrónico e os acontecimentos 
longitudinais ou diacrónicos); e (4) Holístico (Já que a 
compreensão do facto social é possível estudando o nas suas 
variadas dimensões, isto é de forma integral). 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 15 
 
Sumário 
A Antropologia constrói se considerando três etapas hierárquicas, 
começando pela observação, descrição, síntese e generalização. Na 
essência, tudo deve ser depois interpretado no âmbito do plano geral 
da humanidade. 
A Antropologia geral é complexa. Envolve um conjunto de 
especializações que engloba aspectos de natureza física, 
eminentemente social, mais também os aspectos que abarcam facetas 
da vida humana, como a sua intervenção na natureza, as suas relações 
com o mundo oculto. 
A interdisciplinaridade resume a relação que a Antropologia tem com 
outras ciências Sociais e Humanas, dado que ela não pode explicar 
isoladamente o homem. Essas relações são recíprocas, em virtude de 
todas as ciências Sociais serem marcadas pelo estudo de outrasrealidades. 
A Antropologia, tendo como objectivo apreender as especificidades 
duma cultura, tem como o método fundamental a observação 
participante. Na elaboração do seu objecto deve considerar a 
integralidade dos factos sociais (Aplicando o holismo), de que 
nenhuma ciência é autónoma (A interdisciplinaridade), de toda a 
manifestação de um facto social tem correspondente em outros grupos 
sociais (A comparação) e que é necessário atender a temporalidade dos 
factos sociais (Aplicando se o método histórico). 
 
Exercícios 1 
1. Se alguém lhe solicitar a caracterização acima em epígrafe da 
última etapa, que conceito usarias? 
2. Com base em outros autores, apresenta um outro ponto de 
vista sobre o objecto de estudo de Antropologia Cultural e 
Social. 
3. Porquê se houve a necessidade da emergência de muitos 
ramos da Antropologia. 
4. Qual das subdisciplinas Antropológicas devia ser catalizada 
para estudar: 
5. Todas ciências Sociais são Antropológicas. Concorda com a 
afirmação? Fundamente. 
 
 Antropologia do desporto 16 
 
6. Porquê o método Antropológico toma como objecto de 
investigação unidades sociais mais pequenas. 
7. Em que reside a peculiaridade do método Antropológico (A 
observação participante) em relação a observação conduzida 
nas outras Ciências (Por exemplo como a observação das 
paisagens). 
8. Enumere as características do método Antropológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 17 
 
Unidade nº 2 
 
Antropológico (teorias/correntes 
antropológicos) 
Nesta unidade terá a ocasião de estudar a história da Antropologia 
sócio-cultural e as teorias da Antropologia, bem como as críticas da 
Antropologia em África e, em particular, em Moçambique. Terá ainda 
a ocasião de conhecer conceitos básicos das teorias-correntes da 
Antropologia, nomeadamente os conceitos de evolução, difusão, 
função e estrutura. 
 Ao completares esta unidade / lição será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer as teorias | correntes da Antropologia cultural; 
 
 Conhecer as teorias/ correntes da Antropologia cultural; 
 Conhecer a história da Antropologia, que começa com a própria 
cultura da humanidade; 
 Conhecer os conceitos: Evolucionismo, Difusionismo, 
Funcionalismo e Estruturalismo; 
 Distinguir as teses de cada uma das teorias/ correntes; 
 Explicar as verdadeiras razões históricas do surgimento da 
Antropologia Cultural; 
 Reflectir sobre os pressupostos da Antropologia expressas no 
período de formação; 
 Analisar a situação da Antropologia em África e, em 
particular de Moçambique, durante o domínio colonial. 
 
 
 
 Antropologia do desporto 18 
 
 
 
Terminologia 
 
A terminologia que vai usar nesta unidade é a seguinte: 
 AP-Antropologia do desporto 
 
 
 
Neste tema aborda a história da Antropologia, a discussão centra 
se nas diferentes contribuições dos cientistas sociais de vários 
países e escolas, o que convencionou chamar se por correntes, 
para a emergência da Antropologia. 
Segundo MARTINEZ (2004), o conhecimento dos rumos 
seguidos nos estudos da Antropologia tem como determinantes, 
por um lado o critério objectivo, pelo qual se avalia ‘ A 
consistência das orientações teóricas e a legitimidade 
metodológica das mesmas’; Por outro lado o critério subjectivo, 
que permite ‘Avaliar os motivos que levaram determinados 
autores a enveredar por um determinado caminho e as razões do 
seu sucesso ou rejeição’ (p. 55) e, finalmente, o critério de 
utilidade, que procura ‘Discutir a orientação teórica em razão da 
sua possível aplicação’. 
A Antropologia sendo como uma ciência recente, ela forma se 
como tal só no séc. XIX e desde aí, a disciplina passou a 
conhecer várias orientações conhecendo avanços e recuos. 
Contudo, por uma questão metodológica e para a identificação 
das abordagens teóricas, vamos avançar com uma sistematização 
dos diferentes pensamentos que, enquadrados no tempo, 
esboçam um itinerário, isto é, a história da Antropologia. 
Entretanto, será difícil dar um levantamento completo de todas 
as contribuições, porque elas vieram de todos os cantos e de 
todos os períodos. 
 
 Antropologia do desporto 19 
 
A emergência da Antropologia coincide com as primeiras 
reflexões do homem sobre se e sobre a natureza, o cosmos ou o 
universo. Uma parte desse conjunto de reflexões chegou aos 
nossos dia por via de lendas e mitos. É o período que Paul 
MERCIER, indica como sendo de ‘Antropologia espontânea’ ou 
o período da pré-história da Antropologia. 
As contribuições deste período são de diversa natureza e origens: 
Ícones, arte parietal (Pinturas rupestres), artes móveis 
(Esculturas), manuscritos dos primeiros povos com escrita 
(Babilónios, Egípcios, Hindus, Fenícios, entre outros). 
Segundo MELLO (2005, p.180-185), a contribuição Greco- 
Romana na formação da Antropologia, foi enorme, com os 
trabalhos de Heródoto, um dos notáveis viajantes e narrador das 
terras visitadas; Platão (A cidade ideal); Aristóteles (Concepções 
teóricas a cerca do estado); Sócrates (Com a crítica a sociedade) 
(Grécia) e Lucrécio (Que fala do homem primitivo, César, 
Tácito, Galeno, Marco Aurélio (Roma). Apesar de, como você 
aprendeu na história, ser considerado como um período de 
retrocesso, tais contribuições continuaram na idade média com 
Santo Agostinho (A cidade de Deus), Avicena (Defende a 
invariabilidade das formas), Averois (Com o evolucionismo) e 
Bacon (Uso de método experimental). As contribuições 
circunscreveram se mais na conservação dos escritos, tradução 
dos sistemas de pensamento de outros povos e na preparação da 
universidade. Viagens e descrições foram também feitas pelo 
Árabes Ibn Khaldum (Séc. XIV). 
No Conjunto destas contribuições, Martinez (2004, p.56), aponta 
que, com o renascimento Europeu e com as viagens de 
exploração, houve grandes contactos que deram origens a 
tratados. Surgiram tratados acerca das afinidades e diferenças 
entre os homens e seus mundos sociais e culturais. Por ex. 
MONTAIGNE, um francês publica seus ensaios (1580), que nos 
transmitem contacto entre os povos onde questionam o 
etnocentrismo e faz a análise comparativa das sociedades. Ainda 
segundo Martinez (Id), o tempo moderno, dominado pelo 
 
 Antropologia do desporto 20 
 
iluminismo ou o culto a razão empresta um antropocentrismo 
base para o estudo dos factos tipicamente humano. 
As maiores contribuições ocorrem no séc. XVIII, Com 
Emmanuel Kant (1724- 1804), que, com o seu pensamento, ‘(…) 
influenciou os vários ramos da ciência. Ele ensina que o 
entendimento constrói o seu objecto, pelo que os fenómenos 
giram em torno da razão’. 
Você lembra se das ditas viagens de ‘Descobrimento’ europeu 
aprendidas na história iniciadas no fim do séc. XV e que 
continuaram a se multiplicar a partir do séc. XVI? As viagens e 
os contactos que se multiplicaram para todos cantos da terra 
foram acompanhados pela produção de relatórios que, mais 
tarde, serviram de documentos essenciais para a produção 
Antropológica. De facto, os estudiosos começam a dispor de 
Maios material Antropológico para a sua pesquisa. Ocorrem 
ainda estudo do corpo humano com Leonardo da Vinci (1452-
1518), no seu aspecto morfológico Dúrer (1514- 1574), nas 
medidas cranianas; Vessálius, com as lições de autonomia e 
Lineu com a classificação das raças. 
No séc. XIX dá se a primeira descoberta do homem fóssil. No 
seu conjunto, todos esses aspectos deram subsídios para a 
emergência da Antropologia física, que conhecera a sua 
fundação no mesmo séc. por Johann Blumembach (MELLO, 
2005, p. 198-190). Antes ou depois vieram ainda contribuições 
das missões científicas mais organizadas e sistematizadas de 
naturalistas, geográficos, humanistas, que tinham como 
objectivo principal colher informações e fazer observações. 
Contam se os exemplos de A. Bering (Nordesteda Ásia); Cook 
(Oceânia) e as viagens posteriores a organização African 
Association, pela Grã- Bretanha, (1788), para interior da Àfrica 
um contributo significativo resultou ainda da sociedade 
Etnológica de Paris (França), que lançou ‘L`Instuction genérale 
aux Vovageurs’, espécie de orientação para a recolha de dados. 
O maior repertório documental existente, o avanço de técnicas 
induziu a especialização, possibilitando a emergência da 
Antropologia Cultural, da pré- história e da Arqueologia. 
Lançava se uma nova disciplina no conhecimento humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 21 
 
 
 
 
PERÍODO DE CONVERGÊNCIA E DE CONSTRUÇÃO: 
 
Mesmo existindo um grande fervor científico durante o séc. XIX 
e a Antropologia atender para várias interpretações, ela parece 
ter procurado definir se a volta do paradigma característico da 
época, o da evolução cujos nomes sonantes do período foram: 
Charles DARWIN (1809- 1882), Edward TYLOR (1871), 
Herbet SPENCER, Augusto COMTE, Matthew ARNORD 
(1879). De facto, a Antropologia não fugiu esse pensamento que 
dominava entre o segundo quartel e finais do séc. XIX, o qual 
veio, de certa forma definir a unidade da Antropologia. Por isso, 
mesmo que alguns autores se tenham recusado no 
evolucionismo, este constituiu o pensamento dominante da 
época. Por isso diz se que foi o período da CONVERGÊNCIA. 
Segundo MARTINEZ (2004), as várias formulações sobre as 
sociedades e as culturas convergiram para três objectivos 
comuns: Origem, idade e a mudança. Apareceram no mesmo 
período revistas de algumas associações científicas, como a 
revista americana Current Anthropolgy, a britânica Man e a 
francesa L’Home, bem como sociedades de Antropologia em 
Gottingen, Cracóvia, Madrid, Nova Iorque, Berlim, Viena e 
Estocolmo. Segundo Mello (2000), tais sociedades eram 
científicos humanitárias e os Antropólogos eram considerados 
‘Amigos dos povos primitivos’. 
 
A teoria evolucionista alcança as suas feições definitivas com o 
aparecimento da obra de Charles DARWIN sobre a evolução,’A 
Origem das espécies’. Edward TYLOR veio aplicar essa teoria 
na Antropologia, dando o arranque da Antropologia moderna, 
isto é, o arranque da fase da construção da Antropologia. De 
facto, foi este que lançou a Antropologia Cultural, cujo marco 
foi a publicação por TYLOR da ‘Cultura primitiva’, em 1871. 
Lewis MORGAN publica na mesma altura (1877) ‘ A Sociedade 
Primitiva’, procurando discutir a organização da família pelos 
diversos estágios de desenvolvimento, isto é, no contesto de 
evolução (Ibid, p. 193). 
 
 
 Antropologia do desporto 22 
 
Apesar de ter existido diversas contribuições como as de: Adolf 
BASTIAN (1826- 1905), médico viajante e Antropólogo, que 
rejeitando os particularismos do corpo e alma do romantismo 
defendeu a unidade do pensamento humano; Jacob BACHOFEN 
(1815-1887), jurista e Antropólogo Alemão, com trabalhos 
comparativos sobre a mitologia e o parentesco; Summer 
MAINE, que via na família patriarcal a base da unidade da 
organização social; Mc Lennan, que lançou a ideia da noção do 
paralelismo e tentou interpretar vários costumes primitivos, 
TYLOR foi o expoente dessas contribuições ao definir o 
conceito de cultura e a coloca - lá como objecto da 
Antropologia. Por outro, Lewis MORGAN introduz o esquema 
da evolução: Selvageria, barbárie e civilização, FRAZER 
preocupa se com o estudo do fenómeno religioso (Id). 
 
 
 
 
EVOLUCIONISMO CULTURAL 
O Evolucionismo deriva do tempo ‘Evolução’. O Evolucionismo 
cultural surgiu com a emergência da própria Antropologia 
Cultural no séc. XIX. Contudo, a ideia da evolução surgiu na 
antiguidade clássica quando os pensadores se preocuparam com 
o problema da origem do Homem e do Universo, como no 
génesis, nos textos das civilizações mesopotâmicas, nos poemas 
épicos da Índia, entre outras narrações. Pode se confirmar isso a 
partir da Bíblia. 
O Evolucionismo estabeleceu se como corrente na segunda 
metade do séc. XIX, apesar de ter, as suas bases fundadas em 
dois séc. procedentes concretamente na ideia de progresso das 
civilizações, expressas por Condorcet e no Iluminismo. O séc. 
XIX conheceu largas transformações sociais, mais também o 
progresso ficou demonstrado pela Revolução Industrial, pela 
explosão do modo de vida urbano, que indicavam a capacidade 
evolutiva do homem. Como defende Martinez (2004, p. 60), o 
gérmen das teorias Evolucionistas alcançou o seu auge neste séc. 
 
 Antropologia do desporto 23 
 
em virtude de haver manifestação de confiança dos estudiosos na 
capacidade do homem de fazer uma história cada vez mais 
grandiosa. 
A teoria Evolucionista apoiar-se-ia no transformismo de Lamark 
identificado como fundador da teoria da Evolução e nas ideias 
de Charles DARWIN sistematizadas na ‘A origem das espécies’. 
Edward TYLOR ao sistematizar o estudo da cultura seria 
considerado o pai da Antropologia. Em 1971 publica o seu livro 
Primitive Culture (Cultura Primitiva). Onde propôs outra 
sequência para o desenvolvimento religioso no Homem: 
Animismo, que segundo ele teria sido o primeiro estágio; O 
Feiticismo, o Politeísmo e o Monoteísmo, como a última fase 
segundo Bernardi (1878, p. 177), com ela estão impregnados 
aspectos que constituiriam centrais nos estudos Antropológicos, 
como a integração étnica, estrutura e função, relativismo 
cultural, o indivíduo e a comunidade. 
As contribuições de Lewis MORGAN (1875), publicou o livro 
Ancient Society, este pesquisador ocupou se do estudo da 
organização social. Segundo Bernardi (Ibid, p. 179) MORGAN 
fez um estudo científico e sistemático do parentesco como 
fundamento necessário da organização social e política. James 
FRAZER é outro clássico deste período. Defendia que todas as 
sociedades passavam por três estádios: Mágico, religioso e 
científico. 
Ele usou largamente o método comparativo dos seus estudos, 
que se declinavam sobre a magia, o totenismo e a exogamia. 
 
 
 
 
Um dos aspectos dominantes dos Evolucionistas foi conceber a 
sucessão dos estágios de desenvolvimento como característico 
nos humanos e verem a cultura como aspecto tipicamente de 
 
 Antropologia do desporto 24 
 
todos os grupos humanos. Segundo eles as mudanças culturais 
resultavam da dinâmica natural e não dependiam do ambiente e 
da história. De modo geral, os evolucionistas debruçaram se 
sobre temas religiosos, familiares, jurídicos e aspectos da cultura 
material, isto é, o objecto de estudo era diversificado. Tais temas 
eram vistos segundo uma evolução universal e unilinear. O 
‘Exótico’ e os povos ‘Primitivo’ constituíam o centro dos 
estudos, cuja razão era encontrada nesse processo evolutivo. 
 
Na interpretação das instituições sociais, os evolucionistas ‘ (…) 
acreditavam que, voltando os olhos ao passado teriam subsídios 
para determinar como a história da cultura humana se 
comportaria’(MELLO,2005). Os evolucionistas introduziram um 
tempo cultural como uma nova dimensão cultural. Esta foi a 
outra característica do evolucionismo. 
Finalmente, o uso alargado do método comparativo, constituiu 
uma das características dos evolucionistas. Contudo, o facto de 
não haver um grande rigor, na aplicação desse método, a falta de 
crítica das fontes e a ausência de trabalho de campo pesaram 
muito no enfraquecimento desta corrente. Por outro, as dúvidas 
repousam sobre os factores da evolução cultural ao indicar 
aspectos subjectivos de carácter psicobiológico. 
 
O DIFUSIONISMO 
O Difusionismo centra se na difusão e no contacto entre os 
povos como factor da dinâmica cultural, que é conhecido como 
fenómeno histórico para explicar a semelhança existente entre as 
diferentes culturas particulares. É por causa disso que também se 
chama historicismo (Mello, 2005,). O Difusionismo congrega 
várias escolasou tendência da Antropologia Cultural: O 
Difusionismo Inglês, Alemão, ou escola de Viena e escola ou 
Difusionismo Americano. O Difusionismo, difundido entre 
 
 Antropologia do desporto 25 
 
1900-1930 está dentro do período da crítica, de que falaremos 
posteriormente. 
Diferentemente do Evolucionismo, preocupa se pelo rigor na 
pesquisa, tendo, por isso desenvolvido um trabalho de campo 
com a recolha de dados e posterior a elaboração teórica. A 
observação participante foi privilegiada como uma das técnicas 
de pesquisa e, ao mesmo tempo, foi incrementado a Linguística. 
Por isso a Etnografia conheceu uma afirmação com o 
Difusionismo. 
Foram também privilegiados estudos das culturas particulares 
dando maior segurança nas afirmações e um maior 
conhecimento de fenómenos antes relegados a um segundo 
plano (Ib, p.224). 
 
 
 
A Escola Inglesa 
Surgida na segunda década do séc. XX a Escola Inglesa teve 
como estudiosos Grafton Elliot SMITH e o seu discípulo, W. J. 
PERRY, que veio a implantar definitivamente a Escola. SMITH 
introduziu o fenómeno do paralelismo cultural, daí que o 
fundamento da escola foi de defender a difusão como principal 
motor da dinâmica cultural. Foi levada a isso talvez ao verificar 
quão difícil é a inovação de novos valores culturais. Para esta 
escola a cultura de todo mundo moderno era basicamente a 
mesma por conta da difusão (Teoria pan-egípcia), ficou 
conhecida por seu método científico e por sua especulação 
fantasiosa. 
Os pontos fracos desta escola foram: A manipulação de 
informações inseguras e duvidosas; Falta de rigor cronológico 
dos acontecimentos e os grandes radicalismos a considerar o 
Difusionismo como única base da explicação das semelhanças 
culturais existentes entre diferentes grupos. 
 
 Antropologia do desporto 26 
 
 
Difusionismo de Viena (O Difusionismo Alemão) 
Esta escola teve como precursores GREABNER, um dos seus 
principais fundadores, RATZEL, FROBBENIUS, W FOY, F. 
SCHMIDT(2001). É a escola também designada como histórico-
cultural. Quanto a metodologia privilegia o uso de informações 
seguras, tendo sido, por isso uma das contribuições desta escola 
para a Antropologia. Grabner defendia que na analise da difusão 
cultural era necessário ter em conta o número e a complexidade, 
onde ‘(…) quanto maior for o número de semelhanças, maior 
são as probabilidades de ter sucedido empréstimos’ (Mello, 
2005).Tanto estes, como os ingleses, o seu trabalho é 
basicamente o de gabinete e neste contexto aproximavam se dos 
evolucionistas. 
 
A Escola/ o Difusionismo Americano 
O principal defensor desta Escola foi Franz Boas. Seguiram lhe, 
segundo Martinez, Krober, Wissler, P. Radin, Sapir, Benedict 
e Mead(2004). Tendo como objecto a cultura universal, a 
principal característica foi de ter optado pelo estudo de áreas 
culturais muito pequenas, por considerarem a cultura complexa e 
ser, segundo eles difícil conhece-la completamente. 
O trabalho de campo foi pouco privilegiado, alias tal como 
ocorria com as outras escolas. 
 
O Funcionalismo 
O Funcionalismo é uma corrente fundada por Bronislaw 
Malinowski, a partir de 1914. Esta corrente teve a sua maior 
influência entre 1930- 1940. Querendo ultrapassar as tendências 
dominantes na época (Preocupações pela origem e pelos 
problemas das transformações sócio- culturais), o Funcionalismo 
tenta explicar o funcionamento de uma cultura num determinado 
momento. As noções de utilidade (Para que serve?), de 
 
 Antropologia do desporto 27 
 
causalidade (Qual é a razão?) e de sistemas (Conhecimento da 
interdependência dos elementos num conjunto coerente), 
determinaram a emergência desta corrente. 
 
Vários foram os representantes da corrente funcionalista: H. 
Spencer, via a função como a finalidade procurada 
intencionalmente; E. Durkhei, defendia a função ‘ Como a causa 
eficiente dos processos sociais de adaptação, de organização e 
de integração’ (Riviere, 2000). Segundo Durkheim, os factos 
sociais são regras de comportamento, normas, padrões de 
valores, expectativa que a sociedade tem dos seus membros. A 
pessoa se encontra num mundo onde existem certas regras e 
onde ela sofre se as viola. E essa realidade ocorre no seu meio de 
residência, não é verdade? A.R. Radcliffe-Brown era de opinião 
de que a função pode contribuir na contribuição e na noção de 
um conjunto, mas não predetermina a instituição que a realiza. 
Interessa se pelos sistemas de relações entre homens e grupos. 
Uma das principais críticas desta corrente reside no facto de não 
explicar a génese e as transformações de uma cultura ou 
organização. 
 
Contudo foi Malinowiski em 1985 quem revolucionou a 
investigação, com o privilegiou o inquérito do campo e a 
elaboração do método de observação-participante. Ele definiu a 
cultura como ‘’aparelho instrumental que permite ao homem 
resolver da melhor maneira os problemas concretos e específicos 
que deve enfrentar no seu meio, quando tem de satisfazer ás suas 
necessidades ‘’ (Id). Segundo ele, se a cultura é um mundo 
artificial criado pelo homem, é também uma extensão do mundo 
natural, dado que a satisfação das necessidades orgânicas ou 
básicas do homem resulta das condições impostas a cada cultura. 
 
 
 Antropologia do desporto 28 
 
A solução desses problemas cria como um novo ambiente que 
permanentemente reproduzido, mantido e administrado cria um 
novo padrão de vida (Martinez, 2004). 
Como modelo de análise para o trabalho de campo, 
Malinowski(1985) elegeu a instituição. MA, que para ele era 
constituída pelos seguintes elementos: Estatuto pessoal, normas, 
aparelhagem material, actividades, função, os tipos 
instituicionais, de acordo com Malinowski, eram classificados 
segundo o princípio de integração, como a família, a aldeia, 
grupos por sexo, por idades e sociedades secretas, etc. 
 
 
Estruturalismo 
Embora possa ser integrado na Escola Funcionalista. Alfred R. 
Radcliffe-Brown, é um dos mentores do Estruturalismo. Ele 
define estrutura como a disposição ordenada das partes ou 
elementos que compõem um todo. Num sentido lato, a estrutura 
associa sistemas, como parentesco, a religião, a política, mas 
num sentido restrito põe em relevo a rede de relações entre as 
posições sociais. É o sistema simbólico das relações constantes 
entre os factos. A análise utilizada pelo Estruturalismo apresenta 
se como uma análise sincrónica, sem considerar a dialéctica que 
existe no desenrolar da história. 
Claude Lévi- Strauss acentua o valor de signo e de símbolo dos 
elementos singulares e a constância das suas relações mútuas. 
Por ex. sobre o parentesco, analisa-o como um sistema de 
comunicação e de trocas entre estatutos e papeis sociais, de 
acordo com um princípio de reciprocidade, que consiste em se 
interditar o parente próximo para o trocar por um cônjuge 
proveniente de outro grupo. 
Uma estrutura oferece um carácter de sistema. Ela consiste em 
elementos tais que uma modificação qualquer de um deles 
acarreta uma modificação de todos outros. 
 
 Antropologia do desporto 29 
 
Em segundo lugar, todo o modelo pertence a um grupo de 
transformações, cada uma das quais corresponde a um modelo 
da mesma família, de modo que o conjunto destas 
transformações constitui um grupo de modelos. 
Em terceiro lugar, as propriedades indicadas acima permitem 
prever de que modo reagirá o modelo, em caso de modificação 
de um dos seus elementos. Em fim, o modelo deve ser 
construído de tal modo que o seu funcionamento possa explicar 
todos os factos observados. Assim, segundo Claude Lévi- 
Strauss, a estrutura é um tipo de formalização que se adapta a 
um conteúdo variado. 
 
 
 
 
Depois da emergência da Antropologia como ciência, ela viu-se 
envolvida, quase em simultâneo, em críticas, em torno da sua 
essência. Por isso, pode dizer-se que a Antropologia conhece a 
primeira crítica internamente.As diferentes correntes que se sucederam podem ser postas nesse 
nível de crítica da Antropologia, já que nos primórdios do séc. 
XX os estudos passaram a apresentar novas direcções, 
relativamente distantes da teoria evolucionista. De facto, a partir 
dessa altura passaram a ser criticados os princípios iniciais da 
Antropologia, foram propostas novas abordagens, condicionando 
a formulação da Antropologia Cultural. Em consequência o 
objecto inicial seria formulado e haveria o enriquecimento da 
Antropologia, por ex. com a integração de estudos psicológicos, 
linguísticos, com a pesquisa do campo. James Franzer (1854- 
1941), avançou com resultados comparativos das sociedades; 
Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955) e Bronislaw Manlinowski 
(1884-1942) desenvolveram intensos ‘trabalhos de campo’. Este 
último veio a ser o mais metódico pesquisador de campo, mais 
 
 Antropologia do desporto 30 
 
privilegiado na Antropologia Moderna. Edward Evans-Pritchard 
(1902-1973), importante sociólogo, se interessou pelo estudo das 
dinâmicas sociais, conflitos e mudanças culturais. 
O sociólogo francês Émille Durkhein (1858-1917), mesmo 
servindo-se da sociologia, procurou encontrar explicação 
científica da acção social e política, apresentando a religião 
como factor integrador fundamental da sociedade. Os seus 
estudos tiveram um cariz etnológico. Este contributo foi 
acrescido por Marcel Mauss (1872-1952), seu discípulo, que 
apesar de ser também sociólogo, formou a primeira geração de 
antropólogos franceses. Este promoveu o surgimento da 
Antropologia Contemporânea francesa ao dar maior ênfase a um 
‘trabalho de campo’ directo, prolongado e sistemático. Publicou 
um manual de Etnografia, em 1947. 
 
Franz Boas (1858-1942), fundou a tradição antropológica 
americana, no fim do séc. XIX, defendendo, contrariamente aos 
evolucionistas, o recurso rigoroso á historia. A geração posterior 
de Antropólogos, formada entre outros, por Abraham Kardiner, 
Margareth Mead e Ralph Linton, seguiu a corrente culturalista, 
que explorou as dimensões inconscientes da civilização ″A 
personalidade individual em relação as práticas do corpo, a 
relação corporal de feminidade e a masculinidade e seus papeis 
sociais, a relação entre culturas″, (Martinez, 2004, p. 59). 
 
A partir dos anos 50 do séc. XX, a Antropologia segue uma 
trajectória complexa sob a influencia de Edward Evans-Pritchard 
(1902-1973), Claude Lévi-Strauss (1908…), e de autores 
contemporâneos como Mary DOUGLAS, manifestando um 
interesse pela história e a mudança, conflitos das dinâmicas 
sociais. Nas gerações dos anos 70-80, do séc. XX dá-se também 
um interesse pelas representações e crenças, pela ideologia e as 
relações de produção, pela organização social e o parentesco, 
 
 Antropologia do desporto 31 
 
pelos mitos e os sistemas de pensamento e pelo simbolismo 
(Id.). 
A Antropologia passou a estudar não só o exótico, o primitivo, 
mas também aspectos culturais do mundo ocidental. Assim a 
área de estudo passou a constituir não o ‘Outro’ geográfico ou 
histórico, para ser o ‘outro’ em relação ao pesquisador. 
 
Mas essa critica terá surgido de fora da Antropologia, quando, 
como aponta Mello, (2005, p.195) os povos que antes eram 
apenas objecto de estudo dos europeus e norte –americanos, 
como os africanos, os asiáticos e os latino-americanos, 
começaram a cultivar também estudos antropológicos. 
Actualmente ocorre a reinterpretação ou reavaliação da 
Antropologia Cultural, segundo perspectivas elaboradas 
internamente e não pela alteridade do europeu. Esperam se ainda 
estudos sistemáticos tipicamente novos, como o estudo da 
cultura popular, o folclore, da globalização, da vida urbana, etc. 
Dessa forma, a Antropologia libertou-se do servilismo colonial. 
 
 
Sumário 
Para a emergência da Antropologia jogou papel importante as 
contribuições de vários povos, períodos e individualidades, 
contudo, apesar de existirem subsídios importantes para o seu 
estabelecimento como ciência, a disciplina veio a conhecer a 
cientificidade, só no séc. XIX, mercê dos grandes contactos á 
escala planetária dos três séculos imediatamente precedentes e 
da insaciável busca dos conhecimentos das outras realidades 
geográficas, históricas, culturais então imprimida durante o 
período moderno europeu. 
Com a formação da Antropologia, apesar de terem existido 
várias tendências nos estudos Antropológicos, o pensamento 
 
 Antropologia do desporto 32 
 
mais comum regia se pelo evolucionismo que então era 
dominante na época. Contudo, foi no interior dessa tendência 
que se afirmou (Construiu-se) a Antropologia Cultural, com 
Edward Tylor. 
Após a emergência da Antropologia como ciência 
desenvolveram se diversas correntes que, de certa forma, 
espelharam as várias concepções do que devia estudar esse ramo 
de conhecimento humano. Assim, seguiram se várias posições 
como a dos Evolucionistas, dos Difusionistas, dos Funcionalistas 
e dos Estruturalistas. Apesar das divergências nos procedimentos 
centraram se no estudo do Homem como um ser cultural. 
Desde da emergência da Antropologia que ela passou a 
confrontar-se com várias críticas quanto a sua orientação. Tais 
críticas ajudaram na reformulação da Antropologia Cultural, a 
qual passou a ser uma disciplina não só de povos exóticos, mas 
também de todos os grupos populacionais. Face a essa crítica, a 
Antropologia estabeleceu-se como uma ciência de facto. 
 
 
Exercício 2 
1. A formação da Antropologia resultou de vários 
contributos em diferentes períodos históricos. Identifique 
os diferentes períodos e os representantes de cada um 
deles. 
2. Que pressupostos existiam já no séc. XIX para a 
emergência da Antropologia. 
3. Porquê é que foi a Antropologia física aquela que se 
notabilizou em primeiro. 
4. Porquê o séc. XIX é chamado Período de Convergência. 
5. Qual é a natureza dos estudos Antropológicos 
dominantes a partir do segundo quartil do séc. XIX. 
6. Em que consistia o período de construção da 
Antropologia Cultural. 
 
 Antropologia do desporto 33 
 
7. Sobre as teorias Antropológicas quanto a sua orientação, 
em que se fundamenta cada uma das teorias expostas. 
8. Procure encontrar, em cada uma das teorias, o conceito 
fundamental e a significação nas teorias elaboradas a cerca da 
cultura humana. 
9. Em que contribuíram as críticas feitas a Antropologia. 
10. Depois deste estudo é capaz de indicar alguns estudos 
antropológicos em Moçambique em particular do período 
colonial? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 34 
 
Unidade nº 3 
 A Cultura 
 
Nesta unidade você vai aprender aspectos relacionados com a Cultura 
Humana, tocando um dos conceitos largamente usados e, 
frequentemente, de forma distorcida, aliás esta unidade é de capital 
importância em virtude de ser aqui onde pode ser entendida toda a 
natureza do ser Humano. 
 
 
 Ao completares esta unidade / lição será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 Conhecer o conceito de cultura 
 Identificar os elementos de cultura 
 Reconhecer o nível de cultura 
 Conhecer a natureza da cultura; 
 .Conhecer o conceito antropológico de Cultura; 
 Distinguir as diferentes características de Cultura; 
 Explicar a unidade e a diversidade da Cultura; 
 Conhecer os factores sincrónicos e diacrónicos da Cultura; 
 Saber identificar os aspectos que derivam o uso inadequado dos 
conceitos ligados á diversidade cultural 
 
 
 
 
 
Terminologia 
 
A terminologia que vai usar nesta unidade é a seguinte: 
 AD-Antropologia do desporto 
 
 
 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 35 
 
 
 
O termo Cultura tem múltiplas aplicações e foi usado em diferentes 
épocas e sentidos, tal como ocorre na fase actual. É usado em várias 
ciências, desde das físicas às sociais. Mesmo Antropologia. O seuuso 
conheceu vários significados nas diferentes escolas ou correntes. 
Contudo, o termo tem a sua origem do Grego para significar cultivar. 
O termo Cultura teve sua definição antropológica clássica com 
Edward Tylor. Segundo este, a Cultura é ‘Complexo unitário que 
incluiu o conhecimento as crenças, a arte, a moral, as leis e todas as 
outras capacidades hábitos adquiridos pelo homem como membro da 
sociedade’ (Bernardi, 1978). Há ainda quem entende cultura como 
‘Uma estrutura de significados, transmitido historicamente, encarnado 
simbolicamente, para comunicar desenvolver o conhecimento humano 
e as atitudes para com a vida, uma lógica informal na vida real e do 
sentido comum de uma sociedade, que funciona também como 
controlo’ (Martinez, 2004). Várias definições existem que não seriam 
esgotadas neste módulo. Traremos ainda, mais do que uma definição 
uma caracterização da própria cultura, dada pela Organização das 
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). 
Segundo esta organização a cultura é ‘ Um conjunto de traços 
distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afectivos, que 
caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Ela abrange além da 
arte e das letras os modos de vida, os direitos fundamentais do ser 
humano, e sistemas de valores, as tradições e as crenças. A cultura dá 
ao homem a capacidade de reflexão sobre se mesmo. A cultura faz de 
nós seres especificamente humano, crítico e eticamente 
comprometido. Através da cultura discernimos os valores e fazemos 
opções por meio dela a pessoa se expressa, toma consciência de se, se 
reconhece como projecto inacabado, põe em questão as suas 
realizações, procura descobrir novos significados e cria obras que o 
transcendem’ (Ibid, p.24). 
 
 
 Antropologia do desporto 36 
 
Como pode ver, os três conceitos põem em relevo: O carácter humano 
da cultura, o facto de ela ser transmitida e adquirida de forma histórica 
pelo homem enquanto membros de um grupo social; Ter um carácter 
simbólico, característico de cada grupo humano; Ser um sistema 
completo; Que evolui etc. Assim, no seu sentido Antropológico, a 
cultura insere vários aspectos. 
Importa saber que a Cultura é um produto de actividade mental do 
Homem, está diferente da actividade animal pela sua codificação 
dentro de um grupo social. A sua transmissão é feita segundo regras 
pré-estabelecidas, de geração em geração, por um processo de 
socialização com agentes e instituições bem identificados. 
 
 
 
Tal como falou se da definição da própria cultura, esta envolve vários 
elementos tais como atitude, valores, conhecimentos, costumes. 
Contudo, é necessário dizer que a Cultura é uma totalidade e não um 
aspecto particular ou parcial da actividade mental ou de uma 
manifestação humana. Você não pode identificar, por ex. a simples 
forma de comer, como um padrão cultural, dado que esta é uma 
expressão cultural, integra num vasto complexo. Por detrás da forma 
de comer há outros significados ou a maneira como você e a sua 
comunidade pensam sobre a infância ou em relação ao papel e ao lugar 
da mulher, não é a mesma que as outras sociedades. O mesmo 
acontece com as crenças e todos os outros componentes culturais, tais 
como: Símbolos; Ideologia; Atitudes; Uso de um determinado 
complexo cultural. 
 
Todos estes elementos de cultura são aprendidos normativamente. A 
Cultura tem valores-chave ou essenciais, organizados num sistema. A 
conduta humana governa-se por padrões culturais, isto é, é a cultura 
que orienta a vida das pessoas. Quando na sua comunidade diz se que 
não falta isto ou aquilo porque as pessoas não admitem, é prova dessa 
orientação das pessoas pela cultura. 
 
 Antropologia do desporto 37 
 
Contudo, é necessário enfatizar que o comportamento individual 
apesar de estar sujeito a regras culturais, nem sempre segue o ditado 
ou as regras. Ai surge o que podemos chamar de: Níveis ideais de 
cultura (O que os indivíduos deveriam fazer ou o que dizem estar a 
fazer) e nível real da cultura (O que fazem realmente no seu 
comportamento observável). Mas nem por isso o nível ideal deixa de 
pertencer a realidade. Com esta realidade, a cultura mesmo na 
condição de normalizadora, pode ser a base de emergência de um 
conflito. De facto, sempre que as pessoas se sentem insatisfeitas sobre 
uma determinada conduta, elas violam-na. (Ex. Quando alguém 
ultrapassa a limitação de velocidade num determinado local). E esses 
atropelos existem na sua comunidade não é verdade? 
 
Ainda a cultura poder ser subjectiva, ao expressar o conjunto de 
valores, conhecimento e experiencias presentes nos indivíduos como 
membros de uma sociedade, isto é, quando ela é interpretada de forma 
individual e objectiva, quando o conjunto dos valores e significados é 
exteriorizado formando o património cultural de um povo. 
 
 
 
A Cultura apresenta várias características. Se por um lado há um 
mundo visível, palpável, constituído por artefactos, fazendo parte da 
cultura e do carácter material, por outro existe o invisível, expresso de 
forma simbólica. Assim, a outra natureza Assim, a outra natureza é o 
seu carácter simbólico. De facto, a acção humana está geralmente 
carregada de símbolos que reflectem acções, objectos, espaços, 
instituições, isto é, tudo o que está ligado ao homem. Um simples 
gesto pode significar algo, mas um mesmo gesto pode variar de um 
complexo cultural para o outro. Daí a necessidade de nem sempre ser 
tangível este mundo, precisando, por isso, de uma aprendizagem. O 
próprio símbolo, uma vez integrado num padrão cultural acaba 
desempenhando a função comunicativa entre os membros de um 
determinado grupo. 
 
 Antropologia do desporto 38 
 
Você já fez algo que não seja praticado por um outro ser humano? Ao 
reflectir vai notar que não há nada que você faça que não seja 
praticado por um ser humano ou pelo grupo social onde você se 
integra. É por causa disso que se diz que a Cultura é social, na medida 
em que ela se forma, se partilha e se transmite no interior de um grupo 
social e nunca em indivíduos em separado. Uma norma de 
comportamento só pode ser concebida como tal se envolver um grupo 
social determinado e localizável no espaço. É por causa disso que os 
processos de transmissão são também sociais, seja qual for a 
sociedade. 
Se olhar atentamente vai notar ainda que as práticas sociais e culturais 
são algo que duram no tempo. Nada é passageiro mesmo que varia a 
forma da sua manifestação. É por causa disso que se diz que a Cultura 
é estável. Mas também ela é dinâmica. A primeira vista parece haver 
uma contradição entre a estabilidade e o dinamismo. Mas eles estão 
intrinsecamente ligados. 
Normalmente cada grupo social procura preservar os valores que o 
tornam autêntico e diferente dos outros. Essa procura da demarcação 
espaço cultural leva, de certa maneira a uma estabilidade das normas 
que regem um determinado grupo. Hoje tem-se em Conte que este 
pressuposto, não pode ser visto como um bloqueio aos 
comportamentos de outras culturas dado que isso só podia significar, 
de certa maneira a exclusão cultural dos outros grupos e falta de uma 
comunicação intelectual. A Cultura é dinâmica, na medida em que está 
em constante transformação sempre que existir uma causa para o 
efeito. Essa dinâmica pode ser encontrada num interior de um grupo 
de pessoas ou no seu conjunto. Por ex. uma classe de idades ou uma 
faixa etária, segundo as sociedades tem um certo conjunto de normas, 
que vão sendo complementados a medida em que esse grupo passa 
para estágio superior mas com a própria dinâmica temporal, fruto da 
evolução material de uma sociedade ou da acção directa dos membros, 
de contactos com outros grupos, certos elementos que antes eram 
considerados integrantes podem ser excluídos. Ela transforma-se 
consciente ou inconscientemente. 
 
 Antropologia do desporto 39 
 
A culturaé também selectiva na medida em que integra os valores, 
códigos, sistemas que um determinado grupo acha pertinente. Assim, 
há uma avaliação inicial dos novos elementos que culminam com a 
aceitação ou rejeição dos mesmos numa cultura determinada. Essa 
selecção pode ocorrer ainda na sucessão das gerações. Muitas vezes, 
as novas gerações tem considerado algumas normas das gerações 
procedentes como ‘Fora da moda’. Contudo, quando os factores 
exógenos são fortes, persistentes ou põem em causa a sobrevivência de 
um grupo, pode ocorrer que haja uma integração de certos elementos 
novos sem a respectiva selecção. É isso que ocorre entre os países do 
‘Terceiro mundo’ em relação aos das técnicas muito avançadas. 
A Cultura é universal, regional e local. É universal na medida em todo 
o ser humano é um ser cultural. Não há um homem que não tenha 
cultura. Os Universais Culturais, que você verá mais adiante, são o 
sinónimo dessa universalidade da Cultura, mesmo se saiba que a 
maneira de expressa-los é muitas vezes diferente. Essa diferença surge 
na resposta que cada grupo dá localmente a um certo impulso. Mas por 
outro, pode ser que haja certas práticas especificas de determinados 
locais, circunscritas em função todas as condições existentes ou 
criadas localmente. Nesse âmbito estar-se-á na presença de 
manifestações particulares da Cultura. Estamos a falar da manifestação 
regional ou local da Cultura. 
 
A Cultura é determinante e determinada: Se por um lado a Cultura é 
fruto da actividade mental do Homem, este acaba sendo o produto da 
Cultura. O Homem depois de nascer é circunscrito a um ambiente 
cultural regendo se por comportamentos e norma pré-estabelecidas. 
Contudo, isso não significa que este homem não tem algum papel na 
modificação desse mesmo ambiente na medida em que ele é um 
agente activo no interior do seu meio cultural, através de vários 
processos: Económico, politico, sociais, etc. 
 
 
 
 
 Antropologia do desporto 40 
 
 
 
Se concebermos o Homem como uma ciência distinta das demais 
espécies do reino animal, a sua particularidade será: O facto de ter se 
desligado de forma considerável da natureza, conseguir padronizar as 
aquisições materiais e transmiti-las num determinado contexto. Este 
aspecto é comum a todo o ser humano. Você pode observar ainda que, 
em todas as sociedades humanas, há estruturas mentais comuns a 
todos os indivíduos, estruturas organizacionais fundamentais comuns a 
todas as sociedades e a todas as culturas, mas ao mesmo tempo 
existem uma variedade de culturas e de sociedades. Assim, essa 
realidade leva-nos a dizer que todos os grupos humanos têm cultura, 
do mais pequeno ao mais complexo grupo que se começa. Você já viu 
que por onde anda todo o grupo humano tem alguns pontos tais como: 
 - Uma linguagem padronizada, usada como veiculo de 
transmissão do que é legado pelos grupos predecessores; 
 - Viver em grupos sociais definidos segundo determinadas 
regras como, por exemplo a família, mesmo que não implique e a 
organização familiar seja igual em todos os grupos sociai; 
 - A prática de exogâmia e o tabu do incesto, ou melhor a 
proibição de casamento e da prática de relações sexuais entre parentes 
próximos; 
 - O matrimónio, entendido como relação social estável 
duradoura, entre pessoas; 
 - A divisão social do trabalho. 
Neste caso, poderíamos dizer que a Cultura é universal, porque seja 
para a sociedade fossem aplicados estes termos, iríamos encontrar a 
sua aplicabilidade estes traços culturais que existem em todas ou em 
quase todas as sociedades denominam se universais culturais. Os 
universais culturais têm a particularidade de distinguirem os seres 
humanos das outras espécies animais, isto é, são tipicamente 
manifestas pelo Homem. Contudo, se num sentido geral a Cultura é 
universal ao Homem, no seu sentido mais restrito ela descreve um 
 
 Antropologia do desporto 41 
 
conjunto de diferenças de um grupo humano específico em relação aos 
outros. De facto a Cultura ao ser partilhada pelas pessoas é feita em 
função dos membros de um grupo que vivem num determinado meio. 
A Cultura converte se, assim, num sinal de identidade grupal. Por ex. 
as mesmas práticas anteriormente indicadas como universais Culturais 
ao serem analisadas em função das diferentes áreas culturais tem 
manifestações díspares. Nesse caso falaríamos de diversidade cultural. 
A diversidade Cultural apareceu a partir do momento em que cada 
grupo social se adequa a um ambiente específico teve uma história 
particular ou conheceu um certo desenvolvimento diferente em relação 
aos outros grupos apresentados ou não. Você imagine, por ex. os 
grupos Bantu que migraram para a África Austral, se nos primórdios 
todos os Bantus eram caracterizados pela prática da actividade 
agrícola, as diversas migrações posteriores para os diferentes meios 
ecológicos levaram a uma certa diferenciação entre eles. Hoje 
individualizaram-se ao ponto de identificarem-se como diferentes uns 
dos outros. É nesta identificação de um grupo em relação aos outros, 
que emergem certos fenómenos ligados a diversidade cultural, como, 
por ex. o Etnocentrismo Cultural. 
O Etnocentrismo Cultural é a tendência para aplicar os próprios 
valores culturais no julgamento do comportamento e das crenças de 
pessoas de outras culturas. Quando um grupo cultural ‟X” diz que os 
membros da etnia ‟Y” alimentam se mal, Só pelo facto destes últimos 
comerem um alimento que não é característico desta zona do primeiro 
grupo, está-se em presença de um etnocentrismo cultural. 
Etnocentricamente, os indivíduos pensam que os seus costumes são os 
únicos e são correctos, apropriados e morais. As pessoas pensam que 
as suas normas representam a forma ‘Natural’ de comportamento, daí 
que os outros são julgados como negativos. As visões etnocêntricas 
entendem o comportamento diferente como estranho e ‘ Estranho’, 
mas também como inferior. O etnocentrismo é uma visão de acordo 
com a qual o próprio grupo é o centro de tudo: Todos os outros se 
medem por referência a ele. Cada grupo se alimenta o seu próprio 
orgulho e a sua própria vaidade, proclama a sua superioridade, exalta 
as suas próprias divindades e olha com desprezo para com os outros. O 
 
 Antropologia do desporto 42 
 
Etnocentrismo pode manifestar se em diferentes níveis: Aldeia, tribo, 
minoria étnica, área cultural. 
Com o Etnocentrismo surgiu o termo da alteridade, isto é, o outro, 
considerado como estranho a um determinado grupo de referência. Os 
sistemas coloniais usaram esta alteridade em função de dois 
pressupostos: Geográfico e Histórico. Desta forma, a noção de Cultura 
foi usada política e etnocentricamente para separar grupos humanos. 
De facto, foi com a colonização que surgiram os termos Grupos 
Étnicos ou Etnicidade. 
Um Grupo Étnico é definido por semelhanças entre os seus membros 
(Crenças, valores, hábitos, normas, substratos históricos comuns, etc.) 
e por diferenças em relação aos outros (Língua, religião, historia, 
Geografia, território, etc). Todos estes aspectos são referentes 
simbólicos que estão mais na mente das pessoas que na realidade 
objectiva. Pode existir sem ter um nível de consciência de identidade 
étnica. 
 
 
Desde a origem do Homem, as diferenças foram sempre demarcadas. 
Na fase primitiva podiam ser identificados os grupos humanos das 
savanas e das florestas densas. A história deixou exemplos concretos 
de delimitação de grupos sociais. Por exemplo, na Grécia antiga o 
‘Éthnos’ era um conceito que definiu um grupo de pessoas diferentes 
do povo grego. Nesse caso o ‘Éthnos’ representava o ‘outro’, o 
‘Estrangeiro’ ou o ‘Étnico’. Face ao ‘Éthnos’, existia o génos que 
queria dizer nós. 
Quando estes elementos que identificam são frequentemente usados, 
formam-se como estereótipos. Os estereótipos surgem para aprender a 
realidade organizando-a em categorias: Negros,brancos, os macuas, 
os mulatos e os Machel. Surgem da categoria social, como um 
processo de simplificação e sistematização da informação. Por acaso, 
nunca lhe ocorreu simplificar algo para uma fácil memorização? Os 
estereótipos também surgem por comparação social. Os estereótipos 
exageram as diferenças entre categorias, comparam e organizam a 
 
 Antropologia do desporto 43 
 
informação. Inventam-se diferenças para criar processos de 
identificação. Os estereótipos, podem surgir ainda por atribuição de 
características e determinadas categorias, gerando expectativas e 
condutas. Estes estereótipos são estruturas cognitivas partilhadas 
debaixo das quais estão sistemas de valores transmitidos pelos agentes 
da socialização (Família, escola, órgãos de comunicação social: Por 
ex. é noticia nos canais televisivos extra-africano, a fome, a seca, a 
nudez, as guerras em África). 
 
Estes estereótipos funcionam por meio de um favoritismo endogrupal. 
Geralmente valorizamos de modo positio o nosso grupo e 
desfavorecemos os outros. Acentua-se as diferenças intergrupais e 
reforçam-se as diferenças face aos pensados como ‘Outros’, por meio 
da homogeneidade interna exagerada, na procura de uma coesão 
interna. Com os estereótipos homogeneíam-se o outro grupo, 
separando os seus membros. Ex. Já ouviu falar por exemplo que 
‘Todos os negros são iguais!’ Que o grupo ‟X” é avarento. Mas 
quantas vezes essa informação não refere a verdade! Neste caso, pode 
permitir rivalidade ou concorrências. 
 
 
 
 
Os estereótipos surgem na relação entre diferentes grupos, cuja 
finalidade é de inferiorizar os outros com aspectos negativos. Quando 
tal processo ocorre ao nível de um grupo étnico, estamos em presença 
de um Etnocentrismo. O Etnocentrismo é concebido como sendo o uso 
da própria cultura como base de aplicações ou de descrição da cultura 
de outros grupos étnicos ou povos. Há termos relacionados com um 
etnocentrismo e que são estudados pela Antropologia, tais como: 
Etnicidade, Etnogênese e tolerância étnica. 
 
 
 Antropologia do desporto 44 
 
A Etnicidade tem como base um sentimento colectivo de identidade. 
Implica identificar-se, afirmar-se como grupo étnico, sentir-se parte 
dele. Serve como elemento de inclusão e de exclusão. 
A Etnogênese é o processo de afirmação, revitalização e auto-
consciência da identidade étnica de um grupo humano, numa situação 
de confronto das diferenças sócio-culturais para com outros grupos. A 
África oferece exemplos concretos de práticas etnocêntrica extremas, 
como o genocídio que resultou num confronto entre os Hutu e os 
Thusi. 
 
Contudo a mesma África oferece múltiplos exemplos de convivências 
entre diferentes grupos étnicos, já que, geralmente, muitos países têm 
mais do que uma etnia, resultante da formação histórica desses países. 
Nesse caso tem-se a tolerância étnica, um processo que se manifesta 
num reconhecimento das diferenças culturais mas convivendo num 
mesmo espaço. Contudo, a Antropologia, do ponto de vista 
humanístico deve servir para melhorar a convivência e construir uma 
sociedade democrática e justa. Neste uso positivo das diferenças 
culturais estaríamos a falar do relativismo cultural. 
 
O Relativismo Cultural afirma que uma cultura deve ser estudada e 
compreendida em termo dos seus próprios significados e valores e que 
nenhuma crença ou prática cultural pode ser entendida separada do seu 
sistema ou contexto cultural. O comportamento, numa cultura 
particular, não pode ser julgado com os padrões de outras culturas. O 
Relativismo cultural é tanto uma teoria Antropológica como uma 
atitude e uma prática Antropológica, uma forma de lidar com os 
outros, respeitando a diversidade. Assim, nenhuma cultura ou grupo 
social é mais importante que os outros. 
A linguagem Antropológica é baseada num multicultural, isto é, num 
reconhecimento da existência de diversas culturas, cada uma é 
importante dentro no seu território. É o Relativismo Cultural 
entretanto, nessa perspectiva do Relativismo Cultural ético, há e deve 
haver limites válidos para toda a humanidade que não se tolera 
 
 Antropologia do desporto 45 
 
aspectos imundo, (ex. Mutilação dos clítoris, frequente na África 
Sahariana). Existem, por isso, uma referência moral e valores 
internacionais e humano de justiça e moralidade que nos fazem mais 
Humano. 
Mais também o Relativismo Cultural mais extremos é que valem a 
eliminação de toda a regulamentação de comportamentos Humano e 
pode cair no risco de justificar e/ ou permitir a violência. É por causa 
disso que existem por ex. documentos normativos como ‘A carta dos 
Direitos Humanos’. Neste caso, poderíamos afirmar como fundamento 
Antropológico da cultura: 
O carácter local de toda a cultura, isto é, aplicada a uma certa 
realidade social. 
 
A equivalência de todas as culturas sendo que nenhum ser humano é 
mais cultural que o outro. Assim, tudo o que é Etnocêntrista, Eliteísta, 
o Ocidentalismo, acaba sendo banal. 
 A cultura diz respeito a todas as manifestações humanas. 
 
 
 
A descoberta e a invenção 
A Humanidade vive de descobertas e invenções. Essas descobertas e 
invenções acumuladas vão fazendo parte de um repertório cultural de 
determinados grupos sócias, ou de toda a humanidade, em função de 
sua absorção nos diversos quadrantes do Mundo. Todos os novos 
elementos descobertos ou inventados podem condicionar o inicio de 
um processo que pode culminar numa mudança cultural. Ao se 
constituírem como novidade no grupo em que tais processos ocorrem, 
eles podem, por um lado, ser incorporados num procedimento já 
existente, melhorando o anterior estágio ou então condicionar o 
abandono de anteriores práticas. Quer em vários sentidos, há uma 
mudança de uma prática. Esse processo surge a partir do momento em 
 
 Antropologia do desporto 46 
 
que as práticas individuais são socializadas pela comunidade onde 
ocorrem as mudanças. 
Ao lado da descoberta e da invenção, considerados factores locais, 
existe a difusão, que também participa no processo da dinâmica 
cultural. Não há cultura que não tome por empréstimo elementos de 
outras culturas. Não existe alguma cultura que seja constituída só por 
elementos originários. A difusão contribui para o diálogo inter-
cultural, estimulando o alargamento dos universais culturais e, também 
enriquecendo as culturas locais. A transmissão de um elemento 
cultural de um ponto para o outro pode condicionar, ao mesmo tempo, 
reformulações, na medida em que esse processo nem sempre é 
pacífico. Jogam nesta influência os contactos entre as sociedades. Mas 
nem todos os processos culturais, como por ex. os elementos 
religiosos, são de fácil difusão. 
 
A Enculturação 
É o processo educativo pelo qual os membros duma cultura se tornam 
conscientes e comparticipantes da própria cultura (Bernardi, 1978). 
Ela pressupõe a transmissão da cultura já estabelecida. Ocorre de 
maneira formal, quando transmitida em instituições e modos 
rigidamente estabelecidos e, de maneira informal, na vida quotidiana, 
com a família, grupos de amigos, clubes etc. 
Entretanto, esses dois processos não estão dissociados, dado que a 
família esta enquadrada num complexo sócio-cultural e os pais foram 
educados nas instituições formais de um determinado grupo social. 
Você pode aperceber-se de que ninguém ensina nada em casa que não 
seja prática social local. A iniciação instrutiva, como por ex. os ritos 
de puberdade, faz parte da Enculturção. A adesão implica um certo 
conformismo às regras existentes, más as vezes, o processo de 
transmissão pode ser seguido por uma recusa dessas práticas por parte 
do membro que a recebe. De facto nesse processo enculturacional, a 
recepção dos valores não é aceite de forma passiva, dado que a 
individualidade ou a capacidade de interpretação autónoma do que é 
recebido tem o seu lugar. 
 
 Antropologia

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