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Margem RMC AÇÃO DECLARATÓRIA C OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO

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AO DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE PETROLINA/PE.
Xxx, brasileira, casada, aposentada, inscrita do CPF sob o nº 7Xxxxxxx5 e Identidade nº xxxx8 SSP/BA, residente e domiciliada na xxxxxxxx nº 355,0, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu advogado subscrito, devidamente constituído através da anexa procuração, com endereço profissional xxxxxxx, onde recebe notificações e intimações, apresentar a presente:
AÇÃO DECLARATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO
nos termos do art. 6º, III, e art. 51, IV, ambos do CDC c/c arts. 186 e 927 do Código Civil, em face de xxxxxx pessoa jurídica de direito privado, ...r, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I) REQUERIMENTOS PRELIMINARES
A) DA JUSTIÇA GRATUITA
A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, porque são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais, como resta demonstrado na anexa Declaração de Hipossuficiência, contando apenas com seu salário de aposentada rural para sobrevivência, motivo pelo qual, pede que lhe conceda os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes, além da Súmula 481 do STJ.
O art. 99, § 2º do NCPC é claro ao dizer que o juiz SOMENTE poderá indeferir o pedido de gratuidade se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, o que não se vislumbra no caso em tela.
Ainda, muito embora, a Requerente esteja sendo patrocinada por advogado particular, não é indicativo de condições financeiras conforme demonstra o artigo 99 § 4º do CPC, que diz claramente que “a assistência do requerente por ADVOGADO PARTICULAR NÃO IMPEDE a concessão de gratuidade processual”. 
B) DAS NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES
 Requer que todas as publicações e notificações referentes ao processo em epígrafe sejam realizadas SOMENTE em nome dos Drs. BRUNO LUIZ DE SOUZA MENDES RIBEIRO OAB/PE sob o nº 48.444, e JOYCE FERNANDA C. FREIRE DE SÁ OAB/PE sob o nº 49.059, conforme termos constitutivos anexos, na forma do artigo 272 DO CPC/2015, SOB PENA DE NULIDADE. 
C) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Requer, desde já, a inversão do ônus da prova por se tratar de relação de consumo, nos termos do artigo 6º, III, do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;(destaque nosso).
D) DA POSSIBILIDADE DE ACORDO
No caso de interesse do banco réu em fazer uma proposta de acordo acerca dos pedidos do processo, entrar em contato através do endereço eletrônico advfernandasa@gmail.com e brunolsmendes@gmail.com.
II) DOS FATOS
A Autora é aposentada, contando atualmente com 58 (cinquenta e oito) anos de idade, tendo, em meados de 2015, se aposentado na modalidade conhecida como aposentadoria rural (xxxxxx), e posteriormente realizou um empréstimo pessoal com o BANCO xxxxxx através de correspondente em data 16/12/2015.
A Requerente, embora tenha solicitado um empréstimo consignado, contratou na verdade um cartão de crédito com reserva de margem consignável – RMC no valor de R$ 1003,51 (hum mil cento e três reais e cinquenta e um centavos), atravessado pela parte requerida como condição para obtenção do valor pretendido, conforme depreende os anexos contratos.
Estranhando os valores descontados em sua conta bancária, a autora constatou débitos referentes à compras que jamais efetuou, com um cartão de crédito de nunca possuiu, tendo, no início do presente ano, relatado à ouvidoria do Banco demandado os descontos indevidos, tendo como resposta em 15/02/2019, a improcedência, conforme decisão anexa.
Para surpresa da autora, no presente mês e ano, através de terceiros, chegou às suas mãos um cartão de crédito BMG Card., juntamente com a comunicação do envio da senha do cartão (anexos), datada de 26 de fevereiro de 2019, que, contudo, NUNCA foi desbloqueado e NUNCA foi utilizado.
Conforme extrato anexo, foram descontados valores referentes à compras no mês de junho/2018.
Ora, Excelência, como a autora efetuou qualquer compra através de cartão de crédito na supracitada data, se o mesmo só veio chegar até ela no presente mês e ano, e o envelope com o cartão jamais fora violado?
Outrossim, a demandada foi totalmente irresponsável em permitir que outras pessoas, estranhas à relação, tivessem acesso ao cartão e a senha de titularidade da autora, pois, como já se disse, recebeu as referidas informações através de terceiro, que, de boa-fé, a procurou para entregar-lhe. Talvez esta prática tenha permitido o uso do cartão por terceiro desconhecido.
Em outra diapasão, embora em ambos os tipos de contrato seja possível a obtenção de empréstimo, no caso do consignado a taxa de juros é, normalmente, a metade da aplicada no cartão de crédito com reserva de margem. As diferenças, porém, não esbarram aí. 
No consignado, o cliente efetua o empréstimo já com data certa para início e término das parcelas; ao passo que no cartão de crédito com reserva de margem não há data limite para o término do pagamento e os juros são duas vezes maiores.
A Requerente, entretanto, que buscou o banco para contratar um empréstimo consignado foi induzida a erro ao supor que o valor descontado em folha seria o pagamento da parcela mensal do empréstimo consignado que houvera realizado.
Nesse sentido, a inadimplência parcial da fatura ocorreu em todos os meses, e não de forma esporádica. 
Além disso, outro fator determinante para a manutenção da Requerente em erro foi o fato de que ela saiu do banco convicta de que houvera celebrado um contrato de empréstimo consignado, o que a fez supor que o valor constante da fatura enviada a sua residência era de pagamento opcional, caso houvesse a intenção de sanar o empréstimo sumariamente, motivo pelo qual a inadimplência, conforme dito anteriormente, se deu mensalmente, e não apenas de forma esporádica e eventual.
A AUTORA, QUE SE VIU REFÉM DE UMA SITUAÇÃO COMPLETAMENTE ABSURDA, DE ENRIQUECIMENTO IMORAL POR PARTE DO BANCO RÉU, TORNANDO A DÍVIDA INEXEQUÍVEL, SE VIU NA OBRIGAÇÃO DE PÔR FIM A ESSE ABSURDO.
Além disso, o contrato contém práticas abusivas, pois tal como formulado, geram parcelas infindáveis e pagamentos que ultrapassam facilmente duas vezes o valor inicialmente obtido por empréstimo, constituindo vantagem manifestamente excessiva e onerosa ao consumidor.
Ainda, vislumbrou quanto aos Juros e CET (Custo Efetivo Total) no instrumento estipulados, flagrante abusividade em razão dos percentuais de 3,36% a.m. e 48,67% a.a., bem como 3,99% a.m. e 60,89% a.a., respectivamente.
Nesse sentido, comparada a taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil, a Instituição Financeira tem cobrado no contrato encargos remuneratórios por quase o DOBRO do habitualmente praticado, sendo ideais os percentuais pré-fixados de 2,00% ao mês e 26,75% ao ano, conforme tabela abaixo.
Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estatisticas/reporttxjuros/?path=conteudo%2Ftxcred%2FReports%2FTaxasCredito-Consolidadas-porTaxasAnuais.rdl&nome=Pessoa%20F%C3%ADsica%20-%20Cr%C3%A9dito%20pessoal%20consignado%20INSS&parametros=tipopessoa:1;modalidade:218;encargo:101&exibeparametros=false&exibe_paginacao=false).
Deste modo, diante de inúmeras irregularidades e descontos indevidos feitos na modalidade de consignação, sendo as referidas cobranças ilegais à luz do Código de Defesa do Consumidor e da jurisprudência dos nossos Tribunais, a Autora vem buscar no judiciário o ressarcimento dos valores em dobro, bem como, a restituição dos valores de encargos cobrados acima da taxa média de mercado divulgada pelo BANCO CENTRAL DO BRASIL para as operações em referência.III) DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A) DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Sabe-se que nas relações entre instituições bancárias e consumidor são aplicáveis as disposições do Código de Defesa do Consumidor, haja vista ser este o entendimento há muito já sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça. Veja-se:
Súmula 297 STJ:
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeira.
Evidente que a relação travada entre as partes aqui litigantes, é de consumo, enquadrando-se a parte requerente no conceito de consumidor descrito no caput do artigo 2º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, bem como a parte demandada na máxima contida no caput do artigo 3º do citado diploma legal, que expressamente inclui a atividade bancária no conceito de serviço, nos termos dispostos em seu parágrafo 2º, estabelecendo que a responsabilidade contratual do banco é objetiva (art. 14).
Ressalte-se, ainda, diante dos direitos outorgados pelo Código de Defesa do Consumidor, dado o caráter consumerista da relação e a hipossuficiência da parte Requerente, a de inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º, VIII) é perfeitamente possível e justa no presente caso, com vista a preservação dos seus direitos.
B) DO EMPRESTIMO ATRAVÉS DE RCM
O banco, por sua vez, nitidamente ludibriando o consumidor, realiza a seguinte operação– contração de cartão de crédito com reserva de margem consignável – RMC, pela qual é creditado na conta bancária da Requerente, antes mesmo do desbloqueio do aludido cartão e sem que seja necessária a utilização deste, o valor de um empréstimo e o pagamento integral é enviado no mês seguinte sob a forma de fatura.
Se a Requerente pagar integralmente o valor contraído, nada mais será devido; não o fazendo, porém, como é de se esperar, será descontado em folha apenas o VALOR MÍNIMO desta fatura, e, sobre a diferença, incidem encargos rotativos, virando uma dívida sem fim.
Como dificilmente aquele que busca empréstimo consignado tem condições de adimplir o valor total já no mês seguinte, incidirão em todos os meses subsequentes juros compostos sobre o valor não adimplido.
Além disso, o desconto via consignação leva o cliente a supor que o empréstimo está sendo adequadamente quitado.
A ilegalidade da contratação realizada normalmente só vem à tona quando o cliente percebe, após meses ou anos de pagamento, que o tipo de contratação realizada NÃO foi a solicitada e ainda, QUE NÃO HÁ PREVISÃO PARA O FIM DOS DESCONTOS, o que é o caso da Autora que possui os referidos descontos desde 2015.
Ademais, a situação acima mencionada é uma forma de venda casada porque junto com o empréstimo eles venderiam o cartão de crédito, sendo uma forma ilegal de fidelizar o cliente, buscando impedir que ele contrate empréstimo com outra instituição financeira, sem antes procurar a primeira para tentar cancelar a margem, quando eles, instituição financeira que ofereceu o empréstimo por primeiro, terão a oportunidade de oferecer uma "condição melhor" e um novo contrato para o mutuário.
ALÉM DISSO, NA MAIORIA DAS VEZES, AS INSTITUIÇÕES PROMOVEM DESCONTOS NOS PROVENTOS DOS MUTUÁRIOS SOB A RUBRICA DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL, DESCONTOS ESSES QUE NÃO SERVEM PARA ABATER NENHUM EMPRÉSTIMO, MUITO MENOS PAGAR A CONTA DE QUALQUER CARTÃO DE CRÉDITO, SERVE APENAS PARA REMUNERAR A DISPONIBILIZAÇÃO DESTE CARTÃO, MESMO QUE ELE NÃO ESTEJA SENDO USADO.
Ora Excelência a intenção da Autora com o ingresso desta ação não é de forma alguma se locupletar às expensas do Réu. Muito pelo contrário, a Autora tentou de todas as formas resolver tal situação, inclusive buscando contato via ouvidoria, ligando diversas vezes para o número do banco requerido para solucionar a situação do mencionado empréstimo, requerendo administrativamente que fosse cancelado o referido contrato de empréstimo, conforme já mencionado e provado. Contudo, nada foi resolvido.
Desta feita, não vislumbrou outra alternativa para dirimir tal situação, senão ajuizar a presente demanda buscando pela tutela jurisdicional para que seja feita JUSTIÇA, e ver cessado tais descontos em seu benefício.
IV) DO DIREITO
A prática totalmente abusiva do banco réu enseja a indenização por danos morais e materiais. Nesse sentido, segue parte de recente ACÓRDÃO:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO NÃO SOLICITADO PELO AUTOR. RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. DESCONTOS EFETUADOS A TÍTULO DE EMPRÉSTIMO SOBRE A RMC. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DO EMPRÉSTIMO. DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO OBSERVADO. DANOS MORAIS. DEVIDOS R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS). ÍNFIMO. MAJORADO QUANTUM PARA R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 12.13 B DA TRU/PR SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.DA VIOLAÇÃO AO CÓDIGO CIVIL E AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
Preceitua o Código Civil pátrio em seu artigo 186:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Neste caso em questão, podemos interpretar este dispositivo sobre a perspectiva de duas visões: A Ação e a Omissão. No polo da Ação encontram-se as Instituições Financeiras que de forma claramente dolosa, mediante a violação do dever de informação e da boa-fé objetiva, causaram e ainda causam danos materiais consideráveis aos tomadores de empréstimos consignados ofertados como cartão de crédito.
Do mesmo modo, os danos causados aos clientes que possuem essa modalidade de empréstimo são oriundos do vício do negócio jurídico chamado de Dolo. Trata-se de um vício em que uma das partes da relação jurídica induz a outra ao erro, causando-lhe um dano. Todo negócio jurídico que possui como fato gerador o dolo é anulável nos termos do Art. 145 do Código Civil:
“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”.
O final do artigo 145 demonstra a necessidade em que um negócio jurídico para ser anulado por dolo faz-se necessário que este elemento tenha sido sua causa. No caso em questão, poucos seriam as pessoas que aceitariam um contrato tão adverso, se não fossem levadas a cometer tal erro. Vale destacar também o artigo 147 do Código Civil:
“Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado”.
O CDC, em seu art. 6º prevê ser um dos direitos básicos do Consumidor a prestação que as informações sobre o produto ou serviço devam ser adequadas e claras, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentarem, além de proteção contra práticas e cláusulas abusivas no fornecimento de produtos e serviços.
DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ DOS CONTRATOS
A Constituição Federal de 1988 revolucionou o modo de se interpretar o Direito, uma vez que trouxe uma cartela de princípios que foram incorporados com maestria em todos os ramos do direito, devendo ser observados, juntamente com os direitos fundamentais, como o sentido da norma jurídica, sob pena de nulidade.
O Direito Civil foi intimamente afetado pela existência das normas constitucionais, uma vez que, estas entalharam todo o seu modo de ser, passando muitos doutrinadores a chamá-lo Direito Civil Constitucional. De modo que deve se:
“Deixar de lado o positivismo jurídico clássico, tão estritamente legalista como ultrapassado, para se atender às normas de caráter aberto ou flexível, no caso do Direito Civil, devem ser realçados os princípios da sociabilidade, eticidade e operacionalidade, que influenciaram toda a elaboração do Código Civil de 2002”. Constituído mediante instrumento público. Precedentes TJPE.
ESTADO DO CEARÁ-PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL - PROCESSO Nº: 0005112-21.2011.8.06.0066. COMARCA: CEDRO – VARA ÚNICA. APELANTE: JOAQUINA MARIA DE JESUS. APELADO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S/A. RELATOR: DES.ANTÔNIO ABELARDO BENEVIDES MORAES. EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE/INEXISTÊNCIA DE CONTRATO C/C PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PARTE ANALFABETA. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE. VIOLAÇÃO. ANULAÇÃO DO CONTRATO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DEVER DE REPARAÇÃO. DANO MORAL IN RE IPSA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS.
1. A autora é idosa, analfabeta e moradora de uma cidade do interior do estado, circunstâncias que indicam se tratar de pessoa humilde e de parcos conhecimentos, especialmente na área bancária. Assim, embora ela não seja considerado incapaz para a prática dos atos da vida civil, é indiscutível que não possui conhecimentos suficientes para compreender as cláusulas estabelecidas no instrumento contratual discutido, de modo a concretizar o princípio da autonomia da vontade.
2. Como o banco não se desincumbiu do ônus que lhe competia de comprovar a regularidade da contratação, demonstrando que o demandante teve a exata compreensão dos termos do contrato, de modo a afastar o vício de consentimento alegado, impõe-se a anulação do pacto.
DA DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES
Como bem sabemos, a nulificação de um negócio jurídico nos leva ao restabelecimento do status quo anterior a sua realização. Assim, demonstrado exaustivamente que houve abuso na já citada contratação, imperioso se faz que, a parte de boa-fé, o consumidor, tenha toda sua situação financeira recomposta.
Como já dito, o réu aproveitou-se da condição específica da parte Autora para lhe impor contração em termos que esta desconhecia em nome de uma maior e fácil margem de lucros, ou seja, agiu abusivamente.
Como todo contrato de consumo abusivo, este deverá ser anulado, ou seja, retirado do mundo jurídico por ser espúrio. Contudo, não basta apenas tal retirada, é preciso garantir que a normalidade da vida da parte Autora seja recomposta, concedendo assim um regresso às mesmas condições econômicas que possuía antes de tal contratação abusiva.
Tal retorno, como nos é evidente, somente poderá ocorrer com a devolução dos valores já pagos indevidamente e com a cessação dos descontos indevidos em seu benefício, do contrário, a decretação de tal nulidade somente teria valor formalístico e nada mais seria do que um adorno de conteúdo vazio e que nenhuma tutela efetiva concederia à parte Autora.
Assim, impõe-se a devolução de todas as parcelas ora pagas, assim como o fim dos descontos realizados.
Apenas ressalta-se que, por se tratar de cobrança indevida, regida pelas leis consumeristas, a devolução deverá se dar em dobro, como bem dispõe o CDC em seu art. 42, vejamos:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. 
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Seria infrutífero o argumento do banco requerido em alegar boa-fé da contratação dessa modalidade de contrato viciada, posto que, estão sendo condenadas com frequência por essa pratica ilícita, em sendo assim não podem alegar que desconhecem a situação em tela, pois são contumaz na pratica abusiva aqui guerreada.
Estamos diante Excelência, de uma ação eivada de DOLO, por parte da Ré, uma vez que como resta comprovado exaustivamente nessa exordial tal ação, e para não restar dúvidas sobre a má fé da Ré temos os ensinamentos do renomado Jurista Clóvis Beviláqua:
“O DOLO NAS BELAS PALAVRAS DE CLOVIS BEVILÁQUA, CORRESPONDE AO ARTIFÍCIO OU EXPEDIENTE ASTUCIOSO, EMPREGADO PARA INDUZIR ALGUÉM À PRÁTICA DE UM ATO JURÍDICO QUE O PREJUDICA, APROVEITANDO O AUTOR DO DOLO OU MESMO A TERCEIRO”.
Portanto, Excelência, pela inexistência de engano justificável que exima a responsabilidade do banco requerido, nada mais justo que ocorra a devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente, como repetição de indébito, de modo a amenizar os transtornos e prejuízos sofridos pela parte Requerente, sem prejuízo de juros e correção monetária, bem como de outros valores possivelmente não incluídos nessa exordial. 
DA CONSTITUIÇÃO DA TAXA DE JUROS
Outrora, também a forma de constituição das taxas se dá em má fé e abusividade da Requerida, de modo a manter os consumidores em negligência. 
A esse respeito, a legislação consumerista determina em termos expressos que o fornecedor de serviços de outorga de crédito ou concessão de financiamento informe adequadamente a respeito da soma total a pagar, bem como o preço certo do serviço. É a inteligência do Art. 6º, III do CDC. 
Ainda que fosse devidamente cientificado dos percentuais abusivos, em situações análogas, não tem o Superior Tribunal de Justiça permitido que se mantenham como válidas as taxas de juros originalmente contratadas, revisando-as de modo a que se ajustem ao valor médio do mercado. O contrato celebrado entre as partes na modalidade adesão, ou seja, as cláusulas não poderiam ser modificadas.
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. JUROS REMUNERATÓRIOS LIMITADOS À TAXA MÉDIA DE MERCADO. 1. - Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios à taxa média de mercado quando comprovada, no caso concreto, a significativa discrepância entre a taxa pactuada e a taxa de mercado para operações da espécie. 2. – agravo regimental improvido. (STJ - AgRg-REsp 1.423.475; Proc. 2013/0401171-1; SC; Terceira Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; DJE 13/03/2014)
Em casos tais, necessário se faz a revisão contratual, em razão de encargos abusivos que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A alteração da taxa de juros remuneratórios pactuada em mútuo bancário depende da demonstração cabal de sua abusividade em relação à taxa média de mercado. 
Em consulta ao sítio eletrônico do Banco Central do Brasil (https://www.bcb.gov.br/ – nas abas: Estatísticas – Taxas de Juros – Crédito pessoal consignado INSS) foi constatado que os juros cobrados pela Instituição Financeira estão MUITO acima da taxa média de mercado divulgada pelo BACEN, conforme anexo e descrito nos fatos, valendo-se da cobrança de aproximadamente o DOBRO do habitual, o que leva, necessariamente, à conclusão de que FOI PACTUADA DE FORMA ABUSIVA, devendo haver a respectiva limitação. 
Dessa forma, diante do princípio da Boa Fé dos contratos, demonstra-se que a Ré agiu com total desrespeito perante a parte Autora. O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 51, Inciso IV, determina que são nulas de pleno direito as cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis com a boa-fé
DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS
A lei cita duas hipóteses subjetivas, alternativamente: “Premente necessidade” ou “Inexperiência”. Ora, no caso presente, a contratação sob os juros extorsivos de 3,36%% ao mês e 48,67% ao ano se deu, em verdade, pela cumulação desses dois requisitos subjetivos. 
De um lado, por conta dos descontos que são mensalmente pagos pela Requerente, constata-se que o empréstimo se fazia necessário para simplesmente honrar as contas do mês. 
De outro lado, como demonstrado, a Requerente não tinha qualquer experiência em empréstimos do gênero, deixando se levar pela conversa da requerida, bem como propagandas de que a taxa de juros cobrada correspondia ao ordinariamente cobrado no mercado.
Tal proporcionalidade, em si, indica a crível aplicação simples de juros, como efetivamente prescreve a legislação incidente sobre o sistema financeiro nacional. 
Não obstante a abusividade que a capitalização de juros representa per si, também é evidente a má-fé da Requerida, ao fazer inserir tal restrição em termos obscuros e negligentes no contrato, objeto este que sequer teve acesso por inteiro, até porque sequer preencheram o quadro IV do contrato onde explicaria de forma clara o pagamento, e em contradição com as taxas inicialmente apresentadas ao consumidor, em afronta aodisposto no art. 54, §4º do CDC.
EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1. Acarreta onerosidade excessiva a previsão de capitalização diária de juros, causando desequilíbrio na relação jurídica. 2. Afastada a cláusula que permitia capitalização diária de juros, fica o contrato sem previsão de periodicidade da capitalização. Assim, de se admitir apenas a capitalização anual, legalmente prevista (art. 591, CC), não cabendo interpretação extensiva do contrato. 3. Recurso parcialmente provido. (TJSP APL 9001210552009826/SP, 14ª Câmara de Direito Privado, julgado em 08/02/2012, publicado em 14/02/2012, Des. Melo Colombi).
Também, não há previsão contratual subsidiária para a aplicação dos juros, senão a clara demonstração de aplicação simples instituída pela proporcionalidade da taxa mensal de juros indicada em contrato.
DO DANO MORAL
Quanto à previsão legislativa, o dever de indenizar é fundamentado tanto pela Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso V, como pelo Código de Defesa do Consumidor presente no artigo 4º do diploma legal em tela. Depreende-se de seu texto, a imputação direta, independentemente de culpa, da reparação do dano causado ao consumidor oriundo de “defeito” relativo à prestação do serviço, a saber:
Art.14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como, por informações insuficientes ou inadequadas sobre fruição e riscos. 
Inciso I – O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se e consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo do serviço;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
Assim, diante dos elementos constantes dos autos, restaram suficientemente demonstrados a ilicitude da conduta do réu, e o dano causado a Autora, além do nexo de causalidade entre ambos, impondo-se o dever de indenizar.
O dispositivo supra transcrito diretamente tratam sobre o real objetivo do instituto jurídico da responsabilidade civil, que resumidamente consiste em restaurar um equilíbrio moral e patrimonial que fora objeto de violação, nos moldes do que já fora amplamente exposto.
Acertada é a exegese no sentido de que o BANCO BMG, efetivamente, realizou condutas lesivas em face da Autora, sendo assim, independentemente de culpa, impõe a lei, de forma objetiva, a reparação dos danos oriundos dessa conduta.
Observa-se Nobre Julgador, que a garantia da reparabilidade do dano moral, é absolutamente pacífica tanto na doutrina quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importância, que ganhou texto na Carta Magna, no rol do artigo 5º, inciso V, dos direitos e garantias fundamentais. Faz-se oportuna a descrição:
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”
“V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
A respeito do assunto, aplaudimos a lição doutrinária de Carlos Alberto Bittar, sendo o que se extrai da obra “Reparação Civil por Danos Morais”, 2ª ed., São Paulo –RJ, 1994, pág. 130:
“Na prática, cumpre demonstrar-se pelo estado da pessoa, ou por desequilíbrio, em sua situação jurídica, moral, econômica, emocional ou outras, suportou ela consequências negativas, advindas do fato lesivo. A experiência tem mostrado, na realidade fática, que certos fenômenos atingem a personalidade humana, lesando os aspectos referidos, de sorte que a questão se reduz, no fundo, a simples prova do fato lesivo.
Realmente, não se cogita, em verdade, pela melhor técnica, em prova de dó, ou aflição ou de constrangimento, porque são fenômenos ínsitos na alma humana como reações naturais a agressões do meio social. Dispensam, pois, comprovação, bastando, no caso concreto, a demonstração do resultado lesivo e a conexão com o fato causador, para responsabilização do agente.”
Enfim, quando se trata de reparação do dano moral como no caso em comento, nada obsta a ressaltar o fato de ser este tema pacífico e consonante tanto sob o prisma legal, quanto sob o prisma doutrinário. Por conseguinte, mera relação de causa e efeito seria falar-se em pacificidade jurisprudencial. Faz-se patente, a fartura de decisões brilhantes em consonância com o pedido da Autora, proferidas pelos mais ilustres órgãos julgadores em esfera nacional.
Dessa maneira, estando presentes os pressupostos ensejadores do instituto jurídico da responsabilidade civil, fundamentado está o pedido de reparação de danos, seja ele motivado por prejuízo material ou moral.
Nesse sentido, é a jurisprudência dos Egrégios Tribunais de Justiça, verbis:
APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. CONTRATAÇÃO INDEVIDA. CONSUMIDOR INDUZIDO EM ERRO–ATO ILÍCITO. DEVER DE INDENIZAR. QUANTIFICAÇÃO EXTENSÃO DO DANO. Responde pelo pagamento de indenização por danos morais o banco que induziu o consumidor em erro, fazendo-o contratar produto diverso do que desejava o que lhe causou danos morais, passíveis de reparação financeira. A indenização deve ser suficiente exclusivamente para reparar o dano, pois este se mede por sua extensão, nos termos do artigo 944, caput, do Código Civil, não podendo ensejar enriquecimento indevido do ofendido. Havendo condenação, os honorários advocatícios devem ser fixados em atenção aos critérios estabelecidos no art. 20, § 3º, alíneas a, b e c, do Código de Processo Civil. Recurso não provido. (TJMG, Apelação Cível nº 1.0145.10.032892-4/001, Rel. Des. Gutemberg da Mota e Silva, 10ª Câmara Cível, DJ 25.03.2011).
Além disso, a conduta da parte requerida violou frontalmente a instrução normativa INSS/PRES Nº 28, de 2008 (Estabelece critérios e procedimentos operacionais relativos à consignação de descontos para pagamento de empréstimos e cartão de crédito, contraídos nos benefícios da Previdência Social.) haja vista ter a parte Requerente buscado a instituição financeira para a celebração de contrato de consignação, todavia, fora ludibriada e acabou firmando um contrato de cartão de crédito com reserva de margem consignável.
Nesses termos, a instituição financeira ao difundir seus serviços, adotou medidas que desvirtuou o antes preterido pela Requerente, “maquiando” o contrato de mútuo simples consignado em operação via cartão de crédito com reserva de margem de forma ‘’fraudulenta’’, ou seja, induzindo a Requerente a erro.
Cabe ressaltar que a única fonte renda da autora é seu benefício previdenciário, do qual a demandada, durante quatro anos, vem realizando descontos indevidos.
Com isso, nasce para a parte Requerente o direito de ser indenizado pelo prejuízo sofrido, conforme estabelece o art. 927 do Código Civil, que diz: ‘’Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo’’
Desse modo, remetendo a fixação da indenização à subjetividade, haja vista a ausência de critérios legais para o arbitramento, o que se espera é razoabilidade e proporcionalidade na mensuração da reparação pretendida, observando-se, porém, como parâmetro mínimo, a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), levando se em consideração o respectivo dano sofrido, devendo-se enfatizar que, no caso concreto, as circunstâncias a que foram submetidas à parte Requerente influenciam fortemente na fixação do "quantum" indenizatório, a fim de se amenizar o sofrimento pelo qual passou e ainda vem passando, bem como, o porte da empresa requerida e sua atividade, que, caso condenada a valor inferior ao aqui pleiteado, não sentiria o “peso” de agir ilegalmente em suas relações contratuais.
DA APLICAÇÃO DO CODIGO DO CONSUMIDOR
Foi, justamente, no princípio da vulnerabilidade do consumidor que o movimento consumerista se baseou para chegarà atual legislação protetora. Sendo assim, o consumidor é a parte mais fraca da relação de consumo, uma vez que o consumidor se submete ao poder de quem dispõe o controle sobre bens de produção para satisfazer suas necessidades de consumo. Em outras palavras, o consumidor se submete às condições que lhes são impostas no mercado de consumo.
No caso em enfoque a relação jurídica existente entre as partes é de consumo, e, por isso, o banco réu, fornecedor de serviços, responde objetivamente pelos danos sofridos pelo consumidor, somente se eximindo de tal responsabilidade se comprovada uma das excludentes previstas no artigo 14, § 3º da Lei 8.078/90, quais sejam, inexistência de vício ou culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
A Autora NÃO realizou nenhuma compra ou contrato de empréstimo utilizando o cartão de credito, uma vez que, o mencionado somente foi recebido após as datas das compras e NUNCA foi desbloqueado, inexistindo, portanto, motivos para continuar sofrendo descontos no benefício da Autora.
Deve, pois, o banco Réu ser responsabilizado pelas consequências negativas da indevida operação financeira realizada. Nessa linha de raciocínio, ficou caracterizada a falha na prestação do serviço pelo banco Réu, ensejando a responsabilidade, com fundamento no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, impondo-se a obrigação de indenizar os danos causados. 
Nesse sentido já se manifestou a E. Turma Recursal dos nossos Tribunais de Justiça. Confira:
TJ-PR - PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Recursos Recurso Inominado RI 000516895201581600140 PR 0005168- 95.2015.8.16.0014/0 (Acórdão) (TJ-PR). Data de publicação: 17/11/2015. Ementa: EMENTA: AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE PROVENTOS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS? DESCONTOS NA CONTA SALÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO DA TITULAR PROVENIENTES DE DÉBITOS COM A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA? ILEGALIDADE DOS DESCONTOS? RESTITUIÇÃO DO VALOR INDEVIDAMENTE DESCONTADOS? DANO MORAL CONFIGURADO? QUANTUM FIXADO EM R$ 2.000,00? ÍNFIMO NO ENTENDIMENTO DESTE RELATOR? MAJORADO PARA R$ 6.000,00? VALOR QUE COADUNA COM PRECEDENTES DESTA TURMA RECURSAL? APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 12.13?A? DA TRU? SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso da reclamante conhecido e provido. Recurso do reclamado conhecido e desprovido. Diante do exposto, resolve esta Turma Recursal, por unanimidade de votos, conhecer dos recursos e, no mérito, dar provimento ao recurso da reclamante e negar provimento ao recurso do reclamado, nos exatos termos do voto (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0005168-95.2015.8.16.0014/0 - Londrina - Rel.: Marco VinÃcius Schiebel - - J. 13.11.2015).
Neste contexto, nota-se que restou a verossimilhança das alegações e hipossuficiência do consumidor, razão pela qual a inversão do ônus da prova em favor do consumidor é medida que se impõe, ficando este dispensado da comprovação da falha da prestação do serviço, da ocorrência do dano e do nexo causal entre o produto/serviço consoante dispõe o artigo 6º, VIII, CDC.
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Dispõe também o Código de Proteção e Defesa do Consumidor que:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e risco.
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Neste sentido, que estão presentes os requisitos subjetivos (consumidor e fornecedor - artigos 2º e 3º da Lei 8.078/90) e objetivos (produto e serviço - §§ 1º e 2º do artigo 3º da mesma lei). Assim, incidem as normas e princípios do Código de Defesa do Consumidor.
Assim, Excelência, diante de todo o exposto, são conhecidas as abusividades das práticas do banco réu, que frequentemente tem ensejado demandas judiciais como esta, de pessoas pouco instruídas que são ludibriadas por instituições de crédito como a demandada, que progressivamente engordam seus cofres às expensas de miseráveis, que possuem apenas o mínimo legal para manter sua família.
V) DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, requer:
a) QUE SEJA DEFERIDA A GRATUIDADE DA JUSTIÇA, nos termos do art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal c/c art. 98 do Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015), por não ter condições de arcar com custas processuais e honorárias advocatícios, na medida em que, conforme comprovam os documentos anexos, a parte Autora sobrevive com a sua aposentadoria de um salário mínimo mensal.
b) Que seja concedida a INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO, nos termos do CDC, art. 6º, VIII.
c) A citação da empresa requerida, na forma da lei, para comparecer à audiência de conciliação e nos termos das disposições da Lei nº 9.099/95, e nela não conciliando, apresentar resposta, oral ou escrita, à presente, caso queiram, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria fática alegada.
d) Que SEJA A PRESENTE DEMANDA JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE, condenando a Requerida ao pagamento de:
· R$ 120,48 (cento e vinte reais e quarenta e oito centavos), pago à título de cobrança pelas compras efetuadas por terceiros através do cartão de crédito, em dobro, nos moldes previstos no art. 42 do CDC, com juros e atualização monetária, sem prejuízo ao ressarcimento de valores que vierem ainda a serem descontados.
· VALORES COBRADOS ACIMA DO MÍNIMO CONSIGNÁVEL constante do contrato (R$ 39,40), em dobro, nos moldes previstos no art. 42 do CDC, com juros e atualização monetária, sem prejuízo ao ressarcimento de valores que vierem ainda a serem descontados.
· DANO MORAL NO VALOR DE R$ 10.000,00 (dez mil reais); a contar do evento danoso, conforme prescreve Súmula 54 do STJ.
e) Seja a ré compelida a juntar aos autos extratos da conta da autora desde o início do contrato até a data da juntada, para fins de cálculo para execução.
f) A condenação da empresa Ré a descontar o valor emprestado a Autora em parcelas mensais que deverão ser lançadas em sua folha de pagamento, sendo certo que o valor de cada parcela deverá ser ajustado pela de juros e encargos praticados pelo Banco Central do Brasil para tais operações de empréstimo consignado, sob pena de multa a ser fixada em sede de execução.
g) Requer ainda a condenação do requerido em custas, despesas processuais, honorários sucumbenciais e demais cominações de estilo;
Busca-se o uso de todos os meios de prova permitidas por direito, em especial pela juntada de documentos, prova testemunhal, bem como pelo depoimento pessoal das partes, tudo desde já requerido.
Dá-se à presente demanda o valor de R$ 10.240,96 (dez mil, duzentos e quarenta reais e noventa e seis centavos).
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
XxxxxPE, 30 de maio de 2019.
 RIBEIRO

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