Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TAQUIARRITMIAS É todo ritmo cardíaco regular ou não com frequência acima de 100 bpm. São classificadas didaticamente em dois grupos: - QRS estreito: são supraventriculares (raras exceções) - QRS largo: são ventriculares (há exceções, podendo ser confundida com taqui supraventriculares que já tenham um bloqueio de ramo E ou D, com WRS naturalmente alargado). Taquicardias supraventriculares: Se iniciam no território atrial ou na porção superior do nó av, são taquicardias que normalmente conduzem para o ventrículo gerando QRS estreito. Nós temos, as taquicardias atriais, as taquicardias da junção av (nó av), e temos uma taquicardia atípica que é causada pela presença de um feixe anômalo, de tecido fibrótico atrioventricular (tecido muscular capaz de conduzir estímulo). Portanto, à medida que o estímulo atrial chega naquele ponto ele pode passar para o ventrículo independente ou secundariamente, não considerando a passagem normal do estímulo pelo nó av. • Taquicardia atrial primária: o Taquicardia sinusal o FA e FLA o Taquicardias atriais paroxísticas e taquicardias atriais multifocais • Taquicardia da junção AV (micro reentrada nodal): São aquelas que tem o circuito microscópico de reentrada exatamente no nó av. o Dupla via nodal ou reentrada nodal ou e taquicardia de reentrada supraventricular. o Taquicardia juncional incessante: ocorre quando o nó av está fibrosado e doente. • Taquicardia por macroreentrada nodal Como diferenciar os vários tipos de taquiarritmias supraventriculares: 1-Qual a relação entre o ritmo atrial e o ventricular? A primeira pergunta é: é possível ver ondas P e QRS? 2-Se sim, preciso entender se a onda P vem antes, durante ou após o QRS. • Antes: existiu primeiro uma despolarização atrial que passou por um tecido qualquer, nó av e ventrículo. • Durante/coincide: não vou enxergar onda P porque o QRS domina a inscrição elétrica no ECG. • Depois: sinal que houve um estímulo ventricular primeiro que voltou secundariamente ao átrio gerando onda P retrógrada percebida no ECG. 3-Se eu consigo ver as duas ondas P e QRS, a última pergunta que eu faço é: qual é o sentido da onda P (positiva ou negativa), nas derivações D2 e AVF? Fazendo essas 3 perguntas, eu consigo na maioria absoluta das vezes saber com que arritmia estou lidando e o que fazer com o paciente em questão. Taquicardia sinusal: Entre as taquicardias atriais mais comuns, é a mais frequente. Ela é dependente de uma série de sintomas e fatores determinantes, como febre, tireotoxicose, hipovolemia, sepse, choque, que tem uma resposta de aumento de FC dado pelo nó sinusal. No ECG é completamente fisiológico, a não ser pelo aumento da FC. Fibrilação atrial (FA): Arritmia mais comum do dia a dia. É uma desorganização total do estímulo atrial. Na FA temos milhões de pequenos focos de atividade deflagrada e, muitas vezes, reentrada dentro dos átrios, focos esses que não conseguem propagar o seu próprio estímulo para todo o território atrial. Existem despolarizações atriais completamente desorganizadas com contrações inefetivas, o átrio tremula e não contrai com a sístole efetiva. A fibrilação atrial pode ser aguda ou crônica em relação ao tempo de existência da arritmia: - Agudas: se a fibrilação atrial tem menos de 48 horas de duração desde o seu surgimento. - Crônica: se a fibrilação atrial tem mais de 48h de duração desde o início do seu aparecimento. Se o tempo é desconhecido, eu considero a FA crônica em benefício do paciente. A FA é grande determinante de coágulos intracavitários principalmente na auriculeta esquerda. Quando promovo uma organização do estímulo cardíaco sinusal, seja por drogas ou eletricamente (cardioversão), a contração eficaz da auriculeta pode desprender um trombo que vai caminhar para o VE e, deste, para a circulação sistêmica. É uma causa muito frequente de AVEs (acidentes vasculares encefálicos). ECG característico: • R-R irregular. • Ondas P ausentes. • Presença de ondas f. São ondas minúsculas com frequência muito alta (300-600 bpm) que geram irregularidade da linha de base. A ausência de ondas P e o R-R irregular basta para eu dizer que estou diante de uma fibrilação atrial. Isso porque em uma FA crônica, essa irregularidade (tremulação) da linha de base pode não existir. Independente se aguda ou crônica, classifico a FA em: isolada, paroxística, persistente ou permanente. • Isolada: ou primeiro episódio. Normalmente aguda, paroxística, em pessoas sem fator estrutural intracardíaco anormal. Portanto, é uma FA que acontece por um mecanismo normalmente excitatório extra (não é por doença do coração) em pacientes jovens por excesso de álcool ou cocaína. • Paroxística: toda FA revertida espontaneamente. Inicia espontaneamente e reverte espontaneamente em período máximo de 7 dias. Se dura mais do que 7 dias, mesmo que reverta espontaneamente, ela não é paroxística. • Persistente: FA que não reverteu espontaneamente, mas exigiu uma medida de cardioversão, elétrica ou química, em período de tempo qualquer. o Se paciente com FA e faço em 2 dias uma cardioversão química ou elétrica, ela não é paroxística, pois ela não reverteu espontaneamente, portanto, uma FA persistente. o Se paciente que tem mais que 7 dias de FA e esta reverteu espontaneamente depois de 15 dias, por exemplo, não posso chama-la de paroxística, nós não temos uma classificação específica para esta paciente. o Após 7 dias, normalmente, nenhuma FA reverte-se espontaneamente mais, ela exige droga e, portanto, normalmente são persistentes. • Permanente: toda FA que não foi revertida a ritmo sinusal apesar da tentativa de reversão química ou elétrica. Devo considerar como permanente também toda FA em que não posso empregar medidas de reversão, ou seja, quando está contraindicada qualquer tentativa de reversão. Tratamento: 3 objetivos básicos: • Controlar a resposta ventricular (FC) • Restaurar o ritmo sinusal, se não houver contraindicações. • Prevenir os fenômenos tromboembólicos. Obs: a decisão de reverter ou apenas manter uma FC controlada tem uma pequena diferença em relação a qualidade de vida, mas a mortalidade e a chance de AVEs não há diferença estatística significativa. Obs: Toda FA com alta resposta ventricular e que possua repercussão hemodinâmica (paciente instável): reverter obrigatoriamente, mesmo na presença de fatores determinantes, com cardioversão elétrica com 120 Joules. - Sinais de instabilidade: edema agudo de pulmão, dor torácica isquêmica, alteração do fluxo cerebral, confuso ou agitado, hipotensão e choque circulatório. • Controle da frequência ventricular (FC): A escolha de drogas depende da analise da função ventricular esquerda, pois são cardiodepressoras, e portanto, podem piorar o DC do paciente que já tem por si só algum sofrimento do coração. • Se há disfunção ventricular, nós só podemos usar duas drogas: digitálicos (abaixam a FC mas não revertem) ou amiodarona (abaixam a FC e podem reverter a arritmia). A amiodarona é uma das mais potentes drogas antiarrítmicas para reverter a FA para ritmo sinusal. • Se não houver disfunção ventricular, ou seja, conhecidamente o ventrículo é bom (registrado no Ecocardiograma), podemos usar qualquer medicamento: amiodarona, verapamil, diltiazem, metoprolol. Portanto, posso usar: o Antiarrítmico específico (amiodarona) – abaixa bem a FC e normalmente reverte a arritmia que não tem uma duração temporal de existência muito longa; o Antagonista de canal de cálcio (diltiazem ou verapamil) – abaixam muito bem a FC e pode reverter casos selecionados; ou o Beta bloqueador (metoprolol) – não revertem, apenas abaixam a FC. Obs: A amiodarona é o medicamento mais utilizado, que pode ser utilizado inclusiveem pacientes com disfunção ventricular. • Reversão para ritmo sinusal: Se vou fazer tentativa de reversão, preciso antes de mais nada identificar e tratar os fatores determinantes. Se eu não controlo esses fatores, eu não devo tentar revertê-los, pois a cardioversão não vai sustentar e o paciente volta a fibrilar. - Fatores determinantes: hipertireoidismo descontrolado, valvopatia mitral (estenose, insuficiência mitral severa), infecções sistêmicas, consumo exagerado de álcool, TEP, pericardite. Após o controle da FC, deve-se pensar na convieniência ou não da tentativa de conversão para ritmo sinusal: - FA aguda (<48h): cardioversão química ou elétrica: ➢ Cardioversão elétrica na FA: exige um pouco mais de carga elétrica para reversão, devendo SEMPRE começar com uma tentativa de reversão de 120 Joules e vou incrementando dose até a carga máxima (200 Joules), nos desfibriladores bifásicos. ➢ Cardioversão química na FA: posso optar pela amiodarona (antiarrítmico), propafenona (antiarrítmico) ou diltiazem (antagonista de canal de cálcio). A droga mais utilizada é a amiodarona, seguida pela propafenona. - FA crônica (>48 h ou desconhecida): Anticoagular por 4 a 6 semanas antes de tentar a cardioversão (química ou elétrica) para evitar embolização de trombo auricular. Contraindicações absolutas para reversão: - Valvopatia mitral descompensada. Ex: menina jovem com estenose mitral reumática com FA. - AE > 60 mm (como na insuficiência mitral, e até hipertensão): fazer apenas controle de FC. - Disfunções ventriculares severas (FE<35%): essas disfunções vão manter o AE dilatado com uma pressão interna mais aumentada e, portanto, ele não sustenta ritmo sinusal. - Contraindicação para anticoagulação oral: ele tem contraindicaçao para a tentativa de reversão elétrica ou química. Contraindicação relativa: - Pacientes com FA permanente: Devo estimar o risco do paciente apresentar AVE pelo CHA2DS2VASC e estimar o risco de hemorragia por um escore chamado HAS-BLED. • CHA2DS2VASC: indicador do risco de o paciente apresentar eventos embólicos cerebrais Os fatores determinantes de risco no CHA2DS2VASC são: presença de IC, HAS, idade > 75 anos, idosos entre 65-74 anos, diabetes, eventos embólicos cerebrais e periféricos anteriores, presença de doença vascular periférica arteriopatia periférica, sexo feminino. Os 2 fatores determinantes de maior risco são: eventos tromboembólicos prévios e idade muito avançada. 0 → baixo risco (conduta: AAS ou nada) 1→ risco intermediário (cd: AAS ou ACO) > 2 → alto risco (cd: ACO) • HAS-BLED: indicador do risco de o paciente apresentar sangramentos. Não é validado para os novos anticoagulantes orais, apenas exclusivamente para a varfarina. Não tenho justificativa para anticoagular um paciente que já tem risco de sangramento muito alto, ele vai sangrar e pode morrer. Fatores preditivos de risco: HAS, alteração da função renal, alteração da função hepática, evento cerebral prévio, sangramentos anteriores, INR lábil (efeito da varfarina é controlado pelo INR), idosos e usuários de drogas ilícitas ou alcoolistas habituais. < 2 → baixo risco de sangramento (cd: anticoagular) > 3 → alto risco de sangramento (cd: não anticoagular) Obs: Se HASBLED > 3, contraindica antiacoagulação (exceto nos pacientes idosos com obrigação extrema de anticoagular pelo CHADSVASC, posso anticoagular mesmo pacientes de alto risco, porem com maior cuidado, com consultas ambulatoriais mais frequentes) Anticoagulação oral: FA valvar: varfarina FA não valvar: varfarina ou novos anticoagulantes orais. Varfarina: simples, barata, eficaz. Iniciar com 2,5 mg e no máximo 5 mg (1 comprimido) ao dia. Ajustar a dose conforme o INR (forma de expressão do TP – tempo de protrombina). Devemos manter o INR entre 2 e 3 (< 2 ocorre coagulação/ AVE; e >3 ocorre sangramento). A varfarina atua sobre fatores de coagulação dependentes de vitamina K Novos ACO: eficazes, simples, caros. Não precisam de monitorização do INR e de nenhum exame laboratorial. Mas em pacientes com disfunções renais com clearance < 30%, existem contraindicações absolutas ou relativas, e corrigir a dose conforme o grau da disfunção. Esses atuam inibindo a trombina ou o fator X. Obs: Fibrilação atrial no Wolf Parkinson White (WPW) de RR irregular. O estímulo encontrou um feixe anômalo para passar e faz um by-pass do nó av, passa estimulo andromicamente em grande velocidade e enorme FC (250-300bpm). Pode confundir com fibrilação ventricular. Tto: choca (desfibrila) primeiro, pergunta depois. Flutter atrial: O flutter é uma arritmia de macroreentrada exclusiva de AD. O flutter não passa para o AE. Ele normalmente é paroxístico, ou seja, inicia e some espontaneamente. Normalmente é transitório, por isso que ele é paroxístico em curto prazo, mas em algumas pessoas raras pode ser uma arritmia crônica, ter um flutter duradouro por bastante tempo. Nós temos 2 tipos de flutter vistos no ECG: - Flutter tipo I (típico): tem uma FC de 240 a 340 bpm, ou seja, em torno de 300; - Flutter tipo II (atípico): acontece com FC muito alta (entre 340 e 430bpm) mas só o átrio está nessa onda de macroreentrada. O ventrículo não porque ele é protegido pelo nó av, nem todo estimulo passa do átrio para o ventrículo. ECG característico: • Ondas F (maiúsculas) rápidas, com aspecto de dente de serra, em derivações inferiores (D2, AVF, D3 e V1). • BAV fisiológico 2:1 ou maior (pois normalmente o nó av filtra essa passagem de estímulo) Obs: Ex: se a frequência do flutter é 300, a frequência do ventrículo vai ser: ➢ Bloqueio 4:1 (75 bpm), ➢ Bloqueio 3:1 (100 bpm) ➢ Bloqueio 2:1 (150 bpm). Obs: toda vez que estou diante de uma taquiarritmia, QRS estreito cuja FC ventricular é próxima de 150 bpm, eu tenho 99% de chance de isso ser um flutter atrial mesmo sem ver o ECG. Em nenhuma outra arritmia fixa a frequência ventricular em 150 bpm, só o flutter faz isso e geralmente o flutter agudo. Ex: ondas em dente de serra negativas na derivação inferior, positivas em V1, R-R irregular, a resposta do nó av é anárquica – ora ele bloqueia muito, ora pouco. Portanto é um flutter com resposta AV variável. Quando isso acontece, na maioria das vezes, é porque o circuito de macroreentrada está acontecendo no AD, mas o AE está fibrilando. Portanto, apesar do ritmo atrial direito ser um flutter, a irregularidade do RR me fala que isso é funcionalmente uma fibrilação atrial. Nesse caso, não tem portanto muita diferença de flutter e FA a não ser a questão da arritmogênese especificamente. Tratamento: Parecido com o tratamento da FA. São arritmias irmãs. - Flutter agudo (<48horas): cardioversão elétrica porque o flutter responde normalmente pior a drogas (cardioversão química). Se cardioversão química, a droga preferencial é amiodarona. - Flutter crônico (>48 horas ou desconhecido): inicialmente o controle da resposta ventricular. Anticoagula e mantem anticoagulado por 4-6 semanas e programa a reversão elétrica. Se houver contraindicação para a anticoagulação oral, eu não posso cardioverter esse indivíduo. Então nós usamos na contraindicação para anticoagulação oral a aspirina, de 100 a 300 mg por dia, após o almoço. Normalmente, usa-se a droga intermediária de 200 mg. Taquicardia atrial paroxística: É um tecido atrial com uma única célula ou um grupo de células que estão doentes e começam a deflagrar potenciais de ação com uma frequência tão grande que inibe o nó sinusal e portanto passa a ser essa região o marca-passo fisiológico do coração. ECG característico: ➢ Taquicardia (FC> 100bpm) ➢ Ondas P precedem todo QRS, com frequência elevada, e morfologia diferente da observada no ritmo sinusal. As ondas P “grudam” no QRS➢ Intervalo PR (PRi) curto (<0,12s) Taquicardia atrial multifocal: O estímulo nasce no átrio, que tem células doentes, e um grupo de células distintas comandam em pontos distintos, ou seja, o marca-passo do coração muda conforme a maior ou menor automaticidade desse grupo de células, gerando uma taquicardia (>100) com 3 ou mais morfologias diferentes da onda P em uma mesma derivação. Por isso, normalmente ocorre uma variação do intervalo P-R (se nasce perto do nó av tem um P-R curto; se nasce longe no nó av tem P-R longo), além de variação do intervalo RR. A célula atrial está doente porque ela está hipoxêmica, sendo a principal causa DPOC. Esta normalmente em curto prazo degenera para FA. Tratamento: • Controle a patologia de base. Muitas vezes esses pacientes precisam de oxigenioterapia domiciliar. • Beta bloqueador, verapamil ou amiodarona para abaixar a FC. • Se persistente, pode ser feita a radio-ablação (queimadura) do território que está gerando os estímulos e deixar apenas um território para comandar a função de marca-passo a partir daí. Taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) por reentrada nodal (ou microreentrada nodal): É a segunda arritmia mais comum (após a FA). O circuito de reentrada acontece dentro do nó av microscopicamente. A reentrada nodal se faz no nó av e exige 2 vias de condução: ➢ Via alfa: via de velocidade de condução lenta e período refratário curti ➢ Via beta: via de velocidade de condução rápida e período refratário longo. É uma arritmia comum em jovens, particularmente mulheres. Os átrios e ventrículos são estimulados com uma frequência >170 bpm. A arritmia é paroxística: ela pode se iniciar rapidamente e pode ser revertida espontaneamente dificultando o diagnóstico. A ativação atrial retrógrada se for muito rápida, a onda P retrógrada estará dentro do QRS não sendo visível. Portanto, toda taquiarritmia com R-R estreito, regular, de alta frequência é uma microreentrada cuja onda P retrógrada caiu dentro do QRS. Em apenas 1/3 dos casos, esse circuito pode ser um pouco mais lento e a onda P retrógrada é vista na porção terminal do QRS na forma de uma onda negativa com s’(segundo s) em D2 e AVF e um r’(segundo r) em V1. Arritmia de QRS estreito, regular, extremamente rápida, com uma frequência de 170 bpm e sem onda P, porque a P retrógrada caiu dentro do QRS. 2/3 dos casos são assim. Em 1/3 dos casos, eu vejo a onda P retrógrada seja em D2, AVF ou V1. No caso, em V1, eu tenho um P retrógrado na porção final do QRS que é exatamente um circuito um pouco mais lento que permitiu dissociar o QRS da onda P que voltou para o átrio retrogradamente, mas é uma arritmia regular, QRS estreito (não precisaria ter visto a P retrógrada para falar que é uma reentrada nodal). Tratamento: fluxograma do ACLS. 1-A primeira pergunta sempre é se o paciente está estável ou tem sinal de instabilidade hemodinâmica: Se instável: choca primeiro, pergunta depois ➢ Cardioversão elétrica → iniciar com 100J Se estável: ➢ Manobra vagal: aumenta a refratariedade nodal. Portanto o estimulo não desce para o ventrículo e suprimo a arritmia. o Manobra de Valsalva (soprar intensamente por 30 seg com a mão na boca; ou colocar a mão na barriga do paciente e pedir para que ele faça força contra a sua mão). o Massagem do seio carotídeo (não indicada em doentes com doença aterosclerótica; após auscultar avaliando a presença de sopros na carótida, comprime o seio carotídeo por 15 seg) o Manobra de Valsalva modificada. ➢ Adenosina: o 6 mg (1 ampola) em bolus, fazemos 20 mg de SF na pressão, levantamos o braço para a droga correr rápido para o coração o Se não reverter → novo bolus de 12mg (2 ampolas) (não fazer terceiro bolus). ➢ Antiarrítmico: um ou outro (não posso fazer os dois). o Verapamil: 5mg (1 ampola) em 5 minutos (max de 15 mg – 3 ampolas) o Amiodarona: 150mg diluída infundida em 10 minutos (max de 450mg) ➢ Se não reverter, fazer cardioversão elétrica. Taquicardia paroxística supraventricular por macroreentrada nodal: O circuito de reentrada é longo e macroscópico e se faz por uma via acessória que comunica o átrio com o ventrículo por uma banda muscular que conduz estímulo elétrico (feixe anômalo), perfurando o trígono fibroso do coração (feixe de Kent). A reentrada se faz passando estímulo seja pelo nó av do átrio para o ventrículo e voltando pelo feixe anômalo; seja passando do átrio para o ventrículo pelo feixe anômalo e voltando pelo tecido do nó av normal de condução. A condução pode ser ortodrômica ou antidrômica: • Condução ortodrômica: se a condução desce pelo nó av do átrio para o ventrículo (pela via normal e passa pelo feixe de His – QRS estreito) e volta do ventrículo para o átrio pelo feixe anômalo. o Tratamento: manobra vagal → adenosina → verapamil ou amiodarona → cardioversão elétrica • Condução Antidrômica: se o estimulo desce do átrio para o ventrículo pelo feixe anômalo, a condução é de célula a célula, bastante lenta (QRS alargado). O estímulo volta pelo feixe de His e gera uma contração atrial. o Tratamento: tratar como taqui ventricular: ▪ Se estável: amiodarona 150mg em 10 minutos Normalmente, na macroreentrada o P retrógrado é muito afastado do QRS pois é um circuito macroscópico que demora para circular o estímulo, sendo o intervalo entre o início do QRS e a onda P retrógrada > 100 ms. Em alguns casos, após o retorno a RSR pode-se observar a onda delta de pré-excitação ventricular (indica presença de feixe anômalo). Taquicardias ventriculares: São as arritmias de QRS largo. Na maioria das vezes indica a presença de cardiopatia estrutural grave, geralmente associada a fibrose cicatricial intramiocárdica (como fibrose, dilatação ou isquemia importantes). As taquicardias ventriculares tem um QRS alargado (ou aberrante), com frequência > 100 bpm (taquicardia) e R-R regular. Podem ser monomórficas (mesma morfologia) ou polimórficas (morfologias diferentes). Na maioria das vezes acontece em quem tem coração estruturalmente lesado com sinais de instabilidade. A taquicardia ventricular pode ser sustentada (se duração > 30 segundos), geralmente com sinais de baixo débito; ou não sustentada (se < 30 segundos). Isso não importa para a terapêutica, porque se tem taquicardia ventricular tem doença no coração, não importa se é sustentada ou não, merece tratamento em definitivo pelo resto da vida – se não ocorre morte súbita por arritmia cardíaca. Obs: Se tenho dúvida se é supraventricular ou ventricular, nós temos a possibilidade de usar um critério de diferenciação, chamado critérios de Brugada. Raramente a gente aplica isso na prática clínica na sala de emergência. Tratamento: fluxograma do ACLS. 1-A primeira pergunta sempre é se o paciente está estável ou tem sinal de instabilidade hemodinâmica: Se instável: choca primeiro, pergunta depois ➢ Cardioversão elétrica → iniciar com 100J → 200J → 300J → 360J. Se estável: ➢ Adenosina: o 6 mg (1 ampola) em bolus único ➢ Amiodarona: o 150mg diluída infundida em 10 minutos podendo ser repetida por mais 2 vezes (max de 450mg) o Infusão contínua de 1mg/min por 6 horas e 0,5 mg/min nas 18 horas subsequentes. ➢ Se não reverter, fazer cardioversão elétrica. Fibrilação ventricular: Despolarização incoordenada do VE resultando na interrupção abrupta do débito cardíaco. É ritmo de PCR. Tratamento: • suporte avançado de vida • desfibrilação imediata → 200J - Detectar taquicardia (FC > 100 bpm); - Detectar se é supra ou ventricular (QRS é estreito ou largo); - Detectar se é uma FA (R-R irregular, ausência de ondas P) Protocolo: 1-Primeiro ver se o paciente está bem clinicamente. Vejo se realmente é uma arritmia e não foi erro demonitorização. Normalmente uma taquiarritmia típica é > 150 bpm. 2- Identificar e tratar as causas subjacentes. Mantem a via aérea aberta, auxilie com oferta de O2 se for preciso, se o paciente está com rebaixamento do Glasgow, Gedel (abra a via aérea do paciente, monitorize o ritmo cardíaco, a PA, a oximetria e garanta o seu entendimento da estabilidade clínica do paciente). Se o paciente persiste taquicárdico e tem pelo menos 1 dos 5 sinais universais de instabilidade hemodinâmica, o paciente está instável. Sinais universais de instabilidade hemodinâmica: 1- sinais de hipotensão 2- alteração aguda de estado mental 3- sinais de choque circulatório 4- dor torácica isquêmica 5- falência cardíaca aguda (edema agudo de pulmão). Se o paciente está instável, não importa se o RR é regular ou irregular, QRS estreito ou largo, nós vamos cardioverter. Sedar primeiro. Se o paciente não tem sinais quaisquer de instabilidade hemodinâmica (está estável), analisar o QRS: largo ou estreito? - se QRS largo (>0,12 seg), chamo de ventricular: fazemos um único bolus de adenosina. Se não reverteu, antiarrítmico (amiodarona ou outras drogas). Chame sempre um especialista depois. - se QRS estreito (<0,12 seg), chamo de supraventricular: manobra vagal, adenosina se for regular. Se for irregular é FA (não se faz adenosina). Posso abaixar a FC com beta bloqueador ou antagonista de canal de cálcio. Na maioria das vezes reverte com adenosina, 1 bolus de 6 mg; se não: 2º bolus de 12mg; se não: amiodarona (mais comum). Cardioversão sincronizada: para todas, pode começar com 100 J (exceção se irregular FA, 120J). Incremento a dose até chegar em 200 J no bifásico e até 360 J no monofásico. Adenosina: primeiro bólus de 6 mg seguido de salina, levanta o braço. Anti-arrítmicos: amiodarona 150 mg em 10 minutos, repete mais 2x se preciso. Se eu precisar manter infusão contínua (sempre preciso na taqui ventricular), 1 mg/min nas primeiras 6h + 0,5 mg/min nas 18 horas subsequentes. Te deu 24h para você ter o especialista para analisar o paciente.
Compartilhar