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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA GICÉLIA SANTANA BORRALHOS JACY SILVA FERREIRA A INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA/MÉDIO: O USO DO COMPUTADOR E A INTERATIVIDADE COM O SISTEMA OPERACIONAL LINUX. SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ – PA 2017 GICÉLIA SANTANA BORRALHOS JACY SILVA FERREIRA A INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA/MÉDIO: O USO DO COMPUTADOR E A INTERATIVIDADE COM O SISTEMA OPERACIONAL LINUX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Computação da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Computação. Orientado pela Professora Mestra Alessandra da Silva Gomes. SANTO ANTÔNIO DO TAUÁ – PA 2017 Borralhos, Gicélia Santana A Inclusão digital na Educação de Jovens e Adultos – EJA/Médio: o uso do computador e a interatividade com o sistema operacional Linux / Gicélia Santana Borralhos, Jacy Silva Ferreira. – Santo Antônio do Tauá, 2017. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Computação) - Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, Santo Antônio do Tauá, 2017. Orientadora: MSc. Alessandra da Silva Gomes. 1. Inclusão digital 2. Educação de Jovens e Adultos 3. Linux educacional 4. Pacote Libre Office I. Ferreira, Jacy Silva II. Gomes, Alessandra da Silva, (orient.) III. Título CDD – 371.9046 Às memórias de Célio Borralhos, Lúcia Soares, Reginaldo Ferreira, Manoel de Sousa Pinheiro, Raimundo Lobo da Silva e de Dolores Conceição Ferreira. Dedicamos o nosso trabalho primeiramente a Deus, pai celestial, pela força e coragem que nos concedeu e aos nossos familiares. Este trabalho está direcionado aqueles que compartilharam com nossas ideias e as alimentaram, incentivando-nos e contribuindo para o nosso êxito, nos esforços de nossos professores, coordenadores e a nossa orientadora pedagógica, nossos pais e a contribuição dos amigos e colegas, com saudades dos que já se foram. Abraçamos a todos que chegaram ao final desta jornada, com profundo sentimento de gratidão. E a Deus o nosso muito obrigado. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida. À minha família pela compreensão em todos os momentos. À Universidade Federal Rural da Amazônia pela oportunidade de realizar este curso. E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Agradeço ao meu esposo Paulo Sérgio, um companheiro onde tenho encontrado forças em meio a essa jornada acadêmica que chega ao fim, aos meus filhos que amo, pois em alguns momentos tive que me ausentar do convívio deles para que em prol dos meus conhecimentos obter no futuro uma vida mais digna a nossa família e também a todos os nossos colegas de faculdades, aos meus irmãos, sobrinhos e amigos pelos incentivos e, por fim agradeço à minha mãe Jorgete Santana e em especial a meu pai Célio Borralhos (In-memória) pelos ensinamentos que me deram. Gicélia Santana Borralhos. Existem situações em nossas vidas que é fundamental poder contar com o apoio e ajuda de algumas pessoas para a realização e concretização de determinado trabalho. Portanto falamos aos familiares das pessoas que não estão mais presentes entre nós, mis que elas estarão sempre no nosso pensamento e a elas dedicaremos para sempre a nossa gratidão. Agradeço a Deus em primeiro lugar, pelo fôlego de vida. Aos meus familiares pela força e incentivo que sempre me deram. À professora orientadora Mestra Alessandra da Silva Gomes por sua dedicação e paciência em orientar a mim e a minha parceira neste trabalho e, por ela reporto a toda comunidade da Universidade Federal Rural da Amazônia. Agradeço aos meus pais Josimo da Conceição Ferreira e Odette Silva Ferreira, irmãos, sobrinhos, cunhado e aos meus amigos que me incentivaram, assim como aquelas pessoas que dedicaram um tempo para nos passar informações de grande importância. Por fim, agradecemos a direção da E.E.E.M. “Inácio Moura” na pessoa dos seus gestores professora Vilma Lúcia Pontes Ferreira, professor Anselmo Cabral, vice-gestor e Soraia Barros, professora responsável pela sala de informática da escola e aos alunos da turma 402 da EJA/Médio do turno da noite, onde eles foram o público escolhido para a realização deste trabalho. Jacy Silva Ferreira. “Seu trabalho vai preencher uma parte grande de sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz”. “Steve Jobs”. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar as contribuições da inclusão digital para alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual de Ensino Médio Inácio Moura, localizada em Santo Antônio do Tauá, estado do Pará. Para tanto, foi ministrada uma oficina para alunos desta modalidade onde estes utilizaram computadores para interagir pedagogicamente com o sistema operacional Linux, os programas básicos nele instalados e acesso à Internet. A decisão pelo formato de oficina ocorreu após a detecção, por meio de uma pesquisa informal, de que professores e alunos da EJA não possuíam ou possuíam pouco conhecimento sobre o sistema operacional Linux e os softwares nele instalados. Portanto, considera-se que este trabalho poderá contribuir com o aprimoramento dos conhecimentos e aprendizado dos alunos participantes da oficina. Além disso, espera-se também que este trabalho contribua para uma reflexão sobre a importância da inclusão digital na EJA e sobre os problemas existentes na educação do município de Santo Antônio do Tauá. Uma educação de qualidade somente será possível quando esses problemas forem enfrentados e solucionados. Palavras-chave: Inclusão digital, EJA, Linux, pacote Libre Office, Internet ABSTRACT This work aims to present the contributions of digital inclusion to students of Youth and Adult Education (EJA) of the State High School Inácio Moura, located in Santo Antônio do Tauá, state of Pará. Therefore, a workshop was held for students of this modality where they used computers to interact pedagogically with the Linux operating system, the basic programs installed in it and Internet access. The decision by the workshop format occurred after the discovery, through an informal survey, that teachers and students of the EJA did not have or had little knowledge about the Linux operating system and the software installed on it. Thus, we considered that this work can contribute with the improvement of the knowledge and learning of the students that participates of the workshop. In addition, it is expected that this work will contribute to a reflection on the importance of digital inclusion in the EJA and the problems in the education of Santo Antônio do Tauá. A good quality in education will only be possible when these problems are addressed and solved. Keywords: Digital inclusion, EJA, Linux Operating System, Libre Office suite, Internet.LISTA DE FIGURAS Páginas Figura 01 – E.E.E.M. “Inácio Moura”.....................................................................................31 Figura 02 – Sala de Informática da E.E.E.M. “Inácio Moura”................................................31 Figura 03 – Slide/ I Oficina de Inclusão Digital......................................................................32 Figura 04 – Oficina de Inclusão Digital/ E.E.E.M. “Inácio Moura”.......................................33 Figura 05 – Gráfico 1 do Questionário 1.................................................................................35 Figura 06 – Gráfico 2 do Questionário 1.................................................................................36 Figura 07 – Gráfico 3 do Questionário 1.................................................................................37 Figura 08 – Gráfico 4 do Questionário 1.................................................................................38 Figura 09 – Gráfico 5 do Questionário 1.................................................................................39 Figura 10 – Gráfico 6 do Questionário 1.................................................................................40 Figura 11 – Gráfico 7 do Questionário 1.................................................................................41 Figura 12 – Gráfico 1 do Questionário 2.................................................................................42 Figura 13 – Gráfico 2 do Questionário 2.................................................................................43 Figura 14 – Gráfico 3 do Questionário 2.................................................................................44 Figura 15 – Gráfico 4 do Questionário 2.................................................................................45 Figura 16 – Gráfico 5 do Questionário 2.................................................................................46 Figura 17 – Gráfico 6 do Questionário 2.................................................................................47 Figura 18 – Gráfico 7 do Questionário 2.................................................................................48 Figura 19 - Foto da Inscrição da I Oficina de Inclusão Digital/ APÊNDICE 05....................62 Figura 20 - Foto da I Oficina de Inclusão Digital/ APÊNDICE 06.........................................63 LISTA DE SIGLAS AMCO – Aprendizagem Móvel no Centro de Obra ABC – Ação Básica Cristã BSD – Berkley Software Distribution CEAA – Campanha de Educação de Adolescente e Adultos CNEA – Campanha Nacional Erradicação do Analfabetismo CNER – Campanha Nacional de Educação Rural CES – Centro de Estudos Supletivos CGPID – Comitê Gestor do Programa de Inclusão Educacional CETE – Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional CAIMP – Clube de Astronomia Itaocara Marcos Pontes EJA – Educação de Jovens e Adultos FSF – Free Software Foundtion FGV – Fundação Getúlio Vargas FNEP – Fundo Nacional de Ensino Primário FTP – Lile Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Arquivos) GPL/GNU – Public Licence Geral (Licença Pública Geral)/ Sistema Operacional GIMP – Image Manipulation Program IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IME – Instituto de Matemática e Estatística LE – Linux Educacional MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização MOVA – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MIT – Massachusetts Instituto of Technology MEC – Ministério de Educação e Cultura NTE – Núcleo de Tecnologia Educacional PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PAS – Programa Alfabetização Solidária PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia Educacional PALMA – Programa de Alfabetização em Língua Materna PIS – Programa de Integração Social PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária SEA – Serviço de Educação de Adultos SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento no Nordeste TIC’s – Tecnologias de Informação e Comunicação UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação de Adultos e Cultura USAID – United States Agency for Devellopment UNICS – Uniplexed Information ond Computing Services USP – Universidade de São Paulo UFPR – Universidade Federal do Paraná SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13 1.1 Problema............................................................................................................................14 1.2 Objetivos............................................................................................................................15 1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................15 1.2.2 Objetivos Específicos......................................................................................................15 1.3 Metodologia.......................................................................................................................15 1.4 Organização do Texto......................................................................................................16 2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA).............................................................17 2.1 A Ed. de Jovens e Adultos no Período do Estado Novo e República Populista..........17 2.2 A Educação de Jovens e Adultos no Período do Governo Militar...............................18 2.3 A Educação de Jovens e Adultos no Período da Nova República................................19 3 A INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO.....................................................................21 4 O SISTEMA OPERACIONAL LINUX............................................................................24 4.1 O que é Linux?..................................................................................................................24 4.2 A História do Linux..........................................................................................................25 4.3 O Linux na Educação Brasileira.....................................................................................26 5 O USO DA INFORMÁTICA NA EJA..............................................................................28 6 A OFICINA DE INCLUSÃO DIGITAL...........................................................................29 6.1 A Aplicação da Oficina....................................................................................................30 6.2 A Escola Estadual Inácio Moura....................................................................................30 6.3 A Sala de Informática......................................................................................................30 6.4 Aplicação da Pesquisa......................................................................................................31 6.5 A Sequência Didática.......................................................................................................33 6.6 Resultados e Discussão.....................................................................................................34 6.7 Resultados para o Questionário Aplicado Antes da Oficina........................................35 6.8 Resultados para o Questionário Aplicado Depois da Oficina......................................41 6.9 Discussão...........................................................................................................................48CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................51 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................5 2 APÊNDICES...........................................................................................................................5 7 13 1 INTRODUÇÃO O surgimento e popularização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC's) permitiram a produção e disseminação de diferentes tipos de informação. Além disso, tarefas do cotidiano, trabalho, estudos, entre outros, passaram a ser realizadas por meio de programas ou aplicativos. Com base no avanço e importância que a tecnologia passou a ter, (BEZERRA, 2014) relata que: “No campo educacional, rompem-se os limites impostos pelo ensino oral e escrito. Mais especificamente na década de 1990, essas mudanças se tornaram ainda mais marcantes graças ao advento da internet. A internet apesar de se popularizar a partir de meados da década de 90, existe desde a década de 1960 e foi criada pelos Estados Unidos no auge da Guerra Fria”. (BEZERRA, 2014) As oficinas de inclusão digital têm por objetivo proporcionar, por meio de diferentes técnicas, um ambiente para discussão e utilização de recursos tecnológicos. Diante da grande importância das TIC's na sociedade e da pouca habilidade de alguns professores e alunos no uso destas tecnologias, foi realizada uma oficina de inclusão digital. O público-alvo foram os discentes da EJA/Noturno do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Inácio Moura que possuem pouco ou nenhum contato com computador e que desejavam obter este conhecimento para desenvolvimento pessoal, profissional e social. As oficinas proporcionam o acesso à informação e geração de conhecimentos. Sabese que alunos da EJA possuem características particulares, pois já possuem uma bagagem de vivência e, ao mesmo tempo, não puderam dar continuidade aos estudos na idade escolar. Como atualmente a tecnologia já está inserida na sociedade, ela também se tornou um fator importante na vida escolar. Assim, é de grande importância que estes alunos acompanhem esta transformação social para que possam fazer uso da tecnologia para ter acesso à informação, produzir conhecimento, obter crescimento pessoal e profissional, melhoria na qualidade de vida, etc. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo apresentar a construção e resultados de uma oficina de inclusão digital para alunos da EJA. Esta oficina teve por conteúdo os assuntos básicos e iniciais do sistema operacional Linux, os programas pertencentes ao pacote Libre Office e o acesso à Internet para a realização de pesquisas, criação de conta de e-mail e ingresso em redes sociais. 14 1.1 Problema A tecnologia já faz parte do cotidiano da sociedade atual e ter conhecimento sobre informática se tornou fundamental em diversos aspectos. Ela está presente na educação, cultura, saúde, mercado de trabalho, meios de acesso a informação, etc. A Internet já é uma realidade e um dos principais meios de comunicação e informação utilizados no mundo. Entretanto, muitas pessoas ainda não estão inseridas neste mundo digital, ou seja, não possuem conhecimento ou domínio das ferramentas tecnológicas e/ou não possuem acesso à Internet. De acordo com dados de 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) publicados pelo IBGE, apenas 46,2% da população possuía computadores em seus domicílios. Essa taxa cai para 40,5% quando se trata de computadores com acesso à Internet. A região Norte possui as menores taxas com 26,7% de residências com computadores e 19,6% de computadores com acesso à Internet (PNAD, 2016). A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade educacional formada majoritariamente por alunos adultos e adolescentes que não tiveram a oportunidade de dar continuidade nos estudos na época condizente com suas idades. Estes alunos costumam estudar a noite, pois trabalham durante o dia, e buscam nos estudos uma oportunidade de conseguir melhores oportunidades de emprego, independência financeira, se atualizar com relação a sociedade, se expressar melhor, etc. (CAMPOS, 2009). Visto que o conhecimento da informática é condição de grande importância para dar continuidade nos estudos e alcançar uma melhor colocação no mercado de trabalho, é fundamental que as escolas acompanhem estas transformações da sociedade para formar cidadãos atualizados, críticos e capazes de contribuir positivamente com sua comunidade. Além disso, diante da alta taxa de pessoas que se encontram em situação de exclusão digital, é nas escolas que estas pessoas vão buscar os conhecimentos necessários para se incluírem digitalmente e socialmente na sociedade. Muitas escolas da rede pública de ensino já possuem laboratórios de informática e, algumas, conexão com a Internet. Entretanto, ter computadores nas escolas não é suficiente para promover a inserção das tecnologias na educação. É necessário que os professores estejam devidamente capacitados para usar este recurso como meio de enriquecimento pedagógico. Dessa forma, os alunos se tornarão cidadãos capazes de utilizar a tecnologia para acessar e produzir informações, de forma independente, e gerar conhecimentos que poderão ser de 15 benefício individual ou comunitário. Além disso, é importante que professores e alunos se tornem pessoas capazes de se adaptarem as transformações tecnológicas futuras, visto que a tecnologia é dinâmica e está em constante transformação. A partir desta realidade, este trabalho visa contribuir com a solução deste problema social por meio de uma oficina de inclusão digital para alunos da EJA/Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Inácio Moura, no município de Santo Antônio do Tauá, estado do Pará. Por meio desta oficina, alunos da EJA que não possuem afinidade com computador serão introduzidos ao sistema operacional Linux e aos programas básicos que nele estão instalados. Além disso, também será trabalhado com estes alunos o acesso à Internet como meio de pesquisa, acesso à informação e comunicação. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Construir, aplicar e coletar os resultados de uma sequência didática, em formato de oficina, sobre o sistema Linux Educacional e suas ferramentas básicas para contribuir com a inclusão digital de alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). 1.2.2 Objetivos Específicos • Fazer o levantamento bibliográfico a respeito do referencial teórico desta pesquisa; • Definir e delimitar o conteúdo a ser ministrado na Oficina de Inclusão Digital; • Elaborar a sequência didática do conteúdo selecionado a ser aplicada na pesquisa; • Construir a oficina utilizando a sequência didática elaborada; • Aplicar a oficina de Inclusão Digital para alunos da EJA/Médio – Noturno; Coletar e analisar os resultados obtidos com a realização da oficina. 1.3 Metodologia Este trabalho utilizou uma metodologia de caráter experimental, pois envolveu a construção, execução, observação e análises de dados coletados a priori e a posteriori em uma aula de informática (ALMOULOUD & COUTINHO, 2008). As etapas executadas neste trabalho foram: • Revisão bibliográfica do tema; • Levantamento dos assuntos a serem abordados na oficina de inclusão digital; • Elaboração de uma sequência didática para a realização da oficina; 16 • Elaboração dos questionários a serem utilizados como instrumento de pesquisa; Execução da oficina, coleta e análise de dados. A oficina de inclusão digital foi realizada com a turma 402 EJA/Médio – Noturno da Escola Estadual de Ensino Médio Inácio Moura, localizada no município de Santo Antônio do Tauá, no estado do Pará. Ela abordou conteúdos referentes ao sistemaoperacional Linux, as ferramentas do pacote Libre Office e acesso à Internet por meio de navegadores Web. Foram aplicados dois questionários aos discentes da turma 402: um antes e outro depois da realização da oficina. A oficina contou com um total de nove (09) participantes, que se inscreveram voluntariamente, e foi ministrada pelos autores deste trabalho. Os dados coletados das respostas dadas aos questionários aplicados foram analisados e discutidos de forma quantitativa, isto é, estatisticamente, e qualitativa, ou seja, interpretada textualmente durante a discussão dos resultados obtidos. 1.4 Organização do Texto Este trabalho está organizado em sete capítulos, descritos a seguir: • O primeiro capítulo apresenta a introdução para este trabalho de conclusão de curso, problema, objetivos, metodologia; • O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil; • O terceiro capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a Inclusão Digital no Brasil; • O quarto capítulo apresenta os principais conceitos e histórico relacionado ao sistema operacional GNU/Linux; • O quinto capítulo apresenta uma coletânea de referências bibliográficas relacionadas a aplicação da Informática na EJA; • O sexto capítulo apresenta a aplicação da Oficina de Inclusão Digital e uma discussão sobre os resultados obtidos; • O sétimo capítulo apresenta as considerações finais deste trabalho seguida das referências bibliográficas utilizadas. 17 2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino voltada para pessoas a partir de 15 anos que não tiveram acesso aos ensinos fundamental e médio na idade apropriada ou que precisaram interromper os estudos antes de concluir o ensino médio. Surgiu a partir da necessidade de solucionar o problema do analfabetismo brasileiro (MEC/SEB, 2001). Este capítulo abordará as principais contribuições dadas a educação de jovens e adultos ao longo da história da educação brasileira. 2.1 A Educação de Jovens e Adultos no Período do Estado Novo e República Populista O Estado Novo, também conhecido como a Terceira República Brasileira, foi o período político que iniciou com o golpe de estado dado por Getúlio Vargas em 1937 e encerrou em 1946, com a deposição de Vargas e a vitória de Eurico Gaspar Dutra nas eleições de 2 de dezembro de 1945. Em 1946, com o governo Dutra, tem início o período da República Populista, também conhecido como a Quarta República Brasileira. Compreende aos governos que antecederam o golpe militar de 1964. É durante o Estado Novo que tem início os esforços para a realização de uma educação voltada para jovens e adultos. Em 1942 foi criado o Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP). Este fundo era destinado a fornecer recursos para a criação de programas voltados a educação primária incluindo jovens e adultos (VIEIRA, 2011). A partir do governo Dutra vários programas voltados para a educação de jovens e adultos foram aprovados. Em 1947 surgiu o Serviço de Educação de Adultos (SEA), voltado especificamente a educação de jovens e adultos do então Departamento de Educação do Ministério da Educação e Saúde. Este serviço visava reorientar e coordenar os trabalhos realizados no ensino e alfabetização de adultos. Uma forte pressão internacional feita pela UNESCO (A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) levou o lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). A pressão acontecia para a erradicação do analfabetismo e formação de mão-de-obra alfabetizada para o desenvolvimento da nação (SILVA & LIMA, 2017). O SEA durou até o final da década de 50. Um de seus frutos foi a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), com financiamento do FNEP. Esta foi a 18 primeira campanha governamental voltada especificamente para a educação de jovens e adultos do país. Tinha o professor Lourenço Filho como diretor geral e visava levar a educação de base para todos os brasileiros das áreas urbanas e rurais (COSTA & ARAUJO, 2011). Apesar dos esforços, os resultados da CEAA não foram positivos. Três anos após a criação do CEAA mais da metade da população permanecia analfabeta. Para tentar contornar este problema, duas campanhas foram criadas: Campanha Nacional de Educação Rural (CNER) em 1952 e a Campanha Nacional Erradicação do Analfabetismo (CNEA) em 1958. Estes programas também não retornaram bons resultados e receberam diversas críticas da sociedade. As críticas eram direcionadas ao curto tempo de realização dos programas e as suas abordagens pedagógicas que não levavam em consideração as particularidades de pessoas adultas e a diversidade regional na qual estavam inseridas (SILVA & LIMA, 2017). Em 1958 foi realizado o II Congresso Nacional de Educação de Adultos no Rio de Janeiro e nele foram dados os primeiros passos na direção de um novo método pedagógico para a educação de adultos. Neste congresso vários pensadores levaram contribuições importantes. Dentre eles, destacou-se Paulo Freire, um dos maiores pedagogos do país. Freire chamava a atenção para o fato de que a educação deve estar voltada para as necessidades das pessoas que estão sendo educadas e que a sociedade deveria estar problematizando a situação de miséria que os não alfabetizados viviam e não o analfabetismo em si. Para Freire o analfabetismo “não como a causa da situação de pobreza, mas como efeito de uma sociedade injusta e nãoigualitária” (STEPHANOU & BASTOS apud STRELHOW, 2010). As ideias de Freire ganharam repercussão e influenciaram fortemente os movimentos educacionais. Como consequência, CNEA foi encerrada e Paulo Freire foi convidado para elaborar o Plano Nacional de Alfabetização com o Ministério da Educação. Entretanto, em 31 de março de 1964 foi dado o Golpe Militar e o Plano Nacional de Alfabetização foi interrompido. 2.2 A Educação de Jovens e Adultos no Período do Governo Militar A partir do golpe militar de 1964, os dirigentes dos movimentos educacionais e culturais que visavam transformação social tiveram seus ideais censurados, foram reprimidos, perseguidos, presos e forçados ao exílio. Durante o regime militar a educação foi utilizada como ferramenta de controle popular. Em 1967 foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) com o objetivo de eliminar o analfabetismo que era presente em grande parte da população. Para 19 tanto, esse movimento recrutou pessoas sem formação pedagógica para exercer a função de alfabetizadores. Assim, o programa ficou limitado ao ensino a leitura e escrita sem o desenvolvimento da compreensão do que se produzia. Em Soares e Galvão (2011) é relatado que: “Se a prática de alfabetização desenvolvida pelos movimentos de educação e cultura popular estava vinculada à problematização e conscientização da população sobre a realidade vivida e o educando era considerado participante ativo no processo de transformação dessa mesma realidade, com o Golpe Militar de 1964, a alfabetização se restringe, em muitos casos, a um exercício de aprender a “desenhar o nome”. (SOARES & GALVÃO, 2011) É também durante o regime militar que é implantado o ensino supletivo. Em 1974 são criados os Centros de Estudos Supletivos (CES) que tinham como objetivo oferecer ensinos fundamental e médio de forma semipresencial para formar pessoas para o mercado. Os movimentos educacionais que permaneceram durante o regime militar foram aqueles que não enfrentavam o regime. Este foi o caso da Cruzada de Ação Básica Cristã (Cruzada ABC), que nasceu no estado do Pernambuco e preencheu as lacunas deixadas pelos movimentos extintos. A Cruzada ABC nasceu em 1965 e era um movimento protestante voltado para a alfabetização de jovens e adultos. Eramantido pela USAID (United States Agency for Devellopment), o Colégio Agnes Erskine (Recife) e a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). A Cruzada ABC contestava o chamado o "Sistema Paulo Freire" e por isso recebeu apoio do governo militar, se tornando um programa semioficial de educação (SCOCUGLIA, 2002). 2.3 A Educação de Jovens e Adultos no Período da Nova República Em 1985 o regime militar chega ao fim e o período da Nova República tem início com a vitória de Tancredo Neves nas eleições indiretas. Com a morte de Tancredo, José Sarney, seu vice, assumiu a presidência e promulgou a Constituição de 1988. Com o fim do governo militar o MOBRAL foi extinto e substituído pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, também conhecida como Projeto Educar, vinculada ao Ministério da Educação. Seu objetivo era fiscalizar se os recursos financeiros eram devidamente transferidos para a execução de programas educacionais, de acordo com a constituição recém promulgada. A Fundação Educar foi extinta no início do governo Collor e nenhum outro projeto foi criado em seu lugar. Diante desta realidade, vários movimentos independentes relacionados a educação começaram a surgir. Destes, destaca-se o Movimento de Alfabetização de Jovens e 20 Adultos (MOVA), criado por Paulo Freire, que havia retornado do exílio em 1980. Criado em São Paulo, o MOVA foi um programa público de educação que buscava trabalhar a educação de jovens e adultos a partir do contexto sócio-econômico em que estavam inseridos (SANTOS & NASCIMENTO, 2014). É apenas em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, que surge um novo programa nacional voltado para a alfabetização de jovens e adultos, o Programa Alfabetização Solidária (PAS). Entretanto, o programa recebeu fortes críticas por repetir os erros cometidos por programas anteriores: “Além de se tratar de um programa aligeirado, com alfabetizadores semipreparados, reforçando a idéia de que qualquer um sabe ensinar, tinha como um de seus pressupostos a relação de submissão entre o Norte-Nordeste (subdesenvolvido) e o Sul-Sudeste (desenvolvido). Além disso, com a permanente campanha ‘Adote um Analfabeto’, o PAS contribuiu para reforçar a imagem que se faz de quem não sabe ler e escrever como uma pessoa incapaz, passível de adoção, de ajuda, de uma ação assistencialista” (STEPHANOU & BASTOS apud STRELHOW, 2010). Em 1998 é criado o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), com o principal objetivo de alfabetizar jovens e adultos do meio rural. O programa foi uma parceria entre universidades brasileiras, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). De acordo com dados de 2016 publicados pelo INCRA, o programa já atendeu mais de 160 mil jovens e adultos (INCRA, 2016). Em 2003 um outro programa foi lançado pelo governo federal, o Programa Brasil Alfabetizado. Este programa tem por objetivo dar prioridade as regiões do país onde os índices de analfabetismo entre jovens, adultos e idosos são maiores. De acordo com dados publicados no portal do MEC, desde o seu lançamento até 2012, mais de 15 milhões de jovens e adultos já foram atendidos por este programa (MEC, 2014). De acordo com dados do Censo de 2010 publicados pelo IBGE, o país possui mais de 13 milhões de analfabetos. A região nordeste é a que possui a maior taxa de analfabetismo, com 19,1% de sua população analfabeta. A região norte é a segunda, com aproximadamente 11,2% de sua população analfabeta (IBGE, 2010). No estado do Pará são quase 614 mil pessoas analfabetas (IBGE, 2010). Atualmente, a EJA é uma modalidade de ensino frequentada por pessoas que retomaram os estudos após a idade adulta. Algumas das pessoas que estão neste grupo são: trabalhadores rurais, domésticas, migrantes, aposentados, encarcerados, etc. A modalidade 21 busca fornecer a estas pessoas maiores oportunidades de acesso e permanência na escola. Além disso, a EJA é uma das modalidades de ensino que muito contribui para a diminuição da taxa de analfabetismo do país. 3 A INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO O grande crescimento e popularização das tecnologias da informação e comunicação (TIC) levaram para os grupos sociais a oportunidade de acesso ao conhecimento e, consequentemente, transformação social. Dessa forma, pode-se dizer que a inclusão digital é de grande importância para que cidadãos possam viver na atual sociedade. A inclusão digital é definida em Silva et al. (2005) como ações que envolvem o acesso a informação digital e transformação dessa informação em um novo conhecimento. De posse do conhecimento, o cidadão poderá compartilhá-lo com outras pessoas e, assim, promover uma sociedade mais igualitária e com melhor qualidade de vida. Assim, pode-se dizer que a inclusão digital é fundamental para que se possa ter inclusão social. Para Filho (2003), a inclusão digital possui três pilares fundamentais: TIC's, renda e educação. As TIC's provocaram mudanças de grande impacto na sociedade. Elas estão presentes em várias áreas da sociedade: educação, saúde, governo, comércio, etc. De acordo com Padilha (2014) as TIC's se tornaram uma das bases da sociedade, pois estes estão presentes nos modos como a sociedade opera, se relaciona e se sustenta. Assim, uma das condições para que um cidadão seja digitalmente incluído é ter acesso a TIC's e ser capaz de utilizá-las para gerar conhecimento e melhorar a sua qualidade de vida. A renda é um fator fundamental para se ter acesso às TIC's. Ela é necessária para a aquisição de equipamentos tecnológicos como computadores, tabletes ou celulares conectados à Internet. Entretanto, mesmo com o barateamento destes equipamentos e avanço da banda larga, a baixa renda de uma grande parcela da população ainda é um grande empecilho para a aquisição ou acesso a estes recursos tecnológicos. De acordo com dados de 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) publicados pelo IBGE, apenas 46,2% da população possuía computadores em seus domicílios. Essa taxa cai para 40,5% quando se trata de computadores com acesso à Internet. A região Norte possui as menores taxas com 26,7% de residências com computadores e 19,6% de computadores com acesso à Internet (PNAD/IBGE, 2016). 22 A aquisição e acesso aos equipamentos tecnológicos são condições necessárias para a inclusão digital, entretanto é necessário que haja educação para que a informação acessada seja transformada em conhecimento. A educação é o elemento chave para a transformação da informação acessada em conhecimento. Assim, as instituições de ensino serão os espaços responsáveis por desenvolver metodologias de ensino que permitam o uso apropriado das TIC's de modo que consigam enriquecer suas competências pessoais, relacionais e produtivas. (SOUSA, 2008). “O computador deve servir de apoio e para implantação de uma pedagogia que desenvolva no aluno as habilidades fundamentais exigidas pela sociedade atual. Entretanto, a simples inserção de computadores no ambiente escolar não é sinal de que esses objetivos serão alcançados, pois, não é ele que faz com que o aluno compreenda ou não um conceito, mas sim a forma de como é utilizado e pelos desafios gerados pelas atividades propostas. Tal situação acarreta grandes mudanças na escola que vão além de montagem de salas de informática e capacitação de corpo docente” (VALENTE, 2002). Assim, a escola deve estar em sintonia com as competências exigidas pela atual sociedade e mudar a sua forma de ensinar. A presença de laboratórios de informática e conexão com à Internet não garante a inclusão digital. A falta de capacitação de professores e a falta de políticas educacionais faz com que estes recursos não sejam utilizados e acabem sucateados dentro de uma sala fechada.A falta de iniciativas para a inclusão digital faz com que ocorra o problema da exclusão digital. Para Sousa (2008) os problemas existentes no país como baixo índice de escolaridade, evasão escolar, desemprego, má distribuição de renda, etc. podem fazer com que a introdução de novas tecnologias gere mais exclusão do que inclusão. Estas dificuldades sócio-econômicas impedem que as camadas mais pobres da sociedade tenham acesso as redes digitais. Um indivíduo é considerado digitalmente incluído quando consegue acessar e interagir livremente com os mais variados meios tecnológicos. A dimensão dessa inclusão é abordada por Teixeira: [...] Assim, propõe-se o alargamento do conceito de inclusão digital para uma dimensão reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve acontecer a partir do interior dos grupos com vista ao desenvolvimento de cultura de rede, numa perspectiva que considere processos de interação, de construção de identidade, de ampliação da cultura e de valorização da diversidade, para a partir de uma postura de criação de conteúdos próprios e de exercício da cidadania, possibilitar a quebra do ciclo de produção, consumo e dependência tecnocultural. (TEIXEIRA, 2005). 23 As iniciativas governamentais para a inclusão social tiveram início apenas em 2003. Neste ano ocorreram ações iniciais, porém limitadas, de doação de kits e construção de telecentros pelo Ministério das Comunicações. Em 2005 foi criado o Programa de Inclusão Digital, que aplicou isenção de PIS/Confins em equipamentos tecnológicos, o que permitiu o barateamento destes produtos (DECRETO, 2005). Em 2008 foi criado o Programa Territórios Digitais, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Este programa visa oferecer acesso gratuito à Internet para as pessoas da área rural por meio de instalação de Casas Digitais (MDA, 2008). Em 2009 foi criado o Comitê Gestor do Programa de Inclusão Digital (CGPID), responsável por gerir os recursos financeiros do Programa de Inclusão Digital (DECRETO, 2009). Este comitê lançou o Programa de Apoio à Inclusão Digital – Telecentros.BR. Este programa possuía dois objetivos principais: oferta de infraestrutura para todo o país e apoio financeiro para a formação e capacitação de pessoal (DIAS, 2011). No estado do Pará foi criado em 2007 o NAVEGAPARÁ, iniciativa do governo estadual para promover a inclusão digital e democratização do acesso à Internet (http://www.navegapara.pa.gov.br/o-que-e). Para tanto, foram implantados Pontos de Acesso Livre, onde wifi é disponibilizado em espaços públicos de grande movimentação, e Infocentros, onde são ofertados de informática básica para a população (NAVEGAPARÁ, 2014). No contexto educacional, foram criados os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo). Os NTE's são unidades que oferecem infraestrutura em termos de hardware e software para a realização de capacitação de professores e técnicos da área de educação, oferecimento de suporte às escolas e realização pesquisas educacionais (MEC, 2007). Apesar de vários trabalhos já terem sido publicados e iniciativas das esferas federais e estaduais terem sido realizadas, a inclusão digital ainda é um problema presente no país. Os excluídos digitais estão vivendo aquém da revolução causada pelas tecnologias digitais e, consequentemente, também estão excluídos da sociedade. Dessa forma, é necessário que políticas públicas sejam reforçadas para que este quadro mude e que estas pessoas possam ter acesso e direito a uma sociedade mais justa e igualitária. A informática a cada dia vem se destacando em vários segmentos da sociedade, e no cenário educacional não é diferente. Seu uso como meio de aprendizagem, bem como a sua ação no meio social vem aumentando rapidamente entre nós. Atrelado a esse contexto a 24 educação passa a sofrer mudanças estruturais e funcionais frente ao advento da tecnologia, surgindo com isso a necessidade de se adaptar ao ambiente escolar tecnologias que poderão auxiliar tanto os docentes como os discentes. Em suas palavras FREIRE diz que: “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou sua construção. É importante que nós professores compreendamos que o aluno aprende em situações funcionais, quando ele vê sentido na atividade que realiza, proporcionando-lhe o estabelecimento de um sentido pessoal com aquilo que está prendendo” (FREIRE, 1996, p.52). 4 O SISTEMA OPERACIONAL LINUX O GNU/Linux, popularmente conhecido apenas por Linux, é um sistema operacional livre e de código aberto criado na década de 1990 pelo então estudante finlandês Linus Torvalds. O projeto de Torvalds, que era apenas um passatempo, ganhou força e se transformou em um dos sistemas mais importantes do mundo digital. Atualmente ele está presente não apenas em computadores pessoais, mas também em mainframes, videogames, celulares, televisores digitais, etc. Neste capítulo será abordada a definição, história do Linux e sua influência na educação brasileira. 4.1 O que é Linux? Muitas pessoas falam do Linux como um sistema operacional, entretanto ele é de fato um código-fonte aberto chamado Kernel (ALENCAR, 2017). O Kernel é a parte central do sistema operacional que executa a ponte entre o hardware e o software para que os programas possam ser rodados pelo computador. Por meio dele, os usuários não precisam saber da existência do código-fonte ao utilizar o computador. Entretanto, a divulgação e aumento do uso deste sistema operacional fez com que o nome Linux se popularizasse e hoje ele também é utilizado para se referenciar ao sistema operacional como um todo. O sistema operacional é conhecido na área da computação pelo termo GNU/Linux, pois ele é formado pelo Kernel, Linux, e por um conjunto de ferramentas e bibliotecas chamadas GNU, do inglês GNU is not Unix (GNU não é Unix). GNU é um projeto criado por Richard Stallman formado por um conjunto de recursos para sistemas operacionais como compiladores, formatadores de texto, interface gráfica, shell, etc. 25 O Linux foi criado por Linus Torvalds na Universidade de Helsinki, Finlândia, e por vários colaboradores. Ele começou a desenvolver o Linux na década de 1990 como um projeto de passatempo, pois queria criar uma versão melhorada do Minix, sistema operacional semelhante ao Unix, porém gratuito e com código aberto criado pelo professor Andrew Tanenbaum para fins educacionais (BEZERRA, 2008). O Unix é considerado o pai dos sistemas operacionais e foi criado originalmente na década de 1960 por Ken Thompson, Dennis Ritchie, Douglas McIlroy e Peter Weine. O Linux é licenciado pela GNU General Public License, em português Licença Pública Geral, (GPL). Esta licença permite que o sistema operacional seja modificado, comercializado e distribuído. Entretanto todas as cópias devem ser lançadas também sob a licença GPL e com o código-fonte aberto (LICENÇAS, 2017). A primeira versão do Linux foi lançada oficialmente em 5 de outubro de 1991 (ALENCAR, 2017). Atualmente, está na versão 4.13.7 e pode ser acessado pelo endereço eletrônico <https://www.kernel.org/>. Ele é disponibilizado para o público por meio das distribuições. Elas reunem o conjunto de programas mais o Kernel em um formato pronto para a instalação. Algumas das distribuições disponíveis atualmente são: Ubuntu, Linux Mint, Kali, Debian, Fedora, Red Hat, etc (DISTRIBUIÇÃO, 2016). Algumas distribuições brasileiras atuais são a Linuxfx, Metamorphose Linux, GoboLinux e Linux Educacional, que será abordada neste trabalho. 4.2 A História do Linux A história do Linux tem suas origens nos sistemas operacionais Unix e Minix. O Unix surgiu em 1969 como um projeto de um sistema operacional de menor porte feitoem linguagem Assembly feito por Ken Thompson, Dennis Ritchie, Douglas McIlroy e Peter Weiner. Foi chamado de Uniplexed Information and Computing Services (Unics) (CONTI, 2017). Dennis Ritchie alterou o nome de Unics para Unix (TIMM, 2010) e a partir de 1974 o Unix começou a ser distribuído sob uma licença livre e se popularizou em universidades, associações, entidades, órgãos públicos, etc. Isso permitiu o surgimento de novas variações de sistemas operacionais, como o Berkeley Software Distribution (BSD), Solaris, Minix e o Linux. Em 1987 Andrew S. Tanenbaum, professor e autor de diversos livros da área da computação, lançou a primeira versão do sistema operacional Minix (CONTI, 2017). Tanenbaum tinha por objetivo criar um sistema operacional inspirado no Unix para auxiliar 26 no ensino de computação. O Minix foi disponibilizado gratuitamente e com código aberto. Com isso, discentes da área de computação puderam desenvolver suas habilidades e criar novos projetos. Um desses estudantes foi Linus Torvalds, que entrou para a história da computação ao criar o Linux, a partir do Minix. O Linux já era um projeto conhecido no meio tecnológico na década de 1990, mas ainda não possuía um nome oficial. Em um primeiro momento, Torvalds adotou o nome Freax para o seu Kernel. A presença da letra 'x' era uma referência ao Unix. O nome Linux foi uma sugestão de Ari Lemmke, um programador que hospedou o projeto de Linus Torvald em um servidor FTP e que não gostou do nome Freax. O nome Linux surgiu da junção entre o nome de Linus e do Unix (ALENCAR, 2017). Inicialmente, Linux foi lançado sob uma licença que impedia o seu uso comercial. Posteriomente, Linus adotou a GPL, uma licença do projeto GNU. Ela foi criada para garantir e fortalecer o movimento software livre, do qual Richard Stallman também é criador e ativista. Stallman era programador do Massachusetts Instituto of Technology (MIT), mas se demitiu para se dedicar ao desenvolvimento do projeto GNU como um software livre. O resultado final foi o desenvolvimento de várias ferramentas e bibliotecas que passaram a ser utilizadas por outros sistemas, como o Linux, por exemplo. Os produtos GNU são livres e também são distribuídos de acordo com a GPL (HEXSEL, 2002). Além do movimento software livre, Stallman também fundou a Free Software Foundation (FSF), uma organização sem fins lucrativos criada para divulgar e incentivar o uso de software livre. O site oficial da FSF pode ser acessado pelo endereço eletrônico <https://www.fsf.org/pt-br>. O GNU/Linux chegou no Brasil na década de 1990. A primeira instalação foi feita pelo professor Marco Dimas Gubitoso no Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME – USP). Em 2001 o brasileiro Marcelo Tosatti foi selecionado por Linus Torvalds para ser o responsável pela versão 2.4 do Kernel do Linux (KON et al, 2011). Obter o número de usuários que utilizam Linux é uma tarefa complicada. Entretanto, de acordo com o site Linux Counter, disponível em <https://www.linuxcounter.net/statistics/countries/30>, o Brasil possui mais de 10 mil usuários Linux cadastrados. De acordo com dados de 2014 do Censo do Setor de TI desenvolvido pela Assespro Nacional, o Linux era utilizado por 41% das empresas brasileiras de TI (LINUX, 2013). Além disso, este sistema operacional é utilizado em 16% dos servidores de acordo com a Pesquisa Anual do Uso de TI de 2017, promovida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) (MEIRELLES, 2017). 27 4.3 O Linux na Educação Brasileira Em 2003, durante o governo Lula, foi instituído que o software livre deveria ser adotado em todos os órgãos e instituições brasileiras. Com isso, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) implantou diversos laboratórios de informática nas escolas públicas do país. Os computadores destas escolas possuíam o GNU/Linux como sistema operacional (KON et al, 2011). Em 2006 foi liberado para uso a primeira versão do Linux Educacional (LE), um projeto do Governo Federal desenvolvido pelo Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional (CETE) do MEC e pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O LE é uma distribuição GNU/Linux baseada o Debian, voltada para a educação e autorizada pelo PROINFO. O LE possui um conjunto de aplicativos que visam servir de ferramenta de apoio para os professores. Dessa forma, esta distribuição visa ser um ambiente para auxiliar e ampliar as possibilidades de ensino, oferecendo mais materiais didáticos para o professor e tornando as aulas mais interessantes. Alguns destes aplicativos são jogos educacionais, conteúdos multimídia, etc. voltados para o ensino fundamental e médio. Segundo dados do PROINFODATA, 99,2% dos computadores da rede pública brasileira de ensino utilizam o LE (PROINFODATA, 2017). Apesar de ser um rico recurso e presente nas escolas públicas, é necessário que se capacitem os profissionais da educação para que estes computadores não sejam utilizados apenas para acesso à Internet. De acordo com pesquisas feitas em Paschoal et al. (2013), menos de 8% dos profissionais da educação entrevistados sabiam utilizar o LE. Em uma outra pesquisa, foi constatado que 62% dos entrevistados possuíam interesse em realizar capacitações em LE para melhorarem a qualidade de suas aulas (FILGUEIRAS, 2016). O LE é desenvolvido e mantido por profissionais da C3SL – UFPR e do Núcleo de Tecnologia Educacional desta mesma universidade. Atualmente, esta distribuição está na versão 5.0. Existem outras distribuições educacionais de Linux como o Edubuntu, com endereço eletrônico em <https://www.edubuntu.org/> e o DebianEdu, disponível em <https://wiki.debian.org/DebianEdu>. Entretanto, apenas o LE é uma distribuição de origem brasileira e voltada para a educação (C3SL, 2017). A distribuição Linux Educacional possui diversas ferramentas. Destas, as utilizadas neste trabalho foram: Writer, Impress e Calc, pertencentes ao pacote Libre Office, e os navegadores Mozilla Firefox, Google Chrome e Internet Explorer para acesso à Internet. 28 O Libre Office é uma suite livre de programas de escritórios da fundação sem fins lucrativos The Document Foundation. Foi lançado em 2010 a partir de um fork do Open Office. Seus principais programas são o Writer, uma ferramenta de editor de texto, Impress, uma ferramenta para a criação de apresentações de slides e o Calc, ferramenta de planilha eletrônica (HISTÓRIA, 2017) Os navegadores são programas utilizados para acessar conteúdo disponível na Internet por meio de Websites. Atualmente, alguns dos navegadores mais comuns são o Firefox, Chrome e Internet Explorer. O Firefox é o navegador gratuito e oficial da Mozilla. Foi lançado em 1998 e, atualmente, possui versões para os principais sistemas operacionais (CONHEÇA, 2017). O Chrome é o navegador oficial do Google que pode ser baixado e utilizado gratuitamente nos principais sistemas operacionais disponíveis. Sua primeira versão foi lançada em 2008 (PICHAI, 2008). Atualmente é o navegador mais utilizado no mundo (STATCOUNTER, 2017). Por fim o Internet Explorer, navegador da Microsoft. Lançado em 1995, este navegador está incluso no sistema operacional Windows (INTERNET, 2017). Atualmente se encontra em processo de substituição pelo Edge (NAVEGADOR, 2017). 5 O USO DA INFORMÁTICA NA EJA Existem diversos trabalhos que apresentam os resultados positivos da utilização de informática na EJA. Alguns trabalhos considerados interessantes e diferenciais foram selecionados para apresentar neste capítulo. Em Dias et al. (2013) os autores utilizaram a proposta de mobile learning para complementar um programa de alfabetização da EJA na Paraíba. Para tanto, utilizaram o software PALMA (Programa de Alfabetização em Língua Materna), que visa auxiliar o processo de aprendizagemda leitura por meio de atividades disponibilizadas em smartphones. Os resultados foram positivos e deram frutos a um novo programa chamado AMCO (Projeto Aprendizagem Móvel no Canteiro de Obra – AMCO), um projeto de extensão do Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba. Os autores de Oliveira (2015) também trabalharam com a alfabetização para alunos da EJA. Neste trabalho, o recurso utilizado foi o Facebook. Por meio dele, os autores promoveram a inclusão dos alunos nas redes sociais e utilizaram recursos como mural, álbum e bate-papo para atividades de alfabetização. Em Bernardes (2009) os autores desenvolveram um projeto para ensinar astronomia a alunos da EJA. Para tanto, criaram uma parceria entre o Clube de Astronomia de Itaocara Marcos Pontes (CAIMP) e o Colégio Estadual Jaime Queiroz de Souza, no Rio de Janeiro. Para tanto, 29 os alunos observaram o céu utilizando o telescópio do CAIMP, utilizaram o software de visualização do céu e estrelas Stellarium e realizaram diversas atividades práticas. O trabalho, chamado de alfabetização científica, também tinha por objetivo motivar o ensino de outras disciplinas como Química, Física e Biologia. No trabalho de Pereira (2012) os autores utilizaram recursos de informática para ensinar arte a alunos da EJA/Médio do Paraná. Em um primeiro momento, os alunos tiveram orientações teóricas sobre a construção de autoretratos. Posteriormente, os alunos utilizaram câmeras digitais para tirar fotos dos rostos e transferir os arquivos para o computador. Por fim, realizaram o tratamento das imagens utilizando o software livre GIMP (Image Manipulation Program), com supervisão dos autores do trabalho. Por fim, em Dias et al. (2011) os autores utilizaram planilhas eletrônicas para ensinar matemática a alunos do segundo ano do ensino fundamental da EJA. Para tanto, utilizaram o software livre Calc, pertencente ao pacote BrOffice. Foram desenvolvidas atividades práticas que envolviam operações aritméticas, cálculo de média aritmética, máximo, mínimo, intervalo, etc. Os alunos aprovaram a oficina e elogiaram a possibilidade de colocar em prática assuntos que só haviam estudado em sala de aula. 6 A OFICINA DE INCLUSÃO DIGITAL Uma pesquisa feita pelos autores deste trabalho com professores e alunos da EJA/Médio da escola E.E.E.M. Inácio Moura detectou que estes não possuíam ou possuíam pouco conhecimento e uso sobre o sistema operacional Linux e os programas básicos nele instalados. Esta pesquisa foi feita informalmente com cinco (05) professores do ensino médio, cinco (05) professores do ensino fundamental e alunos da EJA desta escola. Alguns docentes e alunos afirmaram que sentem dificuldades em utilizar o sistema operacional Linux, pois possuem apenas familiaridade com o sistema operacional Windows. Outros afirmam que não sabiam da existência do sistema operacional Linux. Os autores desta pesquisa também conversaram com a coordenadora da sala de informática da escola, a professora Soraia Barros. Ela afirmou: “De fato a maioria dos professores que trabalham no ensino médio não tem familiaridade com o Linux, que necessita por parte da secretaria de educação do estado qualificar esses profissionais”, segundo a mesma o acompanhamento pedagógico também necessita da interação entre professor e máquina dada a importância que essas tecnologias possuem atualmente na educação. Assim, diante da dificuldade constatada de professores e alunos da EJA, foi aplicada uma oficina de inclusão digital com o objetivo de ensinar os primeiros passos sobre o sistema 30 operacional Linux e os programas básicos nele instalado. Os autores deste trabalho optaram por ministrar a oficina para os alunos da EJA, pois neste grupo estava o maior número de pessoas que não haviam ainda tido ou possuíam pouco contato com computador. Optou-se pelo formato oficina devido a característica prática e de forte interação que ela possui e que pode despertar nos alunos o interesse de se apropriar de novos conhecimentos. Além disso, o fato da escola possuir uma sala de informática não utilizada despertou a atenção dos pesquisadores deste trabalho. Atualmente a tecnologia é utilizada como uma aliada da educação e a utilização desse espaço pode vir a contribuir para a melhoria da experiência de ensino e, consequentemente, a inclusão digital dos alunos. Neste capitulo será abordada a aplicação da oficina de inclusão digital utilizando o sistema operacional Linux Educacional e os programas nele instalados. Para tanto, foi construída uma sequência didática contendo as principais informações sobre a realização da oficina. Ao final, serão apresentados os resultados obtidos e uma discussão sobre como este sistema operacional pode contribuir para a inclusão digital de alunos da EJA. 6.1 A Aplicação da Oficina A I Oficina de Inclusão Digital EJA/Médio – Noturno foi realizada para um grupo de alunos de uma turma da EJA/Médio do turno da noite da Escola Estadual de Ensino Médio “Inácio Moura” (E. E. E. M. Inácio Moura). Nesta sessão serão apresentadas informações sobre o locus da pesquisa, os alunos participantes, a aplicação da oficina, a sequência didática utilizada e os resultados obtidos. 6.2 A Escola Estadual Inácio Moura A Escola Estadual de Ensino Médio “Inácio Moura” foi fundada em março de 1976. Está localizada na Av. Senador Lemos, nº. 1968, área urbana do município de Santo Antônio do Tauá – PA. Em 2016 a escola possuiu aproximadamente 1.200 alunos matriculados nos 1º, 2º e 3º anos do ensino médio e EJA. Estes estão lotados em doze (12) salas de aula nos turnos da manhã e tarde e dez (10) no turno da noite. Além disso, a escola possui em seu espaço físico uma (01) biblioteca e uma (01) sala de informática. Figura 01 – E.E.E.M. “Inácio Moura”. 31 Fonte: Autores da Oficina, dezembro de 2016. 6.3 A Sala de Informática A sala de informática da E.E.E.M. “Inácio Moura” possui dezessete (17) computadores, onde nem todos funcionavam. Após um processo de manutenção feito pelos autores desta pesquisa, doze (12) computadores voltaram a funcionar. Os computadores possuem o sistema operacional Linux Educacional instalado. A escola não possui professor oficialmente lotado na sala de informática da escola ou técnico de informática. Quando necessário, a escola solicita a presença de um técnico para solucionar os problemas existentes. Como esta demanda demora a ser solucionada, professores e alunos ficam sem utilizar os computadores. Este fato prejudica o andamento dos estudos, pois professores e alunos utilizam a sala de informática para realizar pesquisas, fazer trabalhos escolares, utilizar a Internet, etc. De acordo com relatos de profissionais da educação, estes problemas estão presentes em várias escolas de Santo Antônio do Tauá e demais municípios do estado do Pará. Figura 02 – Sala de Informática da E.E.E.M. “Inácio Moura”. Fonte: Autores da Oficina, dezembro de 2016. 32 6.4 Aplicação da Pesquisa A I Oficina de Inclusão Digital EJA/Médio – Noturno foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio “Inácio Moura” no dia 27 de dezembro de 2016 no turno da noite. A oficina teve duração de duas horas e meia com início às 19:30h e término às 22:00h. Foi ofertada para os alunos da turma 402 EJA/Médio. Figura 03 – Slide/ I Oficina de Inclusão Digital Fonte: Autores da Oficina, dezembro de 2016. A oficina estava programada para acontecer no retorno das aulas do segundo semestre de 2016, em agosto. Entretanto, a ocorrência de uma greve fez com que o retorno das atividades escolares acontecesse apenas no final do ano. A turma 402 possuía, oficialmente, quarente (40) alunos matriculados. Após esta greve, apenas vinte e oito (28) retornaram as aulas. Para convidar os alunos, foi feita uma divulgação na escola,com uma semana de antecedência, sobre a realização da oficina. Fichas de inscrição foram distribuídas e um total de nove (09) alunos se inscreveram para participar. Antes da realização da oficina fez-se um levantamento acerca da quantidade de computadores disponíveis para serem utilizados assim como a disponibilidade de sinal de Internet. Foi detectado que algumas máquinas não funcionavam e que o sinal da Internet sofria com oscilações. Como não há um técnico de informática na escola, os autores desta pesquisa fizeram a manutenção dos computadores e fizeram doze (12) dos dezessete (17) computadores voltarem a funcionar. Buscou-se através da realização desta oficina incentivar a interação dos alunos da EJA/Médio com as máquinas e apresentar o quanto elas podem ser importantes para ensino e 33 a aprendizagem. O conteúdo ministrado abordou o uso básico do sistema operacional Linux Educacional, o pacote Libre Office, a utilização da Internet por meio de navegadores, a realização de pesquisas e criação de contas particulares em Redes Sociais e endereço eletrônico (e-mail). A oficina finalizou com uma roda de conversa sobre a opinião dos alunos sobre a informática e sua importância no contexto educacional e social. Figura 04 – Oficina de Inclusão Digital/ E.E.E.M. “Inácio Moura”. Fonte: Autores da Oficina, dezembro de 2016 A pesquisa foi avaliada por meio de atividades realizadas durante a oficina e pela aplicação de dois questionários de opinião. Cada questionário possuía sete (07) perguntas e tinham por objetivo coletar a opinião dos alunos sobre a oficina. Os questionários estão disponíveis nos Apêndices 03 e 04. 6.5 A Sequência Didática Neste tópico é apresentada a sequência didática criada para a aplicação da pesquisa de inclusão digital concretizada por meio da I Oficina de Inclusão Digital EJA/Médio – Noturno. Título: I Oficina de Inclusão Digital EJA/Médio – Noturno Justificativa: Diante da ausência ou pouco conhecimento dos alunos da EJA/Médio sobre o sistema operacional Linux e seus programas básicos, assim como diante da falta de uso assídua da sala de informática desta escola, a I Oficina de Inclusão Digital EJA/Médio – Noturno foi realizada com o objetivo de introduzir os alunos nestes conhecimentos básicos de informática e contribuir para o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem bem como para que estes possam dar os primeiros passos dentro da inclusão digital. 34 Objetivo: Tornar os alunos aptos a manusear o sistema operacional Linux, os programas do pacote Libre Office, Navegadores, E-mail e Redes Sociais. Conteúdo: Sistema Operacional Linux Educacional, Pacote Libre Office (Editor de Texto – Writer, Planilha Eletrônica – Calc e Criador de Apresentações – Impress), Navegadores, Criação de conta de e-mail e Redes Sociais (Facebook e Twitter). Tempo estimado: A oficina teve duração de 2 horas e 30 minutos com início às 19hs30min e término às 21:00h. Público: Alunos da EJA/Médio – Noturno. Material Utilizado: Computador, datashow, quadro branco e caneta. Atividades Realizadas: • Editor de Texto (Writer): Digitação e formatação de textos, abrir e salvar documentos, copiar textos. • Planila Eletrônica (Calc): Inserção de números nas células de uma planilha, formatação de células, realização de operações básicas e salvar documentos. • Criador de Apresentações (Impress): Criação de slides utilizando recursos do criador de apresentações, formatação de texto, inserção de imagens e salvar documentos. • Internet: Como realizar pesquisas utilizando os três principais navegadores (Mozilla Firefox, Internet Explorer e Google Chrome), criar uma conta de endereço eletrônico (e-mail) e em Redes Sociais (Facebook e Twitter). Procedimento: O primeiro momento da oficina foi de apresentação. Os ministrantes, autores desta pesquisa, se apresentaram para os alunos e falaram sobre o porquê da realização da oficina e a importância dos meios tecnológicos dentro do contexto educacional. Em seguida, foi aplicado o primeiro questionário que teve por objetivo saber sobre a afinidade dos alunos com o computador e com o sistema operacional Linux, se os professores os levavam com frequência para a sala de informática, etc. O segundo momento foi voltado para a parte prática, isto é, ao ensino do conteúdo definido na sequência didática da oficina. A sequência dos assuntos ministrados foi: 01 – O Sistema Operacional Linux Educacional, 02 – Editor de Texto (Writer), 03 – Planilha 35 Eletrônica (Calc), 04 – Criador de Apresentações (Impress), 05 – Internet: Uso dos navegadores (Mozilla Firefox, Internet Explorer e Google Chrome), 06 – Como criar uma conta de endereço eletrônico (e-mail) e 07 – Como fazer pesquisas e criar conta nas redes sociais (Facebook e Twiter). Em todos os tópicos ministrados foram realizadas atividades, em que os alunos recebiam tarefas e tentavam resolver sozinhos. Trabalhou-se digitação e formatação de textos, abrir, salvar e copiar arquivos com o Editor de Texto (Writer), manipulação de números e formatação com a Planilha Eletrônica (Calc) e construção de apresentações artísticas com slides e formatação com o Criador de Apresentações (Impress). Por fim, foi ensinado aos alunos como usar a Internet por meio de navegadores e como conta de e-mail e em Redes Sociais. Por fim, no terceiro e último momento foi realizada uma roda de conversa para debater sobre a importância da tecnologia para a educação nos dias atuais, bem como saber dos alunos suas expectativas acerca da utilização das tecnologias em seu aprendizado. Neste mesmo momento aplicou-se o segundo questionário com perguntas sobre a opinião deles sobre a realização da oficina, se conseguiram desenvolver ou melhorar as habilidades no manuseio do computador, se conseguiram adquirir mais afinidade com o sistema operacional Linux, etc. 6.6 Resultados e Discussão Para obter os resultados dessa pesquisa, foram aplicados questionários para coletar opiniões bem como realizadas atividades, durante a oficina, para observar a evolução dos alunos e coletar as observações que eram realizadas por eles. Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos e realizada uma discussão sobre eles. 6.7 Resultados para o Questionário Aplicado Antes da Oficina As perguntas contidas no questionário aplicado antes da oficina foram: 1. Você enquanto aluno da EJA tem afinidade com o computador? 2. O laboratório de informática de sua escola está contribuindo para o seu processo de ensino-aprendizagem? 3. Você já utilizou o laboratório de informática como meio de pesquisa, esta sugerida pelo(os) professor(es) regentes das disciplinas de sala de aula? 4. O professor regente da disciplina de sala de aula, bem como o professor do laboratório de informática utilizam softwares educativos como recurso didático? 36 5. Você demonstra interesse pelas aulas ministradas no laboratório de informática? 6. Em sua opinião os professores regentes das disciplinas de sala de aula têm afinidade com o computador? 7. Você acha importante ter conhecimentos educacionais utilizando o computador como ferramenta de ensino-aprendizagem? As respostas e análises para cada pergunta seguem a seguir: a) Análise das Respostas da Pergunta 1: Figura 05 – Gráfico 1 do Questionário 1 Figura 1: Gráfico com as respostas para a Pergunta 1 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Com relação a pergunta sobre a afinidade dos alunos da EJA/Médio com o computador, 55,55% responderam que possuem afinidade e 44,45% responderam que não possuem. Com este dado foi possível saber que a maioria dos alunos que se inscreveram na oficina não possuíam afinidade com o computador. Além disso, alguns relataram que aquela seria a oportunidade para o primeiro contato comum computador. b) Análise das Respostas da Pergunta 2: Figura 06 – Gráfico 2 do Questionário 1 55 ,55% 44 ,45% Pergunta 1: Você enquanto aluno(a) da EJA tem afinidade com o computador? Sim: 5 = 55,55% Não: 4 = 44,45% 37 Figura 2: Gráfico com as respostas para a Pergunta 2 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Na pergunta relacionada a contribuição do laboratório de informática para o processo de ensino-aprendizagem, 33,33% dos alunos responderam que laboratório contribui positivamente. Entretanto, 66,67% responderam que o laboratório não contribui para o aprendizado. Acredita-se que isso se deve ao pouco uso do laboratório de informática e a falta de capacitação dos professores desta escola para inserir recursos tecnológicos em suas aulas. 33 ,33% 66 ,67% Pergunta 2: O laboratório de informática de sua escola está contribuindo para o seu processo de ensino - aprendizagem? Sim: 3 = 33,33% Não: 6 = 66,67% 38 Questionário 1 c) Análise das Respostas da Pergunta 3: Figura 07 – Gráfico 3 do Figura 3: Gráfico com as respostas para a Pergunta 3 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Sobre a utilização do laboratório de informática para realização de pesquisas sugeridas pelo professor regente da disciplina de sala de aula, 66,67% dos alunos responderam que já usaram o laboratório para esta finalidade. Por outro lado, 33,33% responderam que nunca fizeram uso do laboratório de informática da escola para a realização de pesquisas. Saber que a maioria dos alunos utiliza o laboratório para a realização de pesquisas é um resultado otimista, entretanto deve-se observar que ainda há uma parcela significativa que não o utiliza. É importante ressaltar também que utilizar um laboratório de informática apenas para a realização de pesquisas é fazer um sub uso dele. Assim, ressalta-se novamente a importância da capacitação dos profissionais da educação para se tornarem aptos a explorar variadas possibilidades pedagógicas com este recurso tecnológico. d) Análise das Respostas da Pergunta 4: Figura 08 – Gráfico 4 do 66 ,67% 33 ,33% Pergunta 3: Você já utilizou o laboratório de informática como meio de pesquisa, esta sugerida pelo professor regente da disciplina de sala de aula? Sim: 6 = 66,67% Não: 3 = 33,33% 39 Questionário 1 Figura 4: Gráfico com as respostas para a Pergunta 4 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Com relação a pergunta sobre o uso de software educativo por parte do professor regente de disciplinas de sala de aula ou de laboratório de informática, 100% dos alunos responderam que nenhum destes profissionais utiliza software educativo como um recurso didático. Este dado comprova que o laboratório de informática da escola é utilizado majoritariamente para pesquisas e escrita de trabalhos e que recursos diferencias, como software educativo, não são utilizados para enriquecer o ensino das disciplinas. e) Análise das Respostas da Pergunta 5: Figura 09 – Gráfico 5 do 0 ,00% 100,00 % Pergunta 4: O professor regente da disciplina de sala de aula, bem como o professor do laboratório de informática utilizam softwares educativos como recursos didáticos? Sim: 0 = 0,00% Não: 9 = 100,00% 40 Questionário 1 Figura 5: Gráfico com as respostas para a Pergunta 5 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Sobre o interesse dos alunos em aulas ministradas no laboratório de informática, 100% dos alunos responderam que possuem este interesse. Este dado mostra a vontade e disposição dos alunos em explorar novas formas de aprendizado, utilizando tecnologia, assim como o interesse em desenvolver e melhorar suas habilidades no uso de computadores. f) Análise das Respostas da Pergunta 6: Figura 10 – Gráfico 6 do 100,00 % 0 ,00% Pergunta 5: Você demostra interesse pelas aulas ministradas no laboratório de informática? Sim: 9 = 100,00% Não: 0 = 0,00% 41 Questionário 1 Figura 6: Gráfico com as respostas para a Pergunta 6 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Com relação a opinião dos alunos sobre a afinidade dos professores regentes de disciplinas de sala de aula, 100% respondeu que acredita que seus professores possuem afinidade com computadores. Este dado mostra que, para os alunos, os professores estão capacitados e podem ministrar suas aulas utilizando a informática como recurso pedagógico. 100,00 % 0 ,00% Pergunta 6: Em sua opinião, os professores regentes das disciplinas de sala de aula têm afinidade com o computador? Sim: 9 = 100,00% Não: 0 = 0,00% 42 Questionário 1 g) Análise das Respostas da Pergunta 7: Figura 11 – Gráfico 7 do Figura 7: Gráfico com as respostas para a Pergunta 7 do Questionário 1 Fonte: Autoria Própria. Quando perguntados sobre a importância do computador como ferramenta de ensinoaprendizagem, 100% dos alunos responderam que acreditam que o computador desempenha um papel importante no aprendizado de conteúdos educacionais. Este dado mostra que os alunos estão conscientes da importância e presença da informática nos diversos aspectos da sociedade atual. 6.8 Resultados para o Questionário Aplicado Depois da Oficina As perguntas contidas no questionário aplicado depois da oficina foram: 1. Você usa com frequência em seu dia-a-dia alguma tecnologia, qual? 2. Você achou proveitoso a realização da oficina? Em que ela contribuiu para o seu conhecimento? 3. Você tem afinidade com o Sistema Operacional Linux? 100,00 % 0 ,00% Pergunta 7: Você acha importante ter conhecimentos educacionais utilizando o computador como ferramenta de ensino - aprendizagem? Sim: 9 = 100,00% Não: 0 = 0,00% 43 Questionário 1 4. Os softwares do Sistema Operacional Linux utilizados na oficina contribuirão para o seu ensino-aprendizagem? 5. Em relação as redes sociais, você utiliza alguma? 6. Antes do primeiro contato com as redes sociais você precisou de auxílio para se cadastrar e usar as redes sociais? 44 7. Após a realização da oficina você se sente capaz de cadastrar-se em outras redes sociais, sem auxílio? As respostas e análises para cada pergunta seguem a seguir: a) Análise das Respostas da Pergunta 1: Figura 12 – Gráfico 1 do Questionário 2 Figura 8: Gráfico com as respostas para a Pergunta 1 do Questionário 2 Fonte: Autoria Própria. Com relação a frequência de uso de algum tipo de tecnologia no cotidiano dos alunos, 100% dos alunos responderam que utilizam diariamente alguma tecnologia. Como apresentado anteriormente, alguns alunos tiveram o seu primeiro contato com um computador durante a oficina. Entretanto, todos os alunos inscritos na oficina possuíam telefones celulares e os utilizavam diariamente. Este dado mostra que, apesar da pouca interação com computadores, estes alunos não estão totalmente afastados da atual realidade tecnológica. 100,00 % 0 ,00% Pergunta 1: Você usa com frequência em seu dia - a - dia alguma tecnologia? Sim: 9 = 100,00% Não: 0 = 0,00% 45 Questionário 2 b) Análise das Respostas da Pergunta 2: Figura 13 – Gráfico 2 do Figura 9: Gráfico com as respostas para a Pergunta 2 do Questionário 2 Fonte: Autoria Própria. Sobre a opinião dos alunos com relação a oficina, 100% afirmaram que gostaram da oficina e que esta foi bastante proveitosa. Durante a oficina os alunos se mostraram bastante participativos e interessados no conteúdo. Para eles, a oficina foi um momento de acréscimo e troca de conhecimentos tecnológicos. 100,00 % 0 ,00% Pergunta 2:
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