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Monografia Francisco Boca

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÓMICAS
CUAMBA
Avaliação da adaptabilidade de 15 genótipos de feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) tolerantes à baixa fertilidade do solo nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga
Francisco Clemente Boca
Cuamba, Julho de 2020
AVALIAÇÃO DA ADAPTABILIDADE DE 15 GENÓTIPOS DE FEIJÃO VULGAR (Phaseolus vulgaris L.) TOLERANTES À BAIXA FERTILIDADE DO SOLO NAS CONDIÇÕES AGRO-ECOLÓGICAS DA ESTAÇÃO AGRÁRIA DE LICHINGA
TRABALHO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Francisco Clemente Boca
. 
O presente trabalho é submetido à Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Ciências Agronómicas, como condição parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Agrárias. 
Supervisor: Eng.º Félix Augusto Timo 
Co-Supervisor: Eng.º Sueco A. Cipriano, MSc
Cuamba, Julho de 2020
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Francisco Clemente Boca declaro por minha honra que o presente trabalho de culminação do curso para obtenção do grau de licenciatura em ciências agrárias, intitulado “Avaliação da adaptabilidade de 15 genótipos de feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) tolerantes à baixa fertilidade do solo nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga”, é resultado da minha investigação pessoal realizada no campo e das orientações dos meus supervisores, com excepção das informações e dados citados e referidas na revisão bibliográfica, e nunca foi submetido em nenhuma outra instituição superior para obtenção de qualquer outro grau académico. 
Cuamba, Julho de 2020
Assinatura
________________________________________________
(Francisco Clemente Boca)
DEDICATÓRIA
O presente trabalho dedico aos meus pais, Clemente Boca e Micaela Francisco Cumbe. 
Aos meus irmãos Adalberto e Dirceu. 
Meu avô Alberto Boca que Deus o tenha em sua morada. 
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus que sempre guiou os meus caminhos, oferecendo-me força, saúde, coragem, dedicação e entusiasmo para a concretização dos meus ideais. 
Aos meus pais, Clemente Boca e Micaela Francisco Cumbe, pelo carinho, pelo apoio moral, compreensão, paciência e pela confiança depositada em mim. Ao meu irmão Adalberto pela força que sempre me deu, pelo apoio moral e pelo suporte financeiro que me concedeu no decorrer do percurso académico. 
Ao instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) – Lichinga por ter-me concedido a realização do estágio na pessoa do Eng.º Fernando Sualei, ao Eng.º Félix Augusto Timo pela orientação, disponibilidade, pelos ensinamentos e sobretudo pela ajuda e tolerância demostrada para a concretização deste trabalho e ao Eng.º Domingos Zipsa Madane pelos ensinamentos, pela troca de experiencias da vida por si vividas, pela força e coragem, pela sua disponibilidade e a todo o apoio prestado. 
Aos docentes das disciplinas que estudei, pelos ensinamentos transmitidos ao longo destes anos de formação, e a todos que, em menor ou maior intensidade, contribuíram para a realização desse trabalho. 
Aos meus colegas, Almeida Sithate, Dalton da Cruz Manivete, Lírio Moisés, Renato Ambrósio e os demais, agradeço pelo apoio moral, momentos de estudos, brincadeira, convívio em equipe e amizade dispensada em todos anos do percurso académico. Agradeço aos meus amigos, em especial Chaide Chate, Hélder Júlio, Nacir Gustavo, Pazrom Jorge Cumpeu e Ruben Pereira que me ajudaram nos momentos difíceis e por momentos de alegria partilhadas durante a minha formação. 
Agradeço imensamente a todos aqueles que de forma directa ou indirectamente contribuíram para o sucesso da minha formação profissional. 
RESUMO 
Foi realizado, na campanha 2019/2020 entre Dezembro a Abril, na Estação Agrária de Lichinga, um experimento com a cultura de feijão vulgar que serviu parte integrante do trabalho. O objectivo do trabalho foi de avaliar 15 genótipos de feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) eficientes na aquisição do fósforo no solo nas condições da Estação Agrária de Lichinga. Utilizou-se o delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC), com 3 repetições e 15 tratamentos (genótipos), sendo 14 provenientes do programa de melhoramento genético do Centro Internacional de Agricultura Tropical e 1 testemunha do programa de melhoramento genético do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. Foram determinados dados de altura das plantas, floração, sobrevivência, número de vagens por planta, comprimento de vagens, número de grãos por vagem, peso de 100 sementes e rendimento do grão. Todos os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey a 5% de significância pelo pacote estatístico SISVAR V. 5.7. Todos genótipos apresentaram uniformidade nas variáveis número de plantas emergidas, número de plantas colhidas e número de grãos por vagem. O genótipo BFS 67 teve a floração mais precoce com uma média de 33 dias, enquanto o genótipo BFS 29 teve a floração mais tardia com uma média de 54 dias. O maior rendimento foi dos tratamentos BFS 23 (619,20 kg/ha), BFS 412 (642,26 kg/ha) e BFS 32 (674,53 kg/ha). Tiveram rendimentos mais baixos os genótipos BFS 4 (277,33kg/ha), BFS 39 (279,0 kg/ha) e BFS 10 (297,80 kg/ha). Esta informação é importante para os programas de melhoramento para o desenvolvimento de variedades tolerantes a baixo P. 
Palavras-chave: Feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.), adaptabilidade, fertilidade do solo. 
ABSTRACT
In the 2019/2020 campaign, between December and April, at the Lichinga Agrarian Station, an experiment was carried out with the cultivation of common beans that served as an integral part of the work. The objective of the work was to evaluate 15 genotypes of common beans (Phaseolus vulgaris L.) efficient in the acquisition of phosphorus in the soil under the conditions of the Lichinga Agrarian Station. The Randomized Complete Block design (DBCC) was used, with 3 replicates and 15 treatments (genotypes), 14 from the genetic improvement program of the International Center for Tropical Agriculture and 1 witness from the genetic improvement program of the Mozambique Agrarian Research Institute. Dice on plant height, flowering, survival, number of pods per plant, length of pods, number of grains per pod, weight of 100 seeds and grain yield were determined. All dice were subjected to analysis of variance (ANOVA) and Tukey test at 5% significance by the statistical package SISVAR V. 5.7. All genotypes showed uniformity in the variables number of plants emerged, number of plants harvested and number of grains per pod. The genotype BFS 67 had the earliest flowering with an average of 33 days, while the genotype BFS 29 had the later flowering with an average of 54 days. The highest yield was from the treatments BFS 23 (619,20 kg/ha), BFS 412 (642,26 kg/ha) and BFS 32 (674,53 kg/ha). The genotypes BFS 4 (277,33 kg/ha), BFS 39 (279,0 kg/ha) and BFS 10 (297,80 kg/ha) had lower yields. This information is important for breeding programs for the development of low P tolerant varieties. 
	
Key words: Feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.), adaptability, soil fertility.
LISTA DE ABREVIATURAS
	ANOVA
	Análise de variância 
	CIAT
	Centro Internacional de Agricultura Tropical 
	CONAB
	Companhia Nacional de Abastecimento 
	DBCC
	Delineamento de Blocos Completos Casualizados 
	EAL
	Estação Agrária de Lichinga 
	EMBRAPA
	Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
	FAO
	Food and Agriculture Organization Of the United Nations 
	IAC
	Instituto Agronómico 
	IIAM
	Instituto de Investigação Agrária de Moçambique 
	INE
	Instituto Nacional de Estatística 
	MAE
	Ministério da Administração Estatal 
	P
	Fósforo
	SEAB
	Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento 
	TIA
	Trabalho de Inquérito Agrícola 
LISTA DE TABELAS 
	Tabela 1. 
	Escala fenológica da planta de feijão vulgar………………………….….….8
	Tabela 2. 
	Feijão seco – produção mundial em toneladas – 2010 a 2013...…….….….20
	Tabela 3.
	Níveis de produção de feijão vulgar em Moçambique(2003-2012)……….21
	Tabela 4.
	Dados climáticos registados durante o período de ensaio………………….23
	Tabela 5.
	Material genético utilizado….……….………………….………………….25
	Tabela 6.
	Codificação dos tratamentos.…….……………….……….……………….26
	Tabela 7.
	Esquema da ANOVA……………………….……………….……….…….30
	Tabela 8.
	Classificação do coeficiente de variação.…….……….……….….…….….31
	Tabela 9.
	Resultados médios das variáveis Stand inicial (NPE) e Stand final (NPC)..32
	Tabela 10.
	Médias do período de floração (dias de floração) nos diferentes genótipos.35
	Tabela 11. 
	Altura media das plantas (cm) dos genótipos testados…….………….……37
	Tabela 12.
	Médias de número de vagens por planta…………………………….….….39
	Tabela 13.
	Resultados médios do comprimento da vagem.….………….…….……….41
	Tabela 14. 
	Médias de número de grão/sementes por vagem.………….….…...………43
	Tabela 15.
	Médias do peso de 100 sementes...…………….……….………………….45
	Tabela 16.
	Médias do rendimento do grão em kg/ha..................................….………...47
	Tabela 17. 
	Correlação entre as variáveis.…….…….………………….………………49
LISTA DE GRÁFICOS 
	Gráfico1. 
	Variação de temperatura e precipitação durante o período do ensaio….….23
LISTA DE FIGURAS 
	Figura 1. 
	Mapa de localização da área de estudo………….…….….………….…….21
LISTA DE APÊNDICES 
	Apêndice 1. 
	Protocolo de ensaio
	Apêndice 2. 
	Esquema do ensaio
	Apêndice 3. 
	Cronograma de actividades
	Apêndice 4. 
	Dados brutos
	Apêndice 5. 
	ANOVA – Resultados do pacote estatístico SISVAR
Monografia de Licenciatura em Ciências Agrárias 
Autor: Francisco Clemente Boca	Página X
Índice
Declaração de honra	I
Dedicatória	II
Agradecimentos	III
Resumo	IV
Lista de abreviaturas	VI
Lista de tabelas	VII
Lista de gráficos	VIII
Lista de figuras	IX
Lista de apêndices	X
CAPÍTULO Ι. INTRODUÇÃO	1
1.1. Definição do problema	2
1.2. Justificativa	3
1.3. Objectivos de estudo	4
1.3.1. Objectivo geral	4
1.3.2. Objectivos específicos	4
1.4. Hipóteses	4
CAPÍTULO ΙΙ. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA	5
2.1. Cultura do feijão vulgar	5
2.1.1. Generalidades	5
2.1.2. Origem e distribuição geográfica do feijão vulgar	5
2.1.3. Classificação taxonómica	6
2.2. Morfologia da planta do feijão vulgar	6
2.3. Crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar	7
2.4. Hábito de crescimento	8
2.5. Ciclo de vida do feijão	11
2.6. Fósforo no solo e no feijão vulgar	11
2.7. Classificação das variedades de feijão vulgar e as mais usadas em Moçambique	12
2.8. Importância do feijão vulgar	13
2.9. Exigências edafo-climáticas do feijão vulgar	14
2.10. Práticas culturais	16
2.10.7. Controle de pragas e doenças	18
2.11. Produção do feijão vulgar	19
2.11.1. Produção Mundial e em África	19
2.11.2. Produção do feijão vulgar em Moçambique	20
2.12. Principais factores que afectam a produção do feijão vulgar	21
CAPÍTULO. ΙΙΙ. MATERIAIS E MÉTODOS	22
3.1. Localização e descrição da área de estudo	22
3.1.1. Clima e Hidrologia	23
3.1.2. Solos	23
3.2. Materiais	24
3.2.1. Material genético utilizado	25
3.3. Métodos	25
3.3.1. Delineamento experimental	25
3.3.2. Condução do ensaio	26
3.4. Variáveis medidas e observadas	28
3.5. Análise de dados	30
3.5.1. Coeficiente de variação	31
3.5.2. Constrangimentos	31
CAPÍTULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO	32
4.1. Parâmetros de crescimento	32
4.1.1. Sobrevivência	32
4.1.1.1. Stand inicial/número de plantas emergidas	33
4.1.1.2. Stand final/número de plantas colhidas	34
4.1.2. Período de floração	35
4.1.3. Altura da planta	37
4.2. Parâmetros de rendimento	39
4.2.1. Número de vagens por planta	39
4.2.2. Comprimento da vagem	41
4.2.3. Número de grãos/sementes por vagem	43
4.2.4. Peso de 100 sementes	45
4.2.5. Rendimento do grão em kg/ha	47
4.3. Correlação entre as variáveis	49
CAPÍTULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES	51
5.1. Conclusões	51
5.2. Recomendações	52
CAPÍTULO VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	53
APÊNDICES	64
	
Avaliação da adaptabilidade de 15 genótipos de feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) tolerantes à baixa fertilidade do solo nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga 
Monografia de Licenciatura em Ciências Agrárias 
Autor: Francisco Clemente Boca	
CAPÍTULO Ι. INTRODUÇÃO 
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é uma espécie leguminosa usada como fonte de proteína para grande parte da população mundial, especialmente onde o consumo de proteína animal é relativamente escasso (Pires et al., 2005). É cultivado há centenas de anos e continua a ser em muitas regiões do mundo, sendo a leguminosa mais consumida na dieta humana (Messina, 1999). 
 Doenças, estiagens e cultivos em solos de baixa fertilidade, factores que efectivamente limitam o potencial produtivo da cultura, são os principais problemas enfrentados nas regiões tropicais e subtropicais (Zaumeyer & Thomas, 1957; Vieira, 1988; Graham, 1978; Schwartz & Gálvez, 1980; Allen et al., 1989; Schoonhoven & Voyset, 1989).
Dentre os factores de produção agrícola, o ambiente edáfico é o componente mais alterado por acções humanas com o intuito de se mitigar limitações à produtividade. Os solos de ambientes tropicais possuem características próprias inerentes a seu processo de formação, apresentando geralmente elevado grau de intemperização, alta acidez, e baixa fertilidade natural, com problemas de toxidez por alumínio, fixação de fósforo, erosão e deriva de nutrientes por reações de lixiviação (Oliveira et al., 1987). Além disso, a própria variabilidade espacial e temporal do solo leva a formação de um ambiente onde gradientes acentuados de temperatura, O2, umidade, pH, densidade e fertilidade ocorrem em escala de centímetros (Lynch, 1995).
O baixo teor de P disponível no solo é uma das maiores limitações a produção agrícola nos trópicos, onde a adubação fosfatada apresenta baixa eficiência em virtude do facto de grande parte do fósforo adicionado torna-se imóvel ou não disponível devido à reações de adsorção em colóides minerais do solo, com óxidos de Fe e Al; precipitação por reações com cátions presentes no complexo sortivo, como Ca, Al e Fe; ou conversão em formas orgânicas (Holford, 1997). 
O P é um elemento limitante em mais de 30% dos solos agricultáveis no mundo, e algumas estimativas apontam para uma crise mundial na produção deste fertilizante devido a depleção de jazidas de rocha fosfatada até o ano de 2050 (Vance et al., 2003). 
1.1. Definição do problema 
Os rendimentos obtidos no País na cultura feijão (Phaseolus vulgaris L.) são baixos (média de 0.75t/ha), tendo em conta as potencialidades agro-ecológicas desta região (Jochua et al., 2003), Maior parte dos produtores do sector familiar usa semente do excedente da campanha anterior (MINAG, 2011a; Jasse, 2013). Em Moçambique, Davies (1996) reportou rendimentos médios de 400 kg/ha em Niassa (um dos potenciais locais de produção em Moçambique). Muitas são as razões apontadas para esses baixos rendimentos entre os quais destacam-se: baixa ou redução do nível de fertilidade do solo ao longo das épocas; falta de sementes de boa qualidade na altura da sementeira; falta de informação sobre as melhores datas de sementeira; doenças; pragas, trabalho necessário para fazer sachas e ma nodulação do feijão vulgar; (Roselem & Marubayashi, 1994 e Davies 1996).
O feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma das leguminosas mais importantes para o consumo humano devido ao seu alto valor nutritivo e teor de proteínas (Shinano et al., 1993; Fageria, 2002), sendo relevante para a segurança alimentar. Trata-se de uma planta exigente em nutrientes e, assim, a baixa fertilidade natural do solo é um dos principais factores que podem limitar a produtividade dessa cultura em regiões tropicais.
As plantas de feijão-vulgar quando cultivadas em solos com baixa disponibilidade de fósforo (P) perdem o vigor, apresentam desenvolvimento lento, redução da quantidade de vagens e grãos pequenos (Fageria et al., 2004).
Na província do Niassa, o feijão vulgar é uma cultura alimentar e comercial importante, que na sua maioria é cultivado por pequenos agricultores.No entanto, a produção do feijão vulgar em Niassa é baixa e não atende a demanda crescente. Vários factores comprometem a produtividade e o desempenho do feijoeiro no campo como por exemplo, a baixa fertilidade do solo, a ausência de uso de sementes certificadas, pragas e doenças etc. 
Entre os factores que limitam a produtividade do feijoeiro, a baixa fertilidade do solo está entre os principais. 
É partindo desse pressuposto que urgiu a necessidade de conduzir o estudo que corporiza esse trabalho visando avaliar a adaptabilidade de 15 genótipos de feijão vulgar tolerantes à baixa fertilidade do solo nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga. 
1.2. Justificativa 
Em Moçambique, o feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma cultura alimentar básica e de grande importância socioeconómica, por contribuir significativamente com proteínas e minerais para a dietas de muitas famílias, e constituir uma fonte importante de renda para pequenos produtores, comerciantes e exportadores (DEE, 2016).
Entre vários factores, a baixa fertilidade dos solos afecta a produção do feijão vulgar, principalmente em África onde a agricultura é maioritariamente de subsistência sem uso de fertilizantes. Em geral, os solos de Moçambique são de baixa fertilidade, necessitando portanto de um maneio adequado para manter ou melhorar a produtividade (Geurtz 1997). Por exemplo variedades com raízes superficiais, muitas ramificações, pelos radiculares longos e densos, com capacidade de associar-se simbioticamente com fungos micorrizos da rizosfera e com bactérias solubilizadoras de fosfatos tem vantagens em solos com baixos níveis de P (Hisinger et al., 2006). A absorção de P pelas culturas pode ser inferior a 10% do P aplicado no solo sob forma de fertilizantes (Baligar et al., 2001) e esta ineficiente absorção esta relacionada com a alta capacidade de fixação de P no solo e pela sua baixa mobilidade, pois sua movimentação no solo é feita principalmente por difusão, (Sanchez et al., 1981).
O desenvolvimento de variedades eficientes na aquisição de P no solo e que sejam capazes de incrementar os níveis de produção de feijão vulgar é uma das alternativas menos cara para o sector familiar que não tem capacidade de comprar fertilizantes (Sanchez et al., 1981).
Lana et al., (2006) avaliaram oito genótipos de feijoeiro (BAT 477, Carioca MG, Emgopa 201, Jalo Precoce, Pérola, Rosinha, Roxo e Xamego) e após 45 dias da germinação classificaram como eficientes na absorção e utilização de P os genótipos BAT 477, Jalo precoce e Roxo.
Devido às vantagens proporcionadas por esta cultura, este estudo mostra-se importante no momento desde o qual, os resultados aqui obtidos poderão disponibilizar novas variedades que se adaptam nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga, ajudando na mitigação do problema que tem assolado as famílias que se dedicam a esta actividade, consequentemente tornando o feijão acessível ao consumidor. 
1.3. Objectivos de estudo 
1.3.1. Objectivo geral 
Avaliar a adaptabilidade de 15 genótipos de feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) tolerantes à baixa fertilidade do solo nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga.
1.3.2. Objectivos específicos 
· Determinar e comparar os parâmetros de crescimento (altura das plantas, floração e sobrevivência) entre os tratamentos;
· Determinar e comparar os parâmetros de rendimento (número de vagens por planta, comprimento de vagens, número de grãos por vagem e peso de 100 sementes) nos diferentes tratamentos;
· Comparar o rendimento do grão dos 15 genótipos de feijão vulgar.
1.4. Hipóteses 
O estudo partiu com as seguintes hipóteses:
Hipótese nula (H0): Os genótipos de feijão vulgar não diferem entre si nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga.
Hipótese alternativa (H1): Pelo menos alguns genótipos de feijão vulgar diferem entre si nas condições agro-ecológicas da Estação Agrária de Lichinga. 
CAPÍTULO ΙΙ. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1. Cultura do feijão vulgar 
2.1.1. Generalidades 
O feijão vulgar é uma planta da classe Dicotyledoneae, pertence a família Fabaceae, género Phaseolus e espécie Phaseolus vlgaris L., é uma planta autogâmica, cuja morfologia floral favorece o mecanismo da autopolinização. A taxa de fecundação cruzada natural é baixa (até1.4%). É uma planta anual, um pouco pubescente, de caule fino, pode atingir até 80 cm de altura, ou possuir hábito de trepadeira, atingido assim 2 m de extensão. As folhas são compostas por três folíolos, sendo um terminal e os dois restantes laterais e opostos (Cruz, 2001 & Restrepo et al., 2007).
2.1.2. Origem e distribuição geográfica do feijão vulgar 
O feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa originária da América. Contudo, várias hipóteses foram estabelecidas para explicar o seu centro primário destacando apenas três centros primários de diversidade genética, tendo como: o mesoamericano (México e Guatemala), sul dos Andes (desde Peru ate o nordeste da Argentina) e norte de Andes (desde Colômbia a Venezuela). Além dos centros primários várias espécies do género Phaseolus também podem ser encontrado em outros centros secundários como Europa, Africa e Asia (Diniz, 2006).
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é, entre as leguminosas de grãos alimentícios, a espécie mais importante para o consumo in natura. Sua produção atinge áreas diversas, podendo-se dizer que é cultivado praticamente em todo o mundo (Voysest, 2000). Na América Latina concentram-se a maior produção e consumo, estimando-se que mais de 45% da produção mundial total provém desta região (Pachico, 1989; Voysest, 2000). O Brasil está entre os principais e é o maior consumidor mundial.
2.1.3. Classificação taxonómica 
De acordo com Silva & Costa (2003) e Sousa & Lorenzi (2012), o feijão vulgar é classificado cientificamente como se segue: Reino: Plantae, Divisão: Magnoliophyta, Classe: Magliopsida, Ordem: Fabales, Família: Fabaceae, Género: Phaseolus e Espécie: Phaseolus vulgaris L.
2.2. Morfologia da planta do feijão vulgar 
As leguminosas diferem de outros vegetais alimentares porque graças às bactérias simbióticas dos nódulos radiculares, têm a propriedade de fixar o nitrogénio atmosférico. Segundo o INIA (1987), o feijão vulgar, por ser uma cultura de fora de África não encontra aqui um Rhizobium natural para a modulação. A inoculação artificial não tem tido sucessos.
2.2.1. Raiz
É formada por uma raiz principal na qual se desenvolvem raízes laterais, basais e adventícias. Os pelos absorventes estão sempre presentes nas proximidades das regiões de crescimento. Em geral, a raiz primária possui maior diâmetro do que as laterais, basais e adventícias, especialmente na fase jovem da planta (Harper et al., 1991). O sistema radicular da planta do feijão tende a ser superficial apesar de haver cultivares com raízes que podem atingir profundidades de 40 cm (Borch et al., 1999).
2.2.2. Caule
É herbáceo (haste), constituído por eixo principal, formado por uma sucessão de nós e entre - nós. O primeiro nó constitui os cotilédones, o segundo corresponde à inserção das folhas primárias e o terceiro, das folhas trifolioladas (Cruz, 2003 & Borch et al., 1999).
2.2.3. Folhas
São simples, e compostas, constituídas de três folíolos (trifolioladas). Quanto à disposição dos folíolos, um é central ou terminal, simétrico, e dois são laterais, opostos e assimétricos. A cor e a pilosidade variam de acordo com a variedade, posição na planta, idade da planta e condições do ambiente (Santos et al., 2002 & Stone, 2002). 
2.2.4. Flores 
São agrupadas em inflorescências do tipo racimo axilar (no hábito de crescimento indeterminado) e racimo termina (no hábito determinado). Quanto à coloração, podem ser brancas, amarelas, rosadas ou violetas (Frota et al., 2008 & Pereira, 2008).
2.2.5. Fruto 
O fruto da planta do feijão vulgar é uma vagem discente, constituído de duas válvulas unidas por duas cinturas, uma dorsal e outra ventral. Quanto a forma, o seu fruto pode ser recto, arqueado ou recurvado, (Inforzato & Miyasaka,1963 citados por Almeida, 2006, Cruz, 2003 & Andrade et al., 2003).
2.2.6. Semente 
É exalbuminada, isto é, não possui albume, as reservas nutritivas estão concentradas nos cotilédones. Constituída externamente de um tegumento ou testa, hilo (cicatriz do pedúnculo), micrópila e rafe; internamente é constituída por um embrião formado pela plúmula, duas folhas primárias, hipocótilo, dois cotilédones e radicula (Stone, 2002 & Araújo, 2014).
2.3. Crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar 
No crescimento e desenvolvimento do feijão vulgar grande realce é dado a fase V4 (Tabela 1); a partir do estádio V3, evidencia-se um rápido desenvolvimento vegetativo da planta, que assume o ritmo máximo somente no estágio seguinte (Cobucci, et al., 1999). Qualquer stress (hídrico, nutricional, competição com plantas infestantes, fitotoxicidade de produtos químicos) que ocorra neste último estágio vegetativo poderá prejudicar o desenvolvimento da planta (Cobucci et al., 1999). 
	
Tabela.1. Escala fenológica da planta de feijão vulgar
	Estagio
	Descrição
	V0
	Germinação
	V1
	Emergência (cotilédones a nível do solo)
	V2
	Folhas primárias expandidas
	V3
	Primeira folha trifoliada aberta e plana
	V4
	Terceira folha trifoliada aberta e plana
	R5
	Primeiro rácimo floral nos nós inferiores –Pré-floração
	R6
	Primeira flor aberta ˗ floração
	R7
	Formação da vagem
	R8
	Enchimento do grão
	R9
	Maturação (Modificação da cor das vagens)
Fonte: Fernandez et al- (1982). 
2.4. Hábito de crescimento 
Varias são as classificações do feijão vulgar quanto ao hábito de crescimento.
A classificação genética segundo Voysest e Dessert (1991), muitas vezes divide o feijão em 2 ou 3 grupos: feijão arbustivo e trepador, ou arbustivo, semi trepador e feijão trepador. O feijão trepador é também às vezes identificado como sendo erecto ou semi erecto.
A CIAT agrupa os hábitos de crescimento em 4 tipos principais (Debouck et al., 1985), que a seguir se descrevem:
Hábito de crescimento determinado
Tipo I: hábito de crescimento determinado arbustivo com as seguintes características:
- O caule e os ramos laterais terminam numa inflorescência desenvolvida.
Quando esta inflorescência está formada, o crescimento do talo e dos ramos laterais termina.
- Em geral os caules são fortes com baixo número de nós e curtos em geral (5 a 10).
- A altura pode variar entre 30 e 50 cm, havendo casos de plantas anãs (15-25 cm). 
- A etapa de floração é curta e a maturação de todas as vagens ocorre quase ao mesmo tempo.
- Existe uma variação dentro do hábito de crescimento determinado, no qual os entre nós são mais largos podendo ser numerosos (mais de 8) e em alguns casos com a capacidade de trepar.
Hábito de crescimento indeterminado
Tipo II: hábito de crescimento indeterminado arbustivo
Pertencem a este tipo de plantas, aquelas cujas características são as seguintes:
- Caule erecto sem capacidade trepar.
- Poucos ramos, mas em número superior que o crescimento determinado geralmente mais de 12.
- Como todas as plantas de crescimento indeterminado, o talo e os ramos laterais terminam por um meristema vegetativo, por isso estas continuam crescendo durante a etapa da floração, mas a um ritmo menor.
Tipo III: Hábito de crescimento indeterminado prostrado
São plantas prostradas ou semi prostradas com ramificações bem desenvolvidas.
- A altura das plantas é superior às plantas de crescimento determinado arbustivo.
- O número de nós do talo e de ramos é superior que no tipo determinado arbustivo e indeterminado arbustivo assim como a altura dos entre nós é superior.
- O desenvolvimento do caule e o grau de ramificação origina variações neste tipo de crescimento, algumas plantas são prostradas desde as primeiras etapas da fase vegetativa, outras são arbustivas desde a pré floração e logo são prostradas.
Dentro destas variações pode apresentar a capacidade de trepar especialmente se as plantas têm algum suporte.
Tipo IV: Hábito de crescimento indeterminado trepador
Este tipo de hábito de crescimento caracteriza-se por:
- A partir da primeira folha trifoleada o talo desenvolve a dupla capacidade de torção que lhe dá a habilidade de trepar.
- Ramos muito pouco desenvolvidos (exceptuando alguns), a consequência da dominância apical.
- O talo pode ter 20 a 30 nós e pode alcançar mais de 2 metros de altura com suporte adequado.
- A etapa de floração é significativamente mais longa que a dos outros hábitos de crescimento, de tal maneira que numa planta se apresentam ao mesmo tempo a floração, formação de vagens e maturação.
A CIAT em 1994, apresentou uma nova classificação, que inclui subdivisões dentro da classificação geral:
-׀ Hábito determinado e sistema erecto
׀a: Neste tipo de hábito de crescimento, o talo é grande erecto.
׀b: Neste caso o caule e ramos laterais são fracos.
׀׀- Hábito indeterminado arbustivo e erecto
׀׀a: Pertencem a este hábito de crescimento aquelas plantas do tipo indeterminado, que não têm capacidade de trepar.
׀׀b: Este tipo de plantas apresenta um guia e tendência pra trepar.
׀׀׀- Hábito indeterminado e com um talo principal fraco com ramos prostrados
׀׀׀a: Apresentam um pequeno guia, sem tendência para trepar.
׀׀׀b: Para este caso o guia é longo, e há tendência de trepar.
IV- Hábito de crescimento indeterminado e trepador
׀va: As plantas pertencentes a esta subdivisão apresentam um vigor moderado e formam vagens ao longo da planta.
׀vb: Nesta subdivisão pertencem aquelas plantas muito vigorosas e que formam vagens predominantemente na parte superior da planta.
2.5. Ciclo de vida do feijão 
De entre os alimentos básicos, a cultura do feijão apresenta geralmente um ciclo curto, sendo esta precocidade uma importante característica, principalmente nas regiões onde existe a possibilidade de até três cultivos por ano (Bertoldo, 2011). Dependendo da cultivar e das condições da época de cultivo, o ciclo de vida desta cultura varia em média de aproximadamente 60 a 120 dias (David, 1988; Gaspar, 2010). 
2.6. Fósforo no solo e no feijão vulgar 
Segundo Barber (1984), o fósforo no solo pode ser dividido em quatro categorias: fósforo na forma iónica e em compostos na solução do solo; fósforo absorvido na superfície dos constituintes minerais do solo; minerais cristalinos e amorfos de fósforo e componente da matéria orgânica. O mecanismo de difusão é o principal responsável pelo contacto entre o fosfato e as raízes no solo e depende de factores como a concentração do nutriente na solução, poder tampão do solo e o coeficiente de difusão do elemento no solo. 
O fósforo é o nutriente que mais tem aumentado a produção de grãos (Malavolta, 1972) e a metade da área agricultável do planeta apresenta problemas com baixa disponibilidade de fósforo às plantas. As reservas são finitas e sem sucedâneo, além disso, o aproveitamento desse nutriente no sistema agrícola não ultrapassa os 30% devido a sua rápida absorção e precipitação no solo, quanto maior o contacto do fósforo com o solo, maior sua adsorção pelas argilas e precipitação com Fe e Al, e menor a recuperação pelas plantas (Reis, 2007). 
O fósforo é crucial no metabolismo das plantas, desempenha papel importante na transferência de energia da célula, na respiração e na fotossíntese. É também componente estrutural dos ácidos nucleicos de genes e cromossomos, assim como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídeos (Grant et al., 2001).
2.7. Classificação das variedades de feijão vulgar e as mais usadas em Moçambique 
Segundo Voysest e Dessert (1991), os cultivares podem ser classificados usando muitos critérios, o tipo de semente e hábito de crescimento são características mais comuns usadas para a classificação do feijão vulgar.
Os mesmos autores, consideram que o feijão vulgar pode ser classificado quanto ao período de crescimento, podendo ser tardio ou precoce. Contudo, a duração de crescimento pode variar muito entre uma região e outra ou entre variedades de diferentes hábitos de crescimento. O termo tardio ou precoce não pode ser usado sem referência do ambiente. Em geral a classificaçãoconvencional do período de crescimento pode ser estabelecida para diferentes regiões do mundo onde é cultivado.
Para além do tamanho da semente, hábito de crescimento e ciclo serem características de cada variedade são largamente responsáveis pela diferença no rendimento potencial de feijão vulgar (Singh; 1991). Como exemplos, refere que o indeterminado prostrado, tem um rendimento potencial superior ao do pequeno determinado tipo anão. Entre o hábito ׀, ׀׀ e ׀׀׀ (classificação da CIAT), os dois últimos indeterminados, geralmente têm um rendimento maior que o determinado. Entre o indeterminado tipo arbustivo o do tipo sementes pequenas tem uma produção superior ao de sementes maiores. Como se pode constatar, as variedades cujo hábito de crescimento permite um maior desenvolvimento da cultura têm em geral melhor produção. 
Segundo Voysest e Dessert, (1991); as variedades encontradas nos vários campos de África podem ter passado por muitas gerações e são muitas vezes reconhecidas variedades de várias regiões da América. Os mesmos autores afirmam que o maior factor que distingue a produção de feijão em África daqueles da América é que em África a maior parte do feijão foi produzido como mistura varietal. Estas misturas muitas vezes incluem variedades com diversos tipos de grão e hábito de crescimento. A hibridação natural entre variedades de diversas origens, nestas misturas tem presumivelmente aumentado a grande diversidade de feijão em África. 
Quase todas as variedades cultivadas em Moçambique, são do tipo determinado. O feijão encarnado determinado é o mais cultivado no Niassa e considerada de maior produção. É usado principalmente para o consumo local, ao contrário do feijão manteiga que é produzido para a comercialização devido a sua preferência nos grandes centros urbanos do país (Heemskerk, 1993).
2.8. Importância do feijão vulgar 
Segundo Haile (2011), o feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma das mais importantes culturas de leguminosas no mundo, pela sua importante fonte de calorias, proteínas, fibras alimentares, vitaminas e minerais para milhões de pessoas em países desenvolvidos e em desenvolvimento do mundo, através do seu consumo em grãos, vagens e folhas, complementando os cereais e outros alimentos ricos em carboidratos no fornecimento de nutrição perfeita de pessoas de todas as idades.
O feijão vulgar (Phaseolus vulgaris L.) é uma das mais importantes fontes de alimentação na África oriental e sul de África, e é considerada como a 2ª mais importante fonte de proteínas na dieta humana e a 3ª mais importante fonte de calorias de todos produtos agrícolas do sul de África e oriental (Wortman et al., 1994). Segundo Debouck et al., (1984), o conteúdo proteico do feijão vulgar é de 22,5%, este conteúdo calculado na base da matéria seca. 
Silbernagel et al., (1991), afirmam que o (Phaseolus vulgarisL.) é consumido de diferentes formas. O consumo de feijão seco é o mais frequente contudo as outras formas também têm importância. Por exemplo: as sementes podem ser colhidas e consumidas frescas, no estado imaturo, o que é comum na América Latina e África. Em certas partes do mundo (maioritariamente em África), as folhas são consumidas a partir da terceira semana depois da emergência, Davies (1994).
2.9. Exigências edafo-climáticas do feijão vulgar 
De entre os elementos climáticos que mais influenciam a produção de feijão vulgar salientam-se a temperatura, a precipitação e a radiação solar como as principais, em relação ao fotoperíodo; visto que esta cultura pode ser considerada fotossinteticamente neutra, não necessitando, por isso, um período de vernalização para a floração (Da Silva & Steinmetz, 2003).
2.9.1. Temperatura 
A temperatura é o elemento climático que mais exerce influência sobre a percentagem de vingamento das vagens; altas temperaturas têm efeito prejudicial sobre a floração e a maturação das vagens. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de feijão, por provocar aborto de flores, que por sua vez pode, também, resultar em falhas nos órgãos reprodutores masculino e feminino. Alta temperatura acompanhada de baixa humidade relativa do ar e ventos fortes têm maior influência na retenção das vagens (Da Silva & Steinmetz, 2003).
A temperatura óptima flutua entre os 25-30 °C. Durante a estação de crescimento, a planta se desenvolve bem se a temperatura média mensal estiver entre os 16-25 °C. Abaixo de 13 °C é considerado retardo, enquanto que a temperaturas acima dos 30 °C, as vagens e a produção de sementes podem ser seriamente afectadas (Baudoin et al., 2001).
2.9.2. Água 
O feijão é mais susceptível à deficiência hídrica durante a floração e o estádio inicial de formação das vagens. O período crítico se situa aos 15 dias antes da floração. Ocorrendo deficit hídrico, haverá a queda no rendimento devido à redução do número de vagens por planta e, em menor escala, à diminuição do número de sementes por vagem. (Da Silva e Steinmetz, 2003).
Esta cultura é pouco tolerante à seca (Rulkens, 1996). Os requerimentos hídricos são altos durante o estágio de enchimento do grão. A precipitação média anual é de 400 a 1200 mm. Bons rendimentos são conseguidos quando a precipitação é bem distribuída, por exemplo, 80 a 120 mm durante a fase de crescimento vegetativo e 40 a 60 mm durante a fase reprodutiva (Baudoin et al., 2001). A cultura deve estar livre de geadas, necessitando de um período de 140 dias sem geadas (FAO, 1978) e períodos de maturação relativamente secos para a formação da vagem (Baudoin et al., 2001).
2.9.3. Fotoperíodo da cultura
Pereira, et al., (1998), sustenta que a cultura de feijoeiro tem um ciclo curto que pode variar de 90 a 120 dias em função da variedade. Portanto, quanto ao fotoperiodismo, o feijão responde a fotoperíodos curtos mesmo que existam genótipos indiferentes ao fotoperíodo. Assim, quanto à necessidade de luz para esta cultura de feijoeiro, importa referir a duração do dia e a qualidade da luz, que dependem do local em que a cultura é plantada. 
2.9.4. Solo 
O feijão vulgar pode adaptar-se a diferentes tipos de solos desde solos arenosos, francos até mesmo argilosos, sugerindo que estes sejam férteis, com bom teor de matéria orgânica, de boa drenagem e com um pH em torno de 5.0 a 6.5 (Aguiar, 2013). Pois a salinidade do solo é o factor que influencia directamente na produção do feijoeiro, devido a sensibilidade que essa leguminosa apresenta à altas concentrações de sódio e elevada condutividade eléctrica (vieira et al., 2006) citado por (Pereira et al., 2014).
2.9.5. Humidade do solo 
A água constitui outro factor limitante do rendimento da cultura, pois interfere directamente nos processos básicos da planta, como absorção e translocação de nutrientes, fotossíntese, translocação de assimilados, transpiração, respiração e, em última análise, no crescimento e na produção de grãos (Guimarães, 1988 apud Andrade et al., 2006).
2.9.6. Deficiência hídrica 
A deficiência hídrica também é muito prejudicial sendo o estado fenológico mais sensível do feijoeiro o R5 (reprodutivo) causando danos elevados como abortamento de flores e vagens, redução do número de grãos por vagem, crescimento vegetativo exagerado, grãos com menor massa seca, entre outros, o que afecta directamente a produtividade (Embrapa, 2014).
2.9.7. Época de sementeira
O feijoeiro é cultivado em três épocas diferentes e sistemas de plantio, constituindo não somente cultura de subsistência como também ocupando posição de destaque, actualmente, como alternativa para agricultura empresarial. Quanto à sementeira, as épocas recomendadas concentram-se, basicamente em três épocas que são: Novembro, Março e Julho (Heemiskerk, 1988). 
2.10. Práticas culturais 
2.10.1. Rotação de culturas 
A rotação de culturas é uma prática que nem sempre é adequada às condições de pequenos produtores que dispõem pouca área; por isso, fazem sucessivos plantios com uma mesma cultura. Mas pode ser uma prática necessária em situações de alto grau de infecção de determinada doença, que não deixa escolha de outro método docontrolo (Ribeiro, 2011).
2.10.2. Preparo do solo
Em plantios convencionais, e para fungos da parte aérea, após a colheita, realiza-se uma pré-incorporação com grade, seguida de aração profunda. Dessa forma, evita-se a disseminação de restos foliares e de palha infectada nas áreas onde serão instalados novos cultivos de feijoeiro (Ribeiro, 2011).
2.10.3. Adubação equilibrada 
A quantidade e a qualidade de fertilizantes devem ser suficientes para propiciar às plantas um desenvolvimento vigoroso. Uma planta debilitada nutricionalmente pode tornar-se mais suspcetível as doenças e pragas que uma planta bem nutrida. Sendo assim, as etapas de correção da acidez do solo, bem como as adubações, devem ser encaradas também como medidas de controlo para que a ocorrência de doenças diminua. A adubação deve ser realizada com base na análise química do solo (Ribeiro, 2011). 
2.10.4. Controle químico 
O controlo químico de doenças do feijão-vulgar de ser realizado por meio do tratamento de sementes e/ou pela pulverização da parte aérea. O tratamento químico das sementes proporciona algumas vantagens, tais como: protecção inicial contra patógenos presentes no solo e eliminação daqueles associados às sementes; prevenção contra a disseminação e a entrada do patógeno na área de plantio a um custo considerado reduzido, em relação ao custo de produção e ao custo dos insumos (Ribeiro, 2011).
2.10.5. Irrigação 
Geralmente os plantios são de sequeiro, e o uso de irrigação é restrito a áreas mais tecnificadas. Nessas áreas, para que a cultura do feijão-vulgar se desenvolva em um ambiente sadio, o controlo da quantidade da água de irrigação é de primordial importância. Esse facto torna-se mais critico quando existe a presença do mofo-branco. Nesse caso, deve-se utilizar o mínimo de água possível para que a planta se desenvolva, e sua folhagem permaneça sempre seca.
Na presença do fungo Sclerotinia sclerotiorum, o período da floração é o mais critico para o feijoeiro (Ribeiro, 2011). 
2.10.6. Infestantes 
Segundo Vieira & Sartorato (1984) a cultura de feijão é sensível a ocorrência de infestantes nos primeiros dias de vida. Quando ocorre, pode acarretar uma diminuição de até 50 - 70% na produção. Duas sachas manuais ou mecânicas, são geralmente suficientes, sendo a última feita antes da floração. Também pode se fazer o controlo químico de acordo com o tipo de infestante. Principalmente durante 6 a 8 semanas após a sementeira, o feijoeiro deve estar livre de infestantes com destaque para a tiririca.
2.10.7. Controle de pragas e doenças 
2.10.7.1. Pragas 
Os danos causados pelas pragas na cultura do feijão, podem ser observados desde o início (sementeira) até ao armazenamento e, aliado a grande diversidade de espécies, praticamente toda a estrutura da planta tem-se mostrado sensível, com perdas que podem chegar até 33 a 86% (Roselem & Marubayashi, 1994), segundo Segeren et al., (1994) e Rulkens (1996) as principais pragas desta cultura em Moçambique são: Mosca-do-feijão, roscas, besouros-das-folhas, lagartas-da-folhagem, térmitas e nemátodo-da-galha. Dentre elas, a mosca-do-feijão, é bastante crucial, podendo causar prejuízos até 80% na época seca principalmente devido a altas temperaturas que promovem o desenvolvimento desta.
Para poder efectuar o controlo das pragas que atacam o feijão-vulgar recomenda-se o uso correto no manejo das pragas conduzindo um plantio adequado na lavoura. 
2.10.7.2. Doenças 
Roselem & Marubayashi (1994) referem que, a incidência e intensidade das doenças da cultura de feijoeiro variam de acordo com a época de cultivo, variedade e condições climáticas. Segundo Segeren et al., (1994) e Rulkens (1996) as principais doenças do feijoeiro em Moçambique são: macha-angular, ferrugem, podridão-do-pé, podridão-do-caule, antracnose e mosaico-comum, dentre as quais, destaca-se a antracnose que, encontra-se distribuída em todas as regiões produtoras de feijão no mundo.
Doenças cujos agentes causais apresentam capacidade de sobreviver no solo:
· Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)
· Mela (Thanatephorus curcumeris)
· Podridão radicular de Rizoctonia (Rizoctonia solani)
· Podridão radicular seca (Fusarium solani)
· Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum sp. Phaseoli)
· Podridão cinzenta radicular do caule (Macrophomina phaseolina)
A maioria dos patógenos do feijão-vulgar é transmitida pelas sementes. Em virtude disso, uma forma de controlo das doenças por eles incitadas é o uso de sementes de boa qualidade fitossanitária (Ribeiro, 2011). 
2.10.8. Colheita
A colheita do feijão deve ser realizada após a maturação fisiológica das vagens, pois não recebe mais sintetizados da planta e nem aumenta o seu peso em matéria seca, ocorrendo apenas a perda de humidade do grão para o ambiente até atingir o equilíbrio higroscópio. Porém, na prática, o elevado teor de humidade das sementes inviabiliza a operação (Silva, 2006). 
Geralmente, a avaliação do ponto ideal de colheita é avaliada quando as vagens do feijão estão secas e prontas para serem colhidas. Para o armazenamento a curto prazo, recomenda-se colher o feijão com uma humidade em torno de 14 a 15% e, para o armazenamento a longo prazo a humidade deve baixar para 11% (Silva, 2006). 
2.11. Produção do feijão vulgar 
2.11.1. Produção Mundial e em África 
Desde os anos 60, a produção mundial do feijão vulgar têm sido vindo a registar um grande crescimento, tendo atingido 16 milhões de toneladas no final da década 80. No topo da lista dos maiores produtores estão os seguintes países: Brasil, India, México, Mianmar, Estados Unidos da América (EUA), e China que juntos respondem por cerca de 61%, da produção mundial, sendo que o Brasil como maior produtor é responsável por 16,5%, seguido pela India 14%, Mianmar 13%, EUA 4,5%, China 4% e México 9% respectivamente (Wander et al., (2007); FAO, (2012); CONAB, (2015); Manos et al., (2013).
Esta cultura tem como países destaque na produção em África a Tanzânia, Burundi e o Ruanda (Bolça de Mercadoria de Moçambique, 2016). O volume de exportação entre os países é bastante reduzido, girando em torno de 5% uma vez que os principais produtores são também os maiores consumidores. O maior consumo desse grão ocorre nas Américas (41,7%), seguido da Ásia (34,2%) e África (18,6%). Os países em 
desenvolvimento são responsáveis por 87,1% do consumo mundial. São importadores 
desta cultura a India, os EUA, Cuba, Japão e o Reino (Wander et al., 2007).
Conforme os dados registados pela FAO citado por SEAB (2015), (tabela 2) a produção mundial média no período de 2010 a 2013 foi 23,3 milhões de toneladas. 
Tabela 2. Feijão Seco – Produção Mundial em toneladas – 2010 a 2013
	Países
	 
	
	Ano
	
	
	
	 
	2010
	2011
	2012
	2013
	India
	
	
	4,890.00
	4,330.00
	3,710.00
	3,630.00
	Mianmar
	
	3,530.00
	3,750.00
	3,650.00
	3,700.00
	Brasil
	
	3,158.00
	3,435.37
	2,794.85
	2,892.60
	EUA
	
	
	1,442.47
	902.13
	1,448.10
	1,110.67
	China
	
	1,330.00
	1,203.80
	1,139.30
	1,027.80
	México
	
	1,156.25
	567.78
	1,080.86
	1,294.63
	Tanzânia
	
	867,530
	675.95
	1,119.27
	1,113.54
	Outros
	 
	16,065.97
	16,271,579
	15,757.95
	15,366.90
Fonte: FAO (2015) citado por SEAB (2015). 
2.11.2. Produção do feijão vulgar em Moçambique 
Segundo dados da FAO, Moçambique ocupa a décima oitava posição no Rank do Top 20 produtores mundiais de feijão vulgar, com uma produção média anual estimada em 275 000 toneladas (FAOSTAT, 2016), numa área total de 750 000.00 ha, onde é produzida maioritariamente por pequenos produtores (sector familiar), em uma área equivalente a 86.28% em pequenas explorações, seguido de 11.02% as grandes explorações. Ocupando apenas 3.05% da área total cultivadas em culturas alimentares básicas (DEE, 2016).
Dados encontrados no relatório do TIA (2003-2012), indicam que a província do Niassa é a maior produtora dessa leguminosa tendo alcançado cerca de 132 003.59 toneladas acumulados, correspondente a 40. 72% da produção nacional. A província da Zambézia é a terceira maior produtora dessa leguminosa com produção média anual superior a5 mil toneladas anual, depois da província de Tete e Niassa.
Tabela 3: Níveis de produção do Feijão vulgar em Moçambique (2003-2012)
	Província
	Quantidades Produzidas/Província/ANO (Toneladas)
	
	2003
	2005
	2006
	2007
	2008
	2012
	Niassa
	17 848.58
	16 255.25
	19 857.08
	16 339.08
	22 644.52
	31 024.32
	Cabo Delgado
	90.15
	49.83
	0.42
	131.66
	42.32
	152.74
	Nampula
	79.58
	756.45
	1 302.60
	3 748.64
	820.94
	859.43
	Zambézia
	9 956.73
	7 237.04
	9 508.92
	14 528.86
	6 668.53
	6 057.71
	Tete
	9 320.07
	9 765.34
	11 508.06
	12 440.62
	15 867.84
	10 842.25
	Manica
	2 274.95
	4 503.20
	3 802.85
	3 443.67
	3 977.42
	3 457.38
	Sofala
	304.44
	1 291.72
	638.71
	717.04
	602.96
	1 304.39
	Inhambane
	17.63
	57.82
	29.66
	191.22
	10.42
	40.58
	Gaza
	924.04
	10 121.50
	2 644.06
	2 841.47
	1 604.55
	1 295.94
	Maputo
	172.36
	276.74
	334.78
	132.75
	420.64
	1 336.52
	Total-Ano (toneladas)
	40 988.52
	50 314.90
	49 627.14
	54 515.00
	52 660.16
	56 371.27
Fonte: TIA (2003-2012). 
2.12. Principais factores que afectam a produção do feijão vulgar 
A maior parte das investigações desta cultura, em Moçambique, foram feitas na província do Niassa. Os resultados de investigações feitas no distrito de Lichinga na campanha 95/96 mostraram que o rendimento do feijão vulgar no sistema de produção local era baixo, devido principalmente a pragas e doenças (Davies et al., 1996).
Davies (1994) considera que os factores mais importantes na produção do feijão vulgar são: baixa fertilidade do solo (incluindo susceptibilidade à erosão e ou compactação), falta de semente de boa qualidade na altura da sementeira, falta de informação sobre as melhores datas de sementeira, doenças e pragas. No sul o clima é mais um factor que limita a produção do feijão vulgar.
A maior parte dos camponeses do planalto de Lichinga utiliza variedades locais (não melhoradas) de tamanho medio a grande (> 35g/100) com hábitos de crescimento determinado a indeterminado, com ciclos de crescimento relativamente curtos e baixos rendimentos agronómicos (Davies et al., 1993).
CAPÍTULO. ΙΙΙ. MATERIAIS E MÉTODOS 
3.1. Localização e descrição da área de estudo 
O distrito de Lichinga está localizado na parte Oeste da província do Niassa, norte de Moçambique, limitando-se a norte com os distritos de Sanga, Lago e Muembe, a Sul com o distrito de N’gauma, a Leste com o distrito de Majune e a Oeste com a vizinha República do Malawi (MAE, 2005), encontra-se nas coordenadas 34° 14' 0" de Longitude E 13° 18' 03" de Latitude S, a uma altitude de aproximadamente 1400 m acima do nível médio do mar, ocupando na superfície de 290 km2 (Martinho, 1997).
O ensaio foi estabelecido no campo do IIAM, na EAL. A EAL está inserida na localidade de Lulimili, na cidade de Lichinga, dentro do planalto de Lichinga, faz parte de uma das unidades experimentais do Centro Zonal Noroeste. Dista, 4 km do centro da cidade de Lichinga (Figura 1).
Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. 
3.1.1. Clima e Hidrologia 
Segundo MAE (2005), descreve a cidade de Lichinga com tendo as seguintes características Climáticas e Hidrológicas: “ Esta região abrange as zonas planálticas e montanhosas, onde a temperatura média anual está compreendida entre os 18 e 24°C, geralmente inferior a 22°C. O valor médio anual de precipitação é superior a 1200 mm, podendo exercer este valor e atingir os 1400 mm de chuva. O clima predominante é do tipo tropical húmido, influenciado pela altitude no qual é possível distinguir-se duas estações, húmida de Dezembro à Março e a seca de Maio ao Novembro (Davies, 1997).
3.1.2. Solos 
É caracterizada pela ocorrência de solos argilosos vermelhos (Rhodic Ferralsols ou Ferralíticos) das zonas planálticas, embora possam ainda aparecer associados a solos Ferralíticos de cores alaranjada, amarela e cinzenta dependendo da sua posição no terreno (MAE, 2005).
Tabela 4. Dados climáticos registados durante o período de ensaio
	Mês
	Temperatura Máxima (°C)
	Temperatura Mínima (°C)
	Precipitação (mm)
	Dezembro
	33.4
	20.5
	262.9
	Janeiro
	36.3
	15.6
	233.4
	Fevereiro
	25.8
	18.2
	195.9
	Março
	28.2
	17.7
	149.9
	Abril
	22.2
	12.7
	0
Gráfico 1. Variação de temperatura e precipitação durante o período do ensaio
Fonte: Estação Agrária de Lichinga, sector de meteorologia (2019-2020). 
Durante o estudo foram obtidos na estação meteorológica da Estação Agrária de Lichinga, dados climatológicos relativos à temperatura e precipitação referente ao período de execução do ensaio. 
O gráfico ilustra variação de temperatura e precipitação nos meses de Dezembro a Abril de 2020 período em que foi conduzido o estudo. A alta média das temperaturas máximas mensais foi de 36.3 °C registada no mês de Janeiro e a mais baixa foi de 22.2 °C registada no mês de Abril. A alta média das temperaturas mínimas mensais foi de 20.5 °C registada no mês de Dezembro e a mais baixa foi de 12.7 °C registada no mês de Abril. Janeiro foi o mês mais quente e Abril foi o mês mais frio. A precipitação máxima mensal foi de 262.9 mm que foi registada no mês de Dezembro e mínima mensal de 0 mm que foi registada no mês de Abril, sendo que Dezembro o mês mais chuvoso. 
3.2. Materiais 
Para a realização do experimento foram utilizados 0.5 kg de semente de cada genótipo, enxadas, catanas, cordas, fita métrica, estacas, etiquetas, balança, ficha de observação, sacos, pulverizador, placas de identificação do campo. 
3.2.1. Material genético utilizado 
Para a condução do ensaio foram utilizados 15 genótipos de feijão vulgar provenientes do programa de melhoramento genético do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e uma variedade local testemunha libertada e massivamente utilizada nos programas do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) estação agrária de Lichinga. Os genótipos se encontram na tabela 5 abaixo.
Tabela 5. Material genético utilizado 
	Código
	Genótipo
	Origem
	Código
	Genótipo
	Origem
	1
	BFS 4
	CIAT
	9
	BFS 29
	CIAT
	2
	BFS 10
	CIAT
	10
	BFS 30
	CIAT
	3
	BFS 14
	CIAT
	11
	BFS 32
	CIAT
	4
	BFS 18
	CIAT
	12
	BFS 39
	CIAT
	5
	BFS 20
	CIAT
	13
	BFS 67
	CIAT
	6
	BFS 23
	CIAT
	14
	BFS 412
	CIAT
	7
	BFS 24
	CIAT
	15
	ICA Pijao
	IIAM
	8
	BFS 27
	CIAT
	
	
	
Fonte: Catálogo de produtos do IIAM
3.3. Métodos
3.3.1. Delineamento experimental 
O ensaio foi montado no dia 28 de novembro de 2019, o modelo experimental usado neste ensaio foi de Delineamento de Blocos Completos Casualizados (DBCC), três (3) repetições ou blocos e 15 tratamentos com esquema de ensaio Monofactorial, espaçamento entre linhas e entre plantas: 50 cm x 10 cm com parcela de 5 m de comprimento e 1 m de largura, área útil da parcela 3 m2. 
Tabela 6. Codificação dos tratamentos
	Tratamento
	Genótipo
	Tratamento
	Genótipo
	T1
	BFS 4
	T9
	BFS 29
	T2
	BFS 10
	T10
	BFS 30
	T3
	BFS 14
	T11
	BFS 32
	T4
	BFS 18
	T12
	BFS 39
	T5
	BFS 20
	T13
	BFS 67
	T6
	BFS 23
	T14
	BFS 412
	T7
	BFS 24
	T15
	ICA Pijao 
	T8
	BFS 27
	 
	 
3.3.2. Condução do ensaio 
O ensaio foi estabelecido no distrito de Lichinga na localidade de Lulimile no campo da Estação Agrária de Lichinga, que é uma das unidades experimentais de Instituto de Investigação Agrária de Moçambique localizada a 4 km do centro da cidade de Lichinga, na campanha agrícola 2019/2020 no período de Dezembro a Abril de 2020. Para o efeito, as actividades desenvolvidas no decorrer do ensaio aparecem descritas logo a baixo:
3.3.2.1. Preparo do terreno
A preparação do solo fez-se de forma mecanizada. Esta foi realizada no mês de Novembro de 2019, tendo sido utilizado uma charrua de disco a uma profundidade de 20 cm, e uma grade niveladora acoplado ao tractor, com o propósito de se tornar o solo completamente afofado, melhorando assim a sua porosidade e a capacidade de retenção da humidade. O ensaio foi montado na última semana de Novembro.
3.3.2.2. Sementeira 
A sementeira foi manual, feita no dia 10 de Dezembro de 2019, usando-se um compasso de 50 cm entre linhas e 10 cm entre plantas, colocando-se duas (2) sementes por covacho, à uma profundidadede 2 cm. 
3.3.2.3. Emergência 
Verificou-se a emergência aos cinco (5) dias após a sementeira, a uma percentagem de 85% de germinação no total, porém houve tratamentos com o índice de emergência baixo, devido a irregularidade das chuvas nos primeiros dias após a sementeira, por- tanto, tratando-se de um estudo experimental não houve necessidade de se fazer uma retancha.
3.3.2.4. Desbastes 
O desbaste foi realizado duas (2) semanas após a emergência, de forma igual em todas as parcelas, removendo uma (1) planta por cada covacho, tendo ficado uma (1) planta mantendo a densidade desejada, assim evitando a competição entre as plantas.
3.3.2.5. Sachas 
Durante o ensaio foram realizadas duas (2) sachas manuais, sendo que, a primeira no dia 27 de Dezembro de 2019 e a segunda sacha na segunda semana de Janeiro.
3.3.2.6. Controlo fitossanitário
O controlo fitossanitário neste ensaio incidiu no controlo de doenças e ervas daninhas. Desta forma, no dia imediatamente a seguir a sementeira foi efetuada aos para minimizar a emergência de ervas daninhas no campo usando-se Herbicida Dual na dose de 19ml/L. Foram realizadas três pulverizações para combater as doenças e pragas. A primeira logo na primeira semana que as plântulas emergiram, a segunda foi feita aos 20 dias após a emergência em que foi verificado o surgimento da mosca do feijão, para o efeito aplicou-se o fungicida de contacto (Mancozeb 2g/L) num pulverizador de 15L de água, a segunda, feita aos 25 dias depois da emergência usando-se uma mistura do e insecticida Cypermetrin na dose de 3ml/L com Benomil 2g/L para 15L de água usando-se um pulverizador de dorso, a terceira foi realizada aos 30 dias para o controlo da antracnose usando o fungicida de contacto Benomil 4g/L misturado com o insecticida Cypermetrin a 2ml/L de água quando iniciava a fase de floração.
3.3.2.7. Colheita
A colheita foi realizada no dia 08 de Abril de 2020 correspondendo 120 dias após a sementeira quando as vagens estavam secas, sendo que, primeiramente fez se a seleção de forma aleatória de 30 plantas por cada tratamento com o objectivo de colher os dados dos parâmetros de observação nas variáveis ensaiadas no presente estudo.
3.4. Variáveis medidas e observadas 
As variáveis mediadas e observadas foram: número de dias até a emergência, número de plantas iniciais, número de dias até a floração, número de dias até a maturação fisiológica, número de plantas finais, altura da planta, número de vagens por planta, comprimento das vagens, número de sementes/grãos por vagem, peso do grão por parcela, peso de 100 sementes e rendimento do grão. 
a) Data de emergência
Considerou-se data de emergência, o dia em que mais de 50% das plantas estavam emersas. Este dado foi lançado no mapa de recolha de dados do campo.
b) Número de plantas iniciais
Este dado foi extraído mediante a contagem das plantas emergidas por cada talhão. Este parâmetro foi avaliado quando as plantas tinham 10 dias depois da emergência e o dado foi registado no mapa de recolha de dados.
c) Dias até a floração 
Este dado foi registado quando 50% das plantas por talhão tiveram pelo menos uma flor aberta.
d) Dias até a maturação 
Esta actividade foi feita quando as vagens apresentaram 75% de maturação fisiológica para cada genótipo. 
e) Altura da planta (A)
Primeiramente fez-se a seleção aleatória de 30 plantas por cada talhão, de seguida com o auxílio de uma fita métrica fez-se a medição da altura das plantas já selecionadas a partir da base até ao ápice da planta. Esta medição foi feita numa única fase (no período da maturação), quando cessa o crescimento.
f) Número de vagens por planta (NVP)
O número de vagens por planta foi extraído através da contagem das vagens de 30 plantas selecionadas aleatoriamente em cada parcela. De salientar que, das plantas selecionadas determinou-se a média através da divisão pelo número de plantas da amostra. 
g) Comprimento das vagens (CV)
Esta variável foi determinada no final do ciclo da cultura através da medição das vagens selecionadas aleatoriamente extraídas das plantas, com o auxílio da fita métrica mediu-se a partir da base até ao mais alto tecido da vagem.
h) Número de grãos/sementes por vagem (NGV)
Foi determinada a partir da contagem dos grãos de trinta vagens colhidas aleatoriamente dividido pelo número de vagens contadas. 
i) Peso das sementes por parcela (PSP)
Foi determinada pela pesagem de todas as sementes colhidas na área útil da parcela.
j) Peso de 100 sementes (P100S)
Este dado foi obtido a partir da contagem de 100 sementes da área útil em cada genótipo e com recurso a balança electrónica fez-se a devida pesagem em gramas.
k) Rendimento do grão em kg/ha 
Obtido com base no peso do grão de cada genótipo por repetição, para o efeito, usou-se uma balança electrónica e posterior transformação dos dados em kg/ha. Foi determinado através da seguinte fórmula: 
	 
	 
	 
	 Rend (kg/ha) =
	Peso total do grão ⁎ 10 000 m²
	 
	
	Área útil (m²)
	 
	 
	 
	 
Fonte: Mohler (2010). 
3.5. Análise de dados 
Os dados obtidos foram inseridos e organizados na panilha Microsoft Excel e processados pelo pacote estatístico SISVAR V 5.7. (Ferreira, 2000) para Análise de variância (ANOVA). Este primeiro teste auxiliou na interpretação se havia diferenças ou não significativas entre os tratamentos. A posterior recorreu-se o teste de Tukey a 5% de nível de significância para comparação das médias. 
Tabela 7. Esquema da ANOVA
	Fonte de variação 
	g.l
	SQ
	QM
	F
	Repetição (r) 
	r-1
	SQr 
	QMr
	QMr/QME
	Tratamentos (t) 
	t-1
	SQt
	QMt
	QMt/QME
	Resíduo (erro) 
	(r-1) (t-1)
	SQE
	QME
	
	Total
	tb-1
	SQ Total
	 
	 
Legenda: g.l. – Grau de liberdade, SQ – Soma de quadrados, QM – Quadrados médios, CV – Coeficiente de variação, F – F calculado, Y – Média geral do ensaio 
3.5.1. Coeficiente de variação 
O coeficiente de variação é uma medida de dispersão empregada para estimar a precisão de experimentos e representa o desvio-padrão expresso como percentagem da média. Como medida de dispersão, a principal qualidade do coeficiente de variação é a capacidade de comparar resultados de diferentes trabalhos que envolvem a mesma variável-resposta, permitindo quantificar a precisão das pesquisas (Kalil, 1997; Garcia, 1989). 
Baseada em ensaios agrícolas, Pimentel Gomes (1985) apresenta a seguinte classificação:
Tabela 8. Classificação do coeficiente de variação 
	Faixa
	Cv
	Dispersão
	Menor ou igual a 10%
	Baixo
	Baixa dispersão dos dados
	Entre 10% a 20%
	Médio
	Média dispersão dos dados
	Entre 20% a 30%
	Alto
	Alta dispersão dos dados
	Maior do que 30%
	Muito alto
	Dispersão dos dados muito altos
Fonte: Gomes (1985). 
3.5.2. Constrangimentos 
As irregularidades das chuvas nos primeiros dias após a sementeira, condicionando a emergência em algumas parcelas. Ocorrência de doenças no período pois emergência. 
Escassez de literaturas para a descrição dos genótipos estudados constituiu grande constrangimento na elaboração deste trabalho, principalmente no capítulo da revisão bibliográfica, que consequentemente limitou a discussão dos resultados. 
CAPÍTULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Neste capítulo, apresentam-se os resultados obtidos do estudo experimental bem como a respectiva discussão. 
4.1. Parâmetros de crescimento
4.1.1. Sobrevivência 
Na tabela 9 apresentam-se resultados médios das variáveis Stand inicial/número de plantas emergidas e Stand final/número de plantas colhidas nos diferentes tratamentos do ensaio. 
Tabela 9: Resultados médios das variáveis Stand inicial (NPE) e Stand final (NPC)
	Genótipos
	NPE 
	NPC
	1 - BFS 4
	100 a
	66, 33 a
	2 - BFS 10
	96,66 a
	64,00 a
	3 - BFS 14
	94,66 a
	72,66 a
	4 - BFS 18
	97,66 a
	64, 33 a
	5 - BFS 20
	99,66 a
	73,33 a
	6 - BFS 23
	100 a
	87,33 a
	7 - BFS 24
	99,00 a
	73,66 a
	8 - BFS 27
	92,33 a
	65, 66 a
	9 - BFS 29
	100 a
	85,33 a
	10 - BFS 30
	100 a
	85,33 a
	11 - BFS 32
	99,33 a
	91,33 a
	12 - BFS 39
	95,00 a
	69,00 a
	13 - BFS 67
	88,66 a
	74,66 a
	14 - BFS 412
	96,33 a
	71,33 a
	15 - ICA Pijao 
	94,33 a
	74,33a
	Pr.
	0,3068
	0,3129
	CV
	5,46
	18,49
	Média geral
	96,91
	74,57
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
4.1.1.1. Stand inicial/número de plantas emergidas 
O resultado da ANOVA na tabela 9, mostra que não houve diferenças significativas para a variável número de plantas emergidas. A média geral foi de 96,91, com uma oscilação de 88,66 a 100 plantas. 
Pode-se notar na tabela 9, que os genótipos BFS 4, BFS 23, BFS 29 e BFS 30, tiveram maior percentagem de emergência até aos primeiros sete dias após a sementeira apresentando uma taxa de emergência de 83%, encontrando-se nos parâmetros estudados pela Prime Seed’s e pelo CAPELA (2007) e pela INIA (2004), este facto poderá estar relacionado com a adaptabilidade destas variedade às condições agro-ecológicas de produção como a temperatura, fotoperiodismo, ao tipo de solos da região e ao clima, poderá estar associado também como o poder germinativo destas variedades. 
Segundo Segeren (1994), a emergência das culturas é o primeiro factor que determina o desempenho das mesmas, quanto maior for a taxa de emergência, maior será o seu desempenho caso não existam factores como por exemplo mortes das plantas. 
INIA (2004), diz que a emergência das sementes depende das variedades a produzir, dos hábitos de crescimento, dos factores climáticos e poder germinativo da semente, podendo atingir 70 a 95% de emergência. 
A variação do número de plantas emergidas deveu-se a falha na germinação que pode ter sido causada devido a fraca precipitação registada na semana em que se fez a sementeira. 
4.1.1.2. Stand final/número de plantas colhidas 
O resultado da ANOVA mostrou que não há diferenças significativas entre os tratamentos. A tabela 9 mostra a média do Stand final dos genótipos. 
Pode-se notar que os genótipos BFS 29, BFS 30, BFS 23 e BFS 32 tiveram o número de plantas colhidas que variaram de 85,33 a 91,33, superiores aos genótipos BFS 10, BFS 18, BFS 27, BFS 4, BFS 39, BFS 412, BFS 14, BFS 20, BFS 24, Testemunha e BFS 67 que tiveram o número de plantas mais baixo que variaram de 64,00 a 74,66, encontrando-se nos parâmetros estudados pelo JIMENEZ (1994) e pelo CAPELA (2007) e pela CAMPTON (1994), este facto poderá estar relacionado com a adaptabilidade destas variedades às condições agro-ecológicas de produção como a temperatura, fotoperiodismo, ao tipo de solos da região e ao clima.
Segundo JIMENEZ (1994), há uma possibilidade, mesmo em condições favoráveis de cultivo de se prever uma perda de 20-25% das plantas entre a, emergência, sobrevivência e a colheita, a sobrevivência das plantas é um dos indicadores do rendimento, chegando a sobreviver uma media de 75-80%. 
De acordo com CAMPTON (1994), a emergência e a sobrevivência das culturas são factores que determinam o desempenho das mesmas, se durante o desenvolvimento das plantas houver maior taxa de sobrevivência, maior será a possibilidade de obter bons rendimentos caso não existam factores adversos como por exemplo poder produtivo das sementes. 
A redução do número de plantas deveu-se ao ataque de praga (mosca) e condições climáticas (stress hídrico) registadas durante a condução do ensaio. 
4.1.2. Período de floração 
A tabela 10 abaixo, mostra os valores de dias até a floração nos diferentes tratamentos do ensaio. 
Tabela 10. Resultados médios do período de floração (dias de floração) nos diferentes genótipos
	Genótipos
	Floração (dias)
	1 - BFS 4
	38,00 ab
	2 - BFS 10
	51,66 de
	3 - BFS 14
	40,66 abc
	4 - BFS 18
	49,66 de
	5 - BFS 20
	41,00 abc
	6 - BFS 23
	53,00 de
	7 - BFS 24
	39,00 abc
	8 - BFS 27
	42,00 bc
	9 - BFS 29
	54,00 e
	10 - BFS 30
	46,33 cd
	11 - BFS 32
	42,00 bc
	12 - BFS 39
	40,33 abc
	13 - BFS 67
	33,66 a
	14 - BFS 412
	38,33 ab
	15 - ICA Pijao 
	34,33 a
	Pr.
	0,0000
	CV
	5,70
	Média geral
	42,93
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
Conforme o resultado da análise de variância a 5% de significância, os genótipos apresentaram diferenças significativas para a variável floração. Na tabela 10 estão apresentadas as médias dos dias de floração dos diferentes genótipos. Verificou-se uma variação entre o máximo de 54 dias, observado no genótipo BFS 29, e mínimo de 33 dias, no genótipo BFS 67. Os restantes genótipos apresentaram valores intermédios que variam de 34 a 53 dias.
Os Resultados semelhantes a este estudo foram obtidos por Pereira et al. (2012) em seu estudo realizado com seis variedades de feijão comum e quatro variedades de feijão-de-corda foi verificado que o período de dias para o início do florescimento variou de 23 a 56 dias, mostrando que houve uma grande distinção entre as variedades para o início do período reprodutivo.
Segundo Wien, Summerfield (1984), variedades de feijão que passam por um período de florescimento de 18 a 30 dias e iniciam o período reprodutivo cerca de 30 dias após a emergência são consideradas precoces, já outras são mais tardias.
Segundo Buratto et al., (2007), variedades precoces de feijão comum que completem seu ciclo entre 65 a 70 dias, período considerado menor do que o normal para a cultura (80-90 dias para feijão) vem sendo o objectivo dos programas de melhoramento. Genótipos precoces apresentam muitas vantagens como a possibilidade de adequar a época adequada para sementeira e colheita, escape de doenças e estresse climático, menor consumo de água, melhor aproveitamento da área de cultivo, além de uma colheita antecipada que pode conferir melhor preço ao produto (Ribeiro et al., 2004). 
Alguns genótipos que apresentaram a característica de ter um período de florescimento prolongado podem ter vantagens no que se refere a recuperar parte do seu potencial produtivo mesmo após a exposição a algum tipo de estresse que leve a abscisão de estruturas reprodutivas. Isso pode ser explicado devido ao facto de a característica de período de florescimento ser associada com o hábito de crescimento em algumas situações, por exemplo, quando o período reprodutivo é maior a planta pode ter hábito de crescimento indeterminado, pois este estudo incluía alguns genótipos com hábito de crescimento indeterminado, ou seja, em determinada fase do seu desenvolvimento estarão ocorrendo conjuntamente o período vegetativo e a fase reprodutiva. 
4.1.3. Altura da planta 
A tabela 11 a seguir mostra o comportamento da altura das plantas nos diferentes genótipos testados. 
Tabela 11. Altura média das plantas (cm) dos genótipos testados
	Genótipos
	Altura (cm) das plantas 
	1 - BFS 4
	20,63 a
	2 - BFS 10
	27,00 abcd
	3 - BFS 14
	25,56 abc
	4 - BFS 18
	37,43 ef
	5 - BFS 20
	34,00 def
	6 - BFS 23
	40,13 f
	7 - BFS 24
	21,90 ab
	8 - BFS 27
	29,56 bcd
	9 - BFS 29
	30,23 cde
	10 - BFS 30
	38,80 f
	11 - BFS 32
	26,33 abcd
	12 - BFS 39
	26,30 abcd
	13 - BFS 67
	41,66 f
	14 - BFS 412
	21,60 a
	15 - ICA Pijao 
	30,33 cde
	Pr.
	0,0000
	CV
	8,46
	Média geral
	30,10
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
Com base na tabela acima, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, os resultados da análise de variância indicam que existem diferenças significativas entre os genótipos na altura das plantas. No entanto, em termos de valores absolutos nas médias nota-se na tabela 11, que o genótipo BFS 67 obteve a maior média com 41,66 cm de altura, ao passo que, o genótipo BFS 1 obteve a menor média com 20,63 cm de altura. Os restantes genótipos tiveram alturas intermedias que variam de 21,60 a 40,13 cm de altura.
De acordo com Ripado (1992), o crescimento vegetativo do feijão do tipo de crescimento indeterminado, varia entre 1.5m a 2.0m, os resultados obtidos neste estudo apresentam médias abaixo dos dizeres deste autor, apesar de ter genótipos com hábito de crescimentoindeterminado, isto pode ter sido influenciado pela queda irregular das chuvas o que pode ter reduzido o crescimento normal das plantas no campo. 
De acordo com (Silva et al., 2003:19), o caule do feijão pode atingir cerca de 60 cm de altura ou mais dependendo do tipo de crescimento da variedade. A tabela 11 apresenta as médias das alturas obtidas nos genótipos ensaiados estes que mostram valores inferiores das obtidas por esse autor, isto pode se dar como resposta dos genótipos as condições em que foram submetidos. 
Não obstante, a existência de diferenças significativas entre os genótipos, as baixas médias obtidas na altura das plantas podem ser apontadas como a resposta destes genótipos as condições ambientais em que foram expostas, pois este estudo incluía alguns genótipos com hábito de crescimento indeterminado. Contudo, estes resultados vão em concordância com os obtidos por Lynch et al., (1991) que também observaram menor crescimento de feijoeiro em solo com baixa disponibilidade de Fósforo. De igual modo, Fan et al., (2003) constataram que o cultivo do feijoeiro em condições de deficiência de Fósforo, reduz o crescimento e atrasa o desenvolvimento radicular.
4.2. Parâmetros de rendimento 
4.2.1. Número de vagens por planta 
A tabela 12 abaixo, apresenta as médias do número de vagens por planta dos diferentes genótipos envolvidos no ensaio. 
Tabela 12. Médias de número de vagens por planta
	Genótipos
	Número de vagens por planta
	1 - BFS 4
	7,66 g
	2 - BFS 10
	5,00 bcde
	3 - BFS 14
	3,66 ab
	4 - BFS 18
	5,33 cde
	5 - BFS 20
	7,33 fg
	6 - BFS 23
	6,00 def
	7 - BFS 24
	6,33 efg
	8 - BFS 27
	4,33 abc
	9 - BFS 29
	5,00 bcde
	10 - BFS 30
	5,33 cde
	11 - BFS 32
	4,66 abcd
	12 - BFS 39
	3,33 a
	13 - BFS 67
	3,66 ab
	14 - BFS 412
	5,66 cde
	15 - ICA Pijao 
	4,66 abcd
	Pr.
	0,0000
	CV
	9,66
	Média geral
	5,20
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
Na variável número de vagens por planta os genótipos diferiram-se estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. No entanto, a maior média foi encontrada no genótipo BFS 4 com 7,66 e menor média foi encontrada no genótipo BFS 39 com 3,33 vagens por planta.
A existência de diferenças significativas entre os genótipos pode ser apontada como a resposta de diferentes genótipos em relação as condições ambientais em que estes foram submetidos. Este resultado pode ser associado ao maior estímulo ao desenvolvimento do sistema radicular, à formação dos primórdios reprodutivos e dos frutos, proporcionados pelo aumento da absorção de Fósforo, ressalta-se que esta característica é o componente primário que mais se correlaciona com a produtividade de grãos (Souza et al., 2008) e é bastante influenciado pelo ambiente (Viana et al., 2011). 
Resultados estes que estão dentro do intervalo de número médio de vagens por planta encontrados pelo Bonett et al., (2006) quando estudou a divergência genética de germoplasma de feijão vulgar no Brasil de onde encontrou valores de número medio de vagens por planta em torno de 2 a 14. 
Contudo, os resultados obtidos neste ensaio divergem comparativamente com os reportados por Afferri et al., (2008: 14), em sua pesquisa de produtividade de genótipos de feijão em sequeiro de onde verificaram que os genótipos apresentavam um número médio de vagens por planta no intervalo de 17 a 28, as baixas médias apresentadas neste estudo podem ser apontadas como a resposta destes genótipos em relação as condições ambientais em que estes foram submetidos.
De acordo com Gomes et al., (2001) e Guimarães et al., (2001), o número de vagens por planta é considerado o componente agronómico mais sensível à deficiência hídrica e segundo Molina et al., (2001) ressalta que, independentemente da magnitude do stresse hídrico, variedades de feijoeiro respondem diferentemente ao déficit da água no solo durante o período de floração. 
4.2.2. Comprimento da vagem 
A tabela 13 a seguir ilustra as médias do comprimento da vagem nos diferentes genótipos estudados. 
Tabela 13. Resultados médios do comprimento da vagem 
	Genótipos
	Comprimento da vagem (cm)
	1 - BFS 4
	8,16 abc
	2 - BFS 10
	9,66 cde
	3 - BFS 14
	7,66 ab
	4 - BFS 18
	9,33 cde
	5 - BFS 20
	10,66 de
	6 - BFS 23
	10,66 de
	7 - BFS 24
	9,66 cde
	8 - BFS 27
	8,33 abc
	9 - BFS 29
	7,33 a
	10 - BFS 30
	8,33 abc
	11 - BFS 32
	8,16 abc
	12 - BFS 39
	9,16 bcd
	13 - BFS 67
	8,33 abc
	14 - BFS 412
	10,83 e
	15 - ICA Pijao 
	7,33 a
	Pr.
	0,0000
	CV
	5,87
	Média geral
	8,91
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
Na tabela 13, verifica-se que houve diferenças significativas entre os genótipos para a variável comprimento das vagens ao nível de 5% de probabilidade. No entanto, em termos de valores absolutos observa-se na tabela, que o genótipo BFS 412 obteve o maior comprimento com 10,83 cm e os genótipos BFS 29 e Testemunha obtiveram o menor comprimento com 7,33 cm. Os restantes genótipos não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. 
De acordo com Neto & Francelli (2000), o comprimento da vagem na cultura de feijão vulgar é de 13 a 25cm na fase adulta. Os resultados obtidos neste estudo apresentaram médias abaixo dos dizeres deste autor. Isto provavelmente está relacionado com a característica genética dos genótipos e as condições ambientais em que foram submetidos. Facto que é sustentado por Santos et al., (1998), que os diferentes genótipos que apresentam características genéticas, fisiológicas e morfológicas intrínsecas, podem responder de forma diferenciada as condições edafo-climáticas de cada ambiente. Estes resultados vão em consonância com os encontrados no trabalho de Fiegenbaum et al., (1991), em que as variedades de feijoeiro comum submetidas a um stresse hídrico de 15 dias sem irrigação no período de floração apresentaram um decréscimo significativo no comprimento das vagens. 
Entretanto, os resultados semelhantes a este estudo foram apresentados por Litzemberger, (1974), segundo os quais a cultura do feijão vulgar atinge um comprimento que varia de 10-15 cm. 
A característica comprimento de vagem do ponto de vista de seleção, não é uma característica de grande importância, já que não resulta, necessariamente, em maior número de grãos. Facto verificado por Santos et al., (2002), avaliando Phaseolus lunatus L., que relatam que variedades de feijão que apresentaram maiores comprimentos das vagens, apresentaram as menores produtividades. Esse facto também foi verificado no presente trabalho. 
4.2.3. Número de grãos/sementes por vagem 
A tabela 14 a seguir apresenta resultados de número de grãos por vagem nos diferentes genótipos ensaiados. 
Tabela 14. Médias de número de grãos/sementes por vagem
	Genótipos
	Número de grãos por vagem 
	1 - BFS 4
	5,33 a
	2 - BFS 10
	5,33 a
	3 - BFS 14
	4,66 a
	4 - BFS 18
	5,00 a
	5 - BFS 20
	6,00 a
	6 - BFS 23
	6,00 a
	7 - BFS 24
	5,66 a
	8 - BFS 27
	6,00 a
	9 - BFS 29
	4,00 a
	10 - BFS 30
	5,00 a
	11 - BFS 32
	4,33 a
	12 - BFS 39
	5,33 a
	13 - BFS 67
	6,00 a
	14 - BFS 412
	6,00 a
	15 - ICA Pijao 
	5,00 a
	Pr.
	0,0918
	CV
	15,79
	Média geral
	5,31
* Pr>0.05 não há diferenças significativas. 
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. 
Conforme os resultados da análise de variância, não foram registadas diferenças significativas entre os genótipos, submetidas ao teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Isto sugere que, estatisticamente não há evidencias que mostrem que houve diferenças no número de grãos por vagem dos genótipos testados. No entanto, baseando-se em valores absolutos das médias nota-se que os genótipos BFS 20, BFS 23, BFS 27, BFS 67 e BFS 412 tiveram maiores médias com 6 grãos

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