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ELABORAÇÃO DE PROJETOS EMPRESARIAIS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Irzo Antonio Beckedorff Adriana Giovanela CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Profa: Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Augusto Geller Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.4012 B394e Beckedorff; Irzo Elaboração de projetos empresariais / Irzo Beckedorff; Adri- ana Giovanela. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 145 p. : il. ISBN 978-85-69910-51-0 1. Planejamento estratégico - administração. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Irzo Antonio Beckedorff Adriana Giovanela Possui mestrado em Administração pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000). Atualmente participa do Conselho Editorial da publicação - MODAPALAVRA, professor do CENTRO UNIVERSITARIO LEONARDO DA VINCI, coordenador do Curso de Administração coordenou os cursos Administração modalidade EAD, curso Superior de Tecnologia a Distância de Logística, Processos Gerencias, Negócios Imobiliários, Gestão Comercial. Tem experiência na área de Administração da Produção, com ênfase em Gestão da Qualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: administração, controle de estoque, compras e sistema da qualidade. Coordenou Pós graduação à distancia e MBA em Administração IFGe/UNISANTA. Possui graduação em Administração- Habilitação em Marketing pela Associação Educacional Leonardo da Vinci (2003), graduação em Ciências Contábeis pela UNIASSELVI, especialização em Gestão de Pessoas (UNIASSELVI- PÓS), Gestão e Tutoria (UNIASSELVI-PÓS), MBA em Gestão Empresarial e Marketing (IBES) e mestrado em Administração pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2009). Atualmente é professora do Instituto Catarinense de Pós Graduação, professora titular do Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI, autora do livro Planejamento Estratégico (Uniasselvi, 2016), Empreendedorismo em atividade física e esporte (Uniasselvi, 2016), Liderança e Desenvolvimento de Equipes (Unicesumar, 2016), Fundamento de Gestão Pública (Uniasselvi, 2014) entre outros, atuando principalmente nos seguintes temas: responsabilidade social, gestão pública, empreendedorismo, associativismo e efetividade. Participou de processos de reconhecimento de cursos e credenciamento de instituições de ensino. Bem como na elaboração de Projetos Pedagógicos de Curso e documentos institucionais de credenciamento e recredenciamento. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Natureza dos Projetos .........................................................9 CAPÍTULO 2 Fase 1 dos Projetos .............................................................45 CAPÍTULO 3 Fase 2 dos Projetos ..............................................................87 CAPÍTULO 4 Competência e Apoio a Gestão de Projetos ....................123 APRESENTAÇÃO Gerir projetos tem sido uma constante nas empresas e na vida pessoal, afinal certamente você já se pegou falando em realizar um projeto como a casa própria, ou um carro novo, ou até mesmo a viagem de férias. Nas empresas esses projetos irão girar em torno de abrir uma nova filial, produzir um novo produto, uma nova estrutura, entre outras ações. Os projetos se caracterizam por serem temporários, ter um inicio e fim bem definidos e obedecer, em sua grande maioria, um plano. A gestão destes projetos então pode ser comparada ao processo administrativo de planejamento, organização, direção e controle de um determinado objetivo. E é exatamente os passos de um projeto que você irá acompanhar neste livro, no primeiro capitulo será apresentada a natureza dos projetos, como surgiram e de que forma foram incorporados nas organizações. Também você encontrará o conceito de projetos além das práticas aplicadas à gestão de projetos. No segundo capitulo você será apresentado à primeira fase dos projetos, que é composta pela integração, onde são englobados os processos que foram requeridos para assegurar que todos os elementos do projeto sejam adequadamente incorporados. Na sequencia é apresentado o escopo, que objetiva definir e controlar os trabalhos a serem realizados pelo projeto, também irá ver o processo do tempo que tem por objetivo garantir que o projeto seja realizado dentro do tempo correto e por consequência, do valor estimado, quando formos falar dos custos. A segunda fase dos projetos, que é apresentada no terceiro capítulo, mostra o processo de qualidade que busca garantir a conclusão do projeto com a satisfação dos responsáveis do por ele e dos clientes, não podendo dispensar os recursos humanos, que é outro processo que tem como objetivo central utilizar o potencial das pessoas ao máximo. Já a comunicação é responsável em garantir que todas as informações desejadas cheguem no tempo e nas pessoas corretas. Outro processo apresentado neste capitulo é o do gerenciamento de risco que busca mapear todas as chances de evitar as fraquezas e possíveis erros. Por fim temos o processo de aquisição que busca a garantir que todo o fornecimento de produtos ou serviços para o projeto sejam entregues. No ultimo capítulo deste livro você será apresentado a toda estrutura que envolve a gestão de projetos, tudo que é simultaneamente transformado para que os projetos ocorram e tenham sucesso, além das competências necessárias para que a gestão deles seja executada corretamente, além das ferramentas utilizadas para agilizar e otimizar o gerenciamento dos projetos para, por fim, inspecionar, revisar e avaliar a gestão dos projetos realizados nas organizações. Esperamos que tenham uma boa leitura e que este livro contribua para seu aprendizado e facilite o seu dia a dia como gestor. Os autores. CAPÍTULO 1 Natureza dos Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Descrever como ocorreu a evolução dos projetos e suas características. � Explicar quais são os fatores críticos e de sucesso em gestão de projetos. � Analisar a importância da gestão de projetos. � Demonstrar as características de um projeto de sucesso. 10 Elaboração de Projetos Empresariais 11 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Contextualização Quando falamos de projetos, rapidamente somos remetidos a projetos de vida, projetos de construção de casa, ou seja, somos remetidos a propostas de realização de objetivos. Assim, a gestão de projetos vem ao encontro exato do que fomos remetidos, afinal, cada uma destas possibilidades tratadas são pequenos ou grandes projetos, assim, a possibilidade de erros diminui muito, a resolução de problemas fica estruturada, a qualidade fica favorecida e os processos de entrega dos serviços ficam alinhados, já que o planejamento e organização serão fatores principais. Além disso, os projetos são utilizados como uma ferramenta aplicada à gestão das organizações. Na era do conhecimento na qual nos encontramos, gerir as capacidades e competências dos colaboradores e gerir de forma eficaz os recursos disponibilizados requer organização e eficiência, situações em que esta ferramenta é aplicada. Assim,neste capítulo você poderá acompanhar o início das principais utilizações do gerenciamento de projetos, que servem como referência para as evoluções hoje utilizadas. A Evolução e Tendências dos Projetos O gerenciamento de projetos teve um dos seus primeiros feitos no fim da década de 1950 e início da década de 1960 nos EUA, utilizado então na análise de sistema de computação e empreendimentos físicos (GADDYS, 1970). Este conceito pode ser mais antigo do que parece. Valle et al. (2010) exemplificam que no antigo Egito já eram empregadas técnicas de engenharia e gerenciamento bem sofisticadas para a construção de sistemas de esgoto e irrigação, embarcações e canais. Na sequência desta evolução, ainda na década de 1960, a aplicação da gestão de projetos foi comparada ao funcionamento de uma máquina em condições ideais, sem atrito, ou seja, funcionando sem interferência, pois a gestão da máquina é feita sem interferência e com um sequenciamento exato (WOODWARD, 1984). Em 1967, segundo Valle et al. (2010, p. 36), “o Departamento de Defesa americano publica o chamado Cost/Schedule Control Systems Criteria (C/SCSC), constituído de mais de 35 padrões de gestão e controle de projetos [...]”. Valle et al. (2010, p. 36) afirmam ainda que “esse padrão 12 Elaboração de Projetos Empresariais influenciou bastante a formulação de boas práticas de gerenciamento de projetos em publicações que se seguiriam”. Foi nesta mesma década que também nos Estados Unidos e na Europa surgiam as primeiras associações, como a “Project Management Institute (PMI) e a International Project Management Association (IPMA)” (CARVALHO; RABECHINI JR., 2009, p. 8). Em 1970, com interferências como a inflação, petróleo, a escassez de recursos naturais e o aprimoramento dos projetos, surgiram os softwares para planejar e controlar as atividades, facilitando assim o gerenciamento do projeto, claro que contendo ainda limitações, como o processamento em centros externos do acontecimento do projeto e a lentidão na atualização das informações. Este mercado de software foi consolidado somente nas décadas seguintes. Na década de 1980, com ambientes de múltiplas funções e divisões e a forma matricial de organização, foi possível realizar o fracionamento das atividades em unidades específicas, o que, dentro da gestão de projetos, viria a ser a divisão das atividades (CODAS, 1987). Foi nesta mesma época que os microcomputadores apareceram para facilitar as operações do gerenciamento de projetos. E foi em 1990, segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011), que se pode considerar que a gestão de projetos criou uma identidade própria. Essa evolução você pode acompanhar na figura a seguir. Figura 1 – Evolução da gestão de projetos Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2007, p. 33). 13 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Os autores Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 8) dizem que a década de 1980 foi considerada embrionária, já que a gestão de projetos estava espalhada por diversas áreas da organização, ela não possuía uma identidade. E citam como principal marco a criação do “método do caminho crítico – COM (Critical Path Method) e sua variante probabilística, PERT (Program Evaluation and ReviewTechnique)”. As duas décadas seguintes foram chamadas de onda de gestão de projetos, mas apenas na segunda metade da década de 1990, segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 8), “o crescimento foi vertiginoso, pautado no crescimento de associações e instituições de gerenciamento de projetos, foi também nesta época que saíram as primeiras publicações de guias certificados por profissionais formados na Bodies of Knowledge (BoK) e PMBOK”. PMBOK (Project Management Body of Knowledge, ou guia para o conjunto de conhecimentos de gerenciamento de projetos). É de autoria do Project Management Institute (PMI) ou, mais precisamente, do PMI Standards Committee, o comitê de padronização do PMI. FONTE: Disponível em: <http://www.projectbuilder.com.br/blog- pb/entry/conhecimentos/o-que-e-pmbok>. Acesso em: 17 maio 2016. A medida desta evolução pode ser confirmada com o número de associados do PMI® Project Management Institute, conforme pode ser visualizado na figura a seguir. http://www.projectbuilder.com.br/blog-pb/entry/conhecimentos/o-que-e-pmi 14 Elaboração de Projetos Empresariais Figura 2 – evolução dos associados ao PMI ® Fonte: Sotille (2015, p. 49). Essa evolução mundial na gestão de projetos não tem o mesmo crescimento no Brasil, está aí uma grande oportunidade para você estudar e se tornar um especialista nesta área. Continuando com nossa discussão sobre a evolução, Carvalho e Rabechini Jr. (2009) afirmam que na virada do milênio as questões ligadas à gestão de projetos configuraram uma tendência, que os autores chamam de segunda onda, com foco nos modelos organizacionais de gestão de projetos, onde as empresas investem na implementação de modelos de maturidade em projetos, focando na mudança organizacional e estruturando os planos a fim de alcançar a excelência na gestão de projetos. Ondas da Gestão de Projetos Chegamos até aqui acompanhando a evolução na gestão de projetos, e os autores Carvalho e Rabechini Jr. (2009) subdividem essa evolução em duas ondas, uma com foco no projeto e outra com foco na organização, que são representadas da figura a seguir. 15 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Figura 3 – Ondas da gestão de projetos Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2007, p. 37). Como você pode perceber na figura das ondas da gestão de projetos, a primeira teve ênfase nas questões vinculadas às necessidades dos projetos, principalmente nas ligadas ao atendimento do resultado de seu escopo, também aos prazos, custos e qualidade. Escopo se refere àquilo que se pretende atingir. É um substantivo masculino, com origem na palavra grega skopos, que significa “aquele que vigia, que protege”. Escopo é a finalidade, o alvo, ou o intento que foi estabelecido como meta final”. Fonte: Disponível em: <http://www.significados.com. br/escopo/>. Acesso em: 17 maio 2016. Ancorados a isso, Carvalho e Rabechini Jr. (2009, p. 10) afirmam que houve um “uso mais intenso da tecnologia da informação, no intuito de disponibilizar as informações dos projetos em tempo hábil para a tomada de decisão”. Tornando assim, nesta onda, as empresas mais eficientes nas práticas de gestão de projetos. Faltando ainda a organização dos processos e pessoas qualificadas para a gestão deste processo, surgindo assim a segunda onda, onde “a palavra- chave é a eficácia, ou seja, fazer a coisa certa”. 16 Elaboração de Projetos Empresariais Esta onda formalizou a integração das áreas de conhecimento, além de formar gerentes de projetos. Já que a partir daí mais empresas passaram a utilizar o gerenciamento de projetos, fazendo com que nascesse esse novo profissional, que, segundo Carvalho e Rabechini (2009, p. 10), “além das competências técnicas, tem de desenvolver competências mais gerenciais, incluindo aí capacidades de negociação, política, articulação, entre outras”. Outra característica importante nesta segunda onda foi o investimento das empresas na implementação de modelos de maturidade em projetos, influenciando na reestruturação das mudanças organizacionais e planos de ação para excelência na gestão de projetos. Agora que você conheceu as duas ondas nesta evolução da gestão de projetos, pare e analise: em que onda a empresa da qual você faz parte está? Os autores afirmam que muitas empresas perderam a primeira onda na evolução da gestão de projetos e hoje estão correndo atrás para se adequar à segunda. Assim, veja onde você está: correndo atrás ou surfando na onda da eficácia? Conhecida a evolução e seu posicionamento nas ondas, vamos passar a discutir o que são os projetos. Continue sua leitura e vamos praticando. Ambientes dos Projetos Vale iniciarmos esta discussão nos questionando: por que as empresaspassaram a adotar a gestão de projetos, ou por que as empresas buscam constantemente metodologias de trabalho que lhes tragam maior rentabilidade, menor custo e melhor aproveitamento dos recursos disponíveis? Podemos enumerar muitos fatores, como: o acesso às informações, as mudanças na política, a distribuição de renda, a competitividade, a globalização, entre outros. Para Menezes (2009), um dos principais movimentos é a globalização, que já há algum tempo nos trouxe miscigenação de culturas, tecnologias, trocas de informações, o que exigiu um desdobramento intenso para que empresas e colaboradores nas atividades diárias assimilassem esses novos, variados e volumosos conhecimentos, além de administrarem tudo isso. Neste cenário de globalização torna-se imprescindível destacar o planejamento estratégico. Valle et al. (2010, p. 38) descrevem que o planejamento estratégico: [...] é uma técnica corporativa que proporciona a análise ambiental de uma empresa, identificando suas oportunidades, 17 Natureza dos Projetos Capítulo 1 ameaças, pontos fortes e fracos para que saia de seu estado atual (missão) e chegue ao estado esperado (visão). As ações necessárias para essa transição normalmente são implementadas por meio de projetos. Quando nossas empresas passaram a assumir essa responsabilidade e reconhecer a necessidade desta transformação, Menezes (2009, p. 3) diz que “isso exige, por si só, a condução de vários conjuntos de atividades que podem e devem ser tratados como projetos, por suas características inovadoras e necessidades de integração”. Desta forma, trouxe para nossa realidade a gestão destes projetos. Exemplos de projetos advindos do movimento da globalização são “a transferência de tecnologia, montagem e expansão industrial, entrada e posicionamento de empresas em mercados não explorados anteriormente” (MENEZES, 2009, p. 3). Há ainda alguns desafios, principalmente no Brasil, a serem transpostos e que a gestão de projetos auxilia na administração, desafios como os citados por Menezes (2009): a) O crescimento da desintermediação: que é a tendência de maior proximidade entre o fabricante e consumidor final. Retirando os intermediários, a margem de lucro é maior e repassada tanto para o fabricante quanto para o consumidor. Lembrando que as empresas que optam por esta operação precisam de apoio logístico adequado. Exemplo delas são as empresas que vendem pela internet. b) A desverticalização: neste caso, as empresas procuram identificar o seu core business (seu negócio principal) e concentrar o desenvolvimento deste, terceirizando as demais atividades. O controle e visualização das atividades realizadas fora do seu core business podem ser feitos com maior qualidade por meio de projetos. c) Megafusões: estas podem ser bem estruturadas por projetos, pois são operações complexas e com grande número de interfaces. d) Preservação do meio ambiente: um dos resultados da globalização é o intenso movimento da preservação do meio ambiente, que ganhou relevância nas organizações, e para que elas se adequem a esta realidade e aos regulamentos necessários, tratar essas adequações como projetos específicos também é uma acertada atitude. e) Competitividade: alguns fatores, como transformação de inúmeros produtos em commodities, maior grau de automação nas unidades produtivas, 18 Elaboração de Projetos Empresariais empurraram as empresas a buscar a competitividade em pequenos diferenciais, assim, novamente os projetos auxiliam nessa busca. Muito bem! Agora que você já viu o contexto da utilização dos projetos, vamos ao conceito. O Que São Projetos? Vamos conhecer, no quadro a seguir, alguns dos conceitos apresentados na literatura sobre projetos. Quadro 1 – Definições de projeto AUTOR CONCEITO Tuman (1983, p. 12) “Um projeto é uma organização de pessoas dedicadas que visam atin- gir um propósito e objetivo específico. Projetos geralmente envolvem gastos, ações ou empreendimentos únicos de altos riscos e devem ser completados numa certa data por um montante de dinheiro, dentro de alguma expectativa de desempenho. No mínimo, todos os projetos ne- cessitam ter seus objetivos bem definidos e recursos suficientes para poderem desenvolver as tarefas requeridas”. ISO 10006 (1997, p. 5) “Um processo único, que consiste em um grupo de atividades coor- denadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”. Heldman (2005, p. 7) “Os projetos destinam-se a dar origem a um serviço ou produto úni- co, que não foi produzido antes. Têm prazo limitado e sua natureza é temporária. Isto quer dizer que os projetos têm início e fim definidos. É possível decidir se o projeto está concluído ao compará-lo com os objetivos e as entregas definidas no plano do projeto”. PMI (2008) “Um empreendimento temporário feito para criar um produto, serviço ou resultado único”. Gärtner (2010, p. 5) “O projeto é um produto ou serviço desenvolvido de forma especial e específica de acordo com a necessidade do cliente”. Fonte: Os autores. Você deve ter observado que dentre estes conceitos há detalhes que se repetem, como os ligados ao tempo e ao ineditismo, ou seja, os projetos possuem um começo e um fim determinados e são feitos para produção de produto ou serviço não realizado anteriormente. Corroborando, Carvalho e Rabechini Jr. 19 Natureza dos Projetos Capítulo 1 (2009, p. 22) explicam que é possível perceber “dois conceitos intrínsecos nessas definições: um referente à temporalidade [...] e outro referente à unicidade ou singularidade, ou seja, que o produto ou serviço do projeto é, de algum modo, diferente de todos os similares feitos anteriormente”. Assim, você pode estar se perguntando: então isso significa que os projetos têm curta duração? A resposta é: Não! Um exemplo citado por Carvalho e Rabechini Jr. (2009) é a usina de Itaipu que foi iniciada na década de 1980, e o produto, que era a geração de energia, ainda está sendo gerado. Devemos levar em consideração também que o termo temporário não se aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto. Afinal, assim como a usina de Itaipu, a grande maioria dos projetos é realizada para oferecer resultados duradouros, como: um projeto para erguer um monumento nacional, usamos como exemplo os estádios que foram construídos para a Copa do Mundo de 2014. Além desses, os impactos dos projetos podem ser sociais, econômicos ou ambientais, com duração longa, como no caso do Bolsa Família (PMI, 2004). Além dos aspectos já citados com relação à temporariedade dos projetos, eles podem ser aplicados a outros esforços, como cita o PMI (2004): • Uma oportunidade gerada pelo mercado, por exemplo, a necessidade de confeccionar casacos para o inverno, é uma janela de tempo oferecida, afinal, no verão eles não serão necessários, além de ser necessário considerar que em algumas regiões essa janela nem se abre, pois não há registros de baixas temperaturas. • A composição da equipe do projeto raramente é contínua, já que quando o projeto é entregue, ela se desfaz e é realocada para outra atividade. Como já falamos anteriormente, a singularidade é uma característica importante das entregas do projeto. Por exemplo, milhares de casas foram construídas nos últimos anos, muitas delas com o mesmo padrão e até o mesmo valor, mas cada uma delas é única, tem uma única cor, um único dono, único endereço e até mesmo construtoras diferentes. Mesmo que alguns aspectos são repetidos, ou iguais, não significa que os projetos são iguais, portanto, são únicos. Outra característica que nós devemos levar em conta, que diz respeito ao aspecto de temporariedade e exclusividade dos projetos, é a elaboração progressiva, que significa que eles são desenvolvidos por etapas e continuamente são incrementados. Exemplo dissoé o projeto de uma casa. Em conversa com o arquiteto ou engenheiro, você apresenta a ele a ideia e o mesmo vai fazer o desenho principal, que ganhará mais detalhes e incrementos no decorrer do 20 Elaboração de Projetos Empresariais desenvolvimento, tanto da planta como na construção. O PMI (2004) nos faz lembrar que a elaboração progressiva não deve ser confundida com o aumento, no caso do nosso exemplo da casa, para um projeto de um prédio, ele sempre será a casa, com progressões respeitando sempre o contrato que foi elaborado no acerto do projeto. Ficou em dúvida como isso funciona? Vamos a alguns exemplos citados também pelo PMI (2004, p. 7): • O desenvolvimento de uma fábrica para processamento de produtos químicos começa com a engenharia de processos que define as características do processo. Essas características são usadas para projetar as principais unidades de processamento. Essas informações tornam-se a base do projeto de engenharia, que define tanto o layout detalhado da fábrica quanto as características mecânicas das unidades do processo e das instalações auxiliares. Tudo isso resulta em desenhos de projeto elaborados para produzir desenhos de fabricação e construção. Durante a construção, são feitas interpretações e adaptações conforme necessário, que estão sujeitas à devida aprovação. Essa elaboração adicional das entregas é capturada na forma de desenhos “as built” (conforme construído) e são feitos ajustes operacionais finais durante os testes e a entrega. • O produto de um projeto de desenvolvimento econômico pode inicialmente ser definido como: “Melhorar a qualidade de vida dos residentes de menor renda da comunidade X.” Conforme o projeto continua, os produtos podem ser descritos de forma mais específica, por exemplo: “Oferecer acesso à alimentação e água a 500 residentes de baixa renda da comunidade X.” A próxima etapa da elaboração progressiva poderia enfocar exclusivamente o aumento da produção agrícola e da comercialização. O fornecimento de água é considerado prioridade secundária, a ser iniciado quando o componente agrícola estivesse em estágio avançado. Agora ficou claro, não ficou? Muito bem, então lembre-se de que “projetos não são esforços contínuos”. Gärtner (2010, p. 7) apresenta mais algumas características de um projeto, acompanhe: • são temporárias, quando possuem um início, um processo e um fim definido; • são planejadas, executadas e controladas; • englobam produtos, serviços ou resultados exclusivos; • são desenvolvidas em etapas tendo a sua evolução progressiva; • são desenvolvidas e realizadas por pessoas; • têm seus recursos limitados. Entendemos até aqui o que são os projetos e suas características, o próximo passo é entender para que os projetos são utilizados. 21 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Assim como todos os produtos e serviços, o projeto é desenvolvido para atender à necessidade do cliente, e esse cliente poderá ser interno ou externo. Gärtner (2010, p. 8) explica que “projeto é o processo conceitual através do qual algumas exigências funcionais de pessoas, individualmente ou em massa, são satisfeitas através do uso de um produto ou de um sistema que representa a tradução física do conceito”, assim, os projetos são desenvolvidos especialmente para atender estas demandas. Já Menezes (2009, p. 16) nos leva a refletir por que os projetos são tão importantes para as empresas. Já vimos que uma das razões é atender as necessidades, outras razões são: • Melhoria em produtos. • Novo produto. • Melhoria interna. • Mudança organizacional. • Produto único. • Gestão estratégica da empresa. • Trabalhando com prazos e recursos limitados. • Compartilhando recursos escassos. Nossas empresas estão cada vez mais voltadas ao melhoramento contínuo, que, por vezes, gera pequenas alterações, mas, em contrapartida, podem gerar enormes alterações e que são melhor e mais facilmente administradas como projetos. Projetos X Atividades Rotineiras/Em Curso Importante aqui fazermos uma pausa para diferenciar os projetos e as atividades rotineiras ou atividades em curso. Assim, conforme Kelling (2002, p. 4), a diferença é que: [...] a perspectiva do projeto é rigidamente definida, limitada por tempo e recursos, e os objetivos são mais específicos. Por outro lado, a maioria das operações em curso é atrelada a objetivos em função do retorno sobre o investimento e a sobrevivência de longo prazo. Vamos comparar isso com dois quadros que seguem: 22 Elaboração de Projetos Empresariais Quadro 2 – Identificação de processos e projetos nas rotinas Característica dos processos/ atividades Solução – Padrão Solução Inovadora Atendimento Planejamento e programação Pronto atendimento Estoques Altos investimentos Flexibilidade Tarefas Padronizadas Não rotineiras Recursos Humanos Pequenas capacitações Capacitados Reserva/Capacidade Materiais e produtos Capacidade estocada Processos Padronizados Variados Interferência dos clientes Pouca ou nenhuma Grande Fonte: Menezes (2009, p. 19). Neste primeiro quadro as características são das atividades da rotina das empresas, as soluções padrão são as atividades rotineiras ou sem curso e a solução inovadora é a baseada em projetos. Quadro 3 – Comparação de projetos com operações em curso Projeto Atividades Contínuas Estabelecer um novo negócio. Administrar um negócio consolidado. Instalar um sistema de plataformas de micro-ondas. Fornecer instalações de controle de tráfego aéreo. Construir um novo porto marítimo. Operar um terminal oceânico. Introdução de controle de estoque compu- tadorizado. Administração rotineira de estoque. Desenvolver uma concessão para explora- ção de minério. Produção lucrativa de minério. Construir uma usina nuclear. Fornecer suprimento constante de energia elétrica. Fonte: Kelling (2002, p. 5). O que você pode perceber em ambos os quadros é o que se refere aos objetivos, que nas atividades rotineiras ou contínuas, quando elas atingem um determinado objetivo, assumem outro e continuam seu trabalho; já um projeto termina quando seu objetivo é alcançado. Essa é a principal diferença entre elas. 23 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Agora que você aprendeu a diferença entre projeto e atividade contínua, faça uma lista das atividades e dos projetos que estão acontecendo na empresa da qual você faz parte, e verifique também se estão classificados de forma correta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Gerenciamento de Projetos, O Que É? Antes de qualquer coisa, vamos relembrar um conceito muito básico para você que já está nesta etapa de especialização: o que é gestão? Gestão é, segundo Luccatto (2011, p. 1), “ter controle sobre os processos da empresa”. E nosso Dicionário Michaelis (2009) apresenta o significado de gestão como “Ato de gerir. Administração, direção. Gestão de negócio: administração oficiosa de negócio alheio, feita sem procuração”. Isso nos remete à responsabilidade de gerir o negócio alheio com responsabilidade e de forma eficaz, afinal o gestor é chamado para, junto com os demais colaboradores, alcançar os objetivos traçados. Esta gestão só será eficiente se atender a alguns requisitos traçados pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), que publicou os critérios da excelência da gestão associados às possíveis ações do gestor eficaz. Vamos acompanhar esses critérios citados por Gassenferth, Machado e Krause (2012, p. 11): a) Pensamento sistêmico: é o entendimento das relações de interdependência entre todos os componentes da organização, e também entre a organização e o ambiente externo, ou seja, o gestor terá que atentar no que ocorre dentroe fora da organização e tudo que possa afetá-la. b) Aprendizado organizacional: é a busca por um novo patamar de conhecimento da organização, adquirido através de reflexões, percepções, 24 Elaboração de Projetos Empresariais compartilhamento de experiências. Assim, o gestor eficaz deve trocar experiências com outras áreas e promover essa troca de experiências com os colaboradores. c) Cultura de inovação: aqui o gestor deve procurar criar e promover um ambiente de criatividade, que proporcione a implementação de novas ideias para gerar diferenciais competitivos para a organização. d) Liderança e constância de propósito: neste sentido o gestor deve atuar de forma democrática, inspiradora, motivar as pessoas para que se desenvolva uma cultura de promoção de relações de qualidade e proteção de interesses, ele deverá mostrar o caminho e inspirar as pessoas a segui-lo. e) Orientação por processos e informações: o gestor deverá compreender o fluxo das atividades e processos a fim de agregar valor às partes envolvidas, para que suas ações e decisões tenham como base a mediação, a análise de desempenho, sempre considerando as informações disponíveis e os riscos identificados. f) Visão de futuro: é necessário compreender os fatores que, a longo prazo, podem afetar a organização, o ambiente externo e o sistema do qual ela faz parte. Para estar preparado para os fatos que poderão ocorrer. g) Geração de valor: é o momento de alcançar o valor tanto tangível quanto intangível de forma consistente para todos os envolvidos. O gestor deve ter preocupação com o resultado sem esquecer dos princípios da sustentabilidade “1- uma abordagem científica e sistêmica ao planejamento organizacional para a sustentabilidade, 2- Agenda 21, 3- Pacto global, 4- Projeto Sigma, 5- princípios globais de Sullivan”. Para você saber mais sobre a Agenda 21, consulte o site: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/ agenda-21/agenda-21-global>. E para conhecer sobre Pacto global acesse: <http://www.pactoglobal.org.br/>. Para saber mais sobre o Projeto Sigma acesse: <http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/98>. 25 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Para saber mais sobre todas estas abordagens de sustentabilidade, leia o artigo “Princípios de sustentabilidade: uma abordagem histórica”, disponível em: <http://www.abepro.org.br/ biblioteca/enegep2005_enegep1005_0803.pdf>. h) Valorização das pessoas: é importante que sejam criadas condições para o crescimento das pessoas, tanto profissional como humano, assim, o seu desempenho, seu comprometimento e o desenvolvimento de competências são maximizados. O gestor deve estar atento à transformação das pessoas envolvidas no processo. i) Conhecimento sobre o cliente e o mercado: sem conhecer o mercado e o cliente não há sucesso na gestão, portanto, o gestor precisa focar nesse conhecimento para gerar maior competitividade nos mercados. Boas ferramentas para essa análise e mensuração da atuação da empresa no mercado são as do “CRM = Acquire, Enhance, Retain – conquistar, desenvolver e reter clientes”. j) Desenvolvimento de parcerias: buscar desenvolver atividades conjuntas, praticar o benchmarking com empresas de fora e dentro do sistema de valor, agregando assim valor e explorando ao máximo as competências. k) Responsabilidade social: uma questão de ética da empresa para com os seus públicos. Incluindo o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando todos os recursos ambientais e culturais da sua geração e das futuras. Agora que relembramos e definimos o que é uma gestão eficiente, vamos ver como ela se aplica no gerenciamento do projeto. Segundo o Guia PMBOK®, o gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. (PMI, 2004). Algumas características são destaque na gestão de projetos, como: - Simplicidade de propósito. O projeto possui metas e objetivos facilmente entendidos. - Clareza de propósito e escopo. O projeto pode ser descrito claramente em poucos termos: seus objetivos, escopo, 26 Elaboração de Projetos Empresariais limitações, recursos, administração, qualidade de resultados e assim por diante. - Controle independente. O projeto pode ser protegido do mercado ou de outras flutuações que afetam operações rotineiras. - Facilidade de medição. O andamento do projeto pode ser medido por meio de sua comparação com metas e padrões definidos de desempenho. - Flexibilidade de emprego. A administração do projeto pode empregar ou cooptar especialistas e peritos de alto padrão por períodos limitados, sem prejudicar os arranjos de longo prazo na lotação de cargos. - Conduz a motivação e moral da equipe. A novidade e o interesse específico do trabalho do projeto são atraentes às pessoas e levam à formação de equipes entusiásticas automotivadas. - Sensibilidade ao estilo de administração e liderança. Embora às vezes capazes de autogestão, as equipes de especialistas automotivados reagem criticamente a certos estilos de liderança. - Útil ao desenvolvimento individual. Trabalhar com uma equipe de projeto eficiente favorece o desenvolvimento acelerado e a capacitação pessoal. - Favorece a discrição e a segurança. Os projetos podem ser protegidos de ação hostil ou atividade de informação para defesa, pesquisa, desenvolvimento de produto ou segurança de produtos sensíveis ao mercado ou de alto valor. - Mobilidade. Como entidades independentes, os projetos podem ser executados em locais remotos, países estrangeiros e assim por diante. - Facilidade de distribuição. A administração ou a condução de um projeto inteiro pode ficar livre de contrato, por exemplo, em um acordo BOT de construção, operação e transferência (KELLING, 2002, p. 5). Lendo as características e benefícios da gestão de projetos, você pode perceber como elas vão ao encontro da gestão eficaz? Perceba como tanto quanto a gestão eficaz, a gestão dos projetos é ilimitada, e favorece o crescimento da organização e das pessoas envolvidas, almejando o êxito no trabalho que está sendo desenvolvido. Desta forma, Phillips (2003) afirma que a gerência de projetos se caracteriza como a capacidade de administrar diversas tarefas de forma cronológica e que resultem na meta desejada. Uma tarefa depende da outra ao passo que uma não poderá ser concluída antes de outras, algumas destas tarefas vão depender da habilidade de uma pessoa em especial, assim como outras podem ser realizadas em paralelo e em equipe. Este gerenciamento inclui: identificação das necessidades, estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis, balanceamento das demandas conflitantes de 27 Natureza dos Projetos Capítulo 1 qualidade, escopo, tempo e custo, adaptação das especificações, dos planos e da abordagem às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes interessadas. Gärtner (2010, p. 39), corroborando, afirma que para gerenciar os projetos é necessário balancear as demandas conflitantes: • “escopo, tempo, custo, risco e qualidade do projeto; • satisfação de diferentes interessados, com diferentes necessidades e expectativas; • requisitos identificados (necessidades) e requisitos não identificados (expectativas)”. E afirma que o principal enfoque do conceito é o controle, afinal, não será possível atender as necessidades do cliente se não houver controle. Onde o gestor do projeto tenta adquirir controle sobre essas quatro variáveis, mas três delas podem ser dadas por clientes externos ou internos. Já o valor ou valores das variáveis remanescentes está a cargo do gerente do projeto, baseado em técnicas de estimativas. Os resultados finais devem ser acordados em um processo de negociação entre a gerência do projeto e o cliente. Por sua vez, os valores em termos de tempo, custo, qualidade e escopo são definidos por contrato (GÄRTNER,2010). E o gestor destes projetos que não possuem tempo ilimitado e que exigem que ele se desenvolva no cargo, acaba assumindo características como citado por Kelling (2002, p. 10): - o centro em torno do qual gira toda a atividade; - o elo entre stakeholders internos e externos e as organizações; - regulador do progresso, velocidade, qualidade e custo; - líder e motivador do pessoal do projeto; - comunicador e negociador em todas as coisas relacionadas ao projeto; e - controlador de finanças e outros recursos. Desta forma, a Gerência de Projetos ou Gestão de Projetos é administrar, coordenar ou gerir um projeto. Neste processo é necessário aplicar técnicas, experiências e conhecimentos, objetivando a garantia de que o que foi proposto seja alcançado dentro das expectativas, especificações e tempo. 28 Elaboração de Projetos Empresariais Para você ter uma melhor compreensão desse conceito, vamos acompanhar o que Gärtner (2010) classifica como grupos de processos que compõem a gerência de projetos: • Processos de iniciação: é o momento de reconhecer formalmente e autorizar o começo de um projeto. Aqui é quando se necessita do comprometimento de todos da organização para que o projeto seja realizado. • Processos de planejamento: é a definição e melhora dos objetivos, é a escolha das melhores opções para garantir o atingimento do objetivo proposto pelo projeto. • Processos de execução: é a coordenação dos recursos das pessoas para o andamento do projeto. • Processos de controle: é a hora do controle, de verificar se o que foi proposto está ocorrendo dentro do que foi previsto, é a monitoração frequente, momento no qual deve-se verificar se houve ou não alterações, ou se elas serão necessárias; e, claro que o gestor deverá fazer esses ajustes de forma a não atrapalhar a normalidade do cronograma e a qualidade final do projeto. • Processos de encerramento: nesta fase é a hora de encerrar, concluir o projeto formalmente. Vistas essas diferenças e a importância do gestor de projetos, vamos ler um estudo de caso e verificar essas características na prática? A SOUTHERN MEAT WORKS A divisão de carnes de importante conglomerado do setor alimentício decidiu projetar, construir e operar “a última palavra” em matéria de abatedouro nos municípios sulistas. O gerente geral do setor de carnes era um executivo esclarecido cuja experiência era respaldada por um bacharelado em agricultura e um mestrado em administração. Em sua concepção, a Southern Meat Works deveria tornar-se um projeto modelo e exemplo para a empresa. Qualidade e higiene deveriam seguir os mais altos padrões nacionais e internacionais e uma característica essencial de sua capacidade de exportação era a inclusão de instalações separadas 29 Natureza dos Projetos Capítulo 1 para processar carne e satisfazer as exigências dos mercados islâmico e judeu. O gerente geral determinou que a fábrica fosse administrada por um executivo altamente conceituado de classe internacional e desejava-se que, como diretor executivo dessa importante filial, o gerente assumisse um papel no projeto, construção e credenciamento da fábrica. Com a ajuda do gerente de pessoal do grupo, desenvolveu- se uma especificação para recrutamento, estipularam-se salário e condições de trabalho e os procedimentos de recrutamento foram iniciados em uma base mundial. Isso resultou na elaboração de uma pequena lista dos seis melhores candidatos entrevistados por uma equipe de altos executivos da matriz. Todos os candidatos pareciam bem qualificados e a equipe esperava encontrar alguma dificuldade em selecioná-los. Entretanto, os resultados das entrevistas foram decepcionantes. A equipe foi unânime em sua avaliação da alta qualidade de todos os candidatos, mas não conseguiu concordar em relação à escolha satisfatória para preencher as necessidades do cargo, e tentativas adicionais de recrutamento mostraram-se igualmente improdutivas. À medida que a questão ia se tornando urgente, foi solicitado o parecer de um consultor de renome que havia concluído outras tarefas para a matriz, na esperança de que ele pudesse ajudar na escolha da pessoa para o cargo. Antes de entrevistar novamente os candidatos selecionados, o consultor examinou as especificações de recrutamento e em seguida deu seu parecer com certa dose de diplomacia. Ele expressava a opinião de que a especificação de recrutamento continha características pessoais basicamente conflitantes. Na prática, essa especificação não poderia ser cumprida. O problema simplesmente consistia em serem necessários dois gerentes com perfis diferentes, podendo cada um deles ser recrutado dentre os candidatos selecionados. 30 Elaboração de Projetos Empresariais O melhor gerente para a fase de construção e equipamentos da instalação era um candidato sul-africano com qualificações em engenharia, construção e experiência em refrigeração, aplicadas à indústria de carne, conjugadas com uma personalidade forte e atitude um pouco autocrática. A razão de seu fracasso em atender aos critérios iniciais de seleção foi a preocupação da equipe de executivos quanto ao seu estilo gerencial, que parecia conflitar com o da empresa e com as expectativas da força de trabalho. Com base em seu currículo em marketing de carnes, administração comercial, liderança e relações industriais, um candidato com experiência em abatedouros, mas com experiência limitada em projetos e engenharia, foi selecionado para gerenciar produção e operações correntes. Fonte: Kelling (2002, p. 10). Atividade de Estudos: 1) Agora a pergunta que faço a você é: por que tanta qualificação não atendeu às expectativas deste projeto? Por que apenas um gestor não pode assumir? De que forma você faria essa seleção? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ Devemos lembrar que, conforme Kelling (2002), ante a incompatibilidade entre os gerentes capazes para situações de projetos e operações a longo prazo, cabem a boa seleção e o bom delineamento das necessidades para que as características sejam aproveitadas ao máximo. 31 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Práticas da Gestão de Projetos A gerência de projetos, segundo Possi, Castelo e Borges (2005), se dá pela realização de um projeto por meio de três elementos: habilidades técnicas, habilidades interpessoais e habilidades administrativas. Assim, para garantir o sucesso do projeto é necessário dominar essas três habilidades. E este gerenciamento proporciona inúmeras vantagens sobre as demais formas de gerência. Os estudos apontam bons resultados dentro do prazo e do orçamento definido pelas organizações. Antes de tudo, vamos ver então quais são as vantagens desta gestão, destacadas por Vargas (2003): • evita surpresas durante a execução dos trabalhos; • permite desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas, uma vez que toda a metodologia está sendo estruturada; • antecipa as situações desfavoráveis que poderão ser encontradas, para que ações preventivas e corretivas possam ser tomadas antes que essas situações se consolidem como problemas; • adapta os trabalhos ao mercado consumidor e ao cliente; • disponibiliza os orçamentos antes do início dos gastos; • agiliza as decisões, já que as informações estão estruturadas e disponibilizadas; • aumenta o controle gerencial de todas as fases a serem implementadas devido ao detalhamento ter sido realizado; • facilita e orienta as revisões da estrutura do projeto que forem decorrentes de modificações no mercado ou no ambiente competitivo, melhorando a capacidade de adaptação do projeto; • otimiza a alocação de pessoas, equipamentose materiais necessários; • documenta e facilita as estimativas para futuros projetos. Além de conhecer as vantagens, o objetivo deste material é apresentar a você os principais guias de gestão de projetos e os fatores que podem se tornar críticos de sucesso em projetos. Afinal gerenciar projetos, mesmo que inconscientemente, fizemos constantemente em nossas vidas. Você certamente já traçou projetos prioritários, como concluir o curso de especialização, comprar uma casa, fazer dieta, entre outros. Você sabe também que muitos destes projetos você não conseguiu concluir, pelo menos não no prazo que havia estipulado. Então, nós tivemos que conviver com esse problema, abandonar alguns projetos, adiá-los, e nas organizações isso não é diferente, a grande diferença é que as organizações trabalham menos intuitivamente e mais estruturadamente. 32 Elaboração de Projetos Empresariais a) Fatores críticos de sucesso O autor Rockart (1979, p. 85) define fatores críticos de sucesso como “um limitado número de áreas nas quais os resultados, se satisfatórios, irão assegurar um desempenho competitivo de sucesso para a organização. São as poucas áreas-chaves em que as coisas devem dar certo para que o negócio floresça”. Estes fatores são pesquisados desde a década de 60 e vários autores publicam listas de fatores que influenciam no sucesso do projeto, muitas são específicas, outras são aplicáveis a todos os tipos de projetos. Fortune e White (2006) realizaram uma compilação e análise de 63 publicações sobre os Fatores Críticos de Sucesso e pontuaram os principais, por número de ocorrência, conforme citado em Carvalho e Rabechini Jr. (2009, p. 50): - apoio da gerência sênior; - objetivos claros e realistas; - planejamento firme e detalhado mantido atualizado; - boa comunicação e feedback; - envolvimento do cliente/usuário; - equipe qualificada/suficiente staff; - gestão da mudança eficaz; - gerente de projetos competente; - boa base de projetos; - recursos suficientes e bem alocados; - boa liderança; - tecnologia comprovada e familiar; - cronograma realista; - riscos identificados e gerenciados; - patrocinador de projetos; - controle/monitoramento eficaz; - orçamento adequado; - cultura organizacional; - bom desempenho de consultores externos; - planejamento para encerramento/revisão; - provisão para treinamento; - estabilidade política; - seleção adequada e experiência com metodologia e ferramentas de Gestão de Projetos; e - influência do ambiente. Mas lembre-se, essas listas são um guia, podem ou não fazer parte da sua realidade de gestor de projetos. 33 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Na outra atividade que você fez, pedimos para que identificasse se havia ou não a execução de projetos na organização da qual você faz parte. Vamos dar sequência a esta atividade. Relate agora quais são os fatores críticos que podem acontecer nos projetos que você descreveu na atividade anterior. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ b) Gestão contingencial de projetos – Modelo I4 Como você viu, cada projeto demanda tratamento diferenciado em seu gerenciamento, incluindo as habilidades técnicas, ferramentas e seus processos gerenciais. Assim, cada projeto terá sua variável a ser controlada, os famosos fatores críticos de sucesso (você acompanhou a lista anteriormente), e são eles que contribuem na determinação do sucesso ou fracasso do projeto. Carvalho e Rabechini Jr. (2011) apresentam o modelo contingencial de gestão de projetos I4, como pode ser visto na figura a seguir. Figura 4 – Modelo I4 Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 52). 34 Elaboração de Projetos Empresariais Este modelo tem como princípio que a proposta de ação de um Road map (guia, mapa) não é eficiente, não se encaixa em todos os contextos, sendo necessário assim um road map para cada uma das situações. A fundamentação deste modelo se dá na avaliação dos grupos de variáveis dados como: integração, impactos, inovação e imediatas entregas (CARVALHO; RABECHINI JR., 2011). Uma forma elaborada para gerenciar os quatro I’s, ou seja, as contingências dos projetos baseadas nos I’s, foi a incorporação de áreas e necessidades específicas de cada projeto, como pode ser visto na figura a seguir. Figura 5 – Relacionamento das áreas gerenciais e o modelo I4 Área de Gerenciamento Cluster Inovação Integração Imediatas Entregas Impactos 1 Escopo 2 Recursos Humanos 3 Prazos 4 Custos 5 Aquisições 6 Riscos 7 Comunicação 8 Qualidade 9 Jurídica 10 Ética 11 Marketing 12 Responsabilidade Social 13 Meio Ambiente 14 Saúde 15 Segurança 16 Criatividade 17 Conectividade & Redes 18 Gestão do Conhecimento Legenda: Baixa Intensidade Média Intensidade Alta Intensidade Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 53). 35 Natureza dos Projetos Capítulo 1 No quadro anterior você pôde perceber que cada área possui uma cor que representa a intensidade da situação, podendo ser necessário utilizar mais inovação e integração para realização do projeto. Este quadro vai possibilitar ao gestor a intensificação dos esforços nas áreas identificadas, podendo ser no escopo, comunicação, recursos humanos, entre outras. Outra ferramenta de gestão de projetos que vamos tratar são os guias de conhecimento, acompanhe. c) Guias de conhecimento (BoKs – Body of Knowledge) em gestão de projetos É importante deixar claro que existem diversos guias e modelos utilizados na gestão de projetos, desenvolvidos desde a década de 80. Para exemplificar, aqui vamos utilizar dois modelos citados por Carvalho e Rabechini Jr. (2011), que é o PRINCE 2 e o PMBoK®, e apresentar o que consta em cada um deles, para que no momento em que você for utilizar possa escolher o que se enquadra melhor nas suas necessidades ou, claro, de seus clientes. Então, o PRINCE 2 é uma derivação do modelo corporativo criado em 1975 pela Simpact Systems, conhecida como PROMPT, ainda Carvalho e Rabechini Jr. (2011) afirmam que em 1996 o modelo PRINCE 2 foi publicado, conforme a figura a seguir. 36 Elaboração de Projetos Empresariais Figura 6 – Prince 2 Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 58). Você pode perceber de forma nítida, na figura anterior, que a orientação é por processos no modelo PRINCE. Mesmo que há uma similaridade com os grupos dos processos do PMBoK, aqui temos uma distinção entre o planejamento focando o produto do projeto e também os controles a partir da direção do projeto. Uma boa dica é você aprofundar o estudo nessas metodologias para verificar a utilização e adequação para sua necessidade. Vamos ver agora que ferramentas o PMBoK® pode nos apresentar, ele é estruturado em área de conhecimento e grupos de processos gerenciais, como você pode verificar na figura a seguir. 37 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Figura 7 – Processos e áreas de conhecimento no PMBoK® AREAS PROCESSOS Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 59). As áreas de conhecimento são nove: gestão do escopo, gestão do tempo, gestão de custos, gestão da qualidade, gestão de recursos humanos, gestão da comunicação, gestão de risco, gestão de aquisição e gestão de integração. Que são analisadas de forma matricial por cinco grupos de processos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento (PMI, 2008). Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 59) ressaltam que a matriz de relacionamento de áreas e grupos de processos apresenta algumas intersecções vazias, “dado que apenas a gestão da integração tem todos os grupos de 38 Elaboração de Projetos Empresariais processos”, além das áreas de conhecimento,que podem ter mais de um processo por grupo de processo; “desta forma, totalizando-se 42 processos gerenciais, com entradas, ferramentas e saídas detalhadas ao longo do guia”. Vamos ver isso no quadro que os autores utilizam para exemplificar. Quadro 3 – Grupos de processo e áreas de conhecimento do PMBoK® Áreas de Conhecimento Grupos de processos de gerenciamento de projetos Grupos de processos de iniciação Grupos de processos de planejamento Grupos de processos de execução Grupos de processos de monito- ramento e controle Grupos de processos de encerra- mento Gerenciamento da integração do projeto Desenvolver o termo de abertura do projeto Desenvolver plano de ge- renciamento do projeto Orientar e gerenciar a execução do projeto Monitorar e controlar o trabalho do projeto Realizar o controle integrado de mudanças Encerrar o projeto ou fase Gerenciamento do escopo do projeto Coletar requi- sitos Definir o escopo Criar a estru- tura analítica do projeto (EAP) Verificar o escopo Controlar o escopo Gerenciamento do tempo do projeto Definir as atividades Sequenciar as atividades Estimar os recursos das atividades Estimar as durações das atividades Desenvolver o cronograma Controlar o cronograma 39 Natureza dos Projetos Capítulo 1 Gerenciamento dos custos do projeto Estimar os custos Determinar o orçamento Controlar os custos Gerenciamento da qualidade do projeto Planejar a qualidade Realizar a garantia da qualidade Realizar o controle da qualidade Gerenciamento dos recursos humanos do projeto Desenvolver o plano de recursos humanos Mobilizar a equipe do projeto Desenvolver a equipe do projeto Gerenciar a equipe do projeto Gerenciamento nas comunica- ções do projeto Identificar as partes interessadas Planejar as comunicações Distribuir informações Gerenciar as expectativas das partes interessadas Reportar o desempenho Gerenciamento dos riscos do projeto Planejar o gerenciamen- to dos riscos Identificar os riscos Realizar a análise qualitativa de riscos Realizar a análise quantitativa de riscos Planejar respostas aos riscos Monitorar e controlar os riscos Gerenciamento das aquisições do projeto Planejar aquisições Realizar aquisições Administrar aquisições Encerrar as aquisições Fonte: PMI (2008 apud CARVALHO; RABECHINI JR., 2011, 59). 40 Elaboração de Projetos Empresariais Assim como você pôde ver no quadro, as áreas de conhecimento e os processos servem de guia/norte para o gestor do projeto visualizar a etapa que está sendo trabalhada, assim como as que devem ser trabalhadas, obtendo um controle visual eficiente. Outro item importante a ser observado no quadro, como já dito anteriormente, está relacionado ao tempo, portanto, os grupos de processos de início e fim dos projetos devem ser considerados. Assim, Carvalho e Rabechini Jr. (2011) caracterizam os projetos de início, fundamentalmente pela aprovação e nomeação do gerente. Sendo que esses procedimentos se referem à área do conhecimento denominada integração. Na sequência é realizado o planejamento que conterá o passo a passo, todo o detalhamento do escopo, explicando todas as entregas de cada parte do projeto. Nesta etapa também se calculam os custos de forma organizada para saber em qual etapa serão desembolsadas as quantias. Após a integração das áreas de escopo, prazos, recursos humanos e suprimentos, será possível planejar a qualidade, bem como a comunicação do projeto, e para encerrar esta parte do processo deve-se calcular os riscos que poderão ser enfrentados no projeto. Esta parte estando concluída, será necessário desenvolver os processos de execução e controle, que segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 62), se caracterizam por: - desenvolver as equipes de projetos; - realizar as licitações ou fazer chegar o material necessário ao projeto; - assegurar a qualidade; e - distribuir informações necessárias aos diversos interessados identificados no processo de planejamento. Após o desenvolvimento destas atividades, torna-se possível realizar o processo de controle dos projetos, oferecendo subsídios e informações do que foi ou não foi feito, de desvios, entre outros fatores que contribuirão para tomada de decisão. E, por fim, ao encerrar as atividades do projeto, é o momento do fechamento, onde Carvalho e Rabechini Jr. (2011) recomendam designar um responsável para receber as informações, avaliação e aceite do cliente, utilizando as mesmas para análises e avalições internas e externas ao final do projeto. Para que fique bem claro para você, essa metodologia, em linhas gerais, adota elementos do gerenciamento de projetos proposto pelo PMI. Claro que você irá se deparar com projetos que extrapolam essas linhas de conhecimento 41 Natureza dos Projetos Capítulo 1 e outros que não utilizarão todas as áreas de conhecimento e processos. Isso também pode ocorrer com o ciclo de vida dos projetos, que podem extrapolar os prazos e outros podem ser realizados em um menor tempo que o previsto. Nos próximos capítulos vamos explicar cada uma destas áreas de conhecimento. Algumas Considerações Neste capitulo buscamos apresentar a evolução da gestão de projetos, apresentando a importância do uso dela como ferramenta de gestão e melhoria de planejamento, execução e controle das atividades organizacionais, bem como a conceituação dos projetos. Procuramos enfatizar a importância do papel do gestor na administração dos projetos, suas características e habilidades envolvidas, bem como a sazonalidade deste papel, já que gerir um projeto não é uma atividade contínua, pois ao findar determinado projeto esse gestor poderá ser realocado em outra atividade que não seja a gestão de um projeto, ou até mesmo um novo projeto, portanto, ele precisa ter flexibilidade nestas ações. Apresentamos também algumas das práticas da gestão de projetos, como a baseada no guia PMBoK® e a PRINCE 2, sem esquecer dos fatores críticos de um projeto, lembrando sempre que estas práticas ou mesmo os fatores críticos não representam uma fórmula rígida e certa de utilização, cada realidade poderá utilizar-se de todas essas práticas ou, quiçá, de nenhuma delas. Caberá a você, nosso futuro gestor de projetos, a análise da realidade em que a situação está inserida e a utilização da melhor prática. Referências CARVALHO, M. M. de; RABECHINI JR., R. Construindo competências para gerenciar projetos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. ______. Avaliação de desempenho em projetos complexos: uma abordagem tridimensional. In: RABECHINI JR., R.; CARVALHO, M. M. (Org.) Gerenciamento de projetos na prática 2: casos brasileiros. São Paulo: Atlas, 2009. CODAS, M. M. B. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 27, n. 1, jan./mar. 1987. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0034-75901987000100004#t7>. Acesso em: 17 maio 2016. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7590&lng=en&nrm=iso 42 Elaboração de Projetos Empresariais FORTUNE, J.; WHITE, D. Framing of project critical success factors by a systems model. Internacional Journal of Project Management, v. 24, p. 53-65, 2006. GASSENFERTH, W.; MACHADO, M. A. S.; KRAUSE, W. Gestão empresarial em gotas: agite depois de ler. São Paulo: Cengage Learning, 2012. GÄRTNER, R. Gestão de projetos. Indaial: Uniasselvi, 2010. HELDMAN, K. Gerência de projetos: fundamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ISO – International Organization for Standardization. ISO 10006: Quality management – guidelines to quality in project management, 1997. KELLING, R. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002. LUCCATTO, R. Afinal, o que é gestão? 2011. Disponível em: <http://www. administradores.com.br/noticias/negocios/afinal-o-que-e-gestao/48847/>. Acesso em: 18 maio 2016. MENEZES, L. C. de M. Gestãode projetos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MICHAELIS. Dicionário prático da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. PHILLIPS, J. Gerência de projetos de tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. PMI. A guide to the project management body of knowlege (PMBoK®). 4. ed. Project Management Institute, 2008. PMI. Project Management Institute. A guide to the project management body of knowledge. 3. ed. Pennsylvania: PMI, 2004. POSSI, M.; CASTELO, A.; BORGES, E. 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England, the association of Project Managers, 1984. 44 Elaboração de Projetos Empresariais CAPÍTULO 2 Fase I Dos Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar as fases iniciais de um projeto. � Conhecer a integração, escopo, tempo e custo de um projeto. � Analisar as particularidades da integração e escopo do projeto. � Compor as especialidades do tempo e custos do projeto. 46 Elaboração de Projetos Empresariais 47 Fase 1 dos Projetos Capítulo 2 Contextualização Assim como para alcançar as metas e objetivos da organização se requer planejamento, a realização de uma gestão de projetos eficiente também requer planejamento, e o planejamento em projetos é dividido em etapas do projeto, que o PMBoK classifica em: integração, escopo, tempo, custo, recursos humanos, comunicação, riscos e aquisição do projeto, que serão divididos em duas fases neste livro. A primeira divisão é a integração do projeto, que consiste na formalização do projeto, composição do plano do projeto e a programação de como será a finalização do projeto; e escopo, que fará a coleta dos requisitos para definir a estrutura analítica, os acordos com os stakeholders, como será realizado o controle e alterações do escopo. Stakeholders são as “partes interessadas” nas ações e opiniões da organização. O termo vem do inglês e é utilizado para designar os indivíduos ou grupos afetados pela empresa. Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/cYBtBz>. Acesso em: 20 jun. 2016. Outro fator que veremos ainda neste capítulo é o do tempo, importante etapa, já que o projeto possui tempo determinado e precisa ser realizado no prazo acordado e com o devido controle dos custos, que é a última etapa que veremos neste capítulo. Dividimos as etapas do projeto em duas fases para sua melhor compreensão, as demais você acompanhará no Capítulo III. Boa leitura! Integração do Projeto Talvez você não goste de futebol, mas se for brasileiro irá lembrar da final da Copa do Mundo de Futebol de 2014, onde o Brasil perdeu o jogo por 7x1 da Alemanha. Você também deve estar se perguntando porque utilizamos esse exemplo quando queremos explicar integração de projetos. Se você pensar que naquele time tínhamos os melhores jogadores de nacionalidade brasileira 48 Elaboração de Projetos Empresariais (afinal, a seleção é assim composta, cada um possui talento individual), o que faltou (que nos perdoem os entendidos de futebol) foi a integração, transformar esses talentos individuais em algo coordenado e que trabalhassem/jogassem para conquistar o campeonato. Como isso não aconteceu, vamos lembrar desse fato por algum tempo ainda e utilizar como exemplo da falta de integração, já que a integração, segundo Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 69), tem papel fundamental no gerenciamento de projetos, pois cria as condições necessárias para desenvolver adequadamente o projeto. Partindo deste ponto, o processo de integração leva em conta os ingredientes que se encontram no ambiente onde o projeto está sendo ou será realizado, e “é no processo de integração que os gerentes lançam o projeto, estabelecendo seus objetivos, restrições, premissas, justificativas pelas quais o projeto foi criado etc.”. Vargas (2009) também explica que o gerenciamento da integração é a etapa que abarca os processos necessários para que todos os elementos do projeto sejam coordenados adequadamente e integrados, garantindo que o todo prevaleça sempre. Ainda o PMBoK (2008, p. 78) descreve que “o gerenciamento da integração do projeto inclui os processos e as atividades necessárias para identificar, definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades dos grupos de processos de gerenciamento”. Então fica sendo papel da gestão de projetos incorporar e organizar todas as ações do projeto por ordem de relevância, orientando a execução e controlando as ações que são previstas. A Figura 8 apresenta a importância da integração como elo entre as demais etapas do projeto. Figura 8 - Integração do projeto Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 68). 49 Fase 1 dos Projetos Capítulo 2 Você pôde observar na Figura 8 que a área de integração fica na parte central do projeto, ela é responsável, como o próprio nome sugere, por integrar as demais áreas. Cabe à área de integração, também como exemplificam Carvalho e Rabechini Jr. (2011), quando uma atividade está atrasada, mensurar o impacto em outras áreas, como o aumento dos custos, a necessidade de mais recursos humanos, pois é na área da integração que é feito o gerenciamento dos elementos que darão subsídios para tomada de decisão. É nesta mesma área que é realizado o controle das alterações do projeto. Quem faz a gestão de possíveis alterações também é a área de integração, além de ser responsável pelo encerramento do projeto, a organização final, reuniões, entre outras atividades (CARVALHO; RABECHINI JR., 2011). O PMI (2004) responsabiliza a área de integração pelos seguintes processos: a) Desenvolver o Project charter (termo de abertura): é a parte onde é desenvolvido o documento, contrato, solicitação, proposta de projeto, entre outros termos que possam ser utilizados para, formalmente, autorizar a execução do projeto entre a organização solicitante e a organização executora. Vargas (2009) apresenta um modelo mental deste processo que pode ser observado na Figura 9. Figura 9 - Mapa mental do processo - Desenvolver o termo de abertura do projeto Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 53). Como você pôde verificar na figura do mapa mental, para que seja desenvolvido o termo de abertura, serão recebidas entradas do que se espera do trabalho, o negócio a ser feito, contrato, os fatores ambientais, os ativos dos processos da organização, além das opiniões dos especialistas tanto da contratada quanto da contratante utilizadas como ferramentas, para aí sim, ter como saída o termo de abertura do projeto. Valle et al. (2010, p. 15) descrevem, complementando sobre o processo, um ponto importante, que “é a identificação de todas as pessoas ou organizações que 50 Elaboração de Projetos Empresariais podem ser afetadas pelo projeto, além do registro das informações importantes ligadas aos seus interesses, impacto e envolvimento no projeto”. b) Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto: onde são formalizados os planos para estabelecer as ações,integrar e coordenar todos os subsídios para gerenciar o projeto. Vargas (2009) também elabora um mapa mental do desenvolvimento do plano de gerenciamento do projeto. Veja na Figura 10. Figura 10 - Mapa conceitual plano de gerenciamento do projeto Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 53). Nesta parte dos processos de integração, as entradas serão o termo de abertura anteriormente elaborado, as saídas dos processos de planejamento, os fatores ambientais da empresa aqui também são considerados, bem como os ativos de processos da organização e a ferramenta de opiniões dos especialistas, que aqui é utilizada para ter como saída o plano de gerenciamento do projeto. Este processo da área é bem complexo, amplo e talvez o mais importante, segundo Valle et al. (2010, p. 19), “é o processo de registro das atividades necessárias para definir, preparar, integrar e coordenar todos os planos na principal fonte de informações de como o projeto será planejado, executado, monitorado, controlado e encerrado”. c) Orientar e gerenciar a execução do projeto: momento de executar o trabalho definido no plano de gerenciamento a fim de alcançar os objetivos. Vargas contribuiu com o mapa mental deste processo, acompanhe na Figura 11. 51 Fase 1 dos Projetos Capítulo 2 Figura 11 - Mapa conceitual do processo de orientar e gerenciar a execução do projeto Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 53). No processo de orientação e gerenciamento, as entradas são compostas pelo plano de gerenciamento, as solicitações de mudanças depois dos estudos feitos no planejamento, novamente os fatores ambientais da empresa e os ativos de processos organizacionais e, como não pode deixar de ser utilizada, a ferramenta de opinião dos especialistas. Para obter como saída, a próxima fase deste processo são as entregas, informações, solicitações de mudanças, atualizações do plano e dos documentos do projeto. d) Monitorar e controlar o trabalho do projeto: para que os objetivos do plano de gerenciamento sejam alcançados é necessário monitorar e controlar os processos para iniciar, planejar, executar e encerrar o projeto. Vargas apresenta o mapa mental deste processo, veja na Figura 12. Figura 12 - Mapa mental do processo de monitorar e controlar o trabalho do projeto Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 54). Aqui as entradas são compostas pelo plano de gerenciamento, os relatórios de desempenho das fases anteriores, os fatores ambientais da empresa e os ativos de processos organizacionais, e também a utilização da ferramenta das opiniões dos especialistas, para se ter como saída as solicitações de mudanças, atualizações do plano de gerenciamento e dos documentos do projeto. Perceba 52 Elaboração de Projetos Empresariais que esse processo não é estático, das diversas fases que você acompanhou até aqui, sempre é permitida a atualização dos planos. e) Realizar o controle integrado de mudanças: momento de rever todas as mudanças solicitadas, aprovadas e também coordenar as alterações ao longo do projeto. Aqui é o momento de revisar tudo o que foi solicitado de mudança, então, Vargas (2009) apresenta o mapa mental desta etapa do processo na Figura 13. Figura 13 - Mapa mental do processo de realizar o controle integrado de mudanças Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 54). Quando é realizado o controle integrado de mudanças, as entradas se dão pelo plano de gerenciamento do projeto, as informações sobre o desempenho do trabalho, as solicitações de mudanças, os fatores ambientais da empresa e os ativos de processos, e acrescida como ferramenta, além das opiniões dos especialistas, há também as reuniões e controles de mudanças, para depois do processo termos como saídas as atualizações do andamento e solicitações de mudanças, atualizações do plano de gerenciamento e dos documentos do projeto. f) Encerrar o projeto ou fase: chegada a hora de organizar a documentação para fechar o projeto. Conforme Vargas (2009), é o momento de fechar formalmente o projeto, veja o mapa mental desta fase na Figura 14. Figura 14 - Mapa mental do processo de encerrar o projeto ou fase Fonte: Adaptado de Vargas (2009, p. 54). 53 Fase 1 dos Projetos Capítulo 2 Fechada a parte final do processo, as entradas são dadas pelos planos de gerenciamento do projeto, entregas aceitas e os ativos de processos organizacionais, novamente utilizando como ferramenta as opiniões dos especialistas para ter como saída deste processo a transição dos produtos, serviço ou resultado final, e a atualização dos ativos de processos organizacionais. Vejamos, em um modelo prático, como se dá essa integração do projeto, apresentado na Figura 15: Figura 15 - Fluxo da integração do projeto Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 71). 54 Elaboração de Projetos Empresariais Na figura você percebeu que todos os fluxos se voltam para a integração, que tem o papel de monitorar e controlar as demais áreas, corroborado por Jordão et al. (2006), o qual destaca que o gerenciamento da integração é destaque na integração das interfaces entre os diferentes processos e diferentes áreas do conhecimento, como exemplificado na figura anterior, as integrações de custos, resultados, entre outras. Vargas (2009, p. 55) chama a atenção para alguns cuidados que devem ser tomados com relação ao gerenciamento da integração, como: • verificar se as outras áreas envolvidas possuem controle dos processos de mudanças específicas que sirvam de subsídios ao processo geral de controle de mudanças; • manter os registros de desempenho para a qualquer momento verificar e monitorar o desempenho; • verificar se metas e objetivos do projeto estão evidenciados nos demais planos do projeto; • o replanejamento deve ser feito sempre de maneira integrada, caso for necessário; • utilizar do plano de comunicação a fim de garantir que todas as demais áreas estejam trabalhando de forma única no gerenciamento do projeto. Identificados os processos integrados e o fluxo desta integração, há ainda critérios propostos por Jordão et al. (2006) para a apresentação da integração do projeto, conforme segue: • Entradas: composto por informações, dados ou resultados que possam ser relevantes para subsidiar o processo em questão. Estes projetos podem ser realizados apenas em uma organização a qual está executando, mas também podem ser realizados em mais de uma organização. Lembrando sempre que se houver mais de uma organização envolvida no projeto, essa relação necessariamente precisa ser formalizada, e a empresa envolvida deverá desenvolver o termo de abertura do projeto. • Ferramentas e técnicas: diz respeito às diferentes técnicas de execução ou ferramentas possivelmente aplicadas para realizar o processo. Lembrando que essas ferramentas e técnicas não seguem uma receita rígida. Dependendo do caso, poderá ser mais ou menos utilizada em determinada ferramenta, o gestor sempre deverá considerar o objetivo que se quer alcançar. • Saídas: é o resultado objetivo por meio da execução do processo. Elas servirão de subsídios para viabilizar outro processo que tornará a ser uma entrada. 55 Fase 1 dos Projetos Capítulo 2 Você deve estar se perguntando: mas por que é realizado um projeto? O que o motiva? Bom, respondemos: são diversas as razões, pode ser por pressão do mercado, necessidade de mudança interna, uma nova perspectiva de negócio ou de mercado, até mesmo por uma necessidade social. Então, veremos a seguir as partes do processo que envolvem a integração dos projetos. O Início: A Formalização do Projeto - Project Charter O início de um projeto ocorre de diversas formas e é percebido também de diversas formas pelos envolvidos. Carvalho e Rabechini Jr. (2011) afirmam que poucas são as empresas que têm processos que definem o início do projeto, justamente aí está a razão para que os envolvidos definam o início formal do projeto,
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