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Prova II -Direito Ambiental - Lucas Z Piovesan

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UNIVERSIDADE FRANCISCANA 
CURSO DE DIREITO (DIURNO) 
DIREITO AMBIENTAL – PROFESSOR DR. MÁRCIO DE SOUZA BERNARDES 
2.ª AVALIAÇÃO – DATA: 02.06.2021 – HORA: 18:30 do dia 02.06 até as 12:00 hr do dia 03.06 
Valor: 10,00 
 
Acadêmico(a): Lucas Z. Piovesan
INSTRUÇÕES: 
1º) Esta avaliação é em DUPLAS e poderá ser entregue até sábado, dia 03.07.2021, não sendo considerada a submissão após o horário de 
término. 
2º) Este arquivo de texto editável está protegido contra alterações nas partes relativas aos enunciados das questões e ao cabeçalho, de modo que 
os alunos somente poderão lançar seu nome e suas respostas nos campos liberados para preenchimento. As linhas existentes são 
meramente indicativas do tamanho da resposta esperada e podem ser apagadas, para serem substituídas pelas respostas do aluno. 
3º) Após a conclusão, APENAS UM ALUNO DA DUPLA deverá salvar o arquivo de texto em formato .PDF antes de enviá-lo para correção 
pelo Moodle. 
 
1) Discorra sobre Licenciamento Ambiental, abordando e explicando, com fundamentos legais, as suas fases. 
Explique, ainda, o que é o EIA e como e quando ele deve ser realizado no processo de Licenciamento Ambiental 
(valor: 2,0) 
 
Licenciamento Ambiental é um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, estabelecida pela Lei nº 
6.938 de 31 de agosto de 1981, que tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da 
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida. Assim, o Licenciamento Ambiental deve ser realizado 
junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais de planejamento e instalação até a efetiva operação do 
empreendimento. 
 
O processo de Licenciamento Ambiental é dotado de três fases: 
 
Licença prévia: que deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do 
empreendimento. Essa licença aprova apenas a viabilidade ambiental e estabelece as exigências técnicas para 
o desenvolvimento do projeto, mas não autoriza sua instalação; 
 
O EIA (Estudo de Impacto Ambiental) é exigido na fase de Licença Prévia de atividades que possuam 
capacidade de causar significativa degradação ambiental, está disposto no artigo 225 da C.F que incumbe ao 
Poder Público assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
Licença Instalação: que autoriza o início da obra de implantação do projeto. Sua execução deve ser feita 
conforme o modelo apresentado. Qualquer alteração na planta ou nos sistemas instalados deve ser 
formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação; 
 
E da Licença de Operação: que autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa deve ser requerida quando 
a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle ambiental estabelecidas 
nas condicionantes das licenças anteriores. 
 
2) Explique a diferença entre Teoria do Risco Integral e Teoria do Risco Criado no que se refere a responsabilidade 
ambiental, demonstrando em que circunstâncias o STJ tem aplicado cada uma delas. (Valor: 2,0) 
 
Podemos conceituar risco como a expectativa da probabilidade de insucesso em função de acontecimentos 
incertos. A teoria do risco integral não se preocupa com elementos pessoais, sequer de nexo causal, ainda que 
se trate de atos regulares praticados por agentes no exercício de suas funções. Aqui a responsabilidade é 
aplicada mesmo sendo a vítima quem deu exclusivamente causa à situação. 
 
Já o risco criado é uma ampliação da teoria do risco proveito (aquele que tirar vantagem do fator gerador do 
dano, ainda que indiretamente, tem a obrigação de repará-lo), qualquer atividade, seja econômica ou não, é 
geradora de riscos, isto é, o agente coloca-se em situação de risco tão somente por exercer a atividade e, 
portanto, estará obrigado a indenizar bastando a exposição ao dano. 
 
No que diz respeito à responsabilidade civil por dano ambiental, o entendimento do STJ é que a 
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de 
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a 
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para 
afastar a sua obrigação de indenizar. 
 
3) Paulo da Silva é titular de uma área rural de 500 ha, no município de Maracajá do Sul. Parte de sua área, com difícil 
acesso e não utilizada há dois anos por Paulo, foi ocupada sem seu conhecimento por João Carlos e outros. A 
área ocupada sem o seu consentimento situava-se à margem de um curso d’água, sendo, pelo Código Florestal, 
considerada Área de Preservação Permanente, com proteção especial por ser parte do Bioma Mata Atlântica. 
Ocorre que João Carlos e outros, desmataram cerca de 5 ha, atingindo inclusive mata ciliar do rio, para plantar 
arroz. Noticiado do ocorrido, Paulo da Silva foi até o local com a Brigada Militar que expulsou os invasores. No 
entanto, a Brigada Militar, registrando a ocorrência, encaminhou abertura de inquérito para polícia civil para apurar 
a prática de desmatamento ilegal de 5 ha de Mata Atlântica nativa, lavoura de arroz sem licenciamento, e caça 
ilegal, já que foram encontradas duas capivaras abatidas no local. Após o Inquérito, o IBAMA abriu processo 
administrativo, cobrando de Paulo da Silva uma multa de R$ 90.000,00 e a apresentação de um Projeto de 
Recuperação Ambiental da área degradada. O MP ingressou com uma Ação Civil Pública, cobrando de Paulo a 
recuperação da área degradada e a imposição de multa de R$ 22.000,00. Além disso, ingressou com Ação Penal, 
pelos crimes correspondentes ao dano ambiental referido, elencados na Lei 9.605/98. Paulo da Silva, tão logo a 
área foi desocupada pelos invasores, contratou os serviços de um engenheiro florestal e providenciou todas as 
medidas para isolamento e recuperação da área degradada. Conforme parecer do Engenheiro florestal, que 
acompanhou a recuperação, foi atestada a plena recuperação da totalidade da área que, por suas características, 
apresentava excelente resiliência. Em face desta situação, responda fundamentadamente: 
a) Quais os argumentos defensivos de Paulo para o Processo Administrativo junto ao IBAMA? Paulo terá responsabilidade 
administrativa pelo desmatamento e pela lavoura sem licenciamento? (Valor 1,5) 
b) No que se refere à Ação Civil Pública, quais os argumentos defensivos de Paulo. Poderá ele isentar-se da 
responsabilidade civil? (valor 1,5) 
c) Paulo responderá criminalmente pelo desmatamento e pela caça ilegal de animal silvestre? Fundamente. (valor 1,5) 
 
 
a) Sim, terá responsabilidade. 
 
Cuida-se de uma obrigação considerada em regra propter rem, como tem decidido o Superior Tribunal de 
Justiça: 
(...) 2. A jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de que os deveres associados às APPs e à Reserva 
Legal têm natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse, independente do 
fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação ambiental. Casos em que não há falar em culpa ou 
nexo causal como determinantes do dever de recuperar a área de preservação permanente (AgRg no Resp 
1.367.986/SP – Relator: Min. Humberto Martins - decisão publicada no DJe de 12.03.2014). 
 
Dificilmente será reconhecida causa de exclusão da responsabilidade. Paulo poderá se utilizar da usual 
invocação da responsabilidade de terceiro, que somente é acolhida pela jurisprudência em situações 
excepcionais. 
 
Por fim, são coobrigados solidários todos que concorreram para a degradação ambiental. Essa obrigação, que 
é objetiva e fundada na teoria do risco integral, do ponto de vista processual enseja litisconsórcio facultativo. 
 
b) Poderá alegar que a mera lavratura do auto de infração ambiental não comprova a materialidade e autoria 
para a propositura de ação civil pública,nem a obrigação de reparar ou indenizar, sendo imprescindível a 
prévia comprovação do dano na inicial, bem como a inépcia da petição inicial ante à inexistência de prova a 
respeito do nexo causal do Requerido, onde não há que se falar em infração, mesmo porque, a Lei exige a 
demonstração inequívoca da participação do suposto infrator no evento danoso, não sendo possível imputar a 
responsabilidade civil, muito menos pleitear indenização por danos coletivos. Inexistência do dano moral 
coletivo, pela falta de "dor física ou psicológica coletiva, situações que determinam degradação ambiental 
causadora de mal- estar e ofensa aos sentimentos de cidadania", entendimento presente nas jurisprudências do 
STJ. 
 
c) É nulo o auto de infração ambiental lavrado contra terceiro, não sendo possível a aplicação de nenhuma 
sanção a terceiros que não tenham concorrido para o dano ambiental, por força do princípio da 
intranscendência das penas (art. 5º, inc. XLV, CF/88), aplicável no âmbito penal. 
 
4) A Lei nº 9.605/1998, que trata das sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente, dispõe em seu Art. 3º: “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. É 
admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas 
físicas ocupantes de cargo de direção do órgão responsável pela prática criminosa? Aborde o posicionamento 
jurisprudencial existente sobre o tema no âmbito dos tribunais superiores. (valor: 1,5): 
 
A atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – culminando na reforma da posição do STJ – afirma que 
a responsabilidade da pessoa jurídica independe da pessoa física (IGLECIAS, 2014, p. 202). Nesse sentido, 
consta no informativo 714 do Supremo Tribunal Federal que: 
“É admissível à condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as 
pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 
 
https://jus.com.br/tudo/penas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

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