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1 OFERTA E CONSUMO DE OXIGÊNIO Parâmetros convencionais de perfusão tecidual: PA Diurese Extremidades: temperatura da pele, enchimento capilar, coloração Sensório Embora sejam fundamentais e devam ser pesquisados em todo paciente crítico são parâmetros muito grosseiros. Diagnóstico de choque baseado nos parâmetros convencionais: ↓ PA ↓ Diurese Extremidades frias e pálidas Enchimento capilar retardado ↓ Sensório Choque oculto: pacientes que já evoluíram com hipoperfusão mas mantém os parâmetros sem alteração, então: PA, diurese, extremidades e sensório normais ↓ O2 tecidual Transporte de 02: Para que a disponibilidade de oxigênio (oferta) seja adequada é fundamental uma troca gasosa adequada o Ventilação alveolar passagem do ar pela traqueia, brônquios, bronquíolos até os alvéolos o Hematose o Transporte de oxigênio no sangue quase que exclusivamente através da Hemoglobina Para que a hemoglobina oxigenada chegue aos tecidos é preciso ter um Débito cardíaco adequado, uma vez que o oxigênio chega na célula ele vai ser usado pela mitocôndria para produção de energia (Ciclo de Krebs) Então os fatores que precisam estar adequados para que a perfusão também esteja são: Ventilação alveolar, hematose, quantidade de hemoglobina, DC Se a oferta de oxigênio for menor que o consumo as células fazem respiração anaeróbica com produção de lactato Isso é o choque! Estado de hipoperfusão. Então a caracterização do choque é um estado de hipoperfusão tecidual e celular, que pode ter os parâmetros convencionais alterados, mas que nem sempre vai ter. Conteúdo arterial de Oxigênio (CaO2): é a quantidade de oxigênio presente no sangue arterial, depende da oxigenação e da taxa de hemoglobina (quantidade de hemoglobina e a saturação de hemoglobina) É importante lembrar que a maior parte de oxigênio está ligado à hemoglobina e uma pequena parte está dissolvida no plasma. O conteúdo arterial de oxigênio depende pouco da PaO2 no sangue arterial, porque não tem muito dissolvido no plasma. 2 Oferta de Oxigênio (DO2): A oferta de oxigênio (disponibilidade) depende do conteúdo arterial de oxigênio e do DC O índice de disponibilidade de O2 depende do conteúdo arterial de oxigênio e do Índice cardíaco (IC) O entendimento desses conceitos é fundamental para que seja possível entender onde é possível interferir diante de um paciente em hipoperfusão (na taxa de hemoglobina, na saturação de hemoglobina ou no débito cardíaco) Débito cardíaco (DC): DC = VS X FC Débito cardíaco = volume sistólico x frequência cardíaca Volume sistólico (quanto que o VE ejeta na aorta) depende de: o Pré carga: volemia, quanto de sangue e oxigênio chega no VE o Pós carga: resistência vascular periférica (RVP) Se tiver uma situação de redução da volemia ou de aumento da RVP tem diminuição do volume sistólico. o Inotropismo: força de contração do coração (Fração de ejeção – que é a porcentagem do volume diastólico final do VE que é realmente ejetado após um batimento cardíaco) o Função diastólica: capacidade que o VE tem de receber sangue do AE. A complacência ventricular é fundamental no VS, consequentemente no DC e na oferta de Oxigênio. Exemplo: Volume diastólico final de 100ml se tem uma fração de ejeção de 50% ele vai ejetar 50ml na aorta. Por outro lado, se no final da diástole o ventrículo só comporta 50ml, mesmo se ele manter uma fração de ejeção de 50% ele vai ejetar só 25ml (ou seja, o VS na aorta vai ser de 25ml DC menor e oferta de oxigênio aos tecidos menor) Curva de Frank-Starling: O volume sistólico depende do volume diastólico final, mas uma das grandes perguntas é se o indivíduo se beneficia ou não de reposição volêmica. o Quando o indivíduo está na fase ascendente da curva, se alterar a Pré-carga do VE, tem aumento do VS o Se o indivíduo já se encontra em uma fase de platô da curva, uma expansão volêmica não apresenta um aumento do VS significativo Lembrar que um paciente crítico pode perder de um dia para o outro seu inotropismo, por exemplo por fatores mediadores da sepse (com achatamento da curva e resposta à reposição volêmica menor Falência miocárdica) Oferta e consumo de Oxigênio: Pode ser feita uma analogia com um trem que carrega moléculas de oxigênio, sendo as hemoglobinas os vagões. Não adianta ter uma função pulmonar normal, com boas trocas gasosas acontecendo, se não tiver hemoglobina para transportar o oxigênio. 3 Por outro lado, mesmo que todos os vagões estejam cheios de oxigênio, eles não chegariam aos tecidos se não tiver um coração e um DC funcionando, que é a locomotiva. Nos tecidos ocorre extração de parte do oxigênio, em torno de 25% o Saturação venosa mista em torno de 75% (SvO2) A circulação venosa leva o trem de volta aos pulmões, já com uma saturação de oxigênio reduzida, onde será feita hematose e os vagões se enchem novamente ciclo contínuo Caso ocorra uma diminuição de oferta por algum motivo (Ventilação insuficiência, hematose inadequada, diminuição de hemoglobina, DC inadequado, Consumo exagerado) vai ter sinais e sintomas de hipoperfusão. Consumo de oxigênio: A oferta de O2 deve estar acoplada ao consumo, se isso não acontece vai ter sinais e sintomas de hipoperfusão: o PA e FC: hipotensão, aumento da FC o Rebaixamento do sensório o Pele: arroxeamento, retardo do enchimento capilar o Diminuição da diurese o SatVO2 (saturação venosa central) – se os tecidos estão consumindo muito oxigênio a SatVO2 diminui o Lactato – se os tecidos estão consumindo muito oxigênio aumenta lactato porque as células passam a fazer glicólise anaeróbica Lactato arterial: o Marcador de hipoperfusão tecidual mais estudado o Causas de hiperlactatemia: se eleva porque tem aumento da perfusão (resposta a hipóxia tecidual) ou por diminuição do Clearence por problema hepático Hipoperfusão Ativação glicolítica Inibição PDH Disfunção hepática o Valor prognóstico: tem relação importante com a mortalidade, pacientes que mantém o lactato alto tem menor chance de sobrevida nos quadros de choque. Saturação venosa central (SVcO2): o Sangue venoso misto representa todo o retorno misto: VCI, VCS, coração e pulmões o VCI retorna 75% do retorno venoso, VCS grosseiramente 25%, sem contar o retorno do coração e pulmões o A SVcO2 (do AD), varia em paralelo com o sangue venoso misto, que teria que ser obtido no ramo da artéria pulmonar e exigiria um cateter mais sofisticado. Dessa forma, se for instalado um cateter no AD através da veia jugular interna ou através da subclávia vai ser obtida a saturação venosa central, que vai refletir de forma adequada o consumo de O2 de todo o organismo. o Lembrando do trem que carrega as moléculas de hemoglobina e de oxigênio, quem determina a velocidade com que o trem circula pelo 4 organismo é o Débito cardíaco. Se tiver uma redução do DC tem redução da velocidade do trem com consequente maior extração de oxigênio. Então quando tiver uma SatVcO2 < 70% fala muito a favor de aumento do consumo, levando a pensar na possibilidade de falência miocárdica participando desse quadro de choque, e a conduta deve ser observar todos os parâmetros que determinam a oferta de oxigênio e atuar em cima deles: Aumento da hemoglobina Aumento da saturação de hemoglobina Aumento do inotropismo cardíaco Resumindo: DO2 = CaO2 x DC (oferta de oxigênio depende do conteúdo arterial de oxigênio e do DC) o CaO2 = (Hb x 1,34 x SatO2) + (PaO2 x 0,031) – conteúdo arterial de oxigênio depende da hemoglobina e da saturação arterial de oxigênio, a segunda parte da equação relacionada a quantidade de oxigênio dissolvido no plasma tem pouquíssima importância, sendo depressível. o DC = VS x FC o Entãoa oferta de oxigênio vai depender: Da função cardíaca (sistólica, diastólica, pré-carga, pós-carga) Da taxa de hemoglobina Da saturação arterial de oxigênio Se oferta < consumo: o Hipoperfusão: Oligúria Rebaixamento do sensório Pele mosqueada Enchimento capilar retardado Redução da PA Aumento do lactato (que demonstra que as células estão usando vias alternativas para produção de energia) Diminuição da saturação venosa de O2 (demonstra aumento do consumo) Diante disso, seja qual for a causa, é preciso ter em mente quais os fatores determinam a oferta a atuar em cima deles: - Dar hemácias, glóbulos; - Aumentar a saturação por meio do aumento da FiO2 mudando a estratégia ventilatória; - Dar volume para aumentar a pré-carga se estiver na fase ascendente da curva; - Uso de drogas inotrópicas se estiver na fase de platô
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