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A quantidade do potássio no organismo é de aproximadamente 40-50 mEq/kg. 98% está nas células e o restante nos compartimentos extracelulares (Um indivíduo de 70 kg terá de 2.800-3.500 mEq de potássio). A membrana de “células excitáveis” do organismo ( neurônios, células musculares incluindo miócitos cardíacos, células musculares esqueléticas e lisas) possui canais iônicos (canais de sódio, cálcio e potássio) que funcionam de acordo com a polaridade da membrana. O principal responsável por esse gradiente de concentração e consequente DDP é o potássio. Isso justifica o motivo de que mesmo níveis discretamente inferiores ou superiores já podem causar problemas para o organismo (Calcemia normal de 3,5-5,5 mEq/L). A [ ] de potássio intracelular é por volta de 155 mEq/L enquanto a extracelular é de +- 5 mEq/L. A Na-K-ATPase “joga potássio para dentro da célula” ajustando/ mantendo diferença de concentração. Os Problemas eminentes nos casos de hipercalemia ou hipocalemia estão no risco arritmias e distúrbios de condução intracardíaco. Pode ocorrer alteração na eletrofisiologia cardíaca ⇒ Modificação do potencial de repouso⇒ interferindo no automatismo, velocidade de condução e refratariedade das fibras cardíacas ⇒ taquiarritmias, bradiarritmias e distúrbios de condução intracardíacos. O potássio também está ligado com equilíbrio ácido básico, a hipercalemia está ligada à acidose, enquanto a hipocalemia está ligada à alcalose. Em um organismo saudável, mecanismos fisiológicos conseguem “ajustar” nível de potássio apesar da grande variação na quantidade de potássio ingerida ou perdida. Em uma alimentação normal, é consumido entre 40-150 mEq (0,5-2 mEq/kg) de K+ por dia. ⇒ Ao se ingerir uma grande quantidade de K+, pode ocorrer um discreto aumento da calcemia, contudo isso logo é ajustado. O potássio é quase totalmente absorvido pelo intestino⇒ chega ao plasma ⇒ Entra nas células por ação da “bomba Na-K-ATPase (a ação da a insulina e da adrenalina aceleram influxo celular de potássio) ⇒ Após 6-8h, o potássio excedente passa a ser eliminado pelos rins (principalmente por ação da ALDOSTERONA - retém de sódio em troca da excreção renal de potássio e hidrogênio no túbulo coletor). ##Em caso de baixo consumo de K+ o corpo tende a se “proteger “ ⇒ Ocorre liberação do K+ intracelular para o plasma ⇒ Supressão da aldosterona (em baixos níveis no plasma, a secreção tubular de potássio praticamente cessa, ocorre um mecanismo de reabsorção nas células do túbulo coletor. Esse efeito atinge o seu efeito máximo após 5-7 dias). ## Pacientes com dificuldade para eliminação renal de K+ pode acontecer adaptação no intestino, aumentando excreção fecal para até 60 %. Hipercalemia (K > 5,5 mEq/L) > 5,5 ----------------6,5 --------------------7,5 ---------------------8,5 Leve Moderada Grave (precisa de dialise) ⇒ Distúrbio menos frequente que a hipocalemia. ⇒ A insuficiência renal é uma das principais causas e mais preocupante. Caso não realizado diálise, esses pacientes evoluem para parada cardíaca devido efeito da hipercalemia sobre o coração. # Rabdomiólise e síndrome da lise tumoral podem causar grande elevação do K+ em curto período, podendo chegar até 12 mEQ/L. ⇒ Boa parte dos pacientes com insuficiência renal crônica consegue eliminar algum potássio pela urina e pelas fezes, evitando quadro de hipercalemia fatal. Normalmente conseguem se manter normocalcêmico até as fases avançadas, quando a taxa de filtração glomerular encontra-se abaixo de 10 ml/ min. #Os néfrons remanescentes hipertrofiam por efeito da aldosterona e conseguem eliminar mais potássio. A mucosa colônica também responde à aldosterona e passa a secretar potássio nas fezes. ⇒ Normalmente “conseguimos contornar” algum grau de hipercalemia ⇒ O excesso de potássio plasmático é “tamponado” para o interior das células, por ação da Na-K-ATPase da membrana celular ( este influxo é estimulado pela insulina e adrenalina)⇒ Após 6-8h o aumento da produção de aldosterona estimula a excreção renal de potássio. Causas de Hipercalemia ⇒ “Acúmulo” de potássio ⇒ Administração exacerbada de potássio: os mecanismos de "defesa/adaptação" tem um certo limite, ingestão/ administração de quantidade superior a 130 mEq de K+ podem elevar os níveis de potássio para mais de 6,0 mEq/L. #cuidar na ingestão de de said e potássio ou infusão rápida de penicilina cristalina potássica. ⇒ Insuficiência renal aguda: Insuficiência renal oligúrica, ocorrendo na necrose tubular aguda isquêmica e séptica, na rabdomiólise, na síndrome de lise tumoral e na glomerulonefrite rapidamente progressiva. ⇒ Insuficiência renal crônica: Costumam ficar normoglicêmicos até o momento de síndrome uremica avançada (quando ocorre inibição da Na-K-ATPase pela uremia), quando a taxa de filtração glomerular está abaixo de 10 ml/min. #clearance de creatinina < 10ml/min ⇒ passa a ter retenção de potássio ⇒ necessário terapia dialítica. ⇒ Insuficiência Suprarrenal Primária: As principais causas são doença de Addison, Aids, tuberculose, sepse. Ocorre depleção de cortisol (glicocorticoide) e de aldosterona (mineralocorticóide) ⇒ hiponatremia + hipercalemia + acidose metabólica. #Pacientes também apresentam emagrecimento anorexia, hipovolemia e hipotensão arterial refratária a volume. ⇒ Hipoaldosteronismo Hiporreninêmico: Queda na produção de renina pelo aparelho justaglomerular⇒ redução dos níveis de angiotensina II e aldosterona⇒ redução da secreção tubular de potássio e H+. #50-70% dos casos de hipercalemia crônica inexplicada (80% dos acometidos sofrem de diabetes, geralmente com disfunção renal leve a moderada - clearance de creatinina entre 40-75 ml/min). ##Pseudo-Hipoaldosteronismo ⇒ Síndrome clínica e laboratorial é idêntica àquela encontrada no hipoaldosteronismo hiporreninêmico, porém os níveis de aldosterona estão aumentados. Isso ocorre por resistência do túbulo coletor ao efeito da aldosterona. ⇒ Medicamentos que retém potássio: Diuréticos poupadores de potássio ⇒ no túbulo coletor, inibem a reabsorção de sódio e a secreção de potássio e H+. Os inibidores da ECA, os antagonistas da angio II e a heparina ⇒ provocam um hipoaldosteronismo leve predispondo à hipercalemia. ⇒ Acidose metabólica : dois mecanismos agem aqui (ocorre acúmulo de K+ e sua saida da célula). 1-na acidemia, o H+ entra na célula para ser tamponado e em troca sai K+ (para cada 0,1 ponto de queda no pH, a calemia aumenta 0,5 mEq/L) 2- “troca” de K + por H + (em excesso) no processo de reabsorção de sódio no túbulo coletor. ⇒ Saída de potássio da célula ⇒ Hiperosmolaridade: Hipernatremia ou hiperglicemia grave ⇒ saída de líquido das células para o extracelular ⇒ concentrando o potássio intracelular que, também tende a sair da célula. #A cada 10 mOsm/L de aumento da osmolaridade plasmática, a glicemia se eleva em 0,6 mEq/L. ⇒ Exercício Físico Extenuante: Exercício muscular⇒ ativação dos canais de potássio da membrana e há saída deste íon para o interstício local (o potássio contribui para a resposta vasodilatadora muscular, necessária ao exercício físico) ⇒ Em caso de excesso de exercício muito K+ sai do músculo e cai no plasma. ⇒ Rabdomiólise (geralmente causada por politrauma, queimadura, intoxicação por cocaína, tétano, estado de mal epiléptico, hipofosfatemia grave e hipocalcemia grave): Célula muscular “morre” ⇒ potássio dessas células vão para o plasma + mioglobina é liberada ⇒ lesão tubular renal e IRA oligúrica. ⇒ Hemólise maciça: Hemácias lesadas ⇒ extravasamento de K+ #Em casos de hemólise intravascular aguda grave (reação transfusional por incompatibilidade ABO), o paciente pode evoluir para IRA oligúrica e piora da hipercalemia. ⇒ Medicamentos: Os digitálicos, inibem a Na-K-ATPase⇒ dificultam a entrada de potássio nas células. Os beta-bloqueadores inibem a ação da adrenalina sobre os receptores beta-2 A succinilcolina ⇒ ao despolarizar a membrana dos miócitos, promove o efluxo celular de potássio. A penicilina potássica contém cerca de 1,6 mEq de potássio a cada ummilhão de unidades. Manifestações Clínicas =======>Geralmente assintomática, porém em elevações agudas costumam causar sintomas como : ⇒ Fraqueza muscular. ⇒ Hipoventilação / Insuficiencia respiratoria. ⇒ Paralisia ascendente. ⇒ Arritmia cardíaca. ⇒ Parada cardiorrespiratória. # Os tecidos afetados são basicamente o cardíaco e o muscular esquelético. ⇒ O Eletrocardiograma tem padrão de alterações progressivos na hipercalemia: 1°- Ocorre a diminuição do intervalo QT + onda T apiculada em tenda (devido à repolarização precoce ventricular). 2° - “Aplainamento” da onda P e o alargamento do QRS. 3° - Onda P vai achatando até desaparecer (o ritmo continua a ser sinusal, porém, sem atividade miocárdica atrial). # ocorre prolongamento do intervalo PR Tratamento ⇒ qualquer hipercalemia que provocar alteração no ECG é considerada grave e deve ser prontamente corrigida, assim como K + > 7,5 mEq/L. ⇒ Hipercalemia Leve: Suspender medicamentos que retém potássio ( IECA, BRA, espironolactona, amilorida, betabloqueador). verificar se não há infusões venosas de potássio no paciente. Uso de uma resina de troca (Sorcal) ⇒ administrada por via enteral durante as refeições ⇒ não é absorvida pela mucosa gastrointestinal e promove a secreção intestinal de K+. # vendido em envelopes de 30g ⇒ diluir em água e tomar a dose do envelope de 12/12 horas. # pode ser usado medidas para deslocar potássio para dentro das células ( glicoinsulinoterapia, beta-2-agonista). Se o paciente estiver urinando, devemos prescrever diuréticos de alça (furosemida), para aumentar a perda calêmica na urina. ⇒ Hipercalemia moderada (>6,5): Monitorização cardíaca (sempre de olho no ECG, procurar as alterações causadas por K+). # mesmos cuidados ateriores. Qualquer alteração típica no ECG proceder com: ⇒ GLuconato de cálcio (1° medida ao se encontrar alterações no ECG) ====> NÃO reduz a glicemia, mas protege as fibras cardíacas, seu aumento extracelular ativa os canais de sódio que estavam inibidos pela hipercalemia, revertendo os distúrbios da eletrofisiologia cardíaca. #### 10 ml de Gluconato de cálcio 10 % + 100 ml de SG 5% EV em BI, infundir em 5 - 10 minutos # não usar caso intoxicação digitálica (cálcio aumenta a toxicidade cardíaca dos digitálicos). ⇒ Translocação rápida de K+ ### Nebulização com Salbutamol ( 0,5 mg / 1 mg) 40 gotas + 3 ml de SF 0,9 % ( até 3x em 1 hora). *Não usar em paciente propenso a taquicardia. ### Glicoinsulinoterapia ⇒ 10 unidades de insulina regular + 500 ml de glicose 10 %, EV em 60 minutos. *o potássio sérico cai em média 0,5-1,5 mEq/L e é transitório, pois a meia-vida da insulina regular é de apenas 4-6h. #### em caso de parada cardiorrespiratória por hipercalemia usar bicarbonato de sódio 50 mEq (50 ml da solução a 8,4%), correr em 20min. ⇒ Em hipocalemia refratária ou recorrente : Diálise de urgência. =========> Indicação de diálise: ⇒ Paciente não estiver urinando (anúria ou oligúria). ⇒ Hipercalemia grave e refratária às medidas convencionais. ### Os dois tipos de diálise (peritoneal e hemodiálise) conseguem eliminar o excesso de potássio do plasma, mas a hemodiálise é mais rápida e eficaz.
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